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SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS IRRIGADORAS 
 
INFECÇÃO DOS CANAIS RADICULARES 
O objetivo do tratamento endodôntico é modelar e debridar químico-mecanicamente o sistema de canais radiculares, deixando o espaço 
pulpar livre de microorganismos, facilitando a obturação e tornando o ambiente propício para a cura perirradicular (Evans et al, 2001). 
Bactérias que infectam o sistema de canais estão organizadas em um biofilme complexo. Elas podem colonizar a pré-dentina e túbulos 
dentinários mineralizados numa profundidade de 300µm para quase metade do seu comprimento. Sugere-se que esta camada infectada deva 
ser mecanicamente removida para maximizar as chances de sucesso (Evans et al, 2001). 
Microorganismos remanescentes no canal após o tratamento ou a recolonização desses microorganismos na obturação são a principal causa 
de falhas endodônticas Sjögren U et al, 1997; Molander A et al, 1998, doença pulpar e periapical ( Grossman, Meinmamn, 1941). O tratamento 
endodôntico primário tem como objetivo optimizar a desinfecção e prevenir a re-infecção. O controle microbiano com procedimentos 
biomecânicos é muito importante para a efetividade do tratamento endodôntico Ferraz et al, 2001, facilita o acesso de irrigantes para o resto 
do sistema de canais. O preparo contém áreas instrumentadas e não instrumentadas e o objetivo do debridamento químico é ajudar a 
remover tecidos residuais e biofilme bacteriano dessas superfícies, mas principalmente das superfícies não instrumentadas (Evans et al, 2001). 
A infecção endodôntica ocorre mais freqüentemente como uma seqüela da lesão de cárie profunda ou trincas na coroa que se estendem para 
a câmara pulpar Langeland K, 1987; Cameron CE, 1964. 
A pulpite é uma porta de entrada de microorganismos da cavidade oral para o canal Hahn CL et al, 2000. O tecido pulpar vital pode se 
defender dos microorganismos e permanece não infectado até tornar-se gradualmente necrótico Langeland K, 1987. A polpa não vital com 
sinais radiográficos de lesão apical sempre cultiva microorganismos Sundqvist G, 1976. 
O tratamento de dentes vitais deveria focar na assepsia e prevenir a entrada de infecção na porção apical do canal (ainda estéril). A antissepsia 
(tentativa de remover todos os microorganismos) é a questão chave em casos não vitais Seltzer S et al, 1963. 
O canal necrosado, sem defesa, abriga microorganismos selecionados pelo ambiente com baixo índice de O2 Nair PV, 2004 que sobrevivem no 
tecido pulpar remanescente e exsudato periodontal Sundqvist G, 1994; Love RM, 2001. Em infecções crônicas as bactér ias podem invadir a 
dentina adjacente via túbulos dentinários abertos Shovelton DS, 1964; Armitage CG et al, 1983. 
Poucas bactérias chegam ao cemento pelos túbulos dentinários. Pode ser que a dentina peritubular, em alguns espécimes, limite o diâmetro 
tubular para uma dimensão menor do que a bactéria testada Buck RA et al, 2001. 
Infecções primárias são polimicrobianas com predominância de anaeróbias estritos Sundqvist G, 1994, que são facilmente eliminadas durante 
o tratamento. Facultativas e lactobacilos, também presentes na infecção primária, são mais propensas a sobreviver à instrumentação químico-
mecânica e medicações Chavez De Paz LE et al, 2003, em particular o E. faecalis, freqüentemente isolado nos casos de retratamento Engström 
B, 1964; Haapasalo M et al, 1983, e em lesões periapicais resistentes Waltimo TM et al, 1997. 
38% das falhas endodônticas foram causadas por E. faecalis Sundqvist G et al, 1998, embora, está bactéria não seja comum na cavidade oral. 
Bactérias Gram – são mais virulentas Sundqvist G, 1994 e estão presentes em todos os dentes necrosados com lesão Dahlén G & Bergenholtz 
G, 1980. Dependem da presença de outras bactérias para sobreviverem e estabelecerem seu potencial patogênico Fabricius L et al, 1982. As 
endotoxinas contidas na parede celular causam inflamação mesmo na ausência de bactérias viáveis Dwyer TG & Torabinejad M, 1980 e estão 
relacionadas aos sintomas clínicos como dor espontânea e sensibilidade à percussão Jacinto RC et al, 2005. 
Biofilme é a agregação de microorganismos em uma matriz polissacarídea associada a uma superfície, no caso, a parede do canal radicular 
Costeron JW et al, 1994. O microorganismo associado ao biofilme é muito menos susceptível a agentes antimicrobianos do que as bactérias 
planktônicas, que são comumente utilizadas em testes de laboratório para testar a eficácia destes agentes, tornando sua eficácia convincente 
Nickel JC et al, 1985; Wilson M, 1996, entretanto o biofilme tem uma desinfecção muito mais difícil. 
OBJETIVO DA ENDODONTIA / CONTROLE MICROBIANO 
O objetivo principal da instrumentação é o debridamento mecânico do sistema de canais e a criação de um espaço para receber a substância 
antimicrobiana, além disso, uma boa modelagem do sistema de canais facilita a colocação de uma obturação hermética para prevenir a re-
colonização de microorganismos Schilder H, 1974. 
O principal objetivo do tratamento endodôntico é eliminar bactérias e seus irritantes dos canais radiculares antes da obturação (Jeansonne, 
White, 1994). 
A smear layer é produzida nas paredes instrumentadas e é composta de matéria inorgânica e orgânica como lascas de dentina e tecido pulpar 
remanescente Gwinnett AJ, 1984. Este depósito pode ser penetrado por bactérias Akpata ES & Bleachman H, 1982 e pode oferecer proteção 
para o biofilme aderido nas paredes do canal Sem BH et al, 1999, além disso a smear layer interfere na adaptação da obturação Kokkas AB et 
al, 2004 e deve promover microinfiltração Clark-Holke D et al, 2003. 
A seleção de um efetivo controle microbiano de canais infectados requer conhecimento detalhado dos microorganismos responsáveis pela 
doença pulpar e periapical associado com o conhecimento dos mecanismos de ação das soluções antimicrobianas Estrela C et al, 2002. 
A maioria das bactérias encontradas nos canais pode ser simplesmente removida pela ação mecânica dos instrumentos endodôntico s. 
Infelizmente, devido à complexidade anatômica de muitos canais radiculares, resíduos orgânicos e bactérias localizadas nos túbulos 
dentinários não podem ser suficientemente limpos, mesmo após meticuloso procedimento mecânico. Portanto, várias substâncias têm sido 
usadas durante e imediatamente após o preparo dos canais para remover debris e tecido pulpar necrótico e para eliminar microorganismos e 
toxinas dos canais (Jhonson, Reimeikins, 1993). 
Objetivos da solução irrigadora: 
 Facilitar a ação dos instrumentos endodônticos 
 Modificar o pH do meio 
 Controlar a infecção 
 Remover matéria orgânica, como restos pulpares, e inorgânica, como detritos e restos de dentina Enxurreira, 2010 
Devem apresentar: 
 Biocompatibilidade aos tecidos periapicais 
 Elevado poder de limpeza 
 Capacidade antimicrobiana Enxurreira, 2010 
 Capacidade de dissolução tecidual (Cheung, Stock, 1993). 
Os irrigantes endodônticos deveriam ter baixa toxicidade sistêmica e ainda permitir uma desinfecção ideal do sistema de canais radiculares. 
Devido à anatomia complexa dos canais radiculares com múltiplas ramificações Hess W, 1917, aproximadamente 50% das paredes dos canais 
permanecem não instrumentadas durante o preparo, resultando em debridamento insuficiente Peters AO et al, 2001,portanto a antissepsia de 
dentes necrosados e dentes com endodontia falha é mais desafiante do que em dentes vitais sob ambos os pontos de vista , técnico e 
microbiológico Zehnder M, 2006. Após os procedimentos mecânicos meticulosos, resíduos orgânicos e bactérias localizadas em profundidade 
nos túbulos dentinários podem não ser removidos Ferraz et al, 2001 e tecido necrótico remanescente pode fornecer uma fonte de nutrição 
para a sobrevivência da bactéria Makinen KK & Makinen PL, 1996; Love RM, 2001. 
Enquanto a instrumentaçãomecânica pode remover significantemente o número de bactérias no sistema de canais Ercan E et al, 2004, 
bactérias remanescentes podem causar ou sustentar uma inflamação tecidual perirradicular Siqueira EK et al, 1997; Siren EK et al, 2008. 
Portanto, a irrigação antibacteriana é de grande importância para ajudar a eliminar ou reduzir as bactérias para um nível que permita a cura 
tecidual. Com base em estudos clássicos de dissolução tecidual e devido ao seu amplo espectro antimicrobiano McDonnell G & Russel AD, 
1999, as soluções de NaOCl, em várias concentrações têm sido usado por décadas como um irrigante endodôntico primário de escolha. 
Enquanto tem excelentes propriedades antimicrobianas e de dissolução tecidual, tem também algumas desvantagens. Um dos problemas mais 
sérios associados ao NaOCl é que ele pode causar inflamação tecidual se for colocado para fora dos canais radiculares. Este acidente pode 
causar dor extrema e/ou edema generalizado Kleier DJ et al, 1997. Além disso, o NaOCl tem um odor desagradável e gosto se passar pelo 
dique de borracha. Age também como um agente branqueador expresso na roupa se cair acidentalmente. Devido às suas propriedades 
negativas a clorexidina tem sido estudada como um irrigante alternativo para a desinfecção dos canais radiculares. 
Substâncias irrigantes ideais deveriam: 
 Ter amplo espectro antimicrobiano e alta eficiência contra microorganismos anaeróbios e facultativos organizados em biofilme 
 Dissolver tecidos pulpares necróticos remanescentes 
 Inativar endotoxinas 
 Prevenir a formação de smear layer durante a instrumentação ou dissolver a que foi formada 
 Não ser tóxico, cáustico aos tecidos periodontais 
 Ter baixo potencial alergênico Zehnder M, 2006 
 Ser solúvel em água Byström & Sundqvist, 1985; Jeansonne & White, 1994; Kuruvilla & Kamath, 1998. 
A limpeza do terço apical é pior em todas as soluções Yamada et al, 1983; Abbott et al, 1991, Cheung & Stock, 1993. O diâmetro decrescente 
do canal e a diminuição do fluxo do irrigante provavelmente explicam essa dificuldade. 
A melhor limpeza das paredes do canal é realizada com NaOCl e EDTA. O NaOCl sozinho não produziu resultados satisfatórios Yamashita JC et 
al, 2003. 
SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS E A ADESÃO DENTINÁRIA 
O uso de substâncias químicas na endodontia durante o preparo químico-mecânico pode alterar a estrutura da dentina, principalmente o 
colágeno, que contribui consideravelmente com as propriedades mecânicas desta estrutura. Isto pode interferir com a penetração de 
monômeros para dentro da estrutura da dentina mineralizada. A penetração falha compromete a força de adesão entre o sistema a desivo e a 
estrutura dental e consequentemente coloca a qualidade e durabilidade de restaurações diretas e cimentações de pinos em risco (Morris et al, 
2001; Ishizuka et al, 2001). 
É importante que o irrigante endodôntico não tenha interfira nos materiais à base de resina e sua capacidade de adesão na dentina. Enquanto 
o NaOCl mostrou ter efeito prejudicial na adesão da resina na dentina radicular, a CHX mostrou não ter nenhum efeito, porque é um agente 
não oxidante, ou mesmo ter um efeito positivo na adesão de materiais adesivos na dentina radicular Nascimento Santos J et al, 2006; Erdemir 
A et al, 2004. O aumento da força de adesão é devido à absorção da CHX pela dentina o que facilita a absorção do adesivo pelos túbulos 
dentinários Erdemir A et al, 2004. 
A CHX gel associada ou não ao EDTA 17% não promove alterações na estrutura morfológica da matriz orgânica de dentina. Não interfere no 
colágeno da matriz orgânica da dentina radicular. Mantendo a qualidade do substrato dentinário para posterior obturação ou restauração com 
materiais adesivos (Moreira et al, 2009). 
O colágeno é o principal componente da matriz orgânica da dentina e tem a importante função de agir como uma matriz para a deposição de 
cristais de apatita ( Butler, 1992). Desempenha também um importante papel na adesão entre a dentina e os sistemas adesivos: o monômero 
da resina infiltra na dentina desmineralizada formando a camada híbrida ( Nakabayashi et al, 1982; Nakabayashi, 1992). A redução da força de 
adesão pode ocorrer devido a remoção das fibras colágenas da superfície da dentina, pela degradação do colágeno e pela desorganização da 
estrutura das fibras remanescentes pelo NaOCl e pode impedir a formação de uma camada híbrida consistente ( Nikaido et al, 1999), mas não 
pode-se afirmar que a desorganização estrutural da superfície da dentina após a irrigação com NaOCl interfere na qualidade futura da 
restauração adesiva (Moreira et al, 2009). 
O NaOCl altera os componentes orgânicos da dentina, especialmente o colágeno (Nikaido et al, 1999; Ring et al, 2008; Moreira et al, 2009), 
afetando as propriedades mecânicas da dentina pela degradação de seus componentes orgânicos. 
Um estudo mostrou que o uso da CHX afeta a adesão entre alguns sistemas adesivos e a dentina (Tulunoglu et al, 1998). Por outro lado, outros 
estudos não acharam nenhuma influência do uso da CHX na força de adesão entre a superfície da dentina e os sistemas adesivos (Perdigão et 
al, 1994). 
O EDTA pode evidenciar o efeito destrutivo do NaOCl e facilitar a difusão dos íons hidroxila através dos túbulos dentinários (Oyarzun et al, 
2002, Saif et, 2008). Entretanto o EDTA altera as propriedades físico-químicas da dentina e aumenta a força de adesão e aderência do E. 
faecalis, uma importante bactéria associada com infecções pós-tratamento endodôntico (Kishen et al, 2008). Trabalhos mostraram que o EDTA 
tem a capacidade de dissolver, não apenas componentes da dentina inorgânica, mas também componentes orgânicos (Çalt, Serper, 2002). 
CHX 
A CHX foi desenvolvida em pesquisas de laboratório da Indústria química imperial nos anos 40 Zehnder M, 2006. É uma base forte e é mais 
estável na forma de sal não solúvel em água Foulkes DM, 1973. Para ser solúvel em água a utilizamos na forma de gluconato de CHX. A CHX na 
forma de sal tem sido usada desde os anos 50 como um antisséptico bucal, creme dental e goma de mascar Leonardo MR et al, 1999. 
Gluconato de clorexidina é um agente catiônico (+), ativo nos pHs de 5.5 a 7.0 e trabalha ligando-se à carga negativa da parede celular de 
bactérias e complexos extramicrobianos. Em baixas concentrações tem um efeito bacteriostático causando alteração do equilíbrio osmótico da 
bactéria e causando a saída de fósforo e potássio. Em altas concentrações é bactericida causando precipitação do conteúdo citoplasmático da 
bactéria resultando em morte celular Katsung BG, 2001; University of Maryland Medical Center, 2009; Leonardo MR et al, 1999. 
Gluconato de clorexidina tem sido recomendado como um irrigante de canais radiculares sempre na forma líquida Ringel AM et al, 1982; 
Leonardo MR et al, 1999 e muitos estudos tem demonstrado sua ação antimicrobiana de largo espectro, substantividade e baixo grau de 
toxicidade Jeansonne MJ & White RR, 1994; White RR et al, 1997, Lee LW et al, 1990, Vianna et al, 2004; Ferraz et al, 2001 
É um potente antisséptico largamente usado para controle de placa bacteriana na cavidade oral Addy M & Moran JM, 2000. (soluções aquosas 
de 0.1 a 0.2%) na terapia periodontal e prevenção da cárie Fardal O & Turnbull RS, 1986. Como irrigante endodôntico é utilizada a 
concentração de 2% Zamany A et al, 2003, que é menos cáustica que o NaOCl Spandberg L et al, 1973 e mais efetiva em menos tempo do que 
outras concentrações utilizadas Schäfer E & Bössmann K, 2005. 
Vários estudos demonstraram que a CHX baixa o número de culturas positivas após a irrigação, bem como o número de unidade formadoras 
de colônias remanescentes nas culturas positivas Ercan E et al, 2004; University of Mariland Medical Center, 2009. 
A CHX é tão efetiva quanto o NaOCl quanto a atividade antimicrobiana(Ercan et al, 2004). Uma possível vantagem clínica da CHX sobre o 
NaOCl é a baixa toxicidade (Jhonson, Remeikins, 1993). Sua maior desvantagem é a falta de capacidade de dissolver tecido pulpar (Marley et 
al, 2001). In vitro a CHX 2% foi mais efetiva na redução do número de culturas positivas do que o NaOCl 5,25%, mas a diferença não é 
estatisticamente significante ( Jeansonne, White, 1994). A CHX é o irrigante mais efetivo contra bactérias anaeróbias (Ohara et al, 1993). 
Devido às propriedades catiônicas a CHX pode se ligar às superfícies cobertas com ácidos protêicos, tais como a hidroxiapatita componente da 
dentina e ser liberada em níveis terapêuticos, um fenômeno conhecido como substantividade Schäfer E & Bössmann K, 2005; Rölla G et al, 
1970. Isto pode ocorrer em 48 a 72 horas após a instrumentação White RR et al, 1997. Esse fenômeno melhora o reparo apical porque 
melhora o ambiente para a cura tecidual Tanamaru Filho M et al, 2002. 
Uma das principais razões para o uso da CHX como irrigante é sua mínima toxicidade aos tecidos Ryan S, 2010. Pesquisas atestaram sua 
biocompatibilidade Tanamaru Filho M et al, 2002. Isto influencia a decisão de utilizar a CHX em dentes com perfuração, ápice aberto ou 
dificuldade de isolamento. Outra vantagem é usar em pacientes alérgicos ao NaOCl Kaufman AY & Keila S, 1989.Outro aspecto relacionado à 
toxicidade é a formação de para-cloroanilina (PCA) que e uma amina aromática. Em humanos pode provocar cianose, anemia e anoxia World 
Health Organization, 2009.A associação de NaOCl com CHX forma um precipitado que contém PCA Basrani BR et al, 2007. Água e álcool podem 
ser usados para lavar o NaOCl do canal antes do uso da CHX, minimizando a formação do PCA Bui TB et al, 2008. CHX e EDTA também forma 
um precipitado branco (sal) que contém PCA Rasimick BJ et al, 2008. A mistura do EDTA com a CHX também cria um precipitado cor de rosa 
(Gonzalez-Lopez et al, 2006).Esse precipitado contém quantidade significante de paracloroanilina (PCA); produto da hidrólise da CHX (Basrani 
et al, 2007). Mesmo sem a presença do NaOCl a CHX pode espontaneamente ser hidrolizada em PCA na presença de calor e luz (Van der Bijl et 
al, 1984). A paracloroanilina tem uso industrial em pesticidas e corantes e é carcinogênica em animais (Van der Bijl et al, 1984; Chhabra et al, 
1991). Não existem estudos sobre os efeitos desse precipitado nas superfícies dos canais radiculares. A preocupação é que este precipitado 
pode se ligar à superfície radicular e ir lentamente para os tecidos periapicais, além de afetar o selamento da obturação especialmente com 
cimentos a base de resina que requerem uma camada híbrida (Vivacqua-Gomes et al, 2002).O precipitado que ocorre com a combinação de 
NaOCl e CHX reduz o número de túbulos dentinários patentes e afeta a formação da camada híbrida necessária na adesão Bui TB et al, 2008 já 
que deixa um filme residual nas paredes do canal , afetando o selamento e aumentando a microinfiltração. O uso de irrigantes viscosos, 
baseados em glicerina anidra, tem sido sugerido por alguns autores por ter melhor ação lubrificante e melhorar a propriedade antimicrobiana 
Tucker JW et al, 1976. Infelizmente a base viscosa usada nesses irrigantes é pouco solúvel em água, deixando resíduos nas paredes de dentina 
que prejudicam a obturação final do sistema de canais radiculares Camps J & Macouin G, 1990. O gel de natrosol, não iônico, altamente 
eficiente, inerte, solúvel em água e largamente usado em shampoos, géis e sabonetes Miyamoto T et al, 1989 foi sugerido como base para o 
gluconato de clorexidina Ferraz CCR et al, 2001. A clorexidina gel foi apenas avaliada como medicação intracanal, demonstrando boa 
performance Siqueira JF et al, 1997.A CHX tem muitas qualidades positivas, mas não tem propriedade de dissolver tecidos e biofilme Clegg MS 
et al, 2006 ; Okino EL et al, 2004; Dametto et al, 2005. Uma possível solução para esse problema é usar a CHX gel em vez da solução aquosa. A 
CHX gel 2% produz maior limpeza das paredes de dentina que CHX líquida 2% e NaOCl 5,25% Ferraz CCR et al, 2001 As propriedades 
mecânicas do gel parecem ser o fator principal para esta diferença porque o mesmo agente químico quando usado na forma líquida mostra 
um limpeza menos eficiente. DEVIDO A SUA VISCOSIDADE O GEL PARECE COMPENSAR A INCAPACIDADE DE DISSOLVER O TECIDO PULPAR 
PROMOVENDO UMA MELHOR LIMPEZA MECÂNICA DO CANAL E REMOVENDO DEBRIS E REMANESCENTES TECIDUAIS. Além disso, tem 
propriedades antimicrobianas e ação lubrificante durante a instrumentação Ferraz CCR et al, 2001. Como o gel de natrosol é solúvel em água, 
o gel pode ser removido do canal usando uma lavagem final com água destilada Ferraz C et al, 2001. 
O aquecimento da CHX de baixa concentração poderia aumentar sua ação local no canal enquanto mantém sua baixa toxicidade Evanov C et 
al, 2004. 
Apesar da sua utilidade como irrigante final a CHX NÃO pode ser usada como irrigante principal devido a incapacidade de dissolver tecido 
necrótico remanescente Naenni N et al, 2004, além de ser menos efetiva em bactérias anaeróbias Gram – (infecção primária do canal 
radicular) do que em Gram + (E. faecalis) Davies GE et al, 1954; Hennessey TS, 1973; Emilson CG, 1977. 
A CHX 2% tem ação desinfetante similar ao NaOCl 5,25% quando usada na instrumentação completa do canal Jeansonne MJ & White RR, 1994. 
A clorexidina gel tem potencial como um irrigante endodôntico rotineiro porque provou ter baixa toxicidade e possui um largo espectro 
antimicrobiano Jeansonne MJ & White RR, 1994; White RR et al, 1997. 
A CHX 0.12% quando usado como irrigante endodôntico não afeta o selamento apical dos cimentos endodônticos Fergunson DB et al, 2003. 
NaOCl 
derivado do cloro / pertence ao grupo dos halogenados Enxurreira, 2010. 
O NaOCl parece ser ideal: 
 Dissolve tecido necrótico Blum H, 1921; Grossman LI, 1941; Naenni N et al, 2004 
 Poder antimicrobiano: atua em biofilmes e túbulos dentinários Spratt DA et al, 2001; Ørtavik D & Haapasalo M, 1990; Vahdaty A et 
al, 1993; Enxurreira, 2010 
 Inativa endotoxinas, mas com efeito menor do que o Ca(OH)2 Sarbinoff JA et al, 1983; Silva LA et al, 2004; Tanomaru JM, 2003; 
Enxurreira, 2010 
 Boa capacidade de limpeza Enxurreira, 2010 
 Rápida ação Enxurreira, 2010 
É usado, na endodontia, como irrigante principal desde 1920 devido á: 
 Amplo espectro antimicrobiano e eficácia na morte de todos os microorganismos, inclusive esporos e vírus McDonnell G & Russel 
AD, 1999 
 Maior dissolução de tecido necrótico do que vital Austin JH & Taylor HD, 1918. 
 Barato, facilmente disponível e com bom prazo de validade Frais S et al, 2001. 
 Biocompatibilidade aceitável em soluções menos concentradas Holland R et al, 1992; Costa CAS, 2001. 
o Para a substância ser biocompatível deve apresentar nenhuma ou discreta reação tecidual em todos os períodos e 
moderada ou intensa reação tecidual em 7 dias que diminui de intensidade com o tempo até atingir uma reação tecidual 
não signifivante Costa CAS, 2001. 
 
Desvantagens: 
 Tóxico em altas concentrações (Bondestam et al, 1996) 
 Ação descolorante de roupas 
 Odor e gosto desagradáveis 
 
Embora seja um efetivo agente antimicrobiano e um excelente solvente orgânico Gordon TM et al, 1981 sabe-se que é altamente irritante aos 
tecidos periapicais Hwang WS et al, 1980, principalmente em altas concentrações. Causa severa reação inflamatória quando é colocado em 
contato com os tecidos vitais Yesiloy C et al, 1995; Jeansonne MJ & White RR, 1994. Há risco de efisema, quando extruído, e é alergênico 
potencial Jeansonne & White, 1994, Sem et al, 1995, Yesilsoy et al, 1995; Segura et al, 1999. 
Há muitos relatos descrevendo complicações clínicas que surgem como resultado de abuso de NaOCl. A complicação mais comum éa injeção 
inadvertida de NaOCl nos tecidos periapicais (Hüslsmann, Hahn, 2000; Becking, 1991; Sabala, Powell, 1989; Gatot et al, 1991), principalmente 
em forames amplos ou ampliados durante o tratamento. A aplicação de pressão extrema ou travamento da agulha na parede dos canais 
podem resultar nessa injeção. Injeção no seio maxilar, infiltração através de perfurações radiculares laterais, injeção ao invés da solução 
anestésica e pingos nos olhos têm sido relatados (Hüslsmann, Hahn, 2000; Becking, 1991,9-13). Adicionalmente alguns relatos sobre 
hipersensibilidade e reações alérgicas causadas por NaOCl estão presentes na literatura (Kaufman, Keila, 1989; Çaliskan et al, 1994). A 
literatura relata casos de infiltração do NaOCl através do lençol de borracha durante o tratamento endodôntico causando uma severa 
queimadura química (efeito cáutico) na pele do queixo de um paciente (Serper et al, 2004). 
A injeção no periápice causa dor severa e aguda, inchaço e sangramento tecidual (Hüslsmann, Hahn, 2000; Becking, 1991; Sabala, Powell, 
1989; Gatot et al, 1991). 
A efetividade antibacteriana, a capacidade de dissolução tecidual e a toxicidade do NaOCl aquoso dependem de sua concentração Spangberg L 
et al, 1973. A maioria dos americanos usa 5,25%, mas severas irritações foram relatadas quando a solução foi forçada em direção aos tecidos 
periapicais durante a irrigação Hülsmann M & Hahn W, 2000. A redução da microbiota intracanal não é maior quando o NaOCl 5% é usado 
quando comparado a 0.5% Cvek M et al, 1976; Byström A & Sundqvist G, 1985. Observou-se in vitro, que o NaOCl 1% deve ser suficiente para 
dissolver o tecido pulpar inteiro no curso de uma sessão de tratamento endodôntico Sirtes G et al, 2005. Áreas não limpas podem ser 
resultado da incapacidade da solução em atingir essas áreas e não da sua concentração Senia ES et al, 1971. CONCLUINDO, NÃO HÁ LÓGICA 
NO USO DA SOLUÇÃO DE NAOCL MAIOR DE 1%. 
Baixas concentrações de NaOCl (0.5 e 1.0%) são seguras e efetivas para a desinfecção do canal Spangberg et al, 1973. 
A concentração do NaOCl é diretamente proporcional ao efeito antimicrobiano e capacidade de dissolução tecidual e inversamente 
proporcional a compatibilidade biológica. Considerando a alta tensão superficial e que a ação antimicrobiana pode ser alcançada com 
concentrações mais baixas, a melhor opção e o NaOCl 1%. 
 
Suas características físico-químicas são importantes para se entender seu mecanismo de ação. No processo antimicrobiano, causa uma 
inativação irreversível das enzimas essenciais da bactéria, localizadas na membrana citoplasmática e no processo de dissolução causa uma 
saponificação, com degradação de lipídeos e ácidos graxos, resultando em sabão e glicerol (esse processo reduz a tensão superficial da solução 
remanescente) Estrela et al, 2002. 
 
A eficácia antimicrobiana do NaOCl é baseada no seu pH elevado (ação de íons hidroxila) e é similar ao Ca(OH)2. : o elevado pH interfere na 
integridade da membrana causando desnaturação protéica e inibição de enzimas essências responsáveis pelo metabolismo celular Estrela et 
al, 2002 
 
Armazenamento: 
Soluções com pH mais alto, são mais estáveis e menos ativas que as soluções de pH próximo de neutro (Dakin) e podem ser armazenadas por 
mais tempo. Nessas soluções predomina a forma iônica dissociada (mais estável e menos ativa – mais íons hidroxila) ao contrário da solução 
ácida ou neutra que encontram-se na forma não dissociada sendo menos estável e ativa e com via útil reduzida Estrela et al, 2002. 
 
O uso das soluções de NaOCl ajustadas ao pH 9.0 promove uma alta estabilidade às soluções Siqueira, 2000. 
Meios para aumentar a eficácia do NaOCl: 
As soluções de NaOCl usadas na endodontia tem pH de 12 Frais S et al, 2001. 
 Abaixar o pH da solução 
o Imaginou-se que tais soluções seriam menos tóxicas aos tecidos vitais Dakin HD, 1915; Cotter JL et al, 1985. (88) 
o O potencial cáustico do NaOCl parece ser influenciado, mais pela taxa de cloro disponível do que pelo pH Zehnder M et al, 
2002. 
 Aumentar a temperatura de baixas concentrações (aumenta a capacidade de dissolução tecidual Thé SD, 1979; Cunningham WT & 
Balekijan AY, 1980; Abou-Rass M & Oglesby SW, 1981, remove mais debris de dentina Kamburis JJ et al, 2003, aumenta capacidade 
bactericida Dychdala GR, 1991) 
o A toxicidade sistêmica do NaOCl menos concentrado pré-aquecido parece ser menor do que a solução mais concentrada 
não-aquecida Cunningham WT & Balekjian AY, 1980 
 Ativação com ultrassom (aumenta a ação de limpeza Martin H, 1976) 
o A energia ultrassônica pode produzir calor tornando o NaOCl mais ativo Nyborg W, 1965. 
o Com ou sem o uso do ultrassom, os resultados são similares na limpeza e na microbiota resistente Ahmad M et al, 1987; 
Abbott PV et al, 1991; Cheung GS & Stock CJ,1993; Jensen AS et al, 1999; Barnett F et al, 1985; Sjögren U & Sundqvist G, 
1987. 
o O efeito do ultrassom é relativamente menor Walmsley AD, 1987 
o Irrigação passiva: lima #15 conectada ao ultrassom e colocada 1 mm aquém do comprimento de trabalho Martin H & 
Cunningham W, 1985: 
 O contato da lima com a parede do canal pode fazer degraus Roy RA et al, 1994 
 O instrumento oscilando livremente produzirá um efeito ultrassônico maior no irrigante do que se o instrumento 
tocas as paredes do canal Roy RA et al, 1994 
 Limas no ultrassom podem causar corte não controlado das paredes do canal durante o preparo Stock CJ, 1991 
O uso de NaOCl produz paredes virtualmente livres de debris em todo o canal incluindo região apical McComb & Smith, 1975. É importante 
lembrar que o preparo mecânico, quer manual ou rotatório, remove a maior parte da matéria orgânica e fornece debridamento, aumentando 
a superfície de contato do tecido residual com a solução. 
Evans et al, em 2001, verificaram a atuação do NaOCl na dissolução tecidual de istmos, pólos e anatomia acessória e concluíram que o NaOCl 
não foi capaz de dissolver os restos pulpares e pré-dentina das regiões intocadas pelos instrumentos. Não houve diferença entre o NaOCl e o 
soro fisiológico. Foi observada maior limpeza tecidual na porção cervical do canal devido à facilidade de acesso a essa porção do canal (Evans 
et al, 2001). 
Mesmo um biocida de ação rápida como o NaOCl requer um adequado tempo de trabalho para exercer seu potencial McDonnell G & Russell 
AD, 1999. Isso deve ser considerado na instrumentação rotatória que acelera o processo de modelagem Peters AO, 2004. O tempo ideal que o 
NaOCl e em que concentração ele deve permanecer no canal é ainda um problema a se resolver. 
AÇÃO DO NaOCl NA DENTINA RADICULAR 
DENTINA: 
 Tecido permeável, rígido, mineralizado com resistência à flexão e capacidade elástica, constituída de uma grande quantidade de 
túbulos paralelos, de pequena dimensão, dispostos numa matriz de colágeno mineralizada Berkovitz B et al, 2004. 
 50% matéria orgânica: cristais de hidroxiapatita de Ca / 30% matéria inorgânica: fibrilas colágenas embebidas em substância 
fundamental amorfa) / 10% água Berkovitz B et al, 2004. 
A irrigação com NaOCl pode causar alterações e mudanças no conteúdo orgânico, mineral e estrutural da dentina (contração volumétrica e 
alteração nos cristais de hidroxiapatita), alterando suas propriedades mecânicas (dureza e rigidez, módulo de elasticidade e resistência à 
flexão) e aumentando a tendência à fratura Pascon et al, 2009. O uso do NaOCl tem impacto na matriz de dentina ( Oyarzun et al, 2002). O 
NaOCl pode afetar as propriedades mecânicas da dentina pela degradação de seus componentes orgânicos Rajasingham et al, 2010. No tempo 
do tratamento endodôntico soluções de NaOCl concentradas causam efeitos inconvenientes na biomecânica da dentina humana (Slutzky-
Goldberg et al, 2004), diminuindo seu módulo de elasticidadee força flexural (Grigoratos et al, 2001; Sim et al, 2001). Essas alterações 
independem do tempo de ação e da concentração da solução do NaOCl Sim et al, 2001; Grigoratos et al, 2001; Saleh et al, 1999 Pascon et al, 
2009.O NaOCl induziu alterações mecânicas, deteriorização do conteúdo orgânico e alterações da permeabilidade da dentina, mas deixou os 
componentes inorgânicos intactos. A limpeza e os efeitos das soluções de NaOCl nas propriedades mecânicas da dentina são concentração-
dependentes e resultam em desintegração da matriz orgânica da dentina. A exposição a 1% e, particularmente, a 5% melhoraram a 
permeabilidade da dentina (Marending et al, 2007)Essas alterações são concentração/tempo-dependentes e não estão associadas à 
desmineralização causada pelo uso do EDTA como irrigante final Zhang et al, 2010. 
ASSOCIAÇÃO DO NaOCl + EDTA 
Resulta em erosão esporádica das paredes dos canais pela dissolução da dentina inter e peritubular e pela união dos túbulos dentinários mais 
largos, provocando degradação das propriedades mecânicas da dentina Zhang et al, 2010.O EDTA desmineraliza a dentina radicular, pela 
remoção de íons calcio, portanto seria lógico que seu uso prolongado causaria erosão das paredes dos canais. Mas o EDTA não causa a erosão 
da dentina porque sua ação quelante é auto-limitada devido à excelente capacidade tampão da dentina (todos os íons quelantes reagem com 
todos os íons cálcio da dentina, estabelecendo-se um equilíbrio e cessando a desmineralização) Zhang et al, 2010.As propriedades mecânicas 
da dentina são afetadas pelo contato prolongado com o NaOCl, que remove a porção orgânica da dentina mineralizada criando canais de 
difusão que permitem a entrada mais rápida do EDTA na parte inter e peritubular da dentina promovendo sua desintegração (erosão 
dentinária) Zhang et al, 2010.Devido à remoção dos íons Ca há uma diminuição da dureza estrutural da dentina tornando-a menos resistente a 
ação dos instrumentos, facilitando o preparo de canais mais atrésicos Soares, 2001 
O EDTA não interfere nos malefícios causados pelo NaOCl na dentina Zhang et al, 2010. 
PENETRAÇÃO DO NaOCl NA DENTINA 
 A temperatura tem pouco efeito na concentração Zou et al, 2010 
 Concentração, tempo de exposição e temperatura tem impacto na penetração do NaOCl na dentina, mas menos do que o esperado, 
quando os fatores são analisados isoladamente. O aumento de penetração foi obtido quando estes fatores foram usados 
simultaneamente sugerindo assim um efeito aditivo Zou et al, 2010. 
O NaOCl E A ADESÃO DENTINÁRIA Weston et al, 2007 
 Diminui a força de adesão da dentina: 
o Remove a porção orgânica da dentina e deixa uma superfície mineralizada menos receptiva à adesão 
o Oxida a matriz dentinária, interferindo na liberação de radicais livres na interface dentina/resina baixando a força de 
adesão 
o Isso pode ser solucionado com uma irrigação final com ascorbato de sódio: altera o substrato oxidado devolvendo o 
potencial de redução da dentina 
ASSOCIAÇÃO DO NaOCl COM A CHX 
O NaOCl em baixa concentração é ineficaz contra microorganismos específicos e em alta concentração tem baixa biocompatibilidade podendo 
provocar inflamação periapical Akisue et al, 2010.A associação de NaOCl e CHX tem um efeito antimicrobiano maior do que para cada solução 
em separado, contudo há a formação de um precipitado denso e de coloração castanha que pode comprometer a estética dentária e a 
permeabilidade dentinária (smear layer química), além de conter paracloroanilina, substância cancerígena Akisue et al, 2010. 
O precipitado contém partículas de ferro, cálcio e magnésio que oxidam facilmente, independente das concentrações das substâncias usadas 
(reação ácido-base =sal) Akisue et al, 2010. A concentração ideal, de modo que haja biocompatibilidade (obtida em menores concentrações) e 
eficácia antimicrobiana (obtida em maiores concentrações) ainda não foi definida. O uso de NaOCl é seguro se estivermos ciente da 
concentração usada, devido à toxicidade aos tecidos vitais porque é um bom solvente de matéria orgânica e eficaz contra microorganismos. 
Seus pontos negativos são a baixa biocompatibilidade e o fato de provocar enfraquecimento do dente pela remoção da porção orgânica da 
dentina mineralizada. Enxurreira, 2010. 
SMEAR LAYER 
A smear layer associada com o tratamento endodôntico consiste não apenas de dentina como a smear coronária, mas também de 
remanescentes de odontoblastos, tecido pulpar e bactéria. Portanto, uma smear layer infectada deveria ser removida para eliminar bactéria, 
facilitar o efeito bacteriano do desinfectante intracanal e melhorar o selamento final dos canais radiculares Sem BH et al, 1995.Muitas soluções 
irrigantes têm sido usadas durante e após o preparo não apenas como agente antimicrobiano, mas também para aumentar a eficiência de 
corte dos instrumentos e remoção de debris.NaOCl é largamente usado; entretanto não é eficiente na remoção da smear layer Garberoglio R 
& Becce C, 1994.Embora o irrigante possa penetrar no túbulo, não significa que a concentração é suficiente para matar todos os tipos de 
bactérias presentes Buck RA et al, 1999 e sua efetividade depende do tipo de bactéria presente Buck RA et al, 1999O efeito bactericida dos 
irrigantes, com pouco tempo de uso nos canais (1 min), não atravessa completamente os túbulos dentinários. O NaOCl, mesmo na 
concentração de 0.5%, matou um grande número de bactérias. A penetração bacteriana em profundidade dentro dos túbulos ocorre em todos 
os níveis do canal e a esterilização dificilmente é alcançada. Para matar bactérias dentro dos túbulos os irrigantes devem permanecer nos 
canais por um tempo maior que 1 min Buck RA et al, 2001. 
 
AGENTES QUELANTES 
O NaOCl não pode dissolver partículas inorgânicas de dentina e prevenir a formação da smear layer durante a instrumentação Lester KS & 
Boyde A, 1977, além disso, são encontradas algumas calcificações no sistema de canais que dificultam o preparo mecânico. Agentes 
desmineralizadores são recomendados como coadjuvantes na terapia endodôntica. DEVIDO A SUA CAPACIDADE DE LIMPEZA, OS QUELANTES 
PODEM SEPARAR O BIOFILME ADERIDO NAS PAREDES DO CANAL, apesar de sua capacidade antisséptica ser relativamente limitada Patterson 
SS, 1963.O EDTA Nygaard Östby B, 1957 e ácido cítrico Loel DA, 1975 altamente biocompatíveis e muito usados em produtos de cuidado 
pessoal Coons D et al, 1987 e ambos mostraram alta eficiência na remoção da smear layer Zehnder M et al, 2005.EDTAC (compostos 
quaternários de amônio)Nygaard Östby B, 1957 ou MTAD ( tetraciclina) Torabinejad M et al, 2003 foram adicionados ao EDTA e ácido cítrico 
para aumentar sua capacidade antimicrobiana, mas com valores questionáveis. EDTAC tem a mesma eficácia na remoção da smear layer que o 
EDTA, mas é mais cáustica Patterson SS, 1963. Quanto ao MTAD, o uso de antibióticos em vez de biocidas como o NaOCl ou CHX parece 
injustificável, já que foram desenvolvidos para uso sistêmico e como uso local têm um espectro mais restrito McDonnell G & Russell AD, 
1999.Agentes quelantes podem ser usados na forma líquida ou pasta Hülsmann M et al, 2003. O EDTA e o ácido cítrico interagem fortemente 
com o NaOCl Baumgartner JC & Ibay AC, 1987, reduzindo o cloro disponível na solução, tornando o NaOCl ineficiente na bactéria e tecido 
necrótico Zehnder M et al, 2005.Ácido orgânico é aceitável biologicamente já que faz parte do ciclo de Krebs das células humanas, todavia na 
concentração de 1% pode causar suave inflamação aos tecidos periapicais Sperandio et al, 2008Não há diferenças na remoção da smear layer 
entre o ácido cítrico 10 % e o EDTA 17%, mas o ácido cítrico é mais biocompatível e não enfraquece ou erosiona a dentina Scelza et al, 2004; 
Khedmat et al, 2008 
A combinação Ácido cítrico + NaOCl elimina asmear layer, abre os túbulos dentinários e exerce ação antimicrobiana Heredia et al, 2006Sua 
ação é tempo-dependente e a maior eficácia é alcançada aos 3 min de utilização. A solução mais eficaz será aquela que consiga remover uma 
quantidade suficiente de cálcio sem expor o colágeno Lopez et al.As substâncias usadas na limpeza de canais infectados deveriam ser utilizadas 
de maneira que possam utilizar todo o seu potencial no canal radicular ao invés de agir uns sobres os outros. Portanto o NaOCl deveria ser 
empregado durante a instrumentação sem ser alterado com agentes quelantes, aumentando o tempo de trabalho do irrigante. Além disso, a 
eficácia de corte do instrumento manual melhora Yguel-Henry S et al, 1990 e a carga torsinal do instrumento de NiTi é reduzida em ambiente 
úmido comparado com seco Peters AO et al, 2005, mas a corrosão do instrumento ocorre com o uso prolongado do NaOCl Kuphasuk C et al, 
2001. Nenhum efeito adverso ocorre no instrumento durante períodos curtos de contato na instrumentação do canal radicular Haikel Y et al, 
1998. 
Entre os instrumentos os canais deveriam ser irrigados com quantidade copiosa de NaOCl e uma lavagem final com EDTA ou ácido cítrico 
aquoso poderia ser realizada. Geralmente cada canal é lavado por 1 min usando 5 a 10 ml de agente quelante, com cuidado para não se 
prolongar já que o EDTA enfraquece a dentina Çalt S & Serper A, 2002. 
A CHX parece ser o agente de irrigação final mais promissor, já que tem afinidade aos tecidos dentais Rölla G et al, 1970 e uma vez em contato 
com a superfície, tem prolongada ação antimicrobiana, um fenômeno chamado substantividade Rölla G et al, 1971; Parsons GJ et al, 1980. A 
CHX 2% usada como irrigante final, diminuiu significativamente as bactérias nos canais radiculares que foram irrigados durante o preparo com 
NaOCl Zamany A & Moran JM, 2000. A irrigação final com solução de CHX parece vantajosa, especialmente em casos de retratamento, onde 
existe alta proporção de bactérias Gram +. 
A adição de CHX ao NaOCl forma um precipitado, uma massa marrom-avermelhada. 
Algumas alternativas recentes melhoram o debridamento, incluindo o uso do laser para induzir uma fotosensibilização letal na microbiota do 
canal Kimura Y et al, 2000, irrigação usando água eletroquimicamente ativada Solovyeda AM & Dummer PM, 2000 e infiltração de gás ozônio 
no sistema de canais Deltour MM et al, 1970. Entretanto nenhuma dessas alternativas é tão eficiente na morte da microbiota do biofilme 
quanto o NaOCl Seal GJ et al, 2002; Gulabivala K et al, 2004; Hems RS et al, 2005. 
A redução da tensão superficial pela adição de agentes umectantes melhora a efetividade do irrigante porque melhora sua penetração. Eles 
podem chegar melhor nos túbulos dentinários e canais acessórios Abou-Rass M & Patonai FJ, 1982; Tasman F et al, 2000. Essa redução da 
tensão superficial dos irrigantes não influencia sua capacidade de remover a smear layer Zehnder M et al, 2005, nem aumenta sua eficácia 
antimicrobiana Baker NE et al, 2004, mas pode causar um aumento da penetração da smear nos túbulos dentinários Aktener BO et al, 1989.

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