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Caderno de Direito Civil I - Obrigações

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Contrato gera obrigação. Nós celebramos contratos todos os dias (por escrito, verbalmente ou tacitamente). E esses contratos geram obrigações, que normalmente se extinguem rapidamente. Ato ilícito também gera obrigações.
Teoria Geral das Obrigações
Obrigação: espécie de relação jurídica, que tem de um lado o devedor, do outro lado o credor, e, como objeto, a prestação. O vínculo entre devedor e credor é patrimonial.
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Bibliografia
Sugestões:
Flávio Tartuce
Nelson Rosenvald
Carlos Roberto Gonçalves
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3 provas de 30 ptos
10 ptos de trabalhos feitos em sala de aula
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Prescrição
Evolução histórica -> a prescrição nasceu no direito romano; a ideia da prescrição surgiu no período do processo formular. O praetor criava actio (ação). Naquele período, não se conhecia o que era direito subjetivo (possibilidade de pretender alguma coisa de forma garantida pelo nosso ordenamento jurídico). Eles somente poderiam tutelar seus interesses caso fossem os titulares de ações (actioes). A lei estabelecia as ações, estas que não tinham prazo para serem exercidas. As ações legais eram insuficientes para atender as necessidades das pessoas. Daí o advento do poder do magistrado de criar ações, por meio de fórmulas, como se fossem um documento. Logo no início da fórmula havia um prazo, dentro do qual a ação deveria ser exercida. Caso a pessoa não exercesse a ação dentro do prazo, ela perdia a actio. Foi aí que nasceu o termo prescrição. Ela passou a ser entendida como a perda do direito de ação pela inércia do seu titular.
Prae -> no começo, no início
Scriptio -> escrito
Algo como está escrito no início.
Hoje, o termo prescrição não pode ser entendido como perda do direito de ação. Isso aconteceu a partir do estudo de processualistas modernos, que se detiveram sobre o direito de ação e perceberam que ninguém o perde.
Direito de ação é o direito de invocar a tutela jurisdicional, que é exercido pelo Estado (Poder Judiciário).
Justiça privada -> na época que o poder estatal era fraco, insipiente, o que valia era a justiça pelas próprias mãos. Foi exatamente nesse período que surgiu a lei do talião. Houve a delimitação da justiça privada, mas ainda privilegiava os mais fortes. O Estado foi, ao longo do tempo, chamando para si a função jurisdicional, e, assim, proibiu a justiça pelas próprias mãos, exceto em situações excepcionais. Dessa maneira, ele reconheceu a nós o direito de ação, que é o direito de invocar a tutela jurisdicional (a atuação do Estado).
É um direito totalmente independente, autônomo do direito subjetivo, que se pretende ver tutelado. Ainda que eu não seja tutelado por nenhum direito subjetivo, eu ainda exercerei o meu direito de ação.
Direito de ação não é o direito a uma sentença favorável, é tão somente o direito de invocar a tutela jurisdicional.
Se prescrição não pode ser entendida como perda do direito de ação, surgiram algumas teorias a respeito.
Teorias
- A prescrição implica a perda da pretensão. A pretensão é o poder de fazer valer um direito subjetivo violado.
A pretensão nasce no momento em que um direito subjetivo é violado. É o poder de fazer valer meu direito subjetivo violado. Violado o direito, nasce para o titular desse direito o poder de fazê-lo valer, mediante atuação do Estado. A pretensão se extingue após a prescrição.
Se o devedor não cumprir o débito ao credor, surge o elemento responsabilidade. Ela é uma garantia de cumprimento do débito. O devedor responde patrimonialmente.
Sempre que ocorre a prescrição, há a perda do elemento responsabilidade. Ele ainda possui o debito, mas não responde mais por isso, vez que o credor não o cobrou no determinado prazo.
Perda da responsabilidade é na perspectiva do devedor, enquanto perda da pretensão é na perspectiva do credor.
Havendo a prescrição, o sujeito não possui mais o poder de fazer valer o direito violado.
Em linhas gerais, o entendimento que predomina é a prescrição como a perda da pretensão.
Requisitos
- violação a um direito
- o decurso de um determinado prazo (requisito temporal)
- a inércia (=não exercício da pretensão) do titular do direito durante todo o lapso temporal
- ausência de condições ou causas impeditivas, suspensivas e interruptivas (requisito negativo).
* causa impeditiva -> que impede o prazo de começar a correr; o prazo sequer tem início.
* causa suspensiva -> que paralisa um prazo já em curso; se eventualmente ela desaparecer, o prazo recomeça de onde parou; as causas suspensivas podem paralisar o prazo prescricional inúmeras vezes.
* causa interruptiva -> que paralisa um prazo já em curso; mas voltando o prazo a correr, ele recomeça do zero; a interrupção da prescrição só pode ocorrer UMA vez.
Das causas que impedem ou suspendem a prescrição
Se a causa surgir não tendo prazo ainda iniciado, ela é impeditiva.
Se o prazo já teve início, ela é suspensiva.
I - Não corre prescrição entre cônjuges na sociedade conjugal. -> causa impeditiva
União estável -> união livre entre homem e mulher com objetivo de constituir família.
II - Não corre prescrição entre ascendente e descendente durante o poder familiar.
Poder familiar -> poder, dever de decidir todas questões relacionadas aos filhos; esse poder cessa, em regra, quando o filho atinge a maioridade.
III - não corre a prescrição entre tutor e tutelado, curador e curatelado enquanto durar a tutela e a curatela.
Os 2 institutos visam a proteção de incapazes. Tutela é para menor de idade, enquanto a curatela é para o maior de 18 anos.
Art.198 
I - Não corre a prescrição contra os incapazes previstos no art.3.
São os absolutamente incapazes, que necessitam de representantes. Porém, a prescrição a favor corre.
II - também não corre a prescrição contra aqueles que estiverem no estrangeiro a serviço público da União, dos municípios, etc.
III - também nao corre a prescrição contra para aqueles que se acharem servindo as forças armadas em tempo de guerra.
Art.199 
I - também não corre a prescrição se estiver pendente uma condição suspensiva
II - também não corre a prescrição se a dívida ainda não estiver vencida
III - também nao corre a prescrição pendendo ação de evicção.
evicção -> perda do bem em virtude de uma decisão judicial
Art.200
Também não corre a prescrição enquanto não houver o trânsito em julgado da sentença penal sempre que o fato tiver de ser apurado também no juízo criminal
O fato de não correr o prazo não quer dizer que a pessoa não possa ajuizar a ação.
Das causas interruptivas
Só poder ocorrer UMA vez
Art.202 - a interrupção da prescrição se dará por despacho do juiz, ainda que incompetente, que ordene a citação desde que ela seja promovida dentro do prazo e na forma previstas pela lei processual.
Despacho -> é uma decisão judicial que dá andamento ao processo. Neste caso, é o despacho que ordene a citação. A citação é um ato processual que dá ciência ao réu que está sendo movida contra ele uma ação, e que o diz que ele pode se defender.
É na data que a ação é proposta, DESDE que tenha o despacho do juiz, que ordene a citação e ela deve ser promovida na forma e na lei processual. Aí sim, interrompe e retroage para a data da propositura da ação.
Protesto -> instrumento que é utilizado para caracterizar a mora do devedor, forçando-o ao adimplemento do devedor.
Duas formas de protesto:
- protesto cambial -> aquele revisado por cartório
- protesto judicial -> juiz dá um despacho para o devedor pagar, com pena de ter restrições se não cumprir
Ambos protestos interrompem a prescrição.
Apresentação de título de crédito do juízo de inventário ou concurso de credores.
Toda vez que alguém morre, seus bens são inventariados para que depois haja uma divisão entre os herdeiros. O juízo de inventário se dá, normalmente, por meio de ação. Assim, ao apresentar o título de crédito ao juízo de inventário, interrompe-se a prescrição.
Concurso de credores -> toda vez que os credores se reúnem para partilharo patrimônio do devedor entre eles. Toda vez que alguém habilitar seu crédito, ficará interrompida a prescrição.
Também haverá interrupção da prescrição por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. A própria citação constitui em mora o devedor.
Mora -> atraso injustificado no cumprimento da pagamento
Qualquer ato inequívoco do devedor (tanto judicial quanto extrajudicial) que importe em reconhecimento de direito por parte do credor
Ex: Reconhecimento de dívida -> parte do devedor; ainda que feito extrajudicialmente, interrompe a prescrição.
Prazos prescricionais
Prescrição pressupõe tempo. Mas que tempo é esse? Ele pode variar
Prazo geral -> previsto no Art.205; 10 anos; aplicado por exclusão; se aquela situação não se encaixar numa situação já definida, aplica-se o prazo geral.
Prazos especiais -> previstos no art.206; variam de 1 a 5 anos
* prescreve em 1 ano a pretensão dos hoteis, pousadas, albergues, restaurantes, bares para cobrar aquilo que for consumido lá. Da mesma forma a pretensão do segurado em face da seguradora, e vice-versa.
* prescreve em 2 anos a pretensão para cobrança de dívidas alimentícias vencidas e não pagas. Para se pleitear a fixação de alimentos não há prazo.
* prescreve em 3 anos a pretensão para cobrança de aluguéis de prédios urbanos ou rústicos. Prédio significa imóvel. Prédio rústico é imóvel rural.
Prescreve em 3 anos a pretensão de reparação civil. Ela pode se dar numa relação de consumo, regida pelo CDC. Nesse caso, há um prazo distinto. O prazo é de 5 anos, e será aplicado sempre que houver um acidente de consumo, numa relação de consumo. Pressupõe um fornecedor e um consumidor. Fornecedor é aquele que se dedica habitualmente à comercialização, fabricação, produção, importação de serviços ou produtos. Consumidor é o destinatário final desses produtos ou serviços.
* prescreve em 4 anos a pretensão do tutelado em face do tutor contados a partir da data da aprovação das contas.
* prescreve em 5 anos a pretensão para cobrança de dívidas líquidas, previstas em instrumento público ou particular.
Regra de transição -> art.2028; serão os da lei anterior os prazos toda vez que na data da entrada em vigor do código tiver transcorrido mais da metade. 11 de janeiro de 2003 -> entrada em vigor do Código Civil/02. O prazo da lei nova é aplicado por inteiro, para não prejudicar.
Decadência -> a perda do próprio direito pela inércia do seu titular.
Diferenças -> a decadência extingue o direito, enquanto a prescrição extingue a pretensão (poder de fazer valer o direito violado). 
Uma vez consumada a prescrição, o devedor poderá perfeitamente renuncia-la (abrir mão), expressa ou tacitamente. Já a decadência, sendo fixada em lei, muda totalmente de figura. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.
Prazo decadencial é fatal, em via de regra. Uma exceção é que não corre a decadência contra os absolutamente incapazes. As causas que suspendem, interrompem ou suspendem os prazos prescricionais, salvo disposição em contrário, não se aplicam à decadência.
Prazos prescricionais estão todos previstos nos art.205 e 206, de sorte que, se encontrarmos um prazo em outra parte do código, ele será decadencial.
Havia uma diferença entre prescrição e decadência que acabou desaparecendo.
De ofício, sem ser provocado, era necessário reconhecer se favorecesse o absolutamente incapaz.
Deve o juiz conhecer de ofício a decadência conhecida em lei.
Hoje, independente a quem favoreça, o juiz pode conhecer da prescrição, enquanto na decadência, ele deve reconhecer.
Prescrição pressupõe uma violação de direito, cabendo posterior pretensão.
Direito potestativo não está sujeito à violação. Potestativo vem de potestas, que é poder. Trata-se de uma prerrogativa de interferir na esfera jurídica de alguém sem esta poder se sujeitar. Se ele não está sujeito à violação, não nasce pretensão, não cabendo falar em prescrição.
Estando diante de direito potestativo, fala-se em decadência.
Prescrição diz respeito a direito subjetivo, passível de ser violado.
Espécies de decadência
Dois tipos de decadência:
- legal-> aquela que está fixada em lei; estabelece um prazo para o exercício de um direito. É nula a renúncia de decadência legal. Deve o juiz conhecer a decadência fixada em lei (decadência legal)
- convencional -> fruto de um acordo, uma convenção entre as partes. É perfeitamente possível renunciar a decadência convencional. Para ele reconhecer a convencional, ele precisa de uma alegação, ele não pode conhecer de ofício.
Teoria geral das obrigações
Conceito de obrigação -> conceito técnico, não se confunde com o conceito usual de obrigação (dever); obrigação tem um significado mais abrangente nesta disciplina.
Evolução histórica -> começa em Roma; já se tinha uma ideia de obrigação que se aproximava muito da atual; em Roma, falava-se de obrigação como um vínculo entre devedor e credor tendo por objeto uma prestação de dar, fazer e não fazer. Essa ideia de obrigação chegou até nós, mas ela mudou. Era um vínculo pessoal, um vínculo que ligava a pessoa do devedor à pessoa do credor. Isso tinha 2 consequências práticas muito importantes: (1) em virtude da pessoalidade, a responsabilidade também era pessoal, o que significa que quando o devedor não cumpria o seu débito, ele respondia com seu próprio corpo. (2) uma outra consequência era a impossibilidade de as partes, tanto devedor como credor, transmitirem sua condição para uma terceira pessoa, parte estranha à relação obrigacional. 
2 pontos muito importantes:
1) o devedor era visto apenas como sujeito de deveres, enquanto o credor era titular apenas de direitos. Isso significa que a obrigação era vista de uma forma muito clara: um titular de direitos (credor) e um titular de deveres (devedor).
2) a obrigação era vista como um fenômeno essencialmente estático, que não passava por transformações. Nasce e se extingue tal como nasceu, porquanto o devedor não poderia passar seu débito, nem o credor passar seu crédito.
Conceito de obrigação em Roma: vínculo pessoal e estático entre devedor e credor, no qual o primeiro é sujeito apenas de deveres, enquanto o segundo apenas titular de direitos, tendo por objeto uma prestação de dar, fazer e não fazer.
O vínculo, que era pessoal, passou a ser patrimonial, o que significa que o patrimônio do devedor está vinculado ao patrimônio do credor. A responsabilidade, que era pessoal, passou a ser patrimonial, o que significa que o devedor não responde mais com seu corpo, mas sim com seu patrimônio, com seus bens, presentes e futuros.
A possibilidade de haver mudança em qualquer um dos polos da obrigação. O credor pode transmitir seu crédito, enquanto o devedor pode transferir seu débito para outra. Crédito compõe meu patrimônio.
Outra mudança importante, mais recente: a dignidade do devedor não pode ser comprometida pelo credor (por isso há o bem de família, por exemplo). Dessa forma, o devedor responde com seus bens, mas não todos.
Função social -> harmonização dos interesses do grupo social com os meus interesses. O titular do direito não pode exceder manifestamente o seu direito. O credor é titular do direito, mas ele não pode exercer do jeito que ele quiser. Ele tem de levar em conta os interesses do devedor e do grupo social.
Boa fé objetiva -> norma de conduta que obriga a um justo proceder, ou seja, norma com alto caráter ético. Dessa norma de conduta, nascem alguns deveres: dever de lealdade, dever de informação, dever de cooperação. São todos deveres decorrentes da boa fé objetiva. Vale tanto para o credor quanto para o devedor, ou seja, atribui direitos ao devedor. 
Hoje, tanto devedor quanto credor são sujeitos de direitos e deveres (como, p/ex, a boa fé objetiva e a função social).
A quem cabe a prestação obrigacional? É o devedor
A interesse de quem a prestação será realizada? É o credor
Essas mudanças implicaram duas consequências: 
1) obrigação hoje é uma relação (vínculo é só uma parte da relação)
2) se antes nós tínhamosum vínculo estático, hoje temos uma relação essencialmente dinâmica, pois a todo tempo ela está se renovando. Alguns autores costumam falar de um processo, essencialmente dinâmico, que caracterizaria a relação obrigacional.
Definição de obrigação atual -> é uma relação de caráter patrimonial, essencialmente dinâmica, entre devedor e credor, na qual ambos são sujeitos de direitos e de deveres, tendo por objeto uma prestação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa.
Boa fé subjetiva -> revela o desconhecimento (a ignorância).
Elementos:
Elemento subjetivo -> tem uma característica importante; será sempre duplo; sujeito ativo e passivo; credor e devedor. São 2 partes, que podem ser compostas por várias pessoas cada uma.
Elemento objetivo -> é o objeto da obrigação, e é sempre uma prestação (comportamento), que pode ser de dar, fazer ou não fazer. É sempre um comportamento. Alguns distinguem objeto mediato e imediato. Objeto imediato é a prestação, enquanto objeto mediato é o bem por meio da qual a prestação será realizada. Nem todos doutrinadores trabalham com essa distinção. Para os que não diferenciam, o elemento objetivo é uma prestação.
Elemento imaterial -> o vínculo que liga o devedor ao credor é chamado de elemento imaterial; aquilo que é intangível, imperceptível pelos sentidos; normalmente, dentro desse vínculo, podemos encontrar um elemento chamado de débito. O débito é exatamente o dever do devedor de realizar a prestação obrigacional, no interesse do credor. Todo dever se contrapõe a um direito (são 2 faces da mesma moeda). O credor tem o direito de exigir essa prestação do devedor, e este direito é conhecido como crédito. Ao lado do débito também se identifica outro elemento, chamado de responsabilidade, que é a garantia que visa assegurar o cumprimento do débito. Hoje, o que assegura isso é o patrimônio. Quando o débito é descumprido, essa garantia se efetiva.
Existem relações obrigacionais que não possuem débito, crédito ou responsabilidade. Têm caráter excepcional.
Um exemplo de relação obrigacional sem responsabilidade -> dívida prescrita (existe apenas o débito)
Um exemplo de relação obrigacional com apenas responsabilidade (sem débito) -> fiança
fiança (D-C-F) -> espécie de contrato, que visa assegurar o cumprimento de outra obrigação (um contrato acessório); nesta relação entre fiador e credor, só há responsabilidade, pois se o fiador pagar o credor, ele vai poder cobrar regressivamente em face do devedor.
Pode haver também um direito potestativo, que é a prerrogativa de interferir na esfera jurídica de outra pessoa sem que ela possa fazer outra coisa, a não ser se sujeitar. Não pode ser violado. Ex: numa compra e venda feita fora do estabelecimento, o comprador pode devolver o produto em até 7 dias.
Há também a figura do ônus, que não se confunde com dever. Tanto dever como ônus correspondem à necessidade de fazer alguma coisa. Enquanto no dever se faz alguma coisa no interesse de outra pessoa, no ônus se faz alguma coisa no próprio interesse. Ninguém pode obrigar alguém a se desincumbir de seu ônus.
Ônus e dever juntos -> para se manter uma garantia de 3 anos do carro comprado, deve-se fazer revisões do carro. Essas revisões são ônus do devedor.
Fontes das obrigações -> como que as obrigações nascem; dizem respeito ao nascimento das relações obrigacionais.
Em Roma, inicialmente:
- contrato -> ato humano lícito, proveniente de um acordo de vontades.
- delito -> aquele ato contrário ao ordenamento jurídico que, ao causar dano, gera o dever de indenizar. Hoje é conhecido como ato ilícito.
Com o passar do tempo, os romanos viram que essas 2 fontes não eram suficientes.
- quase contrato -> seria exatamente aquele ato humano lícito, não proveniente de um acordo de vontades, mas também capaz de gerar uma obrigação. 
Ex: gestão de negócios (se aproxima do mandato, um contrato, que tem como instrumento uma procuração; outorga de poderes a um mandatário);
gestão de negócios: sempre que alguém, embora não esteja munido de poderes para tanto, assume a defesa de interesse alheio.
- quase delito -> expressão utilizada para aqueles hipóteses que hoje se aproximam da responsabilidade objetiva, que ocorre quando, embora não aja a prática de um ato ilícito, há o dever de indenizar em virtude do dano causado à vítima.
Com o tempo:
Quase contrato = declaração unilateral de vontade
Delito = ato ilícito doloso
Quase delito= ato ilícito culposo
Ou seja, o ato ilícito engloba tanto delito quanto quase delito.
No CC/16 há 3 fontes: contrato, declaração unilateral de vontade e ato ilícito.
Pai tem obrigação para com seu filho. Qual é a fonte? Alguns doutrinadores, diante desta situação e de outras, apontam uma quarta fonte: lei. A lei também é capaz de gerar obrigações. 
Outra corrente, com grande abrangência hodiernamente, aponta para outra coisa: que toda obrigação nasce de um fato jurídico. Fato jurídico é um fato regulado pelo ordenamento jurídico e que cria, modifica ou extingue direitos e deveres. Fatos regulados pelo direito são os relevantes para a nossa vida em sociedade.
Legislador cria uma norma que vai regular um fato ("se F é, C deve ser"). No momento que o fato se concretiza, há incidência da norma. A norma jurídica, por si só, não gera absolutamente nada.
Fato jurídico em sentido estrito -> acontecimento natural capaz de produzir efeitos no mundo jurídico. Também pode produzir obrigações. Ex: art. 1251 CC/2002.
Responsabilidade
Era pessoal, e hoje é patrimonial, como regra geral. Essa mudança foi gradual, até chegar nos dias de hoje. 
Inicialmente, a responsabilidade era pessoal, até porque o vínculo era pessoal (ligação entre credor e devedor). Aos poucos isso foi mudando.
Um marco importante foi no séc. II a.C, com o advento da lex poetelia papiria. Ela foi importante porque proibiu não só a escravização do devedor, mas também a sua morte e o seu tratamento de forma cruel ou degradante. Houve sem dúvida um avanço, mas a responsabilidade ainda não era patrimonial, pois ele ainda era posto a serviço do credor, pelo tempo necessário para satisfazer o direito de crédito do credor.
A responsabilidade passa a ser patrimonial no começo da era cristã. Isso ocorreu no momento em que o praetor romano (magistrado) passou a adotar um procedimento que já era adotado pelos funcionários do Estado para cobrança de tributos. Sempre que uma pessoa deixasse de pagar um tributo, o funcionário do Estado se colocava na posse dos bens do devedor e os vendia. Do valor obtido, ele pegava uma parte e passava pro erário público (Estado).
O praetor estendeu esse procedimento para todas as cobranças. Na prática, o credor procurava o magistrado, não para pedir aue o devedor fosse posto a seu serviço, mas para que ele o colocasse na posse dos bens do devedor. Caso o praetor deferisse, o processo parava por um tempo, para que outros credores tivessem satisfeitos seu direito de crédito. Em seguida, um funcionário do estado vendia os bens, e do valor vendido o credor conseguia satisfazer seu direito de crédito. Aí sim a responsabilidade passou a ser patrimonial.
Só que havia alguns inconvenientes: a execução caia sobre todo patrimônio do devedor; mesmo que dívida fosse pequena, ele tinha todo seu patrimônio comprometido. Do valor obtido uma parte iria pro credor, mas uma parte iria pro devedor. Mesmo assim, gerava um prejuízo grande pro devedor. Esse inconveniente perdurou até o século II  d.C, quando a execução (universal) passou a recair apenas sobre aquela parcela do patrimônio absolutamente necessária para a satisfação do título de crédito do credor. Assim, a execução ocorria da forma menos onerosa para o devedor.
Ainda havia um inconveniente: a execução sempre culminava em uma indenização pelas perdas e danos, ou seja, o credor sempre recebia um determinado valor. Não havia, até então, a possibilidade da execução específica, que era aquela que recai especificamente sobre a prestação devida. Ela somente surgiu no final do alto império (finaldo século III).
Nos dias de hoje, a responsabilidade é, como regra, patrimonial. A execução deve ocorrer da forma menos onerosa possível para o devedor (é um princípio). 
Excesso de penhora -> o devedor pode alegar excesso de penhora quando a execução ocorre de uma forma mais onerosa que a necessária;
Penhora é uma medida judicial que consiste em ir lá no patrimônio do devedor e buscar bens para assegurar o direito de crédito do devedor.
Admite-se, também, a execução específica, aquela que cai sobre a prestação devida. Mas não é em toda obrigação que ela é cabível. Ela é normalmente cabível quando a prestação é dar. Em se tratando de bem imóvel, chama-se imissão na posse. Em bem móvel, chama-se busca e apreensão.
Há alguma exceção (em que a responsabilidade é pessoal)? Não cabe a prisão civil por dívida, SALVO do devedor de alimentos e do chamado depositário infiel (art.5°, LXVII).
Devedor de alimentos -> responsabilidade patrimonial e pessoal; a execução pode se seguir de 2 formas: 
1) execução sob pena de penhora
2) execução sob pena de prisão -> pode recair sobre até as últimas 3 parcelas; as prestações anteriores recaem sob pena de penhora.
devedor voluntário e inescusável -> devedor sem justificativa nenhuma para pagar. 
Na prática, mesmo se não tiver capacidade para pagar, ocorre a prisão.
Para não ir para a prisão, o devedor deve pagar tudo.
É prisão civil, é apenas um mecanismo para forçar o devedor a pagar a prestação. Uma vez cumprida a obrigação, o devedor é posto imediatamente em liberdade. A prisão pode durar até 90 dias, mas a lei de alimentos preceitua 60 dias.
O fato de cumprir a prisão não significa que a dívida estará perdoada. Se ele cumprir e não pagar, ele estará devendo ainda.
Execução sob pena de penhora -> a impenhorabilidade do bem de familia possui exceções, e esta é uma delas. O bem de família pode ser penhorado sob pena de penhora.
Depositário infiel -> pessoa que recebe um determinado bem, para guardá-lo e conservá-lo. Não recebe o bem para usar, mas sim para guardar (deixar meu carro no estacionamento, por exemplo). Se o depositário se recusar a devolver o bem, ele se torna um depositário infiel, e pode ser preso.
Alienação fiduciária em garantia -> um exemplo é a compra de carro por meio de instituição financeira, transferindo a propriedade do carro para o banco até o pagamento da dívida. A lei que regula a alienação fiduciária em garantia dizia que se o devedor não cumprisse a obrigação e se recusasse a entregar, ele passava a ser considerado como depositário infiel e podia ser preso. Isso foi objeto de grande discussão. 
Em 1969, o Brasil se tornou signatário do Pacto de São José da Costa Rica, que não admitia a prisão do depositário infiel. Ele foi ratificado no começo da década de 90. Teria o Pacto derrogado o art.5 LXVII? O pacto tem o mesmo nível hierárquico que a Constituição?
**Pesquisa jurisprudencial e doutrinária sobre possibilidade de prisão do depositário infiel.
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Diferenças entre direito de crédito e direitos reais
Direito de crédito: faz-se presente em toda e qualquer relação obrigacional; é o direito que tem o credor de exigir o cumprimento da prestação obrigacional; contrapõe-se ao chamado débito (dever que possui o devedor de realizar a prestação devida). Se o devedor não realizá-la, ele responde com seu patrimônio.
Direitos reais: são aqueles que incidem diretamente sobre um determinado bem, atribuindo ao seu titular o poder de usar, dispor ou reivindica-lo. O direito de propriedade é indiscutivelmente uma espécie do gênero direitos reais. Outros exemplos: direitos reais de garantia (hipoteca, penhor), direito real de uso (usufruto,...).
Contrato (de compra e venda, p/ex) por si só não é suficiente para gerar direito de propriedade. Ele gera direito de crédito. Se for um bem móvel, a transferência da propriedade se dará por meio da tradição, que pode ser real, simbólica ou ficta. Real é quando o objeto é entregue diretamente ao comprador, que se torna seu novo proprietário. Simbólica quando se entrega algo que o simboliza. Ficta quando se dá por meio de uma ficção jurídica. Se for um bem imóvel, a tradição se dá pelo registro (Cartório de Notas - escritura - e Cartório de Registro de Imóveis - registro). 
Ou seja, normalmente o direito real nasce do direito de crédito.
Mas nem sempre o direito real nasce do direito de crédito (usucapião é um exemplo).
Primeira diferença: o objeto do direito de crédito (da obrigação) é a prestação de dar, fazer ou não fazer. O objeto dos direitos reais é sempre um bem (móvel ou imóvel).
Segunda diferença: os direitos reais são direitos absolutos (podem se opor a todos - erga omnes), enquanto o direito de crédito é relativo (é oponível apenas inter partes - entre credor e devedor).
Terceira diferença: o direito de crédito sempre pressupõe uma relação entre um sujeito ativo determinado e um sujeito passivo determinado ou determinável. Nos direitos reais ocorre a mesma coisa que nos direitos de personalidade: sujeito ativo determinado e sujeito passivo universal (toda a coletividade). Há doutrinadores ainda que acham que a relação é entre sujeito ativo e o próprio objeto.
Hoje prevalece que o sujeito ativo é também dotado de deveres (função social, por exemplo)
Quarta diferença: o chamado poder de sequela; é um poder que só existe nos chamados direitos reais; ele não existe no direito de crédito. É o poder de perseguir e reaver o bem onde quer que ele esteja.
Se a promessa de compra e venda for irretratável (que não dá para voltar atrás) e averbada no Cartório de registro de imóveis (ou seja, registrada), dá origem a um direito real de aquisição. Se é direito real, há poder de sequela.
Quinta diferença: o direito real é exercido independentemente da cooperação de quem quer que seja. Por sua vez, o direito de crédito pressupõe sempre a cooperação da outra parte para ser exercido.
Sexta diferença: o direito de crédito é um direito transitório por sua natureza, ou seja, já nasce com objetivo de se extinguir. O mesmo não ocorre com os direitos reais: eles tendem à permanência (mas não permanentes).
Trabalho 16/03 
Prova 18/03
Obrigação propter rem -> é uma obrigação que vincula uma determinada pessoa pelo fato dela ser titular de uma coisa;
Propter rem = em razão de uma coisa
Ex.: IPTU só existe pelo fato da pessoa ser proprietária de um imóvel urbano.
A obrigação propter rem só se transfere com a transferência da titularidade da coisa (ela está sempre ligada a uma coisa). Ela está sempre atrelada a uma coisa. O adquirente de um imóvel, por exemplo, não pode alegar que a dívida decorrente do imóvel (IPTU, taxa condominial, p/ex) foi contraída pelo antigo proprietário, pois a obrigação propter rem (imposto, no caso) se vincula a coisa. Neste caso, ele terá de pagar a dívida, mas poderá (poderá, não é certeza de que irá receber) cobrar regressivamente do antigo proprietário. O pagamento de tributos incidentes sobre o imóvel é uma das exceções da impenhorabilidade.
A natureza jurídica da obrigação propter rem é, de acordo com a visão majoritária, que ela está num meio termo entre o direito de crédito e os chamados direitos reais. Ela apresenta características tanto de direitos reais tanto de direito de crédito. O fato de estar atrelada ao bem a faz se aproximar dos direitos reais. O objeto é sempre uma prestação (um comportamento), o que é uma característica de direito de crédito. Enfim, a obrigação propter rem tem natureza híbrida, isto é, esta num meio termo entre direito real e direito de crédito.
Classificação das obrigações
Quanto à exibilidade:
Obrigação natural -> obrigação natural é uma obrigação judicialmente inexigível, ou seja, é uma obrigação cujo cumprimento não pode ser demandado judicialmente pelo credor. Por mais que o devedor tenha o débito, o credor não pode dele demandar judicialmente. Falta-lhe responsabilidade (ele não responde patrimonialmente).
Ex.: 
* dívida prescrita; se houve a prescrição, não há mais responsabilidadepor parte do devedor. Assim, não há pretensão para o credor.
* dívida proveniente de jogo ou aposta; 
os jogos regulamentados pelo Estado (Megasena, loteria, etc) dão origem a uma obrigação comum, obrigação civil. Porém, existem jogos e apostas que não estão regulamentados pelo Estado, alguns até são ilícitos (jogo do bicho, p/ex). Os jogos não regulamentados, sejam ilícitos ou não, dão origem a uma obrigação natural, em que não se pode cobrar do devedor.
Qual é a natureza da obrigação natural?
O direito é coercível, a moral não; o direito é exigível. Se a obrigação natural é inexigível, ela é uma obrigação meramente moral.
Porém, o entendimento que prevalece na prática é que ela é também uma obrigação jurídica imperfeita, pois falta o elemento responsabilidade. Porém, há o débito. Sempre que o devedor voluntariamente realizar a prestação, o credor poderá retê-la (pois existe o dever de pagar).
Quanto ao objeto: 
Obrigação de dar -> o objeto é sempre a prestação, que pode ser de dar, fazer ou não fazer algo. Toda e qualquer prestação pode se distinguir nesta classificação.
Obrigação de dar: é aquela pressupõe uma prestação consistente na entrega (compra e venda) ou restituição (empréstimo) de alguma coisa. 
Entrega de algo -> a coisa inicialmente pertence ao devedor, com posterior entrega da coisa ao credor após a tradição.
Restituição de algo -> a coisa não pertence ao devedor, e sim ao credor. Ele deve restituir a coisa ao seu dono. A coisa pertence ao credor.
* Obrigação de dar coisa certa -> é aquela que recai sobre um objeto que já está completamente individualizado, ou seja, um objeto que se distingue de todos os demais por suas próprias características. Ex: compra e venda de um carro já totalmente individualizado (usado).
O credor não será obrigado a receber outra prestação que não a devida, ainda que mais valiosa. Agora, se o devedor quiser realizar uma prestação distinta e o credor anuir, isso está em conformidade com a lei. (dação em pagamento).
O devedor, da mesma forma, não pode ser obrigado a realizar prestação distinta, mesmo que seja menos valiosa.
* Acessórios (art.233) -> seguem a sorte do principal; a obrigação de dar coisa certa abrange os seus acessórios, ainda que não mencionados, salvo quando há disposição em contrário. Ex: venda de uma fazenda compreende também tudo que está dentro da fazenda, como os frutos que crescem lá.
* Pertença -> constitui uma pertença tudo aquilo que não é parte integrante do bem mas que foi posto em caráter duradouro a seu serviço ou para seu embelezamento. Ex: a capinha do celular não é parte integrante do celular, mas é posta em caráter duradouro a serviço do celular.
A regra aqui é inversa: a de que, a princípio, a pertença não seguirá a sorte do principal, a não ser que o negócio jurídico pactue o contrário.
* Impossibilidade da prestação -> devido à destruição ou perecimento da coisa; 
Houve culpa? Utiliza-se o termo em sentido amplo; abrange o dolo e a culpa em sentido estrito. No dolo há vontade de destruir a coisa, enquanto na culpa é a inobservância do devido dever; sempre que houver culpa caberá perdas e danos.
As perdas e danos compreendem o que o credor perdeu e o que ele razoavelmente deixou de lucrar. Prejuízo efetivamente sofrido + lucros cessantes (aquilo que ele razoavelmente deixou de ganhar).
Se não houve culpa na impossibilidade (roubado, destruído por uma enchente, etc), não cabe falar em perdas e danos. Neste caso a obrigação se extingue e as partes voltam ao estado anterior. Quem arcará com o prejuízo? Essa pergunta nos remete a próxima pergunta.
A obrigação é de entregar ou de restituir? (Quem é o dono da coisa)
Princípio res perit domino: a coisa perece para o dono; por isso é importante localizar quem é o dono para saber quem vai arcar com o prejuízo. 
Se a obrigação é de entregar a coisa e ela perecer, ainda que não haja culpa da sua parte, ele (o vendedor, dono da coisa, que é o devedor neste caso) que vai arcar com o prejuízo (e vai ter que devolver o valor pago pela coisa).
Se a obrigação seja a de restituir a coisa e ela tenha sido roubada, o credor (o dono da coisa) arca com o prejuízo.
Esse princípio não é absoluto, pois há duas exceções no código civil:
1) hipóteses em que há a chamada mora  accipiendi; a mora do credor; está relacionada à negação do credor em aceitar o cumprimento da prestação por parte do devedor (ou seja, é o atraso no recebimento), sem justa causa. Afasta a responsabilidade do devedor pela conservação da coisa, e, portanto, quem arca com possíveis prejuízos é o credor, apesar de ele ainda não ser o dono da coisa (ex.: uma pessoa que vai entregar um carro e o credor se recusa a recebê-lo sem justa causa. Caso o caso seja roubado, o credor, que ainda não possui o domínio sobre o carro, deverá arcar com o prejuízo; a recusa legítima pode ser recusar objeto/prestação diversa).
2) (art.393) as partes poderão pactuar que o não proprietário vai responder pela impossibilidade da prestação (ou seja, pelas perdas e danos), ainda que não haja culpa de sua parte (caso fortuito ou força maior). 
Relação entre locadora de carros e locatário: de consumo; "é vedada a renúncia antecipada de direitos e garantias decorrentes do contrato" (CDC). Atribuir ao locatário a responsabilidade na impossibilidade da prestação, para muitos, é inválida. Porém, o Judiciário vem entendendo que essa cláusula é perfeitamente válida, mesmo nos casos regidos pelo CDC.
Perda =/= deterioração 
Perda -> destruição total
Deterioração -> destruição parcial
Venda de carro; antes da entrega, o bem fica deteriorado. Abre para o credor 2 possibilidades:
1) agir como ocorre em situação de perda total: recusar o recebimento do bem e ter a obrigação desfeita (art.313: ele não é obrigado a receber objeto diverso do devido).
2) ele pode ficar com o bem deteriorado, mas ele tem direito a um abatimento no valor do bem.
Deterioração decorrente de ato culposo -> vale o mesmo raciocínio; há as mesmas opções, porém cabe perdas e danos.
Deterioração sem culpa numa restituição -> o credor arca com os prejuízos, pois é o proprietário; 
Deterioração decorrente de comportamento culposo numa restituição -> há as 2 opções aludidas, cabendo perdas e danos.
Melhoramento ou acréscimo na coisa -> vale o mesmo raciocínio em caso de perda ou deterioração (res perit domino), só que inverso. Até a tradição a coisa pertence ao devedor, que tem direitos a todos os melhoramentos ou acréscimos sobre o bem, podendo até aumentar o preço do bem, e, se o credor não anuir, resolver a obrigação.
Melhoramentos ou acréscimos (não houve nenhuma atividade por parte do devedor, e, apesar disso, houve o melhoramento; exemplo: sítio vendido que, antes da sua tradição, teve sua estrada pavimentada) =/= benfeitorias (há atividade do devedor)
* Obrigação de dar coisa incerta -> é aquela que recai sobre um objeto que ainda não está totalmente individualizado, embora seja indicado ao menos quanto ao gênero e à quantidade. É passível de individualização, por isso deve ser indicado ao menos quanto ao genero e à quantidade.
Ex: compra e venda de 1 (um) boi; é determinável.
Para ser cumprida a ação, necessariamente ela deve se transformar em obrigação de dar coisa certa. Logo, a obrigação de dar coisa incerta é transitória. Essa mudança ocorre no momento da concentração, que pressupõe uma escolha. Depende do que as partes pactuaram (prevalece a autonomia privada), mas se as partes não firmarem quem deve fazer a escolha, o legislador diz que, em via de regra, a escolha cabe ao devedor. O devedor não é obrigado a entregar o melhor, mas não pode entregar o pior. A qualidade deve ser mediana.
Se o credor não consentir com a escolha do devedor, o que o juiz pode fazer? Nomear um perito para aferir a escolha.
Em seguida, o credor tem de ser cientificado (cientificação) dessa escolha. No momento em que ocorre a cientificação, a obrigação passa a ser de entregar coisa certa.
Isto é, para haver a transformação de obrigação de coisa incertapara certa, deve ocorrer a concentração e a cientificação.
Até que o credor seja cientificado da escolha, o devedor não pode alegar a perda ou a deterioração da coisa (art.246 CC).
A obrigação de dar coisa incerta é genérica, e entende-se que o gênero não perece.
Sendo o gênero bem reduzido, porém sendo obrigação de dar coisa incerta -> neste caso, a doutrina entende que em situações como essa, apesar do objeto não estar totalmente individualizado, aplica-se as regras da obrigação de dar coisa certa.
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Segundo trabalho: 11/05
Segunda prova: 13/05
Prova substitutiva: 18/05 (prova oral)
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Obrigação de fazer -> é aquela que impõe ao devedor uma prestação consistente na realização (prestação) de um serviço ou de uma atividade.
Carpinteiro (faz um móvel e o entrega ao final) -> a doutrina entende que é uma obrigação de fazer toda vez que o devedor tiver que fazer algo e entregar ao final.
Obrigação de fazer fungível -> é aquela que pode ser cumprida por qualquer pessoa, e não apenas pelo devedor da relação obrigacional.
Ex: contratar alguém para varrer meu quintal; ou seja, pouco importa quem vai fazer o serviço.
Obrigação de fazer infungível -> é aquela que somente pode ser cumprida pelo devedor da relação obrigacional e ninguém mais. Isso significa que para o credor não interessa apenas que o serviço seja prestado, mas quem vai prestá-lo.
Para distinção dentre elas:
- às vezes o contrato é claro, seja em um sentido ou em outro.
- se o contrato não disser nada, deve ser analisada a circunstância (a própria natureza da obrigação).
Descumprimento da obrigação
Essa distinção é muito importante -> quando ela for fungível, se houver o descumprimento da obrigação o legislador estabelece uma forma de execução própria: se o devedor descumprir, o credor poderá aciona-lo em juízo, estabelecendo um prazo para que o serviço seja cumprido, sob pena de ser nomeada uma outra pessoa para cumprir o serviço no lugar do devedor e nas custas deste.
Em caso de urgência, o próprio credor, independentemente de ajuizamento de ação, pode executar o fato ou mandá-lo executar, sendo ressarcido depois.
Quando ela for infungível, há execução específica ou o credor teria que se contentar com perdas e danos?
A princípio, a execução (tutela) específica é cabível, mas o credor pode deixá-la de lado, pedindo a indenização (perdas e danos). O credor pode pedir ao juiz para obter a tutela específica, para forçar o devedor a cumprir sua obrigação (busca e apreensão - no exemplo do carpinteiro, se este se recusa a entregar o móvel após tê-lo feito -, multa, etc). Pode ser a requerimento do credor ou de ofício pelo juiz.
Ao final, pode ser impossível obter a tutela específica, aí o credor terá de se contentar com as perdas e danos.
(Execução específica -> possibilidade de forçar o devedor a prestar o que é lhe devido.)
O descumprimento da obrigação pode se dar também a forças alheias (caso fortuito ou força maior). Neste caso, não cabe falar em tutela específica, muito menos em perdas e danos. Aí, a obrigação se resolve, vez que a prestação se tornou impossível.
Obrigação de não fazer -> caráter negativo; aquela que impõe ao devedor uma abstenção, a não realização de alguma coisa, que a princípio ele poderia realizar; é tão válida quanto às demais;
Obrigação de não comer, por exemplo, atenta contra a vida, por isso seria ilícita.
Inexecução -> descumprimento da obrigação de não fazer; a pessoa se obriga a não realizar e realiza; a violação de dar e fazer se dá por meio de uma abstenção, enquanto a de não fazer se dá quando se age.
Deve-se verificar se o devedor foi ou não constrangido a praticar esse ato, a cuja abstenção havia se obrigado. Muitas vezes o devedor é forçado a praticar o ato. A consequência disso é que a obrigação se resolve e as partes voltam ao estado anterior. Não cabe falar em perdas e danos.
Se o devedor praticar o ato voluntariamente -> a tutela específica aqui é o desfazimento da ação. Porém em certas situações não dá para voltar atrás, então só cabem perdas e danos.
Há aqui uma particularidade: se o devedor praticar a cuja abstenção se obrigara, o credor poderá aciona-lo, dando-lhe um prazo para ele desfazer o que foi feito, sob pena de ser nomeado alguém para desfazer no lugar dele e às custas dele.
Se houver urgência, o próprio credor poderá desfazer ou mandar desfazer, independentemente de mandado judicial, sem prejuízo de ressarcimento devido (ou seja, às custas do devedor)
Obs: é direito do credor, porém sabe-se que todo e qualquer direito deve ser utilizado tendo em vista sua função social e econômica, sob pena de caracterizar abuso de direito.
Classificação quanto à pluralidade de objetos (pluralidade de prestações; todos esses critérios não são critérios que se excluem, eles são cumulativos; ex: uma obrigação é de dar, ao mesmo que também é propter rem e simples):
- Obrigação simples -> aquela que recai sobre uma única prestação, ou seja, o devedor se compromete tão somente a uma prestação (de dar, fazer ou não fazer).
- Obrigação cumulativa -> aquela que recai sobre duas ou mais prestações (podem ser idênticas ou diferentes), que devem ser integralmente realizadas no interesse do credor, a princípio. É também chamada de obrigação conjuntiva (por causa do "e"; é sempre duas prestações ou mais, integralmente). As prestações estão ligadas pela particula "e".
- Obrigação alternativa -> aquela que também recai sobre duas ou mais prestações, porém o devedor vai se desincumbir da sua obrigação realizando apenas uma delas. Neste caso as prestações estão ligadas pela particula "ou". Também chamada de obrigação disjuntiva. O credor só tem direito a uma prestação.
Escolha -> salvo disposição em contrário, o direito de escolha na obrigação alternativa será do devedor (norma supletiva; supre a definição das partes). Não entra aqui o critério de que o devedor não pode escolher o pior.
Via de regra, a escolha é do devedor, mas ele não pode constranger o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra prestação.
Obrigação periódica -> cumprida por meio de várias prestações ao longo do tempo.  
Ex: aluguel.
No caso de obrigação alternativa periódica, o direito de escolha sempre se renova a cada período.
Impossibilidade da prestação na obrigação alternativa: 
* uma prestação se impossibilitou sem culpa; neste caso, a obrigação passa a ser simples (com apenas uma prestação). Quem sofre essa perda é o dono (res perit domino).
* uma prestação se impossibilitou com culpa; de quem é a escolha? Se a escolha for do devedor, ele realizará a outra. Se a escolha for do credor, ele terá duas opções: exigir a prestação subsistente (aquela que pode ser realizada) ou exigir o valor da prestação que se impossibilitou mais perdas e danos.
* as duas prestações se impossibilitarem; houve culpa? se não, a obrigação se resolve. Se sim, depende ainda de quem for a escolha. Se ela for do devedor, ele vai indenizar o credor pela prestação que se impossibilitou por último. Se ela for do credor, ele escolhe a que ele quiser, mais perdas e danos.
- Obrigação facultativa -> aquela que recai sobre uma determinada prestação, tendo o devedor, porém, a faculdade de realizar uma prestação distinta.
Diferenças:
1) na obrigação alternativa, via de regra, a escolha é do devedor, mas nada impede que as partes convencionem que a escolha cabe ao credor ou a terceiro. Na obrigação facultativa, a escolha é necessariamente do devedor.
2) existe uma relação de acessoriedade ou dependência entre as prestações na obrigação facultativa (se a prestação considerada principal se impossibilitar, a outra também se impossibilita). Na obrigação alternativa, por sua vez, as prestações são independentes entre si, são autônomas.
Na dúvida, é a favor do devedor. Ou seja, se não se consegue dizer se ela é facultativa ou alternativa, deve-se decidir que ela é facultativa, vez que é a melhor pro devedor.
Classificação quanto à pluralidade de partes:1) obrigação divisível -> aquela em que, havendo uma pluralidade de devedores ou de credores, a prestação pode ser cumprida parceladamente.
A obrigação se presume dividida em partes iguais, salvo disposição em contrário.
O credor não é obrigado a receber em partes caso for apenas um credor e um devedor.
2) obrigação indivisível -> há também uma pluralidade de credores ou devedores, porém a prestação não pode ser cumprida de forma parcelada. Pode acontecer do objeto da prestação, por sua natureza, não ser suscetível de divisão. Pode acontecer também do objeto ser indivisível por motivos de ordem econômica (ex: um diamante de grande quilate). Há também a possibilidade do objeto ser indivisível por determinação legal (art.258).
D ----- C1
    ----- C2
    ------ C3
Se houver uma pluralidade de credores, qualquer um pode exigir a prestação por inteiro (art.260). Porém, o devedor se exonera se: 
- pagar a todos conjuntamente
- ou pagar a um, desde que este lhe dê uma garantia de ratificação (uma caução).
Remissão -> perdão; se a remissão for de todos os credores, a obrigação se extingue. Agora, se apenas um credor remitir a dívida, os demais credores só poderão cobrar a dívida caso descontem a quota-parte do credor remitente.
Se apenas um dos credores receber a prestação por inteiro, os outros credores podem cobrá-lo em dinheiro.
D1 ------ C
D2 ------ 
D3 -------
O credor pode exigir a prestação por inteiro de qualquer um.
Sub-rogação -> substituição; quando D1 for acionado e realizar a prestação, ele assume (se sub-roga no direito do credor) todas as ações e direitos do credor com relação ao D2 e D3. Assim, o novo credor só pode exigir as respectivas quotas partes em dinheiro.
Se a prestação se impossibilitar:
Houve culpa?
Não -> obrigação se resolve
Sim -> obrigação se converte em indenização pelo valor mais perdas e danos. Se todos tiverem agido culposamente, todos respondem pelo valor do bem mais perdas e danos em partes iguais. Se apenas um devedor tiver agido com culpa, todos respondem pelo valor do bem, mas pelas perdas e danos apenas quem deu causa a elas (ou seja, os outros ficam exonerados das perdas e danos).
3) Obrigação solidária -> aquela em que, havendo uma pluralidade de devedores, cada um responde pela dívida toda ou havendo uma pluralidade de credores, cada um tem o direito de exigir e receber a prestação por inteiro.
A diferença principal entre a solidária e a indivísivel é a causa. 
Por que a obrigação é indivisível? Porque a prestação não pode ser cumprida parceladamente. 
Por que a obrigação é solidária? Porque a lei assim determina (lei 8245 - lei do inquilinato, por exemplo; art.2) ou porque as partes assim pactuaram (porque isso pode ser muito conveniente para o credor, pois aumenta muito as chances de ele receber a dívida toda). A solidariedade não se presume (ou está prevista em lei ou convencionada pelas partes).
Se a obrigação se impossibilitar, a obrigação continua sendo solidária (ao contrário da indivisível, que a deixa de ser quando se converte em perdas e danos).
Quando a obrigação é solidária, há uma pluralidade de vínculos (internamente são vários, apesar de parecer só um). O vencimento de uma parte pode acontecer, enquanto a de outro não. Uma parte pode haver um termo no contrato, enquanto em outro não.
Solidariedade ativa -> pluralidade de credores.
Pagamento a um dos credores -> O devedor pode realizar a prestação na sua totalidade para um dos credores (não precisa de caução nem da reunião dos credores).
Remissão -> um dos credores pode não apenas receber na totalidade, mas pode também remitir a dívida na sua integralidade. Ele é obrigado, porém, em teoria, a pagar as quotas partes aos outros credores.
Morte de um dos credores solidários-> se C1 vier a falecer, os direitos dele vão passar para seus herdeiros (no exemplo em tela, H1 e H2). Cada um dos herdeiros só vai poder exigir a sua quota parte. Ou seja, não prevalece a solidariedade entre eles (se a obrigação for indivisível vai haver solidariedade entre os herdeiros).
Se um dos credores vier a acionar o devedor judicialmente e a sentença lhe for desfavorável, ela não vai atingir os demais. Se ela for favorável, ela aproveita aos demais, a menos que se funda em exceção pessoal ao credor que o obteve (art.274)
Quando o devedor for acionado por qualquer um dos credores, ele só vai poder se defender alegando exceções comuns a todos ou exceções pessoais em relação àquele que lhe demandou.
Solidariedade passiva -> pluralidade de devedores; é a mais comum. O credor vai poder escolher e acionar qualquer um dos devedores e exigir dele a dívida inteira, porquanto as partes assim pactuaram ou a lei determina.
Pagamento por um dos devedores -> ocorre a sub-rogação nos direitos do credor (podendo agir regressivamente aos demais para exigir a prestação da obrigação, caso pague totalmente ao credor.); o devedor passa a ocupar o lugar do credor na relação obrigacional. O devedor pode pagar parcialmente ou totalmente, depende do credor (ele possui a faculdade de escolher). Havendo o pagamento parcial, a obrigação continua solidária aos demais, mas podendo apenas exigir as quotas partes dos outros abatidas do valor já pago.
Morte de um dos devedores -> o débito do devedor é transferido para os herdeiros (eles recebem a título de herança direitos e deveres, a não ser que sejam personalíssimos). H1 e H2 serão devedores solidários? É o mesmo entendimento da solidariedade ativa. O credor só poderá exigir as respectivas quotas partes da dívida dos herdeiros.
A responsabilidade dos herdeiros é sempre intra vires hereditatis (sempre fica restrita às forças da herança). Isto é, eles só respondem dentro das forças da herança (ou seja, se não houver ativo patrimonial não há como responder).
Renúncia à solidariedade -> o credor pode renunciar à solidariedade, seja a todos, seja a alguns ou a um dos devedores. Pode ser expressa, mas também pode ser tácita (comportamento do qual se deduz essa vontade). Uma coisa é remitir a dívida, outra coisa é renúncia à solidariedade.
Se ele abrir mão em relação a todos, a obrigação se torna divisível.
Se houver a renúncia à solidariedade a um apenas, a obrigação continua solidária aos demais (o credor só vai poder exigir a totalidade aos demais abatendo a quota parte do outro).
Insolvência -> a falência é própria do empresário; a insolvência das demais pessoas. É a impossibilidade de efetuar o pagamento.
solvência -> vem de solver (=pagar); é a capacidade de pagar.
Se um dos devedores solidários se tornar insolvente, isso não altera a situação do credor. Ele ainda poderá exigir a totalidade da dívida aos outros.
Isso claramente aumenta as chances do credor de receber o pagamento.
Se D1 se tornar insolvente, o que se faz com a quota parte dele?
A quota parte dele será dividida entre os demais (em partes iguais).
Ou seja, se um dos devedores solventes restantes pagar a dívida inteira ao credor, ele poderá agir regressivamente sobre os outros devedores (para exigir o valor pago da quota parte respectiva de cada co-devedor).
Impossibilidade da prestação -> a obrigação continua sendo solidária (ela a é porque a lei determina ou porque as partes pactuaram), ou seja, ele vai poder exigir de qualquer um dos devedores o valor total. Agora, por mais que ele possa fazer isso, as perdas e danos ele só poderá exigir daquele que deu causa a ela.
Havendo mora, é natural que haja juros de mora. A obrigação sendo solidária e haja mora -> o credor poderá exigir não só a prestação principal mas também os juros de mora. Aquele que realizar a prestação e pagar os juros de mora poderá cobrar os juros de quem deu culpa. Ou seja, o culpado responde aos outros pelo juros acrescidos (art.281).
Classificação quanto à liquidez:
Obrigação líquida e ilíquida
Obrigação líquida -> aquela que é certa quanto à existência e determinada quanto ao montante, ou seja, não há dúvidas na existência e no montante.
Obrigação ilíquida -> aquelaque é certa quanto à existência porém indeterminada quanto ao seu montante.
Essa diferença é muito importante -> prazo prescricional para dívidas líquidas é de 5 anos. E o prazo prescricional só corre para as líquidas
Toda obrigação inicialmente ilíquida torna-se líquida; essa transformação se dá a partir daquilo que chamamos de liquidação. 
Esta se dá por:
1) cálculos aritméticos -> vai ocorrer sempre que houver necessidade tão somente da necessidade de se fazer cálculos. Ex: correção monetária + juros
2) arbitramento -> pressupõe a nomeação de um perito (árbitro) para arbitrar o valor da dívida.
3) artigos -> vai ocorrer sempre que houver a necessidade de se alegar e provar fatos novos.
Classificação quanto ao momento de cumprimento
Obrigação instantânea -> é aquela que nasce e imediatamente se extingue em virtude de seu cumprimento.
Obrigação diferida -> é aquela que nasce em um momento e se extingue em outro por meio de uma única prestação.
Obrigação de trato sucessivo (continuada) -> é aquela obrigação que nasce em um momento mas se extingue em outro através de várias prestações realizadas sucessivamente ao longo do tempo
Há um instituto que possibilita a revisão dos termos de uma obrigação -> para isso, porém, são necessários alguns requisitos:
- o surgimento de um fato extraordinário e imprevisível que venha a gerar um desequilíbrio acentuado entre as partes;
- que a obrigação seja diferida ou de trato sucessivo.
Logo, se a obrigação for instantânea, não é possível rever os termos de uma obrigação.
Classificação quanto à finalidade
Obrigação de meio -> é aquela em que o devedor se propõe a realizar uma atividade sem se vincular, porém, ao resultado esperado. Ex: advogado contratado para defender seu cliente.
Obrigação de resultado -> é aquela em que o devedor não apenas se obriga a realizar uma atividade, mas também se vincula ao resultado que está sendo esperado. Ex: obrigação de uma transportadora (de pessoas/coisas).
Na obrigação de meio, se o resultado não for alcançado, o devedor, a princípio, não responde. Cabe ao cliente provar se houve ou não esforço total por parte do devedor. Isto é, o ônus da prova é do credor. É necessário provar a culpa.
Na obrigação de resultado, se o resultado esperado não for alcançado, automaticamente o devedor responde, a não ser que ele, devedor, prove que o resultado não foi alcançado por caso fortuito ou força maior. Ou seja, o ônus da prova é do devedor. É culpa presumida.
Entende-se que os serviços prestados por médicos, a exceção dos cirurgiões plásticos, geram obrigação de meio.
Cirurgia plástica:
1a corrente (clássica): toda cirurgia plástica gera obrigação de resultado
2a corrente: cirurgia plástica meramente estética gera obrigação de resultado mas cirurgia plástica corretiva gera obrigação de meio.
3a corrente: cirurgia plástica, seja ela corretiva ou estética, gera obrigação de meio.
Obrigações reciprocamente consideradas -> obrigação principal e obrigação acessória.
Obrigação principal -> aquela que existe por si só
Obrigação acessória -> aquela cuja existência pressupõe a de uma principal (ex: fiança, que pressupõe uma obrigação principal).
Salvo disposição em contrário, o acessório segue a sorte do principal. Se eventualmente a obrigação principal vier a ser invalidada, a acessória vai junto, pois o acessório segue a sorte do principal.
Transmissão das obrigações -> muito comum hoje.
Em Roma, o vínculo que ligava o credor ao devedor era pessoal. Em virtude disso, não se podia haver transmissão de obrigações. Todavia, ao haver a mudança do vínculo da obrigação para a impessoalidade, tornou-se possível a transmissão das obrigações.
Cessão -> a título oneroso ou gratuito de um bem incorpóreo.
Cessão de crédito -> é negócio jurídico por meio do qual o credor da relação obrigacional transfere o seu crédito, a título oneroso ou gratuito, a uma terceira pessoa, estranha a essa relação.
*cedente -> credor que transfere o crédito
*cessionário -> terceiro para quem o crédito é transferido
*devedor ou cedido
Envolve diretamente apenas o cedente e o cessionário. O cedido não necessita de anuir a cessão. Isto é, a cessão acontece independentemente da anuência do cedido.
Por mais que o devedor não precise concordar, ele deve ser notificado (cientificado da cessão). Se o devedor não for cientificado, a cessão não terá eficácia em relação a ele. Se o devedor pagar ao cedente sem ter sido cientificado da cessão, isto vai valer. Agora, se o devedor tiver sido cientificado da cessão e mesmo assim pegar ao cedente, ele pagará mal (e terá de pagar 2x).
Requisitos
- as partes (cedente e cessionário) devem ter capacidade, esta que é adquirida aos 18 ou pela emancipação. Antes disso, ela deve ser representada ou assistida. Além disso, a cessão não pode trazer prejuízo para os credores do cedente.
- objeto possível, realizável, lícito e determinado ou determinável. O objeto é a cessão. A grande maioria dos créditos pode ser objeto de cessão. Porém, existem alguns créditos que são intransmissíveis, sejam por sua natureza, sejam por força da lei ou ainda por convenção entre as partes.
Créditos personalíssimos -> os que por sua natureza são intransmissíveis. Ex: crédito alimentício.
Por convenção entre as partes, também, pode haver acordo para a intransmissibilidade do crédito. Esta só é oponível a terceiro se estiver no contrato que deu origem à obrigação. Isto é, se a intransmissibilidade estiver numa cláusula aditiva fora do instrumento que criou a obrigação, por ex, ela não será oponível a terceiro de boa-fé.
- forma; princípio da liberdade das formas negociais (art.107 CC); escrito (particular ou público), verbal ou tácita.Esta regra também vale à cessão de crédito, mas sofre restrições. Há situações em que o legislador especifica determinadas formas.
A cessão de crédito possui uma particularidade: entre as partes, a regra é a liberdade da forma. Para que a cessão de crédito tenha eficácia em relação a terceiros (aqueles que não participaram dela, especialmente os credores do cedente), ela deve ser feita por instrumento público ou instrumento particular, desde que, porém, neste último caso, observe os requisitos do parágrafo 1° do art.654 do CC. O objetivo do legislador é evitar fraudes.
Entre as partes, a cessão será válida, independentemente da forma utilizada, a não ser que a lei especifique a forma.
Espécies
1) cessão a título oneroso -> equivale à compra e venda, só que assim denominada porquanto o bem é incorpóreo.
2) cessão a título gratuito -> equivale à doação, só que assim denominada porquanto o bem é incorpóreo.
Responsabilidade do cedente -> verificar se o cedente responde pela solvência do devedor; 
Se o devedor nao for solvente, o cessionário poderá cobrar do cedente?
Cessão a título oneroso:
* via de regra, o cedente não responde pela solvência do devedor, mas tão somente pela existência e validade do crédito no momento da cessão. Se o crédito tiver existência e tiver sido constituído validamente, o cedente não responde pela solvência do devedor.
Ex: compra de tv numa loja por meio de uma operação de crédito (logo, há cessão de crédito). Paga-se à operadora de cartão de crédito; neste caso, se o comprador se tornar insolvente, a loja não responde por isso em face da operadora do cartão.
Porém, pode ser pactuado em sentido contrário, com uma cláusula dizendo que o cedente responde pela solvência do devedor. Neste caso, o cessionário pode cobrar do cedente em caso de não pagamento pelo devedor. Ele não pode cobrar pelo valor total, mas apenas pelo valor desembolsado.
Cessão a título gratuito -> como regra, o cedente não responde sequer pela existência do crédito, a não ser que ele tenha agido de má-fé.
Endosso -> forma de transferência de um crédito; só que necessariamente representado por um título de crédito;
Exemplo de título de crédito: cheque.
Endosso é a forma de transferência de um crédito representada por meio de um título (como é o caso do cheque).Endosso em branco: o credor assina atrás, transformando aquele cheque nominal em ao portador.
Endosso em preto: endossando para outra pessoa
Responsabilidade no endosso:
* endossante -> quem vai endossar; quem transfere o crédito
* endossatário -> para quem o crédito é transferido
O endossante responde solidariamente como devedor pelo pagamento do crédito, isto é, pode ser demandado pelo valor total.
Assunção de dívidas (cessão de débito) -> negócio jurídico por meio do qual um terceiro estranho à relação obrigacional assume com consentimento expresso do credor o polo passivo da obrigação. Situação inversa à cessão de crédito.
Requisitos -> mesmos requisitos da cessão de crédito, porém existe UM que é próprio dela.
É a anuência expressa do credor. Há necessidade disso porque pode haver um prejuízo enorme para o credor. O silêncio, via de regra, significa recusa.
Única hipótese em que se admite o consentimento presumido: quando o adquirente de um imóvel hipotecado resolve assumir a dívida para qual o imóvel foi dado em garantia. Neste caso, o silêncio significa sim.
Espécies:
* Assunção de dívidas por delegação -> é aquela que pressupõe a anuência do devedor, ou seja, o devedor está ciente e consente com a realização da assunção.
* Assunção de dívidas por expromissão -> é aquela quando há o acordo realizado diretamente entre o terceiro e o credor, portanto, sem o consentimento do devedor.
Outro critério
* Assunção de dívidas total -> assume a integralidade da dívida; o devedor primitivo sai fora; o assuntor assume o seu lugar.
* Assunção de dívidas parcial -> assume uma parte da dívida; o terceiro assume apenas uma parcela do débito; ele, o assuntor, agora divide o polo passivo com o devedor.
Efeitos:
- mudança no pólo passivo da relação obrigacional -> como consequência:
Quando terceiro assume a obrigação, o devedor fica exonerado do débito. Assim, o credor não pode mais cobrar do devedor primitivo. Ele vai poder cobrar do assuntor.
Exceção -> o credor só vai poder cobrar do devedor primitivo se no momento da assunção o assuntor era insolvente e o credor ignorava esse fato (não sabia).
A assunção de dívidas pressupõe outro efeito importante: extinção das garantias especiais, salvo manifestação em sentido contrário; garantias especiais são aquelas que exigem uma manifestação específica, expressa de vontade para a sua constituição. Essas garantias especiais se distinguem das garantias gerais, estas que são definidas por lei (patrimônio sendo garantia geral do pagamento de dívidas, p/ex).
Garantias especiais -> hipoteca, fiança, etc.
Outro efeito importante -> o assuntor, em sua defesa, não poderá eventualmente opor ao credor exceções ou defesas que eram pessoais do devedor primitivo.
Cessão da posição contratual -> é também negócio jurídico que, porém, por meio do qual uma das partes da relação transfere simultaneamente seu crédito e débito em relação à outra parte. 
A outra parte precisa anuir?
A cessão da posição contratual não é regulada pelo Código Civil, mas é possível fazê-la por conta do princípio da liberdade contratual e por conta da analogia. Por aplicação da analogia, há a necessidade de anuência da outra parte, uma vez que há assunção de dívida, esta que necessita de anuência do credor.
Contrato de gaveta: aquilo que não é público, que está escondido; na enorme totalidade das vezes, o banco sequer é cientificado da cessão da posição contratual. Nestes casos, para o banco, nunca houve cessão da posição contratual. É muito dispendioso conseguir a anuência do banco, por este ser burocrático.
Extinção da obrigação
Pagamento -> tecnicamente, é a realização da prestação devida.
* A quem se deve pagar?
Normalmente o pagamento é feito ao credor (accipiens = pessoa que recebe o pagamento, sendo habitualmente o credor).
Situações em que o pagamento não é válido se feito ao credor:
Há situações no ordenamento jurídico em que o credor é incapaz de receber o pagamento. Não é válido o pagamento cientemente feito ao credor incapaz (a não ser que o solvens prove que tenha revertido em proveito do devedor). Se o devedor não souber da incapacidade do credor o pagamento é válido.
O pagamento não pode ser feito ao credor se ele tiver seu crédito penhorado ou impugnado desde que o devedor tenha sido intimado dessa penhora ou impugnação.
O pagamento pode ser feito a um terceiro e ser perfeitamente válido em algumas  situações. É perfeitamente válido o pagamento feito ao representante do credor, desde que ele tenha poderes para receber esse pagamento.
Representante convencional -> por procuração; quais poderes foram atribuidos a ele?
Representante legal -> pais com relação a seus filhos incapazes, por exemplo
É válido o pagamento feito a um terceiro desde que ratificado pelo credor.
É válido também o pagamento feito a um terceiro desde que reverta em benefício do credor (ex: depósito posterior na conta bancária dele). Deve ser na proporção do benefício auferido pelo credor.
Pagamento ao credor putativo -> credor que se apresenta aos olhos dos outros como se fosse o verdadeiro credor; o devedor, de boa-fé, paga a que quem ele acha que é o credor. É pagamento válido.
Quem deve pagar? (solvens)
Habitualmente quem faz é o devedor, vez que é ele que deve realizar a prestação devida. O legislador admite também o pagamento feito por um terceiro, que não o devedor. 
O devedor ou terceiro que efetua o pagamento é chamado de solvens. 
Quando feito por um terceiro:
É um terceiro interessado ou não interessado? O terceiro é interessado pelo simples fato de ele poder ser demandado pelo cumprimento da obrigação (ex: fiador). Quando ocorre o pagamento feito pelo interessado tem-se a sub-rogação, isto é, ele assume todos os direitos e ações do credor em relação ao devedor. Ou seja, a relação obrigacional não se extingue com o pagamento realizado pelo interessado. A sub-rogação só ocorre quando o terceiro é interessado.
Não interessados são todos aqueles que não podem ser demandados pelo cumprimento da obrigação mas que se prontificam a pagar. 
P/ex: o amigo que paga a dívida do outro.
Há o direito a reembolso do credor? Sim, em regra. A antiga obrigação se extinguiu, mas surge uma nova. Cria-se uma nova obrigação, mediante um ato unilateral de vontade (enriquecimento sem causa por parte do devedor). Dá ao terceiro não interessado o direito de exigir do devedor o reembolso.
O terceiro não interessado só terá direito ao reembolso se ele pagar em seu próprio nome. Se ele pagar em nome do devedor, nem o reembolso ele terá direito.
O credor pode se recusar a um pagamento feito por um terceiro?
Essa recusa, via de regra, não pode acontecer, isto é, ele tem de receber, principalmente se ele puder ser demandado. O credor também não vai poder recusar se o pagamento for realizado por um terceiro não interessado em nome do devedor. Se o credor se recusar, nas duas situações descritas acima, os terceiros poderão se valer da consignação do pagamento (depósito do dinheiro judicial ou extrajudicialmente). Eles possuem o direito de efetuar o pagamento, embora sejam terceiros.
O credor vai poder se recusar a receber pagamento feito por terceiro não interessado que estiver pagando em nome próprio. Isso a princípio. Ele também poderá recusar nas obrigações de fazer infungíveis, naturalmente.
O terceiro quer pagar. Ele tem de comunicar ao devedor que está pagando a dívida? Comunicando a dívida, o devedor pode se opor?
O terceiro tem de comunicar ao devedor, porque se ele não comunicar ao devedor que está pagando dívida deste, pode acontecer de ele pagar e não possuir nem direito a reembolso.
O mesmo pode acontecer se ele comunicar e o devedor se opuser ao pagamento. Nas duas situações o terceiro só vai perder o direito a reembolso se o devedor de alguma forma tiver meios para afastar a cobrança do credor (ex: compensação, invalidade do contrato etc).
Em última análise, só não cabe o reembolso se o devedor tiver como afastar a cobrança do terceiro.O que se deve pagar?
O credor não é obrigado a receber obrigação diversa da devida, ainda que mais valiosa. Essa regra também vale para o devedor (este não pode ser constrangido a dar coisa menos valiosa).
O credor não pode ser constrangido a receber por partes se assim não foi convencionado.
Obrigações pecuniárias -> hoje, é obrigação em dinheiro. Pecuniário, em sua origem, vem de pecos, e isso significa gado. O objeto usado para facilitar a intermediação entre as partes era o gado.
Posteriormente, os metais preciosos, sobretudo o ouro, passaram a ser usados. Só depois veio o dinheiro.
O CC, ao falar das obrigações pecuniárias, estabelece que: 
(I) as obrigações em dinheiro, salvo as exceções expressamente previstas, devem ser pagas no vencimento e em moeda corrente; 
(II) são nulas as cláusulas (isto é, não do contrato inteiro; o resto do contrato é válido) que estabelecem o pagamento em moeda estrangeira ou em ouro, ou o que os utilizem para reajustar o valor da prestação (usar a moeda estrangeira para reajustar o valor da prestação) (esta regra não é absoluta, pois há casos previstos na legislação especial); 
(III) princípio do nominalismo (valor nominal é o valor que na nota ou na dívida vem expresso; as obrigações em dinheiro devem ser pagos de acordo com seu valor nominal)
A inflação diminui o poder de compra do dinheiro; neste caso, por mais que se aplique o princípio do nominalismo nas obrigações em dinheiro, o entendimento é que ele não pode ser absoluto, sobretudo por conta da inflação.
Para tentar contornar esse problema, já foram utilizados e ainda são utilizados alguns instrumentos: 
(I) dívida de valor -> aquela cujo pagamento se dá em dinheiro porém levando em conta o valor de um determinado bem. P/ex: o pagamento será feito no valor correspondente a cinco sacas de feijão.
Lei 10.192/2001
(II) correção monetária -> é válida se a periodicidade for igual ou superior a 1 ano; isto é, cláusula que estipula correção monetária é nula se possuir periodicidade menor que 1 ano
Se ocorrer algo imprevisível, extraordinário e que venha a alterar o equilíbrio entre as partes contratantes -> caberá revisão contratual (p/alterar o objeto da prestação). Art.317° CC
Prova do pagamento -> uma vez realizado o pagamento, é importante para o devedor que ele demonstre que já efetuou o pagamento. Via de regra, o pagamento não se presume. Isto é, ele deve ser provado, demonstrado (pelo devedor).
A prova do pagamento se dá pela quitação. A quitação é um ato do credor, mas ao mesmo tempo um direito do devedor (o legislador diz claramente que o devedor pode reter o pagamento se o credor se recusar a quitar regularmente). Coloquialmente, denomina-se recibo.
Quitação regular -> aquela que atende aos requisitos legais; estes são aqueles previstos no art.320 do CC: (I) o valor da prestação paga; (II) o nome do devedor; (III) o local e a data do pagamento; (IV) a assinatura do credor. Ainda que falte algum ou vários dos requisitos, a quitação ainda vai ocorrer se pode se deduzir que a prestação foi quitada (pelas circunstâncias, pelos termos).
Presunção do pagamento -> aquele que demandar (=acionar judicialmente) alguém por uma dívida já paga, será condenado a pagar uma indenização ao devedor, no dobro daquilo que o credor demandava. É relativa, pois admite prova em sentido contrário. 
Precisa comprovar má-fé?
A doutrina moderna entende que a responsabilidade é objetiva, isto é, que não é necessário comprovar má-fe. Aqui em MG, todavia, nos tribunais, há o entendimento que se deve provar a má-fé do credor.
3 hipóteses em que há presunção de pagamento (presunção relativa - presunção juris tantum):
1) nas situações em que a obrigação é representada por meio de um título. Ex: nota promissória, letra de câmbio. Se o credor devolver esse título ao devedor, é como se tivesse ocorrido a quitação. Mesmo não tendo sido dada a quitação, presume-se que houve o pagamento (a posse do título por parte do devedor presume isso). O credor pode provar que o devedor não efetuou o pagamento, o ônus da prova é do credor.
2) nas situações em que uma determinada prestação rende juros. Neste caso, se houver a quitação da obrigação principal sem ressalvar os juros, estes se presumem pagos. É vedada a cobrança de juros sobre juros.
3) nas chamadas obrigações periódicas, sempre que houver a quitação da última sem ressalvar as anteriores.
Lugar do pagamento:
Num primeiro momento, entende-se que não há nenhuma relevância jurídica. Porém, isso vem à tona no que se refere a pagamento que seja diferente do em dinheiro.
As partes podem pactuar o lugar do pagamento. Todavia, há situações em que a lei estabelece o lugar do pagamento. Quando o pagamento e a tradição for referente a um bem imóvel ou tudo referente a ele (tributo, etc), deve se dar onde o imóvel está situado. Neste caso, o registro (tradição) deve ser feito na cidade do imóvel.
Se nem a lei nem as partes estabelecerem nada, o Código Civil supre a vontade das partes. Assim, o pagamento deve se dar no domicílio do devedor. 
As obrigações que devem ser pagas no domicílio do devedor são chamadas de querable (quesíveis), enquanto as que devem ser feitas no domicílio do credor são chamadas de portable (portáveis). Como regra geral, as obrigações são querable.
Se as partes estabelecerem dois ou mais lugares para que o pagamento seja efetuado, caberá ao credor escolher entre esses lugares o local para que o pagamento seja realizado.
Tempo do pagamento:
Há obrigações com termo de vencimento pré-fixado, enquanto há outras sem termo de vencimento.
O devedor, por mais que tenha o dever de pagar, ele tem o direito de pagar com o advento do termo. O credor só pode demandar o devedor com o advento do termo.
Há consequências para o credor se ele vier a demandar o devedor antes de vencida a dívida: (I) o credor fica obrigado a esperar o tempo que falta para o vencimento da obrigação; (II) descontar o juros ainda pactuados correspondentes a esse período; (III) pagar as custas que o devedor tiver em dobro. Essas consequências só ocorrem se a demanda for judicial.
Via de regra, o devedor tem o dia do vencimento por inteiro. Se ficar pactuado que o pagamento será dado em um determinado lugar, o horário de funcionamento deste deve ser respeitado.
Se o devedor não pagar no dia do vencimento, no dia seguinte já vai estar caracterizada a mora do devedor. É a mora ex re, que independe do credor, isto é, não há necessidade de interpelação do credor após o termo de vencimento. Ela se contrapõe à mora ex persone, que pressupõe uma iniciativa do credor.
E quando não há termo de vencimento? Em que momento o credor poderá exigir o cumprimento da prestação?
O credor vai poder exigir a prestação a qualquer momento se não houver termo certo de vencimento. Essa regra não é absoluta, pois no contrato de depósito, por exemplo, quando uma parte deve fazer grandes investimentos para cumprir a obrigação, o credor deve esperar a pessoa recuperar seu investimento.
Para caracterizar a mora aqui, há a necessidade de interpelação judicial ou extrajudicial, pois não há termo de vencimento. A citação constitui o devedor em mora.
Consignação do pagamento - muito utilizada na prática; sempre uma faculdade do devedor; o pagamento é um dever e um direito ao mesmo tempo, daí então a possibilidade de se efetuar o depósito do pagamento. Ele pode, então, consignar o pagamento para se ver livre da obrigação.
consignar = depositar
Espécies
1) consignação extrajudicial -> pressupõe um deposito em estabelecimento bancário oficial (banco) no valor devido
2) consignação judicial -> pressupõe a propositura de uma ação específica chamada de ação de consignação do pagamento, que se segue a um deposito judicial
Procedimento
Extrajudicial -> só pode ocorrer nas dívidas em dinheiro; 
o devedor pode depositar o pagamento em um banco oficial através de uma conta bancária aberta com essa finalidade em nome do credor (vai render correção monetária). O banco se encarrega de

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