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Livro Entomologia Florestal UFLA

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1 
MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS FLORESTAIS 
 
Ronald Zanetti
1
 
Alexandre dos Santos
2
 
Nívia da Silva Dias
3
 
Alan Souza-Silva
3
 
Geraldo Andrade Carvalho
1 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 A Entomologia Florestal é um ramo da ciência florestal que trata do 
estudo dos insetos associados às árvores e seus produtos, buscando reduzir as 
perdas na qualidade e quantidade do fim a que se destinam, sem prejudicar o 
ambiente. Para isso, é necessário saber como detectar, identificar e quantificar as 
populações de insetos-praga florestais, determinar a importância dos danos 
causados por eles, analisar as causas dos surtos e planejar e aplicar os princípios 
e técnicas para a proteção de florestas e seus produtos, dentro dos princípios do 
Manejo Integrado de Pragas (MIP). 
 O MIP é uma filosofia de controle de pragas que procura preservar e 
incrementar os fatores de mortalidade natural, através do uso integrado de todas 
as técnicas de combate possíveis, selecionadas com base em parâmetros 
econômicos, ecológicos e sociológicos, buscando manter a população dessas 
pragas abaixo do nível de dano econômico. 
 Atualmente, essa filosofia é fundamental para o setor florestal, pois as 
companhias florestais passaram a implantar programas de qualidade total, 
buscando melhorar sua eficiência e competitividade, por imposição do mercado 
internacional, que exige certificação florestal dos tipos Cerflor, ISO, SFC entre 
outras, para atestar a qualidade técnica, ecológica e social das empresas, como 
pré-requisito para a aquisição de seus produtos. Com isso, houve a necessidade 
de se reestruturar, também, o controle de pragas florestais, que ainda utiliza 
grande quantidade de inseticidas e de mão-de-obra, correndo riscos de 
contaminação humana e ambiental. 
 
 
 
1
 Professor do Departamento de Entomologia da Universidade Federal de Lavras, Caixa 
Postal 37, CEP 37200-000, Lavras, MG. E-mail: zanetti@ufla.br 
2 
Aluno de graduação em Engenharia Florestal da UFLA. 
3 
Alunos de Pós-graduação do Departamento de Entomologia da UFLA. 
 
 
2 
 
2. HISTÓRIA DA ENTOMOLOGIA FLORESTAL NO MUNDO 
 
 A Entomologia Florestal surgiu como ciência juntamente com os estudos 
de Silvicultura, provavelmente, no século XVII, na Europa Central. Os primeiros 
estudos e publicações sobre o assunto iniciaram-se na Alemanha, impulsionados 
pelos constantes surtos de insetos que destruíam grandes áreas de florestas, 
importante matéria-prima usada para a produção de energia, construção etc. 
 Os estudos iniciais eram fruto de esforços individuais e quase sempre 
sem apoio institucional. Isso começou a mudar em 1830 com a criação da Escola 
de Florestas de Eberswalde, na Alemanha (primeira escola de florestas do 
mundo), tendo como titular da cadeira de entomologia o professor Julius Theodor 
Christian Ratzeburg (pai da entomologia florestal). A partir daí, diversos 
pesquisadores surgiram na Europa e em diversos países de outros continentes, 
que contribuíram para enriquecer os conhecimentos sobre Entomologia Florestal 
(Tabela 1). 
 
TABELA 1. Acontecimentos marcantes na história da Entomologia Florestal no 
mundo. 
 
Data Acontecimento 
Século XVII Criação da Silvicultura na Europa Central 
Século XVIII Surgimento de grandes surtos de pragas florestais 
1752 Publicação dos primeiros livros sobre pragas florestais. Shaffer 
publica estudos sobre a ocorrência da lagarta Lymanthria dispar 
(Lepidoptera: ) 
1772 Ocorrência de grandes surtos do escolitídeo Ipis typographus 
(Coleoptera: Scolytidae) na Alemanha 
1782 Criação dos primeiros laboratórios de entomologia florestal na 
Alemanha 
1830 Criação da Escola de Florestas de Eberswalde na Alemanha 
1837 Ratzeburg publica estudos sobre insetos associados a florestas 
1871 Morte de Ratzeburg (pai da entomologia florestal) 
Séc. XIX Surgem os primeiros estudos sobre pragas florestais nos EUA. 
Hopkins publica estudos sobre ataque de besouros da casca 
Dendroctonus frontalis (Coleoptera: Scolytidae) 
1939 Uso de DDT como inseticida 
1947 Identificado o primeiro caso de resistência ao DDT 
1962 Rachel Carson: publicação do livro “Primavera silenciosa” 
1967 Surgem os primeiros conceitos de MIP 
1970 a 1980 Proibição do DDT em vários países 
Década 1980 Implantação de programas de MIP em diversos países 
 
 
3 
 
3. HISTÓRIA DA ENTOMOLOGIA FLORESTAL NO BRASIL 
 
 A entomologia florestal brasileira surgiu com a criação da silvicultura 
brasileira, que teve início no século XIX com a implantação da Floresta Nacional 
da Tijuca, por ordem do império. A partir daí, diversos pesquisadores surgiram no 
Brasil e contribuíram para enriquecer os conhecimentos sobre a Entomologia 
Florestal Brasileira (Tabela 2). Os primeiros estudos foram dedicados ao registro 
de insetos que atacavam essências florestais, principalmente as formigas 
cortadeiras. 
 A implantação do eucalipto no Brasil em 1904 deu grande impulso aos 
estudos sobre a entomologia florestal, pois essa essência, juntamente com o 
Pinus, foi cultivada em larga escala, principalmente nas décadas de 60 e 70, 
necessitando de investimentos em pesquisa para o controle de suas pragas. 
Nesse contexto surgiram diversas escolas de floresta no país, que tinham na 
cadeira de entomologia florestal a responsabilidade de conduzir tais pesquisas. 
 Com o fim dos incentivos fiscais ao reflorestamento, a partir de 1988, o 
setor florestal foi influenciado pelos movimentos ecológicos e sociais, além de 
mudanças econômicas profundas em nível internacional e nacional, levando à 
reestruturação do setor, inclusive da entomologia florestal. As empresas reduziram 
grandemente os investimentos em pesquisa e passaram a implantar programas de 
qualidade total, na busca de certificação de seus produtos. 
 O caminho da pesquisa sobre entomologia florestal aponta para estudos 
sobre levantamento e flutuação populacional e métodos de controle sem o uso de 
produtos químicos, mostrando a tendência atual de se conhecerem os insetos 
associados às florestas e sua interação com o ambiente. Essa tendência é fruto 
das exigências do mercado internacional de produtos florestais, o qual obriga as 
empresas a conhecer o ecossistema onde atuam, buscando reduzir impactos 
ambientais decorrentes da atividade, inclusive com respeito ao controle químico de 
pragas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
TABELA 2. Acontecimentos marcantes na história da Entomologia Florestal no 
Brasil. 
 
Data Acontecimento 
Século XIX Criação da Silvicultura Brasileira com a implantação da 
Floresta Nacional da Tijuca 
1893 Forel publica “A fauna de formigas do Brasil” 
1896 Dafert publica estudos sobre controle de formigas cortadeiras 
1904 Hempel publica “Novo método de combate à saúva (Atta 
sexdens) e outras formigas nocivas às plantas” 
1904 Introdução do eucalipto no Brasil por Navarro de Andrade 
1909 Navarro de Andrade publica “Os insetos nocivos do 
Eucalyptus“ 
Década 1920 Surgem diversos estudos sobre levantamento de insetos 
associados a essências florestais: eucalipto (Navarro de 
Andrade); seringueira (Da Mata); palmáceas (Bondar); entre 
outros. 
1941 Silva e Almeida publicam “Entomologia Florestal: contribuição 
ao estudo das coleobrocas” 
Década 1940 Descoberta dos inseticidas clorados e uso no controle de 
pragas florestais 
Década. 1950-
60 
São publicados diversos estudos com saúva: biologia (Autuori 
entre 1950 a 1955 e Mariconi entre 1960 e 1961); taxonomia e 
distribuição (Gonçalves entre 1951 e 1955); controle (Vanetti 
entre 1957 e 1961 e Santana entre 1951 e 1952), entre outros. 
1960 Criação da primeira escola de florestas do país (Escola 
Nacional de Florestas) 
1963 Vanetti publica “Pragas de essências florestais” 
1964 Iníciodos incentivos fiscais ao reflorestamento no Brasil 
Década 1970 Expansão das escolas de florestas e dos reflorestamentos 
1988 Fim dos incentivos fiscais aos reflorestamentos 
Década 1990 Início dos programas de MIP e de certificação florestal e 
reestruturação das empresas 
 
4. ATUALIDADES EM ENTOMOLOGIA FLORESTAL 
 
 A entomologia florestal está diretamente relacionada a todas as áreas da 
Engenharia Florestal, pois os insetos são componentes fundamentais do 
ecossistema e podem contribuir para o desenvolvimento das florestas e para a sua 
destruição. Portanto, toda vez que se deseja manejar um sistema florestal, para a 
 
 
5 
obtenção de algum produto deste, devem-se manejar, também, os insetos. Dai a 
importância da entomologia florestal para o setor florestal em todos as suas áreas 
de atuação, como: 
 
 Ecologia Florestal - relacionado ao papel dos insetos na manutenção do 
equilíbrio ecológico da floresta e suas interações com outros animais. 
Atualmente, o conhecimento da relação entre as florestas e seus 
organismos associados é fundamental para o setor florestal, pois o 
mercado internacional de produtos florestais obriga as empresas 
produtoras a conhecer o ecossistema onde atuam, na busca da redução 
dos impactos ambientais decorrentes da atividade, inclusive com respeito 
aos impactos do controle químico de pragas. O uso de insetos como 
bioindicadores de qualidade ambiental em reflorestamentos é outra linha 
de pesquisa recente. 
 
 Inventário Florestal - os insetos podem alterar estimativas de produção 
florestal. Uma preocupação atual da pesquisa entomológica florestal é 
quanto aos impactos que os insetos causam às árvores e seus produtos. 
Cada vez mais se busca determinar a quantidade de redução da produção 
de madeira provocada por uma população de determinado inseto-praga, 
para que se possa determinar o NDE dessa praga. 
 
 Patologia Florestal - os insetos podem transmitir doenças às plantas. O 
patologista florestal deve-se preocupar com os insetos que transmitem 
doenças às plantas e procurar combatê-los em vez da própria doença. Os 
broqueadores são conhecidos agentes disseminadores de doenças, pois 
perfuram a planta, abrindo porta de entrada para microorganismos ou 
mesmo introduzindo-os propositadamente, como fazem os cultivadores de 
fungos (besouros ambrósia e vespa-da-madeira). 
 
 Melhoramento Florestal - relacionado ao estudo de resistência de plantas 
contra insetos. O grande objetivo de todo melhorista florestal é 
desenvolver uma planta capaz de manter alta produção de madeira nos 
mais variados tipos de condições e ser capaz de resistir a pragas e 
doenças. Atualmente, a clonagem é regra na produção florestal. Esse 
avanço tecnológico teve grande participação dos melhoristas florestais; 
entretanto, existe uma grande preocupação do setor quanto à limitação de 
variabilidade genética dos plantios existentes, que é considerada o ponto 
frágil contra o aparecimento de alguma praga ou doença que venham a 
dizimar tais plantios. Portanto, a inclusão de resistência contra insetos nas 
 
 
6 
plantas melhoradas e a variação da carga genética dos clones têm sido 
aprimoradas nos últimos anos. 
 
 Economia Florestal - os insetos podem alterar metas administrativas ou 
os custos de produção da floresta. Essa relação é muito clara, pois os 
insetos demandam grandes somas de recursos para seu controle. O 
aparecimento de surtos de pragas, embora previstos pelas avaliações 
econômicas de cada empreendimento, compromete os custos de 
produção florestal. 
 
 Silvicultura – está relacionada às técnicas silviculturais usadas na 
prevenção e controle de insetos. Esse setor é o que mais tem contato com 
os insetos, pois é encarregado de combatê-los. Atualmente, procura-se 
reduzir ao máximo as intervenções químicas de controle de pragas em 
florestas com o uso de técnicas silviculturais, principalmente aquelas que 
promovem um bom desenvolvimento das plantas, pois uma vez sadias 
elas resistem bem ao ataque de pragas. 
 
 Sementes Florestais - relacionadas a influência dos insetos na produção 
e disseminação de sementes. Como existem insetos que auxiliam e outros 
que prejudicam a produção de sementes florestais, deve-se procurar 
manejá-los adequadamente para que a produção não seja comprometida. 
 
 Tecnologia de Madeira - relacionada às técnicas de tratamento de 
madeira contra insetos ou aos danos que podem causar na estrutura das 
construções. Cada vez mais se busca utilizar madeiras de rápido 
crescimento para usos mais nobres como movelaria, construções rurais, 
telhados, etc. Para isso, busca-se aprimorar as técnicas de preservação 
dessas madeiras para aumentar seu tempo de vida útil, atualmente 
considerada baixa. 
 
 Arborização e Paisagismo - relacionados a influência dos insetos sobre 
plantas ornamentais. Um grande problema do setor de arborização e 
paisagismo são os ataques de insetos às plantas em áreas urbanas, pois 
não existe tecnologia apropriada de controle dessas pragas sem que o 
público seja afetado por elas. Certamente, o desenvolvimento dessas 
técnicas é um dos principais objetivos dos profissionais do setor. 
 
 Manejo Florestal - relacionado a influência dos insetos na seleção de 
espécies, épocas de corte, formas de condução da floresta etc. Como o 
manejo florestal envolve todas as áreas citadas acima, a entomologia 
 
 
7 
florestal, então, é uma das áreas que deve ser contemplada pelo 
manejador de florestas. 
5. CONCEITOS BÁSICOS DO MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS 
 
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma filosofia de controle de 
pragas que procura preservar e incrementar os fatores de mortalidade natural, 
através do uso integrado de todas as técnicas de combate possíveis, selecionadas 
com base nos parâmetros econômicos, ecológicos e sociológicos, visando a 
manter a densidade populacional de um organismo abaixo do nível de dano 
econômico. 
 A compreensão dos preceitos do MIP requer o conhecimento de alguns 
conceitos básicos, que são comumente usados por pesquisadores, técnicos e 
produtores que lidam com a entomologia. Para entendê-los devemos conhecer a 
relação inseto-fitófago x planta (Figura 1). 
 
 
Inseto 
Planta 
Perda ou 
Dano 
 
Dano 
Econômico 
Significativo 
$ Injúria 
Ataque 
Praga 
 
 
FIGURA 1. Esquema ilustrando a relação inseto x planta, que caracteriza o 
conceito de praga. 
 
 
Os insetos fitófagos alimentam-se das plantas para sobreviverem e, como 
conseqüência, as plantas deixam de produzir a mesma quantidade de produtos 
que outras que não foram danificadas por eles. Do ponto de vista do manejo 
integrado de pragas, esse inseto, ao se alimentar de uma planta cultivada provoca 
nela uma Injúria, que é definida como qualquer alteração deletéria decorrente da 
 
 
8 
sua ação. A planta injuriada perde produção, que pode ser quantificada 
monetariamente, recebendo o nome de Dano Econômico, que é definido como 
qualquer perda econômica decorrente de uma injúria. Quando esse dano se torna 
significativo diz-se que esse inseto se tornou uma Praga. A dúvida é saber quando 
o dano econômico se torna significativo, e, para isso, foi criado o conceito de Nível 
de Dano Econômico (NDE), que é a densidade populacional de uma praga capaz 
de causar um prejuízo (dano econômico) de igual valor ao seu custo de controle. 
Para calcular o NDE é necessário saber que a produção da cultura é 
reduzida à medida que a densidade populacional da praga ou a sua injúria 
aumenta (Figura 2). 
Densidade populacional/Injúria
Pr
od
uç
ão
Tolerância/
Supercompensação
Compensação Linearidade Insensibilização Insensibilidade
 
FIGURA 2. Modelo do efeito da injúria provocada por insetos sobre a produção. 
 
Conforme visto, a produçãoserá máxima quando a população da praga 
estiver próxima de zero. Para obter isso, devemos investir recursos para reduzir a 
densidade populacional da praga. Quanto maior o valor investido no controle, 
menor é a densidade populacional da praga e, conseqüentemente, maior será a 
produção da cultura (Figura 3). 
 
 
 
9 
 
Redução Densidade Populacional de Pragas 
$ 
Custo 
 
Controle 
Valor da 
Produção 
 
NDE 
 DP=0 
 
 
FIGURA 3. Relação custo-benefício do controle de pragas, conceituando nível de 
dano econômico. 
 
O que se espera obter em qualquer investimento florestal é o máximo 
lucro; então, a tomada de decisão (aplicação ou não de um ou outro método de 
controle) envolve um custo, que deve ser minimizado, e uma receita, que deve ser 
maximizada. A diferença entre a receita e o custo produz um lucro, que é descrito 
matematicamente como: 
L = pQ(x) - C(x), 
em que: L = lucro; p = preço do produto; Q(x) = quantidade do produto que se 
obteve em função da aplicação do método de controle (x); x = método de controle; 
e C(x) = custo da aplicação do método de controle (x). 
O lucro será máximo quando as curvas de receita da produção e custos de 
controle de pragas se afastarem o máximo, ou seja, quando a derivada de L em 
função de (x) for igual a zero: (dL/dx) = p[dQ(x)/d(x)] - [dC(x)/d(x)] = 0. Nesse 
ponto, temos o NDE, ou seja, a densidade populacional da praga (eixo X) em que 
devemos aplicar o controle. 
Na Figura 4 temos a derivada do lucro (dL/dx). Verifica-se que a curva de 
incremento dos custos aumenta quando a intensidade de controle aumenta. Isso 
porque aumentam os custos para se obter: boa estimativa da densidade 
populacional da praga; maior eficiência de controle; melhoria da metodologia de 
aplicação; etc. Por outro lado, a curva de incremento das receitas decresce com o 
aumento da intensidade de controle, devido aos maiores custos de sua 
implementação. O lucro é representado pela área formada pelo triângulo “abc”, 
que é derivado da diferença entre as duas curvas e é maximizado quando elas se 
interceptam no ponto X0. 
 
 
10 
 O preço dos produtos e dos insumos afeta o nível ótimo de intensidade 
de controle de pragas. Quando o preço do produto sobe, o retorno (ou benefício) 
do controle de pragas também deve aumentar, pois o produtor deve investir mais 
no controle de pragas, para reduzir mais os danos e obter maior produção e maior 
lucro. Assim, a intensidade de controle deve aumentar se o preço do produto 
aumentar, pois a curva de incremento dos custos intercepta a das receitas num 
nível de intensidade maior X1. 
 Como foi visto acima, o produtor terá o maior lucro se utilizar uma 
intensidade de controle igual a X0 ou X1, dependendo da variação no preço do 
produto. A partir destes pontos, qualquer investimento para reduzir, ainda mais, a 
população da praga (e conseqüentemente os seus danos) produzirá uma perda 
econômica para o produtor, que é representada pela área formada pelo triângulo 
“bdX2”. O ponto X2 representa a intensidade de controle necessária para se 
eliminarem todos os indivíduos de uma espécie de inseto-praga de uma área (e, 
conseqüentemente, todos os seus danos) e, também, representa a perda 
econômica máxima que se pode obter no controle de pragas, devido ao aumento 
no custo de controle. 
 
 
Intensidade de Controle de Pragas 
$ 
X 2 X 0 X 1 
a 
b 
c d 
Incremento das 
Receitas de P1 
Incremento das 
Receitas de P2 Incremento 
dos Custos 
 
FIGURA 4. Derivada da relação custo-benefício do controle de pragas, onde P1 = 
produtos com baixo preço e P2 = produtos com alto preço. 
 
 
O nível de dano econômico é dinâmico e pode variar segundo: Preço do 
produto (quanto maior o preço do produto, menor o nível de dano); Custo de 
controle (quanto maior o custo de controle, maior o nível de dano); capacidade da 
praga em danificar a cultura; suscetibilidade da cultura à praga. 
Outro conceito muito usado no MIP é o do Nível de Ação ou de Controle 
(NA ou NC), que é a densidade populacional de uma praga em que devem ser 
 
 
11 
tomadas as medidas de controle, para que não causem danos econômicos. A 
diferença entre os valores do ND e do NC é igual à velocidade de ação dos 
métodos de controle. Isso ocorre porque se o método de controle for lento, a 
densidade da praga pode crescer por um certo tempo após a aplicação do controle 
e causar danos acima do tolerável. 
Na prática, o produtor terá que acompanhar a flutuação populacional da 
praga no tempo e somente aplicar o controle quando essa densidade atingir um 
valor igual ou superior ao NC, para manter a densidade populacional do inseto no 
Ponto de Equilíbrio (Figura 5). 
 
 
Tempo
De
ns
ida
de
 
Po
pu
lac
ion
al NDE
NC
PE
Combate
 
 
FIGURA 5. Esquema representando o comportamento da densidade populacional 
de um organismo no tempo com relação ao nível de dano econômico. 
 
 
Com a implantação dos conceitos de NC e NDE, o MIP avançou em 
algumas culturas em relação aos métodos tradicionais, mas estava focalizado 
apenas na avaliação da densidade populacional das pragas, sem considerar o 
efeito do controle biológico natural na tomada de decisão. Isso foi mudado com a 
determinação do Nível de Não-Ação (NNA), que é a densidade populacional dos 
inimigos naturais capaz de controlar a população da praga sem a intervenção 
humana. 
Esses conceitos passaram a integrar o MIP e são utilizados rotineiramente 
nas atividades regulares da cultura florestal. 
 
6. PROCEDIMENTOS PARA IMPLEMENTAÇÃO E 
GERENCIAMENTO DE PROGRAMAS DE MANEJO INTEGRADO 
DE PRAGAS 
 
 
12 
 
 A implantação e o gerenciamento de programas de MIP é fundamental 
para a correta condução da floresta sob o ponto de vista do controle de insetos-
praga. Isso pode ser implementado em cinco etapas: 
 
1
o
 – Definição da unidade de manejo 
 
 A unidade básica de manejo de pragas florestais é o talhão. Essa 
unidade consiste numa área delimitada fisicamente por estradas, aceiros ou 
trilhas (Figura 6). Cada unidade deve conter a cultura em condições homogêneas 
de tratos culturais, idade, espécie ou cultivar, tipo de solo, micro-clima, entre 
outros, de forma que o comportamento da praga seja semelhante em toda a área 
da unidade. O seu tamanho é determinado pelo sistema de manejo da cultura, 
mas deve ter uma área que permita a aplicação de um método de controle em 
tempo suficiente para não haver alteração no status populacional da praga 
durante as operações de monitoramento e combate. 
 
Talhão 1
Talhão 2
Talhão 3
 
 
FIGURA 6. Esquema de unidades de manejo (talhão). 
 
 
2º - Eleger as pragas-chave 
 
 As pragas-chave são as mais importantes da cultura que se está 
manejando. É necessário um conhecimento geral sobre elas com relação à sua 
biologia, ecologia, comportamento, principais inimigos naturais etc., para poder 
manejá-las adequadamente. Existem basicamente quatro tipos de pragas em 
agroecossistemas: as não-pragas, secundárias, as primárias e as severas, sendo 
as duas últimas as mais importantes, conforme mostrado a seguir. 
 
a) Organismo não-praga: são aqueles organismos cuja densidade 
populacional nunca atinge o nível de controle (Figura 7). Ex. a maioria dos insetos 
 
 
13 
presentes nos agroecossistemas que usa recursos que não comprometem a 
produção. 
 
Tempo
De
ns
ida
de
 P
op
ula
cio
na
l
ND
NC
PE
 
FIGURA 7. Esquema representativo da flutuação populacional de um organismo 
não-praga. PE (Ponto de Equilíbrio); NC (Nível de Controle); ND (Nível 
de Dano). 
 
 
b) Praga Secundária: são aquelas que raramente atingem o nível de 
controle (Figura 8). 
 
Tempo
De
ns
ida
de
 P
opula
cio
na
l
ND
NC
PE
Combate
 
FIGURA 8. Esquema representativo da flutuação populacional de uma praga 
secundária. PE (Ponto de Equilíbrio); NC (Nível de Controle); ND 
(Nível de Dano). 
 
 
 
 
14 
c) Praga freqüente ou praga-chave ou praga primária: são aquelas que 
freqüentemente atingem o nível de controle (Figura 9). 
 
Tempo
De
ns
ida
de
 Po
pu
lac
ion
al
ND
NC
PE
Combate
 
FIGURA 9. Esquema representativo da flutuação populacional de uma praga 
freqüente ou chave ou primária. PE (Ponto de Equilíbrio); NC (Nível de 
Controle); ND (Nível de Dano). 
 
 
d) Praga severa: são aquelas cujo ponto de equilíbrio é sempre maior que 
o nível de controle ou de dano econômico (Figura 10). 
 
Tempo
De
ns
ida
de
 Po
pu
lac
ion
al
ND
NC
PE
 
FIGURA 10. Esquema representativo da flutuação populacional de uma praga 
severa. PE (Ponto de Equilíbrio); NC (Nível de Controle); ND (Nível 
de Dano). 
 
 
 
 
 
15 
3º - Aplicar os componentes do MIP 
 
 Os componentes do MIP são os passos que devem ser tomados 
sempre que surgirem problemas de ataque de insetos à cultura e compõem as 
ações rotineiras do programa. Eles são constituídos de três etapas: 
 
a) Avaliação do ecossistema 
 
 É necessária uma avaliação local do problema, onde devem ser 
analisados quatro componentes do ecossistema: a planta, a praga, os inimigos 
naturais e o clima. 
 Deve-se identificar e quantificar a população do inseto que está 
causando o problema em questão; 
 deve-se identificar e quantificar a população dos inimigos naturais 
desse organismo; 
 deve-se avaliar o estágio fisiológico da planta; 
 devem-se avaliar as condições climáticas do local. 
 
É importante considerar a necessidade de se utilizarem métodos de 
levantamento populacional de insetos que possam ser diretamente 
correlacionados com a injúria provocada e conseqüentemente com os danos. 
Esse levantamento permitirá a determinação não só de nível populacional para a 
adoção de medidas de controle, como também indicará a tendência das 
populações em crescer ou decrescer possibilitando a tomada de decisão mais 
coerente. Não existe um método universal de levantamento, sendo que, 
freqüentemente, um método empregado para uma praga não se aplica a outra, e 
às vezes, o mesmo método não serve para a mesma praga em condições 
diferentes. Normalmente ela depende da espécie e da fase da praga, da idade do 
plantio, da área afetada, dos recursos disponíveis, etc. 
 O MIP está fundamentado na amostragem das populações das pragas-
alvo e de seus inimigos naturais, bem como no conhecimento da cultura e das 
condições climáticas do local. Todas as duas fases posteriores estão baseadas 
nessa amostragem. 
 
b) Tomada de decisão 
 
 A tomada de decisão é efetuada através da análise dos aspectos 
econômicos da cultura e da relação custo/benefício do controle de pragas, que é 
determinado pelo NDE. Com base na avaliação do ecossistema combate-se a 
praga se: 
 A densidade populacional da praga for igual ou maior que o nível de 
controle; 
 
 
16 
 a densidade populacional dos inimigos naturais estiver abaixo do 
nível de não-ação; 
 a planta estiver no estágio suscetível à praga; 
 as condições climáticas estiverem favoráveis à praga. 
 
c) Escolha dos métodos de controle 
 
Uma vez tomada a decisão de adotar medidas de controle, será 
necessário fazer a opção por um programa que poderá envolver um ou mais 
métodos de redução populacional de insetos. Para isso deve-se ter um bom 
conhecimento de todas as técnicas de controle e escolher as mais adequadas, 
levando-se em consideração os fatores técnicos (eficiência, modo de aplicação, 
etc.), econômicos (custo de combate), ecológicos (impactos ambientais) e 
sociológicos (toxicidade e perigo durante a aplicação). Uma análise prévia do 
histórico da área com relação a culturas, clima, ocorrência de pragas, resultados 
de combate, entre outros, possibilitará uma previsão dos problemas que deverão 
ser enfrentados. 
 
4º - Planejamento das ações 
 
Em função das informações sobre a praga, inimigos naturais, cultura e o 
clima poderá ser feita uma programação para o emprego das medidas de 
controle selecionadas, visando a reduzir o problema atual e dificultar a ocorrência 
de novos surtos de pragas. Esse planejamento envolve a elaboração de um 
cronograma físico-financeiro, incluindo a relação das unidades de manejo que 
serão combatidas, os equipamentos de aplicação, materiais, produtos 
fitossanitários, mão-de-obra, transporte, alimentação, EPIs, taxas administrativas 
e impostos. Todas essas informações são relacionadas no tempo e no espaço, 
propiciando um planejamento detalhado das ações de combate que se seguirão, 
conforme exemplificado na Tabela 3. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
TABELA 3. Exemplo do planejamento físico-financeiro de ações de combate. 
 
Planejamento de combate 
Meses J F M A M J J A S O N D 
Talhões a combater 1 2 5 7 8 9 
Custo do combate $ $ $ $ $ $ 
 
 
5º - Acompanhamento dos resultados 
 
Após o combate da área é necessário acompanhar a flutuação 
populacional das pragas e dos seus inimigos naturais e verificar os efeitos dos 
métodos de redução populacional empregados, sobre os insetos visados e sobre 
os insetos não-alvo, a fim de avaliar a necessidade de novas intervenções. Para 
isso, adotam-se, geralmente, os mesmos métodos de amostragem empregados 
na avaliação do ecossistema ou outro método dependendo do caso. Essas 
etapas, geralmente, fecham o ciclo do MIP e iniciam o processo novamente, 
como a nova avaliação do ecossistema, conforme Tabela 4. 
 
 
TABELA 4. Exemplo do planejamento das avaliações dos resultados do combate. 
 
Planejamento das avaliações dos resultados do combate 
Meses J F M A M J J A S O N D 
Talhões a combater 1 2 5 7 8 9 
Talhões a avaliar 1 2 5 7 8 9 
 
 
8. AMOSTRAGEM DE INSETOS EM FLORESTAS 
 
 O MIP está fundamentado na amostragem das populações das pragas-
alvo e de seus inimigos naturais, bem como no conhecimento da cultura e das 
condições climáticas do local. Todas as duas fases posteriores estão baseadas 
nessa amostragem. 
 
a) Métodos de amostragem 
 
 Para avaliação correta das populações de pragas e inimigos naturais é 
necessário que, se realizem amostragens. Para tanto, é importante o 
desenvolvimento de pesquisas que permitam obter metodologias de avaliação 
populacional, plano de amostragem e tipo de caminhamento a ser adotado na 
 
 
18 
amostragem. No MIP são empregados dois métodos de avaliação de populações 
de pragas e de seus inimigos naturais: 
 
Métodos relativos: representado pelo número de indivíduos presentes numa 
amostra. Esta avaliação pode ser feita através de contagem direta das pragas 
existentes numa amostra, como, por exemplo, conta-se o número de lagartas por 
árvore ou o número de formigueiros por parcelas. É o método mais utilizado em 
agroecossistemas por ser mais rápido, barato e eficiente que os demais. O 
tamanho de uma estimativa relativa é afetado por mudanças no tamanho da 
população e sofre influência da fase do ciclo biológico, da atividade do inseto, da 
eficiência da armadilha ou do método de inspeção e das espécies e sexo. 
 
Índices populacionais: é a medida dos produtos metabólicos ou efeitos dos 
insetos presentes numa amostra. Ex: percentagem de desfolha, peso de 
excrementos e outros, por unidade amostral. É, também, bastante utilizado em 
agroecossistemas e é semelhante ao método relativo, exceto pelo fato de não 
amostrar o inseto diretamente, mas seus produtos ou efeitos. 
 
b) Distribuição espacial de insetos 
 
 Refere-se à forma de distribuição dos insetos no campo.A 
determinação prévia da distribuição dos organismos é importante no 
estabelecimento do plano de amostragem e essa distribuição pode ser ao acaso, 
quando a distribuição dos organismos ocorre de maneira inteiramente 
casualizada (seguem uma distribuição de Poisson); agregada, quando os 
organismos tendem a se reunir em grupos (seguem uma distribuição binomial 
negativa) e regular, quando os organismos estão uniformemente distribuídos em 
uma população (seguem uma distribuição binomial) (Figura 11). 
 
 
      
      
      
      
    
    
 
   
    
    
 
   
Regular 

2
 <  
 Ao acaso 

2
 =  
 Agregada 

2
 >  
 
FIGURA 11. Tipos de distribuição espacial dos insetos no campo. 
 
 
 
 
 
19 
c) Plano de amostragem 
 
A amostragem pode ser: 
 Comum: baseada no número fixo de amostras por unidade de área. Ex. 1 
ramo/planta, 20 plantas/talhão, etc. Mais usada em agroecossistemas do que 
a amostragem seqüencial. 
 
 Seqüencial: envolve um número variável de amostras. As partes são 
examinadas ao acaso, seqüencialmente, até que a densidade acumulada 
atinja uma das classes de abundância previamente estipulada. Sua vantagem 
em relação à amostragem comum é o de menor custo e tempo para amostrar 
a população do inseto alvo. Não tem sido utilizada em florestas. 
 
d) Tipo de caminhamento 
 
 Representa a maneira como se deve deslocar no campo para realizar a 
amostragem (Figura 12). A forma de caminhamento depende do tipo de 
amostragem, sendo espiral quando a amostragem é seqüencial e ziguezague, 
cruz, U ou pontos, quando a amostragem é do tipo comum. 
 
 
 
 
FIGURA 12. Tipos de caminhamento para realizar a amostragem. 
 
 
e) Componentes da amostragem 
 
 Pessoal: refere-se ao conhecimento da pessoa que faz a amostragem. 
Devem-se utilizar pessoas com certo grau de instrução para realizar a 
amostragem (pelo menos 1
o
 grau completo). 
 Mecânico: refere-se à precisão dos aparelhos ou equipamentos 
utilizados na amostragem. 
 Estatístico: refere-se à intensidade de amostragem a ser adotada (varia 
de 2 a 10% da área, na maioria dos casos). 
Ziguezague Serpenteado 
Espiral 
1 
 
 
20 
 Econômico: refere-se ao custo da amostragem. Deve-se calcular este 
custo para saber se compensa ou não a realização da amostragem. 
Esse custo não pode passar de 10% do valor do custo de combate. 
 
f) Instrumentos de amostragem 
 
 São equipamentos utilizados para auxiliar a amostragem de insetos. 
Existem diversos tipos, sendo que os mais utilizados são: 
 
 rede entomológica: trata-se de um aro de metal preso a um cabo de 
madeira, que sustenta um saco de filó com fundo arredondado. É utilizada 
para selecionar alguns exemplares. É mais usada para estudos de 
diversidade de insetos do que para quantificar suas populações. Assim, 
dependendo da fauna de insetos que se pretende levantar, o uso de redes é 
recomendável; 
 
 rede de varredura: semelhante à rede entomológica, porém mais reforçada, 
principalmente o pano, para suportar o atrito da rede com a vegetação; 
 
 armadilhas de solo: é constituída por um recipiente de boca larga enterrado 
no solo de maneira que a abertura fique ao nível da superfície. São 
especialmente voltadas para insetos que caminham sobre o solo por 
incapacidade de vôo ou por preferência de habitat. Essas armadilhas podem 
ter sua eficiência aumentada pela presença de iscas, podendo assim 
capturar uma variedade de insetos como besouros, formigas etc.; 
 
 malaise: é uma armadilha que “intercepta” o vôo de insetos, contendo uma 
barreira pouco visível para eles, feita de filó e com a qual os insetos colidem 
e são capturados num recipiente situado no topo da armadilha. Utilizada para 
amostrar himenópteros, principalmente parasitóides; 
 
 frasco caça-mosca: recipiente plástico ou de vidro, contendo orifícios em 
forma de cone. No interior contém substâncias atrativas aos insetos. Utilizada 
para coleta de mosca-das-frutas, principalmente; 
 
 armadilha luminosa: consiste de uma lâmpada fluorescente que emite luz 
negra, atrativa a insetos de habito noturno que voam. Esses são capturados 
num recipiente cônico situado logo abaixo da lâmpada. Utilizada para 
amostrar lepidópteros principalmente. 
 
 
 
21 
g) Tipos de amostragem de insetos em florestas 
 
Para se conhecer a densidade de insetos de uma área florestal podem ser 
utilizados alguns métodos como o método da parcela ao acaso (amostragem 
direta), o método do transecto em faixas, o método de sensoriamento remoto, da 
pesagem de excrementos, do uso de inseticidas e de armadilhas. 
 
Parcela ao acaso: é o método mais comum para se quantificar a população dos 
insetos. Consiste na marcação de parcelas de tamanho fixo, distribuídas ao acaso 
ou sistematicamente na área, e na contagem do número de insetos presentes 
nelas, que permitirá estimar a densidade da praga na área. No caso de 
amostragem de formigas cortadeiras, por exemplo, marcam-se parcelas nas áreas 
dos talhões, contam-se os formigueiros presentes nelas e estima-se o número de 
formigueiros de diferentes tamanhos por hectare. No caso de amostragem de 
lagartas desfolhadoras, cada parcela pode ser representada por um galho de uma 
árvore, possibilitando estimar o número de lagartas por metro quadrado de 
folhagem. Este método poderá também ser realizado para contagens de insetos 
em outras partes da árvore, no solo, no subbosque etc. 
 
Transecto: o método do transecto consiste na marcação de uma linha imaginária 
principal de comprimento predeterminado e na contagem da população de insetos 
em uma largura predefinida ao longo do transecto. Pode ser utilizado para 
amostrar formigas cortadeiras, cupins, besouros e lagartas desfolhadoras em 
áreas de plantio, contando-se as mudas atacadas ao longo do transecto, que 
geralmente corresponde à linha de plantio. 
 
Sensoriamento remoto: o método do sensoriamento remoto consiste na 
utilização de fotografias aéreas ou imagens de satélite para detectar a ocorrência 
de focos de insetos-praga. Através destas técnicas é possível observar a 
fenologia, regeneração, áreas danificadas, avanço de epidemias, fogo etc. No caso 
de epizootias é fácil investigar se os ataques estão se estendendo, onde existem 
áreas potencialmente em perigo e onde se deve efetuar o combate e concentrar as 
medidas de controle. As imagens aéreas constituem o método mais rápido e 
eficiente para amostragem de danos em grandes áreas de florestas, sejam elas 
nativas ou cultivadas. Este método normalmente quantifica os danos, mas não a 
população do inseto. Esta é estimada baseando-se no tipo de dano e extensão da 
área afetada. A análise das imagens deve ser acompanhada por uma amostragem 
de campo, na qual se identifica o inseto, ou grupo que está causando danos, bem 
como outros fatores que poderiam afetar a interpretação das imagens. Este 
método pode ser utilizado para amostrar formigas cortadeiras, lagartas 
desfolhadoras, broqueadores, cupins; entretanto, esses levantamentos não são 
comuns no Brasil e sim na Europa e América do Norte. Os principais sistemas de 
 
 
22 
imagem orbital disponível no Brasil e que poderiam ser utilizados para amostragem 
de insetos em reflorestamentos são: Landsat (pixel de 20x20m) e o Spot (pixel de 
5x5m). 
 
Pesagem de excrementos: a pesagem de excrementos consiste na coleta dos 
excrementos dos insetos com um coletor de pano estendido sob a planta e depois, 
aplicando-se índices de digestibilidade, estima-se a população presente. 
Conhecendo-se a digestibilidade aparente e o peso seco dos excrementos épossível estimar o peso seco das folhas e a área foliar consumido, além do 
tamanho da população de insetos. Estes dados podem ser facilmente obtidos em 
laboratório, bastando-se criar os insetos e medir, para cada estádio: a área foliar 
consumida; o tamanho e o peso seco das fezes e a relação área-peso das folhas. 
Foi utilizado em poucos casos para amostrar lagartas desfolhadoras no Brasil. 
 
Choque de inseticidas: consiste na aplicação de um produto potente sobre uma 
área ou plantas que estão sendo atacadas. Os insetos mortos por sua ação são 
coletados em panos ou plásticos de área conhecida, que devem ser previamente 
estendidos sob as plantas. A seguir procede-se à contagem dos insetos que 
caíram nos panos, e estima-se a população total da área infestada. Este método 
pode ser, ainda, utilizado para testar produtos e dosagens de inseticidas: colocam-
se os panos distribuídos na área; pulveriza-se a área com o produto e/ou 
dosagens a serem testadas; contam-se os insetos que caíram nos panos; 
pulveriza-se novamente a área com uma “bomba” (um produto ou mistura 
altamente potente); contam-se novamente os insetos e calcula-se a percentagem 
de eficiência dos tratamentos. 
 
Armadilhas luminosas: baseia-se na distribuição aleatória das armadilhas no 
campo, as quais permanecem ligadas por um período pré-fixado. No final de cada 
período, os insetos coletados são levados ao laboratório para contagem e 
identificação. Em empresas florestais, a utilização de armadilhas luminosas tem 
sido muito eficiente na amostragem de lepidópteros e coleópteros. Amostragens 
regulares durante todas as estações do ano têm permitido estabelecer curvas de 
flutuação populacional das espécies mais freqüentes. Este método é um dos mais 
eficientes para a amostragem de insetos noturnos, podendo também, em algumas 
situações, ser aplicado no controle de algumas pragas. 
 
Armadilha com atrativos: utilizam-se armadilhas de diferentes formas contendo 
atrativos como feromônios ou outras substâncias. Esse tipo de armadilha é usado 
na amostragem de escolitídeos (broqueadores) e para serradores. Os atrativos 
mais usados são o etanol e alguns feromônios como o Pheroprax e o Linoprax, 
para o caso de escolitídeos, e melaço de cana para o caso de serradores. No caso 
desses feromônios, as distâncias entre armadilhas devem ser de 100 e 30 m, 
 
 
23 
respectivamente, ambas instaladas a um metro do solo, numa densidade de 1 a 
3/ha. O melaço de cana é colocado em frascos caça-mosca, que são distribuídos 
na periferia do reflorestamento. 
 
Árvores armadilha: empregadas para detectar e amostrar a vespa-da-madeira 
(broqueador). Consiste em escolher 5 árvores agrupadas de diâmetro menor que 
20 cm, numerá-las e matá-las para atrair as vespas. Após a vistoria deve-se 
inocular o nematóide (Bedinghia siricidicola) com um martelo aplicador de 30 em 
30 cm no tronco da árvore derrubada. 
 
9. MÉTODOS DE CONTROLE USADOS NO MIP 
 
9.1. MÉTODO LEGISLATIVO 
 
 É um método de controle que se baseia em leis, decretos e portarias, 
quer federais ou estaduais, que obrigam o cumprimento de medidas de controle 
como: 
 
a) Serviço quarentenário: previne a entrada de pragas exóticas e impede a 
disseminação das nativas. Este serviço é executado pelo Serviço de Defesa 
Sanitária Vegetal, órgão do Ministério da Agricultura, cujos técnicos 
inspecionam portos, aeroportos e fronteiras, procurando tratar, destruir ou 
impedir a entrada de vegetais e animais atacados, através da quarentena. Este 
serviço atua, também, em casos de exportação de produtos agrícolas e 
florestais contendo pragas. Ex: Exigência de Laudo Fitossanitário para 
exportação de toras de eucalipto para a Europa. 
 
b) Medidas obrigatórias: são medidas legais que obrigam ao reflorestador o 
controle de determinadas pragas consideradas limitantes para os povoamentos 
florestais. Ex: No Rio Grande do Sul, existe a lei n
o
 2869 de 25/06/56, que 
obriga a coleta e queima de galhos de acácia negra para diminuir a infestação 
do serrador Oncideres impluviata (Coleoptera: Cerambycidae). 
 
c) Lei dos agrotóxicos: a lei n
o
 7802/89, regulamentada pelo decreto nº 4074/02, 
tem por finalidade controlar a fabricação, formulação, comércio e uso 
adequado, em termos de toxicidade, segurança, eficiência e idoneidade dos 
inseticidas, recolhimento de embalagens, entre outros, além de obrigar o uso 
do Receituário Agronômico (RA) para qualquer atividade envolvendo o uso 
destes produtos. O RA é um parecer técnico sobre a situação fitossanitária do 
reflorestamento e que tem a finalidade de instituir o uso adequado dos 
agrotóxicos. Tem por objetivo maximizar a eficiência no controle com o uso 
 
 
24 
mais racional de inseticidas. O RA é obrigatório para a aquisição e aplicação de 
produtos fitossanitários e é de competência exclusiva de Engenheiros 
Florestais e Agrônomos. 
 
9.2. MÉTODO MECÂNICO 
 
 Consiste na utilização de medidas de controle que causem a destruição 
direta dos insetos ou que impeçam seus danos, tais como: 
 
a) Catação manual: baseia-se na coleta e na destruição direta dos insetos que 
estão causando prejuízos. Pode ser utilizada em pequenas áreas e quando a 
mão-de-obra é barata. Ex: coleta de besouros Costalimaita ferruginea vulgata 
(Coleoptera: Chrysomelidae) em viveiros e jardim clonal. Catação manual de 
lagarta-rosca em viveiros. Catação manual de Lampetis spp. (Coleoptera: 
Buprestidae) em áreas de implantação de Eucalyptus spp. Escavação de 
formigueiros iniciais, para matar a rainha. O rendimento desta operação gira em 
torno de 1 ha/homem/dia; 
 
b) barreiras: consistem no uso de qualquer prática que impeça ou dificulte o 
acesso dos insetos à planta. Usada para proteger árvores isoladas, áreas 
experimentais, viveiros etc. Ex: uso de casa-de-vegetação para a produção de 
mudas, uso de sombrite em viveiros, uso de cones invertidos nos troncos das 
árvores, uso de tintas ou vernizes, uso de embalagens etc.. 
 
9.3. MÉTODO FÍSICO 
 
 Este método consiste na aplicação de métodos de origem física para o 
controle de insetos, tais como: 
 
a) Fogo: utilizado na limpeza de áreas exploradas ou em implantação para facilitar 
a localização e tratamento de sauveiros e quenquenzeiros. Também foi 
utilizado com sucesso para o controle de Sarsina violascens (Lepidoptera: 
Lymantriidae), uma vez que as lagartas das mesmas se aglomeram durante o 
dia no tronco das árvores atacadas. O uso do fogo no controle de pragas está 
cada vez menos freqüente; 
 
b) Temperatura: consiste na manipulação da temperatura do ambiente, tornando-
a letal aos insetos. Ex. uso do calor em fábricas de processamento de produtos 
florestais para eliminar insetos existentes nas madeiras, uso de câmaras 
refrigeradas para proteger sementes etc; 
 
 
 
25 
c) Luminosidade: utilização de uma faixa de radiação luminosa (300 a 770 nm) 
para atrair e capturar insetos adultos de hábito noturno. Ex.: armadilhas 
luminosas para capturar insetos, uso de armadilhas coloridas, etc.. 
 
 
9.4. MÉTODO ETOLÓGICO OU COMPORTAMENTAL 
 
 É um método que se baseia no estudo fisiológico dos insetos visando ao 
seu controle através do seu hábito ou comportamento. Existem dois tipos de 
controle etológico: 
 
a) Hormônios: são substâncias produzidas por glândulas internas e lançadas 
diretamente na hemolinfa dos insetos para provocar reações específicas em 
alguma parte de seu corpo. Têm-se os inibidores de síntese de quitina (Ex: 
diflubenzuron, usado em iscas formicidas e no controle de lagartas); abamectinas 
(iscas formicidas); precocenos e juvenóides; 
 
b) Semioquímicos: são substâncias produzidas por glândulas internas ou 
externas e lançadas para fora do corpo dos insetos para provocar reações 
específicas em outro indivíduo. São usadas na comunicação entre indivíduos. Ossemioquímicos dividem-se em: 
 
1) Feromônios: servem para a comunicação entre indivíduos da mesma espécie. 
Podem ser usados no MIP para: detecção (verificação da presença de pragas em 
determinados locais); monitoramento (estimar a densidade da população de 
pragas e acompanhar sua flutuação ao longo do tempo), e controle (controlar a 
praga). O controle pode ser feito através da: 
- coleta massal: consiste em se colocar grande quantidade de 
armadilhas para coletar grande número de indivíduos, reduzindo a 
população da praga. É eficiente em baixas populações da praga; 
- confundimento: consiste em saturar a área com feromônio, visando a 
reduzir os acasalamentos, pela desorientação do receptor. Muito 
usado em pomares; 
- cultura armadilha: consiste em se aplicar o feromônio em faixas de 
cultura ou em pontos específicos para atrair os insetos para aquele 
local, onde se pode aplicar um produto químico para eliminá-los. O 
feromônio de agregação é o mais usado neste processo. 
 
 Os feromônios têm sido usados em florestas para o monitoramento e 
detecção de pragas. Seu uso no controle é dificultado pelo tamanho das áreas 
florestais. Frontalin, Pheroprax e Linoprax são usados para monitorar escolitídeos 
 
 
26 
na Europa. No caso desses feromônios, as distâncias entre armadilhas devem ser 
de 30 a 100 m, instaladas a um metro do solo, numa densidade de 1 a 3/ha. Ainda 
não são usados no Brasil. 
 
2) Aleloquímicos: servem para a comunicação entre indivíduos de espécies 
diferentes. São divididos em: 
- cairomônios: a comunicação beneficia o receptor da mensagem, isto 
é, são atraentes. Ex. iscas formicidas; 
- alomônios: a comunicação beneficia o emissor da mensagem, isto é, 
são repelentes. Não tem uso prático em florestas. 
 
9.5. MÉTODO DE RESISTÊNCIA DE PLANTAS A INSETOS 
 
 Consiste na seleção e utilização de essências florestais que, devido a 
suas características genéticas, são menos danificadas que outras em igualdade de 
condições. O uso de espécies, subespécies, variedades ou procedências de 
árvores que possuem mecanismos naturais de resistência aos insetos é uma 
alternativa muito promissora para o controle de pragas em florestas. 
 
a) Graus de resistência 
- imunidade: planta que não sofre danos; 
- resistência: planta que, devido a suas características genéticas, sofre 
um dano menor que outras em igualdade de condições; e 
- suscetibilidade: planta que sofre um dano maior que outras em 
igualdade de condições. 
 
b) Tipos de Resistência 
- antixenose ou não-preferência: as plantas são menos preferidas para 
a alimentação, abrigo ou oviposição pelas pragas; 
- antibiose: as plantas afetam a biologia da praga; 
- tolerância: a planta suporta o ataque da praga sem afetar sua 
produção, nem a biologia da praga; 
- pseudo-resistência: resistência não transmitida hereditariamente. 
 
 
9.6. MÉTODO CULTURAL 
 
 Consiste no emprego de certas práticas silviculturais, normalmente 
utilizadas para o cultivo das plantas, visando ao controle de pragas. 
 
 
 
27 
a) Época de plantio: objetiva dessincronizar a fase suscetível da cultura com o 
pico de ocorrência da praga. Ex: plantio no início da época chuvosa reduz os 
danos de cupins e formigas. 
b) Poda: embora a poda não seja uma prática muito comum em florestas, ela 
pode ser utilizada para controlar pragas. Ex: poda de galhos baixos de 
eucalipto e incorporação dos restos com grade ou rolo-faca para controlar 
lagartas desfolhadoras; poda e queima de galhos atacados por serradores etc. 
c) Preparo de solo: a aração e gradagem promovem um ressecamento da 
camada superficial do solo, matando algumas pragas que passam algum 
estádio no solo. Ex: gradagem para matar pupas de Psorocampa denticulata 
em eucalipto. 
d) Adubação: planta bem nutrida é mais resistente ao ataque de pragas. Ex. 
adubação fosfatada reduz o corte de mudas por formigas. 
e) Plantio direto: favorece os inimigos naturais das pragas; entretanto; favorece 
algumas pragas de solo, como formigas cortadeiras. 
 
9.7. MÉTODO BIOLÓGICO 
 
 Consiste na manipulação direta ou indireta dos inimigos naturais 
(parasitóides, predadores, patógenos e competidores) das pragas, no sentido de 
manter as populações destas pragas em níveis toleráveis. O controle biológico 
pode ser de 2 tipos: 
 
- Natural: consiste na ação dos parasitóides, predadores, patógenos e 
competidores em ambientes não manipulados pelo homem. 
- Aplicado: consiste na introdução e manipulação dos inimigos naturais 
pelo homem. Em florestas implantadas, a ocorrência de inimigos 
naturais é restrita, em conseqüência da pequena diversidade ecológica 
e estabilidade biológica, típica desses locais. 
 
a) Estratégias do controle biológico em florestas 
 
- Manutenção das condições ambientais (CB por conservação): consiste em 
manter ou manipular adequadamente as condições do ambiente, para 
favorecer a reprodução, abrigo e alimentação dos inimigos naturais. Ex: uso de 
faixas de vegetação nativa entre os talhões reflorestados; aumentar a 
diversidade de espécies plantadas; manter o subbosque diversificado; restringir 
o fogo, a caça, agrotóxico etc. O planejamento da distribuição das reservas de 
vegetação natural e a manutenção do subbosque das florestas homogêneas 
são fatores imprescindíveis no manejo ambiental. A retirada do subbosque ou a 
impossibilidade de seu desenvolvimento acentuam mais ainda o problema da 
 
 
28 
simplificação do ambiente, o que pode promover o desaparecimento dos 
inimigos naturais que necessitam do subbosque como local de abrigo, 
alimentação ou reprodução. Tanto a distribuição racional das reservas de 
vegetação natural como a manutenção de subbosques é fator de vital 
importância no controle integrado de pragas em florestas implantadas. 
 
- Multiplicação de agentes nativos (CB por incremento): consiste na criação 
e liberação de inimigos naturais nativos da região, para o controle de insetos- 
praga. Isso é feito quando a população de inimigos naturais não é suficiente 
para controlar as pragas ou quando não é possível melhorar as condições 
ambientais. Para tal, é necessário um bom programa de seleção dos IN, 
estudos de biologia da praga e do seu IN, estudos da relação praga-IN, 
desenvolvimento de técnicas de criação massal e acompanhamento de sua 
ação após a liberação. Ex: uso de percevejo predador Podisus spp no controle 
de lagartas desfolhadoras. 
 
- Introdução de agentes exóticos (CB Clássico): consiste na introdução de 
inimigos naturais nativos num local onde ele não ocorre naturalmente, para o 
controle de insetos-pragas. Essa técnica tem sido bastante utilizada para 
controlar pragas introduzidas. Devem-se tomar os mesmos cuidados tomados 
na multiplicação de agentes nativos, além de verificar se o agente a ser 
introduzido não causará problemas com o tempo. Ex: introdução de Bacillus 
thuringiensis para controlar lagartas. Introdução do nematóide Bedinghia 
siricidicola para controlar a vespa-da-madeira. 
 
b) Agentes de controle biológico 
 
- Predadores: são organismos (insetos, aves, mamíferos, aranhas etc.) que 
necessitam alimentar-se de muitos indivíduos para sua sobrevivência e, assim, 
matam e comem outros insetos (1 predador consome várias presas). Os 
insetos predadores são considerados eficientes controladores de lepidópteros 
desfolhadores em floresta, principalmente os hemípteros predadores das 
famílias Pentatomidae e Reduviidae. É importante ressaltar que os pássaros 
atuam como eficientes predadores de lagartas e adultos de muitas espécies de 
lepidópteros desfolhadores. Na literatura encontram-se várias referências dos 
mesmos predando principalmente a lagarta desfolhadora Thyrinteina arnobia. 
Muitos ácaros são entomófagos e de grande importância na destruição de 
insetos. As aranhas são predadoras inespecíficas,muito embora bastante 
eficientes. São encontradas grandes populações em povoamentos de 
Eucalyptus spp. e principalmente em Pinus spp. 
 
 
 
29 
- Parasitóides: insetos que durante o seu desenvolvimento necessitam apenas 
de um único hospedeiro (1 parasito consome 1 hospedeiro). Os parasitóides 
adultos têm vida livre e sua fonte de alimento é diferente da usada na sua fase 
jovem. Normalmente, os adultos se alimentam de pólen, néctar e exudações 
diversas. As diferentes fases do inseto-praga (ovo-larva-pupa-adulto) podem 
ser parasitadas por diferentes espécies de parasitóides. Trichogramma soaresi 
(Hymenoptera: Trichogrammatidae): parasitóide oófago. Foi feita uma criação 
massal deste parasitóide em laboratório (UFMG) visando à liberação no campo 
na tentativa de controlar um foco de Blera varana (Lepidoptera: Notodontidae), 
em 16 ha de E. cloesiana. 
 
- Patógenos: são organismos (fungos, bactérias, vírus, nematóides etc.) que 
provocam doenças e a morte de insetos-praga. São classificados em: 
 
Fungos: embora no Brasil os melhores resultados de controle biológico 
com o uso de fungo tenham sido encontrados no controle de cigarrinhas 
e cochonilhas, é bastante comum encontrar lagartas e pupas de 
desfolhadores de eucaliptos controlados por fungos dos gêneros 
Beauveria, Metarhizium, Paecilomyces e outros. 
 
Bactérias: são empregadas em pulverizações dos esporos sobre a 
praga, sendo altamente eficientes. Em reflorestamentos, a bactéria 
Bacillus thuringiensis é considerada a mais importante. Seus esporos, 
quando ingeridos pelas lagartas provocam a ruptura da parede intestinal, 
levando-as à morte. Já existem no mercado muitas variedades desta 
bactéria, e as marcas mais comuns no Brasil são: Dipel, Agree e 
Thuricide. Estes produtos já são utilizados no Brasil há vários anos 
contra lepidópteros desfolhadores de eucalipto e mostraram alta 
eficiência. É importante lembrar que a ação deste produto é ineficaz para 
as outras fases do inseto, sendo eficiente exclusivamente na fase de 
lagarta. 
 
Vírus: são freqüentemente responsáveis pelo controle de muitos surtos 
de praga, aparecendo algum tempo depois do estabelecimento do inseto. 
É característico em uma lagarta contaminada por vírus paralisar sua 
alimentação e movimentação no final do período de 1 a 3 dias, ficando 
amarronzadas e apodrecendo, permanecendo nos galhos dependuradas, 
secas ou se liquefazendo. Em reflorestamentos no Brasil, tem-se o 
exemplo de Sabulodes caberata, portadora de uma virose, que foi capaz 
de acabar com um surto em menos de 2 meses em 300 ha de eucalipto 
no Vale do Rio Doce, em MG. 
 
 
30 
 
Nematóides: diversas espécies de nematóides atuam como parasitos 
obrigatórios de insetos, podendo atacar a cavidade geral do corpo do 
hospedeiro, ocorrer no intestino ou ser parasitos de órgãos reprodutores. 
Ex: Bedinghia siricidicola parasitando a vespa-da-madeira Sirex noctilio. 
 
- Competidores: são organismos que competem por algum fator de 
sobrevivência necessária aos insetos daninhos. Os insetos são os maiores 
competidores das pragas. Ex: competição entre Atta spp. e Acromyrmex spp. 
 
9.8. MÉTODO QUÍMICO 
 
 Consiste na utilização de compostos químicos, que aplicados direta ou 
indiretamente sobre os insetos, em concentrações adequadas, provocam a sua 
morte. Constitui o método mais utilizado no controle de pragas florestais devido a 
rapidez na preparação do combate, eficiência imediata, compatibilidade com as 
operações silviculturais e baixo custo inicial, porém, apresentam a desvantagem 
de não serem específicos, alto custo a longo prazo, além de serem tóxicos ao 
homem e a outros animais. 
 Os inseticidas do grupo dos fosforados e dos piretróides são os mais 
empregados no controle de pragas florestais. Dentre eles destacam-se os 
formicidas deltametrina e clorpirifós; os lagarticidas deltametrina e fenitrotion e o 
cupinicida fention. Os inseticidas à base de sulfluramida são os mais utilizados no 
Brasil para o controle de formigas cortadeiras em reflorestamentos. Os inseticidas 
biológicos à base de Bacillus thuringiensis também têm sido bastante usados em 
florestas como lagarticidas. Os inseticidas do grupo das fenil pirazonas são os 
mais recentes lançamentos no controle de pragas florestais. O fipronil é o principio 
ativo de isca formicida e de cupinicida. 
 
a) Formulação dos inseticidas 
 
 É a arte de transformar um produto técnico numa forma apropriada de 
uso chamada de produto comercial. Ele divide-se em: 
- Produto técnico: substância que realmente mata o inseto. Contém uma 
porcentagem definida de ingrediente ativo (i.a.). 
- Inerte: talco, caulim etc. 
- Adjuvante: estabilizante, agente molhante, dispersante, espalhante etc. 
 
b) Tipos de formulação de inseticidas 
 
 
 
31 
- Pó Seco (P): inseticida adsorvido em argila + pó inerte (1 a 10% de i.a.). 
Ex: K-Othrine 2P. 
- Pó Molhável (PM): inseticida + inerte + agente molhante (20 a 80% de i.a.). 
Ex: Dipel PM. 
- Pó Solúvel (PS, TS): inseticida puro em pó (50 a 90% de i.a.). 
- Granulados (G, GR): inseticida + solvente + inerte (1 a 10% de i.a.). Ex: 
Mirex-S. 
- Concentrados Emulsionáveis (CE): inseticida + solvente + emulsionante (5 
a 100% de i.a.). Ex: Lebaycid 500 CE. 
- Soluções Concentradas (ED, UBV): inseticida + solvente (ED = 
eletrodinâmica, UBV = ultrabaixo volume). Ex: Sumithion UBV. 
- Suspensão Concentrada (SC): inseticida líquido puro. Ex: Carbaril SC. 
- Gasosos: inseticida líquido ou sólido que gaseifica em contato com o ar. 
Ex: Bromex. 
- Aerossóis: inseticida + gás propulsor + base oleosa + solvente auxiliar + 
ativador + perfume. 
- Pasta (PF): inseticida pastoso. Ex: Gastoxin. 
- Suspensão líquida (GrDA ou WG): inseticida disperso em partículas 
sólidas micronizadas em meio liquido. Ex: Tuit NA. 
 
c) Classificação dos inseticidas 
 
- quanto a finalidade: aficidas (pulgões); formicidas (formigas); cupinicidas, 
etc; 
- quanto a forma de ação: contato (cutícula); ingestão (oral); fumigação 
(respiração); 
- quanto a forma de translocação no hospedeiro: sistêmicos (circula na 
seiva da planta); profundidade (ação translaminar); 
- quanto a toxicidade: altamente tóxico (tarja vermelha); medianamente 
tóxico (tarja amarela); pouco tóxico (tarja azul) e praticamente atóxico 
(tarja verde). 
- quanto a origem: 
- inorgânicos: enxofre, arsênio, mercúrio etc; 
- de origem vegetal: nicotina, piretro, rotenona, óleo de soja etc. 
- sintéticos: clorados, clorofosforados, fosforados, carbamatos, 
piretróides, reguladores de crescimento, microbianos e fumigantes 
inorgânicos. 
 
d) Características dos grupos dos inseticidas 
 
- Clorados: todos proibidos para o uso em florestas; compõem-se de 
átomos de Cl, C, H e eventualmente O; alta persistência no ambiente; 
 
 
32 
pouco voláteis; baixa solubilidade; lipossolúveis; bioacumulativos 
(aumentam a concentração nos tecidos com o aumento de peso); 
biomagnificativos (aumentam a concentração ao longo da cadeia trófica); 
são carcinogênicos (provocam câncer); alto espectro de ação (não são 
específicos); e outros. Ex. DDT, BHC, Aldrin, endossulfan, dodecacloro. 
- Fosforados: compõem-se de derivados do ácido fosfórico; alta toxicidade 
aguda a mamíferos; não são bioacumulativos; alta volatilidade; são 
inibidores da acetilcolinesterase. Ex. clorpirifós, fention, fenitrotion, 
sumition. 
- Carbamatos: compõem-se de derivados do ácido carbâmico; alta 
volatilidade; não são bioacumulativos; baixa persistência no ambiente; 
inibidores da acetilcolinesterase. Ex. carbufuran, carbossulfan, carbaril. 
- Piretróides: compõem-se de derivados dos ácidos crisantêmico e pirétrico; 
fotoestáveis; baixa toxicidade a mamíferos; repelentes às pragas; induzem 
resistência rapidamente; baixa estabilidade no solo;alta toxicidade a 
peixes; alta potência; pouco voláteis; interferem no fluxo de íons através 
das células nervosas. Ex. deltametrina, permetrina, cipermetrina. 
- Inibidores de síntese de quitina: inibem a formação da cutícula do inseto; 
baixa estabilidade à luz ultravioleta; seletivos. Ex. diflubenzuron, 
ciromazina, buprofezina. 
- Juvenóides e Precocenos: afetam o crescimento dos insetos; seletivos; 
baixa toxicidade a mamíferos; baixa estabilidade à luz e temperatura. Ex. 
metopreno, hidropreno, quinopreno. 
- Microbianos: compõem-se de bactérias, vírus, fungos, ou seus produtos; 
alta especificidade; não contaminam o ambiente; baixa estabilidade no 
ambiente; baixa toxicidade a mamíferos. Ex. Bacillus thuringiensis, 
Baculovirus sp., Metarhizium sp, Beauveria sp, Nomurae sp. 
 
e) Mecanismo de ação dos inseticidas 
 
 A maioria dos inseticidas possui mecanismo de ação relacionado à 
transmissão de impulsos nervosos. No axônio, o impulso é transmitido por meio de 
cargas elétricas via variação do potencial elétrico resultante da movimentação de 
íons K
+ 
e Na
+ 
através da membrana dos axônios. 
Em repouso a membrana do axônio é permeável aos íons K
+ 
e 
impermeável aos íons Na
+
. Assim, existe uma maior concentração de K
+ 
no interior 
do axônio e de Na
+
 no exterior, gerando uma diferença de potencial elétrico (DDP) 
de -60 mV (potencial de repouso) entre o interior e o exterior do axônio. 
Devido a um estímulo (ex. um toque no tegumento) a membrana do 
axônio torna-se permeável aos íons Na
+
 (abertura do canal de Na
+
). Com a 
entrada dos íons Na
+ 
, ocorre uma saída de íons K
+ 
por repelência de cargas, 
ficando o interior do axônio com maior concentração de Na
+ 
e o exterior com maior 
 
 
33 
concentração de K
+ 
. Isso gera uma diferença de potencial elétrico de +40 mV 
(potencial de ação) entre o interior e o exterior do axônio. A abertura dos canais de 
Na
+ 
dura cerca de 0,002 a 0,003 segundo e a membrana torna-se, novamente, 
impermeável aos íons Na
+ 
(fechamento do canal de Na
+
). Este processo é passivo, 
ou seja, sem o gasto de energia (ATP). 
Para restabelecer o repouso, a membrana do axônio torna-se permeável 
aos íons K
+ 
(abertura do canal de K
+
) e força a entrada de K
+ 
para o interior do 
axônio através do consumo de ATP que é chamado de BOMBA NA
+
-K
+
. Este 
processo é ativo, ou seja, ocorre gasto de energia (ATP). No interior do axônio a 
enzima ATP-ase quebra a ligação ATP-K
+
, liberando K
+ 
e ATP. 
Quando o impulso elétrico chega na porção final do axônio, a membrana 
próxima à sinápse torna-se permeável a íons Ca
++
 (abertura do canal de Ca
++
), 
que ficam no exterior das fendas sinápticas. Estes íons ativam as vesículas 
secretoras de substâncias neurotransmissoras (acetilcolina, principalmente), 
liberando esta substância na fenda sináptica. A substância neurotransmissora 
acopla-se ao receptor sináptico da membrana pós-sináptica do outro axônio, 
transmitindo o impulso elétrico. A membrana se torna impermeável ao Ca
++
 
(fechamento do canal de Ca
++
), que volta para o exterior do axônio. 
 Após a transmissão do impulso elétrico, ocorre a liberação da enzima 
neurotransmissora (acetilcolinesterase), que degrada a acetilcolina, ligada ao 
receptor pós-sináptico, em colina e ácido acético, cessando a transmissão do 
impulso e tornando a membrana pós-sináptica livre para receber um novo 
estímulo. 
 Desta forma, o impulso segue até um músculo específico que irá reagir 
(contrair, por exemplo) e isso é chamado de ação excitatória. Para que este 
músculo volte à posição normal (relaxar) o cérebro deve enviar uma nova 
mensagem, chamada de ação inibitória. Esta nova mensagem é transmitida pelos 
axônios e pelas sinápses inibitórias, num processo semelhante ao que ocorre nas 
sinápses excitatórias, porém, o neurotransmissor é o ácido -aminobutírico 
(GABA) e o íon envolvido é o Cl
-
. 
 O mecanismo de ação dos principais grupos de inseticidas é: 
- Organofosforados e Carbamatos: ligam-se a acetilcolinesterase 
inativando-a e impedindo que ocorra a quebra da acetilcolina. Com isso os 
receptores pós-sinápticos ficam sobrecarregados e não receberão novos 
estímulos. Isso faz com que não chegue estímulos aos músculos, o que 
paralisará a respiração muscular, causando a morte do inseto. 
- Clorados do Grupo do DDT e Piretróides: atrasam o fechamento dos 
canais de Na
+
, hiperexcitando o axônio e levando à exaustão muscular. 
- Clorados do Grupo do BHC, Neonicotinóides e Ciclodienos: acoplam-
se ao receptor do GABA, impedindo a abertura dos canais de Cl
-
, 
provocando hiperexcitação, convulsões, paralisia e morte do inseto. 
 
 
34 
- Lactonas ou Avermectinas: simulam a ação do GABA, favorecendo a 
entrada de Cl
-
 com mais intensidade, provocando paralisia. 
- Precocenos: transformam os insetos em adultóides (insetos adultos 
pequenos e estéreis) 
- Juvenóides: induzem a permanência do inseto na fase jovem, não se 
transformando em adulto. 
- Inibidores de síntese de quitina: impedem a deposição de quitina na 
cutícula, que se torna mole e se rompe durante a muda, matando o inseto. 
- Inseticidas bacterianos: os esporos ingeridos pelos insetos produzem 
cristais tóxicos que dão origem a toxinas letais no intestino do inseto. 
- Inseticidas virais: os corpos poliédricos de inclusão ingeridos pelos 
insetos liberam vírions no intestino do inseto provocando infecção 
generalizada. 
- Inseticidas fúngicos: as hifas penetram pela cutícula e produzem 
micotoxinas letais ao inseto. 
 
f) Avaliação toxicológica dos Inseticidas 
 
 A toxicidade de inseticidas é expressa em Dose Letal 50 (DL50). 
Toxicidade aguda: quantidade do inseticida que aplicada uma única vez em cada 
indivíduo de uma população resulta em 50% de mortalidade. O inseticida pode ser 
aplicado topicamente e via ingestão. 
 
Toxicidade crônica: é a quantidade do inseticida que provoca a morte de 50% 
dos indivíduos de uma população-teste, quando aplicada várias vezes em cada um 
dos indivíduos dessa população. A dose é determinada após várias aplicações de 
subdosagens e os efeitos esperados ocorrem em longo prazo. 
 
Tolerância: concentração máxima dos resíduos de um agrotóxico que é permitida 
em um alimento por ocasião da colheita ou consumo. 
 
Carência: é o intervalo de tempo necessário desde a aplicação do produto até a 
colheita. 
 
g) Seletividade de inseticidas 
 
De modo geral, os inseticidas disponíveis no mercado têm largo espectro 
de ação e, desse modo, são ecologicamente perigosos. Uma das maiores 
necessidades do manejo integrado de pragas é o desenvolvimento de inseticidas 
seletivos ou mesmo específicos a cada grupo de insetos-praga, para poderem 
atuar em sinergismo com outros métodos de controle, principalmente o biológico. 
 
 
35 
Tais substâncias devem ter um espectro de ação suficiente para atuarem somente 
nos insetos-alvo, preservando os demais insetos. Como poucos inseticidas 
disponíveis no mercado apresentam tal vantagem, podem-se reduzir os impactos 
negativos dos outros inseticidas não seletivos, utilizando-os de forma criteriosa, 
das seguintes maneiras: 
- emprego deles quando necessário: somente quando a população do 
inseto estiver acima do nível de dano econômico; 
- estabelecimento de condições adequadas de aplicação: dosagens 
adequadas e melhores formulações, época, métodos e locais de 
aplicação. Exemplos: uso de iscas tóxicas (iscas granuladas) que atraem 
somente o inseto-alvo, uso de plantas armadilhas ou cultura armadilha que 
são iscadas com feromônio ou com atraentes alimentares ou são 
precoces, onde se aplica o inseticida somente nelas, evitando atingir toda 
a área; uso de inseticidassistêmicos que afeta somente os insetos que se 
alimentam da planta; aplicação em horários específicos onde somente a 
praga está em atividade etc.; 
- desenvolvimento de novos inseticidas e de métodos de aplicação mais 
específicos e de menor impacto ambiental. Exemplos: uso de inseticidas 
biológicos como o Dipel e o Agree à base da bactéria Bacillus 
thuringiensis, que são seletivos para lagartas desfolhadoras de essências 
florestais e não têm efeito tóxico para hemípteros predadores como o 
Podisus spp., que é usado no CB dessas lagartas. Além disso, são 
bastante seguros para outros animais e para o homem; uso de inseticidas 
fisiológicos como o Dimilin (difluobenzuron) que é um inibidor da síntese 
de quitina e tem efeito tóxico somente para insetos imaturos, sendo 
seletivo para grande parte dos IN dos insetos. 
 
 
h) Tecnologia de aplicação 
 
 Refere-se aos conhecimentos necessários para aplicar um inseticida no 
alvo desejado (praga), na concentração adequada para matá-lo, sem contaminar 
outras áreas. Os inseticidas podem ser aplicados: 
- via sólida 
- pós: aplicado através de polvilhadeiras. Ex. controle de formigas 
cortadeiras; 
- grânulos: aplicado pelas granulados. Ex. controle de cupins; 
- via gasosa: expurgo ou fumigação. Ex. controle de formigas cortadeiras; 
- via líquida 
- pulverização: pulverizadores (energia hidráulica). Ex: controle de 
pragas de viveiros; 
 
 
36 
- atomização: atomizadores (energia pneumática). Ex: controle de 
lagartas; 
- nebulização: termonebulizadores (neblina). Ex: controle de formigas; 
- pulverização eletrodinâmica: electrodyn (carga elétrica). 
 
Procedimentos para calibração do equipamento 
Após o diagnóstico do problema é necessário periciar os equipamentos de 
aplicação dos agrotóxicos, para prescrever o produto em função desse 
equipamento. Para calibrar o equipamento deve-se utilizar a formula: 
Q=(600.q)/V.f 
em que: Q= volume de aplicação em l/ha; q= vazão do bico em l/minuto; V= 
velocidade de deslocamento em km/h; f= faixa de aplicação em metros. 
 
1
o
) Determinação da faixa de aplicação (f) 
- medir a largura da faixa tratada por bico a cada passada do equipamento. 
 
2
o
) Determinação da velocidade de deslocamento (V) 
- marcar o tempo que o equipamento leva para deslocar uma distância conhecida 
na velocidade de trabalho. 
 
3
o
) -Determinação da vazão do bico (q) 
- calcular a vazão teórica com base no volume de aplicação (Q) recomendado pelo 
fabricante e nos dados de f e V calculados anteriormente, calcular “q” pela fórmula: 
q = (V.f.Q)/600. 
- consultar as tabelas dos fabricantes de bicos e escolher aquele que tem a vazão 
teórica igual à calculada. 
- acoplar tais bicos ao equipamento e calcular a vazão real; 
- medir o volume aplicado por minuto, com o equipamento parado, acelerado na 
velocidade de trabalho. 
 A diferença entre a vazão real e a teórica não deve ultrapassar 10%, 
caso ocorra, trocar os bicos por novos. 
 
4
o
) Determinação do volume realmente aplicado 
- com base nos dados de f, V e “q real”, anteriormente calculados, calcular Q pela 
formula: Q=(600.q)/V.f 
 
5
o
) Determinação da quantidade de inseticida a ser adicionada ao 
equipamento 
- após todos esses passos é possível calcular a quantidade de produto a ser 
adicionada ao equipamento, usando as informações que constam na bula dos 
produtos. 
 
 
37 
 
i) Cuidados na aplicação de defensivos 
 
- ler atentamente as instruções no rótulo do produto; 
- usar todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI's) recomendados; 
- procurar informações técnicas; 
- não abrir embalagens em ambientes fechados; 
- usar água limpa para o preparo da calda; 
- guardar os defensivos em local adequado; 
- nunca fazer aplicações nos dias de ventos fortes; 
- afastar crianças e gestantes do local; 
- verificar a saúde do trabalhador; 
- lavar o material utilizado em local apropriado; 
- nunca reutilizar o vasilhame para outros fins; 
- tomar banho após a pulverização; 
- não fazer uso de bebida alcoólica e de alimentos durante a aplicação; e 
- respeitar o período de carência etc.; 
- em caso de intoxicação procurar um médico munido da embalagem do 
produto, para que o especialista saiba que antídoto usar. 
 
 
 
 
 
38 
10. MANEJO INTEGRADO DE INSETOS-PRAGA FLORESTAIS 
 
10.1. PRAGAS DE VIVEIROS FLORESTAIS 
 
 A fase de viveiro é a mais suscetível do desenvolvimento de uma floresta 
implantada e, quando mal planejada, poderá comprometer todas as operações 
seguintes, inviabilizando o projeto de reflorestamento. A tecnologia de produção de 
mudas florestais teve grande avanço nos últimos anos, deixando a produção de 
mudas por sementes em sacos plásticos depositados sobre o solo, para a 
produção por estaquia em tubetes colocados em viveiros suspensos, chegando 
até as casas de vegetação com a micro-propagação. Durante esse percurso a 
produção de mudas florestais teve que enfrentar diversos fatores que contribuíam 
para o insucesso do empreendimento, como as pragas e doenças. As principais 
pragas que podem danificar as mudas florestais são as lagartas-rosca, lagarta-
elasmo, grilos, paquinhas, cupins, formigas cortadeiras, besouros desfolhadores e 
moscas minadoras. 
 Geralmente, o que determina a ocorrência dessas pragas é o tipo de 
sistema de produção de mudas (viveiros suspensos ou não) e o tipo de manejo 
das mudas. Viveiros suspensos têm menor probabilidade de ocorrência de pragas, 
pois a maioria delas está associada ao solo, como cupins, paquinhas, formigas e 
grilos. O manejo das mudas está relacionado aos cuidados dispensados na sua 
produção. Mudas mal nutridas ou viveiros mal cuidados favorecem a ocorrência de 
pragas de viveiros. 
 Embora a suspensão dos viveiros e a produção de mudas em casa de 
vegetação tenham reduzido em grande parte a ocorrência de pragas, existem, 
ainda, diversas essências florestais nativas e exóticas, que são produzidas pelo 
sistema antigo e que, por isso, sofrem o ataque de um grande número de pragas. 
 
a) Principais espécies 
 
 As principais espécies de pragas que atacam viveiros florestais estão 
distribuídas em diferentes ordens e famílias, conforme descrito na Tabela 5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
TABELA 5. Principais espécies de pragas em viveiros florestais. 
 
 
39 
 
Nome Comum Nome Científico Família 
Lagarta-rosca Agrotis ipsilon Noctuidae 
Lagarta-rosca Agrotis repleta Noctuidae 
Lagarta-rosca Agrotis subterranea Noctuidae 
Lagarta-rosca Spodoptera frugiperda Noctuidae 
Lagarta-rosca Spodoptera latifascia Noctuidae 
Lagarta-rosca Nomophila noctuella Pyralidae 
Grilo Gryllus assimilis Gryllidae 
Paquinha Noecurtilla hexadactila Gryllotalpidae 
Paquinha Scapteriscus didactyllus Gryllotalpidae 
Paquinha Tridactylus politus Tridactylidae 
Formigas cortadeiras Acromyrmex spp. Formicidae 
Formigas cortadeiras Atta spp. Formicidae 
Cupim Armitermes spp. Termitidae 
Cupim Cornitermes spp. Termitidae 
Cupim Heterotermes spp. Rhinotermitidae 
Cupim Procornitermes spp. Termitidae 
Cupim Syntermes spp. Termitidae 
Mosca minadora Bradisia spp. Liriomyzidae 
Mosca minadora Liriomyza spp. Liriomyzidae 
Broca-do-cedro Hypsipylla grandella Pyralidae 
Lagarta elasmo Elasmopalpus lignosellus Pyralidae 
Besouro-amarelo Costalimaita ferruginea Chrysomelidae 
 
b) Reconhecimento das principais espécies 
 
Lagartas-rosca 
Espécies: Agrotis spp. e Spodoptera spp (Lepidoptera: Noctuidae) 
Ocorrência: todo Brasil. 
Adulto: Agrotis spp. - mariposas com 35 mm, com asas anteriores marrons com 
algumas manchas pretas triangulares no ápice, asas posteriores transparentes. 
Spodoptera spp - mariposas com 35 mm, com asas anteriores pardo escuras, 
asas posteriores branco acinzentadas. 
Lagarta: Agrotis

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