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Direito e Sociedade: Funções e Tratamento de Conflitos

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I
(Teoria Geral do Processo Civil)
2019.2
2º /Manhã
Arnaldo Boson Paes
1
DISCIPLINA
CPC/2015 
PLANO DE ENSINO
CONTEÚDO
BIBLIOGRAFIA
METODOLOGIA
AVALIAÇÕES
APRESENTAÇÃO
2
O direito é um fenômeno que está presente em
todas as sociedades.
Como forma de controle social, regula as mais
diversas condutas humanas.
Por meio do direito, são impostos modelos
culturais, ideais coletivos e valores sociais.
O direito coordena os interesses na vida social de
modo a organizar a cooperação entre as pessoas e
compor os conflitos.
Há intensa relação entre direito e sociedade, por
meio de uma causalidade circular, com influências
recíprocas.
SOCIEDADE E DIREITO
3
Na sociedade, o direito exerce duas funções
básicas:
1. DIREÇÃO DE CONDUTAS, fixando pautas,
tipos ou modelos de comportamento, cuja
observância é condição para evitar a
sanção;
2. TRATAMENTO DE CONFLITOS, com
intervenção posterior, em razão do não
cumprimento das normas de direção de
condutas, autorizando a imposição da
sanção.
FUNÇÕES DO DIREITO
4
A existência do direito não é suficiente para evitar os
conflitos entre pessoas ou grupos sociais.
O conflito ocorre quando uma pessoa, pretendendo
determinado bem, não consegue obtê-lo.
Isso pode ocorrer quando aquele que poderia satisfazer a
pretensão não a satisfaz.
Pode ocorrer também quando o próprio direito veda a
satisfação voluntária da pretensão.
Isso pode gerar insatisfações, cuja permanência é fonte de
tensão individual e social.
Resulta daí a necessidade de tratar os conflitos, resolvendo
as insatisfações.
O conflito de interesses corresponde à lide ou ao mérito,
caracterizado por uma pretensão resistida ou insatisfeita.
CONFLITOS E INSATISFAÇÕES
5
Mas a existência de um conflito de interesses
não implica sempre a existência de um processo.
Isso porque a lide é um fenômeno sociológico,
que pode não estar contida em um processo
jurisdicional.
Isso ocorre quando o litígio é solucionado
diretamente pelos interessados, por meio de
autotutela ou autocomposição.
Há casos em que o processo não contém uma
lide, podendo envolver situações não litigiosas,
como se dá na jurisdição voluntária.
CONFLITOS E INSATISFAÇÕES
6
A lide, quando trazida ao processo, é vista como seu
mérito, como seu conteúdo.
O objetivo do processo é a justa composição da lide,
atuando como meio para a realização da justiça.
A solução dos conflitos pode se dá pela atuação de um ou
de todos os sujeitos em conflito, ou por ato de terceiro.
Pode ocorrer quando um dos sujeitos concorda com o
sacrifício total ou parcial do próprio interesse
(autocomposição) ou impõe o sacrifício do interesse
alheio (autotutela).
Pode ocorrer também quando um terceiro exerce o
poder de solucionar o conflito, através da arbitragem ou
da arbitragem.
TRATAMENTO DOS CONFLITOS
7
CLASSIFICAÇÃO
1. AUTÔNOMAS
(exercidas pelas próprias partes)
1.1. Autotutela (autodefesa)
1.2. Autocomposição
2. HETERÔNOMAS
(exercidas por terceiro)
2.1. Arbitragem
2.2. Jurisdição
TRATAMENTO DOS CONFLITOS
8
AUTOTUTELA (autodefesa)
Um dos sujeitos do conflito impõe a sua vontade sobre a do
outro, com satisfação do interesse próprio em prejuízo do
interesse alheio.
O “juiz da causa” é um dos litigantes, sendo solução vedada,
em regra, por ser resquício da “justiça pelas próprias mãos”
(CP, arts. 345 e 350).
Justifica-se excepcionalmente pela impossibilidade de o
Estado-juiz estar presente sempre que um direito esteja sendo
violado ou ameaçado de violação.
O direito reconhece a validade da autotutela no estado de
necessidade, legítima defesa, direito de greve, desforço
incontinenti do possuidor, direito de retenção.
A autotutela, quando autorizada pelo direito, está sujeita a
controle jurisdicional posterior.
TRATAMENTO DOS CONFLITOS
9
AUTOCOMPOSIÇÃO
Ocorre pela aceitação espontânea de um dos litigantes
em sacrificar o interesse próprio, no todo ou em parte,
em benefício do interesse alheio.
Apesar da cultura da judicialização dos conflitos, a
tendência atual é de estímulo à autocomposição, que
assumem três formas:
1. Transação, por atitude bilateral, por meio de
concessões mútuas;
2. Renúncia, por ato unilateral, por meio de renúncia à
própria pretensão;
3. Submissão, por atitude unilateral, por meio de
reconhecimento à pretensão do outro.
TRATAMENTO DOS CONFLITOS
10
AUTOCOMPOSIÇÃO
Pode ocorrer antes do processo, com o objetivo de evitá-lo,
chamada autocomposição extraprocessual.
Pode ocorrer no curso de processo já instaurado, chamada
autocomposição endoprocessual.
Pode ocorrer após negociação entre os interessados, com ou sem
o auxílio de terceiros, chamados conciliadores ou mediadores.
A conciliação envolve a participação de um sujeito, o conciliador,
que sugere ou induz os litigantes à solução amigável.
A mediação é a própria conciliação quando conduzida sem
apresentação de propostas concretas aos litigantes.
Os conciliadores e os mediadores nada decidem, pois a solução
do conflito dependerá da vontade e da atividade de um ou de
ambos os litigantes.
TRATAMENTO DOS CONFLITOS
11
AUTOCOMPOSIÇÃO
O CPC dedica várias normas à autocomposição:
1. Promove e estimula a solução consensual (art. 3º, §§ 2º e 3º);
2. Dedica capítulo para regular a mediação e a conciliação (arts.
165/175);
3. Atribui como dever do juiz promover, a qualquer tempo, a
autocomposição (art. 139, V)
4. Estipula a tentativa de autocomposição antes da defesa (arts.
334 e 695);
5. Permite a homologação de acordo extrajudicial de qualquer
natureza (arts. 515, III, e 725, VIII);
6. Permite que, no acordo judicial, seja incluída matéria
estranha ao objeto litigioso (art. 515, § 2º).
Há hoje uma Política Judiciária Nacional de Tratamento dos
Conflitos de Interesses, criada pela Resolução 125/2010 do
Conselho Nacional de Justiça.
TRATAMENTO DOS CONFLITOS
12
ARBITRAGEM
Os litigantes buscam em uma terceira pessoa, de sua confiança, a
solução amigável e imparcial (CPC, art. 3º, § 1º e Lei 9.307/1996).
Trata-se de opção conferida a pessoas capazes para solucionar
problemas relacionados a direitos disponíveis, permitindo que
escolham o árbitro privado.
Pode ser criada por meio de um negócio jurídico, chamado
convenção de arbitragem, compreendendo a cláusula
compromissória e o compromisso arbitral.
Cláusula compromissória é a convenção em que as partes
decidem, prévia e abstratamente, que as divergências oriundas
de certo negócio jurídico serão resolvidas pela arbitragem.
Compromisso arbitral é o acordo de vontades para submeter
uma controvérsia concreta, já existente, ao juízo arbitral,
dispensando o Poder Judiciário.
TRATAMENTO DOS CONFLITOS
13
CARACTERÍSTICAS DA ARBITRAGEM
Possibilidade de escolha da norma de direito material
aplicável (Lei nº 9.307/1996, art. 2º, §§ 1º e 2º).
Opção apenas para sujeitos capazes, titulares de direitos
patrimoniais e disponíveis, decorrente da autonomia privada.
Árbitro deve ser pessoa física e capaz, que atua como juiz de
direito e de fato (Lei nº 9.307/1996, art. 13).
Desnecessidade de homologação judicial da sentença arbitral
(Lei nº 9.307/1996, art. 31).
Sentença arbitral é título executivo judicial (Lei nº 9.307/1996,
art. 31, e CPC, art. 515, VII).
Possibilidade de controle jurisdicional da sentença arbitral,
mas apenas em relação à sua validade (Lei nº 9.307/1996, arts.
32 e 33, caput).
TRATAMENTO DOS CONFLITOS
14
JURISDIÇÃO
Decorre da evolução da arbitragem facultativa para a
arbitragem obrigatória.
Há transição efetiva de uma justiça privada para uma justiça
pública, em que o Estado impõe, por meio dos juízes, a solução
do conflito.
O Estado monopoliza a solução dos conflitos e a realização do
direito, podendo autorizar, por meio de lei, sua realização
através da arbitragem.
Na jurisdição, a decisão é tomada por um terceiro, estranho ao
conflito, chamado juiz, designado pelo Estado (CF, art. 5º,
XXXV).
Atua para reconhecer, efetivar e proteger situações jurídicas
deduzidas, por meio de decisão não sujeita a controle externo
e com aptidão para tornar-se definitiva.
TRATAMENTO DOS CONFLITOS15
MECANISMOS ALTERNATIVOS
Modos informais, chamados equivalentes jurisdicionais, assim
justificados e caracterizados:
1. Consistem principalmente em evitar as dificuldades que
impedem e dificultam o acesso ao Poder Judiciário;
2. Decorrem da explosão quantitativa e qualitativa de
litígios, fruto da conscientização dos direitos e facilidade
do acesso à justiça;
3. Justificam-se pela onerosidade e morosidade das vias
jurisdicionais, decorrente da insuficiência de recursos e do
formalismo processual;
4. Correspondem a formas não definitivas, pois podem ser
submetidas ao controle jurisdicional posterior;
5. São exemplos a autotutela, a autocomposição, o
julgamento por tribunais administrativos e a arbitragem.
TRATAMENTO DOS CONFLITOS
16
O ordenamento jurídico divide-se em dois planos distintos e
autônomos, que interagem, com influências recíprocas.
O direito material (substancial) é o conjunto de normas que
regulam as relações jurídicas referentes aos bens da vida.
Envolve, por exemplo, direito constitucional, civil, penal,
administrativo, empresarial, tributário, trabalhista.
O direito processual (formal) é o conjunto de normas para
garantia da atuação das normas de direito material, regulando o
exercício da jurisdição, da ação, da defesa e do processo.
Envolve, por exemplo, direito processual constitucional,
processual civil, processual penal e processual trabalhista.
Todo processo traz a afirmação de ao menos uma situação
jurídica, entendida como o direito material afirmado.
Há entre o direito material e o direito processual uma relação
circular, em que o processo serve ao direito material, mas
também é servido por ele, ajustando-se às suas finalidades.
DIREITO E PROCESSO
17
O direito processual atua quando algum sujeito, afirmando
um direito material, propõe uma ação, dando início ao
processo.
Regula o processo sob duas perspectivas distintas:
1. Interna, regulando a relação jurídica processual e as
posições jurídicas dos sujeitos do processo;
2. Externa, regulando o procedimento, como sequência de
atos para a produção de uma decisão e sua execução.
As normas jurídicas atuam no processo como critérios
distintos:
1. As normas materiais servem de critério para resolver os
conflitos, como normas de julgamento;
2. As normas processuais ditam a forma como eles serão
resolvidos, como normas de procedimento.
DIREITO E PROCESSO
18
Quatro institutos fundamentais integram o
direito processual e são os seus alicerces:
1. Jurisdição, atividade estatal destinada à
composição dos conflitos de interesse;
2. Ação, direito a obter um pronunciamento
do juiz acerca de uma pretensão;
3. Defesa, faculdade de resistir à pretensão
deduzida em juízo; e
4. Processo, método, sistema, instrumento de
composição dos conflitos de interesses.
DIREITO PROCESSUAL
19
O direito processual é ciência autônoma, com objeto,
método e princípios próprios, fazendo parte do direito
público, com raízes no direito constitucional.
O direito processual comporta especificações,
envolvendo o processo civil, trabalhista, eleitoral,
administrativo, penal, legislativo ou mesmo não estatal.
Apesar das especificações, há pontos em comum que
permitem integrar todos eles, com a formação da Teoria
Geral do Processo.
A TGP permite identificar a essência do direito
processual, reunindo e harmonizando os institutos,
princípios e as garantias, compondo o sistema
processual.
DIREITO PROCESSUAL
20
O direito processual civil trata do exercício da jurisdição,
ação e defesa com relação a pretensões fundadas em
normas de direito privado (civil, comercial) e público
(administrativo, tributário, constitucional).
Como exemplo, o direito civil regula o direito de posse,
enquanto o direito processual civil disciplina as ações
possessórias.
Excluem-se do âmbito do processo civil as causas de
natureza penal e, em parte, os processos que tramitam na
Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral, sujeitos a
disciplina específica.
O processo civil corresponde ao processo comum, sendo
suas normas fonte supletiva e subsidiária dos demais ramos
do direito processual (CPC, art. 15).
DIREITO PROCESSUAL
21
1. SINCRETISTA, até meados do século XIX, em que o direito
processual não era vista como ciência autônoma,
confundindo-se com o próprio direito material.
2. AUTONOMISTA, de meados do século XIX até meados do
século XX, em que o direito processual passa a ser visto como
ciência autônoma, com formulação científica de seus
principais conceitos.
3. INSTRUMENTALIDADE, a partir de meados do século XX, em
que o direito processual continua sendo visto como ciência
autônoma, mas se ressalva ser instrumento a serviço do
direito material, que deve conferir-lhe efetividade.
4. NEOPROCESSUALISTA, em que o direito processual
desenvolve-se como ciência autônoma, ainda com relação de
instrumentalidade com o direito material, mas é analisado
sob as bases constitucionais contemporâneas.
FASES DO DIREITO PROCESSUAL
22
Fontes do direito são os canais pelos quais as normas
vêm ao mundo jurídico, sendo as formas de expressão do
direito positivo.
1. A Constituição Federal, que enuncia grandes princípios
e garantias do direito processual, bem como pela
estruturação do Poder Judiciário e definição de suas
competências.
2. A lei complementar federal, aprovada por maioria
absoluta do Congresso Nacional, como a LOMAN (LC nº
35/1979) e a LOMPU (LC nº 75/1993).
3. A lei ordinária federal, pois a competência para tratar
da legislação processual é exclusiva da União (CF, art.
22, I), sendo a principal delas o CPC/2015 (Lei nº
13.105/2015).
FONTES DO DIREITO PROCESSUAL
23
4. Os tratados, convenções ou acordos internacionais
firmados pelo Brasil, como o Pacto de São José da Costa
Rica, que é a Convenção Americana de Direitos
Humanos, que goza de status constitucional.
5. As Constituições e leis estaduais, pois a CF (art. 125, § 1º)
atribui aos Estados a competência para definir a
competência dos Tribunais de Justiça e sua organização
judiciária (Lei Estadual nº 3.716/1979).
6. Os regimentos internos dos tribunais, que regulam as
questões interna corporis (CF, art. 96, I, “a”).
7. A jurisprudência, principalmente com a força
obrigatória dos precedentes, prevista com a súmula
vinculante (CF, art. 102, § 2º) e agora reforçada pelo
CPC/2015.
FONTES DO DIREITO PROCESSUAL
24
Norma processual é o preceito jurídico regulador do exercício da
função jurisdicional pelo Estado-juiz, da ação pelo autor e da defesa
pelo demandado, por meio do processo, compreendendo:
1. NORMAS DE ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA, que dispõem sobre a
criação, estruturação e competência dos órgãos jurisdicionais e
seus auxiliares;
2. NORMAS PROCEDIMENTAIS, que regulam o procedimento e
todo o conjunto de atos coordenados e destinados à produção
da decisão final e seu cumprimento;
3. NORMAS PROCESSUAIS EM SENTIDO ESTRITO, que disciplinam
a relação jurídica processual, atribuindo aos seus sujeitos
poderes, faculdades, direitos, obrigações, deveres e ônus
processuais.
Geralmente são de direito público, cogentes, obrigatórias, fixadas
no interesse público, prevalecendo sobre o interesse particular das
partes.
FONTES DO DIREITO PROCESSUAL
25
A norma processual aplica-se exclusivamente no território do Estado
que a edita, por regular o exercício da jurisdição, típica função estatal.
Essa dimensão no espaço expressa o princípio da territorialidade das
normas processuais (CPC, arts. 1º e 13)
Assim, a função jurisdicional será exercida por lei nacional e jamais por
lei estrangeira, aplicando-se a lex fori.
A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras,
ressalvadas as disposições previstas em tratados, convenções ou
acordos internacionais de que o Brasil seja parte (CPC, arts. 13 e 16).
Quando o ato processual for praticado no estrangeiro, deve observar o
princípio da territorialidade.
Logo, são válidos os atos quando obedientes à lei do país e compatíveis
com a ordem jurídica brasileira.
Há um sistema de cooperação internacional (CPC, arts. 26 a 41), com
necessidadede homologação de decisão estrangeira (CPC, art. 960 a
965)
NORMA PROCESSUAL NO ESPAÇO
26
A eficácia no tempo da norma processual vai, em princípio, de
sua entrada em vigor até sua revogação.
Isso porque a lei não pode prejudicar o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI e LINDB, art.
6º)
A nova norma processual aplica-se imediatamente, mas deve
respeitar “os atos processuais praticados e as situações jurídicas
consolidadas sob a vigência da norma revogada” (CPC, art. 14).
Assim, os fatos ocorridos e situações já consumadas no passado
não se regem pela nova norma processual.
Inversamente, não se regem pela norma processual já revogada
os fatos ou situações que venham a ocorrer após a sua
revogação.
Logo, ao entrar em vigor, em 18.03.2016, o CPC/2015 passou a
aplicar-se desde logo aos processos pendentes, ficando
revogado o CPC/1973 (CPC, art. 1.046).
NORMA PROCESSUAL NO TEMPO
27
A sucessão no tempo das normas processuais é regulada
pelo direito intertemporal, a partir de três sistemas:
1. O SISTEMA DA UNIDADE PROCESSUAL, que
considera o processo uma unidade, sendo regido por
uma única lei, a antiga, que impede que a lei nova
retroaja.
2. O SISTEMA DAS FASES PROCESSUAIS, considerando
as fases postulatória, instrutória, decisória e recursal
autônomas, cada fase podendo ser regida por lei
distinta.
3. O SISTEMA DO ISOLAMENTO DOS ATOS
PROCESSUAIS, pelo qual a lei nova não atinge os atos
processuais praticados e seus efeitos, considerando
o tempus regit actum.
NORMA PROCESSUAL NO TEMPO
28
Aplica-se, em regra, o SISTEMA DO ISOLAMENTO
DOS ATOS PROCESSUAIS, incidindo a nova lei
imediatamente aos processos pendentes.
Fatos ocorridos e situações já consumadas não se
regem pela lei nova, pois o tempus regit actum.
Não se regem pela lei velha os fatos ou situações
processuais que venham a ocorrer depois de sua
revogação.
Em razão do direito adquirido processual, a lei
nova não pode prejudicar ato já realizado e não
deve atingir o direito a praticar novo ato.
NORMA PROCESSUAL NO TEMPO
29
Como regra, a lei nova não incide sobre o prazo
cujo curso começou sob o império de lei antiga.
Também não atinge validade/invalidade de ato já
praticado sob a vigência da lei antiga.
Publicada a decisão, surge o direito ao recurso,
daí a lei nova não atingir sua admissibilidade
nem seus efeitos.
Incide, como regra, o sistema do isolamento dos
atos processuais (art. 1.046, caput).
Há quem defenda a inaplicabilidade da lei nova
quando dificultar o acesso à justiça ou quando
prejudicar a tutela do direito material.
NORMA PROCESSUAL NO TEMPO
30
PROCESSO E CONSTITUIÇÃO
O sistema processual e os seus institutos devem ser analisados à
luz da Constituição, verificando suas recíprocas influências,
considerando a tutela constitucional do processo.
Por isso o processo civil é ordenado, disciplinado e interpretado
conforme os valores e as normas fundamentais da CF (CPC, art. 1º).
A interpretação do direito processual é determinada pelos
princípios constitucionais, daí falar-se em neoprocessualismo,
produto do neoconstitucionalismo.
Reconhece-se a força normativa da Constituição, a eficácia
normativa dos princípios, a transformação da hermenêutica
jurídica e a expansão dos direitos fundamentais.
Destacam-se os princípios processuais como normas
fundamentais, que estruturam o modelo do processo civil e
determinam a compreensão de todas as demais normas
processuais civis.
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
31
DEVIDO PROCESSO LEGAL
Originário do due process of law, reúne as garantias e
exigências relativas ao exercício do poder, por meio de fórmula
sintética que reafirma a indispensabilidade e a autoridade de
cada uma.
“Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal” (CF, art. 5º, LIV).
Trata-se de um sistema de limitações ao poder, imposto pelo
próprio Estado de Direito para preservação de seus valores
democráticos.
Como cláusula geral, tem conteúdo aberto, complexo, que está
em permanente progresso e se concretiza por meio de outras
garantias processuais.
Indica que a todos é assegurado o direito a um processo devido,
justo, adequado, leal e efetivo, com todas as garantias
correspondentes.
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
32
INAFASTABILIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL
Indica que nenhuma ameaça ou lesão a direito será excluída da
apreciação jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV e CPC, art. 3º).
Corresponde ao direito fundamental de ação, de provocar o exercício
da jurisdição ou de acesso à justiça.
É um direito abstrato, com impossibilidade de exclusão da simples
alegação, independente da procedência da pretensão.
Compreende as garantias de acessibilidade, adequação,
tempestividade e efetividade da tutela jurisdicional.
Acessibilidade como garantia de ingresso em juízo sem óbices
ilegítimos para busca de reconhecimento e satisfação de pretensões.
Adequação como garantia de que a técnica processual deve ser
adequada à realidade do direito material.
Tempestividade como garantia da prestação da tutela jurisdicional
em prazo razoável (CF, art. 5º, LXXVIII e CPC, art. 4º).
Efetividade como garantia de real satisfação do direito judicialmente
reconhecido, com sua concretização no mundo da vida (CPC, art. 4º).
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
33
JUIZ NATURAL
Significa que os atos de exercício da função jurisdicional sejam
realizados por juízes instituídos pela própria Constituição e
competentes segundo a lei.
Por isso “não haverá juízo ou tribunal de exceção” (CF, art. 5º,
XXXVII) e “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente” (CF, art. 5º, LIII).
No processo penal, garante o julgamento por órgão já existente e já
competente no momento em que praticado o ato imputado a uma
pessoa.
No processo civil, implica: i) julgamento por juiz integrante dos
órgãos indicados na CF (art. 92); ii) preexistência do órgão, sendo
vedados tribunais de exceção instituídos depois de configurado o
litígio; iii) juiz competente segundo a CF e a lei.
Mas a competência passará para outro órgão nas hipóteses de
extinção do órgão prevento ou de superveniência de novas normas
que lhe alterem a competência absoluta (CPC, art. 43).
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
34
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA
O processo é um procedimento estruturado em contraditório,
sendo este exigência para o O CPC, no art. 9º, dispõe que “não se
proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida”, proibindo a decisão-surpresa.
O contraditório e a ampla defesa fundiram-se, formando um par
indissociável, de modo que não há contraditório sem defesa,
tampouco há defesa sem contraditório.
Compõe-se de duas garantias: participação e possibilidade de
influência na decisão.
Contém dois elementos: informação necessária e reação
possível, daí a necessidade de cientificar para a prática dos atos
processuais, permitindo que a parte, querendo, possa reagir.
Constitui-se em direito das partes e dever do juiz, de modo que
possam as partes pedir, alegar e provar e o juiz assegure o
contraditório efetivo (CPC, art. 7º).
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
35
IMPARCIALIDADE DO JUIZ
O juiz tem o dever de agir com imparcialidade, sem
considerar seus sentimentos e interesses, devendo atuar
de acordo com o direito e a justiça.
Mas a imparcialidade não significa neutralidade, pois o juiz
tem liberdade para interpretar e decidir segundo os
valores da sociedade.
Para garantir a imparcialidade, a CF prevê garantias e
impõe vedações aos magistrados (CF, art. 95).
Também são estabelecidos casos em que, segundo a
experiência, o juiz é considerado impedido (CPC, art. 144)
ou suspeito (CPC, art. 145).
Nesses casos o juiz se abstém de oficiar em dado processo
ou pode ser recusado pela parte (CPC, arts. 146 a 148).
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
36
BOA-FÉ PROCESSUAL
Os sujeitos do processo devem comportar-se de acordo com a boa-fé,
observando o dever de lealdade.
“Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de
acordo com a boa-fé” (CPC, art. 5º).
A boa-fé deve ser considerada objetivamente, independentementeda
existência de boas ou más intenções.
Extrai-se o princípio da cláusula geral da boa-fé, com fórmula aberta, capaz
de alcançar uma infinidade de situações.
O CPC impõe deveres àqueles que participam do processo com a finalidade de
assegurar a lealdade processual (art. 77).
A parte que litiga de má-fé no processo responde por perdas e danos (CPC,
art. 79).
Há no CPC regras de proteção à boa-fé, indicando situações que configuram a
litigância de má-fé (art. 80).
Aplicável multa ao litigante de má-fé, sem prejuízo da condenação em
indenização por perdas e danos (CPC, art. 81).
Decorre da boa-fé o dever de cooperação, que exige a colaboração dos
sujeitos do processo para alcançar solução justa e efetiva (CPC, art. 6°).
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
37
IGUALDADE
O princípio geral de igualdade (CF, art. 5º, caput) penetra no
processo como princípio da igualdade das partes.
Indica a necessidade de não criar desigualdades e de neutralizar
as existentes.
“É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de
defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções
processuais...” (CPC, art. 7º).
Não se trata de igualdade apenas formal, mas substancial,
significando tratar igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais, na medida de suas desigualdades.
Isso justifica a concessão de assistência jurídica aos necessitados,
o tratamento especial às causas de interesse de idosos e o
reconhecimento de prerrogativas processuais aos entes
públicos.
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
38
PUBLICIDADE
É a projeção para o âmbito do processo do direito à informação (CF, art. 5º, XIV).
“A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem” (CF, art. 5º, LX), o que é reforçado pela
CF, art. 93, IX).
Por isso “Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadastodas as decisões, sob pena de nulidade” (CPC, art. 11).
“Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das
partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público” (CPC,
art. 11, parágrafo único)
“Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os
processos: I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre
casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação,
alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados
protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que versem sobre
arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo (CPC,
art. 189).
“O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de
pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores” (CPC, art.
189, § 1º).
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
39
MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES
O juiz tem a liberdade de formar livremente seu
convencimento, mas tem o dever de motivar suas
decisões.
A motivação é exigência para legitimar e dar transparência
ao exercício do poder do juiz, permitindo o controle pelas
instâncias superiores e pela opinião pública.
Está previsto na CF, art. 93, IX e em diversas normas do
CPC, como no art. 489, caput e§ 1º, e no art. 371.
Considera-se não motivada decisão que se omita sobre
pontos de fato ou de direito cujo exame pudesse conduzir
a julgamento diferente.
A falta ou insuficiência de motivação constitui vício
formal, caracterizando nulidade absoluta.
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
40
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
Decorre da estruturação do Poder Judiciário em dois ou mais
graus, representados pelos juízes inferiores e pelos tribunais de
várias posições (CF, art. 92 e ss).
Razões diversas justificam o reconhecimento da competência
dos tribunais para revisar as decisões dos juízes inferiores,
permitindo o reexame do que já foi decidido.
Garante-se o recurso à parte vencida, possibilitando que tenha
acesso aos tribunais com suas insatisfações em relação à decisão
desfavorável.
Impõe-se, em regra, o processamento inicial das causas pelos
juízes inferiores, para só depois, se houver recurso, legitimar-se
a atuação dos tribunais.
Inexiste observância obrigatória, pois pode haver decisões
irrecorríveis, casos em que a parte não terá direito a novo
julgamento por órgão superior.
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
41
PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO
Assegura o direito à “solução integral demérito” (CPC, art. 4º).
O órgão julgador deve priorizar a decisão de mérito, tendo-a
como objetivo e fazendo o possível para obtê-la.
Por isso todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si
para que se obtenha decisão de mérito (art. 6º).
O juiz tem o dever de determinar a correção da incapacidade
processual (art. 76).
Deve também o juiz determinar a correção de pressupostos e o
saneamento de outros vícios processuais (art. 139, IX).
Quando puder decidir o mérito a favor de quem aproveita a
nulidade, o juiz não a pronunciará (art. 282, § 1º).
Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá
conceder à parte oportunidade para corrigir o vício (art. 317).
O juiz, antes de indeferir a inicial, determinará que o autor a
emende ou a complete (art. 321).
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
42
PERSPECTIVAS DA JURISDIÇÃO
1. ENQUANTO PODER, significando a
capacidade de decidir imperativamente
e impor decisões;
2. ENQUANTO FUNÇÃO, correspondendo
ao encargo de resolver os conflitos,
através do processo;
3. ENQUANTO ATIVIDADE,
compreendendo o complexo de atos do
juiz no processo, exercendo o poder e a
função que a lei lhe atribui.
CONCEITO DE JURISDIÇÃO
43
ESCOPOS DA JURISDIÇÃO
1. COMO ESCOPO JURÍDICO, é meio de realização
do direito material, garantindo a atuação das
normas substanciais contidas no ordenamento
jurídico.
2. COMO ESCOPO SOCIAL, é meio de promover a
pacificação social e de educar as pessoas para o
respeito a direitos alheios e para o exercício de
seus direitos.
3. COMO ESCOPO POLÍTICO, é meio de
participação política e de exercício da
cidadania, contribuindo para os destinos da
sociedade política.
CONCEITO DE JURISDIÇÃO
44
“A jurisdição é a função atribuída a
terceiro imparcial de realizar o Direito de
modo imperativo e criativo
(reconstrutivo),
reconhecendo/efetivando/protegendo
situações jurídicas concretamente
deduzidas, em decisão insuscetível de
controle externo e com aptidão para
tornar-se indiscutível” (Fredie Didier Jr,
Curso de Direito Processual Civil, v. I).
CONCEITO DE JURISDIÇÃO
45
1. IMPARTIALIDADE, com exercício por terceiro, e não
por parte, com amplos poderes jurisdicionais.
2. IMPARCIALIDADE, pela condição de desinteressado,
que não se confunde com neutralidade,
pressupondo independência, autoridade e
responsabilidade.
3. SUBSTITUTIVIDADE, em que substitui as partes,
formulando juízo sobre a atividade destas.
4. IMPERATIVIDADE, sendo emanada de um poder
estatal e que se impõe coativamente.
5. INEVITABILIDADE, em face do estado de sujeição
das partes, que não podem evitar a incidência da
autoridade estatal.
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
46
6. CRIATIVIDADE JUDICIAL, criando a norma
individualizada para resolver o caso concreto.
7. INÉRCIA, dependendo da provocação do interessado,
ficando o órgão jurisdicional vinculado ao que foi
demandado.
8. LITIGIOSIDADE, atuando principalmente em situações
jurídicas litigiosas, diante de ameaça ou lesão a
direito.
9. IMPOSSIBILIDADE DE CONTROLE EXTERNO, com
decisão final, última, não sujeita a controle por
nenhuma outra função estatal.
10. DEFINITIVIDADE, com aptidão para a coisa julgada,
que se forma quando a decisão se tornou irrecorrível,
alcançando a imutabilidade.
CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
47
A tendência atual inclui no conceito de jurisdição, além da
exercida pelo juiz estatal, a desenvolvida por meio da
arbitragem, chamada de equivalente jurisdicional.
Desaparece a ideia de monopólio estatal da jurisdição, embora
se reconheça as diferenças entre as duas espécies de jurisdição,que não são tantas nem tão profundas.
Ambas são exercidas com fundamento em um poder, mas a
fonte de poder do árbitro não é o imperium soberano do Estado,
mas o acordo de vontade das partes.
A jurisdição arbitral também tem caráter substitutivo, mas não
envolve atos de constrição sobre pessoas ou bens, podendo
exigir provocação da jurisdição estatal para execução do laudo.
Inexiste a inevitabilidade própria da jurisdição estatal, pois o
árbitro somente atua se, quando e na medida em que aceitarem
os litigantes.
JURISDIÇÃO ESTATAL E JURISDIÇÃO ARBITRAL
48
1. JUIZ NATURAL, que proíbe juízo ou tribunal de
exceção e o que determina que ninguém será
processado senão pela autoridade competente (CF,
art. 5º, XXXVII e LIII).
2. INVESTIDURA, indicando que a jurisdição será
exercida pelos juízes e tribunais investidos
constitucional e legalmente (CPC, art. 16).
3. TERRITORIALIDADE, dispondo que os magistrados só
tem autoridade nos limites do território de sua
jurisdição (CPC, arts. 236, 237 e 255).
4. INDELEGABILIDADE, estabelecendo que a função
jurisdicional não pode ser delegada a outro órgão ou
a outro sujeito (CF, art. 93, XIV e CPC, art. 152, VI e §
1º).
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
49
5. INEVITABILIDADE, que coloca os
jurisdicionados em estado de sujeição,
submetendo-os às decisões independe
da anuência.
6. INAFASTABILIDADE, que não exclui da
apreciação jurisdicional ameaça ou lesão
a direito (CF, art. 5º, XXXV, e CPC, art. 3º).
7. INÉRCIA, que atribui à parte a iniciativa
de provocar o exercício da função
jurisdicional (CPC, art. 2º).
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
50
Não existe pluralidade de jurisdições, haja
vista que o poder estatal não comporta
divisões.
A jurisdição é una, uma vez que o Estado só
tem uma função jurisdicional.
O que há na realidade é a repartição das
atribuições jurisdicionais entre diferentes
órgãos.
Essa repartição considera diversos critérios,
com o objetivo de melhor administrar a
justiça.
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO
51
SEGUNDO A MATÉRIA
1. PENAL, que recai sobre pretensões punitivas, com aplicação
do direito penal;
2. CIVIL, em sentido amplo, que se exerce sobre causas não
penais.
SEGUNDO A JUSTIÇA COMPETENTE
1. COMUM, para apreciação de causas em geral, com
competência residual;
2. ESPECIAL, para apreciação de causas fundadas em ramos
específicos do direito.
SEGUNDO A POSIÇÃO HIERÁRQUICA DO ÓRGÃO
1. SUPERIOR, exercida pelos tribunais para apreciação de
recursos ou ações originárias indicadas;
2. INFERIOR, exercida pelas Varas e Juízos para apreciação de
ações originárias, aí geralmente iniciadas.
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO
52
SEGUNDO O MODO COMO O JUIZ SE COMPORTA DIANTE DO
CONFLITO
1. CONTENCIOSA, regra geral, envolvendo ameaça ou lesão a
direito, que atua diante de uma lide, para composição de
conflitos de interesses;
2. VOLUNTÁRIA, para a prática de certos atos, considerada
simples administração pública de interesses privados, mas
enquadrada como atividade jurisdicional.
SEGUNDO AS FONTES FORMAIS DO DIREITO
1. DE DIREITO, regra geral, destinada à aplicação do direito ao
caso concreto, em atividade criativa, mas observando a
ordem jurídica;
2. DE EQUIDADE, quando autorizada, destinada à criação da
norma do caso concreto, adotando a solução que considerar
mais conveniente ou oportuna (arts. 140,§ 1º e 719 e ss).
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO
53
O exercício do poder pelo Estado é dividido e
distribuído entre vários órgãos, por meio de um
sistema de freios e contrapesos.
Assim, as funções básicas do Estado (legislação,
administração e jurisdição) são exercidas por órgãos
diversos, resultando daí o princípio da separação dos
poderes.
O Poder Judiciário é uno e exerce principalmente a
função jurisdicional, destinada ao o reconhecimento e à
efetivação de direitos.
O Poder Judiciário é nacional, sendo um único e mesmo
poder que atua por meio de vários órgãos estatais,
federais e estaduais.
ÓRGÃOS DA JURISDIÇÃO
54
A TUTELA CONSTITUCIONAL DA ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA
estabelece:
1. O elenco fechado dos órgãos jurisdicionais do país, fora dos
quais não se admite o exercício da jurisdição pelo Estado;
2. Garantias institucionais do Poder Judiciário e individuais aos
juízes;
3. A estrutura judiciária brasileira, constituída de órgãos
distribuídos entre as diversas Justiças e órgãos superpostos a
estas;
4. A composição e a competência dos órgãos de superposição;
5. A estrutura e competência de cada uma das Justiças da União,
nos diversos graus jurisdicionais;
6. A observância dos princípios constitucionais pelos Estados na
organização de suas Justiças, cabendo às Constituições
Estaduais disciplinar a competência dos tribunais; e
7. A determinação de que leis locais de organização judiciária
sejam necessariamente de iniciativa do Tribunal de Justiça.
ÓRGÃOS DA JURISDIÇÃO
55
GARANTIAS INSTITUCIONAIS DO PODER JUDICIÁRIO
O Poder Judiciário goza de independência, assegura-se o
seu autogoverno e sua autonomia administrativa e
financeira, que se desdobram em outras garantias e
prerrogativas:
1. Eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos
internos;
2. Organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos
seus juízos;
3. Prover os cargos de juiz de carreira;
4. Propor a criação de novas varas judiciárias;
5. Prover os cargos necessários à administração da justiça;
e
6. Conceder licença, férias e outros afastamentos a seus
membros e aos juízes e servidores.
ÓRGÃOS DA JURISDIÇÃO
56
GARANTIAS, IMPEDIMENTO E VEDAÇÕES DOS JUÍZES
Para assegurar a independência e a imparcialidade, aos juízes são
conferidas GARANTIAS (CF, art. 95, caput):
1. Vitaliciedade;
2. Inamovibilidade; e
3. Irredutibilidade de subsídio.
Também são impostos IMPEDIMENTOS e VEDAÇÕES (CF, art. 95,
parágrafo único):
1. Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função,
salvo uma de magistério;
2. Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação
em processo;
3. Dedicar-se à atividade político-partidária;
4. Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
contribuições;
5. Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou,
antes de decorridos três anos do afastamento do cargo.
ÓRGÃOS DA JURISDIÇÃO
57
O art. 92 da CF relaciona os órgãos que exercem a jurisdição
estatal:
I - o Supremo Tribunal Federal;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e 
Territórios.
O Conselho Nacional de Justiça faz parte do Poder
Judiciário, mas não exerce jurisdição (CF, art. 92, I-A).
O CNJ faz o controle da atuação administrativa e financeira
do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres
funcionais dos juízes.
ÓRGÃOS DA JURISDIÇÃO
58
59
60
61
CONCEITO
A jurisdição é exercida em todo território nacional, mas são
especializados setores para exercê-la.
A competência é o resultado de critérios para distribuir
entre vários órgãos as atribuições para o desempenho da
jurisdição.
É o poder de exercer a jurisdição dentro dos limites
estabelecidos por lei, sendo, portanto, o âmbito dentro do
qual o juiz exerce jurisdição.
Como a competência é a medida da jurisdição, cada órgão
só exerce a jurisdição dentro da medida que lhe fixam as
regras sobre a competência.
Portanto, a competência é definida pela delimitação do
exercício legítimo do poder jurisdicional.
COMPETÊNCIA
62
DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA
Critérios: i) constituição diferenciada de órgãos; ii) reunião da massa de
causas em grupos; iii) atribuir da massa de causas ao órgãos mais idôneos.
Instrumentos normativos: i) normas constitucionais; ii) normas legais; iii)
normas regimentais; iv) normas negociais - foro de eleição (CPC, art. 44).
A CF já distribui a competência entre os órgãos de sobreposição (STF, STJ)
e as Justiças Especiais (Federal, Eleitoral, Trabalhista e Militar). A
competência da Justiça Estadual é residual.
Competências na CF: STF (art.102), STJ (105), Justiça Federal (109), Justiça
do Trabalho (art. 114), Justiça Eleitoral (art. 121), Justiça Militar (art. 124) e
Justiça Estadual (ar. 125).
Os princípios da tipicidade e da indisponibilidade da competência
integram o princípio do juiz natural, sendo a competência intransferível e
indelegável.
Há competências implícitas (implied power), de modo que, se não houver
previsão explícita do órgão competente, ainda assim a causa deve ser
decidida.
COMPETÊNCIA
63
DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA
1. Determina-se primeiro se a justiça brasileira é competente, segundo
os arts. 21 e 22 do CPC.
2. Determina-se em seguida qual o órgão jurisdicional brasileiro é
competente, no âmbito de nossa competência interna.
3. Determina-se se há competência originária de órgãos de
superposição, STF e STJ, segundo os arts. 102, I, e 105, I, da CF.
4. Determina-se se uma das justiças especiais é competente, segundo os
arts. 109 (Federal), 114 (Trabalho), 121 (Eleitoral) e 124 (Militar) da CF.
5. Determina-se se não é da competência residual da Justiça Estadual,
segundo o art. 125 da CF.
6. Determina-se se a causa é de competência originária do Tribunal ou,
por exclusão, de competência originária de juízo de primeira
instância.
7. Determina-se o foro competente, ou seja, a unidade territorial em que
a causa deve ser julgada.
8. Determina-se, naquele foro, qual o juízo competente, conforme
definido na lei de organização judiciária.
COMPETÊNCIA
64
COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA
A COMPETÊNCIA ABSOLUTA é improrrogável, com regras cogentes
e indisponíveis, fixadas no interesse público:
1. Em razão da matéria, por ser aquele juízo especializado o mais
idôneo para apreciá-la, considerando a natureza da relação
jurídica controvertida;
2. Em razão da pessoa, também por uma questão de
especialização e idoneidade, considerando as partes envolvidas;
3. Em razão do valor da causa, considerando os limites
estabelecidos pelo legislador, como nos Juizados Especiais.
A COMPETÊNCIA RELATIVA é prorrogável, com regras dispositivas,
fixadas no interesse das partes:
1. Em razão do território, visando assegurar mais comodidade e
facilidade no acesso à justiça.
2. Em razão do valor, quando o órgão pode julgar causas a partir
de certo valor.
COMPETÊNCIA
65
INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA
Pode ser alegada a qualquer tempo, por qualquer das
partes, podendo ser reconhecida ex officio (CPC, art. 64,
§ 1º) e alegada como preliminar de contestação pelo
réu (CPC, art. 64, caput).
Trata-se de defeito grave, daí por que, transitada em
julgado a última decisão, ainda será possível, no prazo
de dois anos, desconstitui-la por ação rescisória (CPC,
art. 966, II).
A regra de competência absoluta não pode ser alterada
por vontade das partes, conexão ou continência.
Mudança superveniente de competência absoluta
impõe o deslocamento da causa para outro juízo,
excetuando a perpetuação da competência.
COMPETÊNCIA
66
INCOMPETÊNCIA RELATIVA
Somente pode ser alegada pelo réu, na contestação, sob
pena de preclusão e prorrogação da competência do juízo,
não podendo ser conhecida ex officio.
As partes podem modificar voluntariamente, quer pelo foro
de eleição (CPC, art. 63), quer pela não alegação (CPC, art.
65, caput).
Pode ser modificada por conexão ou continência.
A competência territorial é, em regra, relativa, como
também a competência em razão do valor, quando ficar
aquém do limite legal.
Mudança superveniente de competência relativa é
irrelevante para o processo, mantida a perpetuação da
competência.
COMPETÊNCIA
67
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
Limita o exercício da jurisdição brasileira considerando razões de relevância
e de efetividade.
Inexiste ordem internacional que defina os limites da jurisdição de cada
país, o que é feito pela legislação nacional.
Na definição dos limites, cada país exercerá sua soberania e respeitará a
soberania do outro.
Incide a plenitude da jurisdição do Estado em seu próprio território.
As regras de jurisdição de um Estado não são oponíveis à jurisdição de
outros Estados.
O Estado soberano é imune ao julgamento de outro, derivando daí a
imunidade de jurisdição (relativa, para atos de império, excluída a
execução).
É vedado o non liquet, não podendo um Estado negar a jurisdição quando
não há outro competente.
Havendo mais de um Estado competente, a escolha cabe à parte (forum
shopping).
Reconhecida a escolha abusiva, pode haver recusa do juízo escolhido (forum
non conveniens).
COMPETÊNCIA
68
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL CONCORRENTE (CUMULATIVA)
Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as
ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade,
estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a
obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado
no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I,
considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira
que nele tiver agência, filial ou sucursal (CPC, art. 21).
Compete, ainda, processar e julgar as ações: I - de alimentos,
quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o
réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade
de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios
econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o
consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as
partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição
nacional (CPC, art. 22).
COMPETÊNCIA
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COMPETÊNCIA INTERNACIONAL EXCLUSIVA
Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão
de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no
Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à
confirmação de testamento particular e ao inventário e à
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha
domicílio fora do território nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união
estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil,
ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou
tenha domicílio fora do território nacional (CPC, art. 23).
COMPETÊNCIA
70
COMPETÊNCIA TERRITORIAL
O foro para as ações pessoais (obrigações) e reais (domínio) sobre
bens móveis é o do domicílio do réu (CPC, art. 46), observado o
seguinte:
1. Se o réu tiver mais de um domicílio, pode ser acionado no foro de
qualquer deles (§ 1º);
2. Se o réu tiver domicílio incerto ou desconhecido, pode ser
acionado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor (§
2º);
3. Se o réu tiver domicílio ou residência no exterior, poderá ser
acionado no foro de domicílio do autor, e, se este também residir
no exterior, a ação será proposta em qualquer foro (§ 3º);
4. Se houver dois ou mais réus com diferentes domicílios, serão
demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor (§ 4º);
5. Se for execução fiscal, a ação será proposta no foro de domicílio
do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado
(§ 5º).
COMPETÊNCIA
71
COMPETÊNCIA TERRITORIAL
O foro para as ações reais imobiliárias será
exclusivamente o da situação do bem imóvel
(CPC, art. 47, caput), observado o seguinte:
i) O autor pode optar pelo foro de domicílio do
réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair
sobre direito de propriedade, vizinhança,
servidão, divisão e demarcação de terras e de
nunciação de obra nova (§ 1º);
ii) A ação possessória imobiliária será proposta
no foro de situação da coisa, cujo juízo tem
competência absoluta (§ 2º)
COMPETÊNCIA
72
OUTROS FOROS
1. Para ações de inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de
disposições de última vontade, impugnação ou anulação de partilha
extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu o foro
competente é o domicílio do autor da herança (falecido) (CPC, art. 48).
2. Para as causas em que o incapaz for réu é competente o foro de
domicílio de seu representante ou assistente (CPC, art. 50);
3. Para as ações em que a União for autora é competente o foro de
domicílio do réu (CPC,art. 51);
4. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de
domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a
demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal (CPC, art. 51,
parágrafo único);
5. Para as causas em que seja autor Estado ou Distrito Federal, é
competente o foro de domicílio do réu (CPC, art. 52);
6. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser
proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato
que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do
respectivo ente federado (CPC, art. 52, parágrafo único)
COMPETÊNCIA
73
OUTROS FOROS
CPC, art. 53. É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação
de casamento e reconhecimento ou dissolução
de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja
filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes
residir no antigo domicílio do casal;
II - de domicílio ou residência do alimentando,
para a ação em que se pedem alimentos;
COMPETÊNCIA
74
OUTROS FOROS
CPC, art. 53. É competente o foro:
III - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações
que a pessoa jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré
sociedade ou associação sem personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se
lhe exigir o cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre
direito previsto no respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de
reparação de dano por ato praticado em razão do ofício;
COMPETÊNCIA
75
OUTROS FOROS
CPC, art. 53. É competente o foro:
IV - do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b)em que for réu administrador ou gestor
de negócios alheios;
V - de domicílio do autor ou do local do
fato, para a ação de reparação de dano
sofrido em razão de delito ou acidente
de veículos, inclusive aeronaves.
COMPETÊNCIA
76
CONCEITO
Ação tem vários significados, sendo utilizado para referir ao direito de
ação, ao procedimento, à demanda e ao direito afirmado em juízo.
Direito de ação é o direito fundamental que garante ao seu titular o poder
de acessar os tribunais e exigir deles a tutela jurisdicional.
Ação, também chamada demanda, decorre do exercício do direito de
ação, sendo fato gerador do processo, que fixa os limites da atividade
jurisdicional.
Direito de ação não se confunde com o direito que se afirma em juízo, daí
dizer-se que o direito de ação e o direito afirmado são distintos e
autônomos.
Diz-se que o direito de ação é abstrato, pois independe do conteúdo do
que se afirma quando se provoca o exercício da jurisdição.
A ação é o primeiro ato do procedimento jurisdicional, daí que a ação
instaura o procedimento, que deve ser adequado a tutelar o direito
afirmado na demanda.
O procedimento, por fim, é o conjunto de atos organizados tendentes à
produção de um ato final.
AÇÃO
77
CONDIÇÕES
O exercício da ação dispensa a existência do direito subjetivo
material sustentando pelo autor.
Mas depende de como em cada caso concreto o direito à sentença
de mérito se relaciona com a ordem jurídica material e com a
situação em que o autor se encontra em relação à sua pretensão.
Enfatizou o CPC/1973 as condições da ação como requisitos para
que, em que em cada situação concreta considerada, o autor
tenha direito ao pronunciamento jurisdicional de mérito.
Adotou o termo “condições da ação”, fixando que o processo será
extinto, sem resolução de mérito, quando não concorrer
quaisquer das condições (art. 267, VI).
Fixou o CPC/1973 que a ausência das condições implica “carência
de ação” (301, X), relacionando as seguintes condições da ação: i)
possibilidade jurídica do pedido; ii) legitimidade das partes; e iii)
interesse processual.
AÇÃO
78
CONDIÇÕES
Enfatizou o CPC/1973 as condições da ação como
requisitos para que, em que em cada situação concreta
considerada, o autor tenha direito ao pronunciamento
jurisdicional de mérito.
Adotou o termo “condições da ação”, fixando que o
processo será extinto, sem resolução de mérito,
quando não concorrer quaisquer das condições (art.
267, VI).
Fixou o CPC/1973 que a ausência das condições implica
“carência de ação” (301, X), relacionando as seguintes
condições da ação: i) possibilidade jurídica do pedido;
ii) legitimidade das partes; e iii) interesse processual.
AÇÃO
79
CONDIÇÕES
Mas o CPC/2015 não trata mais de condições da ação: o art. 485, VI não
se refere à “possibilidade jurídica do pedido”, mas apenas à
“legitimidade” e ao “interesse de agir”; não há mais uso da expressão
carência de ação; o assunto “condições da ação” desaparece por falta
de previsão legal.
Assim, a “possibilidade jurídica do pedido” é examinada como caso de
improcedência liminar do pedido; a legitimidade de parte e o interesse
de agir passam a ser examinados como pressupostos processuais.
O interesse de agir estará presente quando o provimento jurisdicional
postulado for capaz de efetivamente ser útil ao demandante,
operando uma melhora na sua vida comum, de modo que o interesse
identifica-se com a utilidade.
A legitimidade para agir, chamada ad causam, é a qualidade para estar
em juízo como demandante ou demandado em relação a determinado
conflito trazido ao exame do juízo, dependendo sempre de uma
concreta relação entre o sujeito e a causa.
AÇÃO
80
COMPLEXIDADE DO DIREITO DE AÇÃO
O direito de ação não é o simples direito de demandar,
de ingressar em juízo, pois tem conteúdo complexo,
compreendendo:
1. Direito de provocar a atividade jurisdicional;
2. Direito às garantias do devido processo legal;
3. Direito a um procedimento adequado;
4. Direito a técnicas processuais adequadas;
5. Direito à prova;
6. Direito ao recurso;
7. Direito à tutela jurisdicional efetiva.
O direito de ação garante, entre outras prestações, um
processo adequado, paritário, tempestivo, leal e
efetivo.
AÇÃO
81
A DEMANDA E A RELAÇÃO JURÍDICA MATERIAL
O termo “demanda” possui dois sentidos:
1. É o ato de ir a juízo apresentando uma postulação;
2. É também o conteúdo dessa postulação.
Isso porque toda ação exercida pressupõe a existência de
uma relação jurídica de direito material.
Há correspondência entre os elementos da demanda, a
chamada relação processual, e os elementos da relação
de direito material:
1. A relação de direito material tem como elementos os
sujeitos, o fato jurídico e o objeto; e
2. A demanda tem como elementos as partes, a causa
de pedir e o pedido.
AÇÃO
82
ELMENTOS
Ao exercer o direito de ação, o autor formula um pedido em
face do réu, com base em dado fundamento, daí os elementos
da ação:
1. Partes (autor - aquele que pede; e réu - aquele em face de
quem se pede);
2. Causa de pedir (os motivos ou fundamentos do pedido);
3. Pedido (aquilo que se pede).
Os elementos da ação são extraídos a partir dos elementos da
relação de direito material (sujeitos, objeto e fato):
1. As partes normalmente coincidem com os sujeitos da
relação material, salvo exceções de lei;
2. O pedido recai sobre o bem objeto da relação material; e
3. A causa de pedir é o próprio fato jurídico que dá origem à
relação material afirmada.
AÇÃO
83
ELEMENTOS
Parte processual:
1. Partes principais (autor e réu);
2. Partes auxiliares (assistente simples);
Causa de pedir:
1. Próxima, que é o fundamento jurídico (direito afirmado);
2. Remota, que é o fato jurídico (do qual nasce o direito).
Observações:
1. O fundamento legal é a norma que o autor sugere seja aplicada;
2. A indicação do fundamento legal não vincula o juiz, que pode
invocar norma diversa;
3. Desnecessário o autor indicar o dispositivo legal em que busca
enquadrar os fatos descritos.
Pedido:
1. Imediato (processual), que corresponde à tutela jurisdicional
pretendida;
2. Mediato (material), que corresponde ao bem jurídico pretendido.
AÇÃO
84
TEORIAS SOBRE CAUSA DE PEDIR
Pelateoria da substanciação, a demandada deve ser
fundada na descrição dos fatos constitutivos do direito.
Pela teoria da individuação, é suficiente a afirmação da
titularidade do direito, independente do fato que o
constitua.
Aplica-se a teoria da substanciação: cabe às partes
trazer os fatos; cabe ao juiz enquadrá-los, aplicando o
direito ao caso
O julgador somente está vinculado aos fatos, podendo
atribuir-lhes a qualificação jurídica adequada.
Aplicam-se os brocardos "iuri novit curia" e "mihi
factum dabo tibi ius
AÇÃO
85
IMPORTÂNCIA DOS ELEMENTOS DA AÇÃO
Permitem a identificação e a individualização das ações, distinguindo-as.
Possibilitam a comparação das ações, verificando se são idênticas,
semelhantes ou diferentes.
É possível verificar a configuração ou não de litispendência, coisa julgada,
perempção, conexão etc.
Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação
anteriormente ajuizada (CPC, art. 337, § 1º).
Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma
causa de pedir e o mesmo pedido (CPC, art. 337,§ 2º).
Há litispendência quando se repete ação que está em curso (CPC, art. 337,
§ 3º).
Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão
transitada em julgado (CPC, art. 337,§ 4º).
Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o
pedido ou a causa de pedir (CPC, art. 55).
Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta,
salvo se um deles já houver sido sentenciado (CPC, art. 55,§ 1º).
AÇÃO
86
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O TIPO DE TUTELA
JURISDICIONAL
1. Ação de conhecimento (acertamento do direito,
conhecendo da pretensão do autor e da resistência
do réu, definindo a relação jurídica convertida);
2. Execução (efetivação, que tem por fim a efetivação
de direito material a uma prestação, certificado em
título extrajudicial, com força executiva atribuída
por lei);
3. Cautelar (proteção, destinada à preservação do
direito material a ser futuramente certificado e/ou
efetivado, resguardando o resultado útil da tutela
de conhecimento e/ou de execução).
AÇÃO
87
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O TIPO DE TUTELA
JURISDICIONAL
AÇÕES DE CONHECIMENTO
1. Meramente declaratórias (certifica a existência, a
inexistência ou o modo de ser de uma relação jurídica –
CPC, art. 19, I - ou a falsidade ou autenticidade de
documento - CPC, art. 19, II);
2. Constitutiva (certifica o direito, criando, alterando ou
extinguindo relação jurídica, que se dá com a simples
decisão judicial, sem a necessidade de qualquer ato
material, dispensando, portanto, execução);
3. Condenatória (certifica o direito a uma prestação de
fazer, não-fazer, pagar quantia ou entregar coisa,
autorizando, em caso de inadimplemento, sua imediata
execução.
AÇÃO
88
O SINCRETISMO PROCESSUAL
Com o sincretismo processual, em que não há nítida distinta
da carga em relação às espécies de tutela jurisdicional, vem
perdendo importância a distinção das ações conforme as
modalidades de tutela.
Com esse fenômeno, as ações adquiriram uma natureza
sincrética, possibilitando que o provimento jurisdicional
agregue diversos tipos de tutela.
Assim, o objeto das ações pode reunir diversos tipos de tutela
l, compreendo ações de conhecimento e de execução,
cautelar e de execução e de conhecimento, cautelar e de
execução do direito.
Diante da natureza sincrética das ações, mesmo objetivando
provimento condenatório, trazem consigo a possibilidade de
adoção de meios coercitivos diretos ou indiretos.
AÇÃO
89
CONCEITO
O direito de defesa, ou direito de exceção, consiste em um conjunto
de faculdades atribuídas ao réu para opor resistência à pretensão
do autor.
Há paralelismo entre a ação e a defesa, pois do mesmo modo que o
autor tem o direito de provocar a atividade jurisdicional, o réu tem
o direito de resistir à ação do autor.
Os dois direitos estão garantidos na CF, no art. 5º, XXXV e LV, de
modo que tanto o réu quanto o autor têm direito à tutela
jurisdicional efetiva.
Apesar do paralelismo, há diferença entre ambos, uma vez que a
ação, ao conter a causa de pedir e o pedido, delimita o objeto do
processo.
Já na defesa o réu simplesmente resiste ao pedido do demandante,
não veiculando pedido próprio, senão o de rejeição do pedido do
autor.
DEFESA
90
ESPÉCIES DE DEFESA
i) PROCESSUAIS (questões puramente processuais, sob a forma de
preliminares, discutindo a viabilidade da apreciação do mérito); ii) DE
MÉRITO (impugnação à pretensão de fundo, seja para neutralizar seus
efeitos, retardá-los, extingui-los ou negá-los).
i) DILATÓRIA (dilata no tempo o exercício da pretensão, retando o
exame, acolhimento ou a eficácia do direito do autor); ii)
PEREMPTÓRIA (fulmina o exercício da pretensão, extinguindo-a).
i) DIRETA (limita-se a negar a existência dos fatos constitutivos do
direito do autor ou negar as consequências jurídicas pretendidas);
indireta (alegação de fato novo, que impede, modifica ou extingue o
direito do autor).
i) INSTRUMENTAL (implica processamento autônomo, com autuação
própria, como na alegação de suspeição e impedimento); INTERNA
(formulada dentro dos autos em que o réu está sendo demandado).
i) OBJEÇÃO (matéria de defesa que pode ser conhecida ex officio pelo
juiz); EXCEÇÃO EM SENTIDO ESTRITO (consideradas pelo juiz quando
suscitadas pelo réu)
DEFESA
91
ESPÉCIES DE DEFESA
EXCEÇÃO
i) COMO INSTITUTO DE DIREITO MATERIAL – contradireito exercido
pelo réu, que visa neutralizar ou extinguir a eficácia do direito
afirmado pelo autor, como exceção de contrato não cumprido,
direito de retenção;
ii) COMO INSTITUTO DE DIREITO PROCESSUAL – qualquer defesa, e,
em sentido estrito, aquela que não pode ser conhecida de ofício pelo
juiz (processual – incompetência relativa e convenção de arbitragem
ou substancial - compensação).
OBJEÇÃO
i) COMO INSTITUTO DE DIREITO MATERIAL – fato oposto pelo réu
que visa a negar a própria pretensão, como decadência, pagamento.
ii) COMO INSTITUTO DE DIREITO PROCESSUAL – qualquer defesa que
possa ser conhecida de ofício pelo juiz (processual – incompetência
absoluta, inépcia da inicial ou substancial – decadência, pagamento).
DEFESA
92
RESPOSTA DO RÉU
Citado o réu e frustrada a tentativa de
autocomposição, abre-se ao réu a oportunidade
de apresentar sua resposta à demanda:
1. Reconhecimento da procedência do pedido
do autor (CPC, art. 487, III, “a”);
2. Revelia (CPC, arts. 344 a 346).
3. Contestação (CPC, arts. 335 a 337);
4. Reconvenção (CPC, art. 343);
5. Arguição de impedimento ou suspeição do
juiz, membro do ministério público ou
auxiliar da justiça (CPC, arts. 146 e 148);
DEFESA
93
CONTESTAÇÃO
É o instrumento por meio do qual o réu apresenta sua defesa, opondo-se
à pretensão do autor.
Pela regra da eventualidade ou da concentração, cabe ao réu formular
toda sua defesa na contestação (CPC, art. 336).
Assim, o réu tem o ônus de alegar tudo o quando puder, pois, caso
contrário, perderá a oportunidade de fazê-lo.
A regra da eventualidade autoriza o réu deduzir defesas logicamente
incompatíveis, decorrência da regra da concentração da defesa.
O art. 337 do CPC lista rol de defesas processuais que devem ser
apresentadas na contestação, antes de o réu discutir o mérito do
processo.
Outras defesas podem ser alegadas após a apresentação da contestação,
envolvendo direito ou fato superveniente, matéria que o juiz pode
conhecer de ofício ou que por lei podem ser deduzidas a qualquer
tempo.
O réu tem o ônus da impugnação específica, não se admitindo a
formulação de defesa genérica (CPC, art. 341).
DEFESA
94
RECONVENÇÃO
É demanda do réu contra o autor no mesmo processo em que está sendo
demandado, típico contra-ataque.
Trata-se de demanda nova em processo já existente, a fim de que o juiz
resolva as duas lides.
Amplia o objeto litigioso, em que um processo conterá duas lides
autônomas, a ação e a reconvenção, instruídas simultaneamente e
julgadas na mesma sentença.
A reconvenção exige uma causa pendente, apresentação no prazo de
resposta, competência do mesmo juízo, compatibilidade entre os
procedimentos e conexãocom a ação ou com os fundamentos da
defesa.
Reconvenção e pedido contraposto são espécies do gênero demanda do
réu contra o autor.
São demandas que podem ser formuladas pelo réu na mesma peça em
que apresenta sua defesa.
Mas o pedido contraposto é uma demanda mais simplificada e distingue-
se da reconvenção em razão da amplitude da cognição judicial.
DEFESA
95
REVELIA
É um ato-fato processual que ocorre quando o réu, citado,
não aparece em juízo para apresentar a sua resposta.
Também ocorre quando o réu, comparecendo em juízo,
não a apresenta tempestivamente (CPC, art. 344).
EFEITOS:
1. Presunção de veracidade das alegações de fato feitas
pelo autor (CPC, art. 344);
2. Os prazos contra o revel fluem a partir da publicação
da decisão (cpc, art. 346);
3. Preclusão do poder de alegar algumas matérias de
defesa, ressalvadas as do art. 342 do CPC;
4. Possibilidade de julgamento antecipado do mérito da
causa (CPC, art. 355, ii).
DEFESA
96
REVELIA
LIMITAÇÃO DOS EFEITOS:
1. É possível que não se presumam os fatos
deduzidos contra o revel (CPC, art. 345);
2. Não implica necessariamente vitória do autor;
3. Algumas matérias podem ser alegadas após o
prazo da defesa (cpc, art. 342);
4. Não pode o autor aditar ou alterar o pedido ou a
causa de pedir (cpc, art. 329, ii);
5. O réu pode intervir no processo em qualquer fase,
recebendo-o no estado atual (cpc, 345, par. Ún.);
6. Necessidade de intimação do revel com advogado
nos autos.
DEFESA
97
ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO
É o incidente próprio para afastar o juiz, o membro do MP ou
auxiliar da justiça por lhe faltar a imparcialidade.
Há dois graus de imparcialidade: o impedimento (CPC, art. 144) e a
suspeição (CPC, art. 145).
O impedimento dá ensejo à nulidade do ato, pois há uma presunção
legal absoluta de que o agente não tem condições para atuar.
A suspeição também dá ensejo à nulidade do ato, mas a parte tem
prazo preclusivo para arguir e pedir a nulidade.
A arguição de impedimento ou suspeição do juiz é causa de
suspensão do processo (CPC, art. 313, III).
É feita por qualquer das partes em petição específica dirigida ao juiz
da causa, com indicação dos fundamentos e provas (CPC, art. 146).
O juiz acusado de suspeito ou impedido se manifesta e caso não
aceite a arguição remeterá os autos ao tribunal, que instruirá e
decidirá o incidente, acolhendo ou rejeitando (CPC, art. 146).
DEFESA
98
CONCEITO
Processo é o método de trabalho responsável pela
coordenação do exercício das atividades jurisdicionais pelo
juiz, da ação pelo autor e da defesa pelo réu.
Compreende a disciplina dos modos, momentos e limites do
exercício de poderes e faculdades pelos sujeitos do
processo, com observância do devido processo legal.
O poder jurisdicional, para ser exercido legitimamente,
deve observar o procedimento preestabelecido, que se
caracteriza como processo quando realizado em
contraditório.
O termo “processo” é comum a diversas ciências, integra a
Teoria Geral do Direito, falando-se inclusive em processo
não estatal e processo estatal, neste incluídos o legislativo,
o administrativo e o jurisdicional.
PROCESSO
99
CONCEITO
O processo então pode ser examinado sob várias
perspectivas:
1. MÉTODO DE CRIAÇÃO DE NORMAS JURÍDICAS, com
observância do processo devido, com todas as
garantias, considerando que a jurisdição é exercida
processualmente;
2. ATO JURÍDICO COMPLEXO, como procedimento
estruturado em contraditório, sob a forma de um
conjunto ordenado de atos destinados a um certo fim; e
3. RELAÇÃO PROCESSUAL, como um conjunto de relações
jurídicas entre os diversos sujeitos processuais, em
diversas combinações, composta por múltiplas
situações jurídicas ativas e passivas.
PROCESSO
100
CARACTERÍSTICAS DA RELAÇÃO PROCESSUAL
1. AUTÔNOMA, pois distinta da relação de direito material,
com sujeitos, objeto e pressupostos diferentes;
2. DE DIREITO PÚBLICO, eis que regula típica função estatal,
permitida, no entanto, relativa adaptabilidade;
3. COMPLEXa, com diversos vínculos entre os sujeitos do
processo e diversas posições ativas e passivas;
4. PROGRESSIVA, significando que o processo é dinâmico, em
contínua evolução;
5. UNIDADE, indicando que os vários atos e posições se
vinculam e se direcionam para o objetivo único da prestação
jurisdicional; e
6. TRIANGULARIDADE, decorrente de seu caráter tríplice, de
modo que os três sujeitos principais do processo estão
interligados.
PROCESSO
101
TIPOS DE PROCESSO
O sistema processual busca criar tipos de processo adequados à
tutela do direito material, estabelecendo uma variedade de
processos e de procedimentos.
A natureza do provimento jurisdicional requerido determina a
distinção entre processo de conhecimento e processo executivo,
principais espécies de processo.
Processo de conhecimento veicula pretensões a uma decisão de
mérito, objetivando o acertamento do direito, estruturado com
alegações das partes, atos probatórios e pedidos.
Processo de execução veicula pretensões a uma tutela executiva,
objetivando a satisfação prática de um direito, estruturado com
atos materiais tendentes à satisfação concreta do direito.
O CPC/2015 reafirma o processo sincrético, dividido em várias
fases, prevendo que em um só processo haja a definição do
direito, a liquidação e o cumprimento da sentença.
PROCESSO
102
TIPOS DE PROCEDIMENTO
O sistema processual também cria diversos tipos de
procedimento a fim de adequar a tutela jurisdicional às
necessidades do direito material.
Há o procedimento comum, padrão, geral, adotado quando
a lei não disponha de modo diferente.
Há os procedimentos especiais, peculiares, aplicados
estritamente para as situações específicas.
No processo de conhecimento, há o procedimento comum
(CPC, arts. 318 e segs.) e os procedimentos especiais (CPC,
arts. 539 e segs.)
No processo de execução, há procedimentos para entrega
de coisa (CPC, art. 806 ss), para obrigações de fazer ou de
não fazer (CPC, arts. 814 ss) e por quantia certa (CPC, arts.
824 ss).
PROCESSO
103
CONCEITO
Para a existência e validade da relação processual, são necessários certos
requisitos, chamados pressupostos processuais.
Fala-se em pressupostos de existência e de validade do processo.
Assim, o juiz não resolverá o mérito quando “verificar a ausência de
pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo” (CPC/2015, art. 485, IV).
Os pressupostos seriam exclusivamente os de existência, os requisitos
que precedem ao ato e indispensáveis para sua existência.
Os pressupostos de validade não seriam propriamente pressupostos, pois
aí a relação processual já existe, apenas não possui condições para sua
viabilidade.
O termo pressupostos processuais é utilizado aqui em sentido amplo,
abrangendo os de existência e os de validade do processo.
O processo, como toda relação jurídica, impõe a coexistência de
elementos subjetivos (sujeitos) e objetivos (fato jurídico e objeto),
extraindo-se daí os pressupostos processuais.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
104
1. PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA
1.1. SUBJETIVOS
1.1.1. Juiz (Órgão investido de jurisdição)
1.1.2. Parte (Capacidade de ser parte)
1.2. OBJETIVOS 
1.2.1. Existência de demanda
2. PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
2.1. SUBJETIVOS 
2.1.1. Juiz (Competência e imparcialidade)
2.1.2. Partes
2.1.2.1. Capacidade processual 
2.1.2.2. Capacidade postulatória
2.1.2.3. Legitimidade ad causam 
2.2. OBJETIVOS
2.2.1. Intrínsecos 
2.2.1.1. Respeito ao formalismo processual
2.2.2. Extrínsecos 
2.2.2.1. Negativos (inexistência de perempção, litispendênncia, coisa julgada ou 
convenção de arbitragem)
2.2.2.2. Positivo (interesse de agir)
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
105
PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA
SUBJETIVOS
ÓRGÃO INVESTIDO DE JURISDIÇÃO, pressupondo que
a demandada seja ajuizada perante órgão dotado de
jurisdição.
AUTOR COM CAPACIDADE DE SER PARTE, com
aptidão para ser sujeito da relação processual,
bastando a personalidade civil, como no caso das
pessoas naturais e jurídicas;
OBJETIVO
ATO DE PROVOCAÇÃO INICIAL, o ato de pedir, que se
dá por meio do ajuizamentode uma demanda, fruto
do exercício do direito de ação.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
106
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
SUBJETIVOS
CAPACIDADE PROCESSUAL (de estar em juízo), aptidão genérica para atuar no
processo, independente de assistência ou representação: a) pessoalmente, como
ocorre com a pessoa física (CPC, art. 70); ou b) por órgão correspondente, como
ocorre com as pessoas jurídicas (CPC, art. 75).
O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador,
na forma da lei (CPC, art. 71).
Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da
parte, o juiz suspenderá o processo e mandará sanar o vício (CPC, art. 76, caput).
Descumprida a determinação, o processo será extinto se a providência couber ao
autor, o réu será considerado revel, se a providência lhe couber, e o terceiro será
revel ou excluído (CPC, art. 76, § 1º).
O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse
sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob regime de separação de
bens (CPC, art. 73).
Exige-se que ambos os cônjuges sejam citados para determinas ações (CPC, art.
73, § 1º).
A incapacidade deve ser suprida, em algumas situações, pela designação de um
representante processual ad hoc chamado curador especial (CPC, art. 72).
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
107
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
SUBJETIVOS
CAPACIDADE POSTULATÓRIA, jus postulandi, aptidão técnica para
praticar alguns atos processuais, chamados postulatórios, em regra
conferida ao membro do MP ou ao advogado inscrito na OAB (CPC, art.
103).
Admite-se o jus postulandi: a) nas causas de valor inferior a 20 salários
mínimos, nos Juizados Especiais; b) em habeas corpus; c) na Justiça do
Trabalho, até o TRT; d) em pedido de medida preventiva feito por
mulher vítima de violência doméstica (Lei nº 11.340/2006, 19, § 1º, e 27 –
Lei Maria da Penha); e f) em ADIN e ADC, pelas autoridades do art. 103,
I-VII, da CF.
Observações: i) as pessoas não advogadas precisam nomear advogado
(CPC, art. 104); ii) a procuração é o meio de representação (CPC, art.
105); iii) admite-se a postulação em causa própria (CPC, art. 106); iv) a
procuração confere poderes gerais para o foro (CPC, art. 105); v) o
advogado tem direito a praticar um conjunto de atos (CPC, art. 107).
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
108
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
SUBJETIVOS
CAPACIDADE POSTULATÓRIA
DIREITOS DO ADVOGADO
O advogado tem direito a: I - examinar, em cartório de fórum e secretaria de
tribunal, mesmo sem procuração, autos de qualquer processo, independentemente
da fase de tramitação, assegurados a obtenção de cópias e o registro de anotações,
salvo na hipótese de segredo de justiça, nas quais apenas o advogado constituído
terá acesso aos autos; II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer
processo, pelo prazo de 5 (cinco) dias; III - retirar os autos do cartório ou da
secretaria, pelo prazo legal, sempre que neles lhe couber falar por determinação do
juiz, nos casos previstos em lei (CPC, art. 107, caput).
RETIRADA DOS AUTOS
Sendo o prazo comum às partes, os procuradores poderão retirar os autos somente
em conjunto ou mediante prévio ajuste, por petição nos autos (CPC, art. 107, § 2º).
Nesse caso, é lícito ao procurador retirar os autos para obtenção de cópias, pelo
prazo de 2 (duas) a 6 (seis) horas, independentemente de ajuste e sem prejuízo da
continuidade do prazo (CPC, art. 107,§ 3º).
O procurador perderá no mesmo processo o direito se não devolver os autos
tempestivamente, salvo se o prazo for prorrogado pelo juiz (CPC, art. 107, § 4º).
.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
109
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
SUBJETIVOS
COMPETÊNCIA DO JUÍZO, âmbito dentro do qual o órgão investido na
jurisdição pode exercê-la:
1. Incompetência absoluta, de interesse público, deve ser
reconhecida de ofício, a qualquer tempo, em qualquer grau de
jurisdição, até mesmo após o trânsito em julgado, nesse caso por
meio de ação rescisória;
2. Incompetência relativa, de interesse das partes, não pode ser
reconhecida de ofício, só podendo ser levantada pelo réu, no prazo
da contestação, sob pena de preclusão e de prorrogação da
competência.
IMPARCIALIDADE DO JUIZ, indicando que o processo deve ser
instaurado e conduzido perante juiz imparcial, sob pena de sua
invalidade:
1. Impedimento (CPC, art. 144);
2. Suspeição (cpc, art. 145).
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
OBJETIVO
RESPEITO AO FORMALISMO PROCESSUAL, incluindo:
1. Petição inicial apta;
2. Regularidade da comunicação dos atos processuais,
incluída a citação;
3. Observância do contraditório;
4. Obediência ao procedimento;
5. Escolha correta do procedimento.
O formalismo é importante por determinar como funciona
o processo e quais são as regras do jogo, constituindo,
portanto, o regulamento da disputa.
O desrespeito implica invalidade do ato ou do
procedimento, daí a importância do sistema de invalidades
adotado pelo CPC.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
111
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
OBJETIVO, NEGATIVO
São fatos estranhos ao processo que não podem ocorrer para
que o procedimento se desenvolva validamente.
Como vícios insanáveis, uma vez existentes, levam à extinção do
processo sem exame do mérito (CPC, art. 485, V e VII).
Compreendem:
1. Inexistência de litispendência;
2. Inexistência de coisa julgada;
3. Inexistência de perempção;
4. Inexistência de convenção de arbitragem.
Perempção: Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença
fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação
contra o réu com o mesmo objeto, ressalvada a possibilidade de
alegar em defesa o seu direito (CPC, art. 486, § 3º).
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
112
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
LEGITIMIDADE PARA AGIR
Relacionada às partes, a legitimidade desaparece no CPC/2015 como
condição da ação, sendo regulada como pressuposto processual (CPC, art.
486, VI).
Está previsto no art. 17 do CPC, segundo o qual “Para postular em juízo é
necessário ter interesse e legitimidade”.
O direito de ação é assegurado a todos, mas ninguém está autorizado a
demandar toda e qualquer pretensão.
Deve haver um vínculo entre os sujeitos da demanda e da situação jurídica
afirmada, surgindo assim a exigência de legitimidade para agir (ad causam).
É a pertinência subjetiva da ação, daí a necessidade de que a parte esteja
legitimada, quer dizer, autorizada, por lei, para agir como autor ou como
réu.
Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando
autorizado pelo ordenamento jurídico (CPC, art. 18).
Surge assim a legitimação ordinária e a legitimação extraordinária, baseada
na relação entre o legitimado e o objeto litigioso do processo.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
113
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
LEGITIMIDADE PARA AGIR
Classifica-se em legitimação ordinária e legitimação extraordinária.
Ordinária quando alguém defende interesse próprio em juízo,
coincidindo as figuras das partes com os da relação jurídica afirmada.
Extraordinária, ou substituição processual, quando alguém defende
em nome próprio interesse de outro sujeito de direito.
A extraordinária é excepcional e deve estar autorizada (CPC, art. 18).
Legitimação extraordinária: ações coletivas (art. 5º da Lei nº 7.347/1985
e art. 82 do CDC); ii) habeas corpus (art. 654 do CPP); e iii) do MP para
investigação de paternidade (art. 2º, §4º, da Lei nº 8.560/1992).
Não se confunde a substituição processual com a sucessão processual,
pois nesta um sujeito sucede outro no processo, assumindo a sua
posição processual.
Também não se confunde a substituição processual com a
representação processual, considerando que nesta o sujeito está em
juízo em nome alheio defendendo interesse alheio.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
114
PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
INTERESSE DE AGIR
É fato que deve existir, de modo que, se por acaso faltar interesse de agir,
o pedido não será examinado.
O exame do interesse de agir se faz em concreto, a partir da situação
narrada na petição inicial, relacionado a uma determinada demanda.
Deve ser examinado em duas dimensões: necessidade e utilidade da tutela
jurisdicional.

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