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ABORTAMENTO MAYCON DE MORAIS SILVA Internato Rotação de Ginecologia e Obstetrícia 2016 ABORTAMENTO Segundo a OMS, é definido como a interrupção da gestação com feto pesando menos de 500 gramas, ou com idade gestacional inferior a 20 semanas. ABORTAMENTO: processo ABORTO: produto eliminado INCIDÊNCIA SUBCLÍNICO: quando ocorre antes da próxima falha menstrual CLÍNICO: quando ocorre após a gravidez confirmada pela dosagem de B-Hcg ou USG 80% das gestações interrompidas até 12ª semana ETIOLOGIA ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS: Causas mais comuns: 50 a 80% dos abortamentos Aneuploidia: causa mais frequente. (Trissomias do 22, 21, 15, 13, 2 e 14 Mais comum em mulheres de idade avançada DESORDENS ANATÔMICAS Incompetência istmocervical Miomas Malformações uterinas: útero unicorno, bicorno, didelfo ou septado Sinéquias uterinas: (Sd de Asherman) Distopias uterinas ETIOLOGIA DOENÇAS ENDÓCRINAS Insuficiência Lútea Doenças da tireóide DM insulinodependente Síndrome dos Ovários Policísticos: incidência de 20 a 40% DISTÚRBIOS IMUNOLÓGICOS Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídico: presente em 15 a 20% das mulheres com abortamento habitual ETIOLOGIA INFECÇÕES Rubéola Parvovirose Citomegalovirose Listeríase Herpes Simples Hepatite B HIV Infecção do trato urinário Vaginoses Clamídia e Gonorréia Sífilis Toxoplasmose Malária Estreptococos do grupo B FATORES DE RISCO APRESENTAÇÕES CLÍNICAS E CONDUTAS QUANTO À IDADE GESTACIONAL ABORTAMENTO PRECOCE: interrupção da gestação até a 12ª semana gestacional ABORTAMENTO TARDIO: após a 12ª semana gestacional ABORTAMENTO HABITUAL: ocorrência de 3 ou mais episódios consecutivos de abortamento AMEAÇA DE ABORTAMENTO 15 a 25% de todas as gestações Probabilidade de evolução para abortamento espontâneo é de 50% USG: não há alterações significativas SANGRAMENTO DISCRETO DOR DISCRETA OU AUSENTE FEBRE AUSENTE ÚTERO COMPATÍVEL COM IG ORIFÍCIO INTERNO DO COLO FECHADO BETA- HCG POSITIVO ULTRASSONOGRAFIA EMBRIÃO E BCF PRESENTES AMEAÇA DE ABORTAMENTO CONDUTA Repouso relativo abstinência sexual Antiespasmódicos se necessário Apoio psicológico ABORTAMENTO INEVITÁVEL Presença de ovo íntegro, porém inviável Quase sempre precedido por período de ameaça de abortamento SANGRAMENTO PRESENTE E POR VEZES INTENSO DOR CÓLICAS,EM BAIXO VENTRE E LOMBAR FEBRE AUSENTE ÚTERO COMPATÍVEL OU NÃO COM A IG ORIFÍCIO INTERNO DO COLO ABERTO, BOLSA AMNIÓTICA HERNIADA BETA- HCG POSITIVO NA MAIORIA DAS VEZES ULTRASSONOGRAFIA BCF PRESENTES OU AUSENTES, DESCOLAMENTO OVULAR COM HEMATOMA RETROCORIAL SG EM PROCESSO DE EXPULSÃO ABORTAMENTO INEVITÁVEL CONDUTA 70% dos casos até 8 semanas: resolução espontânea em até 72 horas Internação Hidratação venosa Esvaziamento uterino em casos que não se resolveram espontaneamente Aborto provocado: antibióticoterapia profilática Em paciente Rh negativo: imunoglobulina anti-Rh ABORTAMENTO COMPLETO Expulsão espontânea e total do feto e dos anexos. Mais frequente até 8 semanas Clínica: parada ou diminuição súbita do sangramento e das cólicas SANGRAMENTO DISCRETO OU AUSENTE DOR AUSENTES FEBRE AUSENTE ÚTERO MENOR DO QUE O ESPERADO PARA A IG ORIFÍCIO INTERNO DO COLO FECHADO BETA- HCG NEGATIVO OU DECRESCENTE ULTRASSONOGRAFIA ÚTERO VAZIO, OU IMAGENS COMPATÍVEIS COM COÁGULOS ABORTAMENTO COMPLETO CONDUTA Encaminhar para acompanhamento ambulatorial Em pacientes com Rh negativo: imunoglobulina anti-Rh ABORTAMENTO INCOMPLETO Abortamento incompleto com colo fechado Abortamento incompleto com colo aberto Eliminação parcial ovo -> causa de hemorragia e infecção Comum após 8 sem.-> vilosi/+ aderidas útero Sangramento Intermitente pode ser intenso (os restos ovulares impedem adequada contração uterina) História de eliminação massa carnosa Útero: amolecido, diminuição do volume. A eliminação líquido amniótico diminui o volume e eliminação do concepto diminui as dimensões ABORTAMENTO INCOMPLETO SANGRAMENTO VARIÁVEL DOR CÓLICAS FEBRE AUSENTE ÚTERO MENOR DO QUE O ESPERADO PARA A IG ORIFÍCIO INTERNO DO COLO FECHADO OU ABERTO BETA- HCG NEGATIVO OU DECRESCENTE ULTRASSONOGRAFIA RESTOS OVULARES (ECOS HIPERECOGÊNICOS) ABORTAMENTO INCOMPLETO Medidas gerais o Internação da paciente. Sinais vitais a cada seis horas: temperatura axilar, pulso radial e pressão arterial. Hemograma completo para monitorar a espoliação e rastrear a infecção Tipagem sanguínea. Pacientes Rh negativo e Coombs indireto negativo devem ser medicadas com Imunoglobulina anti-Rh para prevenção de possível aloimunização, no momento da administração do misoprostol. Acesso venoso, com correção da volemia, se necessário ABORTAMENTO INCOMPLETO Gestação de 1° trimestre Misoprostol AMIU ou Dilatação do colo e curetagem uterina Gestação de 2° trimestre o Misoprostol Perfusão venosa de ocitocina em solução glicosada na velocidade de 40 mUI/min (20 UI do fármaco em 500 ml de soro glicosado a 5% a 20 gotas/min). Esvaziamento da cavidade uterina AMIU ou curetagem, por técnica convencional, após a expulsão do feto Inibição da lactação: Cabergolina: 1mg (2 comp) VO em dose única ABORTAMENTO INFECTADO (OU SÉPTICO) Situação em que há restos intrauterinos e infecção Na maioria das vezes é resultado de abortamentos provocados de forma ilegal Quadro clínico: aborto incompleto associado a sinais de infecção, como dor local importante, útero amolecido, eliminação de material com odor fétido, comprometimento do estado geral, febre e taquicardia. ABORTAMENTO INFECTADO (OU SÉPTICO) Casos não complicados: a infecção está restrita ao útero. Casos complicados, a infecção pode se estender aos anexos, peritônio ou se generalizar e evoluir para septicemia. Geralmente são infecções polimicrobianas a partir da ascensão de germes que fazem parte da flora vaginal e intestinal Cocos anaeróbios, gram-negativos, bacteroides e Clostriduim perfingrens (ou welchii) Os índices de mortalidade são altos. ABORTAMENTO INFECTADO (OU SÉPTICO) “Manual de Orientação: Assistência Pré-Natal”- FEBRASGO GRAU 1: É o mais frequente, a infecção está limitada ao conteúdo da cavidade uterina GRAU 2: A infecção já se expande à pelve (pelviperitonite) GRAU 3: Peritonite generalizada e infecção sistêmica com grave comprometimento do estado geral com CIVD, insuficiência renal, falência de múltiplos órgãos e choque séptico. ABORTAMENTO INFECTADO (OU SÉPTICO) SANGRAMENTO VARIÁVEL, ÀS VEZES COM ODOR FÉTIDO DOR PODE HAVER SINAIS DE PERITONITE FEBRE PRESENTE ÚTERO AMOLECIDO E DOLOROSO Á PALPAÇÃO ORIFÍCIO INTERNO DO COLO GERALMENTE ABERTO (OU FECHADO) BETA- HCG NEGATIVO ULTRASSONOGRAFIA APRESENTAÇÃO VARIÁVEL (A CLÍNICA É MUITO SUGESTIVA) ABORTAMENTO INFECTADO (OU SÉPTICO) CONDUTA Internação hospitalar Sinais vitais a cada seis horas: temperatura axilar, pulso radial e pressão arterial. Hemograma completo para monitorar a espoliação e rastrear a infecção Tipagem sanguínea. Pacientes Rh negativo e Coombs indireto negativo devem ser medicadas com Imunoglobulina anti-Rh para prevenção de possível aloimunização, no momento da administração do misoprostol Acesso venoso, com correção da volemia, se necessário ABORTAMENTO INFECTADO (OU SÉPTICO) Pelo ministério da Saúde: Antibioticoterapia Ampicilina (500mg a 1g 6/6hs) ou penicilina cristalina (20 1 40 milhões de UI/dia) + Gentamicina (1,5 mg/kg/dose 8/8hs) ou Amicacina (15mg/kg/dia 8/8hs) + Clindamicina (600 a 900 mg a cada 6 a 8 horas) ou metronidazol (500 a 1 g 6/6hs) Tempo recomendado de tratamento: 7 a 10 dias Se a paciente for imunizada, fazer dose de reforço da vacina se a última dose tiver sido administrada há mais de 5 (cinco) anos. ABORTAMENTO INFECTADO (OU SÉPTICO) Gestação de 1° trimestre AMIU ou dilatação do colo e curetagem uterina uma hora após o início da terapêutica com ocitócito e antibiótico Gestação de 2° trimestre Só deve ser feito o esvaziamento uterino após a expulsão do feto. Misoprostol Perfusão venosa de ocitocina em solução glicosada na velocidade de 40 mUI/min (20 UI do fármaco em 500 ml de soro glicosado a 5% a 20 gotas/min). Esvaziamento da cavidade uterina uma hora após o início da terapêutica com ocitócito e antibiótico AMIU ou curetagem por técnica convencional, após a expulsão do feto Inibição da lactação - Cabergolina: 1 mg (2 comprimidos) VO em dose única. ABORTAMENTO RETIDO Interrupção da gravidez com retenção do ovo morto por período prolongado SANGRAMENTO AUSENTE DOR AUSENTE FEBRE AUSENTE ÚTERO MENOR QUE O ESPERADO PARA A IDADE GESTACIONAL ORIFÍCIO INTERNO DO COLO FECHADO BETA- HCG NEGATIVO OU DECRESCENTE ULTRASSONOGRAFIA EMBRIÃO PRESENTE, PORÉM MORTO (SEM BCF) ABORTAMENTO RETIDO OVO ANEMBRIONADO Tambem denominado “Ovo Cego” Ausência de embrião no saco gestacional íntegro, em gestação com mais de 6 semanas de evolução OVO ANEMBRIONADO SANGRAMENTO AUSENTE DOR AUSENTE FEBRE AUSENTE ÚTERO MENOR QUE O ESPERADO PARA A IDADE GESTACIONAL ORIFÍCIO INTERNO DO COLO FECHADO BETA- HCG NEGATIVO OU DECRESCENTE ULTRASSONOGRAFIA SACO GESTACIONAL ÍNTEGRO, AUSÊNCIA DE EMBRIÃO ABORTAMENTO RETIDO E OVO ANEMBRIONADO CONDUTA A conduta expectante pode ser uma opção nessas pacientes. Ao optar pelo esvaziamento uterino: Internação da paciente. Medidas gerais ABORTAMENTO RETIDO E OVO ANEMBRIONADO CONDUTA Até 12° semanas Misoprostol AMIU ou dilatação do colo e curetagem uterina Após 12° semanas Misoprostol* . Contra-indicado em caso de histerotomia prévia Perfusão venosa de ocitocina em solução glicosada na velocidade de 40 mUI/min (20 UI do fármaco em 500 ml de soro glicosado a 5% a 20 gotas/min). Esvaziamento da cavidade uterina - AMIU ou curetagem, por técnica convencional, após a expulsão do feto. Inibição da lactação- Cabergolina: 1mg (2 comprimidos) VO em dose única. ABORTAMENTO HABITUAL Ocorrência de três ou mais episódios consecutivos de abortamento espontâneo Corresponde a 0,5% de todas as gestações Em pacientes diagnosticadas, possuem mais de 30% de risco de abortamento CAUSAS: Doenças cromossomais anormalidades anatômicas uterinas ( septado, didelfo, bicorno…) Incompetência istmocervical Doenças da tireóide Diabetes Mellitus Insuficiência do corpo Lúteo Síndrome do Anticorpo antifosfolipidio Trombofilias SOP, etc. MISOPROSTOL Usar VIA VAGINAL Até 12 semanas e 6 dias: 1ª opção: 4 comprimidos de 200 mcg (800 mcg) via vaginal a cada 12 horas (3 doses- 0,12 e 24 horas). 2ª opção: 2 comprimidos de 200 mcg (400 mcg) via vaginal a cada 8 horas (3 doses- 0,8 e 16 horas). De 13 a 16 semanas e 6 dias: 1 comprimido de 200 mcg, via vaginal, cada 6 horas (4 doses). De 17 semanas e 26 semanas: 1 comprimido de 100 mcg, via vaginal, a cada 6 horas (4 doses). Para o amolecimento de colo uterino prévio a AMIU ou curetagem utiliza-se a dose de 2 comprimidos de 200 mcg (400 mcg), via vaginal, 3 a 4 horas antes do procedimento. AMIU ASPIRAÇÃO MANUAL INTRAUTERINA Pode ser realizado ambulatorialmente, sem necessidade de anestesia geral ou internação Menor risco de perfuração uterina, de necessidade de dilatação cervical e risco de sinéquias Procedimento de eleição em gestações com até 12 semanas CURETAGEM UTERINA Reservado na indisponibilidade de AMIU, ou na presença de grande quantidade material, ou idade gestacional acima de 12 semanas Maior risco de perfuração uterina LEGISLAÇÃO E INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ NO BRASIL Sempre com consentimento da mulher, acima de 18 anos (salvo em casos de iminente risco de vida) Abaixo de 18 anos: devem ser assistidas pelos pais ou responsáveis legais No Brasil, apenas 2 situações são permitidos o abortamento: Situações de risco para a gestante (abortamento terapêutico) Gravidez decorrente de vioência sexual Profissionais envolvidos no procedimento não podem comunicar autoridades policiais sem o consentimento da paciente Violência sexual, solicitar: Sorologias para sífilis, HIV e Hepatites B e C, tipagem sanguínea/ fator Rh, e Usg LEMBRETES REFERÊNCIAS 1 - Abortamento. Disponível em: http://www.me.ufrj.br/portal/images/stories/pdfs/obstetricia/abortamento.pdf. Acesso em: 28de Outubro de 2016. 2 - BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Protocolo misoprostol. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http://www.saude.gov.br/saudedamulher. Acesso em 28de Outubro de 2016. 3 - IPAS. Ações Afirmativas em Direitos e Saúde. Melhoria da qualidade da assistência à mulher em situação de abortamento. Rio de Janeiro: Ipas Brasil, 2013. Disponível em: http://www.aads.org.br/wp/?page_id=97. Acesso em: 28 de Outubro de 2016. 4 - VIEIRA, EM. A questão do aborto no Brasil. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v32n3/a01v32n3.pdf. Acesso em: 28/10/2016 5 - CORREIA, MD. Noções Práticas de Obstetrícia. 14° edição, 2011. 6 - ZUGAIB, M. Obstetrícia Zugaib. 2ª edição, 2008. 8 - Norma técnica: Atenção Humanizada ao Abortamento – Ministério da Saúde – 2012.
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