Buscar

UNIDADE VII – OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

UNIDADE VII – OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
 
1. OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS 
 A obrigação divisível é aquela composta pela multiplicidade de sujeitos ativos e/ou 
passivos e uma prestação, sendo que o objeto desta deve ser obrigatoriamente divisível, ou 
seja, o objeto pode ser fracionado sem que haja alteração da sua substância, diminuição 
considerável do seu valor, ou prejuízo do uso para qual se destina, art.87 do CC. 
 Logo havendo uma obrigação divisível com multiplicidade de credores, cada um terá 
direito apenas de exigir a sua fração proporcional ao crédito. De igual forma, se a obrigação 
divisível é composta pela multiplicidade de devedores, cada um destes será obrigado a tão 
somente a quota que lhe cumpre na dívida, art.257 do CC. Ex: A, B e C devem a D uma 
quantia de R$60.000,00. Não havendo estipulação contratual diversa, cada um dos devedores 
deverá pagar a D a quantia de R$20.000,00. 
 Gonçalves (2016, p.115) citando Washington de Barros Monteiro, elenca algumas 
consequências jurídicas importantes decorrentes da obrigação divisível: 
 a) Cada um dos credores só tem direito de exigir sua fração no crédito; 
 b) Cada um dos devedores só tem de pagar a própria quota no débito; 
 c) Se o devedor solver integralmente a dívida a um só dos vários credores, não se 
desobrigará com relação aos demais credores. Ex: “D” deve aos credores X, Y e Z uma 
quantia de R$60.000,00 e resolve pagar todo este valor ao credor X. Neste caso não se 
exonerará da dívida para com os credores Y e Z, uma vez que estava obrigado a pagar a cada 
um destes a quantia de R$20.000,00. 
 d) O credor que recusar o recebimento de sua cota parte, por pretender receber o 
pagamento integral, pode ser constituído em mora; 
 e) A insolvência de um dos codevedores não aumentará a quota dos demais. Ex: X, Y e 
Z estão devendo R$60.000,00 ao credor B. Mesmo X não pagando a sua quota parte, que é de 
R$20.000,00, os demais devedores, Y e Z só terão, cada um, de pagar R$20.000,00 ao credor 
B. 
 f) A suspensão da prescrição, especial a um dos devedores, não aproveita aos demais. 
 
2. OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS 
 Obrigação indivisível é aquela composta pela multiplicidade de sujeitos ativos e/ou 
passivos e uma prestação que tem por objeto uma coisa ou um fato insusceptível de divisão. 
Vale ressaltar que a invisibilidade pode ser natural, legal ou convencional. 
 A indivisibilidade natural é proveniente da natureza do objeto, o qual não pode ser 
fracionado pois, uma vez sendo, haverá alteração da sua substância, perda considerável do seu 
valor ou prejuízo para o qual se destina. Ex: um cavalo, um relógio, um carro, etc. Na segunda 
hipótese, não obstante o objeto seja naturalmente divisível, tornar-se-á indivisível por 
determinação legal. Ex: dívidas de alimentos, lotes urbanos com menos de 125m2 – Lei n.. 
6.766/79. Por fim, a indivisibilidade convencional que resulta da vontade das partes, as quais 
mesmo diante de um objeto perfeitamente fracionável, acordam em torná-lo indivisível. Ex: 
uma saca de café tipo B, que torna indivisível pela convenção das partes. 
 É, portanto, estes três tipos de indivisibilidade do objeto que compõem o conceito de 
obrigação indivisível descrito no art.258 do CC. Assim, o legislador ao afirmar que a 
obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não 
suscetível de divisão, por sua natureza, está se referindo a indivisibilidade natural. Ex: um 
cavalo. Já o “motivo de ordem econômica” e a “razão determinante do negócio jurídico”, por 
sua vez integram a categoria da indivisibilidade legal e a convencional. O legislador por 
motivos de cunho social e econômico pode reconhecer a indivisibilidade, por exemplo, de 
uma pequena propriedade urbana para efeito de alienação. 
 Segundo Gagliano e Pamplona Filho (2014, p.125), nas obrigações simples, em que há 
um credor, um devedor e uma prestação, por mais que o objeto seja essencialmente divisível 
(dar dinheiro, por exemplo), o credor não é obrigado a receber por partes, se tal não fora 
convencionado. O pagamento, pois, em princípio, deverá ser feito em sua integralidade, o que 
permite considerar as obrigações simples como indivisíveis, art.314 do CC. 
2.1. Obrigações indivisíveis com pluralidade de devedores 
 O art.259 do CC contempla o cumprimento da obrigação indivisível com pluralidade de 
devedores. Nesse caso, cada devedor será obrigado pela dívida toda, uma vez que o objeto 
não pode ser dividido. No entanto, aquele que paga a dívida, sub-roga-se no direito de credor 
em relação aos demais coobrigados, dispondo de ação regressiva para cobrar a quota-parte em 
dinheiro de cada um destes, parágrafo único do art.259 do CC (Gonçalves, 2016, p.121). Ex: 
três devedores, “B”, “C” e “D”, devem um touro reprodutor avaliado no valor de R$30.000,00 
ao credor “A”. Se “B” entrega o touro, poderá exigir, em sub-rogação, R$10.000,00 dos 
demais devedores “C” e “D”. 
 Dessa forma, o devedor demandado por obrigação indivisível, não pode exigir que o 
credor acione conjuntamente todos os codevedores, haja vista que, qualquer dos devedores 
responde pela dívida inteira. 
 
2.2. Obrigações indivisíveis com pluralidade de credores 
 Havendo uma obrigação indivisível com pluralidade de credores, o devedor se 
desobrigará, art.260 do CC: 
 a) Pagando a todos os credores conjuntamente: nesse caso deve o devedor exigir recibo 
de quitação de todos os credores (Gangliano e Pamplona Filho, 2014, p.127); 
 b) Pagar a um dos credores. Qualquer um dos credores poderá exigir o pagamento da 
dívida toda (primeira parte do art.260 do CC), no entanto, para fazer jus a esse direito, deverá 
apresentar uma autorização dos demais credores ou dar uma caução de ratificação dos demais. 
Tartuce (2014, p.92) adverte que essa garantia deve ser celebrada por escrito, datada e 
assinada pelas partes, com firmas reconhecidas. Porém, adverte o art.261 do CC, que o credor 
que receber a prestação por inteiro fica obrigado a dar aos outros credores as suas quotas-
partes equivalentes em dinheiro. Após o repasse aos demais credores, a garantia poderá ser 
levantada. Ex: o devedor “D” deve entregar um touro, avaliado no valor de R$30.000,00 aos 
credores “A”, “B” e “C”. Ocorre que o credor “A” apresentando como garantia uma jóia 
avaliada em R$20.000,00, exige do devedor “D” a entrega do touro. Ao receber sozinho o 
touro, o credor “A” deverá dar a quantia de R$10.000,00 a cada um dos credores “B” e “C” e 
só depois levantar a garantia. 
 Adverte o art.262 do CC, que se um dos credores remitir, isto é, perdoar a dívida ao 
devedor, não ocorrerá a extinção da obrigação com relação aos demais credores. Entretanto, 
para que estes possam exigir o objeto da prestação, deverão pagar ao devedor, o valor da 
quota-parte perdoada pelo credor (Gonçalves, 2016, p.125). Ex: o devedor “D” deve entregar 
um touro, avaliado em R$30.000,00, aos credores “A”, “B” e “C”. Ocorre que o credor “A” 
perdoa a sua parte na dívida, correspondente a R$10.000,00. Os credores “B” e “C” podem 
exigir o touro a “D”, desde que paguem a este os R$10.000,00 que foram perdoados (Tartuce, 
2014, p.92). 
 O parágrafo único do art.262 do CC informa que esse mesmo critério deve ser adotado 
nos casos de transação, novação, compensação e confusão, que são também modos de 
extinção da obrigação. Não obstante, serem objeto de estudo dessa disciplina, eis o conceito 
de cada um destes institutos, segundo Gonçalves (2016, p.127): 
a) Transação (art.840 do CC): é um negócio jurídico bilateral pelo qual as partes previnemou 
terminam relações jurídicas controvertidas, por meio de concessões mútuas; 
b) Novação (art.360 do CC): é a criação de obrigação nova, para extinguir uma anterior. É a 
substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira. Ex: um pai querendo ajudar o 
seu filho, diz ao credor deste, que se extinguir a obrigação daquele de lhe entregar 
R$40.000,00 ele passa a assumir a obrigação de lhe entregar um carro novo avaliado em 
R$60.000,00. 
c) Compensação, art. 368 do CC: é um meio de extinção de obrigações, porém entre pessoas 
que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. Ex: João deve pagar a Maria a 
quantia de R$40.000,00 referente a compra de um carro. Por sua vez, Maria deve pagar a João 
o valor de R$40.000,00 referente a compra de duas motas, no valor cada uma, de 
R$20.000,00. Nesse caso a dívida de João e de Maria podem ser compensadas. 
d) Confusão, art.381 do CC: ocorre quando as qualidades de credor e devedor se encontram 
em uma só pessoa. 
 
 
 
2.3. Perda da indivisibilidade 
 A responsabilidade civil subjetiva é aquela centrada na culpa do agente, ou seja, a 
conduta culposa deste ocasiona um dano a outrem, ficando assim obrigado a pagar perdas e 
danos à vítima. 
 Assim, se a conduta culposa do devedor ocasionar o perecimento do objeto indivisível, a 
obrigação será resolvida por perdas e danos, o que por si ocasionará a supressão da qualidade 
indivisível da obrigação, haja vista que as perdas e danos são representadas por importância 
em dinheiro, que é divisível, art.263 do CC. Logo, no lugar do objeto desaparecido, o devedor 
entregará o seu equivalente em dinheiro, mais perdas e danos também em dinheiro. 
 Dessa forma sendo todos os devedores culpados pelo perecimento do objeto indivisível, 
cada um deles deverá pagar a quota-parte equivalente do valor correspondente ao objeto, bem 
como a quota-parte das perdas e danos, §1º do art.263 do CC. Ex: os devedores X, Y, e Z 
devem entregar um touro, avaliado no valor de R$30.000,00, ao credor B. Ocorre que por 
culpa dos três devedores o touro morre. O credor ingressa na justiça requerendo uma 
indenização por perdas e danos e obtém uma sentença favorável. Esta determina que os 
devedores paguem o equivalente do touro mais uma indenização de R$60.000,00 ao credor. 
Desse modo, cada devedor deverá pagar R$10.000,00 + 20.000,00 ao credor. 
 Segundo Tartuce (2014, p.94), não é pacífico o entendimento do §2º do art.263 do CC, 
ou seja, quando o objeto perece por culpa de um só devedor. Para esse doutrinador há duas 
teses: 
 a) Havendo culpa de um só devedor, no perecimento do objeto indivisível, somente este 
responderá por perdas e danos, bem como pelo valor da obrigação, o que implicará na 
exoneração dos devedores que não tiveram culpa. Seguem esse entendimento: Flávio Tartuce, 
Gustavo Tepedino e Anderson Schreiber; 
 b) Havendo culpa de um só devedor, no perecimento do objeto indivisível, aqueles que 
não foram culpados continuam respondendo pelo valor do objeto; mas, pelas perdas e danos 
só responde o culpado. Nesse sentido entende, Carlos Roberto Gonçalves, Pablos Stolze e 
Rodolfo Pamplona, Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves. 
 O último posicionamento tem respaldo no Enunciado n.40 da VI Jornada de Direito 
Civil: 
Havendo perecimento do objeto da prestação indivisível por culpa de 
apenas um dos devedores, todos respondem, de maneira divisível, pelo 
equivalente e só o culpado, pelas perdas e danos.

Outros materiais