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Maternales

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TEMA
Maternalês fala dirigida às crianças.
PROBLEMA
A importância do afeto materno inserido na linguagem do maternalês para o desenvolvimento infantil
HIPOTESE
A função básica da linguagem é comunicar e dar suporte a estruturas de pensamento. No aspecto relacional ou emocional, o núcleo do sentido do maternalês se estabelece quando há enunciados e formas verbais, como conteúdos funcionais.
Portanto, é uma linguagem peculiar desta fase adaptativa, que ocorre entre mãe e bebê no período de 0 a 2 anos, onde as trocas costumam ser muito ricas de significados, e desta riqueza dependerá a maior ou menor interação do bebê com o seu meio, e as memórias que ficarão registradas e efetivamente construirão o seu repertório linguístico.
OBJETIVO
Verificar se as mães que não tem atitude de maternalês interfere no desenvolvimento linguístico da criança.
JUSTIFICATIVA
O afeto materno inserido na linguagem do maternalês, age no desenvolvimento infantil, pela musicalidade materna significativa que se entende como uma troca afetiva, na manutenção da atenção do espaço de interação com a criança. Agindo diretamente relacionado com o fenômeno observado no corpo infantil, cuja relação entre fala e afeto, forma uma teia externa de relacionamentos, iniciando-se por gestos e sinais, cujos mecanismos para crianças pequenas geram habilidades de memória generalizadas, aonde as experiências linguísticas alteradas gradualmente, favorecem pela percepção da criança, a aquisição da linguagem. 
O uso do tom infantil reduzido que assume tom de conversação de adulto, envolve anteriormente um crescimento de características para linguísticas, inicialmente com estados emocionais exagerados, aonde o discurso da mãe foi modificado à medida em que a criança crescia, fazendo-a estar envolvida com a fala da mãe, durante as atividades de rotina diária. A mãe fala com o bebê das ações, dos objetos, comentando igualmente as atitudes ativas observadas, seus sentimentos e fazendo a sua interpretação. O bebê vai fornecer pistas, através dos seus sorrisos, vocalizações e entoações, gestos e expressões faciais - conjunto de mímicas chamadas paraverbais, que facilitam a descodificação das suas mensagens ainda rudimentares. Assim se promove o desenvolvimento das bases da aquisição do vocabulário de compreensão (receptivo) e de produção.
A forma peculiar que adultos se dirigem à criança lhe dirigirem a fala não apenas demonstra o carinho que se tem por essa criança, mas facilita o aprendizado da mesma. O maternalês é usado não só pelos pais, mas também por outros adultos responsáveis por ela, e exerce um papel importante, ajudam na clareza da fala; a fala fica mais reconhecível, dando inteligibilidade, a afeição, ternura e intimidade provocam construção de característica linguística na criança, aonde a alteração da fala à criança, além de espontânea, pode ser instintivo. O sorriso é determinante no desenvolvimento de competências de comunicação do bebê, pois representa três elementos essenciais: a) o sorriso, bem como toda a expressão facial associada, estão impregnadas de significações socioafetivas positivas de bem-estar físico, psíquico; b) o sorriso é um fator responsável pelo aumento interativo; c) o sorriso serve para estabelecer e manter um contato à distância e uma relação de reciprocidade.
Portanto, o processo de construção linguística, a criança estrutura a construção lexical aonde a situação da língua é estruturante e determinante quando a comunicação no nível da compreensão se transforma em algo mais complexo, através das interações linguísticas se transmite o conhecimento, os comportamentos sociais e os aspectos culturais.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Conforme Dadalto e Goldfeld (2006) os estudos contestam a importância do maternalês na aquisição e no desenvolvimento da linguagem; porém, numa visão interacionista, parece inegável seu importante papel, tanto para a fala da criança como na relação de afeto que se estabelece entre mãe-filhos. Dessa forma, compreendendo melhor seu papel, torna-se possível pensar em formas eficazes de aconselhamento sobre aquisição de linguagem.
O maternalês constrói um espaço na interação onde são permitidas e valorizadas as trocas afetivas, tão importantes para o desenvolvimento da criança. Nessa relação de afeto, é possível perceber como a mãe facilita e possibilita à criança a continuidade no diálogo, conduzindo e estruturando sua fala. Ou seja, o maternalês apresenta características linguísticas que provocam as construções da criança e características para linguísticas que mostram estados emocionais acolhedores para que a criança se sinta envolvida com a fala da mãe (Dadalto e Goldfeld, 2006).
Segundo Lima e Bessa (2007) a infância é a fase da revelação do mundo, da descoberta do funcionamento das coisas, da partilha de desafios, brincadeiras e até de medos com os outros e com o que rodeia as crianças desta idade. É um período impregnado de curiosidade e vontade de explorar no qual as crianças manifestam clara intenção de interagir. Este fato passa, necessariamente, pela demonstração das crianças em idades mais precoces, de que à medida que crescem não lhes basta observar, sentir, explorar é preciso dizer, comunicar a alguém tais saberes. Penélope Leach apud Acredolo & Goodwyn (1998) referencia, a este propósito, que a principal motivação que impulsiona os bebês para a linguagem é o fato desta permitir a socialização com os outros.
Lima e Bessa (2007) relatam que desde cedo percebemos que as primeiras palavras são utilizadas num contexto de apelo de chamada de atenção do adulto para algo, como se de um convite se tratasse para partilharem experiências, reforçando a concepção da linguagem humana como um instrumento que permite transformar a experiência social individual em experiência coletiva, a partir do uso de um sistema de símbolos para ambos os agentes da comunicação partilhada. O mundo da experiência, tal como o conhecemos é apreendido através das competências sensoriais de cada indivíduo. No caso concreto da linguagem verbal-oral, o canal privilegiado é, sem dúvida, o canal auditivo. No entanto, não esqueceremos que, todos os outros sentidos são, inevitavelmente, interferentes neste complexo processo de desenvolvimento e aquisição da linguagem.
De acordo com Berger & Thompson (1997), as investigações levadas a cabo por DeCasper& Fisher e Cooper & Aslin, na década de 90, onde se verifica que bebês recém-nascidos demonstram preferência por sons falados em lugar de outros, demonstram preferência pela linguagem adulto para criança (baby-talk ou motherese) e manifestam clara preferência pela voz da sua mãe no lugar de vozes de outros adultos.
Para Lima e Bessa (2007), acerca das interações verbais e do discurso dirigido às crianças pelos adultos que com elas privam, Sim-Sim (1998), afirma que estes apresentam determinadas características específicas (frases curtas, articulação clara, entoação marcadamente expressiva e vocabulário simplificado) que parecem promover a apreensão da língua por parte da criança, num discurso normalmente denominado por maternalês.
Consideram a FDC (fala dirigida ou fala de mãe) importante, acreditam ainda que ela cumpre diversas funções sociais, emocionais e linguísticas. Ela ajuda os adultos e a crianças a desenvolverem um relacionamento. Ela ensina as crianças a estabelecerem uma conversação: como introduzir um tópico, comentar ou desenvolver uma ideia, e falar um de cada vez durante uma conversa. Ela ensina as crianças a usar novas palavras, estruturar expressões e converter ideias em linguagem. Como a “língua de mãe” se restringe a tópicos simples da vida prática, as crianças podem usar seu próprio conhecimento de coisas familiares para compreender o significado das palavras que ouvem. (Papalia e Olds, ANO apud C. E. Snow, 1972, 1977).
Os investigadores que questionam o valor da FDC alegam que as crianças falam mais cedo e melhor se ouvirem e puderem responder à fala adulta mais complexa. As crianças podem, então selecionar desta falaas partes nas quais estão interessadas e com as quais são capazes de lidar. Na verdade, dizem alguns pesquisadores, as crianças descobrem as regras de linguagem com mais rapidez quando ouvem frases complexas que usam essas regras de maneira mais variadas e com mais freqüência. (Gleitman, Newport &Gleitman,1984).
Estudos realizados em algumas sociedades não-ocidentais, nas quais a FDC raramente é utilizada e as crianças jovens ouvem fala adulta normal, sugerem que a linguagem simplificada não é necessária para o desenvolvimento da linguagem. As conversas entre membros familiares mais velhos podem ser modelo importante, por exemplo, para aprender o uso correto de pronomes pessoais como “você e eu”, os quais podem referir-se a diferentes pessoas dependendo da situação. De modo semelhante, num estudo canadense, crianças de 21 meses que eram os segundos filhos, tendo, portanto, experimentado menos fala dirigida a si do que os primogênitos e ouvido mais conversas complexas entre cuidadores e irmãos mais velhos, estavam mais adiantados no uso de pronomes pessoais na idade de dois anos do que os nascidos em primeiro de sua mesma idade, embora o desenvolvimento linguístico geral dos dois grupos fosse mais ou menos o mesmo. (Papalia e Olds, ANO apud Oshima-Takane, Goodz& Derevensky,1996)
Não apenas as mães usam a fala dirigida à criança, popularmente conhecida como” língua de mãe”. Esta maneira simplificada de falar com bebês e crianças jovens parece ser naturalmente utilizada pelos pais, assim como por outros adultos e até mesmo por crianças mais velhas. (Papalia e Olds, ANO apud Corroon-Monkmeyer)
“As diversas formas de apresentar as etapas do desenvolvimento linguístico da criança dos 0-3 anos, parece-nos evidente o consenso existente entre os vários autores ao distinguirem dois períodos cruciais deste desenvolvimento: o pré linguístico e o linguístico”. (Lima e Bessa, 2007) 
“A pré linguagem constitui um momento de aprendizagem linguística durante a qual todas as estruturas neurofisiológicas e psicológicas se “preparam” para uma etapa que requer, a estes dois níveis, suficientes destrezas para prosseguir o percurso de apropriação de todas as “nuances”, em todos os níveis da linguagem (Lima, 2000). O choro é a primeira manifestação sonora produzida pelo bebê. Ele vai desempenhar um papel fundamental na comunicação que a mãe estabelecerá com o bebê nos primeiros meses de vida. Neste período o bebê realiza produções sonoras que traduzem formas de comunicação puramente vegetativas, que se encontram normalmente associadas a estados de bem-estar ou desconforto. Nunca será demais reforçar a importância desta forma precoce de interação dos apelos vocais e da amplitude semântica que representa o corpo da mãe enquanto continuidade do corpo da criança (Lima, 2000). Vihman, citado por Lima (2000), refere que, em fases remotas, os gestos silenciosos da criança podem assumir-se como precursores da produção vocal, o que nos leva a crer na existência de uma atenção por parte da criança aos gestos visíveis da face humana que a rodeia. A próprio receptividade oferecer-lhe-á uma “grelha” para a interpretação das expressões faciais observadas. A autora salienta ainda a importância da percepção visual enquanto condição fundamental para a aquisição de uma língua, percepção esta que será igualmente determinante para explicar a aquisição precoce das vogais e consoantes. Kuhl & Meltzoff, citados por Berger & Thompson (1997), corroboram esta ideia ao afirmar que os bebés aprendem rapidamente a reconhecer certos sons da fala através de certas posições que a boca assume ao articula-los, nomeadamente o som “u” que articulamos com os lábios “arredondados” e o som “a”, que emitimos com a boca mais aberta”. (Lima e Bessa, 2007) “Importa ainda referir a relevância dos primeiros sons produzidos pelo bebé, nomeadamente o grito, pois este assume um papel fisiológico importante, na medida em que, ainda que de uma forma mecânica, permite à criança aprender a coordenar a respiração em função de uma intencionalidade e duração. Este mecanismo irá revelar-se extraordinariamente importante para a produção de fala. Paralelamente aos sons, os bebés em idade precoce realizam movimentos, caracterizados por reflexos inatos, imagem de condutas de sobrevivência básica, como a sucção e deglutição, também eles igualmente importantes para a produção de fala”. (Lima e Bessa, 2007)
“Enfatizamos aqui o papel da audição como sentido fundamental para o desenvolvimento e aquisição da linguagem, pois através dele se automatizam os movimentos necessários para a produção dos diferentes sons da língua. Para que a criança pratique os seus jogos vocais é imprescindível que ela se ouça, para que, desta forma, se estabeleça a associação entre a emissão de um som e os movimentos fono-articulatórios necessários para a sua produção/expressão”. (Lima e Bessa, 2007)
MÉTODOLOGIA 
Aplicamos a entrevista com S.M (mãe) e V.N (pai) no dia 16 de março 2013, na casa da avó, mãe da S.M na qual coletamos informações sobre aspectos da maternidade e o desenvolvimento da criança, seguimos o cronograma elaborado pela professora A.G, que contemplava informações pertinentes a este período significativo do desenvolvimento.
CRONOGRAMA
REFERÊNCIAS
Papalia e Olds, 7ª edição, Vol. 4. Editora Artmed – Porto P. 146 e 147
Lima e Bessa, Desenvolvimento da Linguagem na criança dos 0-3 anos de idade. P. 06,8,10 e 11, ( 2007). 
DADALTO, E. V., GOLDFELD, M. Características do maternalês em duas crianças de idades distintas. 
Distúrbios da Comunicação. V. 18, n. 2, p. 201-208, 2006. 
Anzieu, D. (1989). O Eu-Pele. São Paulo: Casa do Psicólogo. 
Newman, A. (2003). As idéias de D. W. Winnicott: um guia. Rio de Janeiro: Imago. 
Spurling, L. (1991). Winnicott e a face da mãe. In: Winnicott Studies. The Journal of the Squiggle Foundation n. 6. London: Karnac Books. (Tradução disponível em http://www.joseouteiral.com.br/artigos.html)
Winnicott, D.W. (1971). Mirror-role of Mother and Family in Child Development. In D. Winnicott (1971/1971a), Playing and Reality. London: Tavistock. (Trabalho original publicado em 1967; respeitando-se a classificação de Huljmand, temos 1967c) 
Winnicott, D.W. (2006). Os bebês e suas mães. São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1987; respeitando-se a classificação de Huljmand, temos 1987a)

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