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A tutela de cognição sumária pode ser de urgência ou da evidência

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1 INTRODUÇÃO
Passados vinte anos, o novo cpc adota um sistema muito simples. Ele unifica o regime, estabelecendo os mesmos requisitos para a concessão da tutela cautelar e da tutela satisfativa (probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo). Ou seja, ainda que permaneça a distinção entre as tutelas, na prática os pressupostos serão iguais. Com efeito, o parágrafo único do art. 294 deixa claro que a tutela de urgência é gênero, o qual inclui as duas espécies (tutela cautelar e tutela antecipada). Já o art. 300 estabelece as mesmas exigências para autorizar a concessão de ambas.
Mas não é só. Além de um regime jurídico único, outra grande vantagem é a dispensa de um processo cautelar autônomo. Com efeito, a Lei nº 13.105 de 2015 permite que as medidas provisórias sejam pleiteadas e deferidas nos autos da ação principal. A regra é clara: após a antecipação ou a liminar cautelar, o autor terá prazo para juntar novos documentos e formular o pedido de tutela definitiva. Ainda que os prazos sejam distintos 15 dias na antecipação e 30 dias na cautelar em ambas as hipóteses o pedido principal será formulado nos mesmos autos, sem necessidade de um novo processo ou do pagamento de novas custas processuais.
Outra novidade relevante é a possibilidade de estabilização da tutela antecipada concedida em caráter antecedente, sempre que não houver impugnação. É o que vem disposto no art. 304. Nesse caso, se a tutela antecipada é concedida mas o réu a ela não se opõe, a decisão se estabiliza e autoriza desde logo a extinção do processo. Trata-se de medida inspirada no référé provision do direito francês, o qual permite que o processo se limite à tutela provisória. Segundo Roger Perrot, muitas vezes a causa se detém nessa fase pois o réu, ciente de que não tem argumentos, nem sequer lhe dá continuidade. E aí lucram todos: o autor que teve o seu pleito atendido e a Justiça que evita um longo processo. De acordo com o CPC de 2015, o réu só poderá rever, reformar ou invalidar a decisão estabilizada através de um novo processo, mediante a propositura de ação autônoma e desde que isso ocorra dentro do prazo de dois anos. Tal decisão, como é natural, não faz coisa julgada diante da inexistência de cognição exauriente. Quanto à estabilidade, dois pontos merecem destaque: a nova ação deverá ter o ônus probatório invertido (o ônus da prova deve permanecer com o autor originário, o qual agora será réu) e a estabilização poderá ser objeto de negociação entre as partes, conforme Enunciado nº 32 da Carta de Belo Horizonte (Forum Permanente de Processualistas Civis): "Além da hipótese prevista no art. 304, é possível a estabilização expressamente negociada da tutela antecipada de urgência satisfativa antecedente".
A tutela de cognição sumária pode ser de urgência ou da evidência. A tutela da evidência apresenta requisitos ligados ao juízo de verossimilhança, ao passo que as tutelas de urgência exigem, além do juízo de verossimilhança, um juízo ligado à urgência.
No NCPC, a tutela de urgência segue subdividida em tutela cautelar e tutela antecipada (satisfativa), mas os requisitos são unificados, nos termos do art. 300. E ambas as tutelas são denominadas tutelas provisórias
A tutela provisória, seja de urgência ou da evidência, conserva sua eficácia na pendência do processo (e, salvo determinação contrária, durante a suspensão do processo), mas pode, a qualquer tempo, ser modificada ou revogada. O objetivo das tutelas provisórias é assegurar ou satisfazer, no todo ou em parte, o direito da parte. Mas, justamente por não serem definitivas, podem e devem ser modificadas ou revogadas ao longo da tramitação do processo, caso a altere-se a situação fático-jurídica justificadora da concessão da medida. Mantém-se a regra insculpida no §4º do art. 273 do CPC de 1973.
DA TUTELA DE URGÊNCIA
Art. 300.  A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressacir os danos que a outra parte pode vir a sofrer; caução pode ser dispensada se a parte econômicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência, de natureza antecipada, não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
O juiz poderá requerer, antes da concessão, uma garantia real, ou seja, uma caução, que no CPC antigo era chamado de contra-cautela, visto que poderia sofrer perdas a parte contrária. Por outro lado, poderá haver dispensa de tal caução, em face da hipossuficiência da parte suplicante.
TUTELA ANTECIPADA
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.
Tutela Antecipada – satisfativo – em caráter antecedente. A tutela de antecipação adaptou-se aos novos anseios da sociedade, que assim fizeram emergir uma nova realidade politico-jurídica que epistemologicamente emergiu-se através da Constitucionalização do Direito, e por quiçá do Direito Processual que modernizou-se, ainda mais no que tange as suas tutelas, tendo como fito a necessidade de uma cognição exauriente para com as angustias e lamurias litigiosas que se impõe pela complexidade das derradeiras relações sociais. Haja vista, que a cognição exauriente deve assim respeitar a legalidade constitucional (exemplo disso é o artigo 1º do CPC) que faz surgir um processo justo que respeita o contraditório como direito fundamental, assim como a amplitude de defesa, e para isso ocorrer o acesso irrestrito à justiça é um dos elementos mais peculiares para com os angustiosos anseios constitucionais
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE
Art. 305.  A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Parágrafo único.  Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303.
O autor deverá indicar a lide e seu fundamento, exposição sumária dos argumentos jurídicos e o perigo de dano ou risco útil do processo.
É dizer, a tutela cautelar continua fundada na urgência da medida, exigindo-se a demonstração de perigo de dano ou risco à utilidade do processo, diferençando-se, neste ponto, da tutela antecipada que também pode ser fundamentada na evidência.
Tutela cautelar. Esta constituirá uma providencia de proteção do próprio processo, para assegurar a eficácia da decisão final sobre o direito material, mas não uma medida de acolhimento do pedido principal. Visa tal tutela assegurar a eficácia da decisão final do processo principal, mas nunca tem o mesmo conteúdo do acolhimento do pedido principal, porque não se destina a antecipá-lo, mas a assegurar a eficácia. 
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA Art. 311.   
A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; ESA - OAB/RS 251 IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficientedos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
Perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo 
Tutela de Evidencia (tutela sumária). Constitui uma tendência de evolução das tutelas diferenciadas, caracterizada pelo afastamento da necessidade de urgência para aproximar-se da evidencia, como um passo a mais do fumus boni iuris. Por essa evolução, tende-se a tutela os direitos de quem pede o provimento somente pela sua provável existência, já sendo possível verificar a progressiva saída da tutela antecipada do âmbito da tutela de urgência para direcioná-la também ao da tutela da mera evidência. Se desprovida da urgência vem a apresentar avanço inexorável na busca pela efetividade da prestação jurisdiciona
CONCLUSÃO
O presente trabalho realizou uma análise geral das tutelas de urgência no ordenamento jurídico brasileiro que é concedida a determinadas partes para garantir a efetividade da jurisdição em face do caráter urgente e cautelar, devendo ser aqui ressaltado que para alguns casos, tal medidas persistem mesmo até a sentença que a torna definitiva.
As tutelas de urgência, cautelar ou antecipada, são feitas dentro do próprio processo principal de forma incidente ou antecipada, não existindo mais artigos específicos com requisitos das cautelares típicas.
O procedimento foi simplificado principalmente para as tutelas cautelares que não são mais autônomas e dependentes do processo principal. Os recursos cabíveis continuam sendo o agravo de instrumento e a apelação.
Sendo assim resumindo –se a medida cautelar é para preservar o direito. Ela é para garantir a eficácia do processo, e são seus pressupostos o fumus boni iuris (tem uma "aparência" de que eixste um direito subjetivo da parte que a pede), e o periculum in mora (que pode haver o risco de um dano grave ou de difícil reparação).
Já a tutela antecipada, é uma tutela dita "Satisfativa", pois ela antecipa os efeitos práticos da sentença. Isso quer dizer que é como se o juiz antecipadamente julgasse o mérito da causa (mas não confunda com julgamento antecipado da lide). Por isso ela exige requisitos mais "substanciosos" do que a medida cautelar.
Na tutela antecipada, é preciso que a prova de seu direito seja "inequívoca" (ou seja, a prova tem que ser cabal, muito forte), e a verossimilhança dos fatos alegados (ou seja, uma grande probabilidade de que as alegações sejam verdadeiras), além do próprio fumus boni iuris e periculum in mora.
Ou seja, A tutela antecipada precisa de que o juiz esteja bastante convencido de que a parte tem razão em seu pleito. No entanto, essa tutela pode ser revertida, por isso não se confunde com julgamento antecipado.

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