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TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA Valença Direito Civil III Teoria Geral dos Contratos 1. Noções Introdutórias O contrato é um negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes, limitadas pelo princípio da função social e da boa-fé objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das suas próprias vontades. Não haverá contrato, de fato, sem que se tenha a manifestação de vontade das partes que estão envolvidas em sua construção. Em nosso estudo sobre os contratos, a fim de que haja um melhor entendimento, alguns princípios devem ser analisados, sendo estes: I. Princípio da autonomia da vontade ou do consensualismo; II. Princípio da força obrigatória do contrato; III. Princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato; IV. Princípio da função social do contrato; V. Princípio da boa-fé objetiva; VI. Princípio da equivalência material. O Princípio da Vontade Não é possível abordar a temática dos contratos sem que se discorra sobre tal princípio, visto que, somente mediante o consenso dos interessados far-se-á a instrumentalização e regulamentação daquilo pretendido. Deste modo, entende-se que o contrato é um fenômeno eminentemente voluntarista, fruto da autonomia privada e da livre iniciativa. ARNOLD WALD, no livro Obrigações e Contratos, adota tal conceituação “ A autonomia da vontade se apresenta sob duas formas distintas, na lição dos dogmatistas modernos, podendo revestir o aspecto de liberdade de contratar e de liberdade contratual. Liberdade de contratar é a faculdade de realizar ou não determinado contrato, enquanto a liberdade contratual é a possibilidade de estabelecer o conteúdo do contrato. A primeira se refere à possibilidade de realizar ou não um negócio, enquanto a segunda importa na fixação das modalidades de realização. ” A liberdade de contratação cessa e limita-se ao passo em que extrapola o que é imposto pela função social, princípio que será explanado em tópico posterior. Tal possibilidade de contratação é manifestada pelo plano pessoal do indivíduo, já que permite, de forma livre, a escolha daquele quem o contrato deseja atingir. Dessa forma, baseando-se no exposto, é possível compreender que, a autonomia de vontade, vista sob o prisma da bilateralidade do contrato, pode ser demonstrada como um encontro de vontades livres e contrapostas que permite o surgimento do consentimento, aspecto vital do negócio jurídico contratual. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA Princípio da Força Obrigatória do Contrato O princípio aqui elencando condiz com a premissa classicamente imposta “pacta sunt servanda”, que traz, segundo uma corrente de raciocínio, a linha natural que deve emanar do contrato, a fim de denotar sua relevância e utilidade socioeconômica. Se o princípio da obrigatoriedade não fosse observado nos contratos vigentes, de nada valeria o negócio firmado entre os contraentes, equivalendo a mero protocolo, sem até mesmo validade jurídica. Segundo OLANDO GOMES; “O princípio da força obrigatória consubstancia-se na regra de que o contrato é lei entre as partes. Celebrado que seja, com a observância de todos os pressupostos e requisitos necessários à sua validade, deve ser executado pelas partes como se suas cláusulas fossem preceitos legais imperativos. “ Desse modo, fica evidenciado a importância do preceito aqui explicado para com a segurança jurídica dos negócios firmados, visto que, se não fosse pela obrigatoriedade, a palavra do homem figuraria como fonte de tal seguridade, tornando as relações inseguras, em decorrência da dificuldade comprobatória daquilo pretendido entre os envolvidos. Contudo, vale ressaltar que o “pacta sunt servanda” não deve ser tido como caráter absoluto, pois, se a peculiaridade da intangibilidade fosse aplicada à regra do contrato, tal instrumento se tornaria um nefasto método de opressão econômica. Atualmente, com a intensa mutação dos contratos paritários pelos tidos de adesão, o pacta sunt servanda toma papel secundário e discreto nas relações, temperado por mecanismos jurídicos de regulação do equilíbrio contratual, a exemplo da teoria da imprevisão. Tal teoria, construída a partir da revivescência da cláusula rebus sic stantibus do direito canônico, é invocada quando um acontecimento superveniente e imprevisível torna excessivamente onerosa a prestação importa a uma das partes, em face da outra que, em geral, se enriquece à sua custa ilicitamente. Desse modo, atendendo a denominada teoria da onerosidade excessiva, quer se evitar o empobrecimento injustificado da parte contraente. Nessa linha, a parte que sentir-se lesada, levando em consideração os pressupostos teóricos existentes, poderá pleitear em juízo a revisão ou resolução do contrato. Princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato Via de regra, os contratos só geram efeitos para os contraentes, por esse motivo tal instrumento não tem seu efeito como absoluto ou erga omnes, somente relativo. Tal negócio jurídico denota a manifestação espontânea de vontade dos envolvidos de possuir direitos e deveres mediante estipulação em contrato, cabendo a ambos o cumprimento das mesmas. Princípio da Função Social do contrato Com o fim da conduta estatal de mero expectador, adotando uma postura mais intervencionista, a função social do contrato ganhou características vitais, desse modo, citando o professor Paulo Nalin, Humberto Theodoro Jr. propõe a manifestação da função social do contrato seguindo dois níveis: I. Intrínseco O contrato visto como relação jurídica entre as partes negociais, impondo-se respeito à lealdade negocial e à boa-fé objetiva, buscando-se uma equivalência material entre os contratantes; TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA II. Extrínseco O contrato em face da coletividade, ou seja, visto sob o prisma de seu impacto eficacial na sociedade em que fora celebrado. A princípio, em seu primeiro plano, em uma perspectiva intrínseca, era proposto um tratamento idôneo das partes envolvidas, fazendo mister o tratamento ético e leal, em respeito à cláusula da boa-fé objetiva. Deve ser ressaltado o aspecto condizendo com os deveres jurídicos gerais e de cunho patrimonial (dar, fazer e não fazer), bem como deverão ser levados em conta os deveres anexos ou colaterais que derivam desse esforço socializante. Por conseguinte, entende-se como função social do contrato uma espécie de meio para que haja a possibilidade de impor limites à liberdade de contratar, em prol do bem comum. Função Social do contrato no Código de 2011: Análise do Art.421 CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Institui o Código Civil. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. A socialização da propriedade culminou por se refletir no nicho contratual, fazendo com que o legislador deixasse de conceber o contrato apenas como um instrumento de manifestação privada de vontade, para toma-lo como elemento socialmente agregador. No que se refere à letra do art.421, o legislador estabeleceu, por fim, um critério finalístico e outro limitativo como adjetivação deste princípio. Como se perfaz o critério finalístico? Toda atividade negocial, fruto da manifestação de vontade das partes, encontra sua razão existencial em sua função social. O Critério limitativo? Temos que essa liberdade negocial se encontra limitada por meio do interesse social e nos valores superiores de dignificação da pessoa humana. Desse modo, o legislador buscou impor limitena liberdade de contratar, em prol do interesse coletivo social. Princípio da Boa-fé objetiva e da Probidade CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Institui o Código Civil. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, mas também durante a formação e o cumprimento do contrato. Além disso, preceitua que ninguém pode beneficiar-se em detrimento da própria torpeza. Dito isto, vale ressaltar outra característica importante deste tópico: a boa-fé objetiva discriminada no tratamento da demanda. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA Isso significa que a demanda objetivada mediante a relação contratual deve ser regida por diretrizes que imponham ao contratante um padrão de conduta a ser seguido, com honestidade e lealdade, segundo os moldes do homem médio, contendo possíveis variações em nome de determinadas peculiaridades de uso e até mesmo consuetudinários. Da boa-fé objetiva e subjetiva Boa-fé Subjetiva Boa-fé Objetiva A boa fé subjetiva, também denominada como concepção psicológica, esteve presente no código de 1916, com a natureza de regra de intepretação do negócio jurídico. Faz referência, nesse sentido, ao conhecimento ou à ignorância da pessoa em relação a certos fatos. Deve o interprete considerar a intenção do sujeito da relação jurídica. Em um primeiro momento, tal conceito implica em um entendimento equivocado relacionado ao contratante que age em erro. A boa fé objetiva, inovação no Código de 2002, trouxe diversas modificações no direito obrigacional clássico, que tem seus princípios regidos pela exigibilidade de tal instituto em suas relações recíprocas, sendo fundada na honestidade, retidão, lealdade e levando em consideração os interesses da outra parte contraente, não lhe sonegando informações relevantes a respeito do bem objetivado no negócio. Dos desdobramentos da boa-fé objetiva Venire contra factum proprium É a consagração da vedação do comportamento contraditório. Não se deve admitir que uma pessoa pratique um ato e depois tenha conduta oposta. Uma das principais funções deste instituto possui caráter limitante, pois visa punir quando há exercício de direito subjetivo quando se caracterizar abuso da posição jurídica. Depois de criar uma expectativa, em razão de conduta seguramente indicativa de determinado comportado futuro, há quebra dos princípios da lealdade e da confiança se vier a ser praticado ato contrário ao previsto, com surpresa e prejuízo à contraparte. Um exemplo reside no art.330, CC – 02, em que o credor, que aceitou, durante a execução de pacto de trato sucessivo, o pagamento em lugar diverso daquele convencionado inicialmente, não pode exigir o cumprimento integral do contrato, para alegar o descumprimento, uma vez que permitiu que tal obrigação fosse cumprida em lugar diverso daquele pré-estabelecido Supressio, Surrectio, Tu quoque, Exceptio Doli e Cláusula de Stoppel I. Supressio Consiste na perda de um direito pela falta de seu exercício (comportamento por razoável lapso temporal. No entanto, difere da prescrição, uma vez que se refere à perda da própria pretensão de agir. Assim, entende-se que o comportamento posterior não seria mais compatível com as expectativas, ferindo o princípio da boa-fé. Ex.: Tício utiliza a área comum do condomínio em regime de exclusividade por período de tempo considerável, que implica a supressão da pretensão de cobrança de aluguel pelo lapso decorrido em que Tício utilizou o perímetro. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA II. Surrectio Podemos afirmar que a Surrectio é o instituto contrário ao que preceitua a Supressio, uma vez que configura o surgimento de um direito exigível por decorrência do comportamento de uma das partes contraentes. III. Tu Quoque Consiste em um comportamento que rompe com o valor da confiança, surpreendendo o polo contrário da relação negocial, colocando-o em clara situação de injusta desvantagem. Nesse instituto cabem dois exemplos, sendo eles: Ex.: Como prevê o art.180, que estabelece que o “menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua ,idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior”. Ex.: Reside no instituto do exceptio nom adimpleti contractus, ou seja, se a parte não executou a sua prestação no contrato sinalagmático não poderá exigir da outra parte a contraprestação. IV. Exceptio Doli Também conhecida como exceção dolosa, consiste em um desdobramento da boa-fé objetiva que evidencia um caráter sancionador, pois é interposto à condutas em que o exercício do direito não visa preservar determinado direito, mas sim prejudicar a parte contrária. Uma aplicação deste instituto equivale ao preceituado na expressão agit qui petit quod statim redditurus est , em que se verifica uma sanção à parte a qual age com o interesse de molestar a parte contrária. Como exemplo, nos cabe citar tal arquétipo positivado no direito brasileiro, que dispõe: “Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição”. a) Inalegabilidade das Nulidades Formais Equivale a aplicação da regra que condiz com a premissa: “Ninguém se deve valer da própria torpeza” como desdobramento da boa-fé objetiva. V. Cláusula de Stopppel Aqui, como último desdobramento da boa-fé objetiva, temos tal cláusula, que visa manter e assegurar na segurança jurídica em âmbito internacional. Consiste, basicamente, na vedação do comportamento contraditório no plano do Direito Internacional. Como exemplo, basta que seja citado o caso vivenciado entre Brasil e Bolívia, em que, após suntuosos investimentos brasileiros na Petrobrás, suscitando expectativas do Brasil frente à aplicação capital, o presidente boliviano efetivou quebra dos acordos firmados, violando, de forma clara, a Cláusula de Stoppel. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA Da Formação dos Contratos I. Noções Básicas O contrato possui seu início pelas negociações ou até mesmo pelas tratativas preliminares – denominada fase de puntuação -até que haja consenso entre as propostas, tornando-a objeto de uma imprescindível aceitação. O contrato só estará formado com a junção de dois elementos, sendo eles: PROPOSTA + ACEITAÇÃO II. Fase de Puntuação Consiste no período de negociações que antecedem a formação do contrato, contemporizando interesses antagônicos que possam chegar a uma convergência de demandas a fim de que o contrato possa ser instrumentalizado. Além disso, esta fase é caracterizada pela não- vinculação das partes a uma relação jurídica obrigacional. Contudo, cabe ressaltar um ponto de vital importância, pois, ainda que não haja tal vinculação, cabe que seja observado se houve uma expectativa de contratação, denotando, que ainda que se trate da fase preliminar, tal momento contratual já deve ser regido pelo princípio da boa-fé objetiva. Ex.: Tício, diante de uma expectativa contratual junto à Pedro, efetiva gastos na certeza da celebração do contrato. Aqui, é evidente que por intermédio da iminência da aceitação contratual, Tíciodispôs de patrimônio a fim de cumprir exigências contratuais, que, por sua vez, não foi completado com a instrumentalização do mesmo, restando a Pedro a restituição indenizatória frente os prejuízos da outra parte. Fase de puntuação ≠ Contrato preliminar Das pessoas ausentes e presentes Presentes são aquelas pessoas que mantém contato direto ou simultâneo junto ao proponente da oferta, seja por intermédio de telefone, momento em que o saber da propositura contratual se faz no mesmo instante em que é proposta, seja por contato direto, pessoalmente. As pessoas ausentes consistem naquelas que, diferente do excerto supracitado, não possuem contato direto com o proponente, sendo necessário que o contato se faça por meio de correspondência. Consentimento Parte II Aceitante Parte I Proponente TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA Proposta de Contratar CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Institui o Código Civil. Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Também denominada como policitação, consiste na formalização de uma demanda de contratar juridicamente válida, excluem-se, nesse caso, aquelas tidas como jocosas ou meras conjecturas. Desta forma, aquilo proposto na demanda inicial de contratar não poderá ser reajustado, ressalvadas as exceções já prevista na lei que respalda tais atos, como prevê os arts. 427 e 428. Neste instante surge outro conceito dentro do que preceitua o contrato, aparece-nos o instituto denominado “princípio da vinculação ou da obrigatoriedade” diretriz basilar à dogmática da segurança jurídica. No entanto, o legislador, ao analisar tal artigo, nos permite verificar a perda da eficácia da norma em três momentos a) Se o contrário (a não-obrigatoriedade) resultar dos termos dela mesma Ocorre mediante declaração de vontade, que reserva o direito de arrepender-se ou retratar-se de concluir o negócio proposto. No entanto, não cabe tal exceção para ofertas feitas direcionadas ao consumidor, como prevê a lei n. º 8078/90 CDC. b) Se o contrário (a não-obrigatoriedade) resultar da natureza do negócio Consiste naquelas feitas ao público que vigoram ao tempo que durarem os estoques, como salienta CARLOS ROBERTO GONÇALVES. c) Se o contrário (a não-obrigatoriedade) resultar das circunstâncias do caso Nesse caso, por se tratar de algo circunstancial, optou o legislador por uma composição abstrata, cabendo ao juiz a capacidade de aferir, munido do caso concreto e do que conceitua o princípio da razoabilidade, situação a qual não haveria tal obrigatoriedade. Prazo de Validade da proposta CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Institui o Código Civil. Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA Após a explanação do artigo referente à aceitação, algumas considerações devem ser feitas para a melhor interpretação do disposto na norma, sendo assim: a. Inciso I Ao tratarmos de pessoas presentes, é possível aferir que a resposta deve ser dada imediatamente após à ciência do proposto, sob pena de perda de eficácia da oferta, sendo presente até mesmo as pessoas demandadas por telefone, chat ou meio similar; b. Inciso II Recai sobre a interpretação do juiz aferir, baseando-se no princípio da razoabilidade, se o período foi suficiente para que a resposta fosse emitida, levando em consideração o tempo necessário para contratos de mesma natureza; c. Inciso III Neste caso, o proponente estipula determinado lapso temporal para a outra parte emitir resposta. Se, ao findar do prazo, não houver a resposta, a proposta contratual perde seu poder de obrigatoriedade; d. Inciso IV A oferta perderá a eficácia no caso em que o proponente arrepender-se antes ou simultaneamente à ciência da proposta pelo aceitante. Da aceitação Consiste na manifestação favorável do aceitante ou oblato que, mediante anuência, adere ao proposto. Tal consentimento deve ser externado sem vícios, ou seja, deve ser livre de dolo, erro, coação, fraude e lesão, podendo incidir nulidade do negócio jurídico, além de postular como característica importante a presença de capacidade para realização do negócio, seja pelo agente responsável pela anuência, seja por seu representante legal, na forma da legislação em vigor ao tempo do ato. Da aceitação fora do prazo Se ocorrer fora do prazo, com adições, restrições ou qualquer tipo de alterações, consistirá em uma nova proposta, transferindo a qualidade de aceitante para o proponente originário, convertendo- se no instituto da contraproposta. No entanto, se a não chegar ao conhecimento do proponente dentro do prazo exigível por caso fortuito ou força maior, deverá o demandante comunicar tal fato ao aceitante, podendo responder até mesmo por perdas e danos se o contrário fizer. CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Institui o Código Civil. Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. Cabe, deste modo, ao proponente enviar comunicado referente ao atraso da aceitação, não sendo obrigado à indenização em caso de venda a terceiro, se houver agido em consonância com o pré-estabelecido, pois, em virtude do atraso, fica subentendida a não-aceitação, podendo demandar outrem. Assim, é respeitado o princípio da eticidade1, valorizado pelo legislador. 1 O princípio da eiticidade faz menção à características e condutas éticas, pautados pela moral e pela boa fé, sendo largamente difundido dentro de nosso código. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA Formação dos Contratos entre ausentes Importante questão da pactuação de contrato por ausentes, feitos mediante correspondência epistolar, assim sendo, a doutrina criou duas vertentes doutrinarias específicas para tal formação. I. Teoria da Cognição Para os adeptos dessa corrente doutrinária, somente com a chegada da aceitação ao proponente o contrato seria firmado. II. Teoria da Agnição Essa linha de pensamento preceitua que a aceitação chegue ao conhecimento do proponente. No entanto, essa teoria apresenta 3 subdivisões, sendo abaixo explicadas a. Subteoria da declaração propriamente dita O contrato seria formado no momento em que o aceitante ou oblato redige a sua resposta, no entanto, tal corrente incide na falta de segurança e precariedade para detalhar o momento exato da formação do contrato. b. Subteoria da Expedição Considera formado o contrato, no instante em que a resposta é expedida. No entanto, também é insegura, pois, em decorrência de caso fortuito, a resposta pode não chegar dentro do prazo estipulado para o proponente, incidindo na não formação do contrato e comunicação do demandante ao demandado para que não haja possibilidade de postulação em juízo revertida em perdas e danos. c. Subteoria da Recepção Reputa celebradoo contrato no instante em que o proponente tem como recebida a aceitação do demandado dentro do tempo hábil previsto. Tal subteoria consiste na mais segura, pois possui fácil comprovação e não sofre com possíveis intempestividades que a elencada acima pode sofrer. Em nosso código civil foi implantada a teoria da recepção, visto que, mediante análise do Art.434, CC pode-se perceber a possibilidade de retração ou arrependimento do proponente até o momento da chegada da resposta do oblato, filiando-se na recepção, não na expedição. Lugar da Formação do contrato CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Institui o Código Civil. Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Tal regra, ainda que não pareça de tanta importância, figura como caráter respeitável, pois leva em consideração à competência ou, em caso de análise do juiz, é preciso analisar princípios e costumes do lugar em que o contrato fora compactuado. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA Das Estipulações Contratuais em Relação a Terceiros Via de regra, a relação jurídica gera efeitos somente para aqueles estabelecidos como contraentes, no entanto, em decorrência da relativização dos efeitos dos contratos, há casos em que outras pessoas se tornam obrigadas à força contratual. Desse modo, existem 3 tipos de estipulações contratuais que aqui serão mencionadas: a. Estipulação em favor de terceiro; b. Promessa de fato de terceiro; c. Contrato com pessoa a declarar. Estipulação em favor de terceiro Fica convencionado que o devedor deverá prestar determinada obrigação em benefício de outrem, alheio à relação jurídica-base. Pode, neste caso, 3º exigir o cumprimento de tal obrigação dentro dos parâmetros que dispõe o contrato, ou seja, por força contratual, estipulante e promitente convergem para o estabelecimento de um vínculo jurídico que gera efeitos para um terceiro alheio ao contrato, tornando-o credor do promitente. Ex.: As apólices de seguro funcionam baseadas nesse instituto, já que, mediante convenção do estipulante, o a segurada (figura do promitente ou devedor) estabelece uma compensação financeira a um terceiro, sendo ele estranho ao negócio, tornando-se credor do devedor. Artigo 436 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. Artigo 437 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. Artigo 438 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. O principal efeito desse instituto é a possibilidade de exigibilidade da obrigação pelo terceiro e pelo estipulante, cabendo ao primeiro a expressa anuência ao contrato, adquirindo direitos e deveres. Assim, no caso de remissão executada pelo estipulante ao promitente, o devedor não estará exonerado da prestação obrigacional frente ao beneficiário, no entanto, fica resguardado o direito de modificação contratual feita pelo demandante, tanto em sua forma, conteúdo e o ao destinatário. Promessa de Fato de Terceiro Instituto jurídico que estabelece o cumprimento de determinada obrigação não pelo estipulante, mas sendo exigida de um terceiro alheio à atividade negocial. No entanto, caso tal terceiro venha a descumprir o que foi prometido pelo estipulante, quem deverá responder por perdas e danos é aquele o qual estabeleceu a participação de tal terceiro junto da obrigação. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA Artigo 439 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Contrato com pessoa a declarar Artigo 467 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. Em verdade, fica estabelecido nesse instituto uma promessa de prestação de fato de terceiro, que constituirá o outro polo da relação contratual, titularizando os direitos e obrigações decorrentes do negócio, caso aceite a indicação realizada. Nesse sentido, OLANDO GOMES preceitua: “Trata-se de contrato no qual se introduz a cláusula especial pro amico eligendo ou pro amico electo, pela qual uma das partes se reserva a faculdade de nomear quem assuma a posição de contratante. A pessoa designada toma, na relação contratual, o lugar da parte que a nomeou, tal como se ela própria houvesse celebrado o contrato. O designante sai da relação sem deixar vestígios. Em suma, o contraente in próprio nomeia terceiro titular do contrato”. O prazo para a comunicação da indicação de terceiro é de cinco dias, se outro lapso não se estipulou Artigo 468 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato. Há, no entanto, previsão legal para a hipótese de o contrato valer somente para os contraentes originários, a saber: a. Se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; b. Se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da aceitação; c. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA Classificação dos Contratos Para melhor entendimento didático, é preciso que algumas subdivisões sejam feitas no conteúdo para apreciação do teor. I. Quanto a Natureza da Obrigação e aos efeitos a. Contratos Unilaterais, Bilaterais ou Plurilaterais; b. Contratos Onerosos ou gratuitos; c. Contratos Comutativos ou Aleatórios; II. Quanto a formação a. Contrato Paritário; b. Contrato de Adesão; c. Contrato Tipo III. Quanto ao momento da execução a. Execução imediata. b. Execução instantânea; c. Execução Diferida; d. Execução de trato sucessivo. IV. Quanto à forma a. Solene; b. Não-solene; c. Consensuais; d. Reais. V. Quanto ao objeto a. Preliminar; b. Definitivo. VI. Quanto à designação a. Nominado; b. Inominado; c. Típico; d. Atípico; e. Mistos; f. Coligados; g. Derivados. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – DIREITO CIVIL III CESVA
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