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RESUMO PARA A PROVA DE INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE - FREUD

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RESUMO PARA A PROVA
INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE: FREUD
Introdução
Sigmund Freud nasceu em uma família judia na cidade de Friebir na Áustria em 1856. Viveu grande parte de sua vida em Viena e posteriormente, por conta da II Guerra Mundial e do Nazismo, mudou-se para Londres, aonde veio a falecer em 1939.
Freud teve formação em Medicina, trabalhando com Neurologia, especializando-se em Psicopatologias. Em sua época, a grande questão da Psicopatologia era a Histeria, levando-o a estudá-la em Paris entre 1885 e 1886. Dessa viagem, Freud traz conceitos importantes para as estruturas da teoria (a qual Freud lutou para que fosse reconhecida como ciência) que nomeou de Psicanálise.
Freud desenvolve a psicanálise não a partir de abstrações, como na escola alemã de psicologia, mas a partir de sua clínica médica, especialmente intrigado por doenças onde não se verificava uma Etiologia orgânica. A psicanálise, contudo, não se confunde com a Medicina nem com a Psicologia, mas pode-se dizer tratarem-se de três ferramentas diversas que visam a cura dos pacientes.
A psicanálise é dividida em três dimensões complementares: a pesquisa, a teoria e a clínica psicanalítica. A clínica seria o ponto de partida e de chegada desse conhecimento produzido. A pesquisa seria o método de investigação, e se daria já em Freud pelo seu desejo de não apenas aliviar os sintomas dos pacientes, mas entender os fenômenos aos quais estava sendo exposto em seu funcionamento e estrutura. A partir dessa pesquisa, Freud tenta elaborar uma teoria que a explique, por isso é típico de sua obra a reconstrução de conceitos e explicações, inclusive porque estava no contexto das ciências positivas onde os cientistas se colocavam na posição de descobrir uma verdade que estava oculta, entendê-la e trazê-la à tona.
Ainda quanto às mudanças em sua teoria, deve-se assumir dois momentos importantes de virada: 1900, onde Freud estuda “A Interpretação dos Sonhos” e propõe a partir daí a primeira teoria do aparelho psíquicos, e 1920, onde escreve “Além do Princípio do Prazer” onde propõe um novo grupo de pulsões e lança bases para a segunda teoria do aparelho psíquico.
De forma genérica, a Psicanálise assume a existência de uma instância psíquica a qual os sujeitos não possuem acesso e que, de acordo com o Axioma da Psicanálise, determina os comportamentos humanos: o Inconsciente. O sujeito psicanalítico, portanto, é dividido em Consciente e Inconsciente (tanto na primeira tópica quanto na segunda, onde se torna mais complexa a explicação). Por isso, nesse ponto, Lacan diz que Freud realizou uma “Virada Cartesiana” porque se antes o indivíduo pensava e logo existia enquanto Freud propõe que existe uma parte do indivíduo onde o pensamento não alcança.
Estudos sobre a Histeria
	Histeria, de acordo com o Freud descreveu no artigo “Histeria” (1888) escrito para a enciclopédia Villaret, teria sua origem nos primórdios da medicina significando “útero”, dado o preconceito de que essa patologia estaria vinculada a uma irritação nos genitais femininos. Nesse mesmo artigo, cita os principais sintomas do transtorno: os ataques convulsivos epilépticos, a presença de zonas histerógenas (zonas que, pressionadas, produziriam uma sensação análoga à convulsiva), distúrbios dos órgãos sensitivos, paralisias e contraturas.
De início, Freud, que era docente em Neuropatologia, estudou em Paris entre 1885 e 1886, com uma bolsa de estudos da Universidade de Viena, porque lá, no Hospital da Salpêtrière, Jean-Martin Charcot realizava estudos sobre a Histeria. Dessa viagem, conforme colocado no “Relatório sobre meus estudos em Paris e Berlim” (1886), Freud revela que Charcot buscava desconstruir a ideia de que os sintomas histéricos eram fingimento, de que a origem se dava por uma irritação genital e considerar a existência e o tratamento da histeria masculina: assumia, portanto, o conceito de etiologia não-orgânica, ou de doença sem correspondência orgânica. É também de Charcot que Freud traz a técnica do hipnotismo, que não se tratava de “material raro e estranho” nem com “fins místicos”, mas terapêuticos. Desse momento, Freud começa a se colocar na transição entre o médico e o psicanalista. 
	O primeiro método empregado por Freud na cura da Histeria era, portanto, a sugestão hipnótica (descrita no artigo “Hipnotismo”, 1891). Tratava-se de hipnotizar o paciente (rebaixar sua consciência) e, durante esse estado, negar queixas apresentadas antes pelo paciente, assegurar que ele pode fazer algo do qual se sentia inibido ou dar uma ordem para que execute quando despertar. Em “Um caso de cura pelo hipnotismo” (1892-1893) Freud sugere a uma paciente que não consegue amamentar, durante a hipnose, que dali em diante, conseguirá amamentar e que as contraturas e dores que sentia durante a amamentação desapareceriam. Desse estudo, Freud analisa as Vontades e Contra-Vontades em conflito naquela paciente e deduz que o funcionamento psíquico neurótico, estando inclusos os histéricos, se dá a partir de um conflito entre ideias antitéticas. Esse método hipnótico, no início dos tratamentos de Freud, era também acompanhado por tratamentos fisiológicos revigorantes (como massagens e hidroterapia), visando o tratamento “da disposição histérica, dos ataques histéricos e dos sintomas isolados” (em “Histeria”).
Sem muito sucesso com as sugestões, Freud então passa a pedir para que as pacientes se lembrassem do fenômeno que gerou os sintomas. Ao acordarem, não se recordavam do que haviam dito. Freud então percebe a existência nos indivíduos de uma instância psíquica onde a memória da origem dos sintomas era armazenada: uma consciência dissociada, uma condition seconde paralela à consciência (houve, portanto, uma primeira aproximação do conceito de Inconsciente). Quando contava às pacientes o que elas lhe disseram sob hipnose, se dava uma forte resistência e uma repulsa à própria figura de Freud: descobre-se o conceito de Resistência – aquele conteúdo apresentado se encontrava em outra instância psíquica justamente por ser incompatível à consciência de vigília. 
Eram, contudo, métodos difíceis de serem aplicados pelo médico, com poucos pacientes sendo passíveis de serem hipnotizáveis e nem todos apresentando melhora, e, mesmo esses, com uma “cura” de curto prazo (em um intervalo de dois ou três dias, os sintomas regressavam).
	O segundo método empregado por Freud, ainda nesses primeiros momentos, foi o Método Catártico. Ele consistia na hipnose do paciente, com o objetivo de fazê-lo reagir a um trauma que desencadeou o quadro histérico, conforme proposto nos “Estudos da Histeria” (1893-1895). Por conta disso, mostrava-se a preocupação em uma retomada cronológica dos eventos anteriores ao aparecimento dos sintomas. 
	Em “Comunicação Preliminar” (1893), introdução aos Estudos, Freud, que já reconhecia uma etiologia não-orgânica à histeria, propõe que a sua causa é externa aos indivíduos e se dá na forma de Trauma Psíquico, ou pela somação de traumas psíquicos. Nesse momento, considera a consciência dissociada como uma consequência do trauma (histeria traumática) ou como uma pré-disposição herdada dos pais (histeria disposicional). No caso traumático, Freud afirma que o trauma se tornou patológico porque o indivíduo não associou o evento traumático a outros contextos, não o esqueceu nem ab-reagiu a ele (chorando, falando sobre, se vingando, etc) seja porque não o pôde fazer no contexto em que ele aconteceu ou porque se encontrava em um estado alterado de consciência (estado hipnóide). O trauma, mesmo estando no passado, ainda pulsa dentro do indivíduo atuando na geração de sintomas, o que levou Freud à afirmação de que “As histéricas sofrem de reminiscências”. Nesse modelo, os sintomas histéricos crônicos (como contraturas, paralisias, dores sem etiologia orgânica e alucinações, entre outros) se dariam pela passagem de material afetivo dessa segunda consciência para a consciência original (fenômeno da Conversão); enquanto os sintomas agudos da histeria (ataques histéricos,por exemplo) seriam pela tomada total dessa segunda consciência sobre o indivíduo. O método catártico nesse modelo funcionava por dar vazão ao afeto da segunda consciência através da fala, sem necessitar recorrer à conversão para tal e é por isso que, assim como no hipnotismo, o método catártico traz uma melhora já de início (ao que Anna O. também chamou de “limpeza da chaminé”).
	Freud, como visto, ainda acreditava vivamente que a divisão da consciência (splitting-off) era patológica. Em “Neuropsicoses de Defesa” (1894), toma como pressuposto para classificar como histeria o fenômeno da conversão, mas passa a diferenciar os tipos de histeria de acordo com a forma como a consciência foi dividida: histeria hipnóide (divisão pelo trauma), histeria de defesa (a divisão se daria por uma força do vontade do indivíduo em tirar da consciência o material traumático) e histeria de retenção (não ocorreu divisão da consciência, mas o afeto não foi ab-reagido. De forma mais clara, nesse texto, Freud diferencia ideia de afeto: a ideia traumática ficaria na segunda instância, agora já a denominando de Inconsciente, mas o afeto poderia transitar entre ela e a Consciência. 
	Em termos de método, o último aplicado por Freud foi o Método Interpretativo que é pautado no método da livre-associação (ou Regra de Ouro da Psicanálise) onde o paciente deve dizer tudo o que lhe vier à mente sem pensar muito sobre aquilo: tudo o que o paciente disser está relacionado a alguns poucos conteúdos latentes (de outra instância psíquica – por enquanto, a consciência dissociada, posteriormente o inconsciente) e, através da análise dessas falas, é possível chegar ao conteúdo do material traumático havendo, inclusive, a emersão das lembranças traumáticas. Esse método se dá a partir da “Interpretação dos Sonhos” (1900), revelando que a interpretação não se dá apenas através fala, mas também dos sonhos, atos falhos e chistes, além dos próprios sintomas queixados pelo paciente.
Primeira Tópica do Aparelho Psíquico: Pulsões, Recalque, Inconsciente
	Passados esses momentos iniciais, Freud, baseado-se nesse repertório de estudos sobre a histeria e em seus estudos sobre os sonhos (que serão comentados posteriormente), a psicopatologia da vida cotidiana, os chistes e os atos falhos elabora formalmente em 1915 a Primeira Teoria do Aparelho Psíquicos, ou Primeira Tópica, mesmo já tendo na “Interpretação dos Sonhos” lançado as bases de toda a Teoria.
	Nesse momento, Freud abandona a conceituação da segunda consciência como patologia, sendo o Inconsciente uma estrutura psíquica presente em todos os indivíduos com funcionamento neurótico (a maioria da população, o restante teria funcionamento psicótico), que teria importância vital na vida em sociedade. O sujeito freudiano assume nesse momento as características que terá no restante da obra freudiana e da psicanálise até hoje: o sujeito dividido entre seus consciente e inconsciente.
	No artigo “O instinto e suas vicissitudes” (1915) publicado nas edições Standard da obra freudiana (publicadas no Brasil pela editora Imago) houve uma problemática na tradução dos textos em alemão para o inglês e, consequentemente, da tradução inglesa para a portuguesa: James Stracthey, o tradutor inglês, traduziu o termo Trieb por Instinct e traduziu Instinkt também por Instinct porque, em sua concepção, a alternativa da tradução de Trieb seria Drive, um termo de origem germânica que iria contra a proposta da tradução inglesa das obras, e que não se justificava porque apenas em um primeiro momento Freud se vale do termo Instinkt. A psicanálise portuguesa e a brasileira, contudo, preferem traduzir Trieb por Pulsão e Instinkt por Instinto. Dentro disso, o Instinto seria uma energia interna com a finalidade de sobrevivência relacionada a um regime de necessidade por auto-conservação do organismo, uma resposta homeostática do indivíduo, aceitando apenas uma classe de objetos para sua satisfação (fome requer comida, sede requer líquido, por exemplo) e seria da ordem somática. A Pulsão, por sua vez, seria também uma energia interna, mas relacionada a um desejo tendo origem nele, sendo de ordem psíquica e se encontrando no sistema Inconsciente. 
A pulsão, nesse momento, é de caráter exclusivamente sexual, sendo que posteriormente Freud diz que as pulsões sexuais também visam auto-preservação (não mais diferencia Trieb e Isntinkt) e categoriza uma nova classe de pulsões (as pulsões de morte). A pulsão segue um regime de energia psíquica: como não lhe é possível fugir ou escapar de uma situação (como no caso do instinto), a homeostase aqui se dá na forma de descarregar energia psíquica. A pulsão segue o princípio da constância (como um “corpo estranho” dentro do indivíduo, pulsando de forma latente). Ela possui uma finalidade (sua satisfação, de acordo com o Princípio do Prazer), uma origem no organismo (prova disso é a existência do narcisismo), um objeto de satisfação ou uma idéia (o objeto pulsional apresenta um espectro maior de possibilidades em relação ao instinto, podendo ser qualquer objeto na medida em que se relacione e satisfaça ao menos de forma parcial a pulsão), e é também um afeto ou uma pressão no aparelho psíquico (na forma de energia psíquica).
O Recalque seria uma barreira que divide a consciência do inconsciente, mas seria o conjunto de operações que se realizam sobre as pulsões permitindo sua expressão, conforme Freud coloca em seu artigo “Repressão” (1915). A noção daquilo que é permitido socialmente, nesse sentido para Freud, é adquirida pelo indivíduo através do contato com o genitor com o qual se identificou no complexo de Édipo (será discutido posteriormente) – os lacanianos preferem entender que nasce do contato com o “Outro”. O Recalque age de acordo com o Principio do Prazer e o Princípio da Realidade. As vicissitudes (destinos) da pulsão são de três tipos: realizar a pulsão sem ceder ao Princípio da Realidade, sendo a pulsão avessa ou de acordo com ele (nas pulsões estritamente sexuais/genitais fala-se em Perversão, ou seja, da execução de uma pulsão de forma integral, em desacordo ou não com o princípio da realidade); sublimação, ou seja, realização de uma pulsão com o objeto deslocado para algo socialmente aceitável (realizar o princípio do prazer através do princípio da realidade), permitindo uma satisfação parcial, gerando material recalcado; ou um bloqueio total da pulsão, gerando insatisfação e uma grande acumulação de material recalcado. Dado que a satisfação da pulsão através do Recalque é muitas vezes parcial, parte da energia psíquica original da pulsão permanece no inconsciente na forma de material recalcado e esse, por sua vez, se expressa através dos quatro derivados do inconsciente: Sintoma, Sonho, Chiste e Ato Falho. A distorção realizada pelo Recalque às pulsões e ao material recalcado pode ser de dois tipos: Deslocamento (mudança do objeto original da pulsão para outro que esteja permitido pelo princípio de realidade, mas mantenha relação com o original) e Condensação (escolha de um objeto que satisfaça ao máximo de pulsões possíveis), compondo o que Freud chamou de processos primários.
Após o Recalque Primário, pode haver um extravazamento de afeto inconsciente através de uma das formações (percebido na clínica na forma de um mal-estar) que pode sofrer uma nova operação: o Recalque Secundário (ou Repressão). Ao contrário do recalque que atua na pulsão e no recalcado, a repressão atua no derivado do recalcado presente na consciência. 
No artigo “O inconsciente” (1915), Freud dá um passo além na sua abstração teórica metapsicológica. A análise do Inconsciente pode ser feito de três formas: Topográfica (em termos de localização, de onde provém os materiais recalcados, as formações, os afetos, entre outros), Dinâmica (em termos de movimentação, dada uma origem psíquica, onde se encontram os materiais psíquicos) e Econômico (em termos de gasto e conteúdo energético das pulsões). É por conta da análise dinâmica que Freud introduz um terceiro estado psíquico, o Pré-Consciente:seria o estado de afetos ou ideias que estão na instância consciente, mas em situação inconsciente, seriam afetos ou ideias as quais o indivíduo tem acesso, mas não está pensando nelas naquele momento (por exemplo: estudando para uma disciplina, o indivíduo não está pensando no que comeu na última refeição, mas tem acesso a essa informação). 
Quanto ao Inconsciente, são características relevantes: a Isenção de Contradição Mútua, o que significa dizer que, por não ser regido por uma lógica consciente, podem haver pulsões contraditórias no Inconsciente, como o sentimento de amor e de ódio pelo pai no complexo de Édipo, por exemplo; a Atemporalidade, ou seja, que tanto eventos de um passado remoto do indivíduo quanto informações presentes estariam igualadas no tempo inconsciente, ou, em outras palavras, que os eventos passados não sofreriam desgaste e permaneceriam pulsando, o que geraria uma série de fenômenos derivados (como o fato dos sonhos trazerem, muitas vezes, a reconstrução de um evento traumático da infância) – o que levou Lacan a dizer que o Inconsciente não é atemporal, mas que o seu tempo é o presente-; o fato de ser regido por processos primários.
Nesse modelo Inconsciente – Pré-Consciente – Consciente, as duas primeiras instâncias seriam separadas pelo Recalque, as duas últimas pela Repressão. A livre-associação, portanto, seria uma tentativa de suspensão da Repressão, permitindo a expressão mais “pura” de um conteúdo do Pré-Consciente, que seria uma distorção mais direta do conteúdo latente do Inconsciente. Em outras palavras, o conteúdo Inconsciente sofreria uma ação dos processos primários do Recalque, alcançaria o Pré-Consciente, que sob livre-associação, poderia ser dito sem maiores reflexões, permitindo que, de alguma forma, o terapeuta possa tentar realizar o caminho de volta para entender o material recalcado de origem.
Uma última contribuição importante desse artigo, também presente nos artigos sobre a técnica, é a diferenciação que Freud faz entre Verdade (realidade externa compartilhada) e Realidade Psíquica (como o indivíduo interpreta a realidade externa), que podem ou não serem tangíveis ou sobrepostas (imagine o delírio, por exemplo), defendendo a análise a partir da realidade psíquica do paciente.
A partir dessa diferenciação entre Verdade e Realidade Psíquica, Freud trabalha o tema da Fantasia em “Lembranças Encobridoras” (1896), que não seria um derivado do inconsciente, mas um constructo inconsciente a partir de uma realidade consciente, compondo a realidade psíquica. Em outras palavras, seria uma projeção psíquica a partir de um lugar vazio (uma ausência do desconhecimento de um evento), entendendo-se projeção como uma idealização inconsciente sobre um fenômeno da realidade externa. Freud desenvolve o conceito de Fantasia para explicar o fato dos indivíduos não se recordarem com muita certeza os eventos que aconteceram na infância mais remota, ora não se lembrando de fato, ora se recordando de eventos de forma mista, e muitas vezes terem um ou dois episódios rememorados de forma plena: trata-se de uma lembrança que possui um simbolismo suficiente para se manter viva, substituindo lembranças daquele período que, por algum motivo, são incompatíveis à consciência.
Dentro desse modelo, Freud, retomando “O Instinto e suas vicissitudes” comenta as psicopatologias. Como a pulsão é tanto um objeto/ideia quanto uma pressão/afeto, quando esse afeto inconsciente passa para a consciência e não se liga a um objeto de lá, trata-se então de uma Angústia. Quando esse afeto liga-se a uma ideia consciente, pode-se tratar de uma Fobia, uma Ansiedade ou uma obsessão, de acordo com o tipo de afeto ligante. Quanto o excesso de afeto assume as inervações somáticas, convertendo esse afeto em sintomas, trata-se então da Histeria.
Interpretação dos Sonhos
	Em “A Interpretação dos Sonhos” (1900) e no artigo-síntese de suas análises, “Sobre os Sonhos” (1901), Freud decorre sobre o mecanismo onírico e qual sua função psíquica, que difere das visões filosóficas (o sonho como libertador da alma), médicas (consequências inúteis de processos fisiológicos) e populares (o sonho como predição do futuro), defendendo o sonho como formação inconsciente.
	Freud afirma que no sonho se dá um Conteúdo Manifesto, que seria aquele que é apresentado de forma explícita, correspondendo a personagens, cenários e narrativas; e um Conteúdo Latente, que seria um fragmento Inconsciente que sofre um Trabalho do Sonho, transformando-se no manifesto.
	O Trabalho do Sonho tem como função a expressão inconsciente sem comprometer seu conteúdo por uma interpretação consciente. O Trabalho corresponde aos processos de Deslocamento (processo de substituir um objeto latente por outro manifesto que mantenham relações entre si), Condensação (no deslocamento, processo de substituir um grupo de objetos latentes por um objeto manifesto que, em alguma medida, represente cada um dos objetos latentes), Disposição Pictórica (fornece a escolha dos objetos do sonho a partir de “restos diurnos”, elementos do cotidiano do indivíduo que sonhou; ou a recordação de vivências importantes) e Composição (após a formação do conteúdo, o sonho é recoberto por uma fachada narrativa, como uma amarração lógica). Dado que a análise busca a recuperação de conteúdos inconscientes, pode-se dizer que o trabalho do sonho se dá em uma direção oposta à da análise. Quando o trabalho do sonho é incompleto e há revelação de parte do conteúdo latente há um estranhamento e, frequentemente, desagrado.
	Há no sonho a realização de um desejo. Esse desejo pode ser mais implícito (como desejos sexuais, por exemplo) ou mais explícito (Freud cita o desejo inatendido de uma criança comer morangos, e, à noite, ela sonhar que comia morangos). Por conta disso, o sonho pode englobar desejos que surgem durante a noite de sono (sede, vontade de ir ao banheiro, por exemplo), o que permite se atribuir ao sonho o papel de “guardião do sono”. Essa relação com os desejos se percebe inclusive no tempo da narrativa: se o ato de desejar é expresso através dos modelos subjuntivos (se eu tivesse... quando eu tivesse...) enquanto no sonho, o tempo é o presente do indicativo (eu sou... eu estou... eu faço...) – daqui Freud afirma que o Inconsciente é atemporal.
Dado o trabalho distorção onírica, Freud afirma que existem deslocamentos comuns entre indivíduos inseridos em uma mesma cultura e pela origem filogenética dos mesmos, que chamou de Símbolos Universais. Esses símbolos representariam pessoas, partes do corpo e atividades eróticas. Na lista de símbolos proposta por Freud, consta: as figuras do imperador/imperatriz como os pais, o quarto representando a mulher, portas e janelas representando orifícios do corpo, objetos pontiagudos/longos/rígidos como o órgão genital masculino, armários/caixas/carros/fornos como o útero, elementos de passagem (como a escada) representando a relação sexual, assim como símbolos da agricultura que remetem à fertilidade. Nessa mesma proposta segue o Jung que, inclusive, escreve um Dicionário de Símbolos – se reconhece de forma geral hoje, porém, que existam símbolos mais frequentes que outros em dadas culturas, mas sem perder de vista o aspecto individual.
Sexualidade Infantil e o Caso do Pequeno Hans
	
	Ao discorrer acerca da Sexualidade Infantil, nos “Três Ensaios Sobre a Sexualidade” (1905), Freud entende Infantil não só no sentido de ocorrer na criança, mesmo que nela também ocorra, mas por envolver Processos Primários. Freud desenvolve a teoria a partir da observação clínica da masturbação infantil em momentos mais precoces do desenvolvimento psíquico dos pacientes, assim como comportamentos diversos e falas que remetem à sexualidade. O estudo da sexualidade infantil, além do tema em si ser difícil ao contexto cultural da época, é dificultado pela Amnésia Infantil – as “lembranças encobridoras”, ou seja, as fantasias como projeções a partir de um lugar vazio, poderiam muitas delas estar encobrindo lembranças sexuais, e éisso que causaria o espanto nos leitores de Freud ao debater o tema. 
	Freud propõe o desenvolvimento da libido em fases, onde há ênfase em uma zona erógena em detrimento das demais para satisfação da pulsão, a saber: auto-erótica, oral, anal, fálica, latência e genital.
	A Fase Oral (de 0 a 2 anos, no geral) teria como objeto de satisfação a boca, porque, pela necessidade de alimentação, o bebê descobre o seio que, além de objeto para satisfação do instinto de fome, gera prazer erótico. Demonstração desse prazer é o ato de chupar o dedo na ausência da mãe. Nessa fase não há um elemento intermediário entre o indivíduo e os outros. Considera-se hoje que os atos de prazer envolvendo a oralidade tem sua origem no deslocamento da fase oral, como comer, beber, fumar e beijar.
	A seguir se dá a Fase Anal (dos 2 aos 5 anos), que se inicia a partir do controle sobre os esfíncteres e as demandas que os pais fazem a partir disso. As fezes, dessa maneira, seria um objeto de comunicação entre os indivíduos e seus pais.O controle se torna não apenas dos esfíncteres, mas também do ambiente. Considera-se na psicanálise hoje o controle do dinheiro como o deslocamento da fase anal.
	Na fase fálica (dos 5 aos 10 anos, aproximadamente), se dá um contato erótico com os genitais, e o prazer é obtido a partir, principalmente, da satisfação masturbatória. No início, não há a necessidade de controle sobre o outro e a saída dessa fase é determinada pelo deslocamento da auto-satisfação por algum objeto. A partir dessa contribuição, se discutiu em cima do texto o conceito que Freud desenvolveria mais a frente em sua obra: o Complexo de Édipo. 
No caso do menino, a auto-satisfação é acompanhada por uma pesquisa sexual no corpo da mãe. Havia previamente uma premissa fálica de que todos os indivíduos possuem pênis, que é quebrada pela observação das diferenças anatômicas entre os sexos. Nesse ponto, o objeto de desejo é deslocado de si para a mãe. Contudo, entra em jogo a figura do pai, que interdita o objeto libidinal de seu filho. O filho então vive uma relação de ambiguidade por seu pai, expressando um amor decorrente, entre outros, da identificação do filho com seu pai (ao contrário das mulheres, ambos possuem pênis), mas também de ódio (ambos competem pela mesma mulher). Na interdição da mãe, o filho cede ao Complexo de Castração (medo de ter o pênis castrado pelo pai) e está então livre para deslocar seu desejo sexual para outro objetom outra mulher, e deslocar sua pesquisa sexual para pesquisas de outro tipo e ingressar na Fase de Latência. É da interdição da mãe pelo pai que se funda o Recalque, na teoria freudiana, e é da resolução do Complexo de Édipo que se funda a instância do Superego, na Segunda Tópica.
No caso da menina, ela de início também se dirige à mãe pela pesquisa sexual, inclusive pelo histórico de ter no seio materno uma fonte de prazer oral. Percebida a diferença anatômica entre os sexos, a menina, cria uma identificação com a mãe. Tendo sido castrada, ela passa a invejar o falo e observa como sua mãe lidou com a falta de falo, dirigindo então seu objeto de desejo para o pai, detentor do falo. A mãe realiza uma tentativa de interdição do pai, mas que não funciona como formação de recalque, apenas como ponto de rivalidade entre ambas. É a partir do não paterno que a menina, então, desloca o objeto do pai para outro homem e entra na fase de latência.
Na fase de latência, o interesse de pesquisa é deslocado, se dando o início dos interesses no saber, por exemplo.
Por fim, na fase Genital, o prazer é deslocado da masturbação para o interesse na relação sexual com o sexo oposto. No garoto, pela busca da penetração em uma cavidade corporal que, friccionada com seu pênis ereto, gere prazer.
Como forma de ilustrar suas teorias sobre a sexualidade, Freud estuda o caso de Hans, na descrição de caso “Análise de uma Fobia em um Menino de Cinco Anos” (1909). Uma grande importância é dada a esse caso por ter sido o primeiro momento de intervenção psicanalítica sobre uma sintomatologia infantil. Hans foi aconselhado por seus pais, que liam e se interessava pela psicanálise, supervisionados por Freud (posteriormente, pelo fenômeno da transferência, talvez Freud tivesse recriminado essa prática).
A análise se deu a partir dos três anos, onde Hans apresenta um desenvolvimento sexual precoce. Percebe-se na descrição do caso a transição de uma sexualidade auto-erótica (Hanz trancava-se na dispensa para se manusear) para uma escolha objetal de início “homossexual” (quando ele diz que seu amigo Fritz era sua menina preferida – se colocou entre aspas porque Hans ainda não tinha observado a diferença anatômica entre os sexos, portanto estava na premissa fálica) para, posteriormente, “heterossexual”.
Hans expõe seu complexo de Édipo pelo desejo de ir para a cama do casal, pelo ciúme de sua irmã e é reforçado pelo fato de sua mãe querer que ele se deite com ela na ausência do pai.
Hans então passou por um período de ambivalência em relação ao seu pai, sentindo amor e ódio, mas se identificando com ele. Dessa ambivalência surgiu a fobia por cavalos. Por um lado, o cavalo tinha o pipi grande, que remetia ao complexo de castração, por outro, a cor do mordedor do cavalo lembrava a Hans o bigode de seu pai, reforçando a seleção do cavalo para objeto da fobia. O ganho primário dessa fobia, portanto, seria a expressão do medo em relação ao pai. Porém, também havia um ganho secundário dessa neurose: o medo de cavalo implicava a não necessidade de sair para a rua, portanto, a possibilidade de ficar em casa com a mãe.
 
A Descoberta das Pulsões de Morte
	Em “Além do Princípio do Prazer” (1920), Freud retoma as conceituações que fez anteriormente acerca das Pulsões Sexuais ou Pulsões de Vida, como uma resposta homeostática frente a uma excitação psíquica. O alívio dessa excitação gera prazer, portanto as pulsões sexuais são determinadas pelo Princípio do Prazer. Contudo, dada a existência do Princípio da Realidade, nem todas as pulsões podem ser atendidas e poucas podem ser atendidas de forma plena. A não-satisfação e/ou a não-satisfação plena de uma pulsão geram desprazer.
	Freud nota, contudo, que existe um tipo de desprazer que não tem origem na privação de um prazer, mas constitui um desprazer em si, como um grupo de artistas encenando um drama de traição, morte ou abandono, sendo regidos por um princípio diferente do princípio da realidade. Esse desprazer tem origem na Pulsão de Morte. 
	A Pulsão de Morte segue o Princípio da Compulsão à Repetição, dado que Freud nota uma tendência de seus pacientes a repetirem os mesmos eventos traumáticos e a quebra dessa dinâmica é recebida com resistência. 
Em termos de “feridas narcísicas” ou “feridas egóicas”, por exemplo, uma das grandes origens de desprazer quanto às pulsões sexuais é o abandono dos pais. Freud nota que, na clínica, essa situação é reencenada de diversas formas, como o início de uma amizade que se sabe que terá um fim próximo, relacionamentos amorosos onde se sabe que o parceiro é propenso a traições, entre outros, revelando uma compulsão à repetição.
Em termos metapsicológicos, Freud se vale de uma dinâmica ação-reação. Dado um indivíduo, este pode sofrer uma excitação psíquica que gera uma necessidade de satisfação, seja de forma direta (passando pelo recalque e se submetendo ou não ao princípio da realidade) ou de forma indireta (como uma das quatros formações inconscientes) – a homeostase, portanto, se dá no sentido de uma reação à ação de aumento de excitação psíquica, portanto, uma força de diminuição de excitação. 
Nas pulsões de morte, se dá uma nova explicação. Há uma substância inerte e inorgânica que sofre uma força de forma a tornar-se viva e orgânica – Freud afirma que a psicanálise não consegue explicar as características dessa força criadora. Dada essa ação, existe uma força de reação contrária, de forma a transformar essa substância viva e orgânica em inerte e inorgânica, de volta ao estado inicial, através damorte do organismo. Por isso que, para descrever as pulsões de morte, Freud retoma Schopenhauer que diz “o sentido da vida é a morte”.
Em termos de funcionamento, as pulsões sexuais teriam como objetivo a auto-conservação e desenvolvimento do indivíduo, enquanto as pulsões de morte teriam como objetivo a autodestruição. 
Freud afirma, contudo, que em termos estéticos, não há oposição entre as pulsões de vida e as pulsões de morte, mas convergência. Portanto, em toda ação pulsional estão atuando ambas as pulsões, integradas – em todas as ações pulsionais há sadismo e/ou masoquismo, que tanto se caracteriza por seguir o princípio de compulsão à repetição e de destruição, ou autodestruição, quanto ao princípio do prazer. No exemplo do teatro, há desprazer por autodestruição, mas isso gera prazer nos espectadores, comprovando a integração das duas pulsões, ou a “fusão instintual”: “Se, portanto, não quisermos abandonar a hipótese dos instintos de morte, temos de supor que estão associados, desde o início, com os instintos de vida”. Quanto a essa fusão, Freud afirma ainda não ser possível se medir a dosagem de cada pulsão integrante: dada uma ação, o quanto é atribuível ao princípio do prazer e ao princípio de autodestruição?
Segunda Tópica do Aparelho Psíquico 
	
	Em “O Ego e o Id” (1923), propõe a Segunda Tópica do Aparelho Psíquica, já tendo estudado a dicotomia pulsional: pulsões de vida-morte. 
	Agora Freud considera as instâncias Id, Ego e Superego (ideal de ego). A segunda tópica, ao contrária da primeira, não é tópica, ou seja, não se preocupa com o local das instâncias psíquicas: Freud limita-se a afirmar que o Id e o Superego estão dentro do Ego.
O Id seria o motor do aparelho psíquico, que o movimenta, contenda os instintos se vida e de morte, enviando uma integração deles para o Ego. Por conta disso, o Id seria uma instância puramente inconsciente.
	 O Superego tem sua origem na resolução do Complexo de Édipo: através de identificação que o menino realiza com seu pai, e a menina com sua mãe, há introjeção de valores familiares e sociais. O Superego seria uma instância modelo/espelho do Ego, orientando-o, como o eixo condutor do aparelho psíquico. O Superego, em outras palavras, assume a função do princípio de realidade por herança edípica. Essa instância possui porções conscientes e inconsciente dado que um indivíduo, ao se inibir para determinadas pulsões, ora consegue (atribuição à religiosidade, por exemplo), ora não consegue determinar o fator inibitório.
	O Ego, por sua vez, seria a instância reguladora do aparelho psíquico, regulando as demandas do Id com as ponderações do Superego e a realidade externa, portanto, também sendo orientado pelo princípio de realidade. Assim como o Superego, possui porções conscientes e inconscientes. Essa regulação pode ser sintônica, havendo pouco ou nenhum endividamento do Ego com as outras instâncias psíquicas, ou dissintônica. 
Artigos sobre a Técnica
	Tendo em mente a disseminação do movimento psicanalítico pelo mundo, em termos acadêmicos e na prática médica e temendo a desvirtualização da teoria (que a psicanálise fosse vista como charlatanismo), Freud escreve uma série de artigos sobre a técnica psicanalítica entre 1911 e 1915 visando orientar os profissionais da área da saúde que aplicavam o método interpretativo psicanalítico – naquele momento, apenas os médicos podiam aplicar a psicanálise. 
	Segue uma lista com seis dos artigos de técnica trabalhados em aula e as principais contribuições de cada um deles:
“O Manejo da Interpretação dos Sonhos em Psicanálise” (1911): não se deve “escavar” o sonho em cada um de seus elementos mínimos, mas buscar pontos centrais e favorecer a livre-associação do paciente, para que o paciente possa realizar conexões, favorecendo o trabalho analítico. Dentro disso, falar sobre os aspectos periféricos dos sonhos podem favorecer uma resistência ao tratamento.
“Recomendação aos Médicos que exercem Psicanálise” (1912): não se deve ater à reconstrução histórica dos eventos traumáticos do paciente, como se fazia no método Catártico, mas favorecer a livre-associação e buscar interpretar o paciente a partir disso. Deve-se ater também, não à realidade externa ao paciente, mas sua realidade interna. 
Nesse artigo, Freud trabalha também a Regra Fundamental da Psicanálise: o analista deve se abster da análise, servindo como uma tela em branco que chamou de “Atenção Flutuante”. 
Quanto à formação em psicanálise, os profissionais deveriam passar por uma análise durante sua formação, realizar análise didáticas supervisionadas por um psicanalista formado, além de estudar a teoria. Freud também afirma a necessidade de se criar e manter regulamentado um instituto para formação em psicanálise, sendo o primeiro fundado em Viena em 1910.
Quanto ao setting analítico, ou seja, todo o enquadramento presente na relação médico-paciente: as sessões deveriam ser de 50 minutos, o paciente deveria estar deitado (mais relaxado, o paciente estaria em estado mais próximo ao onírico, favorecendo a livre-associação) e sem contato visual com o analista (auxiliando a introspecção). As anotações do caso deveriam ser feitas após a sessão (a escrita na sessão interrompe a “atenção flutuante”).
“A Dinâmica Transferencial” (1912) e “Observações sobre o amor transferencial” (1915): a transferência seria o deslocamento provisório de afetos que um paciente tem em relação a figuras importantes de sua história (principalmente de seus pais) para a figura do analista. Essa transferência pode ser positiva (erotizada), que a maioria das pacientes mulheres sentem, transferindo o amor destinado a seus pais pelo analista, como o conhecido caso de Anna O por Breuer; ou pode ser negativa, havendo sentimentos de raiva, paranoia, perseguição, não compreensão, entre outros. Nos casos de transferência, Freud afirma ser necessário que o analista o explicite ao paciente. Muitas vezes, por conta disso, o paciente pede conselhos ao analista, mas Freud afirma que eles não devam ser dados – o analista deve apenas auxiliar o paciente a tomar suas próprias decisões. Nessa dinâmica transferencial, a “atenção flutuante” do analista também serviria para impedir a contratransferência, que seria o processo transferencial do analista pelo paciente que, para Freud, simplesmente não deveria existir. A regra geral, portanto, deveria ser a frustração da transferência.
“Sobre o início do tratamento” (1913): nesse momento, Freud acredita que a psicanálise deveria se voltar para o tratamento e a cura, só após 1930 considera que pode servir também para autoconhecimento. Nas primeiras sessões, o terapeuta deve estudar se há possibilidade de cura. Quanto ao pagamento, o analista não deve trabalhar de forma gratuita e, mesmo na falta do paciente, a consulta deve ser cobrada porque seria uma forma de combater a resistência e a transferência. Freud também afirma que os pacientes não devem comentar o seu tratamento com outras pessoas, porque prejudicaria a análise delas.
“Recordar, Repetir e Elaborar” (1914): trabalha os conceitos de repetição da transferência, dos sonhos e das ações pulsionais (mesmo ainda não tendo elaborado o conceito de compulsão à repetição e as pulsões de morte). Freud considerava que a repetição era uma forma de resistência atuante. Essa repetição deve ser explicitada ao paciente.
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