Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Igor Demétrio 1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL I IGOR DEMÉTRIO Igor Demétrio 2 Jurisdição Jurisdição: atuação estatal visando à aplicação do direito objetivo ao caso concreto resolvendo-se com definitividade uma situação de crise jurídica e gerando como tal solução a pacificação social. Jurisdição: Poder- função- atividade. Poder: Poder estatal de interferir na esfera jurídica dos jurisdicionados, aplicando o direito objetivo ao caso concreto e resolvendo a crise jurídica que os envolve. Função: é o encargo atribuído pela Constituição Federal em regra ao Poder Judiciário – função típica – e, excepcionalmente a outros poderes – função atípica – de exercer corretamente o poder jurisdicional. Atividade: complexo de atos praticados pelo agente estatal investido de jurisdição no processo. Esse sujeito é o juiz de Direito que por representar o Estado no processo é chamado de Estado-juiz. Equivalentes jurisdicionais ou formas alternativas de solução dos conflitos São quatro: autotutela, autocomposição, mediação e arbitragem. Autotutela: é a forma mais antiga de solução dos conflitos, constituindo-se fundamentalmente pelo sacrifício integral do interesse de uma das partes envolvida no conflito em razão do exercício da força pela parte vencedora. EX: Art. 188 I CC. Ela é a única forma de solução de conflitos que pode ser amplamente revista pelo poder judiciário. Formas consensuais de solução de conflitos Art. 3º §2º CPC Art. 3º § 3º CPC. Espécies Autocomposição É uma interessante e cada vez mais popular forma de solução dos conflitos sem a interferência da jurisdição, estando fundada no sacrifício integral ou parcial do interesse das partes envolvidas no conflito mediante a vontade unilateral ou bilateral de tais sujeitos. Igor Demétrio 3 Transação: há um sacrifício recíproco de interesses sendo que cada parte abdica parcialmente de sua pretensão para que se atinja a solução do conflito. Renúncia: o titular do direito simplesmente abdica de tal direito. Submissão: O sujeito se submete à pretensão contrária ainda que fosse legítima sua resistência. Art. 487, III, CPC. Mediação Forma alternativa da solução de conflitos fundada no exercício da vontade das partes. Diferença entre autocomposição. Na mediação tem-se a inexistência de sacrifício total ou parcial dos interesses das partes envolvidas na crise jurídica. Art. 165 §3º CPC. O mediador não propõe solução do conflito às partes, mas os conduz a descobrirem as suas causas de forma a possibilitar sua remoção e assim chegar à solução do conflito. O mediador deve atuar preferencialmente nos casos em que tiver havido liame anterior entre as partes (família, vizinho, sócio). Local no CPC: Art. 165 CPC. Art. 167 §1º CPC. É requisito mínimo para a capacitação dos mediadores e conciliadores a aprovação em curso a ser realizado por entidade credenciada, cujo parâmetro curricular será definido pelo CNJ em conjunto com o ministério da Justiça. Art. 11 da lei 13. 140/2015. Graduação há pelo menos 2 anos em curso de ensino superior. Não precisa ser advogado. Art. 172 CPC. Impedimento de 1 ano para mediadores e conciliadores. Princípios das formas consensuais dos conflitos Igor Demétrio 4 Art. 166 CPC. Independência: devem atuar de forma independente sem sofrerem qualquer espécie de pressão interna ou externa. Imparcialidade: Não pode com sua atuação deliberadamente pender para uma das partes e com isso induzir a parte contrária a uma solução que não atenda às finalidades do conflito. Normalização do conflito: a normalização do conflito juridicamente decorre de sua solução, mas sociologicamente o conflito só será “normalizado” se as partes ficarem concretamente satisfeitas com a solução consensual do conflito a que chegaram. Autonomia da vontade: não há como falar em solução consensual do conflito sem autonomia da vontade das partes. Confidencialidade: Art. 166 §1º CPC. O dispositivo consagra a confidencialidade plena, atinente a tudo o que ocorreu e foi dito na sessão ou audiência de conciliação e mediação. Oralidade: O essencial do conversado entre as partes e o conciliador ou mediador não consiste do termo de audiência ou da sessão realizada. Três objetivos: 1 – conferir celeridade ao procedimento; 2 – prestigiar a informalidade dos atos; 3 – promover a confidencialidade. Informalidade: incentiva o relaxamento e este leva a uma descontração e tranquilidade natural das partes. Decisão informada: cria o dever ao conciliador e ao mediador de manter o jurisdicionado plenamente informado quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido. Isonomia entre as partes: tal princípio é exclusivo da mediação, não se devendo, portanto, aplica-lo à conciliação. Busca do consenso: o mediador deve buscar de forma cooperativa com as partes a solução consensual do conflito. Cadastros Art. 167 CPC. Os habilitados a realizar a mediação e conciliação constarão de dois diferentes cadastros: um nacional e outro regional a cargo dos TJs e TRFs. Remuneração Igor Demétrio 5 A atividade de conciliação e mediação será em regra remunerada, com pagamento de valores previstos em tabela fixada pelo tribunal conforme parâmetros estabelecidos pelo CNJ. Impedimentos Art. 170 CPC. Art. 172 CPC. Não há previsão expressa a respeito das causas que levam ao impedimento e à suspeição do conciliador e mediador, devendo nesse caso ser aplicadas por analogia as causas de parcialidade previstas para o juiz. Causas de exclusão Depende de processo administrativo. Art. 173 I e II CPC. Solução consensual no âmbito administrativo O artigo 174 CPC prevê a criação de câmaras de mediação e conciliação voltadas à solução consensual de conflitos no ambiente administrativo. Arbitragem A arbitragem é antiga forma de solução de conflitos fundada, no passado, na vontade das partes de submeterem a decisão a um determinado sujeito que, de algum modo, exercia forte influência sobre elas, sendo, por isso, extremamente valorizadas suas decisões. Dois elementos: 1 – as partes escolhem um terceiro de sua confiança que será responsável pela solução do conflito de interesses. 2 – a decisão desse terceiro é impositiva, o que significa que resolve o conflito independentemente da vontade das partes. O art. 3º §1º CPC parece ter consagrado o entendimento de que a arbitragem não é jurisdição, porque, ao prever a inafastabilidade da jurisdição, salvo a arbitragem, fica claro que essa forma de solução de conflitos não é jurisdicional. Escopos da jurisdição São quatro: jurídico, social, educacional e político. Jurídico: consiste na aplicação concreta da vontade do direito, resolvendo-se a chamada “lide jurídica”. Social: consiste em resolver o conflito de interesses proporcionando às partes envolvidas a pacificação social, ou em outras palavras, resolver a lide sociológica. Igor Demétrio 6 Educacional: a função da jurisdição de ensinar aos jurisdicionados seus direitos e deveres. Político: se presta a fortalecer o Estado, a jurisdição é o último recurso em termos de proteção às liberdades públicas e aos direitos fundamentais; incentivar a participação democrática por meio do processo. Características principais Carácter substitutivo: a jurisdição substitui a vontade das partes pela vontade da lei no caso concreto, resolvendo o conflito de interesses entre elas e proporcionando a pacificação social. Lide:é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. A lide não é criada no processo mas antes dele. Inércia: significa dizer que o juiz – representante jurisdicional – não poderá iniciar um processo de ofício, sendo tal tarefa exclusiva do interessado. Art. 2º CPC. Definitividade: afirmar-se que a solução do conflito por meio jurisdicional é a única que se torna definitiva e imutável, sendo considerada a derradeira e incontestável solução do caso concreto. A coisa julgada material é fenômeno privativo das decisões judiciais. Princípios da jurisdição Investidura: o juiz de direito é o agente investido no poder jurisdicional sendo chamado de estado-juiz porque é justamente ele o sujeito responsável por representar o Estado na busca de uma solução para o caso concreto. Territoriedade (aderência ao território): o juiz devidamente investido de jurisdição só pode exercê-la dentro do território nacional, como consequência da limitação da soberania do Estado brasileiro ao seu próprio território. Indelegabilidade: externa e interna: No aspecto externo significa que o Poder Judiciário, tendo recebido da CF a função jurisdicional não poderá delegar tal função a outros poderes ou outros órgãos que não pertencem ao poder judiciário como regra. No aspecto interno significa que, determinada concretamente a competência para uma demanda, o que se faz com a aplicação de regras gerais, abstratas e impessoais, o órgão jurisdicional não poderá delegar sua função para outro órgão jurisdicional. Inevitabilidade: diz respeito à vinculação obrigatória dos sujeitos ao processo judicial. Uma vez integrado à relação jurídica processual, ninguém poderá, por sua própria vontade se negar a esse chamado jurisdicional. Igor Demétrio 7 Inafastabilidade: Art. 5º XXXXV da CF “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de lesão a direito”. Art. 3º CPC. Juiz Natural: entende-se que ninguém será processado senão pela autoridade competente (Art. 5º LIII CF). Diz respeito à impossibilidade de escolha do juiz para o julgamento de determinada demanda. Esse princípio também proíbe a criação de tribunais de exceção, conforme previsão expressa do art. 5º XXXVII CF. Promotor natural: Esse princípio impede que o Procurador-Geral de Justiça faça designações discricionárias de promotores ad hoc, o que elimina a figura do acusador público de encomenda, que poderia em tese tanto ser indicado para perseguir o acusado como para assegurar a impunidade de alguém. Espécies de jurisdição A jurisdição é uma e indivisível. Jurisdição penal ou civil: Esse critério de classificação leva em conta a natureza do objeto da demanda judicial. Jurisdição superior ou inferior: a jurisdição inferior é exercida pelo órgão que enfrenta o processo desde o início, ou seja, aquele que tem competência originária para a demanda, enquanto a jurisdição superior é exercida em hipóteses de atuação recursal dos tribunais. Justiça comum e especial: Especial – Justiça do trabalho, justiça eleitoral, justiça militar o resto é da justiça comum. Jurisdição voluntária Características Obrigatoriedade: Está concentrada a maioria das ações constitutivas necessárias, nas quais, existe uma obrigatoriedade legal de atuação da jurisdição. Princípio inquisitivo: O juiz poderá dar início de ofício a determinadas demandas de jurisdição voluntária, maiores poderes instrutórios do juiz que poderá produzir provas mesmo contra a vontade das partes, o juiz poderá decidir contra a vontade de ambas as partes, o juiz poderá julgar utilizando-se do juízo de equidade. Juízo de equidade: Art. 723 parágrafo único CPC e Art. 140 parágrafo único CPC. Para a doutrina majoritária esse princípio afasta o princípio da legalidade, permitindo que o juiz resolva inclusive contra a letra da lei, desde que entenda ser sua decisão mais oportuna e conveniente. Participação do MP: Art. 721 CPC: A opção do legislador deve ser elogiada porque realmente existem demandas de jurisdição voluntária em que a mera presença do juiz já é um Igor Demétrio 8 exagero, mas de qualquer forma, suficiente para a regularidade do procedimento. A presença do MP nessa espécie de demanda é desnecessária. Inexistência de carácter substitutivo: não há caráter substitutivo na jurisdição voluntária, o juiz não substitui a vontade das partes pela vontade da lei quando profere sua decisão, tão somente integrando o acordo de vontades entre as partes para que possa gerar seus regulares efeitos jurídicos. Inexistência de aplicação do direito ao caso concreto: na jurisdição voluntária não há propriamente a aplicação do direito material ao caso concreto para resolver um conflito existente entre as partes, até mesmo porque esse conflito não existe. Ausência de lide: não existe na jurisdição voluntária um conflito de interesses entre as partes, porque as vontades são convergentes. Não há partes, mas meros interessados: nela só existem sujeitos, que pretendem obter um mesmo bem da vida e, portanto, não estão em situação antagônica da demanda jurisdicional. Tutela jurisdicional Entende-se a proteção prestada pelo Estado quando provocado por meio de um processo, gerado em razão da lesão ou ameaça de lesão a um direito material. ]A tutela jurisdicional será de conhecimento ( meramente declaratória, constitutiva, condenatória), executiva e cautelar. Conhecimento Meramente declaratória: resolve uma crise de certeza, ao declarar a existência ou inexistência ou o modo de ser de uma relação jurídica. Constitutiva: resolve uma crise da situação jurídica, ao criar, extinguir ou modificar uma relação jurídica, a sentença cria uma nova relação jurídica. Condenatória: resolve uma crise de inadimplemento, ao resolver esse inadimplemento e imputar ao demandado o cumprimento de uma prestação, estará resolvida a crise. Executiva O que se busca resolver é uma crise de satisfação, considerando que já existe um direito reconhecido, mas o seu titular não se encontra satisfeito em razão da resistência da parte contrária. Cautelar Resolve-se uma crise de perigo, o que atualmente dispensa a existência de um processo autônomo cautelar, ao menos de forma incidental. Igor Demétrio 9 Natureza jurídica dos resultados jurídico-materiais Por esse critério a tutela jurisdicional é dividida em duas espécies: tutela preventiva (inibitória) e tutela reparatória (ressarcitória). A primeira é voltada para o futuro visando evitar a prática de ato ilícito, enquanto a segunda está voltada para o passado, visando ao restabelecimento patrimonial ao do sujeito vitimado pela prática de um ato ilícito danoso. A tutela preventiva e a reparatória podem ser objeto de pretensão de um mesmo demandante num mesmo processo. Art. 497 CPC. A tese da tutela inibitória funda-se na exata definição de ato ilícito, cuja prática se pretende evitar. O art. 186 CC não conceitua o ato ilícito, descreve os elementos necessários para a obtenção da tutela reparatória. Coincidência de resultados com a satisfação voluntária Tutela específica: a satisfação gerada pela prestação jurisdicional é exatamente a mesma que seria gerada com o cumprimento voluntário da obrigação. Tutela pelo equivalente em dinheiro: a tutela jurisdicional prestada é diferente da natureza da obrigação e, por consequência, cria um resultado distinto daquele que seria criado com a sua satisfação voluntária. A tutela inibitória é sempre tutela específica, porque, ao evitar a prática do ato ilícito, obtém-se o status quo ante. A tutela reparatória pode ser prestada de forma específica ou pelo equivalenteem dinheiro. Espécies de técnicas procedimentais Dividido em 2. Tutela comum: é aquela prestada pelo procedimento comum, que serve como o procedimento padrão oferecido pela lei. Tutela diferenciada: representa a adoção de procedimentos e técnicas procedimentais diferenciadas à luz das exigências concretas para bem tutelar o direito material. Cláusula geral de negócio jurídico processual Art. 190 CPC. É uma adequação procedimental, por acordo das partes, para adaptar o procedimento comum às particularidades do caso concreto. Cognição vertical (profundidade) Igor Demétrio 10 Sumária ou exauriente. Sumário: é fundada em juízo de probabilidade, considerando que nessa espécie de cognição o juiz não tem acesso a todas as informações necessárias para se convencer plenamente da existência do direito. Exauriente: é fundada no juízo de certeza, porque nesse caso a cognição do juiz estará completa no momento da prolação de sua decisão. Cognição sumária – juízo de probabilidade: tutela provisória. Cognição exauriente – juízo de certeza: tutela definitiva. Sistema processual Tutela jurisdicional individual: é a tutela voltada à proteção dos direitos materiais individuais. Tutela jurisdicional coletiva: é um conjunto de normas processuais diferenciadas (espécie de tutela jurisdicional diferenciada), distintas daquelas aplicáveis no âmbito da tutela jurisdicional individual. Ação O CPC consagrou a teoria eclética da ação. Teoria imamentista O direito de ação é considerado o próprio direito material em movimento, reagindo a uma agressão ou a uma ameaça de agressão. O direito de ação é um poder que o indivíduo possui contra o seu adversário e não contra o Estado. Teoria concreta da ação O direito de ação é um direito do indivíduo contra o Estado, com o objetivo de obtenção de uma sentença favorável, ao mesmo tempo um direito contra o adversário, que estará submetido à decisão estatal e aos seus efeitos jurídicos. Teoria abstrata do direito de ação O direito de ação é o direito abstrato do Estado, por meio da decisão judicial. O Direito de ação é independente do direito material, podendo existir o primeiro sem que exista o segundo. Teoria eclética O direito de ação não se confunde com o direito material, inclusive existindo de forma autônoma e independente. Não é, entretanto, incondicional e genérico, porque só existe quando o autor tem o direito a um julgamento de mérito. O CPC adotou a teoria eclética ao Igor Demétrio 11 prever expressamente que a sentença fundada em ausência das condições da ação é meramente terminativa, não produzindo coisa julgada material (Art. 485 VI CPC). Condições da ação Duas espécies de condição da ação: interesse de agir e legitimidade. Art. 17 CPC. Possibilidade jurídica do pedido Numa análise abstrata do pedido do autor à luz do ordenamento jurídico, são três os possíveis resultados: 1 – O pedido está expressamente previsto como apto a receber a prestação jurisdicional. 2 – não há nenhuma previsão legal a respeito do pedido. 3 – existe uma expressa vedação na lei ao pedido formulado. Desses três resultados possíveis, somente a vedação legal constitui a impossibilidade jurídica do pedido. Interesse de agir Deve ser analisado por dois aspectos: 1 – haverá necessidade sempre que o autor não puder obter o bem da vida pretendido sendo devida intervenção do Poder Judiciário. 2 – adequação entre o pedido e a proteção jurisdicional: o pedido formulado pelo autor deve ser apto a resolver o conflito de interesses apresentados na petição inicial. Legitimidade Legitimidade para agir (legitimatio ad causam) é a pertinência subjetiva da demanda ou, em outras palavras, é a situação prevista em lei que permite a um determinado sujeito propor a demanda judicial e a um determinado sujeito formar o polo passivo dessa demanda. Art. 18 CPC. Legitimação ordinária: Sujeito em nome próprio defendendo interesse próprio. Legitimação extraordinária: alguém em nome próprio litigue em defesa de terceiro. Art. 109 CPC. Sucessão processual: sempre que um sujeito que compõe o polo ativo ou passivo é retirado da relação jurídica processual para que um terceiro tome seu lugar. Representação processual (legitimatio ad processum): o representante processual atua em nome alheio na defesa de interesse alheio, não sendo considerado parte no processo, mas mero sujeito que dá à parte a capacidade para que esteja em juízo. Igor Demétrio 12 Elementos da ação São três os elementos da ação: partes, pedido e causa de pedir. Partes Todo sujeito que participa da relação jurídica processual em contraditório defendendo interesse próprio ou alheio. Existem quatro formas de adquirir a qualidade de parte: 1 – pelo ingresso da demanda (autor, oponente). 2 – pela citação ( réu, denunciado à lide e chamado ao processo). 3 – de maneira voluntária ( assistente e recurso de terceiro prejudicado). 4 – sucessão processual ( alteração subjetiva da demanda, como na extromissão da parte). Pedido O pedido pode ser analisado sob a ótica processual representado a providência jurisdicional pretendida e sob a ótica material, representado pelo bem de vida perseguido, ou seja, o resultado prático que o autor pretende obter com a demanda judicial. Pedido imediato: aspecto processual. Pedido mediato: aspecto material. Art. 322 CPC. Art. 324 CPC. O pedido deve ser certo e determinado. A certeza é exigida tanto no aspecto processual quanto no material do pedido. A determinação só se refere ao pedido mediato, significando a liquidez do pedido, ou seja, a quantidade e qualidade do bem da vida pretendido. Pedido genérico é o que deixa de indicar a quantidade de bens da vida pretendida pelo autor, sendo admitido somente quando houver previsão legal em lei. Pedido genérico Universalidade de bens. Art. 324 §1º I CPC. São as ações que têm por objeto uma universalidade de bens em situação na qual falte ao autor condições de precisar, já na peça inicial, os bens efetivamente pretendido. Demanda de indenização quando impossível a fixação do valor do dano. Art. 324 §1º II CPC. Igor Demétrio 13 Nas ações de indenização caberá ao autor especificar o prejuízo que pretende ver ressarcido ainda que não tenha condições de indicar o quantum debeatur. O CPC prevê em seu artigo 292 V, que o valor da causa nas ações indenizatórias, inclusive naquelas fundadas em dano moral, será a quantia que o autor pretende receber. Valor a depender de ato a ser praticado pelo réu Art. 324 §1º III CPC. A impossibilidade de indicação, do valor deriva de ser o réu o responsável por tal indicação, o que obviamente cria um obstáculo material instransponível ao autor no momento da propositura da demanda. Pedido implícito Art. 492 CPC. O Pedido deve ser expresso, não podendo o juiz conceder aquilo que não tenha sido expressamente requerido pelo autor. Pedido implícito: qualquer tutela não pedida pelo autor que a lei permite que o juiz conceda de ofício. Hipóteses: 1 – art. 322 §1º CPC. 2 – art. 404 CC. 3 - Art. 323 CPC. 4 – Art. 406 CC. Art. 537 CPC. As astreintes têm como objetivo pressionar psicologicamente o réu para que a obrigação seja cumprida nos exatos termos do pedido do autor. Somente quando as astreintes fixadas de ofício não atingem seu objetivo será correto considera-las espécie de pedido implícito. Cumulação de pedidos Requisitos para cumulação de pedidos Art. 327 CPC. Art. 327 § 1º CPC. Pedidos não podem ser incompatíveis entre si Art.327 §1º I CPC. Mesmo juízo competente para todos os pedidos Art. 327 §1º II CPC. Igor Demétrio 14 O juízo ser competente para todos os pedidos. Identidade procedimental Art. 327 § 1º III CPC. A demanda deve seguir um procedimento único. Espécies de cumulação Cumulação própria: quando for possível a procedência simultânea de todos os pedidos. Cumulação imprópria: quando formulado mais de um pedido, somente um deles puder ser concedido. Cumulação própria simples: quando os pedidos forem absolutamente independes entre si. Cumulação própria sucessiva: quando a análise do pedido posterior depender da procedência do pedido que lhe precede. Cumulação imprópria subsidiária: quando o segundo pedido somente será analisado se o primeiro não for concedido. Art. 326 CPC. Cumulação imprópria alternativa: com a reunião de pedidos com a intenção do autor de que somente um deles seja acolhido, à escolha do juiz. Causa de pedir Teoria da individuação: afirma que a causa de pedir é composta tão somente pela relação jurídica afirmada pelo autor. Teoria da substanciação: a causa de pedir independe da natureza da ação, é formada apenas pelos fatos jurídicos narrados pelo autor. O CPC adotou a teoria da substanciação Art. 319 III CPC. Elementos da causa de pedir: fatos e fundamentos. Causa de pedir próxima: são os fatos. Causa de pedir remota: é o fundamento jurídico. Causa de pedir ativa: é composta dos fatos constitutivos do direito do autor. Causa de pedir passiva: é composta dos fatos do réu contrários ao direito. Fatos jurídicos: são aqueles que são aptos por si sós a gerar consequências jurídicas. Fundamento jurídico: é o liame jurídico entre os fatos e o pedido, ou seja, é a explicação à luz do ordenamento jurídico do porquê o autor merece o que está pedindo diante dos fatos que narrou. Igor Demétrio 15 Fundamento legal: indicação do artigo da lei na qual fundamenta a decisão, é dispensável e não vincula o autor ou o juiz não fazendo parte da causa de pedir. Processo Processo como procedimento Negava a autonomia do processo diante o direito material. Nessa época era entendido o direito de ação como o próprio direito material, reagindo a uma agressão ou a uma ameaça de agressão, processo era confundido com procedimento. Processo como contrato Litiscontestatio: representava a concordância das partes em sofrer os efeitos da demanda. Derivava de um acordo de vontade entre as partes (negócio jurídico de direito privado) para se submeter a decisão do julgamento. Processo como relação jurídica Para Bullow a relação de direito material é o objeto de discursão no processo, enquanto a relação de direito processual é a estrutura por meio da qual essa discursão ocorrerá. Entende o processo como a relação jurídica de direito processual, exteriorizado por meio do procedimento. Essa corrente é a mais aceita. Elementos da natureza jurídica do processo 1 –procedimento. 2 – relação jurídica processual. 3 – contraditório. Procedimento É entendido como uma sucessão de atos interligados de maneira lógica e consequencial revisando a obtenção de um objetivo final. O procedimento é a exteriorização do processo. Relação jurídica processual Composição É formada pelo demandante, demandado e pelo Estado-juiz. Pode existir processo sem autor ou também sem réu. O processo já existe mesmo antes da citação do réu, inclusive sendo possível ao juiz proferiu sentença nesse momento, tanto terminativa (Art. 330 CPC) como definitiva (Art. 332 CPC). Igor Demétrio 16 Características 1 – autonomia: a relação jurídica de direito processual é autônoma quando comparada com a relação jurídica de direito material, significando que mesmo não existindo a segunda, existirá a primeira. 2 – complexidade: é decorrência das inúmeras e sucessivas situações jurídicas que se verificou durante o trâmite procedimental. 3 – dinamismo: as relações de direito material em regra são instantâneas, a relação jurídica processual é continuada, desenvolvendo-se durante o tempo. A atuação dos sujeitos processuais torna dinâmica a relação jurídica processual. 4 – Unidade: os atos praticados pelos sujeitos processuais estão todos interligados de forma lógica, dependendo o posterior de como foi praticado o anterior, o que forma a unidade. 5 – Natureza pública: em razão da participação do juiz como representante do Estado e também o seu interesse na clara prestação jurisdicional. Pressupostos processuais Art. 104 CC. Esse pressuposto é utilizado no direito material. Pressupostos processuais subjetivos (juiz) Investidura: O estado investe um determinado sujeito (o juiz de direito) do Poder Jurisdicional, para que possa exercê-lo por meio desse sujeito. Imparcialidade: de nada adianta um sujeito investido no poder jurisdicional se não houver imparcialidade. Art. 146 CPC. Pressuposto processual subjetivo (parte) Capacidade de ser parte: diz respeito à capacidade do sujeito de gozo e exercícios de direito e obrigações (Art. 1º CC) e (Art. 75 CPC). Súmula 525 STJ. Capacidade de estar em juízo: as partes no processo terão necessariamente que praticar atos processuais, que são uma espécie de ato jurídico. Dessa forma, as partes precisam ter capacidade processual (legitimidade ad processum) para a prática de tais atos. Exemplo: Art. 75 CPC. Capacidade postulatória: em regra, as partes deverão ser assistidas por um advogado devidamente habilitado pela OAB, ou seja, as partes deverão ter capacidade postulatória. Por vezes a capacidade postulatória é dispensada: juizados especiais, justiça trabalhista, no habeas corpus e na Adin/ADECON. Igor Demétrio 17 Pressupostos processuais objetivos Extrínsecos São analisados fora da relação processual. São considerados pressupostos processuais negativos, porque nesse caso o vício verifica-se justamente pela presença do pressuposto processual, ao contrário de outros que geram vício justamente porque estão ausentes da relação jurídica processual. Intrínsecos São pressupostos processuais analisados na própria relação jurídica processual. Demanda: provocar a jurisdição por meio do processo. Petição inicial apta: o primeiro ato processual praticado pelo interessado quando exerce o ato de demandar é a petição inicial. Citação válida: com a citação válida do demandado completa-se a relação jurídica processual, sendo tal ato de especial importância para a regularidade do processo. Há casos que permitem a extinção do processo antes da citação do réu (Arts.330 e 332 CPC), Art. 239 CPC é pressuposto de validade. Regularidade formal: Os atos processuais devem ser praticados na forma prevista pela lei. Princípios processuais Devido processo legal: Art. 5º LIV CF: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”, vem associado com a ideia de um processo justo, que permite a ampla participação das partes e a efetiva proteção dos seus direitos. Contraditório: Art. 5º LV CF: “aos litigantes em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e a ampla defesa como os meios e recursos a ela inerentes”. É formado por dois elementos: informação e possibilidade de reação. Informação: existem duas formas a citação e intimação. Reação: depende da vontade das partes, que opta por reagir ou se omitir. Art. 9º CPC. Art. 7º CPC. Exige que o juiz zele pelo efetivo contraditório que somente será efetivo se, além da informação e da possibilidade de reação, esta for corretamente apta a influenciar a formaçãodo convencimento do juiz. Art. 10 CPC. Igor Demétrio 18 Às vezes a atuação do juiz independe da provocação da parte, é inegável que o juiz, nesses caos (se decidir sem dar oportunidade de manifestação prévia às partes) as suspenderá com sua decisão o que naturalmente ofende o princípio do contraditório. Contraditório inútil No caso concreto a ofensa ao princípio do contraditório não gera nulidade em toda e qualquer situação, não representado uma diminuição do princípio a sua aplicação à luz de outros princípios e valores buscados pelo processo moderno. Art. 9º CPC. Contraditório diferido A estrutura básica é: 1 – pedido; 2 – informação da parte contrária; 3 – reação possível; 4 – decisão. A estrutura do contraditório diferido: 1 – pedido; 2 – Decisão; 3 – informação da parte contrária; 4 – decisão. Tutelas de urgência. Tutela de evidência: é aquela fundada na grande probabilidade de a parte ter o direito que alega, sem a necessidade de o tempo ser inimigo da efetividade, não sendo necessário esperar a final do processo para que seja a tutela concedida jurisdicionalmente. Art. 9º I a III CPC. Contraditório diferido. Princípios dispositivo e inquisitório Sistema inquisitivo: o juiz é colocado como figura central do processo cabendo a ele a sua instauração e condução sem a necessidade de qualquer provocação das partes. Sistema dispositivo: o juiz passa a ter uma participação condicionada à vontade das partes, que definem não só a existência e extensão do processo, como também o seu desenvolvimento, que dependerá de provocação para que prossiga. O sistema brasileiro é um sistema misto, com preponderância do princípio dispositivo. Art. 2º CPC. Igor Demétrio 19 Motivação das decisões Art. 489 CPC. Art. 93 IX da CF. Art. 11 CPC. Motivar e fundamentar significam exteriorizar as razões do decidir, e nessa tarefa obviamente as opiniões pessoais do juiz são irrelevantes, devendo o magistrado aplicar ao caso concreto o Direito, e não concretizar suas opiniões pessoais. Art. 489 §1º I CPC. Cabe o juiz expor seu pronunciamento decisório a interpretação que fez da norma jurídica aplicável ao caso concreto e a correlação entre elas e os fatos do caso concreto. Art. 489 §1º II CPC. A decisão nesse caso em que o juiz precisa integrar a norma jurídica abstrata já que o texto normativo não define de forma completa seus elementos é chamada de decisão determinativa. Art. 489 §1º III CPC. O que busca evitar a utilização de fundamentação-padrão que pode ser utilizada nas mais variadas situações. Art. 489 §1º IV CPC. Fundamentação exauriente (completa): o juiz é obrigado a enfrentar todas as alegações das partes. Fundamentação suficiente: basta que enfrente e decida todas as causas de pedir do autor e todos os fundamentos de defesa do réu. O direito brasileiro adota a técnica de fundamentação suficiente. Art. 489 §1º V CPC. Exige-se uma comparação analítica entre os fundamentos determinados da súmula ou precedente e o caso sob julgamento. Art. 489 § 1º VI CPC. O precedente vinculante não será segundo seguido quando o tribunal ou juiz distinguir o caso sob julgamento, demonstrando, fundamentadamente, trata-se de situação particularizada por hipótese fática distinta, a impor solução jurídica diversa. Fundamentação per relationem Igor Demétrio 20 Trata-se de técnica de fundamentação referencial pela qual se faz expressa alusão à decisão anterior ou parecer do MP, incorporando, formalmente tais manifestações ao ato jurisdicional. Colisão entre normas Art. 489 §2º CPC. Critérios tradicionais: 1 – hierarquia: norma superior prevalece ante a inferior. 2 – cronologia: norma posterior revoga a anterior. 3 – Especialidade: Norma especial prefere à norma geral. Isonomia Art. 5º CF e Art. 5º I CF. Art. 139 I CPC. O objeto primordial da isonomia é permitir que concretamente as partes autem no processo, dentro do limite do possível, no mesmo patamar. Art. 70 CPC. Publicidade dos atos processuais A publicidade dos atos processuais é a forma mais eficaz de controle do comportamento no processo do juiz, dos advogados, do promotor, e até mesmo das partes. Art. 93 IX e X da CF. Art. 189 CPC. Causas da mitigação da publicidade. Art. 11 CPC. Princípio da economia processual Do ponto de vista sistêmico o objetivo do princípio da economia processual é obter menos atividade jurisdicional e mais resultados. Quando analisado sob a ótica microscópica também pode ser entendido como a tentativa de ser o processo o mais barato possível gerando o menor valor de gastos. Princípio da instrumentalidade das formas Sempre que o ato processual tenha uma forma prevista em lei, deve ser praticado segundo a formalidade legal sob pena de nulidade. Sempre que a forma legal não é respeitada, há uma consequência processual: o efeito jurídico programado pela lei não é gerado. Igor Demétrio 21 Pelo princípio da instrumentalidade das formas busca aproveitar o ato viciado, permitindo-se a geração de seus efeitos, ainda que se reconheça a existência do desrespeito à forma legal. Art. 188 CPC. Art. 277 CPC. Princípio da razoável duração do processo Art. 5º LXXVIII CF. Art. 4º CPC. Não se deve confundir duração razoável do processo com celeridade do procedimento. O legislador não pode sacrificar direitos fundamentais das partes visando somente a obtenção de celeridade processual, sob pena de criar situações ilegais e extremamente injustas. Princípio da cooperação Art. 6º CPC. O dispositivo prevê a cooperação como dever, é natural que o desrespeito gere alguma espécie de sanção, mas não há qualquer previsão nesse sentido no dispositivo ora analisado. 3 sentidos do princípio da cooperação, como dever do juiz: 1 – dever de esclarecimento. 2 – dever de consultar. 3 – dever de prevenir. Princípio da boa-fé e lealdade processual Art. 5º CPC. A boa-fé objetiva se apresenta como uma exigência de lealdade, modelo objetivo de conduta, arquétipo social pelo qual impõe o poder-dever de que cada pessoa ajude ajuste a própria conduta a esse modelo, agindo como agiria uma pessoa honesta e leal. Supressio: significa a supressão, por renúncia tácita, de um direito ou de uma posição jurídica, pelo seu não exercício com o passar dos tempos. Surrectio: significa o surgimento de um direito em razão de comportamento negligente da outra parte. Primazia no julgamento de mérito Art. 6º CPC. Há um interesse no julgamento do mérito no processo ou fase de conhecimento, considerando-se ser sempre preferível o normal ao anômalo. Competência Igor Demétrio 22 A competência é justamente a limitação do exercício legítimo da jurisdição. A jurisdição é uma e indivisível. Art. 16 CPC. Nunca faltará jurisdição na atuação de um juiz. Princípio Kompetenz Kompetenz: atribui ao órgão incompetente para declarar a sua própria incompetência. A competência tem 2 objetivos: 1 – organização de tarefas; 2 – racionalização do trabalho. Competência relativa e absoluta Competência relativa: prestigia a vontade das partes por meio da criação de normas que buscam proteger as partes (autor ou réu) franqueando a elas a opção pela sua aplicação ou não no caso concreto. Competência absoluta: são fundada em razão de ordem pública, para as quais a liberdade das partes deve ser desconsiderada. Competência relativa Legitimado para arguir O autor não pode alegar a incompetência relativa em razão de preclusão lógica. O réu, que nãotem nenhuma participação na escolha do juízo para o qual a demanda judicial foi distribuída, terá legitimidade para excepcionar o juízo, pleiteando que a regra determinada de competência relativa seja respeitada com a remessa do processo ao juízo competente. Art. 65 CPC. MP quando atuar como réu. O assistente do réu também tem legitimidade. Reconhecimento de ofício da incompetência relativa Art. 63 § 3º CPC. Parece claro que o objetivo do legislador com a previsão contida no dispositivo legal ora analisado foi proteger o réu que, participando de um contrato de adesão concorda com cláusula abusiva de eleição de foro. Súmula 33 STJ. Momento para alegação da incompetência relativa Igor Demétrio 23 O prazo para a alegação da incompetência relativa é o da contestação, dependendo, portanto do caso concreto. Competência absoluta Legitimado para arguir competência absoluta Todos os sujeitos processuais são legitimados a apontar a ofensa a uma regra dessa natureza, pois, é de ordem pública. Art. 64 §1º CPC. Deve ser declarado de ofício. Art. 64 § 1º CPC. Contraditório. Momento de arguição da incompetência absoluta A incompetência absoluta poderá ser reconhecida a qualquer momento no processo. Identidades procedimentais Forma de alegação da incompetência A incompetência, independente de sua natureza, será alegado pelo réu como preliminar de contestação. Art. 340 CPC. Alegação antes da contestação. Art. 64 §4º CPC. O ato é valido, mas é possível ao juiz de origem que decida pela ineficácia de determinada decisão por ele proferida. O vício da incompetência não gera mais nulidade, mas ineficácia. Por foro deve-se entender uma unidade territorial de exercício da jurisdição. Na justiça Estadual, cada comarca representa um foro, enquanto na Justiça Federal cada seção judiciária representa um foro. Limites da jurisdição nacional Princípio da efetividade: a justiça brasileira só devia se considerar competente para julgar demandas cuja decisão gere efeitos em território nacional ou em Estado estrangeiro que reconheça tal decisão, tomando assim sua atuação sempre útil e tecnicamente eficaz. Competência concorrente e exclusiva Concorrente: Art. 21 e 22 CPC: tanto o juízo brasileiro como o juízo estrangeiro tem competência para o julgamento do processo. Igor Demétrio 24 Competência exclusiva: Art. 23 CPC: nenhum outro Estado ainda que contenha norma interna apontando para sua competência, poderá proferir decisão que seja eficaz em território nacional. Para a sentença estrangeira ter eficácia deve ser homologada pelo STJ. Art. 24 CPC. O artigo legal permite a existência concomitamente de dois processos idênticos em trâmite perante diferentes países. Litispendência: é a existência concomitante de dois processos idênticos. O efeito da litispendência é a extinção sem resolução do mérito de um deles (no que tiver ocorrido citação tardia Art. 240 CPC). Espécies de competência Existem 5 espécies de competência sendo três absolutas (funcional em razão da matéria e em razão da pessoa) e duas relativas (territorial e valor da causa). Competência territorial É competência relativa. Art. 46 CPC. Foro comum é o domicílio do réu. Domicílio do réu: 1 – direito real sobre móvel; 2 – direito pessoal sobre móvel e imóvel. Direito real imobiliário: Art. 47 CPC. O dispositivo legal criou uma regra de competência absoluta. Obrigatoriedade do foro do local do imóvel como competente. Trata-se de competência territorial excepcionalmente absoluta. Art. 60 CPC. O imóvel estando localizado em mias de um foro, haverá concorrência entre eles, podendo optar o autor por qualquer um, o que tornará o juízo que receber a petição inicial prevento para conhecer qualquer outra ação conexa. Art. 48 CPC. Foro especial. Foro preferencial será o do autor da herança ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Réu ausente – Art. 49 CPC. Competência territorial. Igor Demétrio 25 Será competente o foro do último domicílio do réu para as ações em que este for ausente. Réu incapaz – Art. 50 CPC. A incapacidade deve ser jurídica. União – Art. 51 CPC. União autora: domicílio do réu. União demandada: entre outros, no domicílio do autor, Distrito Federal. Competência territorial. Estado ou Distrito Federal Art. 52 CPC. Estado ou Distrito Federal autor: foro domicílio do réu. Estado ou Distrito Federal demandado: Entre outros foros, do domicílio do autor, capital do ente federado. Ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável – Art. 53 I CPC. Filho incapaz: havendo: domicílio do guardião / não havendo: último domicílio do casal. Se nenhuma das partes residirem no antigo domicílio do casal – foro do domicílio do réu. Art. 53 I CPC é foro especial, porém de competência relativa. Ação de alimentos – Art. 53 II CPC. O domicílio ou residência do alimentado, fez valer o princípio da isonomia real, tratando diferente os desiguais, por meio de proteção à parte hipossuficiente da relação. Também é de foro especial, de competência relativa. Pessoa jurídica como réu – Art. 53 III a CPC. Figurando como ré – foro onde localiza a sede. Obrigações contraídas pela agência ou sucursal – Art. 53 III b CPC. No novel dispositivo a regra de competência do lugar ou sucursal ser aplicado quanto às obrigações contraídas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante a agência ou sucursal na qual se deu o negócio jurídico. Sociedade ou associações que carece de personalidade jurídica figurando como ré – Art. 53, III c CPC. Sociedade de fato – onde exercer suas atividades. Obrigação a ser cumprida – art. 53 III d CPC. Igor Demétrio 26 Trata-se de regra aplicável tão somente para o cumprimento das obrigações contratuais, destinando-se tanto às pessoas jurídicas como às físicas. Direitos previstos no Estatuto do idoso – Art. 53 III e CPC. O Foro de residência do idoso (se for direito previsto no estatuto). Se autor e réu forem idosos, deve ser aplicada a regra do foro comum, sendo competente o foro do domicílio do réu. Sede da serventia notarial ou de registro: Art. 53 III f CPC. O foro do lugar da sede. Reparação de dano – Art. 53 IV a CPC. O foro competente será o do lugar do fato ou ato que gerou o dano. A regra somente se aplicará na hipótese de ato ilícito civil extracontratual, sendo contratual a regra é Art. 53 III d CPC. É regra de competência territorial e, portanto de competência relativa. Administrador ou gestor de negócios alheio figurando como réu – Art. 53 IV b CPC. Foro competente é do lugar do ato ou fato. Reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos Art. 53 V CPC. Foro do lugar do ato ou fato ou do domicílio do autor. Ainda poderá optar pelo foro do domicílio do réu, aplicando ao caso a regra do foro comum (Art. 46 CPC). Competência funcional Classifica-se em: 1 – pelas fases do procedimento: o juízo que praticou determinado ato processual torna-se absolutamente competente para praticar outro ato processual previamente estabelecido. 2 – Relação entre ação principal e ações acessórias e incidentes: determina que o juízo da ação principal seja absolutamente competente para as ações acessórias e incidentais. 3 – pelo grau de jurisdição. 4 – pelo objeto do juízo. Art. 47 CPC. Foro competente é o local do imóvel. Trata-se de hipótese de competência absoluta, improrrogável. Trata-se de competência territorial. Lei nº 7.347/1985 – ação civil público.Art. 2º. Igor Demétrio 27 Prevê a competência funcional do local do dano para as demandas coletivas. Competência em razão da matéria A competência em razão da matéria é aquela determinada em virtude da natureza da causa (objeto da demanda). São regras de competência absoluta, não admite prorrogação. Competência da justiça federal A competência da justiça federal será fixada sempre por normas determinadoras de competência absoluta. Art. 108 e 109 CF. Art. 109 I CPC. O dispositivo legal se refere à União, entidade autárquica e empresa pública federal. Intervenção dos entes federais em processos em trâmite perante a justiça estadual Art. 45 CPC. Súmula 150 STJ. Se nele intervier: 1 – a União; 2 – empresas públicas; 3 – entidades autárquicas; 4 – fundações. Prorrogação de competência A hipótese de prorrogação de competência prevista pelo CPC aplica-se exclusivamente às regras de competência relativa, que, justamente por serem de natureza dispositiva, admitem o afastamento de sua aplicação no caso concreto. Espécies de prorrogação de competência: 1 – Prorrogação legal: Conexão; Continência. Ausência de alegação de incompetência relativa. 2- Prorrogação voluntária: Cláusula de eleição de foro; Prorrogação por vontade unilateral do autor. Prorrogação legal Conexão e continência Art. 55 CPC. Conexão: 2 ou mais ações quando comum o pedido ou a causa de pedir. Art. 56 CPC. Igor Demétrio 28 Continência: 2 ou mais ações quando houver identidade quantos às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma por ser mais amplo abrange os demais. Art. 55 CPC. No tocante à causa de pedir, a doutrina vem entendendo bastar que um de seus elementos seja coincidente para que haja conexão ente as ações (seja dos fatos ou dos fundamentos jurídicos). A reunião dos processos perante um mesmo juízo têm duas principais razões: economia processual e harmonização dos julgados. Ausência de alegação de incompetência relativa Tratando-se de alegação de competência relativa, em regra o juiz não poderá conhecer de sua incompetência de ofício (exceção 63 §3º CPC). O réu, caso não alegue em preliminar de contestação a incompetência relativa ( ou mesmo antes disso, Art. 340 CPC) permitirá que aquele juízo, originalmente incompetente, se torne competente no caso concreto, verificando- se a hipótese de prorrogação de competência. Art. 62 CPC. Art. 63 CPC. Art. 65 CPC. Prorrogações voluntárias 1 – Eleição de foro. Art. 63 CPC. As partes podem no caso concreto afastar a aplicação da regra de competência relativa por meio de celebração de um acordo, escolhendo foro determinado para futuras e possíveis demandas. Trata-se da conhecida “cláusula de eleição de foro”. Art. 62 CPC. Art. 54 CPC. Prevê que a competência em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes. Súmula 335 STF. O que significa dizer que só admite cláusula de eleição de foro nas demandas fundadas no direito obrigacional. 2 – Vontade unilateral do autor. Haverá tal espécie de prorrogação sempre que a demanda for proposta respeitando-se a regra de foro geral, que para o CPC é o do domicílio do réu. Sempre que existir uma regra Igor Demétrio 29 especial de foro, a proteger o autor, em detrimento da regra geral, poderá o demandante optar por afastar a norma que teria sido feita em seu favor e litigar no domicílio do réu. Prevenção São hipóteses em que abstratamente sejam competentes um ou mais juízos para a mesma causa. Art. 59 CPC. Princípio da perpetuaio jurisdictionis – Art. 43 CPC: impede que alterações supervenientes de fato ou de direito afetem a competência da demanda, esse princípio impede que o processo seja itinerante, tramitando sempre aos sabores do vento, mais precisamente aqueles gerados por mudança de fato ou de direito. Competência absoluta: (matéria, pessoa e função). Honorários advocatícios Os honorários advocatícios constituem a remuneração devida aos advogados em razão de prestação de serviços jurídicos, tanto em atividade consultiva como processual. Se dividem em: 1 – contratuais: contrato celebrado com o próprio cliente para prestação de serviços. 2 – sucumbenciais: relacionados à vitória de seu cliente em processo judicial. Sucumbência e causalidade Art. 85 CPC. O princípio da causalidade: de forma que a parte mesmo vencedora, seja condenada ao pagamento de honorários ao advogado da parte vencida, por ter sido responsável pela existência do processo. Art. 85 §10 CPC. Art. 90 CPC. Responde o autor por ter dado causa ao processo e depois desistido dele ou renunciado ao direito material; responde o réu por ter exigido do autor a propositura da ação e reconhecido seu pedido em juízo. Cabimento de condenação em honorários advocatícios Art. 85 §1º CPC. São devidos os honorários: 1 – na reconvenção; 2 – cumprimento da sentença; 3 – na execução (resistida ou não). Igor Demétrio 30 4 – nos recursos interpostos; 1, 2, 3, 4 cumulativamente. Exceção: Art. 85 §7º CPC e Súmula 345 STJ. Fixação de honorários sucumbenciais em recursos Art. 85 §11 CPC. A regra é justa, porque remunera um trabalho do advogado que ainda está por vir e que por tal razão, não poderia ser considerado pelo juiz que proferiu a decisão recorrida. Valor dos honorários sucumbenciais Art. 85 §2º CPC. 10% ----------------------- 20% sobre o valor da condenação. 10% a 20 %: 1 º condenação; 2º proveito econômico obtido; 3 valor da causa (Art. 85 §8º CPC). Art. 85 §9º CPC. Prever que na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre a soma das prestações vencidas com mais 12 vincendas. Condenação da fazenda pública ao pagamento de honorários sucumbenciais Art. 85 §3º CPC. Art. 85 §3º CPC. Mínimo Máximo Salários mínimos 1 - 10 % 20 % P≤ 200 2 - 8 % 10% 200 <P≤ 2000 3 - 5 % 8% 2000 < P ≤ 20000 4 - 3% 5% 20000 < P ≤ 100000 5 - 1% 3% P> 100000 Art. 85 §4º III CPC. Art. 85 § 2º CPC. Sucumbência recíproca Art. 85 §14 CPC. Veda expressamente a compensação em caso de sucumbência parcial. A compensação é uma das formas de extinção da obrigação (Arts. 368 a 380 CC). Pagamento na pessoa da sociedade de advogados Art. 85 §15 CPC. Igor Demétrio 31 Permite expressamente que o advogado ceda seu crédito em favor da sociedade que integra na qualidade de sócio, que passa então a ser credora do valor fixado a título de honorários advocatícios. Termo inicial do juros Art. 85 §16 CPC. Quantia certa incidirá (os juros moratórios) a partir do trânsito em julgado da decisão. Omissão da condenação em honorários advocatícios em sentença transitada em julgado Súmula 453 STJ. Art. 85 §18 CPC. Legitimidade para impugnar e executar Art. 23 da Lei 8.906 (Estatuto da OAB). Art. 85 CPC. O advogado é o credor dos honorários fixados em sentença ou acórdão. Súmula 306 STJ. Direito ao ressarcimento dos honorários contratuais Art. 389 CC. Art. 404 CC. Os honorários previstos nesses artigos são contratuais. Dano: é a efetiva diminuição do patrimônio do credor em razão do inadimplemento da obrigação. Gratuidade da justiça Art. 98 CPC. Beneficiários: pessoas físicas e jurídicas, estrangeiras ou nacionais, mas não há mais a necessidade de que tenham residência no país. A gratuidade de justiça é um direito pessoal, não se estendendo a litisconsortes ou sucessores do beneficiado. Art. 98 §1º CPC. Lei 1060/1950.Há previsão do objeto da gratuidade com indicação de todos os gastos que não serão exigidos do beneficiários da assistência jurídica. Gratuidade e adiantamento de honorários periciais Art. 95 CPC. Igor Demétrio 32 Apesar de o art. 95 §3º CPC prever regra somente para o pagamento de verba pericial, portanto um dever do vencido, a regra ali prevista também se aplica para o adiantamento de tal verba quando a perícia for pedida pelo beneficiário da gratuidade da justiça Art. 98 §7º CPC. Concessão parcial de gratuidade e parcelamento A concessão de assistência judiciária pode ser parcial. Art. 98 §5º CPC. Art. 98 §6º CPC. Condenação do beneficiário da gratuidade Mesmo tendo sido concedido o benefício da assistência judiciária, a parte continua a ser condenada a pagar as verbas de sucumbência. Art. 98 §2º CPC. Art. 98 §3º CPC. Art. 98§4º CPC. Não afasta o dever de o beneficiário pagar ao final, as multas processuais que lhe sejam impostas. Procedimento Art. 99 CPC. O pedido de gratuidade pode ser formulado: 1 – na petição inicial; 2 – na contestação; 3 – na petição para ingresso de terceiro; 4 – no recurso; 5 – na petição simples, nos autos do processo (Art. 99 §1º CPC). Indeferimento do pedido Art. 99 §2º CPC. Art. 98 CPC. A presunção de veracidade da alegação de insuficiência, apesar de limitada a pessoa natural, continua a ser a regra para a concessão do benefício da gratuidade da justiça. Art. 99 §3º CPC. Art. 99 §4º CPC. Deferimento do pedido Art. 100 CPC. Igor Demétrio 33 Impugnação à decisão concessiva do benefício A forma procedimental de impugnação à decisão concessiva da gratuidade de justiça dependerá da forma como o pedido foi elaborado. 1 – pedido na inicial = impugnação na contestação. 2 – pedido na contestação = impugnação na réplica. 3 – pedido no recurso = impugnação nas contrarrazões. 4 – pedido superveniente por mera petição ou elaborado por terceiro = impugnação por petição simples no prazo de 15 dias. Recorribilidade Art. 101 CPC. Cabe agravo de instrumento (exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual cabe apelação). Litisconsórcio Litisconsórcio: é a pluralidade de sujeitos em um ou nos dois polos da relação jurídica processual que se reúnem para litigar em conjunto. Cumulação subjetiva: multiplicidade de sujeitos com interesses contrapostos. Hipóteses de cabimento Art. 113 CPC. 1 – se entre os sujeitos houver comunhão de interesses ou obrigação. 2 – se houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir. 3 – se houver afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito. Classificação Posição processual na qual foi formado Ativo: pluralidade no polo ativo. Passivo: pluralidade no polo passivo. Misto: pluralidade em ambos os polos. Momento de sua formação Inicial: é aquele formado desde a propositura da ação, já existindo no momento em que a petição inicial é apresentada em juízo. Ulterior: é formado após o momento inicial de propositura da ação. A formação do litisconsórcio gera dois benefícios: economia processual e harmonização dos julgados. Sua obrigatoriedade ou não Igor Demétrio 34 Litisconsórcio necessário: se verifica nas hipóteses em que é obrigatória sua formação (Art. 114 CPC). Litisconsórcio facultativo: existe uma mera opção de sua formação, em geral a cargo do autor (a exceção é o litisconsórcio formado pelo réu no chamamento ao processo e na denunciação da lide). O destino dos litisconsortes no plano material Litisconsórcio unitário: sempre que o juiz estiver obrigado a decidir de maneira uniforme para todos os litisconsortes (Art. 116 CPC). Litisconsórcio simples: sempre que for possível uma decisão de conteúdo diverso para cada um dos litisconsortes. A diferença entre litisconsortes unitário e simples, portanto, é sempre analisado em abstrato, no plano da possibilidade de decidir diferente ou a obrigatoriedade de decidir de forma uniforme. Limitação do litisconsórcio facultativo Art. 113 §§ 1º e 2º CPC. O juiz poderá de ofício determinar a limitação no número de litisconsortes. Art. 113 §2º CPC. As partes podem pedir limitação. Consequência jurídica da limitação do litisconsórcio facultativo Entende-se que o juiz deverá determinar o desmembramento da relação jurídica processual, criando-se novos processos com os sujeitos excedentes. Caberá ao patrono do autor escolher os autores que ficarão na demanda originária e aqueles que criarão novas demandas, que serão distribuídas por dependência para o mesmo juízo, em respeito ao princípio do juiz natural. Sempre que existir na lei alguma hipótese de legitimidade extraordinária concorrente o litisconsórcio será facultativo e unitário. Em regra o litisconsórcio necessário será unitário. Vício gerado pela ausência de litisconsórcio necessário Art. 115 CPC. O vício gerado pela ausência de formação de litisconsórcio unitário sempre opera no plano de validade do ato. Litisconsórcio alternativo: é a indefinição a respeito do sujeito do legitimado, seja no polo ativo, seja no polo passivo da demanda. Igor Demétrio 35 Litisconsórcio sucessivo: a parte sabe, com precisão, quem são os sujeitos que devem participar da relação jurídica processual e o fator que concretiza essa espécie de litisconsórcio é a cumulação de pedidos dirigidos contra ou por sujeitos distintos que formarão o litisconsórcio; somente é possível o acolhimento do segundo pedido se for acolhido o primeiro. Dinâmica entre os litisconsortes Art. 117 CPC. Princípio da autonomia ( salvo litisconsórcio necessário). Revelia: é a presunção (ainda que relativa) de veracidade dos fatos narrados pelo autor. Art. 345 I CPC. Não há presunção de veracidade na hipótese de um dos litisconsortes contestar. Recurso interposto por somente um litisconsorte Art. 1005 CPC. É significativa a corrente doutrinária que entende ser o dispositivo legal aplicável tão somente ao litisconsórcio unitário, valendo plenamente para o litisconsórcio simples a autonomia dentre os litisconsortes. Produção da prova A prova produzida por um litisconsorte poderá plenamente prejudicar os demais, que em nada colaboraram para a sua produção, mas que sofrerão os seus efeitos da mesma forma que os sofrerá o responsável pela produção. A confissão Art. 391 CPC. A confissão pode ser plenamente eficaz ou plenamente ineficaz, independente da espécie de litisconsórcio, não existindo eficácia parcial justamente por não existir uma alegação de fato que possa ser ao mesmo tempo verdadeira para alguns e falsa para outros. Prazo para os litisconsortes Art. 229 CPC. 3 requisitos. 1 º pluralidade de sujeitos. 2 º pluralidade de procuradores. 3º os diferentes advogados façam partes de escritórios de advocacia distintos. (Exceção Art. 229 §2º CPC). Igor Demétrio 36 Súmula 641 STF. Intervenção de terceiros Intervenção de terceiros: entende-se a previsão legal para que um sujeito alheio à relação jurídica processual originária ingresse em processo já em andamento. Tem como objetivo: economia processual e harmonização de julgados. Intervenções típicas: assistência, a denunciação da lide, o chamamento do processo, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, amicus curiae. Intervenção da lei 9.469/1997 Art. 5º da lei 9.469/1997. Esses terceiros ao intervir no processo passam a atuar com os mesmos poderes do assistente, é comum a referência a essa espécie de intervenção como assistência anômalahavendo decisão do STJ que entende tratar-se de assistência simples. Ação de alimentos Art. 1.694 CC. Trata-se de hipótese de litisconsórcio facultativo, considerando-se que sua formação dependerá da vontade do autor. São duas exigências legais: 1 – não tem sido formado o litisconsórcio facultativo passivo de forma inicial; 2 – não ter o réu condições de arcar total ou parcialmente com o embargo alimentar. É obrigação divisível e não solidária. Processo/fase de execução Somente a assistência é considerada espécie de intervenção admissível no processo/ fase de execução. Assistência Art. 119 CPC. O pressuposto da assistência é a existência de um interesse jurídico do terceiro na solução do processo, não se admitindo que um interesse econômico, moral ou de qualquer outra natureza legitime a intervenção por assistência. Assistência simples (adesiva) Segundo o STJ a existência de um interesse econômico não desnatura o interesse jurídico, mas não basta para justificar a intervenção do terceiro como assistente. Assistência litisconsorcial (qualificada) Art. 124 CPC. Igor Demétrio 37 Na assistência litisconsorcial o terceiro é titular da relação jurídica de direito material discutida no processo, sendo, portanto, diretamente atingido em sua esfera jurídica pela decisão a ser proferida. Dessa forma, a assistência litisconsorcial tem relação jurídica tanto com o assistido quanto com a parte contrária, afinal todos eles participam da mesma relação de direito material, diferente do que ocorre no litisconsórcio simples, no qual não há relação jurídica do assistente com o adversário do assistido. A assistência litisconsorcial somente é possível nos casos de litisconsórcio facultativo. Procedimento O terceiro que se considera assistente – seja simples ou litisconsorcial – deverá requerer seu ingresso no processo por meio de petição devidamente fundamentada expondo em especial o interesse jurídico que legitima a sua intervenção como assistente. A decisão que deferiu o pedido de assistência será recorrível por agravo de instrumento, tendo legitimidade e interesse recursal a(s) parte(s) que não concordar(em) com a intervenção do terceiro. Os poderes do assistente simples O assistente simples não defende direito próprio na demanda, apenas auxiliando o assistido na defesa de seu direito, de forma que a sua atuação no processo está condicionada à vontade do assistido, não se admitindo que a sua atuação contrarie interesses deste. Art. 122 CPC. Não pode o assistente simples se opor a atos de disposição, tanto de direito material quanto de direito processual, praticados pelo assistido. Art. 121 CPC. Prestigiou a doutrina e consagrou a qualidade de substituto processual do assistente não só na hipótese de revelia do assistido, mas pontualmente diante de qualquer omissão sua. Os poderes do assistente litisconsorcial O assistente litisconsorcial atuará no processo como se fosse um litisconsorte unitário. Na assistência litisconsorcial o assistente é titular do direito discutido na demanda, de forma que, caso ingresse em processo no qual o assistido é revel, não será jamais seu substituto processual, porque afinal estará em nome próprio litigando por interesse próprio. Imutabilidade da justiça da decisão Art. 123 CPC. Torna para o assistente imutável e indiscutível a justiça da decisão após o trânsito em julgado. Igor Demétrio 38 Denunciação da lide Art. 125 CPC. Serve a denunciação da lide para que uma das partes traga ao processo um terceiro que tem responsabilidade de ressarci-la pelos eventuais danos advindos do resultado desse processo. A denunciação da lide é uma demanda incidente, regressiva, eventual e antecipada. 1 – incidente: instaurada em processo já existente. 2 – regressiva: fundada no direito de regresso da parte contra o terceiro. 3 – eventual: guarda uma evidente relação de prejudicialidade com a demanda originária. 4 – antecipada: entre o confronto do interesse de agir e a economia processual o legislador prestigiou o segundo. Denunciação da lide pelo comprador evicto Art. 125 I CPC. Demandado o adquirente de coisa, sua perda em razão de decisão judicial (evicção) lhe gerará um dano que deverá ser ressarcido pelo sujeito que alienou a coisa. Denunciação do obrigado, por lei ou contrato, a indenizar regressamente à parte (Art. 125 II CPC). Art. 125 II CPC. Ainda que a denunciação da lide leve ao processo um fundamento jurídico novo, fundado na existência ou não do direito de regresso no caso concreto, a denunciação da lide deve ser admitida. EX: Art. 37 §6º CF; Art. 43 CC. Facultatividade Art. 125 §1º CPC. A denunciação da lide é facultativa, ou seja, se a parte deixar de denunciar à lide, o terceiro não perde seu direito material de regresso. Qualidade processual do denunciado Art. 127 e 128 I CPC. A denunciação da lide ( realizada pelo autor ou réu), tornará denunciante e denunciado litisconsortes. Litisconsorte: ulterior, passivo ou ativo, facultativo, unitário. Igor Demétrio 39 Condenação e cumprimento de sentença diretamente contra o demandado O cumprimento de sentença diretamente contra o denunciado é admissível em qualquer hipótese de denunciação da lide fundada no inciso II do art. 125 CPC. Art. 128 e 129 CPC. Denunciação sucessiva Art. 125 §2º CPC. Permite-se ao denunciado pelo autor ou réu da demanda originária denunciar um terceiro. A denunciação sucessiva só será permitida uma vez. Procedimento da denunciação da lide feita pelo autor Art. 126 CPC. Pelo princípio da instrumentalidade das formas não há necessidade de interposição de duas petições iniciais bastando que o autor elabore um tópico da petição inicial justificando a denunciação da lide (causa de pedir), além de fazer um pedido de citação do denunciado. Procedimento da denunciação pelo réu. Art. 126 CPC. Tal espécie de intervenção será feita pelo réu na contestação. Art. 131 CPC. Prever o prazo de 30 dias para a citação do denunciado à lide (se residir em outro foro ou em lugar incerto 2 meses). Art. 128 I CPC. A primeira reação do denunciado pelo réu é contestar o pedido formulado pelo autor, dando a entender que nesse caso ele deixa de impugnar sua denunciação, com o que não mais se discutirá o direito regressivo que motivou sua intervenção no processo. Art. 128 II CPC. Diante da revelia do denunciado o denunciante pode abster-se de recorrer na ação principal. Art. 128 III CPC. Se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor: 1 – o denunciante poderá prosseguir na sua defesa. 2 – pedir apenas a procedência da ação de regresso. Chamamento ao processo Igor Demétrio 40 Art. 130 CPC. Trata-se de espécie coercitiva de intervenção de terceiros, pela qual o terceiro será integrado à relação jurídica processual em virtude de pedido do réu e independentemente de sua concordância. Art. 275 CC. Dívida solidária. O chamamento ao processo cria um litisconsórcio passivo ulterior, por vontade do réu, entre o devedor solidário originalmente demandado e os demais devedores solidários chamados ao processo. Hipóteses de cabimento São três. O denominador comum é ser o terceiro chamado ao processo tanto ou mais devedor que o réu. Art. 130 I CPC. Demandado o fiador, que apesar de não ser devedor, responde solidariamente com o devedor perante o credor pelo cumprimento da obrigação, é permitido a chamado ao processo do devedor principal. Art. 130 II CPC. Demandado alguns fiadores, é permitido o chamamentoao processo dos demais. Art. 130 III CPC. Típico dos devedores solidários. Considerando-se que o réu e os chamados ao processo formam um litisconsórcio passivo ulterior, aplica-se ao caso Art. 113 §1º CPC. Procedimento Art. 131 CPC. É feito pelo réu na contestação. O prazo é de 30 dias, salvo se o chamado tiver que ser citado em outro foro ou estiver em lugar incerto, quando o prazo passa a ser de 2 meses. Art. 101 II CDC e 88 CDC. É vedado a denunciação da lide e há exceção quanto ao chamamento ao processo. Amicus curiae Art. 138 CPC. Requisitos Igor Demétrio 41 São três condições alternativas. 1 – relevância da matéria. 2 – as especificidades do tema objeto da demanda. 3 – repercussão social da controvérsia. Art. 138 CPC. Prever a possibilidade de intervenção como amicus curiae de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada. Art. 138 §1º CPC. A intervenção do amicus curiae não implica alteração de competência. O amicus curiae não tem legitimidade recursal com exceção: 1 – cabimento de embargos de declaração. 2 – cabimento de recurso contra a decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. A decisão que indefere o pedido para ingresso de amicus curiae parece recorrível por agravo de instrumento, já que no art. 1.015 IX do CPC há expressa previsão de recorribilidade por meio de agravo de instrumento. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica Art. 133 CPC. Art. 50 CC. Art. 28 CDC. Desconsideração da personalidade jurídica: a sociedade empresarial figura como devedora e os sócios como responsáveis patrimoniais secundários, ou seja, mesmo não sendo devedores, responderão com o seu patrimônio pela satisfação da dívida. Art. 133 §2º CPC. Desconsideração da personalidade jurídica inversa: o sócio figura como devedor e a sociedade empresarial como responsável patrimonial secundária, quando se constata que o sócio transferiu seu patrimônio pessoal para a sociedade empresarial com o objetivo de frustrar a satisfação dos direitos de seus credores. Momento Art. 134 CPC. 1 – todas as fases do processo de conhecimento. 2 – no cumprimento da sentença. 3 – na execução fundada em título executivo extrajudicial. Igor Demétrio 42 Procedimento Art. 135 CPC. O sócio ( ou a sociedade na desconsideração inversa) passa, a partir da desconsideração da personalidade jurídica, a ser responsável patrimonial secundário pela dívida da sociedade empresarial. Art. 136 CPC. O incidente será resolvido por decisão interlocutória. Se a decisão for proferida por relator, cabe agravo interno. Em decisão interlocutória cabe agravo de instrumento segundo o Art. 1.015 IV CPC. Negócio jurídico processual e calendarização procedimental Espécies de negócios jurídicos processuais Unilaterais: apenas uma das partes é relevante. Ex.: Arts. 225, 775, 998 e 999 CPC. Bilaterais: depende da vontade das partes. Ex.: Art. 190 CPC. Plurilaterais: Quando sua eficácia depende da vontade das partes e do juiz. Ex.: Art. 191 e 357 §3º CPC. Cláusula geral de negócio jurídico processual Art. 190 CPC. Permite, além das hipóteses específicas de negócio processual típico, a celebração de acordo entre as partes de forma geral, envolvendo tanto o procedimento como as suas situações processuais. Objeto do negócio jurídico processual previsto no art. 190 do CPC Dois objetos distintos: 1 – as posições processuais das partes. 2 – o procedimento. É certo que se tratam de objetos autônomos, de forma que o acordo celebrado entre as partes pode recair apenas sobre um deles ou ambos. Acordo procedimental Art. 190 CPC. Trata-se de uma limitação ao poder das partes de modificar o procedimento, porque se não houver qualquer especialidade na causa que justifique a alteração procedimental, não terá cabimento tal acordo e o juiz deverá anulá-lo. Posições processuais Art. 190 CPC. Igor Demétrio 43 Posições processuais ativas: poderes, ônus, faculdades e direitos. Posições processuais passivas: sujeição, deveres e obrigações. Momento Art. 190 CPC. O negócio jurídico processual pode ser celebrado antes ou durante o processo. Requisitos formais O negócio jurídico processual não depende de homologação pelo juiz. Art. 200 CPC. Art. 190 CPC. Porém o juiz pode anulá-lo: 1 – nulidade ou de inserção abusiva de cláusula em contrato de adesão. 2 – em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. 3 – o processo deve versar sobre direitos que admitam a autocomposição. Requisitos formais gerais do negócio jurídico Art. 104 CC. Nulidade Será nulo o negócio jurídico processual que não atendem aos requisitos formais gerias de negócios jurídicos (Art. 104 CC) ou os requisitos formais específicos (Art. 190 CPC). Aplica-se ao negócio jurídico processual o art. 166 CC. Limites à liberdade das partes Normas fundamentais do processo O negócio jurídico processual não pode violar as normas fundamentais do processo (Arts. 1º ao 12 entre outros do CPC). Normas cogentes Normas cogentes são aquelas impostas pela lei aos sujeitos processuais, sendo irrelevante sua vontade no caso concreto. Como o negócio jurídico processual ora analisado tem como base a vontade das partes, parece lógico a conclusão de que o acordo não pode ter como objeto uma norma cogente. Calendário procedimental Art. 191 CPC. A fixação do calendário procedimental está intimamente ligado à efetividade do processo e também da eficiência, consagrada no art. 8º CPC. Igor Demétrio 44 A calendarização procedimental é um negócio jurídico plurilateral, visto que, a fixação do calendário depende no caso concreto de um acordo entre as partes e o juiz. Atos processuais Art. 188 CPC. Art. 293 CPC. Art. 194 CPC. O acesso amplo aos autos eletrônicos, tanto das partes como de seus procuradores está garantido pelo art. 194 CPC. Garantias de natureza técnica Art. 194 CPC. Disponibilidade: é a qualidade de sistemas informáticos que permaneçam constantemente em funcionamento, salvo por custos períodos de tempo em que fiquem fora do ar. Independência da plataforma funcional: garante que o sistema não fique subordinado a um determinado programa (ou sistema operacional). Registro do ato processual eletrônico Ao prever que o registro do ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, o art. 195 CPC exige que o programa utilizado pelo Poder Judiciário não tenha qualquer custo ou limitação de uso. Requisitos: 1 – Autenticidade: identificação do autor do ato processual. 2 – Integridade: impossibilidade de modificação do conteúdo do ato após ele ter sido praticado. 3 – Temporalidade: identificação do dia e horário da praticar do ato. 4 – Não repúdio: de origem, que protege o receptor da mensagem, indicando que a mensagem efetivamente originou-se do declarante, e de envio, que protege o declarante, comprovando que a mensagem foi efetivamente recebida pelo destinatário. 5 – conservação: preservação dos atos, mantendo-os íntegros pelo tempo que se fizer necessário. Art. 197 CPC. Essa norma é extremamente importante porque afasta de uma vez por todas a polêmica a respeito do caráter oficial das informações prestados pelos sistemas informatizados dos tribunais. Igor Demétrio 45 Dos atos das partes As partes praticam atos unilaterais e bilaterais no processo, prevendo o caput do Art. 200 CPC que tais atos produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.
Compartilhar