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Teoria Geral dos Contratos

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TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA 
 
 
Valença 
Direito Civil III 
Teoria Geral dos Contratos 
1. Noções Introdutórias 
 O contrato é um negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes, limitadas pelo 
princípio da função social e da boa-fé objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem 
atingir, segundo a autonomia das suas próprias vontades. 
Não haverá contrato, de fato, sem que se tenha a manifestação de vontade das partes que estão 
envolvidas em sua construção. 
 
 Em nosso estudo sobre os contratos, a fim de que haja um melhor entendimento, alguns 
princípios devem ser analisados, sendo estes: 
I. Princípio da autonomia da vontade ou do consensualismo; 
II. Princípio da força obrigatória do contrato; 
III. Princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato; 
IV. Princípio da função social do contrato; 
V. Princípio da boa-fé objetiva; 
VI. Princípio da equivalência material. 
 
O Princípio da Vontade 
 Não é possível abordar a temática dos contratos sem que se discorra sobre tal princípio, visto 
que, somente mediante o consenso dos interessados far-se-á a instrumentalização e regulamentação 
daquilo pretendido. Deste modo, entende-se que o contrato é um fenômeno eminentemente 
voluntarista, fruto da autonomia privada e da livre iniciativa. 
 ARNOLD WALD, no livro Obrigações e Contratos, adota tal conceituação 
 “ A autonomia da vontade se apresenta sob duas formas distintas, na lição dos 
 dogmatistas modernos, podendo revestir o aspecto de liberdade de contratar e de liberdade 
 contratual. Liberdade de contratar é a faculdade de realizar ou não determinado contrato, 
 enquanto a liberdade contratual é a possibilidade de estabelecer o conteúdo do contrato. 
 A primeira se refere à possibilidade de realizar ou não um negócio, enquanto a segunda 
 importa na fixação das modalidades de realização. ” 
 A liberdade de contratação cessa e limita-se ao passo em que extrapola o que é imposto pela 
função social, princípio que será explanado em tópico posterior. Tal possibilidade de contratação é 
manifestada pelo plano pessoal do indivíduo, já que permite, de forma livre, a escolha daquele quem 
o contrato deseja atingir. 
 Dessa forma, baseando-se no exposto, é possível compreender que, a autonomia de vontade, 
vista sob o prisma da bilateralidade do contrato, pode ser demonstrada como um encontro de 
vontades livres e contrapostas que permite o surgimento do consentimento, aspecto vital do negócio 
jurídico contratual. 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA 
 
 
Princípio da Força Obrigatória do Contrato 
 O princípio aqui elencando condiz com a premissa classicamente imposta “pacta sunt 
servanda”, que traz, segundo uma corrente de raciocínio, a linha natural que deve emanar do contrato, 
a fim de denotar sua relevância e utilidade socioeconômica. Se o princípio da obrigatoriedade não 
fosse observado nos contratos vigentes, de nada valeria o negócio firmado entre os contraentes, 
equivalendo a mero protocolo, sem até mesmo validade jurídica. 
 Segundo OLANDO GOMES; 
 “O princípio da força obrigatória consubstancia-se na regra de que o contrato é lei 
 entre as partes. Celebrado que seja, com a observância de todos os pressupostos e 
 requisitos necessários à sua validade, deve ser executado pelas partes como se suas 
 cláusulas fossem preceitos legais imperativos. “ 
 Desse modo, fica evidenciado a importância do preceito aqui explicado para com a segurança 
jurídica dos negócios firmados, visto que, se não fosse pela obrigatoriedade, a palavra do homem 
figuraria como fonte de tal seguridade, tornando as relações inseguras, em decorrência da dificuldade 
comprobatória daquilo pretendido entre os envolvidos. Contudo, vale ressaltar que o “pacta sunt 
servanda” não deve ser tido como caráter absoluto, pois, se a peculiaridade da intangibilidade fosse 
aplicada à regra do contrato, tal instrumento se tornaria um nefasto método de opressão econômica. 
 Atualmente, com a intensa mutação dos contratos paritários pelos tidos de adesão, o pacta 
sunt servanda toma papel secundário e discreto nas relações, temperado por mecanismos jurídicos de 
regulação do equilíbrio contratual, a exemplo da teoria da imprevisão. 
 Tal teoria, construída a partir da revivescência da cláusula rebus sic stantibus do direito 
canônico, é invocada quando um acontecimento superveniente e imprevisível torna excessivamente 
onerosa a prestação importa a uma das partes, em face da outra que, em geral, se enriquece à sua 
custa ilicitamente. Desse modo, atendendo a denominada teoria da onerosidade excessiva, quer se 
evitar o empobrecimento injustificado da parte contraente. Nessa linha, a parte que sentir-se lesada, 
levando em consideração os pressupostos teóricos existentes, poderá pleitear em juízo a revisão ou 
resolução do contrato. 
 
Princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato 
Via de regra, os contratos só geram efeitos para os contraentes, por esse motivo tal instrumento não 
tem seu efeito como absoluto ou erga omnes, somente relativo. Tal negócio jurídico denota a 
manifestação espontânea de vontade dos envolvidos de possuir direitos e deveres mediante 
estipulação em contrato, cabendo a ambos o cumprimento das mesmas. 
 
Princípio da Função Social do contrato 
Com o fim da conduta estatal de mero expectador, adotando uma postura mais intervencionista, a 
função social do contrato ganhou características vitais, desse modo, citando o professor Paulo Nalin, 
Humberto Theodoro Jr. propõe a manifestação da função social do contrato seguindo dois níveis: 
I. Intrínseco  O contrato visto como relação jurídica entre as partes negociais, 
impondo-se respeito à lealdade negocial e à boa-fé objetiva, buscando-se uma 
equivalência material entre os contratantes; 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA 
 
 
II. Extrínseco  O contrato em face da coletividade, ou seja, visto sob o prisma de seu 
impacto eficacial na sociedade em que fora celebrado. 
 A princípio, em seu primeiro plano, em uma perspectiva intrínseca, era proposto um 
tratamento idôneo das partes envolvidas, fazendo mister o tratamento ético e leal, em respeito à 
cláusula da boa-fé objetiva. Deve ser ressaltado o aspecto condizendo com os deveres jurídicos gerais 
e de cunho patrimonial (dar, fazer e não fazer), bem como deverão ser levados em conta os deveres 
anexos ou colaterais que derivam desse esforço socializante. 
 Por conseguinte, entende-se como função social do contrato uma espécie de meio para que 
haja a possibilidade de impor limites à liberdade de contratar, em prol do bem comum. 
 
Função Social do contrato no Código de 2011: Análise do Art.421 
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Institui o Código Civil. 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. 
A socialização da propriedade culminou por se refletir no nicho contratual, fazendo com que o 
legislador deixasse de conceber o contrato apenas como um instrumento de manifestação privada de 
vontade, para toma-lo como elemento socialmente agregador. 
No que se refere à letra do art.421, o legislador estabeleceu, por fim, um critério finalístico e outro 
limitativo como adjetivação deste princípio. 
 Como se perfaz o critério finalístico? 
 Toda atividade negocial, fruto da manifestação de vontade das partes, encontra sua razão 
existencial em sua função social. 
 O Critério limitativo? 
 Temos que essa liberdade negocial se encontra limitada por meio do interesse social e nos 
valores superiores de dignificação da pessoa humana. Desse modo, o legislador buscou impor limitena liberdade de contratar, em prol do interesse coletivo social. 
 
Princípio da Boa-fé objetiva e da Probidade 
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Institui o Código Civil. 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua 
execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
 
 O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as 
tratativas, mas também durante a formação e o cumprimento do contrato. Além disso, preceitua que 
ninguém pode beneficiar-se em detrimento da própria torpeza. Dito isto, vale ressaltar outra 
característica importante deste tópico: a boa-fé objetiva discriminada no tratamento da demanda. 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA 
 
 
 Isso significa que a demanda objetivada mediante a relação contratual deve ser regida por 
diretrizes que imponham ao contratante um padrão de conduta a ser seguido, com honestidade e 
lealdade, segundo os moldes do homem médio, contendo possíveis variações em nome de 
determinadas peculiaridades de uso e até mesmo consuetudinários. 
Da boa-fé objetiva e subjetiva 
Boa-fé Subjetiva Boa-fé Objetiva 
 A boa fé subjetiva, também denominada 
como concepção psicológica, esteve 
presente no código de 1916, com a natureza 
de regra de intepretação do negócio jurídico. 
Faz referência, nesse sentido, ao 
conhecimento ou à ignorância da pessoa em 
relação a certos fatos. Deve o interprete 
considerar a intenção do sujeito da relação 
jurídica. Em um primeiro momento, tal 
conceito implica em um entendimento 
equivocado relacionado ao contratante que 
age em erro. 
 A boa fé objetiva, inovação no Código de 2002, 
trouxe diversas modificações no direito 
obrigacional clássico, que tem seus princípios 
regidos pela exigibilidade de tal instituto em suas 
relações recíprocas, sendo fundada na 
honestidade, retidão, lealdade e levando em 
consideração os interesses da outra parte 
contraente, não lhe sonegando informações 
relevantes a respeito do bem objetivado no 
negócio. 
 
Dos desdobramentos da boa-fé objetiva 
Venire contra factum proprium  É a consagração da vedação do comportamento contraditório. Não 
se deve admitir que uma pessoa pratique um ato e depois tenha conduta oposta. Uma das principais 
funções deste instituto possui caráter limitante, pois visa punir quando há exercício de direito subjetivo 
quando se caracterizar abuso da posição jurídica. Depois de criar uma expectativa, em razão de 
conduta seguramente indicativa de determinado comportado futuro, há quebra dos princípios da 
lealdade e da confiança se vier a ser praticado ato contrário ao previsto, com surpresa e prejuízo à 
contraparte. 
 Um exemplo reside no art.330, CC – 02, em que o credor, que aceitou, durante a execução de 
pacto de trato sucessivo, o pagamento em lugar diverso daquele convencionado inicialmente, não 
pode exigir o cumprimento integral do contrato, para alegar o descumprimento, uma vez que permitiu 
que tal obrigação fosse cumprida em lugar diverso daquele pré-estabelecido 
 
Supressio, Surrectio, Tu quoque, Exceptio Doli e Cláusula de Stoppel 
I. Supressio  Consiste na perda de um direito pela falta de seu exercício (comportamento por 
razoável lapso temporal. No entanto, difere da prescrição, uma vez que se refere à perda 
da própria pretensão de agir. Assim, entende-se que o comportamento posterior não seria 
mais compatível com as expectativas, ferindo o princípio da boa-fé. 
Ex.: Tício utiliza a área comum do condomínio em regime de exclusividade por período de tempo 
considerável, que implica a supressão da pretensão de cobrança de aluguel pelo lapso decorrido em 
que Tício utilizou o perímetro. 
 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA 
 
 
II. Surrectio  Podemos afirmar que a Surrectio é o instituto contrário ao que preceitua a 
Supressio, uma vez que configura o surgimento de um direito exigível por decorrência do 
comportamento de uma das partes contraentes. 
III. Tu Quoque  Consiste em um comportamento que rompe com o valor da confiança, 
surpreendendo o polo contrário da relação negocial, colocando-o em clara situação de 
injusta desvantagem. Nesse instituto cabem dois exemplos, sendo eles: 
Ex.: Como prevê o art.180, que estabelece que o “menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, 
para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua ,idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela 
outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior”. 
Ex.: Reside no instituto do exceptio nom adimpleti contractus, ou seja, se a parte não executou a sua 
prestação no contrato sinalagmático não poderá exigir da outra parte a contraprestação. 
 
IV. Exceptio Doli  Também conhecida como exceção dolosa, consiste em um desdobramento 
da boa-fé objetiva que evidencia um caráter sancionador, pois é interposto à condutas em 
que o exercício do direito não visa preservar determinado direito, mas sim prejudicar a 
parte contrária. Uma aplicação deste instituto equivale ao preceituado na expressão agit 
qui petit quod statim redditurus est , em que se verifica uma sanção à parte a qual age com 
o interesse de molestar a parte contrária. 
 Como exemplo, nos cabe citar tal arquétipo positivado no direito brasileiro, que dispõe: 
“Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas 
ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que 
houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição”. 
a) Inalegabilidade das Nulidades Formais 
Equivale a aplicação da regra que condiz com a premissa: “Ninguém se deve valer da própria torpeza” 
como desdobramento da boa-fé objetiva. 
V. Cláusula de Stopppel  Aqui, como último desdobramento da boa-fé objetiva, temos tal 
cláusula, que visa manter e assegurar na segurança jurídica em âmbito internacional. 
Consiste, basicamente, na vedação do comportamento contraditório no plano do Direito 
Internacional. Como exemplo, basta que seja citado o caso vivenciado entre Brasil e 
Bolívia, em que, após suntuosos investimentos brasileiros na Petrobrás, suscitando 
expectativas do Brasil frente à aplicação capital, o presidente boliviano efetivou quebra 
dos acordos firmados, violando, de forma clara, a Cláusula de Stoppel. 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA 
 
 
Da Formação dos Contratos 
I. Noções Básicas 
O contrato possui seu início pelas negociações ou até mesmo pelas tratativas preliminares – 
denominada fase de puntuação -até que haja consenso entre as propostas, tornando-a objeto de uma 
imprescindível aceitação. 
O contrato só estará formado com a junção de dois elementos, sendo eles: 
PROPOSTA + ACEITAÇÃO 
 
 
II. Fase de Puntuação 
 Consiste no período de negociações que antecedem a formação do contrato, 
contemporizando interesses antagônicos que possam chegar a uma convergência de demandas a fim 
de que o contrato possa ser instrumentalizado. Além disso, esta fase é caracterizada pela não-
vinculação das partes a uma relação jurídica obrigacional. Contudo, cabe ressaltar um ponto de vital 
importância, pois, ainda que não haja tal vinculação, cabe que seja observado se houve uma 
expectativa de contratação, denotando, que ainda que se trate da fase preliminar, tal momento 
contratual já deve ser regido pelo princípio da boa-fé objetiva. 
Ex.: Tício, diante de uma expectativa contratual junto à Pedro, efetiva gastos na certeza da celebração 
do contrato. Aqui, é evidente que por intermédio da iminência da aceitação contratual, Tíciodispôs de 
patrimônio a fim de cumprir exigências contratuais, que, por sua vez, não foi completado com a 
instrumentalização do mesmo, restando a Pedro a restituição indenizatória frente os prejuízos da 
outra parte. 
Fase de puntuação ≠ Contrato preliminar 
 
Das pessoas ausentes e presentes 
 Presentes são aquelas pessoas que mantém contato direto ou simultâneo junto ao proponente 
da oferta, seja por intermédio de telefone, momento em que o saber da propositura contratual se faz 
no mesmo instante em que é proposta, seja por contato direto, pessoalmente. 
 As pessoas ausentes consistem naquelas que, diferente do excerto supracitado, não possuem 
contato direto com o proponente, sendo necessário que o contato se faça por meio de 
correspondência. 
Consentimento
Parte II
Aceitante
Parte I
Proponente
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA 
 
 
 
Proposta de Contratar 
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Institui o Código Civil. 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, 
da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 
 Também denominada como policitação, consiste na formalização de uma demanda de 
contratar juridicamente válida, excluem-se, nesse caso, aquelas tidas como jocosas ou meras 
conjecturas. Desta forma, aquilo proposto na demanda inicial de contratar não poderá ser reajustado, 
ressalvadas as exceções já prevista na lei que respalda tais atos, como prevê os arts. 427 e 428. 
 Neste instante surge outro conceito dentro do que preceitua o contrato, aparece-nos o 
instituto denominado “princípio da vinculação ou da obrigatoriedade” diretriz basilar à dogmática da 
segurança jurídica. No entanto, o legislador, ao analisar tal artigo, nos permite verificar a perda da 
eficácia da norma em três momentos 
a) Se o contrário (a não-obrigatoriedade) resultar dos termos dela mesma  Ocorre mediante 
declaração de vontade, que reserva o direito de arrepender-se ou retratar-se de concluir o 
negócio proposto. No entanto, não cabe tal exceção para ofertas feitas direcionadas ao 
consumidor, como prevê a lei n. º 8078/90 CDC. 
 
b) Se o contrário (a não-obrigatoriedade) resultar da natureza do negócio Consiste naquelas 
feitas ao público que vigoram ao tempo que durarem os estoques, como salienta CARLOS 
ROBERTO GONÇALVES. 
 
c) Se o contrário (a não-obrigatoriedade) resultar das circunstâncias do caso  Nesse caso, por 
se tratar de algo circunstancial, optou o legislador por uma composição abstrata, cabendo ao 
juiz a capacidade de aferir, munido do caso concreto e do que conceitua o princípio da 
razoabilidade, situação a qual não haveria tal obrigatoriedade. 
 
Prazo de Validade da proposta 
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Institui o Código Civil. 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente 
a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao 
conhecimento do proponente; 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do 
proponente. 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA 
 
 
Após a explanação do artigo referente à aceitação, algumas considerações devem ser feitas para a 
melhor interpretação do disposto na norma, sendo assim: 
a. Inciso I  Ao tratarmos de pessoas presentes, é possível aferir que a resposta deve ser dada 
imediatamente após à ciência do proposto, sob pena de perda de eficácia da oferta, sendo 
presente até mesmo as pessoas demandadas por telefone, chat ou meio similar; 
b. Inciso II  Recai sobre a interpretação do juiz aferir, baseando-se no princípio da 
razoabilidade, se o período foi suficiente para que a resposta fosse emitida, levando em 
consideração o tempo necessário para contratos de mesma natureza; 
c. Inciso III  Neste caso, o proponente estipula determinado lapso temporal para a outra parte 
emitir resposta. Se, ao findar do prazo, não houver a resposta, a proposta contratual perde 
seu poder de obrigatoriedade; 
d. Inciso IV  A oferta perderá a eficácia no caso em que o proponente arrepender-se antes ou 
simultaneamente à ciência da proposta pelo aceitante. 
 
 
Da aceitação 
 Consiste na manifestação favorável do aceitante ou oblato que, mediante anuência, adere ao 
proposto. Tal consentimento deve ser externado sem vícios, ou seja, deve ser livre de dolo, erro, 
coação, fraude e lesão, podendo incidir nulidade do negócio jurídico, além de postular como 
característica importante a presença de capacidade para realização do negócio, seja pelo agente 
responsável pela anuência, seja por seu representante legal, na forma da legislação em vigor ao tempo 
do ato. 
Da aceitação fora do prazo 
 Se ocorrer fora do prazo, com adições, restrições ou qualquer tipo de alterações, consistirá em 
uma nova proposta, transferindo a qualidade de aceitante para o proponente originário, convertendo-
se no instituto da contraproposta. 
 No entanto, se a não chegar ao conhecimento do proponente dentro do prazo exigível por 
caso fortuito ou força maior, deverá o demandante comunicar tal fato ao aceitante, podendo 
responder até mesmo por perdas e danos se o contrário fizer. 
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Institui o Código Civil. 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, 
este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. 
 Cabe, deste modo, ao proponente enviar comunicado referente ao atraso da aceitação, não 
sendo obrigado à indenização em caso de venda a terceiro, se houver agido em consonância com o 
pré-estabelecido, pois, em virtude do atraso, fica subentendida a não-aceitação, podendo demandar 
outrem. Assim, é respeitado o princípio da eticidade1, valorizado pelo legislador. 
 
1 O princípio da eiticidade faz menção à características e condutas éticas, pautados pela moral e pela boa fé, 
sendo largamente difundido dentro de nosso código. 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA 
 
 
Formação dos Contratos entre ausentes 
 Importante questão da pactuação de contrato por ausentes, feitos mediante correspondência 
epistolar, assim sendo, a doutrina criou duas vertentes doutrinarias específicas para tal formação. 
I. Teoria da Cognição  Para os adeptos dessa corrente doutrinária, somente com a chegada da 
aceitação ao proponente o contrato seria firmado. 
II. Teoria da Agnição  Essa linha de pensamento preceitua que a aceitação chegue ao 
conhecimento do proponente. No entanto, essa teoria apresenta 3 subdivisões, sendo 
abaixo explicadas 
a. Subteoria da declaração propriamente dita  O contrato seria formado no 
momento em que o aceitante ou oblato redige a sua resposta, no entanto, tal 
corrente incide na falta de segurança e precariedade para detalhar o momento 
exato da formação do contrato. 
b. Subteoria da Expedição  Considera formado o contrato, no instante em que a 
resposta é expedida. No entanto, também é insegura, pois, em decorrência de 
caso fortuito, a resposta pode não chegar dentro do prazo estipulado para o 
proponente, incidindo na não formação do contrato e comunicação do 
demandante ao demandado para que não haja possibilidade de postulação em 
juízo revertida em perdas e danos. 
c. Subteoria da Recepção  Reputa celebradoo contrato no instante em que o 
proponente tem como recebida a aceitação do demandado dentro do tempo hábil 
previsto. Tal subteoria consiste na mais segura, pois possui fácil comprovação e 
não sofre com possíveis intempestividades que a elencada acima pode sofrer. 
Em nosso código civil foi implantada a teoria da recepção, visto que, mediante análise do Art.434, CC 
pode-se perceber a possibilidade de retração ou arrependimento do proponente até o momento da 
chegada da resposta do oblato, filiando-se na recepção, não na expedição. 
 
Lugar da Formação do contrato 
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Institui o Código Civil. 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
 
Tal regra, ainda que não pareça de tanta importância, figura como caráter respeitável, pois leva em 
consideração à competência ou, em caso de análise do juiz, é preciso analisar princípios e costumes 
do lugar em que o contrato fora compactuado. 
 
 
 
 
 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA 
 
 
Das Estipulações Contratuais em Relação a Terceiros 
 Via de regra, a relação jurídica gera efeitos somente para aqueles estabelecidos como 
contraentes, no entanto, em decorrência da relativização dos efeitos dos contratos, há casos em que 
outras pessoas se tornam obrigadas à força contratual. Desse modo, existem 3 tipos de estipulações 
contratuais que aqui serão mencionadas: 
a. Estipulação em favor de terceiro; 
b. Promessa de fato de terceiro; 
c. Contrato com pessoa a declarar. 
Estipulação em favor de terceiro 
Fica convencionado que o devedor deverá prestar determinada obrigação em benefício de outrem, 
alheio à relação jurídica-base. Pode, neste caso, 3º exigir o cumprimento de tal obrigação dentro dos 
parâmetros que dispõe o contrato, ou seja, por força contratual, estipulante e promitente convergem 
para o estabelecimento de um vínculo jurídico que gera efeitos para um terceiro alheio ao contrato, 
tornando-o credor do promitente. 
Ex.: As apólices de seguro funcionam baseadas nesse instituto, já que, mediante convenção do 
estipulante, o a segurada (figura do promitente ou devedor) estabelece uma compensação financeira 
a um terceiro, sendo ele estranho ao negócio, tornando-se credor do devedor. 
Artigo 436 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. 
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, 
todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 
438. 
Artigo 437 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não 
poderá o estipulante exonerar o devedor. 
Artigo 438 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, 
independentemente da sua anuência e da do outro contratante. 
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. 
O principal efeito desse instituto é a possibilidade de exigibilidade da obrigação pelo terceiro e pelo 
estipulante, cabendo ao primeiro a expressa anuência ao contrato, adquirindo direitos e deveres. 
Assim, no caso de remissão executada pelo estipulante ao promitente, o devedor não estará 
exonerado da prestação obrigacional frente ao beneficiário, no entanto, fica resguardado o direito de 
modificação contratual feita pelo demandante, tanto em sua forma, conteúdo e o ao destinatário. 
 
Promessa de Fato de Terceiro 
Instituto jurídico que estabelece o cumprimento de determinada obrigação não pelo estipulante, mas 
sendo exigida de um terceiro alheio à atividade negocial. No entanto, caso tal terceiro venha a 
descumprir o que foi prometido pelo estipulante, quem deverá responder por perdas e danos é aquele 
o qual estabeleceu a participação de tal terceiro junto da obrigação. 
 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA 
 
 
Artigo 439 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não 
executar. 
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua 
anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a 
recair sobre os seus bens. 
 
Contrato com pessoa a declarar 
Artigo 467 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a 
pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. 
 
Em verdade, fica estabelecido nesse instituto uma promessa de prestação de fato de terceiro, que 
constituirá o outro polo da relação contratual, titularizando os direitos e obrigações decorrentes do 
negócio, caso aceite a indicação realizada. 
Nesse sentido, OLANDO GOMES preceitua: 
“Trata-se de contrato no qual se introduz a cláusula especial pro amico eligendo ou pro 
amico electo, pela qual uma das partes se reserva a faculdade de nomear quem assuma a 
posição de contratante. A pessoa designada toma, na relação contratual, o lugar da parte 
que a nomeou, tal como se ela própria houvesse celebrado o contrato. O designante sai da 
relação sem deixar vestígios. Em suma, o contraente in próprio nomeia terceiro titular do 
contrato”. 
O prazo para a comunicação da indicação de terceiro é de cinco dias, se outro lapso não se estipulou 
Artigo 468 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se 
outro não tiver sido estipulado. 
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as 
partes usaram para o contrato. 
 
Há, no entanto, previsão legal para a hipótese de o contrato valer somente para os contraentes 
originários, a saber: 
a. Se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; 
b. Se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da 
aceitação; 
c. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação. 
 
 
 
 
 
 
 
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Classificação dos Contratos 
Para melhor entendimento didático, é preciso que algumas subdivisões sejam feitas no conteúdo 
para apreciação do teor. 
 
I. Quanto a Natureza da Obrigação e aos efeitos 
a. Contratos Unilaterais, Bilaterais ou Plurilaterais; 
b. Contratos Onerosos ou gratuitos; 
c. Contratos Comutativos ou Aleatórios; 
 
II. Quanto a formação 
a. Contrato Paritário; 
b. Contrato de Adesão; 
c. Contrato Tipo 
 
III. Quanto ao momento da execução 
a. Execução imediata. 
b. Execução instantânea; 
c. Execução Diferida; 
d. Execução de trato sucessivo. 
 
IV. Quanto à forma 
a. Solene; 
b. Não-solene; 
c. Consensuais; 
d. Reais. 
 
V. Quanto ao objeto 
a. Preliminar; 
b. Definitivo. 
 
VI. Quanto à designação 
a. Nominado; 
b. Inominado; 
c. Típico; 
d. Atípico; 
e. Mistos; 
f. Coligados; 
g. Derivados. 
 
 
 
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