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BAUMAN Aprendendo a pensar com a Sociologia. Observação e sustentação de nossas vidas

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INSTITUTO SÃO BOAVENTURA
	
	Disciplina: INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
	
	Professor Dr. Carlos Ângelo de Meneses Sousa
Curso: Filosofia – 2° / 2016
Estudante: Jéverson de Andrade Santos
REFERÊNCIA: 
BAUMAN, Z. e MAY, T. Aprendendo a pensar com a Sociologia. Observação e sustentação de nossas vidas, capítulo II, Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
Observação e sustentação de nossas vidas
Participar de um grupo: esse é o ponto referencial para a reflexão de Zigmunt Bauman e Tim May no capítulo Observação e sustentação de nossas vidas. A maneira que os grupos que participamos nos influenciam, e também aqueles que decidimos não participar, são fatores que norteiam nossa visão sobre os outros e de nós mesmos.
O autor nos convoca a pensar em todas as pessoas que são indispensáveis ao nosso dia a dia, como por exemplo, o café que está em nossa xícara, ou ainda a eletricidade, a agua, o gás. Detrás dessas diversas necessidades existe uma multidão de pessoas que possibilita nossa liberdade de selecionar a maneira de viver que mais nos agrada ou a restringe. Os espaços que visitamos são orientados por nossos propósitos, e em geral não temos interesse nas pessoas com que neles interagimos, mas sim o desempenho de suas funções. O autor partilha do mesmo pensamento do sociólogo Alfred Schutz, que “quanto mais distantes de nós, mais tipificada é nossa consciência a respeito das pessoas que ocupam os pontos do continuum (pontos de ligação), assim como nossas relações com elas” (pag. 53). Dentro de toda essa pontuação, como fica a nossa auto identidade? Esta, para o autor, fica “atrelada às identidades sociais que exibimos para os outros e àqueles que encontramos em nossa existência cotidiana” (pag. 54).
A percepção de diferenciação do mundo inclui a distinção entre “nós” e “eles”. Para os autores, existem os grupos que decidimos pertencer, e aqueles que não queremos fazer parte. Na sociologia são chamados de “intragrupo” e “extragrupo”. “Um extragrupo é justamente uma oposição imaginária a si mesmo de que o intragrupo necessita para estabelecer sua autoidentidade, sua coesão - para obter solidariedade interna e segurança emocional” (pag. 55).
Pertencer a um grupo abre disposições para o preconceito, relacionadas às expressões de insegurança de sua própria estrutura ou por mudanças drásticas nas condições a que estão habituadas.
Os autores propõem a cadeia e ações do antropólogo Gregory Bateson sugere denominar "cismogênese" às cadeias de relação. Primeiramente a "cismogênese simétrica": sempre que cada lado reage aos sinais de força do adversário, produz a autoafirmação em ambos os lados e contribui para a eliminação da possibilidade de acordo racional. Segundamente: a "cismogênese complementar" desenvolve-se a partir de pressupostos diametralmente opostos, ou seja, a autoafirmacão e a autoconfiança de um parceiro alimentam sintomas de timidez e submissão no outro. O terceiro tipo de estrutura, denominado a reciprocidade combina características das cismogêneses simétrica e complementar, mas de modo a neutralizar suas tendências autodestrutivas. Contudo, o "nós" só faz sentido quando há o "eles” em sua mútua oposição. Cada um deles partilha a mesma característica: nenhum deles é "um de nós".
Os "estranhos" desafiam essas divisões; com a simples presença, que não encaixa em nenhuma categoria estabelecida, negam até a validade das oposições aceitas, neste sentido, compreendem as fronteias. Para os autores, “a ideia de fronteira é essencial para o esforço de entender os limites de nossa autoconsciência ao longo da tarefa de compreensão de quem se localiza fora dos pontos simbólicos de demarcação” (pag. 62).
Algumas formas ativas de evitar o contato são constantemente reforçadas pelo medo de contaminação por parte daqueles que nos "servem", mas não são "como nós". As críticas acentuam-se sobre qualquer coisa que remeta aos estranhos: o falar, o vestirem-se, seus rituais, a organização de suas vidas familiares, etc.
Entendo que pessoas que vivem próximas às outras, e de alguma forma afetam mutuamente suas condições, seu bem-estar, podem não experimentar proximidade moral. Desta forma, permanecem alheias ao significado moral de suas ações. Diferente dos inimigos, os estranhos são privados da proteção oferecida pela proximidade moral. Como consequência, “a passagem da desatenção civil à indiferença moral, ao desafeto e à negligência em relação às necessidades alheias não é senão um pequeno passo” (pag. 72).

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