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Variantes textuais

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VARIANTES TEXTUAIS 
DO NOVO TESTAMENTO
Análise e Avaliação do Aparato Crítico 
de “O Novo Testamento Grego”
VARIANTES TEXTUAIS 
DO NOVO TESTAMENTO
Análise e Avaliação do Aparato Crítico 
de “O Novo Testamento Grego”
Adaptação do Comentário Textual de 
Bruce M . M etzger 
às necessidades de tradutores 
e estudiosos da crítica textual 
por
R oger L. O manson
Tradução e adaptação ao português 
por
V1LSON SCHOLZ
Sociedade Bíblica 
do Brasil
3c
3C
DEUTSCHE BIBELGESELLSCHAFT
Missão da Sociedade Bíblica do Brasil:
Promover a difusão da Bíblia e sua mensagem como instrumento de transfor- 
mação espiritual, de fortalecimento dos valores éticos e morais e de incentivo ao 
desenvolvimento humano, nos aspectos espiritual, educacional, cultural e social, 
em âmbito nacional.
Omanson, Roger L.
Variantes textuais do Novo Testamento. Análise e avaliação do aparato 
crítico de “O Novo Testamento Grego” / Roger L. Omanson; tradução 
e adaptação de Vilson Scholz. Barueri, SP : Sociedade Bíblica 
do Brasil, 2010.
624 p. : II. ; 16 x 23 cm
Título original: A Textual Guide to the Greek New Testament.
ISBN 978-85-3111245-4־
1. Novo Testamento. 2. Crítica Textual. 3. Variantes Textuais. I. Sociedade 
Bíblica do Brasil.
CDD 220.9
Omanon, Roger, A Textual Guide to the Greek New Testament,
© 2006 Deutsche Bibelgesellschaft, Stuttgart. Usado com permissão.
Publicado no Brasil por Sociedade Bíblica do Brasil
© 2010 Sociedade Bíblica do Brasil
Αν. Ceei, 706 - Tamboré
Barueri, SP - CEP 06460-120
Cx. Postal 330 - CEP 06453-970
www.sbb.org.br - 0800-727-8888
Todos os direitos reservados
Tradução e adaptação ao português: Vilson Scholz 
Revisão, edição e diagramação: Sociedade Bíblica do Brasil 
Integralmente adaptado à reforma ortográfica.
Este livro foi escrito para ser usado em conjunto com O Novo Testamento Grego 
(edição da Sociedade Bíblica do Brasil) ou a quarta edição do The Greek New 
Testament (edição das Sociedades Bíblicas Unidas)
Impresso no Brasil 
EA983VTNT - 5.000 - SBB - 2010
INDICE
Prefacio...............................................................................................................................vii
Introdução: A prática da crítica textual do Novo Testamento...................................xii
Bibliografía.................................................................................................................... xxxv
Abreviaturas.................................................................................................................xxxix
O Evangelho Segundo Mateus.......................................................................................... 1
O Evangelho Segundo Marcos........................................................................................56
O Evangelho Segundo Lucas......................................................................................... 107
O Evangelho Segundo João.......................................................................................... 163
Atos dos Apóstolos..........................................................................................................215
Carta de Paulo aos Romanos........................................................................................296
Primeira Carta de Paulo aos Corintios........................................................................ 331
Segunda Carta de Paulo aos Corintios........................................................................ 361
Carta de Paulo aos Gálatas........................................................................................... 382
Carta de Paulo aos Efésios............................................................................................ 393
Carta de Paulo aos Filipenses.......................................................................................412
Carta de Paulo aos Colossenses................................................................................... 422
Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses........................................................... 436
Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses........................................................... 444
Primeira Carta de Paulo a Timoteo............................................................................ 449
Segunda Carta de Paulo a Timoteo.............................................................................457
Carta de Paulo a Tito..................................................................................................... 461
Carta de Paulo a Filemom............................................................................................. 466
Carta aos Hebreus...........................................................................................................469
Carta de Tiago................................................................................................................ 486
Primeira Carta de Pedro.............................................................................................. 499
Segunda Carta de Pedro...............................................................................................513
Primeira Carta de João................................................................................................ 523
Segunda Carta de João................................................................................................ 537
Terceira Carta de João................................................................................................... 539
Carta de Judas................................................................................................................ 540
Apocalipse de João.........................................................................................................547
PREFACIO
As notas que aparecem neste livro se baseiam na segunda edição de A Textual 
Com m entary on the Greek New Testament, de Bruce M. Metzger (1994), obra que foi 
traduzida para o espanhol por Moisés Silva e Alfredo Tepox e publicada em 2006 
pelas Sociedades Bíblicas Unidas, com o título de Un Comentario Textual al Nuevo 
Testamento Griego. Convém ressaltar que, para se 1er as notas do livro que o leitor 
tem em mãos, não é necessário consultar o livro de Metzger. No entanto, é indis- 
pensável ter diante de si o texto e as notas textuais (o aparato crítico) de O Novo 
Testamento Grego, publicado pela Sociedade Bíblica do Brasil, ou, então, a quarta 
edição do The Greek New Testament, publicado pelas Sociedades Bíblicas Unidas.
r A ideia deste livro surgiu alguns anos atrás, por ocasião de um dos encontros 
trienais dos consultores de tradução das Sociedades Bíblicas Unidas. Os consultores 
entenderam que era necessário revisar o Comentário Textual de Metzger. O que 
se precisava era um texto mais acessível, um texto que pudesse ajudar tradutores 
sem maior formação na área da crítica textual a entenderem por si mesmos e sem 
maiores dificuldades os motivos por que determinadas variantes textuais do NT 
têm mais chances de ser o texto original do que outras.
^״ ,As notas que aparecem neste livro não foram escritas para substituir as no- 
tas originais de Bruce M. Metzger, mas apenas para simplificar e ampliar aquelas. 
Um recurso usado nessa simplificação das notas foi omitir a citação da evidência 
manuscrita (isto é, as siglas dos manuscritos) que apoia as diferentes variantes 
textuais. Para isto, o leitor terá de consultar o aparato crítico de O Novo Testamento 
Grego.
Desde que foi inicialmente publicado, em 1971, o Comentário Textual de Bruce 
M. Metzger atendeu muito bem às necessidades daqueles que estão mais bem in- 
formados a respeito das questões de natureza crítico-textual. O livro de Metzger, 
com certeza, continuará a preencher essa lacuna. Além disso, a obra de Metzger 
discute algumas centenas de outras variantes textuais que nãoforam incluídas no 
aparato crítico de O Novo Testamento Grego. Devido à natureza deste Comentário, 
essas notas foram omitidas.
As notas que integram este livro foram escritas tendo em mente que a língua 
materna da maioria dos tradutores do NT não é o inglês, o português, ou qualquer 
outra língua majoritária. Em função disto, assuntos técnicos foram explicados em 
linguagem não técnica. Entretanto, não foi possível evitar por completo o uso de 
termos e expressões técnicas. Por este motivo, no capítulo intitulado “A Prática da 
Crítica Textual do Novo Testamento”, aparece um breve panorama da crítica tex- 
tual, incluindo a explicação de termos importantes, uma história do texto e uma 
descrição dos métodos que os críticos de texto empregam para chegarem às suas 
conclusões.
Neste livro, as notas de Metzger foram ampliadas por meio de considerações 
relativas à tradução das leituras variantes que se encontram no aparato crítico (veja, 
por exemplo, Lc 4.17; At 2.37; 2C0 5.17). Num caso como 0 de ICo 4.17, por exemplo, 
os tradutores não terão maiores dificuldades para compreender, a partir do aparato 
crítico em O Novo Testam ento Grego, que o texto diz “em Cristo Jesus”, e que as va- 
riantes são “em Cristo” e “no Senhor Jesus” Mas no caso de leituras variantes como 
as de 1C0 7.34, talvez não fique claro quais sejam as diferenças de significado, por 
isso as notas explicam como as diferentes variantes são interpretadas e traduzidas.
Ficará evidente que algumas das leituras variantes têm pouca ou nenhuma impor״ 
tância para a tradução do texto. As diferenças entre as leituras variantes podem ser 
mera questão de estilo (Mt 20.31; 23.9), como o uso ou não de uma preposição diante 
de um substantivo (Mc 1.8). Muitas vezes, variantes textuais desse tipo serão tradu- 
zidas de forma idêntica na língua receptora. As variantes textuais podem, também, 
ser sinônimos (Mt 9.8; 16.27; 28.11), consistir na presença ou ausência de um artigo 
(Mc 10.31; 12.26) ou, então, no uso de um pronome de terceira pessoa para indicar 
posse (Mt 19.10; Mc 6.41). É possível que a natureza da língua receptora exija que 
variantes desse tipo sejam traduzidas da mesma maneira como se traduz a leitura que 
aparece como texto e vice-versa. Existem outras variantes que, no caso de traduções 
de equivalência funcional, não têm maior importância. Exemplos disso são variantes 
relacionadas com formas diferentes de escrever o nome de certas pessoas (Mt 13.55) 
ou a presença ou ausência do sujeito ou do objeto de um verbo (Mt 8.25; Mc 9.42).
As notas textuais abordam também algumas das mais importantes diferenças na 
divisão e pontuação do texto, sempre que estas implicam diferença de significado 
(veja “O Aparato de Segmentação do Discurso”, na Introdução de O Novo Testam ento 
Grego), Edições modernas do Novo Testamento em grego, bem como as traduções, 
às vezes divergem quanto à segmentação do texto. Isto se aplica de forma especial 
à questão do início de parágrafos e de seções do texto. Entre as mais significativas 
diferenças de segmentação do texto discutidas neste livro estão as seguintes:
• divisão ou separação entre parágrafos (lTm 3.1);
• divisão ou separação entre palavras e expressões (Mc 13.9; 2Co 8.3; Ef 1.4);
• uso ou não de aspas para indicar que se trata de discurso direto 
(1C0 6.12-13; 7.1);
• início e final de citação direta (Jo 3.13,15,21; Gl 2.14);
• final de citação embutida em outra citação (Mt 21.3);
• existência de observações parentéticas (Lc 7.28; At 1.18);
• pontuação de frases como afirmativas ou interrogativas (ICo 6.19);
• uso de formato poético para indicar que se trata de material tradicional 
(Fp 2.6; Cl 1.15);
• õtl visto como recitativo (introduzindo uma citação direta), introduzindo 
uma citação indireta, ou introduzindo uma locução causai (Mc 8.16).
viii VARIANTES TEXTUAIS DO NOVO TESTAMENTO
Recomenda-se que o leitor siga as leituras que aparecem em O N ovo T estam en to 
Grego. Em outras palavras, é importante acompanhar o que se encontra no texto e 
no aparato crítico (as informações ao pé da página) de O N ovo T estam en to Grego, 
pois este livro é um comentário sobre o que lá se encontra. As notas textuais deste 
livro com frequência dão a tradução tanto da leitura escolhida para ser o texto 
quanto das variantes textuais incluídas no aparato crítico, para que se possa en- 
tender melhor as diferenças de significado entre e texto e as variantes, e de uma 
variante para a(s) outra(s), se este for o caso.
Muitas vezes, para ilustrar essas diferenças, são citadas algumas traduções mo- 
dernas, principalmente em língua portuguesa, como ARA (Almeida Revista e Atua- 
lizada, 1993); ARC (Almeida Revista e Corrigida, 2009); NTLH (Nova Tradução na 
Linguagem de Hoje, 2000); BN (A Boa Nova — Tradução em Português Corrente, 
1993); NVI (Nova Versão Internacional, 2001); TEB (Tradução Ecumênica da Bí- 
blia, 1995); NBJ (Nova Bíblia de Jerusalém, 2002); CNBB (Bíblia Sagrada — Tradu- 
ção da CNBB, 2a edição, 2002). (Para outras siglas, veja a lista de Abreviaturas.) O 
propósito dessas citações não é recomendar a variante como tal ou a sua tradução, 
mas unicamente ilustrar a mesma.
As notas que tratam das diferentes possibilidades de segmentação e de pontua- 
ção não incluem nenhuma argumentação exegética a favor ou contra as diferentes 
possibilidades, e também não recomendam umas em detrimento das outras. O pro- 
pósito dessas notas é alertar os tradutores para o fato de que existem lugares onde 
o significado e a tradução do texto podem ser diferentes, dependendo da divisão 
que se faz entre palavras, locuções e frases do texto. Recomenda-se que, neste parti- 
cular, os tradutores consultem bons comentários, alguns dos quais aparecem na lis- 
ta das obras citadas que se encontra no final das notas referentes a cada livro do NT.
Ao longo desta obra, faz-se referência a comentários em língua inglesa que fo- 
ram publicados recentemente, a maioria dos quais ainda está disponível no merca- 
do internacional e aos quais se tem acesso em algumas bibliotecas. Para o estudo 
do texto do NT, existem muitos livros e artigos de grande valor em outros idiomas, 
como o francês e o alemão; entretanto, nesta obra, levando em conta os leitores que 
originalmente se teve em vista, as referências incluem apenas livros e artigos em 
língua inglesa.
PREFÁCIO ix
ROGER L. OMANSON 
Sociedades Bíblicas Unidas 
Consultor para Publicações Eruditas
INTRODUÇÃO: A PRÁTICA DA CRÍTICA 
TEXTUAL DO NOVO TESTAMENTO
I- D efinição e propósito da crítica textual
A cr ítica tex tu a l do NT é o estudo dos textos bíblicos que aparecem nos ma- 
nuscritos antigos, com o objetivo de recuperar uma forma de texto que se aproxime 
o máximo possível do texto exato dos escritos originais (chamados de ״autógrafos״) 
assim como estes se apresentavam antes de copistas introduzirem alterações e co- 
meterem erros durante o processo de cópia. Como observa Michael W. Holmes, esta 
tarefa envolve três aspectos principais:1
(1) A coleta e a organização do material ou da evidência; (2) o desenvolvimento 
de um método que permita avaliar e determinar o significado e as implicações da 
evidência, para que se possa determinar qual das variantes textuais tem mais chan- 
ces de representar o texto original; e (3) a reconstrução da história da transmissão 
do texto, na medida em que o material disponível permita tal reconstrução.
A crítica textual não se preocupa com a inspiração do Novo Testamento e não 
trata da questão se os textos originais continham erros de conteúdo ou não. Os ma- 
nuscritos originais não existem mais. Os únicos manuscritos de que dispomos hoje 
são cópias de cópias. O manuscrito mais antigo de um trecho do NT é um fragmento 
de papiro que contém uns poucos versículos do Evangelho de João. Este fragmento, 
chamado de data de aproximadamente 125 d.C. Convém notarigualmente que, 
embora a palavra ״crítica״ apareça muitas vezes, em linguagem corriqueira, num 
sentido negativo, os eruditos a empregam num sentido positivo, como “avaliação 
(da evidência a favor do texto)״.
Mesmo tradutores que nunca estudaram crítica textual do NT estão, em geral, 
conscientes de que existem diferenças textuais nos manuscritos antigos, pois, em 
traduções modernas, já se depararam com notas como O utros m a n u scrito s an tigos 
têm , O utros m a n u scrito s a n tig o s acrescen tam , O utros m a n u scrito s an tigos não tra- 
z e m , e M uitos m a n u scrito s o m ite m . Tomemos o exemplo de Gálatas: algumas tradu- 
ções não trazem nenhuma nota indicando que existem problemas textuais; a REB 
tem somente três notas textuais, e a NRSV tem sete. Assim, tradutores podem ficar
1 Michael W. Holmes, “Textual Criticism”, in Dictionary of Paul and His Letters (ed. Gerald F. Hawthorne, et 
al.; Downers Grove, 111: InterVarsity Press, 1993), 927. Vários estudos recentes indicam que os eruditos 
empregam a expressão “texto original” de modo um tanto ingênuo. Veja Eldon Jay Epp, “The Multiva- 
lence of the Term Original Text’ in New Testament Textual Criticism”, Harvard Theological Review 92 
(1999): 245-281. Num outro escrito, Epp afirma “que a expressão texto original, que muitas vezes é 
entendida de forma simplista, tem sido fragmentada pelas realidades de como os escritos do Novo Testa* 
mento se formaram e foram transmitidos, e, a partir disso, original precisa ser entendido como um termo 
que designa diferentes camadas, níveis, ou significados...” (“Issues in New Testament Textual Criticism”, 
in Rethinking New Testament Textual Criticism [ed. David Alan Black; Grand Rapids: Baker, 2002], 75).
VARIANTES TEXTUAIS DO NOVO TESTAMENTOXII
surpresos ao descobrirem que o N ovo T estam en to Grego lista vinte e oito lugares 
apenas em Gálatas onde os manuscritos antigos têm leituras diferentes. O N ovo Tes- 
ta m en to Grego, publicado pela Sociedade Bíblica do Brasil, registra mais de 1.440 
lugares em todo o NT onde ocorrem leituras variantes que têm implicações para a 
tradução do texto. O texto grego dessa edição não reproduz o texto exato de nenhum 
manuscrito específico. Ao contrário, com base no estudo dos muitos manuscritos 
antigos, os editores se valeram de métodos (a serem apresentados abaixo) que per- 
mitem reconstruir um texto que, à luz do conhecimento de que dispomos hoje, é o 
que mais se aproxima dos textos originais (ou “autógrafos”).
Há milhares de variantes textuais nos manuscritos antigos, mas a maioria delas 
não passa de erros de grafia ou de outros erros de cópia bem evidentes, não tendo, 
portanto, nenhuma importância para a tradução. Entretanto, convém notar que até 
mesmo entre as leituras que têm significado para a tradução, isto é, que afetam a 
tradução, são poucas aquelas que são de fato significativas para a teologia. Consi- 
dere, por exemplo, Mc 1.1, onde alguns manuscritos não têm as palavras υίοΰ 0eoí) 
(Filho de Deus). No entanto, mesmo que estas palavras não sejam originais nessa 
passagem, o autor com certeza acreditava que Jesus era o Filho de Deus (Mc 1.11; 
3.11; 5.7; 15.39).
Muito se discute se é possível ou não determinar o texto exato dos escritos 
originais. Por exemplo, Trebolle Barrera afirma: “Tentar criar um texto recebido 
continua sendo um projeto marcado por certa arrogância, e encontrar o original 
em casos discutíveis não passa de utopia”.2 Os manuscritos de papiro descobertos 
na primeira metade no século vinte nos deram manuscritos que são pelo menos um 
século mais antigos do que os manuscritos que eram conhecidos no século deze- 
nove. Para alguns eruditos, esses manuscritos fornecem toda a evidência de que se 
necessita para recuperar os textos originais. Para outros, os manuscritos de papiro 
apenas nos levam até uma forma do texto que existia no terceiro século, mas não 
necessariamente às formas originais do texto, isto é, o texto como se apresentava 
antes que mudanças e erros fossem introduzidos nos manuscritos.
II. OS MATERIAIS DA CRÍTICA TEXTUAL
Como será detalhado nos parágrafos seguintes, existem três fontes que são utili- 
zadas para reconstruir o texto original do NT. A mais importante dessas fontes são 
os próprios manuscritos gregos. Existem vários milhares de manuscritos, que datam 
desde o começo do segundo século até o século dezesseis. Igualmente importantes 
são os manuscritos do NT em outras línguas. Por volta do final do segundo século e 
começo do terceiro, o NT já havia sido traduzido para o latim e o siríaco. Um pouco
2 Julio Trebolle Barrera, The Jewish Bible and the Christian Bible: An Introduction to the History of the Bible 
(Leiden: Brill/Grand Rapids: Eerdmans, 1997), 413.
INTRODUÇÃO
depois, foi traduzido para o copta e outras línguas antigas. Os críticos de texto se 
referem a essas traduções como versões antigas. Uma terceira fonte para estudo são 
os escritos de teólogos cristãos da Igreja Antiga, desde o segundo ao oitavo séculos, 
que escreveram em grego e latim, e que citam trechos do Novo Testamento.
χίίί
M a n u scr ito s gregos
Esses manuscritos se dividem em dois grupos: (1) m a n u scr ito s d e tex to 
con tín u o , que contêm o texto em ordem, por capítulos e livros, do começo ao fim; 
e (2) m a n u scr ito s de le c io n á r io s , que contêm passagens de várias partes do 
NT organizadas segundo a ordem em que aparecem na lista de leituras para os do- 
mingos e dias festivos do calendário litúrgico ou eclesiástico. (Veja “Os Manuscritos 
Gregos”, pp. xiv-xxiv na Introdução a O N ovo T estam en to Grego.)
Os mais antigos documentos foram copiados em papiro, um material feito da 
medula da planta de papiro, que era cortada em tiras bem finas que, por sua vez, 
eram prensadas umas sobre as outras para formar páginas nas quais se podia escre- 
ver. A partir do quarto século d.C. aproximadamente, começou-se a fazer cópias em 
p ergam in h o , um material feito de peles de animais. Fazer cópias desses escritos 
era um processo caro, por duas razões: o custo elevado do material de escrita e o 
tempo necessário para fazer a cópia de um só livro. Em média, para se fazer uma 
cópia manuscrita do NT em pergaminho eram necessárias as peles de, pelo menos, 
50 a 60 ovelhas ou cabras! O pergaminho foi usado até que começou a ser substituí- 
do pelo papel no século doze.
Cada um dos manuscritos de papiro é identificado com a letra <p (para “papi- 
ro”) e um número. Por exemplo, ^ 46 se refere a um manuscrito do terceiro século 
que contém trechos das cartas paulinas. No começo do século vinte, sabia-se da 
existência de apenas nove manuscritos de papiro. Hoje se conhece 116 manuscritos 
de papiro, embora muitos sejam bastante fragmentários e contenham apenas uns 
poucos versículos. Na Introdução de O N ovo T estam en to Grego aparece uma lista de 
116 manuscritos de papiro, mas alguns manuscritos têm mais de um número. Por 
exemplo, <p33 e *p58 são fragmentos de um mesmo manuscrito do sétimo século; e 
y^>4 e çp67 s£0 fragmentos do mesmo manuscrito copiado por volta do ano 200 d.C.3
O tipo de escrita usada até o nono século era a escrita u n c ia l ou maiúscula. 
Manuscritos copiados com esse tipo de letra são chamados de u n c ía is ou m aiús- 
cu lo s. Existem 306 manuscritos uncíais, embora apenas um pouco mais do que 
dois terços desses manuscritos tenham mais do que duas páginas de texto. Os ma- 
nuscritos uncíais são identificados com uma letra do alfabeto hebraico, latino ou
3 T.C. Skeat, “The Oldest Manuscript of the Four Gospels?” New Testament Studies 43 (January 1997): 
134־, argumenta, de forma bastante convincente, que deveria ser incluído, juntamente com fy64 e 67ןל, 
num mesmo manuscrito. Em outras palavras, esses três fragmentos fariam parte de um só manuscrito.
VARIANTES TEXTUAIS DO NOVO TESTAMENTOXIVgrego, ou então com um algarismo arábico antecedido por um zero. Em alguns 
casos, o manuscrito é conhecido por uma letra e um número. O Códice Vaticano, 
por exemplo, é um manuscrito do quarto século que, quase com certeza, continha 
originalmente toda a Bíblia grega.4 Geralmente ele chamado de Códice B, mas 
tem também o número 03. Os uncíais eram copiados sem qualquer espaço entre as 
palavras e frases. Esse tipo de escrita é chamada de scrip tio c o n tin u a (“escrita contí- 
nua”). As divisões em capítulos que conhecemos e usamos hoje foram introduzidas 
no texto por Estevão Langton, arcebispo de Cantuária, no século treze. A divisão 
em versículos teve início em 1551, numa Bíblia impressa por Roberto Stephanus.
Desde o nono século até o tempo em que o NT passou a ser impresso, foi usada 
a escrita m in ú s c u la (do latim m in u scu lu s , “bem pequeno”) ou cursiva. Manuscri- 
tos que têm esse tipo de escrita são chamados de m in ú s c u lo s ou c u r s iv o s e são 
identificados por algarismos arábicos. O Códice 33, por exemplo, é um manuscrito 
do nono século que contém todo o NT, menos o livro do Apocalipse. A grande 
maioria dos manuscritos gregos de que dispomos em nossos dias (o número chega 
a 2 .856) são minúsculos, e a maioria deles data do período que vai do século onze 
ao catorze.
Além dos mais de 3000 manuscritos de texto contínuo mencionados acima, exis- 
tem 2403 manuscritos de lecionários. Esses manuscritos aparecem no aparato crí- 
tico e são identificados pela letra l em itálico seguida de um número ou do símbolo 
coletivo Lee (veja “Os lecionários gregos”, pp. xxiv-xxvi da Introdução a O N ovo 
T estam en to Grego). A maioria dos manuscritos de lecionários representa o tipo de 
texto bizantino (veja abaixo) e, em razão disso, são geralmente considerados menos 
importantes na tentativa de reconstruir o texto original do NT.
Para uma discussão mais detalhada a respeito dos manuscritos gregos, incluin- 
do os lecionários, veja os capítulos 1-4 (pp. 1 74־) da obra The T ext o f the N ew Testa- 
m e n t in C o n tem p o ra ry Research , editada por Ehrman e Holmes.
Os responsáveis por edições modernas do Novo Testamento em grego costu- 
mam agrupar as v a r ia n t e s t e x t u a is (isto é, as diferentes leituras que existem 
em alguns manuscritos no mesmo lugar de determinado versículo) ao pé da página, 
numa seção chamada de a p a r a to c r ít ic o . Em seguida eles listam os manuscritos 
que apoiam as diferentes leituras pelas letras ou pelos números que os identificam.
Segundo a maioria dos críticos de texto, esses manuscritos gregos, em especial 
os papiros e uncíais, são de grande importância para a tarefa de tentar recuperar 
o texto original dos livros do NT. Entretanto, outros especialistas afirmam que os 
manuscritos gregos somente nos fornecem a forma do texto que era conhecida no
4 O número de manuscritos gregos disponíveis hoje que continham, originalmente, todo o NT chega a 61, 
mas o número dos que de fato contém hoje todo o NT se aproxima de 50 (veja Daryl D. Schmidt, “The 
Greek New Testament as a Codex”, in The Canon Debate [ed. Lee Martin McDonald e James A. Sanders; 
Peabody, Mass: Hendrickson, 2002], 469-471).
XVINTRODUÇÃO
terceiro século. Em outras palavras, os manuscritos gregos não dão acesso ao texto 
anterior ao terceiro século. Segundo esses especialistas, para recuperar uma forma 
mais antiga do texto do NT, que esteja mais próxima do original, também se precisa 
de um estudo cuidadoso dos escritos dos Pais da Igreja (veja abaixo) e de um estudo 
das antigas traduções do NT para o copta, siríaco e latim (veja abaixo, “Traduções 
para outras línguas antigas”).
Escritos dos Pais da Igreja a n tig a
Importantes líderes da Igreja que viveram entre o segundo e o oitavo séculos e 
que escreveram em grego e latim, com frequência citaram versículos do NT. Esses 
líderes são muitas vezes chamados de P a is d a Ig r e ja ou, simplesmente, o s P a is , 
e o que eles escreveram recebe o nome de obras p a t r ís t ic a s (de p a te r , o termo 
latino para “pai”). Os escritos dos Pais da Igreja têm valor especial para o estudo do 
texto do NT. Como observa Ehrman, quando se trata de manuscritos gregos, ver- 
sões antigas e escritos patrísticos, “apenas os escritos patrísticos podem ser datados 
e localizados geograficamente com relativo grau de certeza”.5 Entretanto, muitas 
vezes é difícil saber se os Pais estavam de fato citando um texto ao pé da letra ou se 
estavam apenas fazendo alusão ao mesmo. E, se estavam citando, será que citaram 
de memória (talvez de forma incorreta) ou a partir de uma cópia do NT que estava 
aberta e ao alcance dos olhos deles? Além disso, as pessoas que copiavam as obras 
dos Pais por vezes alteravam o texto durante o processo de cópia, fazendo com que 
o texto bíblico citado concordasse com o texto que eles, os copistas, conheciam. Por 
essas razões, nem sempre é fácil saber o que um Pai escreveu originalmente (veja 
“O testemunho dos Pais da Igreja”, pp. xxx-xxxiv na Introdução a O N ovo T estam en- 
to Grego).
Contudo, apesar das dificuldades ligadas ao uso dos escritos dos Pais da Igreja, 
os eruditos entendem que o estudo dos escritos dos Pais da Igreja antiga contri* 
bui para a recuperação do texto original do NT. A Sociedade de Literatura Bíblica 
(SBL), por exemplo, patrocina uma série de estudos denominada “O Novo Testa- 
mento nos Pais Gregos”. O primeiro volume foi publicado em 1986 e, até agora, 
apenas os volumes referentes a uns poucos Pais estão disponíveis. No entanto, entre 
outras coisas, cada volume traz uma lista completa das citações do NT feitas pelo 
Pai da Igreja e indica se essas citações reproduzem ao pé da letra o que se encontra 
no NT. Alguns eruditos argumentam que os papiros e manuscritos uncíais só nos 
dão acesso ao texto conhecido no terceiro século e que “se ... realmente queremos... 
reconstruir um texto ‘o mais próximo possível do original’, temos que nos valer das
5 Bart Ehrman, “The Use and Significance of Patristic Evidence for NT Textual Criticism”, in New Testament 
Textual Criticism, Exegesis and Church History: A Discussion of Methods (ed. Barbara Aland e Joel Delobel; 
Kampen, Netherlands: Kok Pharos, 1994), 118.
fontes patrísticas e levar a sério o te s te m u n h o dessas fo n te s . E, diferentemente dos 
papiros, o uso da evidência patrística irá... alterar significativamente a configura- 
ção do texto crítico”.6
Para uma discussão mais aprofundada a respeito do uso da evidência dos Pais 
da Igreja no estudo do texto do NT, veja os capítulos 15-17 (pp. 299-359) em Epp 
e Fee, S tu d ie s in the T h eo ry a n d M eth o d o f N ew T es ta m en t T ex tu a l C r itic ism ; e os 
capítulos 12-14 (pp. 1 8 9 2 3 6 ־) em Ehrman e Holmes (editores), The T ex t o f the N ew 
T esta m en t in C o n tem p o ra ry R esearch.
xvi VARIANTES TEXTUAIS DO NOVO TESTAMENTO
III. H istó r ia da tran sm issão do texto do N ovo T estam ento
Nos primeiros tempos da Igreja cristã, depois que uma carta apostólica havia 
sido enviada a uma congregação ou a um indivíduo, ou depois que um Evangelho 
havia sido escrito para atender às necessidades de um determinado público alvo, 
começava o processo de cópia desses textos. Esse processo tinha a finalidade de am- 
pliar o âmbito de influência desses textos e permitir que mais pessoas se beneficias- 
sem desses escritos. Essas cópias manuscritas certamente apresentariam diferenças 
de texto em relação aos originais. Algumas cópias podiam apresentar um número 
significativo de diferenças; outras, um número bem reduzido. A maioria dessas 
diferenças se devia a erros de caráter involuntário, como a troca de uma letra ou 
de uma palavra por outra que tinha um formato quase igual (veja, por exemplo, a 
discussão em 2Pe 1.21).
Os copistas também cometiam erros por muitos outrosmotivos. Se duas linhas 
de texto próximas uma da outra começavam ou terminavam com o mesmo conjunto 
de letras, ou se duas palavras parecidas apareciam quase que lado a lado numa mes- 
ma linha, era muito fácil para o copista saltar do primeiro conjunto de letras para 
o segundo, fazendo com que omitisse o texto que estava entre esses dois conjuntos. 
Esses erros recebem um nome técnico: “h o m eo a rcto n ” (as letras semelhantes 
apareciam no início das palavras; veja a discussão de 2Pe 2.6) e h o m eo te leu to 
(as letras semelhantes apareciam no final das palavras). Essas duas palavras, “ho- 
m eo a rc to n ” e h o m eo te leu to , vêm do grego e significam “início sem elhante” 
e “final sem elhante”. Outro tipo de erro ocorria quando o copista acidentalmente 
voltava do segundo grupo de letras ou palavras parecidas para o primeiro grupo e, 
equivocadamente, copiava uma ou mais letras, sílabas ou palavras duas vezes. O 
termo técnico para isso é d ito g ra fía , que significa “escrito duas vezes”. O contrá- 
rio da ditografía é a h ap logra fia , que designa a omissão acidental de uma ou mais 
letras. Às vezes, os copistas faziam confusão entre letras ou sílabas que tinham 
pronúncia idêntica ou parecida. O termo técnico para isso é io ta c ism o .
6 William L. Peterson, “What Text Can NT Textual Criticism Ultimately Reach?” in New Testament Textual 
Criticism, Exegesis and Church History: A Discussion of Methods, 151.
Erros acidentais como esses são quase que inevitáveis quando trechos mais lon- 
gos são copiados à mão. A probabilidade de que viessem a ocorrer aumentava se 
o copista não enxergava direito, se era interrompido enquanto copiava, se estava 
cansado ou não se concentrava suficientemente no seu trabalho. Além disso, como 
lembra R. E. Brown, “também se deve contar com a possibilidade de uma leitura 
mal feita pela pessoa que ditava o texto para os copistas”.
INTRODUÇÃO xvii
E xem plo de erro re su lta n te de “h o m eo a rc to n ”
Veja a discussão sobre Mc 10.7, onde é possível que as palavras m i 
προσκολληθήσεται πρός την γυναίκα αυτοί) (“e se unirá com a sua mulher”) te- 
nham sido omitidas porque o olhar do copista passou, acidentalmente, do καί (“e”) 
que aparece no início dessa frase para ο καί (“e”) que ocorre no começo do v. 8.
E xem plo de erro re su lta n te de hom eo te leu to
Veja a discussão sobre lPe 3.14, onde as palavras μηόέ ταραχθήτε (“não fiqueis 
alarmados”) foram acidentalmente omitidas porque o olhar do copista passou do 
final da palavra φοβηθητε (“vos amedronteis”) para a palavra ταραχθήτε (“fiqueis 
atemorizados”).
E xem plos de erros resu lta n tes de d ito g ra fia e hap lo g ra fia
Às vezes é difícil saber se uma letra foi acidentalmente repetida (ditografia) ou 
acidentalmente omitida (haplografia). Veja, por exemplo, a discussão a respeito de 
νήπιοι (“crianças”) e ήπιοι (“dóceis”), em lTs 2.7.
E xem plos de erros causados p o r io ta c ism o
Em grego coiné, as vogais η, 1 e υ, bem como os ditongos ει, οι e υι passaram a 
ter a mesma pronúncia.7 8 Os copistas muitas vezes faziam confusão entre os prono- 
mes plurais “nós” (ήμεΐς) e “vós” (υμείς) em suas várias formas declinadas, pois as 
vogais iniciais destes pronomes eram pronunciadas de forma idêntica (ou seja, com 
som de “i”). Veja, por exemplo, as observações a respeito de Cl 2.13. Na passagem 
de 1C0 15.54, em alguns manuscritos o substantivo νΐκος (“vitória”) foi alterado,
7 Raymond E. Brown, An Introduction to the New Testament (Nova Iorque: Doubleday, 1997), 48, n. 3.
8 Chrys C. Caragounis, The Development of Greek and the New Testament: Morphology, Syntax, Phonology, 
and Textual Criticism (Tübingen: Mohr Siebeck, 2004), mostrou, de forma bastante convincente, quejé 
no quarto século d.C. essas vogais e esses ditongos tinham pronúncia idêntica, o mesmo acontecendo 
com o e co, e com ε e o ditongo ai. Só no Evangelho de João, o copista de ty66 introduziu 492 erros de 
grafía por causa desse fenômeno chamado de iotacismo (501515־).
por engano, para νεΐκος (“disputa”). Veja também a discussão a respeito de Ιδόντες 
(“vendo”) e είδότες (“sabendo”), em lP e 1.8.
Também as vogais o e ω passaram a ter a mesma pronúncia. As vezes, a única 
diferença gráfica entre um verbo no modo indicativo e o mesmo verbo no modo 
subjuntivo é essa diferença entre as duas vogais. Veja, por exemplo, a discussão 
sobre £χομεν (“tem os”) e εχωμεν (“tenham os”), em Rm 5.1.
Igualmente, a vogal s e o ditongo ol passaram a ter a mesma pronúncia. Em 
função disso, às vezes os copistas faziam confusão entre a desinência verbal -σθε, 
que é da segunda pessoa do plural, e a desinência -σθαι, que é do infinitivo. Veja, 
por exemplo, 2Pe 1.10.
Os copistas desenvolveram um sistema de abreviaturas ou contrações para quin- 
ze nomes sagrados (n o m in a sacra , em latim), como θεός (Deus), κύριος (Senhor), 
Χριστός (Cristo), Ιησούς (Jesus), πατήρ (Pai), πνεύμα (Espírito), e σωτήρ (Salva- 
dor). Essas contrações consistiam em escrever apenas a primeira e a última letra 
da palavra, ou então a primeira e as duas últimas letras, colocando-se uma linha 
horizontal por cima da combinação resultante. As letras de algumas dessas contra- 
ções eram sem elhantes, o que às vezes levou os copistas a confundirem uma com a 
outra. Veja, por exemplo, as discussões sobre ICo 1.14; ICo 4.17; lTm 3.16.
Num recente estudo sobre o <p13, Head e Warren demonstraram que, por vezes, 
os copistas também cometiam erros involuntários devido ao fato de, constante- 
mente, terem de reabastecer ou molhar a ponta do estilo ou ponteiro usado para 
escrever. Esse fato contribuiu para que se distraíssem ou tivessem lapsos de visão 
ou de memória.9
Além desses erros involuntários, algumas alterações eram deliberadas ou inten- 
cionais. Os copistas procuravam corrigir a gramática ou polir o estilo de algumas 
passagens, ou então esclarecer o sentido de palavras e expressões que eles conside- 
ravam obscuras ou ambíguas. Às vezes um copista substituía ou acrescentava o que 
parecia ser uma palavra ou forma gramatical mais adequada. Veja, por exemplo, as 
observações sobre προπάτορα (“antepassado”) e πατέρα (“pai”), em Rm 4.1.
Às vezes, essas substituições ou acréscimos eram feitos para que a passagem 
concordasse com um texto paralelo de outro livro do NT (veja, por exemplo, At 
3.22; lTs 1.1 e a discussão sobre o Pai-Nosso em Lc 11.2-4) ou da S e p tu a g ín ta , 
que é uma tradução grega do AT (veja, por exemplo, os comentários a respeito de 
At 2 .16 ,1819־). Essas mudanças introduzidas com o objetivo de fazer com que um 
texto concorde com uma passagem paralela, seja do AT ou do NT, recebem o nome 
técnico de h a r m o n iz a ç ã o ou a s s im ila ç ã o .
Houve momentos em que os copistas faziam modificações intencionais para “me- 
lhorar” a teologia de certas passagens.10 Por exemplo, Lc 2 .4 1 4 3 ־ afirma que, quan­
9 EM. Head e M. Warren, “Re-Inking the Pen: Evidence from P Ox. 657 (Sp13) Concerning Unintentional 
Scribal Errors”, New Testament Studies 43 (July 1997): 466473־.
xviii VARIANTES TEXTUAIS DO NOVO TESTAMENTO
do Jesus tinha doze anos de idade, ele ficou em Jerusalém após a festa da Páscoa, em 
vez de voltar para casa com o grupo de peregrinos. Os melhores manuscritos dizem, 
no v. 43, que ele ficou em Jerusalém sem que “os pais dele” soubessem disso. Uma 
vez que José não era o pai biológico de Jesus, um copista mudou as palavras “os pais 
dele” para “José e a mãe dele”, provavelmente para salvaguardar a doutrina de que 
Jesus nasceu de uma virgem. (Veja também a nota a respeito de Mt 24.36).
Como os parágrafos anteriores dão a entender, durante os anos que se seguiram 
à composição dos diferentes documentos que viriam a fazer parte do NT surgiram 
centenas, mesmo milhares de leituras variantes ou variantes textuais.
INTRODUÇÃO xix
Traduções p a ra o u tras lín g u a s a n tig a s
Ainda outros tipos de diferenças surgiram quando os documentos do NT foram 
traduzidos do grego para outras línguas. Durante o segundo e o terceiro séculos, 
depois que o cristianismo havia sido levado para a Síria, para o Norte da África e 
a Itália, bem como para o centro e o Sul do Egito, era natural que congregações e 
pessoas quisessem ter uma cópia das Escrituras em suas próprias línguas. Assim, 
surgiram versões para o siríaco, o latim, e vários dialetos coptas utilizados no Egito. 
A partir do quarto século foram feitas outras traduções, para o armênio, georgiano, 
etíope, árabe e núbio, no Oriente; e para o gótico, eslavo eclesiástico antigo, e (mais 
tarde) para o anglo-saxão, no Ocidente. Os críticos de texto se referem às traduções 
para essas línguas antigas como v e r sõ e s ou v e r sõ e s a n tig a s (veja “As versões 
antigas”, pp. xxvi-xxix na Introdução a O N ovo T esta m en to Grego).
A precisão dessas traduções dependia diretamente de dois fatores: o conheci- 
mento adequado, ou não, que o tradutor tinha da língua fonte (o grego) e da língua 
receptora, e o cuidado com que o tradutor fez o seu trabalho. Não deveria nos 
surpreender que muitas diferenças tenham surgido dentro dessas versões antigas. 
Várias pessoas fizeram traduções diferentes a partir do que podem ter sido formas 
ligeiramente diferentes do texto grego. Além disso, outros indivíduos, que copia- 
vam essas traduções, por vezes faziam “correções” para que o texto concordasse 
com uma forma diferente do texto conhecida por eles, que podia ser em grego ou 
na língua receptora.
Para mais detalhes a respeito do uso das versões antigas no estudo do texto do 
NT, veja os capítulos 5-11 (pp. 75-187) em Ehrman e Holmes (editores), The T ext o f 
the N ew T esta m en t in C o n tem p o ra ry Research. 10
10 Bart Ehrman, The Orthodox Corruption of Scripture: The Effect of Early Christological Controversies on 
the Text of the New Testament (Nova Iorque: Oxford University Press, 1993), mostra que muitas leituras 
variantes se originaram quando, no contexto das controvérsias cristológicas do segundo e terceiro sé- 
culos, escribas alteraram o texto para fundamentar pontos de vista “ortodoxos”. Veja também Wayne C. 
Kannaday, Apologetic Discourse and the Scribal Tradition: Evidence of the Influence of Apologetic Interests 
on the Text of the Canonical Gospels (Atlanta: Society of Biblical Literature, 2004).
VARIANTES TEXTUAIS DO NOVO TESTAMENTOxx
O su rg im en to de “tex to s loca is” e tipos de tex to
Durante aqueles primeiros séculos de expansão da Igreja cristã, foram se for- 
mando aos poucos os assim chamados “t e x t o s lo c a i s ” do NT. Congregações 
recém-fundadas numa grande cidade ou nas suas proximidades, fosse Alexandria, 
Antioquia, Constantinopla, Cartago ou Roma, recebiam cópias das Escrituras na 
forma que era utilizada naquela região. À medida que se faziam mais cópias, o 
número de leituras especiais e variantes era preservado e, até certo ponto, aumen- 
tado, de modo que no final do processo havia surgido um tipo de texto que era 
típico daquela localidade. Hoje é possível identificar o tipo de texto preservado em 
manuscritos do NT pela comparação entre suas leituras características e as citações 
dessas passagens nos escritos dos Pais da Igreja que atuaram naqueles importantes 
centros eclesiásticos ou nas imediações dos mesmos.
Às vezes, porém, um texto local tendia a se tornar menos distinto, pois se mistu- 
rava com outros tipos de texto. Por exemplo, um manuscrito do Evangelho de Mar- 
cos, copiado em Alexandria, no Egito, pode ter sido levado mais tarde para Roma. 
Esse manuscrito acabaria influenciando, até certo ponto, os escribas que copiavam 
a forma do texto de Marcos que, àquele tempo, estava sendo utilizado em Roma. 
Entretanto, em termos gerais, durante os primeiros séculos a tendência de se criar e 
preservar um tipo de texto específico era mais forte do que a tendência no sentido 
de criar uma mistura de tipos de texto. Assim, surgiram vários tipos distintos de 
texto do NT.
Tipos de tex to
Através de um cuidadoso exame de centenas de manuscritos e milhares de erros 
de cópia, os críticos de texto desenvolveram critérios para selecionar os manuscri- 
tos e grupos de manuscritos que são mais confiáveis, reconhecendo que todos os 
manuscritos têm alguns erros. A maioria dos manuscritos pode ser classificada em 
três grupos ou t ip o s d e t e x to . Alguns manuscritos têm tanta concordância no que 
diz respeito ao texto que são designados de fa m íl ia s . Por exemplo, a Família 1 é 
feita de mais ou menos meia dúzia de manuscritos intimamente relacionados, e a 
Família 13 consiste em mais de doze manuscritos que têm vinculação estreita. Mui- 
tas vezes, esses manuscritos são listados no aparato crítico sob o símbolo coletivo f 1 
e f 13. Os críticos de texto usam a designação técnica v a r ia n t e s t e x t u a is para se 
referirem a diferentes leituras que ocorrem no mesmo lugar em determinado versí- 
culo bíblico. Quando certos manuscritos concordam de forma consistente, tendo a 
mesma variante ou forma textual em determinada u n id a d e d e v a r ia ç ã o , isto é, 
um lugar onde os manuscritos apresentam duas ou mais variantes textuais, diz-se 
que esses manuscritos pertencem ao mesmo tipo de texto.
Convém notar que alguns manuscritos têm um tipo de texto em uma parte ou 
seção do NT, e outro tipo de texto em outra parte. Por exemplo, o Códice Alexan- 
drino (A 02) representa o tipo de texto bizantino nos Evangelhos, mas um tipo de 
texto alexandrino no restante do NT. No livro T he T ext o f th e N ew T es ta m en t, de K. 
e B. Aland, pp. 1 5 9 1 6 2 ־, aparece uma tabela bastante prática, que agrupa os ma- 
nuscritos por século e tipo de texto. Também Daniel Wallace, na p. 311 do capítulo 
“The Majority Text Theory: History, Methods, and Critique״, traz uma tabela muito 
útil, que classifica os manuscritos gregos por século e tipo de texto. Veja também a 
seção V, abaixo, “Listas de Testemunhos Segundo o Tipo de Texto״
Os mais importantes tipos de texto são os seguintes:
INTRODUÇÃO xxi
Texto a lexa n d r in o
Westcott e Hort, críticos de texto británicos que viveram no século dezenove, deno־ 
minaram esse texto de tex to neu tro . Embora na maioria das vezes, hoje, seja chamado 
de texto alexandrino, por vezes também é chamado de “texto B”. Geralmente é consi- 
derado o melhor texto e aquele que, de forma mais fiel, preserva o original. A carac- 
terística do texto alexandrino é o uso de poucas palavras desnecessárias. Isto significa 
que, em geral, é um texto mais curto, se comparado com os outros tipos de texto, e 
um texto que não revela o mesmo grau de polimento gramatical e estilístico que ca- 
racteriza o tipo de texto bizantino. Até recentemente os dois principais representantes 
do texto alexandrino eram o Códice Vaticano (B 03) e o Códice Sinaítico (01 א), dois 
manuscritos de pergaminho copiados por volta da metade do quarto século. Entretan- 
to, com a descoberta e publicação, em meados da década de 1950, dos p apiros de 
Bodm er (^66 72 73 74 75^ em eSpecial de Vp66 e p 75, que foram produzidos por volta do 
final do segundo século ou começo do terceiro, existe agora evidência que indica que 
o tipo de texto alexandrino remonta ao começo do segundo século. As versões saídica 
e boaírica, em língua copta (que aparecem, no aparato crítico, sob os símbolos copsa e 
copbo), também trazem, com frequência, leituras tipicamente alexandrinas.
Texto ociden ta l
O fato de eruditos terem reconhecido, inicialmente, que essa forma de texto foi 
usada na parte ocidental do mundo cristão fez com que essa forma de texto recebes- 
se o nome de “ocidental״ (por vezes chamado também de “texto D”). Mas esse tipo 
de texto se encontra também na igreja que usava a língua siríaca, no Oriente,bem 
como no Egito. Ele remonta ao segundo século e foi amplamente utilizado na Itália 
e na Gália, bem como no Norte da África e em outros lugares. Esse tipo de texto foi 
usado por Marcião, Taciano, Irineu, Tertuliano e Cipriano. Sua presença no Egito 
é confirmada pelo testemunho de $p38 (aproximadamente 300 d.C.) e de p^48 (mais
ou menos o final do terceiro século). Os mais importantes manuscritos gregos que 
apresentam um tipo de texto “ocidental” são o Códice de Beza (D 05), do quinto 
século (que contém os Evangelhos e Atos), o Códice Claromontano (D 06), do sexto 
século (que contém as epístolas paulinas), e, no caso de Mc 1.1— 5.30, o Códice Wa- 
shingtoniano (W 032), do quinto século. Além disso, as versões latinas antigas são 
importantes testemunhos do tipo de texto ocidental. Essas versões latinas antigas 
(cujos manuscritos são citados, no aparato crítico, pelo símbolo coletivo i t [que re- 
presenta o latim í ta la ] seguido de símbolos em sobrescrito que identificam manus- 
critos individuais) constituem três grupos principais: africano, italiano e hispânico. 
Embora os críticos de texto muitas vezes empreguem a expressão “texto ocidental”, 
convém notar que muitos pensam que, diante do fato de os testemunhos do texto 
ocidental terem uma relação menos estreita no que diz respeito às suas leituras, 
esse texto ocidental não forma um tipo de texto exatamente igual ao que se tem em 
mente quando se fala dos tipos de texto alexandrino e bizantino.
A principal característica do texto ocidental é o gosto pela paráfrase. Com relati- 
va liberdade, esse texto altera, omite ou insere palavras, locuções e até frases intei- 
ras. As vezes a motivação parece ter sido a de harmonizar textos, ao passo que em 
outros momentos parece ter sido o desejo de ampliar a narrativa, incluindo material 
tradicional ou apócrifo. Algumas leituras têm a ver com mudanças bem pequenas, 
para as quais não se encontra uma razão especial. Um dos aspectos enigmáticos do 
texto ocidental (que, em geral, é mais longo do que os outros tipos de texto) é que, 
no final de Lucas e em algumas outras passagens do NT, alguns testemunhos oci- 
dentais omitem palavras e versículos que se encontram em outras formas de texto, 
até mesmo no tipo de texto alexandrino. No final do século dezenove, alguns erudi- 
tos tendiam a considerar essas leituras mais breves como originais. Entretanto, com 
a descoberta dos papiros de Bodmer, muitos hoje tendem a ver essas leituras mais 
breves como algo excêntrico no texto ocidental e, portanto, não originais.
No livro de Atos, o texto ocidental levanta questões bastante difíceis de respon- 
der. Neste livro, o texto ocidental é aproximadamente dez por cento mais longo do 
que a forma de texto que normalmente é considerada o texto original daquele livro 
(para uma discussão a respeito do texto ocidental em Atos, veja a “Introdução a 
Atos”, no início das notas relativas a esse livro, mais adiante nesta obra).
Para maiores detalhes a respeito do texto ocidental, veja Epp, “Western Text”; e 
Petzer, “The History of the New Testament Text”, pp. 18-25.
xxü VARIANTES TEXTUAIS DO NOVO TESTAMENTO
U m a fo r m a de tex to o rien ta l
Esta forma de texto, que, no passado, era conhecida como texto cesareense , está 
representada, em maior ou menor escala, em vários manuscritos gregos (incluindo 
Θ, 565, 700) e nas versões armênia e geórgica (citadas, no aparato crítico, sob o
símbolos coletivos arm e geo). Esse tipo de texto é por vezes chamado de “texto C” 
e se caracteriza por uma mistura de leituras ocidentais e alexandrinas. Por mais 
que, na pesquisa recente, se tenha questionado a existência de um tipo de texto 
específicamente cesareense, permanece o fato de que cada um dos manuscritos 
que, anteriormente, eram considerados membros desse grupo ainda é, por si só, um 
importante testemunho textual.
Outro tipo de texto oriental, conhecido em Antioquia e seus arredores, foi pre- 
servado principalmente em testemunhos siríacos antigos, a saber, nos manuscritos 
sinaíticos e curetonianos dos Evangelhos (citados, no aparato crítico, como sir5 e 
sir0) e nas citações bíblicas que aparecem nos escritos de Afraates e Efraim, líderes 
da igreja síria no quarto século.
INTRODUÇÃO xxiii
Texto b iza n tin o
Esta forma de texto já recebeu, entre outras, as seguintes designações: “texto 
s ír io ”, “texto co iné”, “tex to eclesiástico”, “tex to a n tio q u e n o ”, e “texto m a j o r i t á r i o Por 
vezes é chamado de “texto A”, porque o Códice Alexandrino é, nos Evangelhos (e só 
ali), o mais antigo representante desse texto. Em termos gerais, este é o mais recen- 
te dos vários tipos de texto do NT e se caracteriza por sua tendência de ser completo 
e apresentar clareza de estilo. Os editores desse texto trataram de eliminar toda e 
qualquer aspereza de linguagem, combinar duas ou mais leituras variantes para 
formar um texto expandido (um processo chamado de c o n f la ç ã o ) , bem como 
fazer com que o texto de passagens paralelas concordasse entre si (um processo co- 
nhecido como harmonização). Esse tipo de texto está representado, hoje, no Códice 
Alexandrino (A 02, nos Evangelhos; no restante do NT, este manuscrito representa 
outro tipo de texto), nos manuscritos unciais copiados mais recentemente, e na 
grande massa dos manuscritos cursivos ou minúsculos. No aparato crítico, esses 
manuscritos minúsculos são citados coletivamente através do símbolo B iz.
Essa forma de texto, criada possivelmente em Antioquia da Síria, foi levada 
para Constantinopla e, dali, foi distribuída em larga escala por todo o Império 
Bizantino. Mais ou menos oitenta por cento dos manuscritos minúsculos e quase 
todos os lecionários trazem um tipo de texto bizantino. Assim sendo, no período 
que vai mais ou menos do sexto ou sétimo século até à invenção da prensa de tipo 
móvel (1450-1456 d.C.), o tipo de texto bizantino foi, em geral, visto como a forma 
de texto que tinha autoridade e que, portanto, foi amplamente difundida e aceita. A 
única exceção talvez tenha sido um ou outro manuscrito que preservou uma forma 
de texto mais antiga.
Em torno do ano 200 d.C., manuscritos latinos eram utilizados na parte ociden- 
tal do Império Romano; manuscritos coptas, no Egito; e manuscritos em siríaco, na 
Síria. O grego ainda era usado principalmente na parte oriental do Império Romano.
VARIANTES TEXTUAIS DO NOVO TESTAMENTOXXIV
Na verdade, existem hoje mais de 8 mil manuscritos da Vulgata latina, um número 
bem maior do que o conjunto de todos os manuscritos gregos que se conhece. No 
final do século sete, o NT era lido em grego apenas numa área bem restrita da Igre- 
ja, a Igreja Ortodoxa Grega, cujo patriarcado de maior destaque ficava na cidade 
de Constantinopla. A forma de texto grego usada ali era o tipo de texto bizantino. 
A rigor, mais ou menos noventa por cento dos manuscritos que se conhece hoje 
e que preservam um tipo de texto bizantino foram copiados depois que o uso do 
grego na Igreja ficou restrito a Bizâncio (Constantinopla). Em outras regiões, onde 
anteriormente se lia o NT em grego, agora se usava um Novo Testamento traduzido 
para uma das línguas locais. Ppr exemplo, no Egito os manuscritos gregos com um 
tipo de texto alexandrino foram aos poucos sendo substituídos por traduções para 
diferentes dialetos da língua copta. Quando foi inventada a imprensa, no tempo de 
Gutenberg, a única forma do texto do NT que ainda se usava era o texto bizantino.
Este último aspecto precisa ser bem enfatizado. Alguns eruditos de nossos dias, 
baseados no fato de que os manuscritos gregos com um tipo de texto bizantino su- 
peram em muito o número de manuscritos que têm um tipo de texto alexandrino, 
ainda argumentam que 0 tipo de texto bizantino deve estar mais próximo dos escri- 
tos originais do NT.11 A tese é a seguinte: Deus não teria permitido que as leiturascorretas fossem preservadas num tipo de texto (o alexandrino) que tem menos ma- 
nuscritos gregos do que outro tipo de texto (o bizantino). Essa argumentação ignora 
as condições históricas que fizeram com que, na maior parte do Império Romano, o 
grego fosse substituído por línguas locais.
Com a invenção da prensa de tipo móvel, que fez com que a produção de livros 
passasse a ser um processo mais rápido e barato em relação à produção de cópias 
manuscritas, o texto padrão do NT em edições impressas passou a ser o texto bizan- 
tino, de qualidade inferior. Essa situação, até certo ponto lamentável, não é de todo 
surpreendente, uma vez que os manuscritos gregos do NT que os primeiros editores 
e impressores tinham à mão eram manuscritos que continham o corrompido texto 
bizantino.
Edições im pressas do N ovo T estam en to Grego
A primeira edição impressa do Novo Testamento Grego, lançada em Basiléia no 
ano de 1516, foi preparada por Desidério Erasmo, um erudito humanista holandês. 
Como não encontrava nenhum manuscrito que tivesse o NT em sua íntegra, Eras- 
mo valeu-se de vários manuscritos para as diferentes seções ou divisões do NT. Na
11 Para uma breve argumentação a favor do texto bizantino, feita recentemente, veja Maurice A. Robin- 
son, “The Case for Byzantine Priority”, em Rethinking New Testament Textual Criticism (ed. David Alan 
Black; Grand Rapids: Baker, 2002), p. 125139־. Neste mesmo livro aparece uma convincente resposta à 
argumentação de Robinson; veja Moisés Silva, “Response”, p. 141150־.
XXVINTRODUÇÃO
maior parte do seu texto, baseou-se em dois manuscritos de qualidade inferior, 
copiados por volta do século doze, um para os Evangelhos e outro para Atos e as 
Epístolas. Erasmo comparou esses manuscritos com dois ou três outros manuscritos 
e, aqui e ali, inseriu, na cópia encaminhada ao impressor, correções nas margens 
ou entre as linhas de texto.
Para o Apocalipse, Erasmo dispunha de um só manuscrito, datado do século 
doze, que lhe foi emprestado por um amigo. Acontece que esse manuscrito não tinha 
a última folha, onde haviam sido copiados os últimos seis versículos do Apocalipse. 
Para esses versículos, Erasmo se baseou na Vulgata latina de Jerónimo, traduzindo 
o texto latino para o grego. Como seria de se esperar no caso de um procedimento 
desses, em vários momentos a reconstrução que Erasmo fez desses versículos inclui 
algumas leituras que nunca foram encontradas em nenhum manuscrito grego, mas 
que ainda hoje são reproduzidas em edições do assim chamado “T extu s R ecep tu s” 
do Novo Testamento Grego. Em outras partes do NT, ocasionalmente Erasmo tam- 
bém introduzia em seu texto grego material tirado da Vulgata latina, na forma em 
que era conhecida naquele tempo. O irônico é que a Vulgata latina, que havia sido 
traduzida onze séculos antes de Erasmo, por vezes tem um texto bem próximo do 
original, pois é uma tradução que foi feita a partir de melhores manuscritos gregos.
A primeira edição do Novo Testamento Grego de Erasmo teve tanta aceitação 
que logo estava esgotada, tornando necessária uma segunda edição. Essa segunda 
edição, de 1519, na qual alguns (mas nem de perto a totalidade) dos muitos erros 
tipográficos da primeira edição haviam sido corrigidos, foi utilizada por Martinho 
Lutero e por William Tyndale, quando estes fizeram as suas traduções do NT para 
o alemão, em 1522 (Lutero), e para o inglês, em 1525 (Tyndale).
Nos anos que se seguiram, muitos outros editores e impressores publicaram uma 
variedade de edições do Novo Testamento em grego. Todas elas reproduziam, em 
maior ou menor escala, o mesmo tipo de texto, isto é, aquele que foi preservado nos 
manuscritos bizantinos, de produção mais recente. Mesmo quando um editor tinha 
acesso a manuscritos mais antigos, fazia pouco ou nenhum uso dos mesmos, pois 
estes eram por demais diferentes da forma de texto que havia sido padronizada nas 
cópias mais recentes.
Entre as mais antigas edições do NT Grego estão duas de Robert Etienne (mais 
conhecido como Robert Stephanus, que é a forma latinizada do nome dele). Trata-se 
de um impressor parisiense que, mais tarde, se mudou para Genebra e se associou 
aos protestantes daquela cidade. Em 1550, Stephanus publicou, em Paris, sua tercei- 
ra edição. Este foi o primeiro NT Grego impresso que trazia um aparato crítico, ou 
seja, uma lista de leituras variantes encontradas em diferentes manuscritos. Na mar- 
gem interna das páginas dessa edição, Stephanus anotou leituras variantes encon- 
tradas em catorze manuscritos gregos, bem como leituras que apareciam em outra 
edição impressa, a Poliglota Complutense (publicada na Espanha em 15211522־). A
quarta edição de Stephanus (Genebra, 1551), que, além do texto grego, contém duas 
versões latinas (a Vulgata e uma tradução de Erasmo), se destaca porque nela, pela 
primeira vez, o texto do NT aparece dividido em versículos numerados.
Teodoro Beza, amigo e sucessor de Calvino em Genebra, chegou a publicar nove 
edições do NT Grego, entre 1565 e 1604; uma décima edição apareceu em 1611, 
após a morte dele. A obra de Beza é importante na medida em que as suas edições 
ajudaram a popularizar e padronizar o texto que veio a ser denominado de tex tu s 
recep tu s (que, muitas vezes, é chamado simplesmente de TR). Os tradutores da 
Bíblia inglesa King James, de 1611, fizeram bastante uso das edições de Beza, pu- 
blicadas em 1588-1589 e 1598.
A expressão te x tu s recep tus (“texto recebido”), aplicada ao texto do NT, se ori- 
ginou a partir de uma formulação usada pelos irmãos Boaventura e Abraão Elzevir, 
impressores da cidade de Leiden. No prefácio à segunda edição do NT Grego que 
os irmãos Elzevir publicaram em 1633 aparece a seguinte afirmação latina: Tex- 
turn ergo habes, n u n c ab o m n ib u s recep tum , in quo n ih il im m u ta tu m a u t co rru p tu m 
d a m u s (“Portanto, tens [,amado leitor,] o texto que agora é recebido por todos, no 
qual não apresentamos nada que tenha sido mudado ou corrompido”). Num certo 
sentido, esta afirmação, que revela certa dose de orgulho, até se justificava, pois 
aquela edição era, em grande parte, idêntica às mais ou menos 160 outras edições 
do NT Grego impresso que haviam sido publicadas desde a primeira edição feita 
por Erasmo, em 1516. Muitas vezes, em escritos menos técnicos, as expressões “tex- 
to bizantino” e líte x tu s recep tu s” aparecem como se fossem sinônimas. Entretanto, 
é preciso levar em conta que existem aproximadamente 1500 diferenças entre a 
maioria das edições do te x tu s recep tus e a forma de texto bizantina.
A forma de texto bizantina, reproduzida em todas as primeiras edições impres- 
sas do NT Grego, foi sendo descaracterizada, ao longo dos séculos, pela inclusão de 
numerosas alterações feitas por copistas. Muitas dessas alterações não têm maior 
significado ou importância, mas algumas fazem significativa diferença. Mas foi 
essa forma de texto bizantina, corrompida, diga-se de passagem, que serviu de base 
para quase todas as traduções do NT em línguas modernas, até o século dezenove. 
Durante o século dezoito, eruditos reuniram uma grande gama de informações 
extraídas de muitos manuscritos gregos, bem como das versões antigas e de fontes 
patrísticas. Mas, exceção feita a umas três ou quatro edições que, de forma tímida, 
corrigiram alguns dos erros mais evidentes do te x tu s receptus, foi esta forma cor- 
rompida do NT que foi sendo reimpressa em sucessivas edições.
Muitos eruditos que viveram nesse período poderíam ser citados, mas um deles 
merece destaque especial. Trata-se de Johann A. Bengel (1687-1752).12 Foi Bengel 
quem começou a prática de agrupar os manuscritos em famílias a partir das leituras
xxvi VARIANTES TEXTUAIS DO NOVO TESTAMENTO
12 Veja William Baird, History of New Testament Research. Volume One: From Deism to Tubingen (Min- 
neapolis: Fortress, 1992),p. 69-74.
ou variantes que aparecem neles. Ele também elaborou critérios para avaliar as lei- 
turas variantes, incluindo o princípio de que a leitura mais difícil tem mais chances 
de ser o original. Bengel, que imprimiu o te x tu s recep tus, foi também o primeiro a 
inserir, na margem, uma avaliação das variantes textuais: a indicava a leitura que 
ele considerava original; β, uma leitura que era considerada melhor do que aquela 
no texto; γ, uma leitura tão boa quanto aquela do texto; ô, uma leitura de valor infe- 
rior àquela no texto; e ε, uma leitura sem valor nenhum. A obra de Bengel permitiu 
aos eruditos “pesar” o valor dos manuscritos que apoiam determinada leitura, em 
vez de simplesmente fazer a contagem dos manuscritos.
Foi somente na primeira metade do século dezenove (em 1831) que o alemão 
Karl Lachmann, um estudioso dos clássicos, decidiu aplicar ao NT os critérios que 
ele havia adotado na edição de textos clássicos, isto é, da literatura da antiga Grécia 
e da antiga Rom a.13 Posteriormente, apareceram outras edições críticas, incluindo 
as de Constantin von Tischendorf, cuja oitava edição (1869-1872) continua sendo 
uma importante fonte de variantes textuais.14 A influente edição de B.F. Westcott e 
F.J.A. Hort, dois eruditos de Cambridge, foi publicada em 1881.15 Foi ela que serviu 
de ponto de partida para as edições das Sociedades Bíblicas Unidas e desta edição 
da Sociedade Bíblica do Brasil. Durante o século vinte, com a descoberta de vários 
manuscritos do NT que eram muito mais antigos do qualquer um dos outros que 
se conhecia até então, foi possível fazer edições do NT que se aproximam cada vez 
mais daquilo que se considera como o texto dos documentos originais.
No século vinte, tanto eruditos da Igreja Católica Romana (Vogeis, Bover e 
Merk) quanto eruditos protestantes editaram Novos Testamentos em grego. Du- 
rante a primeira metade do século vinte, as sete edições mais utilizadas foram as 
editadas pelos seguintes eruditos:
(1) Tischendorf, 1841, 8a ed., 18692) ;1872־) Westcott-Hort, 1881; (3) von So- 
den, 1902-1913; (4) Vogels, 1920; 4a ed., 1955; (5) Bover, 1943; 6a ed., 1981; (6) 
Nestle (־Aland), 1898; 27a ed., 1993; e (7 ) Merk, 1933; 11a ed., 1992.
Uma comparação entre essas sete edições mostra que as de von Soden, Vogeis, 
Merk e Bover concordam com o texto de tipo bizantino mais vezes do que as edições 
de Tischendorf, Westcott-Hort e Nestle-Aland, que se aproximam mais dos manus- 
critos que constituem o texto alexandrino. Entretanto, apesar dessas diferenças, 
״essas sete edições do Novo Testamento Grego estão em total concordância... em 
mais ou menos dois terços do texto do Novo Testamento, sendo que as únicas dife- 
renças se devem a detalhes de caráter ortográfico (ou de grafia)”. 16
13 Veja Baird, History of New Testament Research. Volume One, p. 319322־.
14 Veja Baird, History of New Testament Research. Volume One, p. 322-328.
15 Veja William Baird, History of New Testament Research. Volume Two: From Jonathan Edwards to Ru- 
dolf Bultmann (Minneapolis: Augsburg Fortress, 2003), p. 60-65.
1 6 Kurt e Barbara Aland, The Text of the New Testament (ed. rev.; Grand Rapids: Eerdmans, 1989), p. 29.
INTRODUÇÃO xxvi i
Um pequeno grupo de eruditos continua a defender a ideia de que o texto bi- 
zantino está mais próximo dos escritos originais. Z.C. Hodges e A.L. Farstad, que 
rejeitam os métodos e as conclusões de Westcott e Hort, editaram, em 1982, “O Novo 
Testamento Grego segundo o Texto Majoritário” (The Greek N ew T estam en t A ccord ing 
to the M a jo r ity Text), um texto baseado na tradição de texto bizantina. A maioria dos 
manuscritos dessa tradição são manuscritos cursivos copiados no período que vai do 
século onze ao século quinze e que correspondem aos manuscritos que Kurt e Bar- 
bara Aland, em The T ex t o f the N ew T esta m en t [O Texto do N ovo T estam ento] (edição 
revisada, pp. 159-162), denominam de Categoria v. Na maior parte do Novo Testamen- 
to, essa edição de Hodges e Farstad apresenta, em cada página, umas três ou quatro 
diferenças em relação ao texto publicado em O N ovo T estam en to Grego (edição SBB). 
No Apocalipse, o número de diferenças por página é maior ainda.7 נ “O Novo Testa- 
mento Grego segundo o Texto Majoritário” (edição de Hodges e Farstad) traz dois 
aparatos críticos: o primeiro aponta para diferenças entre os próprios manuscritos 
bizantinos; o segundo registra as diferenças entre o texto majoritário impresso por 
Hodges e Farstad e o texto impresso na vigésima sexta edição de Nestle-Aland e na 
terceira edição do The G reek N ew T esta m en t (o texto das Sociedades Bíblicas Unidas).
A maioria dos estudiosos do Novo Testamento discorda dos pressupostos e da 
metodologia adotada por Hodges e Farstad.* 18 Portanto, Kurt e Barbara Aland têm 
razão quando afirmam que “de certa forma pode-se pressupor que todos os que 
hoje em dia trabalham com o Novo Testamento Grego estão usando ou uma cópia 
do The G reek N ew T esta m en t das Sociedades Bíblicas Unidas em sua terceira edição 
(GNT3, 1975 [a quarta edição saiu em 1993]), ou a vigésima sexta edição do N o v u m 
T esta m en tu m Graece de Nestle-Aland (NA26, 1979 [a 27a edição saiu em 1993])”. 19
Entretanto, como observou Raymond Brown, o texto que aparece em todas as 
edições impressas do Novo Testamento Grego consiste em leituras tiradas de di- 
ferentes manuscritos. Isto significa que o texto das edições críticas “nunca existiu 
como uma unidade no mundo antigo... Disso decorre que, por mais que os livros 
do NT sejam canônicos, nenhum texto grego em particular deveria ser canonizado; 
e o máximo que se pode reivindicar para uma edição crítica do NT Grego é que ela 
goza de aceitação entre os eruditos”.20
1 7 Segundo Daniel B. Wallace, existem cerca de 6.500 diferenças textuais entre o texto grego editado 
por Hodges e Farstad e o texto da vigésima sétima edição de Nestle-Aland (“The Textual Basis of New 
Testament Translations”, in The Evangelical Parallel New Testament [ed. John R. Kohlenberger III; Nova 
Iorque/Oxford: Oxford University Press, 2003], p. xxiv).
18 Veja a resenha sobre The Greek New Testament according to the Majority Text escrita por J.K. Elliott e 
publicada em The Bible Translator 34 (July 1983), p. 340-344.
1 9 Kurt e Barbara Aland, The Text of the New Testament ( Ia edição inglesa, 1987), p. 218. Em 1959, Kurt 
Aland fundou o Instituto para a Pesquisa Textual do Novo Testamento, em Münster, na Alemanha. Este 
instituto está publicando uma edição crítica maior do Novo Testamento, que se chama Editio Critica 
Maior. Até a presente data, foram publicados volumes avulsos de Tiago (1999), l-2Pedro (2000), IJoão 
(2003), e 2-3João e Judas (2005).
xxviii VARIANTES TEXTUAIS DO NOVO TESTAMENTO
Para mais detalhes a respeito de modernas edições críticas do Novo Testa- 
mento Grego, veja o capítulo 18 (pp. 283-296) em Ehrman e Holmes (editores), 
T he T ex t o f th e N ew T e s ta m e n t in C o n te m p o ra ry R esearch .
INTRODUÇÃO xxix
IV. C ritérios a do tad o s para escolher entre leituras conflitantes
EM TESTEMUNHOS DO N 0V 0 TESTAMENTO
Na seção anterior, o leitor terá notado como, durante m ais ou m enos catorze 
séculos, quando o NT foi transm itido através de cópias feitas à mão, um gran- 
de número de m odificações e acréscim os foram introduzidos no texto. Hoje 
tem os mais ou m enos cinco mil m anuscritos gregos que contém uma parte ou 
todo o NT, mas não existem dois m anuscritos que concordem exatam ente em 
todos os detalhes. Confrontados com uma pluralidade de leituras divergentes, 
os editores precisam decidir o que m erece ser incluído no texto e o que pre- 
cisa ser colocado no aparato crítico. Embora, à prim eira vista , possa parecer 
uma m issão quase im possível escolher o texto considerado original do m eio de 
tantas variantes textuais,os eruditos elaboraram alguns critérios de avaliação 
que são geralm ente aceitos e que facilitam esse processo de seleção. Como será 
possível notar, essas considerações dependem de probabilidades e, às vezes, o 
crítico de texto precisa optar entre dois conjuntos de probabilidades. Por mais 
que os critérios que serão apresentados a seguir formem um esquem a mais ou 
m enos ordenado, sua aplicação nunca poderá ser feita de m aneira m ecânica ou 
im pensada. Devido ao âmbito e à com plexidade dos fatos textuais, é impossí- 
vel aplicar uma série de regras bem ordenadas com rigor m atem ático e numa 
ordem fixa. Cada uma das variantes precisa ser considerada individualm ente, 
e não pode ser avaliada sim plesm ente a partir de uma regra pré-estabelecida. 
O leitor deve dar-se conta de que a lista de critérios que será apresentada a 
seguir é apenas uma descrição das considerações mais im portantes que foram 
levadas em conta pela com issão editorial do T h e G reek N ew T e s ta m e n t (e, por 
extensão, de O N o vo T e s ta m e n to G rego , edição SBB) quando da escolha entre 
leituras variantes. 20
20 Brown, An Introduction to the New Testament, p. 52. Esse assunto, todavia, pode ser encarado de um 
ponto de vista diferente. Segundo Epp, cada um dos mais de 5.300 manuscritos do NT Grego e dos 9.000 
manuscritos de versões, dos quais não existem dois que sejam exatamente idênticos, “foram considerados 
como tendo autoridade — e, portanto, vistos como sendo canônicos — e usados no culto e nas atividades 
de instrução de uma ou mais das milhares de igrejas espalhadas pelo mundo” (“Issues in the Interrelation 
of New Testament Textual Criticism and Cânon”, in The Canon Debate [ed. Lee Martin McDonald e James 
A. Sanders; Peabody, Mass: Hendrickson, 2002], p. 514). Elliott disse algo semelhante: “os eruditos estão 
cada vez mais se dando conta de que cada um dos manuscritos do Novo Testamento era a Escritura cano- 
nica, utilizada e vivida por aqueles que possuíam aquela cópia — até mesmo leituras que não têm paralelo 
ou que, segundo a erudição moderna, são consideradas secundárias, eram o texto bíblico daqueles cris- 
tãos” (“The Case for Thoroughgoing Eclecticism”, in Rethinking New Testament Textual Cnticism , p. 124).
VARIANTES TEXTUAIS DO NOVO TESTAMENTOXXX
Entre os critérios para a avaliação de leituras variantes, a mais importante é 
a regra de que se deve “escolher a leitura que melhor explica a origem das outras 
leituras”21 (veja, por exemplo, ITs 3.2). As principais categorias ou tipos de critérios 
e considerações que ajudam a avaliar o valor relativo de variantes textuais são os 
que têm a ver com
ev id ên c ia ex tern a , isto é, com os manuscritos em si, e com 
ev id ên c ia in tern a , isto é, com dois tipos de considerações, a saber:
(A) aquelas que dizem respeito a p ro b a b ilid a d es d e tra n scr içã o 
(isto é, que têm a ver com hábitos de cópia dos escribas) e
(B) aquelas que dizem respeito a p ro b a b ilid a d es in tr ín sec a s 
(isto é, que estão relacionadas com o estilo do autor).22
E vidência ex te rn a , envo lvendo considerações que têm a ver com :
A . A idade e o ca rá te r dos te stem u n h o s: Em geral, manuscritos mais antigos têm 
mais chances de estarem livres dos erros que resultam de sucessivas cópias. Entre- 
tanto, mais importante do que a idade do manuscrito em si é a data e o caráter do 
tipo de texto que ele representa, bem como o cuidado revelado pelo copista quando 
produziu o manuscrito. Por exemplo, embora os manuscritos cursivos 33 e 1739 
tenham sido copiados no século nono e décimo respectivamente, ambos preservam 
um tipo de texto alexandrino nas cartas paulinas.
B. A d istr ib u içã o geográ fica dos te s tem u n h o s que ap o ia m a va ria n te : Quando, 
por exemplo, manuscritos de Antioquia (na Síria), Alexandria (no Egito), e da Gá- 
lia (que corresponde à França e Bélgica de nossos dias) concordam em seu apoio 
a determinada leitura, este fato, deixando de lado considerações de outra ordem, 
é mais significativo do que o testemunho de manuscritos que representam apenas 
um centro de produção e distribuição de textos. Entretanto, é preciso ter certeza de 
que manuscritos que estão geograficamente afastados não tenham, de fato, nenhu- 
ma dependência entre si. Por exemplo, a concordância entre testemunhos latinos 
antigos (Ita la ) e siríacos antigos pode ser resultante do fato de que todos foram 
influenciados pelo Diatessarão de Taciano. (Veja “Diatessarão”, pp. xxxiv e xxxv, na 
Introdução a O N ovo T estam en to Grego).
C. O r e la c io n a m e n to g en ea ló g ico e n tre te x to s e fa m í l ia s de m a n u sc r ito s : O 
simples número de m anuscritos que apoiam determ inada variante não prova 
necessariam ente a superioridade daquele texto. Por exem plo, se o texto “a” tem 
o apoio de vinte m anuscritos e o texto “b”, o apoio de um só manuscrito, a re­
21 Bruce M. Metzger, The Text of the New Testament (3a ed.; Oxford: Oxford University Press, 1992), p. 207.
2 2 Para um apanhado geral de estudos mais recentes nesta área, especialmente no que diz respeito ao 
argumento de que a leitura mais breve é a melhor, veja Epp, “Issues in New Testament Textual Criticism”, 
p. 20-34.
lativa vantagem numérica da variante “a” ficaria anulada, caso se descobrisse 
que todos aqueles vinte m anuscritos são cópias de um mesmo manuscrito cujo 
copista criou aquela variante “a”. Num caso assim, é preciso comparar aquele 
um m anuscrito que tem a leitura “b” com o ancestral comum aos vinte manus- 
critos que têm a variante “a”.
D . M a n u scr ito s d evem ser p esados, não con tados: Em outras palavras, o princí- 
pio enunciado no parágrafo anterior precisa de uma formulação mais completa. 
Em passagens onde é fácil identificar o texto ou a leitura original, percebe-se que, 
em geral, alguns manuscritos são dignos de confiança. Esses são os manuscritos 
aos quais deve-se dar maior peso ou valor na hora de resolver problemas textuais 
que envolvem ambiguidade ou cuja solução é incerta ou complicada. Ao mesmo 
tempo, no entanto, visto que o peso relativo dos diferentes tipos de evidência 
não é sempre o mesmo, nunca se pode fazer uma mera avaliação m ecânica da 
evidência textual.
INTRODUÇÃO xxx i
E vidência in te rn a , ligada a dois tipos de probab ilidade:
A . P robab ilidades de transcrição dependem de considerações relacionadas com 
os hábitos dos copistas e com a maneira como as letras eram escritas nos manus- 
critos.
(1) Em geral, deve-se preferir a leitura mais difícil, especialmente se, numa 
leitura superficial, o texto parece não fazer sentido, mas, após um exame mais 
cuidadoso, revela que é de fato o texto correto. (Neste caso, “mais difícil” significa 
“mais difícil para o copista”, que seria tentado a alterar o texto. A maioria das mo- 
dificações feitas pelos copistas se caracteriza por sua superficialidade. E claro que, 
às vezes, se chega num ponto em que a leitura, de tão difícil que á, não pode ser 
original, mas deve ter surgido como resultado de um erro do copista.)
(2) Em geral, deve-se preferir a leitura mais breve, exceção feita a casos em que
(a) pode ter havido erro de observação resultante de “homeoarcton” ou ho- 
meoteleuto (ou seja, em que o copista, diante de palavras que têm a 
mesma sequência de letras no começo ou no final, passou da primeira 
para a segunda e omitiu o texto que ficava entre as duas); ou em que
(b) o copista pode ter omitido material que ele considerou desnecessário, 
ofensivo ou contrário à piedade, ao uso litúrgico ou à prática da ascese.
(3) Visto que copistas tinham a tendência de harmonizar passagens paralelas 
que apresentavam pequenas diferenças entre si, sempre que se trata de passagens 
paralelas (seja citações do AT ou diferentes relatos do mesmo acontecimento ou 
narrativa nos Evangelhos)

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