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ABORTAMENTO - É definida como a expulsão ou a extração do feto antes da 20ª semana, ou pesando menos de 500g (segundo a OMS) - Incidência: é a mais comum intercorrência obstétrica Até 20% dos casos evoluem para aborto antes de 20 semanas. Sendo que, destas, 80% são interrompidas até a 12ª semana Tem incidência entre 15 a 25% das gestações, sendo mais comum até 12 semanas - Abortamento precoce: ocorre até 12 semanas ➔ Fatores de risco - Fatores ambientais - Fatores genéticos - Fatores endócrinos - Trombofilias - Agentes infecciosos - Patologias uterinas - Causas imunes ➔ Etiologia - A alteração cromossômica mais frequente do aborto é a trissomia do cromossomo 16 - Infecções: Toxoplasmose: citomegalovírus Herpes simples HIV Rubéola Sífilis: compromete o feto a partir de 16 semanas Clamídia Hepatites Micoplasma - Distúrbios da tireoide: hipotireoidismo - Diabetes mellitus - Síndrome antifosfopide (SAF): É a principal causa do aborto de repetição tem como tratamento a heparina não fracionada de baixo peso molecular (Enoxeparina: 40mg ao dia por via subcutânea e AAS 100mg ao dia) - Alterações cromossômicas - Isoimunização - Patologias uterinas - Patologia de Asherman: também denominada de sinéquia uterina (colabamento da parede anterior com a posterior que gera amenorreia), causada por curetagem uterina, tuberculose genital, cesariana, endometrite Manejo: histeroscopia --> colocação de DIU para evitar o colabamento por 3 meses ---> hormonioterapia - Insuficiência cervical: Cerclagem (fechamento do colo do útero): de 13 a 16 semanas, pela técnica de McDonald Tirar o ponto com 36 semanas - Mioma submucoso: Até 3 cm: histeroscopia - Malformações: ocorrem quando se dá a fusão dos ductos mullerianos por volta da 6ª semana Útero bicorno: o corpo do útero não se desenvolve corretamente e se encontra dividido em dois Útero unicorno: o órgão não se desenvolve corretamente tendo apenas metade do tamanho normal Útero septado: a cavidade interna do útero é dividida por uma parede longitudinal chamada septo Útero didelfo: tem dois colos uterinos desembocando na mesma vagina ➔ Classificação do abortamento - Quanto a idade gestacional de ocorrência - Quanto à periodicidade - Quanto ao quadro clínico Obs.: FEBRASGO - Abortamento espontâneo ou provocado: O abortamento espontâneo é aquele que ocorre sem nenhuma intervenção externa e pode ser causado por doenças da mãe ou por anormalidades do embrião ou feto (incidência de 10 a 15%) O abortamento espontâneo é a complicação mais frequente da gravidez, e a grande maioria ocorreu no primeiro trimestre A idade materna e o número de abortamento anteriores são os dois fatores de risco mais importantes para um novo abortamento --> com o avançar da idade, há declínio no número e na qualidade dos ovócitos, principalmente depois dos 35 anos As anormalidades cromossômicas são as causas mais frequentes de abortamento espontâneo - Abortamento seguro ou inseguro: dois termos frequentemente usados em documentos internacionais da OMS aborto seguro é aquele realizado por médico bem treinado, com os meios necessários e em ambiente adequado, o que implica risco extremamente baixo para mulher o aborto inseguro é procedimento de risco para interromper uma gravidez indesejada, realizado por pessoas que não têm as habilidades necessárias ou em ambiente que não tem os padrões médicos mínimos, ou ambos ❖ Quanto a idade gestacional O abortamento pode ser precoce ou tardio, conforme a idade gestacional, ou seja, até a 12ª semana e entre a 13ª e a 20ª semana, respectivamente - Precoce: até 12 semanas de gestação Os abortamentos precoces, com menos de 12 semanas, respondem por 80% dos abortamentos e reconhecem uma maior multiplicidade de causas. - Tardio: após 12ª semana (13 a 26 semanas) ❖ Quanto a periodicidade - Esporádico: quando não preenche os requisitos do habitual - Habitual: ocorrência de três ou mais episódios consecutivos de abortamento Atualmente denominada recorrente É definido atualmente como perda de duas ou mais gestações CAUSAS: - Hiperprolactinemia - Doença da tireoide: aborto recorrente quando TSSH > 2,5ml/l (Tratamento com Levotiroxina 1,5 mg a 2mg/KG peso) - Baixa reserva ovariana - Diabetes mielittus - Trombofilias - Doenças cromossômicas - SOP --> tratamento : metformina 500 a 2500 mg/ dia (inclusive no 1º trimestre) - Insuficiência cervical - Insuficiência do corpo lúteo ❖ Quanto ao caso clínico - Ameaça de abortamento: É o abortamento no qual há chances de reversão do quadro Sintomas: sangramento vaginal pequeno, cólicas leves ou ausentes (colo do útero fechado/impérvio e vitalidade ovular preservada) No exame fisico especular pode-se encontrar: sangue coletado ou sangramento ativo de leve intensidade e colo uterino impérvio Ao toque vaginal combinado contata-se: útero com tamanho compatível com atraso menstrual, colo impérvio e sangramento pequeno Pedir ultrassom transvaginal (visualiza o saco gestacional a partir de 4 semanas e o embrião a partir de 6 semanas) ---> verificar o saco gestacional regular e embrião vivo Batimento cardíaco fetal regular e superior a 100 bpm Manejo: antiespasmódico para cólicas + orientação sexual (abstinência sexual em caso de sangramento) - Abortamento completo: Eliminação completa do ovo Sintomas: história de sangramento, as cólicas são mínimas ou ausentes, colo do útero fechado e útero menor que idade gestacional Pedir ultrassom transvaginal: se o endometrio estiver menor que 15 não precisa de curetagem - Abortamento incompleto: Ocorre a eliminação parcial dos produtos ovulares, havendo sinais de restos intrauterinos: se expulsa o concepto e permanece a placenta ou restos placentários (mais frequente após a 8ª semana de gestação) Sintomas: sangramento abundante, cólicas intensas, colo uterino aberto com saída de restos ovulares, o útero se reduz em proporções e fica menor que o esperado para a idade gestacional Ultrassom: endometrio espessado (maior que 15mm) Manejo: esvaziamento cirúrgico – curetagem (acima de 12 semanas) ou Amiu (não é usado acima de 12 semanas) - Abortamento inevitável: É o abortamento não mais compatível com o prosseguimento da gestação Clinicamente: dilatação da cérvice, sangramento perfuso (compromete a hemodinâmica da paciente) Sangramento moderado ou intensão acompanhado de cólicas abdominais geralmente de forte intensidade Exame fisico: taquicardia, anemia, hipotensão arterial grave Pode evoluir para as formas completas ou incompletas de aborto Exame especular: sangramento ativo proveniente do canal cervical + presença de restos ovulares Toque vaginal: orifício interno do colo do útero geralmente se encontra dilatado Achados na ultrassonografia transvaginal: descolamento ovular com saco gestacional irregular e já tem posição baixa junto ao canal cervical Se o aborto for completo --> expectante Se o aborto for incompleto --> curetagem ou AMIU Conduta para gestações com mais de 12 semanas: misoprotol via vaginal (400mg a cada 4 horas) ou S.G. % (500 ml) + ocitocina 10 U intravenosa Conduta para gestações abaixo de 12 semanas: indica-se o esvaziamento uterino por meio da vácuo- aspiração ou aspiração manual uterina (AMIU) – quando não for possível fazer curetagem uterina - Gestação anembrionaria É denominada de ovo cego Consiste na ausência de vesícula vitelínica no interior do saco gestacional e na ausência de embrião no saco gestacional integro em gestacional com mais de cinco a sete semanas de evolução Saco gestacional com diâmetromédio > 16mm (ou diâmetro máximo > 20mmm), ausência de embrião Sangramento variável: colo do útero fechado - Abortamento retido: também denominado missed abortion Concepto que permanece na cavidade uterina sem vitalidade Sinais gravídicos apresentam regressão, a ecografia mostra o coração inerte, diminuição da altura do fundo uterino Ocorrência da morte embrionária ou fetal antes das 20 semanas de gestação, retenção do produto conceptual por período prolongado de tempo de dias ou semanas Parada dos sintomas gravídicos Pode ocorrer sangramento vaginal em pequena quantidade, semelhante ao observado em casos de ameaça de aborto Volume do útero é menor que o esperado para idade gestacional, o colo uterino encontra-se fechado ao exame de toque Manejo: expectante – pode expulsar o concepto em mais ou menos 3 semanas (pedir coagulograma) ou cirúrgico (para abortamento retido em gestação no primeiro trimestre, pode-se aguardar naturalmente o trabalho de abortamento com controle clínico ou proceder ao esvaziamento uterino mecânica (AMIU ou curetagem) ou farmacologicamente (misoprostol)) Manejo na gestação de até 12 semanas: misoprostol 800mg VV, 400 mg de 12 em 12 horas ou 200 mg a cada 6hrs (repetir o esquema por 2 dias – se no final desses dois dias não tiver eliminado, deve-se aguardar 72 horas. Se ainda assim a gravidez não tiver sido interrompida, pode-se repetir o misoprostol no mesmo esquema por mais dois dias) - Aborto infectado (séptico): consiste na ascensão de germes produzindo infecção local ou ausente A infecção geralmente se inicia no endometrio com disseminação para o paramétrio, para o peritônio e para o vasos linfáticos e circulação sanguínea É causado por floras polimicrobianas (Escherichia coli, Bacteroides fragilis, Clostridium, Enterococcus) Grau 1: a infecção está limitada ao conteúdo da cavidade uterina Grau 2: a infecção se expande para a pelve (pelve peritonite) Grau 3: peritonite generalizada e infecção sistêmica com grave comprometimento do estado geral com CIVD, insuficiência renal com falência de múltiplos orgãos e choque séptico Sinais clínicos de um aborto infectado: temperatura elevada, desidratação acentuada, pulso rápido e filiforme, oliguria, icterícia, hipotensão arterial, abdome distendido A infecção que se inicia no útero (endomiometrite) pode se propagar pra os anexos (anexite) e peritônio pélvico (pelviperitonite) O esvaziamento deve ser realizado assim que se tenha uma cobertura do antibiótico que parece adequado após 1 a 4 horas Antibioticoterapia: ampicilina (1- 2 g a cada 6 horas IV) + metronidazol 500g, a cada 8h IV)l + gentamicina (240 mg a cada 24h IV) ou clindamicina (900mg a cada 8h IV) + clindamicina ( 600mg a cada 6h IV) + gentamicina (240mg a cada 24h IV) ** Clostridium welchIi: pode levar a choque com hemoglobinúria, insuficiência renal e icterícia cianótica Manejo: histerectomia abdominal total e anexectomia bilateral ** Paciente com tipagem sanguínea Rh (-): Administrar imunoglobulina anti-D mcg (IM) - obs.: ➔ Complicações do abortamento - Permanência de restos - Fenômenos embólicos - Hemorragia - Infecções ➔ Exercícios
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