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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI CAMPUS ALTO PARAOPEBA ANA PAULA LAGES VIEIRA BEATRIZ VILAR G. SANTOS MANUAL PRÁTICO DE PROJETO GEOMÉTRICO DE FERROVIAS OURO BRANCO - MG JULHO - 2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI CAMPUS ALTO PARAOPEBA ANA PAULA LAGES VIEIRA BEATRIZ VILAR G. SANTOS MANUAL PRÁTICO DE PROJETO GEOMÉTRICO DE FERROVIAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de São João Del- Rei, Campus Alto Paraopeba, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil. ORIENTADOR: Prof. Dr. Tales Moreira de Oliveira OURO BRANCO - MG JULHO - 2018 I ANA PAULA LAGES VIEIRA BEATRIZ VILAR G. SANTOS MANUAL PRÁTICO DE PROJETO GEOMÉTRICO DE FERROVIAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de São João Del Rei, como parte dos requisitos para obtenção do grau de bacharel em Engenharia Civil. Aprovado em ____ / ____ / ________ COMISSÃO EXAMINADORA: __________________________________________ Prof. Dr. Tales Moreira de Oliveira Orientador / UFSJ __________________________________________ Prof. Me. Paulo Roberto Borges Avaliador / UFSJ __________________________________________ Prof. Me. Emerson Cordeiro Lopes Avaliador / UFV II SANTOS, B. V. G.; VIEIRA, A. P. L. Manual prático de projeto geométrico de ferrovias. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação), Coordenação de Engenharia Civil, Universidade Federal de São João Del-Rei. Ouro Branco, MG, 2018. RESUMO A distribuição da matriz de transporte no Brasil e a relação do modal ferroviário com sua baixa densidade, em relação a outros países industrializados, são fatores que evidenciam um cenário carente de normas regulamentadoras de ferrovias e bibliografias específicas sobre projeto geométrico para este modal. A falta de literaturas específicas e, quando existente, a abordagem dos elementos de projeto de maneira desconecta propiciou a elaboração de um material que reunisse diferentes metodologias. Como objetivo, desenvolveu-se um trabalho que, além de abordar todos os elementos do projeto geométrico de ferrovia, apresentasse também uma conexão sequencial entre eles, através do desenvolvimento analítico e de representação gráfica, em ambiente CAD. Para tal, foram detalhados, de maneira didática, todos os procedimentos para dimensionamento e criação dos elementos: superfície de projeto, alinhamento horizontal, curvas horizontais, perfil longitudinal, alinhamento longitudinal, curvas verticais, seção transversal típica e superelevação. Ao longo do trabalho, foi ensinado o passo a passo para obtenção dos parâmetros de projeto, detalhando dados, cálculos e critérios. Os parâmetros obtidos através do dimensionamento analítico foram utilizados como dados de entrada para elaboração do projeto no software Civil3D e, também, como base de comparação para verificação dos cálculos, uma vez que o dimensionamento analítico apresentou resultados compatíveis com os calculados no software Civil3D. III ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Dados de projeto ....................................................................................................... 19 Tabela 2: Parâmetros iniciais das curvas horizontais ............................................................... 31 Tabela 3: Parâmetros de projeto para locação de curvas .......................................................... 36 Tabela 4: Locação Curva 1 (Circular) ...................................................................................... 38 Tabela 5: Locação Curva 3 (Circular) ...................................................................................... 41 Tabela 6: Locação Curva 2 (Transição) ................................................................................... 43 Tabela 7: Relatório de alinhamento horizontal......................................................................... 45 Tabela 8: Parâmetros do alinhamento longitudinal .................................................................. 51 Tabela 9: Parâmetros dos PIVs no alinhamento longitudinal .................................................. 52 Tabela 10: Locação da Curva Vertical 1 .................................................................................. 53 Tabela 11: Locação da Curva Vertical 2 .................................................................................. 53 Tabela 12: Relatório de curvas verticais................................................................................... 55 Tabela 13: Parâmetros seção típica de projeto ......................................................................... 59 Tabela 14: Superelevação da Curva 2 (Transição) ................................................................... 64 Tabela 15: Relatório de áreas e volumes .................................................................................. 73 Tabela 16: Notas de serviço - lado esquerdo ............................................................................ 76 Tabela 17: Notas de serviço - eixo ........................................................................................... 79 Tabela 18: Notas de serviço – lado direito ............................................................................... 81 IV ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1: Velocidade diretriz para trens de carga e de passageiros ........................................ 15 Quadro 2: Bitolas das vias férreas ............................................................................................ 16 Quadro 3: Dimensões máximas para cada tipo de bitola.......................................................... 17 Quadro 4: Parâmetros de curva circular simples ...................................................................... 27 Quadro 5: Parâmetros de tangentes entre curvas reversas ........................................................ 28 Quadro 6: Parâmetros de curva de transição ............................................................................ 29 Quadro 7: Parâmetros de locação de curva .............................................................................. 35 Quadro 8: Declividade percentual máxima nacional para veículos de carga ........................... 48 Quadro 9: Parâmetros de curvas verticais ................................................................................ 49 Quadro 10: Valores mínimos para raios de curvas verticais adotados no Brasil (m) ............... 50 Quadro 11: Parâmetros da seção transversal ............................................................................ 58 Quadro 12: Parâmetros de superelevação ................................................................................. 61 Quadro 13: Limites de velocidade máxima .............................................................................. 62 V ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: Matriz do Transporte de Cargas em 2018 ................................................................... 5 Figura 2: Densidade do transporte ferroviário em 2015 ............................................................. 6 Figura 3: Ortofotocarta em ambiente CAD .............................................................................. 11 Figura 4: Criação da superfície ................................................................................................. 13 Figura 5: Modelagem de superfície .......................................................................................... 13 Figura 6: Refinamento da superfície ........................................................................................13 Figura 7: Modelo digital do terreno .......................................................................................... 14 Figura 8: Elementos geométricos de uma estrada .................................................................... 17 Figura 9: Criação do alinhamento horizontal ........................................................................... 22 Figura 10: Criação do alinhamento horizontal ......................................................................... 22 Figura 11: Projeção do alinhamento horizontal ........................................................................ 23 Figura 12: Criação do perfil longitudinal ................................................................................. 24 Figura 13: Criação do alinhamento longitudinal ...................................................................... 24 Figura 14: Editor de parâmetros do alinhamento vertical ........................................................ 25 Figura 15: Elementos de curva circular simples ....................................................................... 27 Figura 16: Elementos da concordância de uma curva com espiral de transição ...................... 29 Figura 17: Ângulos de deflexão no PI ...................................................................................... 31 Figura 18: Ângulos de deflexão para locar vários pontos de uma curva circular .................... 34 Figura 19: Esquema ilustrativo par locação de uma curva circular .......................................... 38 Figura 20: Ferramenta curva circular ....................................................................................... 44 Figura 21: Ferramenta curva de transição ................................................................................ 44 Figura 22: Edição dos parâmetros das curvas horizontais ........................................................ 45 Figura 23: Projeção do traçado com as curvas ......................................................................... 45 Figura 24: Elementos da curva vertical .................................................................................... 47 Figura 25: Rampas ascendentes e descendentes ....................................................................... 48 Figura 26: Tipos de curvas verticais e sinais de ∆i .................................................................. 49 Figura 27: Ferramenta de curva vertical ................................................................................... 54 Figura 28: Edição dos parâmetros das curvas verticais ............................................................ 54 Figura 29: Gabarito Típico da Ferrovia .................................................................................... 56 Figura 30: Seção transversal típica ........................................................................................... 59 Figura 31: Forças atuantes no centro de gravidade do veículo em curva ................................. 60 Figura 32: Parâmetros de superelevação .................................................................................. 66 Figura 33: Edição dos parâmetros de cálculo da superelevação .............................................. 67 Figura 34: Edição dos valores de superelevação ...................................................................... 67 Figura 35: Diagrama de massa ................................................................................................. 70 Figura 36: Plotagem ................................................................................................................. 85 VI SUMÁRIO ÍNDICE DE TABELAS ......................................................................................................... III ÍNDICE DE QUADROS ........................................................................................................ IV ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................... V 1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 1 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................... 1 1.2. OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 1 1.3. OBJETIVO ESPECÍFICO ............................................................................................... 1 1.4. METODOLOGIA ............................................................................................................ 2 2. ESTUDO TEÓRICO ........................................................................................................ 3 2.1. TRANSPORTE FERROVIÁRIO ................................................................................... 3 2.2. SISTEMA FERROVIÁRIO ............................................................................................ 3 2.3. PROJETOS DE ENGENHARIA .................................................................................... 4 2.4. PROJETO FERROVIÁRIO ............................................................................................ 4 2.5. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES ........................................................................... 7 3. ESTUDOS PARA IMPLATAÇÃO DE UMA FERROVIA .......................................... 8 3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................... 8 3.2. RECONHECIMENTO .................................................................................................... 8 3.3. EXPLORAÇÃO .............................................................................................................. 8 3.4. PROJETO PLANIALTIMÉTRICO ................................................................................ 9 3.4.1. LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO............................................................. 9 3.4.2. MODELAGEM DE SUPERFÍCIE ............................................................................ 10 3.5. ÁREA DE PROJETO .................................................................................................... 10 3.6. DESENVOLVIMENTO DA MODELAGEM NO CIVIL3D ...................................... 11 4. ELEMENTOS BÁSICOS PARA O PROJETO GEOMÉTRICO DE UMA FERROVIA ............................................................................................................................. 15 4.1. VELOCIDADES ........................................................................................................... 15 4.2. BITOLA ........................................................................................................................ 16 4.3. VEÍCULO DE PROJETO E SUAS DIMENSÕES ....................................................... 16 4.4. ELEMENTOS GEOMÉTRICOS .................................................................................. 17 4.4.1. AXIAIS E TRANSVERSAIS .................................................................................... 17 4.4.2. SEÇÕES DE CORTE E ATERRO ............................................................................ 18 4.5. PROJETO FINAL DA FERROVIA.............................................................................. 18 5. TRAÇADO DE UMA FERROVIA ............................................................................... 20 5.1. FATORES RELEVANTES ........................................................................................... 20 5.2. ESCOLHA DO TRAÇADO .......................................................................................... 20 5.3. TRAÇADO DE PROJETO NO CIVIL3D .................................................................... 21 5.3.1. ALINHAMENTO HORIZONTAL (TANGENTES) ................................................21 5.3.2. ALINHAMENTO LONGITUDINAL (RAMPAS) ................................................... 23 VII 6. CURVAS HORIZONTAIS E TRANSIÇÃO ................................................................ 26 6.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 26 6.2. CURVA CIRCULAR SIMPLES .................................................................................. 26 6.3. CURVA HORIZONTAL CIRCULAR REVERSA ...................................................... 28 6.4. CURVA HORIZONTAL COM TRANSIÇÃO ............................................................ 28 6.5. DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO ......................................................................... 30 6.5.1. CÁLCULO DOS ELEMENTOS DE PROJETO ...................................................... 32 6.5.2. LOCAÇÃO DAS CURVAS (ESTAQUEAMENTO) ............................................ 33 6.6. DESENVOLVIMENTO CIVIL 3D .............................................................................. 44 7. PERFIL LONGITUDINAL ........................................................................................... 47 7.1. CURVAS VERTICAIS ................................................................................................. 47 7.2. RAMPAS LONGITUDINAIS ...................................................................................... 48 7.3. RAIO MÍNIMO VERTICAL ........................................................................................ 50 7.4. DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO ......................................................................... 51 7.4.1. CÁLCULO DOS ELEMENTOS DE PROJETO ................................................. 51 7.4.2. LOCAÇÃO DA CURVA VERTICAL ................................................................... 51 7.5. DESENVOLVIMENTO NO CIVIL3D ........................................................................ 54 8. SEÇÃO TRANSVERSAL .............................................................................................. 56 8.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 56 8.2. ELEMENTOS DA SEÇÃO TRANSVERSAL ............................................................. 56 8.3. RECOMENDAÇÕES SOBRE A SEÇÃO TRANSVERSAL ...................................... 58 8.4. DESENVOLVIMENTO CIVIL 3D .............................................................................. 58 9. SUPERELEVAÇÃO E SUPERLARGURA ................................................................. 60 9.1. SUPERELEVAÇÃO ..................................................................................................... 60 9.2. LIMITE DE VELOCIDADE ........................................................................................ 61 9.3. SUPERLARGURA ....................................................................................................... 62 9.4. DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO ......................................................................... 63 9.4.1. SUPERELEVAÇÃO .............................................................................................. 63 9.4.2. VELOCIDADE MÁXIMA .................................................................................... 63 9.4.3. DISTRIBUIÇÃO DA SUPERELEVAÇÃO ......................................................... 64 9.4.4. SUPERLARGURA ................................................................................................ 65 9.5. DESENVOLVIMENTO CIVIL3D ............................................................................... 65 10. MONTAGEM DE PROJETO E NOTAS DE SERVIÇO ........................................... 68 10.1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 68 10.2. DESENVOLVIMENTO NO CIVIL 3D .................................................................... 68 10.2.1. FERRAMENTAS COMPLEMENTARES ........................................................... 68 10.2.2. ÁREAS DE CORTE E ATERRO ......................................................................... 69 10.2.3. DIAGRAMA DE MASSA ..................................................................................... 70 10.2.4. NOTAS DE SERVIÇO .......................................................................................... 71 10.2.5. PLOTAGEM .......................................................................................................... 71 VIII 11. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 86 11.1. DIFICULDADES NO PROJETO ............................................................................. 86 11.2. RECOMENDAÇÕES FUTURAS ............................................................................. 87 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 88 1 1. APRESENTAÇÃO 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O presente projeto foi desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso, para obtenção de grau de Bacharel em Engenharia Civil pelas discentes Ana Paula Lages e Beatriz Vilar G. Santos, sob orientação do Prof. Dr. Tales Moreira de Oliveira. O texto apresenta os conceitos necessários ao projeto geométrico de ferrovias e aborda um panorama do transporte ferroviário e da estrutura de funcionamento de uma ferrovia. É constituído por 11 capítulos, estruturados a partir do estudo teórico, desenvolvendo-se durante os capítulos de modelagem de superfície, traçado de uma ferrovia, elementos básicos para o projeto geométrico de uma ferrovia, curvas horizontais e de transição, seções transversais, superelevação e superlargura, perfil longitudinal, montagem do projeto e notas de serviço e, por fim, conclusão. Ao longo dos capítulos, são desenvolvidos os passos para construção do projeto geométrico de ferrovia. 1.2. OBJETIVO GERAL O objeto de estudo deste Trabalho de Conclusão de Curso será desenvolver as etapas práticas de um projeto geométrico, com base em estudos de ferrovias. 1.3. OBJETIVO ESPECÍFICO O trabalho tem os seguintes itens como objetivos específicos: Estudar e sintetizar o panorama do transporte ferroviário, os principais conceitos e parâmetros de ferrovias; Abordar a estrutura do projeto geométrico e as etapas para sua construção; Dimensionamento através de cálculos manuais, obtenção dos parâmetros de projetos e representação gráfica através de software de desenho; Montagem de projeto; 2 1.4. METODOLOGIA No desenvolvimento deste estudo, a metodologia pode ser dividida em três etapas: revisão bibliográfica, coleta e aplicação de dados e, por fim, desenvolvimento de projeto - obtenção e cálculos de parâmetros. A revisão de literatura é baseada na pesquisa e leitura de conceituados autores na área de transportes, ferrovias e, mais especificamente, projeto geométrico. Além disso, normas, instruções e especificações técnicas de âmbito nacional foram tomadas como referência. Deste modo, foram reunidas e sintetizadas informações relevantes ao desenvolvimento do projeto. Finalizada a revisão bibliográfica, são coletados e aplicados os dados para desenvolvimento dos exercícios práticos. Os critérios de escolha das condições de projeto são descritos nos respectivos capítulos. Durante a etapa de desenvolvimento de projeto, são levados em consideração referências nacionais e, também, a realidade de aplicação. Por fim, são utilizados dois recursos detalhar as etapas de projeto. São eles: Dimensionamento manual dos parâmetros de projeto Representação gráfica através do software AutoCAD Civil3D 3 2. ESTUDO TEÓRICO 2.1. TRANSPORTE FERROVIÁRIO O surgimento do transporte ferroviário aconteceu na Europa, mais especificamentena Inglaterra, na primeira metade do século XIX, paralelamente à Revolução Industrial. Após seu surgimento, este modal rapidamente se alastrou para outras regiões do mundo. A “Era Ferroviária” do Brasil aconteceu aproximadamente entre 1850-1950, compreendendo as fases de surgimento, expansão e de decadência, diferentemente de muitos países industrializados, onde a ferrovia continua atuando lado a lado com outros meios de transporte, de acordo com as áreas de maior eficiência de cada um deles. (BOITEUX, 2014) Desde então, grandes transformações tecnológicas tornaram o transporte ferroviário mais eficiente, capaz de permitir formações de longas composições e operações em altas velocidades, seu planejamento e novos projeto de sistemas ferroviários são fundamentais para garantir adequada economicidade de cargas e mobilidade ao cidadão. Além disso, deve-se destacar a importância da ferrovia devido à sua capacidade para deslocar elevado volume de carga e, simultaneamente, permitir o deslocamento de uma enorme quantidade de passageiros. (PAIVA, 2016) 2.2. SISTEMA FERROVIÁRIO O sistema ferroviário pode ser divido em dois subsistemas: o de material rodante e o de via permanente. O conjunto de veículos ferroviários é chamado de material rodante e pode ser classificado em dois tipos: veículos de tração (locomotiva e carro motor) e veículos rebocados (vagões e carros de passageiros). Normalmente, a composição formada por veículos mistos é chamada de trem ou de comboio. O subsistema de via permanente é composto pela infraestrutura e superestrutura ferroviária. A infraestrutura é o conjunto de elementos que formam a plataforma, tais como cortes e aterros, sistema de drenagem, obras de arte correntes e obras especiais. A superestrutura é o conjunto de elementos que recebe diretamente os impactos das cargas, formada pelos trilhos, acessórios de fixação, aparelhos de mudança de via, dormentes, lastro e sublastro. (NABAIS, 2014; PAIVA, 2016) 4 Os trens podem ser classificados pela carga (cargueiros, de passageiros, mistos ou de serviço), pela prioridade (de alta, média e baixa circulação) e pelo desempenho (velocidade de percurso, velocidade comercial e outros). (NABAIS, 2014) Os trajetos têm como início e fim os pátios e terminais ferroviários, locais onde são feitos os carregamentos e descargas de vagões, bem como a formação e decomposição de trens. Os pátios podem ser classificados de acordo com os volumes movimentados e as características de cargas e, além disso, os pátios exercem funções como de cruzamentos de trens, planejamento de manobras, abastecimento, lavagem, estacionamento de vagões e montagem de trens. 2.3. PROJETOS DE ENGENHARIA De modo geral, obras e empreendimentos podem ser divididos entre etapas de implantação e de operação. A etapa de implantação compreende as fases de desenvolvimento do projeto e de construção física. Após implantação, inicia-se a etapa de operação, que compreende fases de acompanhamento do desempenho e degradação e, também, de manutenção e substituição de componentes. (PAIVA, 2016) De acordo com Paiva (2016), o desenvolvimento do projeto pode ser dividido em três etapas: Projeto conceitual: são definidas as principais características gerais do projeto ferroviário, como: origem e fim do traçado, tipo de tráfego, velocidade do projeto, bitola da via, entre outros; Projeto básico: estudos para definição da área de implantação do projeto, sua forma geométrica e dimensões espaciais; elaboração das quantidades de serviços e eventuais características do terreno, afim de prever soluções de engenharia mais adequadas e menos onerosas. Nessa etapa são analisadas todas alternativas de projeto, com base em critérios técnicos, econômicos, ambientais, sociais e financeiros; Projeto executivo: definida a melhor alternativa de projeto, detalham-se as informações - soluções de engenharia e métodos construtivos - completares ao projeto básico. 2.4. PROJETO FERROVIÁRIO 5 Como apontado anteriormente, a ferrovia apresenta-se como um dos pilares que permite um adequado funcionamento socioeconômico em países industrializados, proporcionando mobilidade à população e garantindo o transporte de bens de consumo. Nesse contexto estão inseridos os padrões de mobilidade das pessoas e das empresas, que determinam a razão de uso de transportes rodoviários, ferroviários, hidroviários, aéreos e dutoviários, denominada distribuição modal, também conhecido como matriz de transporte. (PIMENTA et al., 2017) Pode-se observar, através da Figura 1, que o transporte ferroviário se apresenta como segundo maior modal em uso no Brasil. No entanto, ao analisar a Figura 2, evidencia-se que a densidade do transporte ferroviário em relação a outros países industrializados se mostra reduzida. Nesse cenário, salienta-se a importância do estudo de técnicas de projeto de vias de transporte e de programas de planejamento de transportes, para garantir um desenvolvimento sustentável. (PIMENTA et al., 2017) Figura 1: Matriz do Transporte de Cargas em 2018 Fonte: Adaptado de CNT, 2018 Assim como em outros projetos de engenharia, o projeto ferroviário também apresenta etapas de estudo preliminar, anteprojeto (ou projeto básico) e projeto final (ou projeto executivo). No estudo preliminar (ou projeto conceitual) de uma ferrovia devem ser definidos os locais de início e fim da ligação, pontos obrigatórios de passagem e parâmetros de projeto, tais como 6 listados por Paiva (2016) e Nabais (2014): topografia típica da região de projeto, espécie de transporte (passageiros e/ou carga) e seu detalhamento geral, veículo típico de projeto, bitola e gabarito, prazos de implantação, tipo de via (simples ou dupla), rampas máximas por trecho, comprimento das composições, raio mínimo, tipo de superestrutura, tipo e local das instalações auxiliares, pátios de integração, e outras informações específicas particulares à cada projeto. Nessa fase, uma estimativa de custos pode ser feita com base em um valor médio por quilômetro dentro dos subitens de infraestrutura. Deve-se ressaltar também a importância de estudos ambientais, dado que obstáculos desta natureza podem inviabilizar o prosseguimento à etapa de projeto básico. Figura 2: Densidade do transporte ferroviário em 2015 Fonte: Adaptado de CNT, 2015 Nota: Dados em km de infraestrutura por 1.000 km² de área terrestre Definida a viabilidade do empreendimento através de estudos preliminares, o projeto básico é desenvolvido através de estudos de campo, análises geotécnicas e projetos das principais áreas. Paiva (2016) e Nabais (2014) listam alguns elementos necessários: projeto geométrico; seção transversal; projetos de terraplenagem, drenagem e obras complementares; estudos operacionais e de demandas; quadro de movimentação de terra; dimensionamento da superestrutura; memoriais descritivos e justificativos; planilhas de quantidades; cronograma de 7 implantação; orçamentos; especificações técnicas de construção, montagens, serviços, materiais e de desempenho operacional; entre outros itens específicos a cada projeto. Enfim, na fase do projeto executivo, são realizados mais investigações geotécnicas, serviços e topografia de campo. Nessa fase pequenas diferenças nos projetos são corrigidas, evitando problemas não detectados anteriormente e, o grau de precisão dos quantitativos já se aproxima muito dos valores finais da obra. Quanto mais apurado o projeto básico, menor o nível de detalhamento necessário ao projeto executivo. (NABAIS, 2014) 2.5. NORMAS E REGULAMENTAÇÕES Atualmente, o Brasil não possui um conjunto padrão de normas e especificações técnicas que regulamente todas ferrovias em operação. Entre 1957-2007, a extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) dispunha de uma coleção de instruções, desenvolvida pelo corpo técnico,que possuía um nível de detalhamento de reconhecimento nacional, servindo como base para instâncias do governo, empresas estatais e também privadas, sendo imprescindíveis no desenvolvimento industrial e na esfera administrativa. Tais normas abordavam áreas de atuação como operação, manutenção, administração, projetos, entre outras. Com o fim da RFFSA, grande parte desse acervo se perdeu. (NABAIS, 2014) Posteriormente, a Valec, empresa estatal que recebeu técnicos advindos da RFFSA, desenvolveu e atualizou uma série de normas, adaptando-as e acrescentando especificações e instruções de serviço do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e de outras referências internacionais. Além disso, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), responsável pelo transporte metropolitano de passageiros também possui normas e especificações em vigor, desenvolvidas pelo seu corpo técnico, com base em sua experiência. Por fim, o DNIT busca a criação de um único conjunto de especificações, com a atualização das normas existentes e em vigor. Além da Valec, do DNIT e da CBTU, há outros órgãos, entidades e operadoras de rodovias que apresentam normas e padrões próprios. (NABAIS, 2014) 8 3. ESTUDOS PARA IMPLATAÇÃO DE UMA FERROVIA 3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A implantação de uma via requer estudos técnicos de engenharia envolvendo um planejamento detalhado com análises de demandas, características regionais e dados socioeconômicos que possibilitam diagnosticar o sistema viário existente que abrange determinada região. Estudos mais detalhados podem ainda prever o comportamento do sistema viário para atender às demandas de tráfego futuras. (CARVALHO et al., 2004) Formalizada a decisão de construção da via, procede-se aos estudos das características básicas da obra a ser implementada, tais como reconhecimento e exploração. Cumpridas essas duas etapas, elabora-se o anteprojeto e o projeto geométrico definitivo. Em seguida, inicia-se os trabalhos de locação da estrada para a sua construção. Por fim, depois de construída, inicia- se à fase de operação. (CARVALHO et al., 2004) 3.2. RECONHECIMENTO O reconhecimento é a primeira fase da escolha do traçado. Tem por objetivo principal o levantamento e a análise de dados necessários à definição dos possíveis locais por onde a estrada possa passar. Nesta fase são detectados os principais obstáculos topográficos, geológicos, hidrológicos e escolhidos locais para o lançamento de anteprojetos, investigando as várias possibilidades de ligação de dois ou mais pontos, agredindo o mínimo possível o meio ambiente, respeitando as normas técnicas e tendo como custo total o mais baixo possível. (PIMENTA, et al., 2017) 3.3. EXPLORAÇÃO Essa fase consiste em realizar um levantamento detalhado da diretriz mais provável para implantação da estrada, por meio de equipamentos adequados, a fim de coletar dados e informações necessárias para o projeto e execução da via. Com a tecnologia atual, é possível obter uma planta planialtimétrica da área e realizar o projeto geométrico da ferrovia. (CARVALHO et al., 2004) 9 O levantamento topográfico consiste em um conjunto de trabalhos e mecanismos utilizados para determinação de medidas de um terreno, com a finalidade de representação em planta. São comumente utilizadas três formas de representação, segundo Tuler (2014): Planimétrica: coleta e projeção de dados num mesmo plano horizontal, avaliam os ângulos e distâncias; Altimétrica: coleta e projeção de dados num mesmo plano vertical, avaliam diferenças de nível; Planialtimétrica: coleta e projeção de dados considerando os planos horizontal e vertical, com objetivo de representar o relevo; 3.4. PROJETO PLANIALTIMÉTRICO 3.4.1. LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO A representação planialtimétrica é baseada em medidas planimétricas e altimétricas (associadas), com dados geométricos coletados em campo para o projeto de ferrovia. Segundo a Instrução de Serviço ferroviário (ISF) 203, o levantamento deverá ser obtido, preferencialmente, por processo aerofotogramétrico, contando basicamente de (DNIT, 2015): Definição da área a ser voada e coberta sobre aerofotos existentes na escala aproximada de 1:25.000; Realização de cobertura aerofotogramétrica na escala de 1:15.000; Execução de apoio terrestre; Elaboração de restituição aerofotogramétrica; Definição de um produto final cartográfico; As metodologias para a realização dos serviços são definidas na ISF 201. (DNIT, 2015) O levantamento poderá ainda ser obtido por processo convencional, executado de acordo com a Norma Brasileira (NBR) 13133, constando basicamente de (ABNT, 1994): Implantação de uma rede de apoio básico; Lançamento de linhas de exploração; Nivelamento e contranivelamento das linhas de exploração; Levantamentos de seções transversais; Levantamentos complementares; 10 3.4.2. MODELAGEM DE SUPERFÍCIE Segundo (PIMENTA, 2017), “modelar um terreno numericamente significa criar um modelo matemático que representa sua superfície, a partir da aplicação de uma ou mais funções matemáticas que a descrevam, em função de dados discretos da altimetria desse terreno. As funções matemáticas empregadas são denominadas função de interpolação; a superfície a ser representada é denominada superfície modelada e ao conjunto formado pelos dados discretos, mais as funções de interpolação e mais os recursos de uso prático da superfície modelada, dá- se o nome de Modelo Digital do Terreno (MDT).” Basicamente, o modelo digital do terreno (MDT) pode ser definido como uma representação matemática de distribuição espacial na superfície modelada, vinculada a uma superfície real. Entre seus usos, destacam-se (INPE, 2018): Apresentação tridimensional; Análises de corte e aterro; Armazenamento de dados de altimetria para mapas topográficos; Para representar uma superfície real no computador é necessário a criação de um modelo digital, podendo ser por modelo matemático ou por uma rede de pontos na forma de uma grade de pontos regulares e irregulares. A partir desses modelos, é possível calcular volumes, áreas, desenhar perfis, seções transversais, entre outros recursos. O processo de modelagem numérica do terreno pode ser dividido em três fases: aquisição dos dados, geração de grades e elaboração de produtos representando as informações obtidas. A representação gráfica digital permite que o projetista desenvolva produtos e projetos através de programas no mesmo ambiente CAD. Os dados do modelo numérico são representados através de coordenadas xyz, onde z é o parâmetro modelado, em função de xy e são obtidos através de levantamentos em campos, digitalização de mapas, medidas fotogramétricas e dados altimétricos adquiridos de GPS, aviões e satélites. Dessa maneira, o MDT se apresenta como um recurso indispensável no desenvolvimento de estudos de viabilidade técnica, principalmente, na determinação de traçados de alinhamentos. (INPE, 2018) 3.5. ÁREA DE PROJETO 11 A área do projeto corresponde a um dado pré-definido, com base em critérios didáticos, para facilitar o desenvolvimento do presente trabalho. Fez-se uso de um mapa digital com dados planialtimétricos, da região nordeste de Brasília – DF. Além do critério didático, a área foi selecionada através de análise visual de aspectos topográficos e área livre para desenvolvimento do traçado, visto que a região é caracterizada por uma topografia levemente ondulada. Sendo assim, o desenvolvimento do projeto será feito baseado na Figura 3. (PORTO, 1991 apud EMBRAPA 2004) Figura 3: Ortofotocarta em ambiente CAD 3.6. DESENVOLVIMENTO DA MODELAGEM NO CIVIL3D Durante a utilização das ferramentas do AutoCAD Civil 3D, criam-se diferentes desenhos, contendo elementos necessários às etapas posteriores do projeto. As informaçõescontidas nos desenhos têm como diretrizes os parâmetros do template que o usuário estiver utilizando. Basicamente, o template é um arquivo base contendo configurações pré-definidas, com base em normas dos órgãos regulamentadores, utilizadas no projeto. No caso de projetos geométrico de ferrovias brasileiras, podem ser utilizados templates do “Country Kit Brazil”, 12 disponibilizados pela Autodesk. Para esse projeto, optou-se pelo template do Departamento de Estradas e Rodagem (DER). A cada etapa de criação, serão requisitados ao usuário parâmetros e diretrizes referentes ao templates utilizado (Code Set Style, Design Criteria, etc.) e os estilos de desenho (Style, Layer, etc.). A criação e modelagem da superfície no software Civil 3D possuem 3 etapas importantes que podem ser resumidas: 1. Utilização de um template pré-definido como arquivo base para criação da superfície; 2. Criação da superfície utilizando os dados planialtimétricos; 3. Refinamento – detalhamento mais acurado - da superfície utilizando ferramenta de triangulação; Prepara-se a base, levantamento planialtimétrico, de acordo com o template escolhido e, então, cria-se a superfície no Civil 3D. Os passos são descritos a seguir: 1. Abrir arquivo do levantamento de projeto: clicar duas vezes sobre o arquivo no local de origem ou abrir o Civil3D, através dos comandos Home, Open e selecionar o arquivo desejado. 2. Limpar desenho: apagar foto área da ortofotocarta ou desativar o layer, despoluindo desenho. 3. Inserir template: Arquivo, New, Drawing, escolher template (template do DER utilizado no presente trabalho). O template será o arquivo base com unidades, configurações de dimensionamento e layouts de texto. 4. Manter ou mover a planta para as mesmas coordenadas do arquivo original (x,y), pois o levantamento planialtimétrico é um arquivo referenciado (x, y, z). 5. Criar a superfície: Home, Surface, Create Surface (Figura 4) e inserir o nome desejado. 6. Adicionar as curvas de nível ao terreno natural: selecionar todas as curvas de nível (comando Selectsimilar). Na aba esquerda lateral: Prospector, Surface, superfície criada (nome arbitrado), Define, Contours, Add, Ok. 7. Caso a ortofotocarta não tenha uma interpolação (triangulação) adequada, deve-se melhorar a superfície. Para tal, selecionar a superfície, na aba superior: Surface Properties, Edit Surface Properties. (Figura 5). 13 Figura 4: Criação da superfície Figura 5: Modelagem de superfície 8. Para melhor visualização, mostrar o layer de triangulação e ocultar os demais. Em seguida, selecionar a nova superfície (qualquer ponto), Edit Surface, Smooth Surface. Dentro da janela Smooth Surface, no item Output Location escolher interpolação Centroid, no item Select Output Location (Figura 6), selecionar a superfície inteira (comando S). Figura 6: Refinamento da superfície A Figura 7 apresenta uma perspectiva de representação do modelo digital do terreno. 14 Figura 7: Modelo digital do terreno 15 4. ELEMENTOS BÁSICOS PARA O PROJETO GEOMÉTRICO DE UMA FERROVIA Para desenvolver o projeto geométrico de ferrovia é preciso fazer um estudo das características geométricas do traçado, levando em consideração o relevo do terreno, condições ambientais, características de operação dos veículos e tráfego, entre outros fatores, sempre interligando conforto, segurança, eficiência e custo. Além disso, as primeiras considerações devem ser baseadas em elementos de vias existentes, exceto quando as condições forem incompatíveis ou quando os estudos de traçado indicarem a possibilidade de implantação de uma geometria mais adequada. (PIMENTA et al., 2017) Destacam-se como elementos principais definidos antes do início do projeto geométrico de ferrovias: a velocidade diretriz, a bitola, e o veículo de projeto (e suas dimensões). 4.1. VELOCIDADES A velocidade diretriz é definida como a máxima velocidade de tráfego em conformidade com exigências de segurança e, geralmente, é estipulada através da máxima velocidade que as condições do terreno permitem, levando em consideração a viabilidade econômica do projeto. Tais condições incluem o volume de tráfego previsto, orçamento disponível e o tipo de ferrovia implantada (de passageiros, carga ou misto; urbano ou interurbano). O Quadro 1 apresenta as velocidades recomendáveis e mínimas, para trens de carga e trens de passageiros. (PAIVA, 2016) Quadro 1: Velocidade diretriz para trens de carga e de passageiros Tipo de Tráfego Recomendável (km/h) Mínimo (km/h) Trens de Carga 100 80 Urbanos 120 100 Interurbanos, com distância até 100km 170 140 Interurbanos, com distância entre 100 e 250km 240 200 Interurbanos, com distância superior a 250km ≥300 240 Fonte: Paiva, 2016 Nota: Trens urbanos e interurbanos são classificados como trens de passageiros 16 4.2. BITOLA Define-se como bitola o comprimento do segmento retilíneo perpendicular aos trilhos, paralelo ao plano de rolamento da via e com extremidades que tocam as faces internas dos boletos. Diferentes bitolas existentes são produtos da conveniência técnica e econômica, dadas específicas épocas e locais empregadas. O Quadro 2 indica a dimensão das bitolas de vias férreas. (NABAIS, 2014) Quadro 2: Bitolas das vias férreas Métrica (m) Normal (m) Larga (m) 1,00 1,435 1,60 Fonte: Paiva, 2016 No Brasil, dada a independência das ferrovias, não houve preocupação em uniformizar a bitola. De acordo com a definição do Plano Nacional de Viação, a bitola padrão é a larga, entretanto, a que predomina é a métrica. A falta de critério técnico para uniformização das bitolas prejudicou o desenvolvimento do transporte ferroviário brasileiro, uma vez que a bitola larga não é utilizada em países vizinhos (apenas pouquíssimos países além do Brasil). As ferrovias de Argentina e Uruguai, que chegam até as fronteiras do Brasil, possuem bitolas de 1,435m, sendo assim impedido a integração ferroviária entre esses países. Além disso, a bitola de 1,6m faz com que o material ferroviário a ser despachado para o Brasil tenha um custo maior do que o da bitola padrão, pois requer projetos adicionais. Por outro lado, a bitola métrica concorre favoravelmente com qualquer outra uniformização, pois é mais barato colocar um trilho interno para estreitar a bitola do que alargar cortes, aterros ou pontes para alargar a bitola mediante um trilho externo. Além disso, o custo, tanto inicial como de reposição, é menor quanto mais estreita é a bitola. Outro aspecto favorável, além do custo, é que a bitola métrica pode operar trens tão compridos e pesados como qualquer outra bitola mais larga. 4.3. VEÍCULO DE PROJETO E SUAS DIMENSÕES 17 Os veículos de projeto são normalmente definidos a partir dos critérios de tipo de frota (mista ou padrão) e das características do veículo que mais solicita a via (tamanho, peso, geométrica, número de eixos, sistema de tração, capacidade de frenagem, capacidade de transporte, etc.). O Quadro 3 exibe as dimensões referentes aos tipos de bitola. (PAIVA, 2016) Quadro 3: Dimensões máximas para cada tipo de bitola Dimensões Métrica Normal e Larga Comprimento(m) 24,000 27,93 Largura (m) 3,25 3,31 Altura (m) 4,85 4,85 Fonte: Paiva, 2016 4.4. ELEMENTOS GEOMÉTRICOS O cálculo dos elementos geométricos parte dos dados planialtimétricos do trecho e a representação gráfica é feita através de elementos geométricos horizontais, verticais e das seções transversais. A Figura 8 mostra de forma esquemática, os elementos geométricos de uma ferrovia. (PONTES, 1998; PAIVA, 2016) Figura 8: Elementos geométricos de uma estrada Fonte: Adaptado de Pontes, 1998 4.4.1. AXIAIS E TRANSVERSAIS 18 O traçado horizontal de uma ferrovia é constituído por trechos retilíneos e trechos curvos, devidoa existência de obstáculos que o forçam a descrever o contorno. Os trechos retos são denominados tangentes, e os trechos curvos recebem o nome de curvas horizontais. Elas podem ser compostas apenas de curvas circulares ou de curvas circulares e curvas de transição, conforme será abordado no capítulo 6. Contudo, recomenda-se que o traçado seja o mais retilíneo possível e com raios maiores, no intuito de não restringir o movimento dos trens. (PAIVA, 2016) O plano vertical da ferrovia também está sujeito a mudanças de direção ao longo de sua diretriz. O greide é composto por uma sequência de rampas (ascendentes ou descendentes), concordadas entre si por curvas verticais. É recomendado o uso de rampas suaves, de baixa inclinação e curvas de concordâncias verticais de raios grandes, de forma a permitir que os veículos possam percorrer a rodovia com velocidade uniforme. Informações mais detalhadas do plano vertical serão tratadas no capítulo 7. (PIMENTA et al., 2017) 4.4.2. SEÇÕES DE CORTE E ATERRO Para preparar uma plataforma adequada ao uso dos veículos, é necessário efetuar um conjunto de atividades no solo, tais como: escavação, desmonte de rocha, transporte dos materiais escavados ou desmontados, entre outros. Ao conjunto de tais atividades, denomina- se terraplenagem. O corte é a retirada dos materiais situados acima do greide, e o aterro é o preenchimento das depressões resultando, ao final, a plataforma. Os serviços de terraplenagem são de extrema importância para a formação de uma superfície adequada ao movimento dos veículos, sendo a principal atividade de execução das obras de terra. (ANTAS, 2010) 4.5. PROJETO FINAL DA FERROVIA O projeto geométrico final da ferrovia deve possuir todas as informações necessárias e bem detalhadas para a execução da obra e todo material deve ser passado para o cliente, contendo estudos detalhados dos seguintes itens: Plantas do MDT; Traçado de uma ferrovia e seus alinhamentos; Curvas Horizontais; 19 Curvas Verticais; Seção transversal; Superelevação e Superlargura; Projeto de terraplenagem com áreas e volumes de cortes e aterros; Diagrama de Massa; Notas de Serviço; Representação Gráfica em Planta Os parâmetros adotados para desenvolver esse trabalho são apresentados na Tabela 1. Os valores de raio mínimos e tangentes mínimas são abordados dentro dos capítulos de curvas horizontais e perfil longitudinal. Tabela 1: Dados de projeto Velocidade diretriz Bitola Tipo de via Tipo de veículo Terreno 100km/h Métrica Principal Carga Ondulado 20 5. TRAÇADO DE UMA FERROVIA 5.1. FATORES RELEVANTES A escolha de um traçado inicia-se, basicamente, na necessidade ou conveniência da ligação entre dois pontos. Dificilmente esse traçado será delineado por uma linha reta, devido às condições da área entre os locais a serem ligados. (PIMENTA E OLIVEIRA, 2004) A topografia é, na maioria dos projetos, o fator predominante para escolha do local da estrada. Devido os parâmetros técnicos, que devem ser atendidos, algumas regiões topograficamente desfavoráveis podem gerar grandes cortes e aterros ou até a necessidade de obras especiais, que representam parcela significativa no custo total da estrada. As regiões de projeto podem ser classificadas em três grandes grupos: terreno plano (pequenas movimentações), terreno ondulado e terreno montanhoso (grandes movimentações e, às vezes, obras especiais). (PIMENTA E OLIVEIRA, 2004) As características do solo (condições geológicas e geotécnicas) são outro subsídio para o estudo do traçado, assim, deve-se avaliar o material levando em consideração a necessidade de possíveis técnicas especiais, que encareceriam os custos totais da obra. Em regiões onde a preservação do meio ambiente é um fator preponderante, deve-se procurar traçados alternativos, que nem sempre representam a melhor solução técnica para o projeto, mas que pode beneficiar a região atravessada minimizando os danos ao ecossistema local. A interferência em propriedades privadas também deve ser evitada sempre que possível, poupando custos de desapropriações. Por fim, fatores de interesse local, social, estratégicos regionais podem também influir na escolha. Portanto, é importante a escolha de locais e posições favoráveis a fim de reduzir custos e futuros reparos. (PIMENTA E OLIVEIRA, 2004; NABAIS, 2014) 5.2. ESCOLHA DO TRAÇADO Posteriormente ao estudo de elementos que influem na escolha do local e análise de seus dados, como um primeiro procedimento, toma-se a reta que une os pontos extremos do projeto e analisam-se os problemas atrelados a esse traçado. Mesmo que a topografia permita, longos trechos retos devem ser evitados, pois a monotonia gera sonolência e desatenção. Procura-se evitar também volumes excessivos de corte e aterro, travessias de rios, desapropriações, 21 ocorrência de material rochoso, etc. A identificação desses problemas leva a escolha de pontos alternativos, fora da reta diretriz, acomodando melhor o traçado à topografia e alongando o mínimo possível sua extensão, desta forma, esses se tornam os ditos “pontos obrigatórios”. Feita a primeira alteração novas retas aparecem e novas análises devem ser feitas, de forma análoga, até que se obtenha um traçado que seja tecnicamente e economicamente satisfatório. (PIMENTA E OLIVEIRA, 2004) As principais etapas do traçado, durante o lançamento do anteprojeto são a análise do terreno ao longo da diretriz; identificação dos pontos obrigatórios; escolha dos pontos de interseção das tangentes e definição de suas coordenadas; cálculo dos comprimentos de tangentes e deflexões; escolha dos raios mais convenientes; cálculos das coordenadas dos pontos notáveis; cálculo do estaqueamento do traçado; levantamento do perfil do terreno sobre o traçado escolhido; escolha dos pontos de interseção das rampas e determinação de suas cotas e estacas; cálculo das rampas resultantes e escolha das curvas verticais. (PAIVA, 2016) Na prática, recomenda-se criar três alternativas de traçado, fazer um estudo a respeito de cada um e escolher o que melhor se encaixa nas descrições citadas anteriormente. No entanto, como a proposta do trabalho é ensinar o passo a passo para o projeto geométrico de ferrovia através de desenvolvimento analítico e do Civil3D, optou-se por não detalhar no procedimento três alternativas para a escolha. Sendo assim, para esse estudo, escolheu-se diretamente um traçado, baseado em critérios didáticos, de acordo com os seguintes aspectos: 1. Análise da área: elementos limitantes, como o curso d’água existente; área livre para alocação do trecho e desenvolvimento de três curvas e tangentes intercaladas; 2. Análise da topografia: escolha da direção do traçado, alinhamento paralelo às curvas topográficas e desníveis menos desfavoráveis, áreas de corte e aterro; 3. Seleção de pontos de inflexão: cinco pontos para traçado horizontal, necessários para o desenvolvimento de uma curva reversa e uma simples, estabelecido como critério do trabalho; dois pontos para o traçado longitudinal; 5.3. TRAÇADO DE PROJETO NO CIVIL3D 5.3.1. ALINHAMENTO HORIZONTAL (TANGENTES) O traçado definido em trecho horizontal contém os pontos de inflexão e as tangentes do alinhamento. O passo a passo para criação no Civil 3D é descrito a seguir: 22 1. Barra Home, Alignment, Alignment Creation Tools (Figura 9), Type, Rail (Figura 10), nomear o alinhamento. Para habilitar parâmetros de verificação do template: Design Criteria, habilitar o item Design Criteria File, selecionar o arquivo de template e, em seguida, habilitar e selecionar o tipo de projeto em Use Design Check Set. 2. A aba Geometry Editor abrirá automaticamente. As ferramentas de criação dos elementos geométricos como curvas, espirais e tangentes apresentam sempre mais de uma forma de entrada de dados, deve-seescolher a mais adequada conforme o projeto. A seguir, criar o traçado utilizando a ferramenta Tangent-Tangent (No Curves), unindo os pontos de inflexão previamente definidos. A Figura 11 representa o alinhamento de projeto no plano horizontal, contendo as tangentes e os pontos de inflexão. Figura 9: Criação do alinhamento horizontal Figura 10: Criação do alinhamento horizontal 23 Figura 11: Projeção do alinhamento horizontal 5.3.2. ALINHAMENTO LONGITUDINAL (RAMPAS) A criação do perfil longitudinal e do alinhamento longitudinal (rampas) pode ser resumido, conforme: 1. Criação de um grid longitudinal, contendo o delineado natural do terreno longitudinalmente; 2. Criação e edição do alinhamento longitudinal, de forma análoga ao alinhamento horizontal. O passo a passo para criar o perfil longitudinal no Civil3D é descrito as seguir: 1. Home, Profile, Create Surface Profile (Figura 12). A janela de criação abrirá automaticamente, clicar em Select Surface, selecionar a superfície criada natural do terreno, clicar em Add. Em Profile List, clicar em Draw In Profile View e, posteriormente, inserir as informações solicitadas (configurações de estilo) ou utilizar as do template. 2. Às vezes, a desativação de alguns grids de linhas é conveniente para melhor visualização do perfil. Para desativar deve-se selecionar o grid, Profile View Properties, Edit Profile View Style, e em seguida, desativar os layers do “minor grid” vertical e longitudinal. 24 Figura 12: Criação do perfil longitudinal Em seguida, deve-se criar o traçado do alinhamento longitudinal (contendo apenas as rampas), conforme: 1. Clicar no grid criado anteriormente, Profile Creation Tools, inserir nome (Figura 13). Em Design Criteria, ativar Use Criteria-Based Design e selecionar o template utilizado. Ativar também Use Design Check Set e selecionar os parâmetros desejados (tipo, classe) ou utilizar os parâmetros do template. 2. Automaticamente, a barra Geometry Editor abrirá. Desenhar o alinhamento das rampas de maneira análoga ao alinhamento horizontal, selecionando a opção de desenho Draw Tangents. Nessa etapa deve-se evitar grandes volumes de corte e aterro. 3. A edição e ajuste dos parâmetros, é feita através da ferramenta Alignment Grid View (Figura 14), de forma análoga ao alinhamento horizontal. A partir dessa tabela, é possível obter os dados iniciais para desenvolvimento analítico das curvas verticais. Figura 13: Criação do alinhamento longitudinal 25 Figura 14: Editor de parâmetros do alinhamento vertical 26 6. CURVAS HORIZONTAIS E TRANSIÇÃO 6.1. INTRODUÇÃO A definição do traçado no plano horizontal, normalmente, é feita acomodando os trechos retos sobre o terreno, em função do relevo e de eventuais obstáculos e, em seguida, concordando-os por meio de curvas. Pode-se também localizar os pontos de inflexão, concordar adequadamente as curvas nas diretrizes da ferrovia e, em seguida, interligá-las com retas tangentes. Dessa forma, as características da área, relevo da região, problemas com desapropriação, pontos de passagem obrigatórios e outros, normalmente determinam a quantidade de curvas a serem usadas no projeto. (PIMENTA et. al, 2017) As curvas horizontais, utilizadas em projetos de ferrovia, podem ser compostas por curvas circulares ou curvas de transição e, desta forma, são classificadas em quatro tipos: curvas circulares simples, curvas circulares compostas, curvas circulares reversas e curvas de transição. 6.2. CURVA CIRCULAR SIMPLES Para concordar dois alinhamentos retos, frequentemente utiliza-se uma curva circular simples, devido simplicidade para ser projetada e locada. O estudo deste tipo de curva é fundamental, pois mesmo quando se emprega uma curva de transição, a curva circular continua a ser utilizada na parte central da concordância. As curvas horizontais circulares simples não possuem transição entre o segmento de tangente (de raio infinito) e a curva (de raio finito). Essas curvas são formadas por arcos de circunferência que se ligam diretamente às tangentes e são descritas pelo seu raio (R) e pelo seu ângulo de deflexão entre as tangentes ou ângulos centrais (AC), conforme representado na Figura 15. Os parâmetros para curva circular simples podem ser definidos conforme o Quadro 4. (NETO, 2010). 27 Figura 15: Elementos de curva circular simples Fonte: Adaptado de Pimenta e Oliveira, 2004 Quadro 4: Parâmetros de curva circular simples Parâmetro Fórmula Dados de Entrada Tangente 𝑇 = 𝑅 tan 𝐴𝐶 2 R e AC Desenvolvimento 𝐷 = 𝜋 × 𝑅 180° × 𝐴𝐶 R e AC Corda 𝑐 = 2𝑅 × sin ( 𝐴𝐶 2 ) c e R Flecha 𝑓 = 𝑅 [1 − cos ( 𝐴𝐶 2 )] R e AC Afastamento 𝐴 = 𝑅 [sec ( 𝐴𝐶 2 ) − 1] R e AC Tangente mínima entre curvas Cmín = 0,4Vdir Vdir Fonte: Porto, 2004; Antas et al., 2010; Pimenta, 2013; Lester, 2011; DNIT, 2015; Onde: PI: ponto de interseção das tangentes; PC: ponto de curva (início da curva); PT: ponto de tangência (fim da curva); AC: ângulo central da curva ou grau da curva (G); R: raio da curva; T: tangente da curva; D: desenvolvimento ou comprimento do arco; O: centro da curva; 28 c: comprimento de corda; f: comprimento de flecha; PC-PI e PI-PT: tangentes externas PC-PI=PI-PT; 6.3. CURVA HORIZONTAL CIRCULAR REVERSA Uma curva horizontal circular reserva é, em geral, formada por duas curvas horizontais circulares simples consecutivas de raios de curvaturas iguais, porém, com centros de curvatura opostos. Os elementos geométricos e tratamento deste tipo de curva é realizado considerando- se duas curvas horizontais circulares simples independentes. Os cálculos necessários em curva reversa são análogos aos descritos para curva circular simples. (PIMENTA et. al, 2017) Este tipo de curva é viável em ferrovias com velocidades de projeto muito baixas. Pimenta et al. (2017, p. 76) pontua, ‘no caso de velocidades de projeto altas, é necessário introduzir um trecho reto entre as duas curvas, com comprimento suficiente para que seja construída uma curva de transição entre elas’. Os órgãos ferroviários impõem, normalmente, que esse trecho tangente tenha valor mínimo equivalente ao comprimento do veículo de projeto tipo, como apresentado no Quadro 5. Quadro 5: Parâmetros de tangentes entre curvas reversas Parâmetro Fórmula Dados de Entrada Tangente Mínima Cmín = Vdir/10 Vdir Fonte: Paiva, 2016 6.4. CURVA HORIZONTAL COM TRANSIÇÃO A curva horizontal com transição é utilizada para atenuar efeitos da aceleração centrífuga, permitir uma distribuição segura da superelevação e uma trajetória mais confortável e estável para os ocupantes. É definida como uma ligação entre alinhamentos retos e curvas circulares, que pode ser interpretada como uma curva de raio variável. No Brasil, normalmente utiliza-se como curva de transição, a curva conhecida por clotóide ou espiral. Os elementos atribuídos às curvas de transição são ilustrados na Figura 16. Os parâmetros para curva de transição podem 29 ser definidos conforme o Quadro 6. (LEE, 2000 apud TEIXEIRA E COELHO, 2014; PIMENTA E OLIVEIRA, 2004; NETO, 2010) Figura 16: Elementos da concordância de uma curva com espiral de transição Fonte: Adaptado de Pimenta e Oliveira, 2004 Quadro 6: Parâmetros de curva de transição Parâmetro Fórmula Dados de Entrada Comprimento de transição mínimo 𝐿𝑠𝑚í𝑛 = 0,072 𝑣3 𝑅𝑐 v e Rc Comprimento de transição máximo 𝐿𝑠𝑚á𝑥 = 𝐴𝐶 × 𝑅𝑐 AC e Rc Ângulo central da espiral 𝜃𝑠 = 𝐿𝑠 2𝑅𝑐 Rc e Ls Abscissa X cartesiana da transição 𝑋𝑠 = 𝐿𝑠 (1 − 𝜃𝑠 2 10 + 𝜃𝑠 4 216 ) s e Ls Ordenada Y cartesiana da transição 𝑌𝑠 = 𝐿𝑠 ( 𝜃𝑠 3 − 𝜃𝑠 3 42 + 𝜃𝑠 5 1320 ) s e Ls Tangente longa 𝑇𝐿 = 𝑋𝑠 − 𝑌𝑠 cotg 𝜃𝑠 Xs, Ys e s Tangentecurva 𝑇𝐶 = 𝑌𝑠/ sen 𝜃𝑠 Ys e s Abscissa do centro 𝑘 = 𝑋𝑠 − 𝑅𝑐 ∙ sin 𝜃𝑠 Xs, Rc e s Afastamento 𝑝 = 𝑌𝑠 − 𝑅𝑐 ∙ (1 − cos 𝜃𝑠) Ys, Rc e s Tangente Total 𝑇𝑇 = 𝑘 + (𝑅𝑐 + 𝑝) ∙ 𝑡𝑎𝑛 ( 𝐴𝐶 2 ) AC, k, Rc e p Ângulo central circular 𝐴𝐶𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 = 𝐴𝐶 − 2𝜃𝑠 AC e 𝜃𝑠 Fonte: Filho, 1998; Antas, 2010 30 Onde: TS: ponto onde termina a tangente e inicia a espiral; SC: ponto onde termina a espiral e inicia a curva circular; CS: ponto onde termina a curva circula e inicia a espiral; ST: ponto onde termina a espiral e inicia a tangente; PI: ponto de intercessão das tangentes; Rc: raio da curva circular, em metros; s: ângulo central da curva espiral; c: ângulo central da curva circular; Xs: abcissa do SC e do CS; Ys: ordenada do SC e do CS; AC: ângulo central ou deflexão; TT: tangente total; TL: tangente longa; TC: tangente curta; Q: abscissa do centro; p: afastamento; ρ é o raio em um ponto qualquer da espiral; Dc: desenvolvimento circular; E: distância externa; O’: centro da circunferência deslocada; 6.5. DESENVOLVIMENTO ANALÍTICO Como parâmetros iniciais para as curvas horizontais, foram medidos os ângulos de deflexão entre as tangentes, nos pontos de inflexão (PIs), analisado o traçado em planta, conforme a Figura 17. 31 Figura 17: Ângulos de deflexão no PI Em seguida, foram adotados raios de acordo com os valores mínimos recomendados, de 516m segundo Paiva (2016), e também segundo a topografia do terreno, aproximando o traçado das curvas horizontais ao traçado das curvas de nível. Os parâmetros adotados são apresentados na Tabela 2. Por fim, foram escolhidos os tipos de curvas utilizados, como as ferrovias geralmente possuem curvas de raios muito grandes, existe espaço suficiente dentro da própria bitola para que a transição entre o movimento retilíneo e a circular se faça suavemente, garantindo certo grau de conforto e segurança aos veículos. Dessa forma, raramente usam-se curvas espirais. As normas ainda propõem a adoção de curva de transição para raios inferiores a 1145,93m. No entanto, para o estudo em questão, deve existir uma curva de transição a fim de elucidar o cálculo, mesmo que não recomendado. A Curva 2 foi escolhida para introdução da espiral, pois possui menor raio. Para fins didáticos, um traçado com curvas reversas também foi escolhido, utilizando a Curva 1 e Curva 2. Tabela 2: Parâmetros iniciais das curvas horizontais Parâmetro Curva 1 Curva 2 Curva 3 Raio (R) 2600 1600 2000 Ângulo de Deflexão (AC) 46,088564º 19,970207º 43,367615º 32 6.5.1. CÁLCULO DOS ELEMENTOS DE PROJETO 6.5.1.1. CURVA CIRCULAR Parâmetros de Tangentes: Tangente mínima entre as curvas: 𝐶𝑚í𝑛 = 0,4 × 𝑉𝑑𝑖𝑟 = 0,4 × 100 = 40𝑚 Parâmetros Curva 1: Tangente: 𝑇 = 𝑅 𝑡𝑎𝑛 𝐴𝐶 2 = 2600 𝑡𝑎𝑛 46,0885 2 = 1106,00 𝑚 Desenvolvimento: 𝐷 = 𝜋×𝑅 180° × 𝐴𝐶 = 𝜋×2600 180° × 46,0885 = 2091,43 𝑚 Corda: 𝑐 = 2 × 𝑅 × sin ( 𝐴𝐶 2 ) = 2 × 2600 × sin ( 46,0885 2 ) = 2035,50𝑚 Flecha: 𝑓 = 𝑅 [1 − cos ( 𝐴𝐶 2 )] = 2600 [1 − cos ( 46,0885 2 )] = 207,47 𝑚 Afastamento: 𝐴 = 𝑅 [sec ( 𝐴𝐶 2 ) − 1] = 2600 [sec ( 46,0885 2 ) − 1] = 225,46 𝑚 Parâmetros Curva 3: Tangente: 𝑇 = 𝑅 𝑡𝑎𝑛 𝐴𝐶 2 = 2000 tan 43,3676 2 = 795,24 𝑚 Desenvolvimento: 𝐷 = 𝜋×𝑅 180° × 𝐴𝐶 = 𝜋×2000 180° × 43,3676 = 1513,81 𝑚 Corda: 𝑐 = 2 × 𝑅 × sin ( 𝐴𝐶 2 ) = 2 × 2000 × sin ( 43,3676 2 ) = 1477,94 𝑚 Flecha: 𝑓 = 𝑅 [1 − cos ( 𝐴𝐶 2 )] = 2000 [1 − cos ( 43,3676 2 )] = 141,52𝑚 Afastamento: 𝐴 = 𝑅 [sec ( 𝐴𝐶 2 ) − 1] = 2000 [sec ( 43,3676 2 ) − 1] = 152,30𝑚 6.5.1.2. CURVA DE TRANSIÇÃO Para o cálculo dos parâmetros da curva de transição, é preciso conhecer o raio da curva circular, o ângulo de deflexão da tangente e o comprimento da curva de transição, adotado com base no traçado adotado (tangente mínima entre curvas reversas) e em limites (mínimo e máximo). A inserção da curva de transição é feita através do método do raio conservado, que tem a vantagem de não alterar o valor do raio da curva circular. Tangente mínima entre as curvas reversas: 𝐶𝑚í𝑛 = 0,2 × 𝑉𝑑𝑖𝑟 = 0,2 × 100 = 20𝑚 Comprimento mínimo: 𝐿𝑚í𝑛 = 0,07 × 𝑣3 𝑅 = 0,07 × 1003 1600 = 43,75𝑚 33 Comprimento máximo: 𝐿𝑚á𝑥 = 𝑅𝑐 × 𝐴𝐶 = 1600 × 0,3485 = 557,67𝑚 Comprimento adotado: 𝐿 = 65𝑚 (atende aos limites máximo e mínimo e à tangente mínima entre curvas reversas) Ângulo central da curva de transição: 𝜃𝑠 = 𝐿𝑠 2×𝑅𝑐 65 2×1600 = 0,0203 𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜𝑠 = 1,1638° Abscissa do ponto SC: 𝑋𝑠 = 𝐿𝑠. (1 − 𝜃𝑠 2 10 + 𝜃𝑠 4 216 ) = 65 (1 − (0,0203)2 10 + (0,0203)4 216 ) = 64,9973 𝑚 Ordenada do ponto SC: 𝑌𝑠 = 𝐿𝑠. ( 𝜃𝑠 3 − 𝜃𝑠 3 42 ) = 65 ( 0,0203 3 − (0,0203)3 42 ) = 0,4398𝑚 Tangente Longa (TL): 𝑇𝐿 = 𝑋𝑠 − 𝑌𝑠 cotg 𝜃𝑠 = 64,9973 − 0,4398 × (𝑐𝑜𝑡𝑔 1,1638°) = 43,348𝑚 Tangente Curva (TC): 𝑇𝐶 = 𝑌𝑠 sen 𝜃𝑠 = 0,4398 sen(1,1638) = 21,65𝑚 Abscissa do centro (k): 𝑘 = 𝑋𝑠 − 𝑅𝑐 × sin 𝜃𝑠 𝑘 = 64,998 − 1600 × sin 1,1638° = 32,50𝑚 Afastamento p: 𝑝 = 𝑌𝑠 − 𝑅𝑐 × (1 − cos 𝜃𝑠) = 0,4398 − 1600 × (1 − cos 1,1638°) = 0,1097𝑚 Tangente Total (TT): 𝑇𝑇 = 𝑘 + (𝑅𝑐 + 𝑝) ∙ 𝑡𝑎𝑛 ( 𝐴𝐶 2 ) = 32,50 + (1600 + 0,1097) ∙ 𝑡𝑎𝑛 ( 19,9702 2 ) = 314,21𝑚 Ângulo central: 𝐴𝐶𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 = 19,9702 − (2 × 1,1638º) = 17,6425° Tangente: 𝑇 = 1600 𝑡𝑎𝑛 17,6425 2 = 248,30𝑚 Desenvolvimento: 𝐷 = 𝜋×1600 180° × 17,6425 = 492,67 𝑚 Corda: 𝑐 = 2 × 𝑅 × sin (𝐴𝐶 2 ) = 2 × 1600 × sin ( 17,6425 2 ) = 490,73𝑚 Flecha: 𝑓 = 1600 [1 − cos ( 17,6425 2 )] = 18,92𝑚 Afastamento: 𝐴 = 1600 [sec ( 17,6425 2 ) − 1] = 19,15 𝑚 6.5.2. LOCAÇÃO DAS CURVAS (ESTAQUEAMENTO) Em geral, a locação das curvas em campo é feita através do método das deflexões. A locação das estacas depende do raio e do comprimento de corda, entre o penúltimo e o último ponto da curva e, em curvas de raios maiores, como em ferrovias, são adotados comprimentos de 20 metros. Calcula-se também o grau da curva (G), que é o ângulo central correspondente a essa corda de 20 metros. A Figura 18 ilustra o grau da curva e deflexões ao longo de cada visada. 34 É comum os pontos entre PC e PT possuírem estacas fracionárias e ângulos diferentes do grau da curva, uma vez que o desenvolvimento nem sempre coincide com um número inteiro e múltiplo de 20. Por esse motivo, é importante que se tenha a deflexão por metro. A primeira estaca da curva é obtida a partir de PC. Visa-se o PI e sobre essa direção, mede- se o ângulo de deflexão e, então, o comprimento “l” até a estaca posterior, para estacas fracionárias. Para as estacas seguintes, o comprimento de corda entre estacas “l” será 20 m e a locação se faz de maneira análoga, visando a projeção da estaca anterior. A deflexão parcial corresponde ao ângulo formado entre o comprimento “l” e a projeção da estaca anterior. A deflexão acumulada refere-se ao ângulo formado entre o comprimento “l” em questão e a tangente PC-PI, que também pode ser calculada através da deflexão por metro e do comprimento acumulado. Tais itens são ilustrados na Figura 18. O Quadro 7 apresenta os parâmetros de locação da curva. Figura 18: Ângulos de deflexão para locar vários pontos de uma curva circular Fonte: Adaptado de Carvalho et al., 2005 Onde: dt: deflexão total para locar o último ponto da curva em graus; G: grau da curva (graus) correspondentes à corda “l” em metros; n: números de graus de curva (G); l: corda formada entre o penúltimo ponto e o último ponto da curva em metros; 35 Quadro 7: Parâmetros de locação de curva Parâmetro Fórmula Dados de Entrada Grau da curva 𝐺 = 2 × sin−1 𝑐 2𝑅 R e c Deflexão por metro 𝑑𝑚 = 𝐺 2𝑐 G ec Estaca do PI 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐼 = ( 𝑋𝑃𝐼 𝑐 ) XPI e c Estaca do PC 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐶 = 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐼 − 𝑇 EST PI e T Estaca do PT 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝑇 = 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐶 + 𝐷 EST PC e D Estaca do TS 𝐸𝑆𝑇 𝑇𝑆 = 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐼 − 𝑇𝑇 EST PI e TT Estaca do SC 𝐸𝑆𝑇 𝑆𝐶 = 𝐸𝑆𝑇 𝑇𝑆 + 𝐿𝑠 EST TS e LS Estaca do CS 𝐸𝑆𝑇 𝐶𝑆 = 𝐸𝑆𝑇 𝑆𝐶 + 𝐷 EST SC e D Estaca do ST 𝐸𝑆𝑇 𝑆𝑇 = 𝐸𝑆𝑇 𝐶𝑆 + 𝐿𝑠 EST CS e LS Fonte: Carvalho et al., 2005 Para elaborar a tabela de locação da curva circular pelo método das deflexões, é necessário conhecer: o grau da curva (G), a deflexão por metro (dm), as estacas PC e PT e o azimute. A locação da curva de transição é feita de forma análoga à curva circular. O azimute é ângulo entre o norte magnético e o alinhamento desejável, variando de 0° a 360°, no sentido horário. Os azimutes iniciais (das tangentes) foram extraídos do alinhamento em planta (ambiente CAD). A Tabela 3 apresenta os ângulos azimutes traçado em estudo. Os pontos de intercessão das tangentes (PIs) são utilizados como parâmetros iniciais para a locação das curvas, uma vez que o estaqueamento da curva começa no ponto PC, sendo distribuído ao longo de desenvolvimento, de 20 em 20 metros, até o ponto PT. Para obtenção do PC, é preciso conhecer o PI e a tangente entre eles. A Tabela 3 apresenta o valor das abscissas dos PIs no alinhamento das tangentes, em planta. Na primeira curva o valor de PI será a abscissa desse ponto, nas demais curvas os valores dos PIs serão recalculados, uma vez que ao inserir ou locar uma curva, as abcissas caminharão sobre o desenvolvimento, reestruturando as coordenadas (x) do alinhamento em qualquer ponto à frente de PC. A estaca do PI é calculada dividindo a abscissa em planta pelo comprimento de estaca de projeto (20 metros). 36 Tabela 3: Parâmetros de projeto para locação de curvas Parâmetro Curva 1 Curva 2 Curva 3 Azimute 78°54’7,71” 32°48’48,88” 52°47’1,62” Coordenada (x) do PI 1593,47m 3034,27m 4590,20m Parâmetros Curva 1: Grau da curva: 𝐺 = 2 × sin−1 20 2×2600 = 0,440739° = 0°26′26.66" Deflexão por metro: 𝑑𝑚 = 𝐺 2𝑐 = 0°26′26,66” 2 ×20 = 0,011018° = 0° 0′39,67” Estaca do PI: 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐼 = ( 1593,47 20 ) = 79,67 = 79 + 13,47 Estaca do PC: 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐶 = 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐼 − 𝑇 = 1593,47 − 1106 = 487,47 𝑚 = 24 + 7,47𝑚 Estaca do PT: 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝑇 = 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐶 + 𝐷 = 487,47 + 2091,43 = 2578,90 𝑚 = 128 + 18,90𝑚 Parâmetros Curva 2: A abscissa PI da segunda curva, será o valor inicial de abscissa PI (ainda com o alinhamento) menos as duas tangentes da Curva 1, somada ao desenvolvimento da Curva 1. Deve-se atentar que a Curva 2 é a curva de transição. Grau da curva: 𝐺 = 2 × sin−1 20 2×1600 = 0,716203° = 0°42′58.33” Deflexão por metro na espiral: 𝑑𝑚𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑙 = 1,1638 2 × 20 = 0,0291 Deflexão por metro na curva circular: 𝑑𝑚 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 = 0°42′58.33" 2 × 20 = 0,017905° = 0°1’4,46” Coordenada (x) do PI2: 𝑃𝐼2′ = 𝑃𝐼𝑖2 − 2. 𝑇1 + 𝐷1 = 3034,27 − 2(1106) + (2091,43) = 2913,70 𝑚 Estaca do PI: 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐼 = ( 2913,70 20 ) = 145,685 = 145 + 13,70𝑚 Estaca do TS: 𝐸𝑆𝑇 𝑇𝑆 = 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐼 − 𝑇𝑇 = 2913,70 − 314,21 = 2599,49 𝑚 = 129 + 19,49𝑚 Estaca do SC: 𝐸𝑆𝑇 𝑆𝐶 = 𝐸𝑆𝑇 𝑇𝑆 + 𝐿𝑠 = 2599,49 + 65 = 2664,49 𝑚 = 133 + 4,49𝑚 Estaca do CS: 𝐸𝑆𝑇 𝐶𝑆 = 𝐸𝑆𝑇 𝑆𝐶 + 𝐷 = 2664,49 + 492,67 = 3157,16 𝑚 = 157 + 17,16𝑚 Estaca do ST: 𝐸𝑆𝑇 𝑆𝑇 = 𝐸𝑆𝑇 𝐶𝑆 + 𝐿𝑠 = 3157,16 + 65 = 3222,16 𝑚 = 161 + 2,16𝑚 Parâmetros Curva 3: A abscissa PI da terceira curva, será o PI2’ menos as duas tangentes total da Curva 2, somada ao desenvolvimento total da Curva 2. Grau da curva: 𝐺 = 2 × sin−1 20 2×2000 = 0,572960° = 0°34′22,66" Deflexão por metro: 𝑑𝑚 = 𝐺 2𝑐 = 0°34′22.66" 2 ×20 = 0,014324° = 0°0’51,57" 37 Desenvolvimento Total: 𝐷𝑇 = (2 × 𝐿𝑠 ) + 𝐷𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 = (2 × 65) + 492,67 = 622𝑚 Coordenada (x) do PI3: 𝑃𝐼3 ′ = 𝑃𝐼𝑖3 + (−2 × 𝑇1 + 𝐷1) + (−2. 𝑇𝑇 + 𝐷𝑇2) = 4590,20 + (−2 × 1106 + 2091,43) + (−2 × 314,21 + 622,67) = 4463,88𝑚 Estaca do PI: 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐼 = ( 4463,88 20 ) = 219 + 18,88 Estaca do PC: 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐶 = 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐼 − 𝑇 = 4463,88 − 795,24 = 3668,64 𝑚 = 183 + 8,64𝑚 Estaca do PT: 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝑇 = 𝐸𝑆𝑇 𝑃𝐶 + 𝐷 = 3668,64 + 1513,81 = 5182,45 𝑚 = 259 + 2,45𝑚 O passo a passo para montagem da planilha de locação é descrito a seguir, tomando como exemplo a Curva 1. As outras curvas circulares são locadas de maneira análoga. As estacas do PC são, geralmente, fracionárias, dessa forma, os comprimentos de cordas também serão fracionários, no valor da corda adotado (20m) menos a fração da estaca. A primeira deflexão será o valor da corda (fracionária) multiplicado pela deflexão por metro da curva. Para fins didáticos, o cálculo será descrito nos tópicos abaixo, no entanto, apenas para Curva 1. Na locação das curvas remanescentes, a metodologia é análoga. 1. Corda fracionada (primeira estaca): na Curva 1, EST PC = 24 + 7,47m. Assim, a corda fracionada, entre EST PC e EST 25, é dada por 𝑐𝑓𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎 = 20 − 7,47 = 12,53𝑚. 2. Deflexão parcial (primeira estaca): multiplicando o valor da corda fracionada (PC) pela deflexão por metro, tem-se uma deflexão parcial dada por 𝑑 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙 = 12,53 × 0,011018° = 0,138056°. 3. Deflexão parcial (outras estacas): entre estacas com corda de 20m, por exemplo EST 25 e EST 26, tem-se uma deflexão parcial dada por 𝑑 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙 = 20 × 0,011018° = 0,220360°. 4. Deflexão acumulada: deve-se multiplicar o comprimento acumulado, por exemplo, de 32,53m (12,53 +20m) entre EST PC e EST 26, pela deflexão por metro, tem-se então 𝑑 𝑎𝑐𝑢𝑚𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 = 32,53 × 0,011018° = 0,358416°. 5. Nas estacas seguintes, procedimento é análogo até EST PT. Em PT, a corda terá novamente comprimento fracionado, de 18,90m. Para deflexão parcial e acumulada, o procedimento é análogo ao item 1, para EST PC. A Figura 19 apresenta um esquema ilustrativo, do exemplo descrito anteriormente. A Tabela 4 representa a locação da Curva 1 (circular). A Tabela 5 representa a locação da Curva 3 (circular). Por fim, a Tabela 6 representa a locação da Curva 2 (transição). 38 Figura 19: Esquema ilustrativo par locação de uma curva circular Fonte: Adaptado de Carvalho et al., 2005 Tabela 4: Locação Curva 1 (Circular) Estaca Pontos da curva Corda (m) Deflexão (graus) Azimute (graus) Estaca à Estaca Do PI à Estaca Por metro Parcial Acumulada 24 + 7,47 PC 75,888120 25 12,53 12,53 0,011018 0,138056 0,138056 75,750064 26 20,00 32,53 0,011018 0,220360 0,358416 75,529704 27 20,00 52,53 0,011018 0,220360 0,578776 75,309344 28 20,00 72,53 0,011018 0,220360 0,799136 75,088984 29 20,00 92,53 0,011018 0,220360 1,019496 74,868624 30 20,00 112,53 0,011018 0,220360 1,239856 74,648264 31 20,00 132,53 0,011018 0,220360 1,460216 74,427904 32 20,00 152,53 0,011018 0,220360 1,680576 74,207544 33 20,00 172,53 0,011018 0,220360 1,900936 73,987184 34 20,00 192,53 0,011018 0,220360 2,121296 73,766824 35 20,00 212,53 0,011018 0,220360 2,341656 73,546464 36 20,00 232,53 0,011018 0,220360 2,562016 73,326104 37 20,00 252,53 0,011018 0,220360 2,782376 73,105744 38 20,00 272,53 0,011018 0,220360 3,002736 72,885384 39 20,00 292,53 0,011018 0,220360 3,223096 72,665024 40 20,00 312,53 0,011018 0,220360 3,443456 72,444664 41 20,00 332,53 0,011018 0,220360 3,663816 72,224304 42 20,00 352,53 0,011018 0,220360 3,884176 72,003944 43 20,00 372,53 0,011018 0,220360 4,104536 71,783584 44 20,00 392,53 0,011018 0,220360 4,324896 71,563224 45 20,00 412,53 0,011018 0,220360 4,545256 71,342864 46 20,00 432,53 0,011018 0,220360 4,765616 71,122504 47 20,00 452,53 0,011018 0,220360 4,985976 70,902144 48 20,00 472,53 0,011018 0,220360 5,206336 70,681784 49 20,00 492,53 0,011018 0,220360 5,426696 70,461424 39 Estaca Pontos
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