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Gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 2 sumário Esqueça tudo que você sabe sobre inovação... 03 1 | Inovação: nem tudo é o que parece 04 2 | Mudando a perspectiva: os bastidores das empresas inovadoras 05 2.1 | Inovação de Produto ou serviço 2.2 | Inovação no Modelo de Gestão 2.3 | Inovação de processos 2.4 | Inovação Modelo de Negócio 3 | Agora é sua vez: colocando a mão na massa 17 3.1 | Ferramentas para ter aquela ideia matadora 4 | Cultura de inovação: uma andorinha só não faz verão 19 5 | Metas: nenhum vento é favorável quando você não sabe para onde ir 22 6 | Quem disse que errar é sinônimo de fracasso? 28 O que vem agora? 30 //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 3 esqueça tudo que você sabe sobre inovação... Especialistas e palpiteiros de plantão são unânimes em dizer que, para ter sucesso em um mercado tão competitivo como o contemporâneo, seu produto ou serviço tem que ser diferenciado. Agora, o que poucos alertam é que o caráter inovador não precisa, necessariamente, estar apenas naquilo que você oferece ao consumidor. A inovação pode nascer de um modelo de gestão nunca visto antes ou até mesmo de um modelo de negócio totalmente disruptivo. Parando para pensar, foi essa certeza de que sempre é possível implementar novidades que fez do Vale do Silício a grande referência mundial em inovação. O Vale do Silício é um paraíso mundial de ideias criativas e funcionais. Apple, Google, Facebook, Intel, HP, Sales Force, eBay, Evernote, Twitter, Linkedin, Netflix, Yahoo! e inúmeras outras empresas despontaram lá e hoje movimentam recursos milionários. Diferente do que muito pensam, o crescimento desses nomes não foi um golpe de sorte, mas sim uma estratégia muito bem elaborada que teve como pilar a cultura da inovação, a ousadia de testar o diferente, a necessidade de oferecer soluções fora do comum aos problemas do consumidor e o desejo de oferecer à sociedade um retorno justo. //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 4 esqueça tudo que você sabe sobre inovação... A verdade é que empresas de qualquer tamanho podem implementar melhorias, do comércio de esquina às multinacionais. Só que, para inovar, é preciso estar aberto ao novo, disposto a mudanças e a engajar as pessoas com quem você vai trabalhar nessa busca constante por melhorias. Também não se pode esquecer que estamos tratando de um processo contínuo, não de uma ação pontual. Na prática, isso significa que, além de inspiração para detectar onde e como é possível inovar, é necessário planejar como gerir o projeto e estudar sua viabilidade. E lembre que errar faz parte do desenvolvimento. Tirar proveito de possíveis falhas é um excelente aprendizado, é assim que se forma uma cultura da inovação. Então, que tal colocar a cabeça para funcionar e estudar agora mesmo possibilidades de inovação dentro do seu empreendimento? Mas, antes de tudo, existem alguns conceitos importantes que precisamos entender mais a fundo para facilitar o trabalho que vem por aí. //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 5 1 | inovação: nem tudo é o que parece O conceito de inovação pode até parecer simples, mas, para que ele se consolide na sua empresa, é preciso definir processos, escolher as ferramentas corretas e também as métricas de sucesso. Isso mesmo, inovação é bem mais do que ter aquela ideia de um milhão de dólares, e é nesse ponto que muitas empresas se perdem. O conceito de inovação pode até parecer simples, mas, para que ele se consolide na sua empresa, é preciso definir processos, escolher as ferramentas corretas e também as métricas de sucesso. Isso mesmo, inovação é bem mais do que ter aquela ideia de um milhão de dólares, e é nesse ponto que muitas empresas se perdem. Nem todo empreendedor tem noção do real significado da inovação, e isso dificulta a implementação de novas práticas em diferentes áreas e/ou setores. Uma situação bem comum e que atrapalha empreendedores que querem inovar é confundir os conceitos de ideia, invenção e inovação. Entenda: • Ideia: a inspiração inicial para algo que precisa ser aprimorado e, depois, colocado em prática; • Invenção: descobrir algo inédito, uma solução ou conceito que ainda não existe e que tornaria sua ideia completamente original; • Inovação: repaginar algo já existente por meio de alterações que criem diferenciais em relação ao original. No mundo dos empreendimentos, aplica-se ao produto, ao processo, aos serviços ou aos negócios. Aqui vale lembrar que essas soluções devem ser úteis ao público — caso contrário, será apenas uma ideia. //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 6 A grande diferença entre inventar e inovar é que o primeiro conceito é um processo criativo sem fins comerciais, que pode ou não ser colocado em prática. Em outras palavras: um insight não configura inovação, mas é parte dela. Luiz Serafim, head de marketing da 3M, define inovação como o processo de transformar uma ideia diferenciada em oferta real, precificada, comunicada e disponibilizada ao público-alvo, atendendo as necessidades dos clientes com maior valor percebido em relação às alternativas existentes. Veja também: FErrAMENTAS PráTIcAS DE INOVAçãO: INOVAr PArA SE DIFErENcIAr Depois da inspiração inicial, é hora de trabalhar exaustivamente na ideia, como fizeram Thomas Edison e Santos-Dumont. É preciso arregaçar as mangas, mergulhar no projeto, estudar o mercado, entender as necessidades dos usuários e seu comportamento em todo o processo. Você deve testar sua ideia. Prototipar, para usar o termo da moda. E fazer tudo isso é fácil? Não, não é, mas também não representa algo tão difícil. Tenha em mente, ainda, que fazer algo diferente dentro do que está disponível é inovar. Inovação não é necessariamente começar algo do zero. Fazer aprimoramentos ou melhorar algo já existente também conta, e muito. Por isso, esteja atento ao que ocorre dentro do seu negócio e use o potencial já existente para fazer transformações significativas. É exatamente sobre isso que vamos falar no nosso próximo capítulo. 1 | inovação: nem tudo é o que parece //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 7 2 | mudando a perspectiva: os bastidores das empresas inovadoras PrOdutO Ou sErVIçO: Quando um produto ou serviço novo ou aprimorado (troca de componentes, alteração na embalagem, funcionalidades inéditas...) chega ao mercado e oferece soluções diferenciadas aos consumidores. Pode ser uma nova versão de um veículo que, agora, sai das montadoras com injeção eletrônica ou empresas que antes vendiam apenas softwares e agora oferecem também treinamento para operar seus programas. 01 Após bater o martelo sobre o que é inovação, vamos nos ocupar de analisar em quais tipos ela se divide. No geral, podemos dividi-la em 4 formas: //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 8 Nada melhor do que um exemplo concreto para ilustrar esse tipo de inovação. Neste caso, vamos falar da ticket, empresa que desenvolveu o primeiro aplicativo do segmento para monitoramento e análise de dadosestratégicos para restaurantes credenciados. O app oferece uma solução da categoria Analytics, com análise de desempenho, concorrência e potencial de mercado. “O mundo necessita cada vez mais de soluções Big Data e informações em tempo real para saber aproveitar com inteligência cada recurso e descobrir brechas para crescer ainda mais em um cenário de crise. Acreditamos que há no mercado de restaurantes um enorme potencial para implementação dessa filosofia que não é explorado no Brasil. Temos na Ticket uma veia inovadora e decidimos que é hora de investir em um aplicativo que fornecesse um banco de dados completo”, afirma cyrille Verdier, diretor de Estratégia e Desenvolvimento da Ticket. Outra ação que merece destaque é a criação de uma assistente virtual, a EVA (Edenred Virtual Assistant). Essa foi a primeira empresa do setor e a segunda no mercado brasileiro a oferecer uma solução de atendimento que funciona via inteligência artificial. O resultado positivo pode ser medido em números: até março, foram mais de 1,5 milhões de interações e 1,8 milhões de respostas à perguntas de clientes e parceiros, alcançado uma taxa de eficiência de 79% (47% das questões respondidas diretamente e 32% redirecionadas a páginas específicas). Seguindo esse processo de inovação no atendimento, a empresa que antes fazia seus atendimentos por central de Atendimento ativo e receptivo, implantou o atendimento com inteligência virtual, tornando o processo mais assertivo, com menos tempo de espera e redução de custos. dados na ponta dos dedos: o caso da ticket //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 9 2 | mudando a perspectiva: os bastidores das empresas inovadoras OrgANIzACIONAl: Adoção de novas configurações no quadro de colaboradores e na maneira de trabalhar. A meta, geralmente, é buscar um modelo mais competitivo, podendo estar relacionado com novos métodos de contratação (sistematizar as novas contratações de pessoal com a intenção de internalizar novos conhecimentos) e treinamento da equipe (organizar programas internos de formação e qualificação), métodos de gestão de pessoal (verticalização), melhor distribuição dos serviços entre colaboradores, alterações no ambiente (estruturais e comportamentais), mudanças na comunicação interna, iniciativas motivacionais (palestras, coaching, ginástica laboral), retenção de talentos (estímulos para que o profissional desenvolva uma carreira na empresa), clima organizacional e benefícios (remuneração, e outros recursos que compensem o esforço dos colaboradores). 02 //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 10 uma iniciativa interessante e que pode inspirar empreendedores é o programa de inovação desenvolvido pela Edenred. A ação se baseia em uma série de programas com foco na capacitação de colaboradores para inovação, a partir do ensinamento de metodologias como design thinking e design de serviços. Durante o ano, foram mais de 36 mil horas de treinamento para cerca de 600 funcionários contemplados com cursos e fóruns que debateram desde a importância da cultura da inovação nas empresas até o papel da liderança em uma equipe. A atividade garantiu certificação aos participantes que tiveram a oportunidade de apresentar aos membros executivos da empresa as ideias trabalhadas na empreitada, por meio de provas de conceito que abordavam o problema, o segmento de clientes, proposta de valor, solução e o racional básico de viabilidade. “Há uma escassez de certificações similares a essa no mercado. Ter a possibilidade de aplicá-la dentro de casa com todos os conceitos e valores da Edenred é muito importante para nós. Além de preparar nossos colaboradores para o futuro, também focamos em capacitação mais dirigida, o que resulta naturalmente em projetos ainda mais assertivos”, afirma Gilles coccoli, presidente da Edenred Brasil. Inovar em gestão pode criar uma vantagem duradoura em relação à concorrência e produzir alterações dramáticas de posições competitivas. No último século, as inovações de gestão, mais do que qualquer outro tipo, tem permitido que empresas atinjam, e edenred: capacitar para inovar //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 11 ultrapassem, novas performances de desempenho. Simplificando, gestão da inovação muda a forma como os gestores fazem o que fazem. Seja comprometido em solucionar grandes problemas, buscar novos princípios, desconstruir diretrizes ortodoxas, explorar o poder da analogia das situações ao seu redor e não ter medo de aplicar isso na prática. O sistema operacional de computador Linux também é um bom exemplo de uma recente inovação em gestão, em razão do desenvolvimento de código aberto. com base em outras inovações, como a licença pública geral, e ferramentas de colaboração on-line, o desenvolvimento de código aberto mostrou ser um mecanismo altamente eficaz para provocar e coordenar os esforços de indivíduos geograficamente dispersos. Outro exemplo bem interessante é da Zappos, e-commerce de calçados e moda americano, que adotou um sistema vertical de gestão chamado holocracia. Ele funciona com distribuição de autoridade, sem a tradicional estrutura de “comando e controle”, com as tomadas de decisão distribuídas por equipes auto-organizadas. Assim, cria-se uma cultura de empoderamento muito difícil para a concorrência copiar. edenred: capacitar para inovar //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 12 2 | mudando a perspectiva: os bastidores das empresas inovadoras 03 dE PrOCEssO: refere-se à implementação de novos métodos ou soluções nos processos de produção e logística. O objetivo, quase sempre, é aumentar a produtividade, cortar gastos, oferecer mais qualidade, prezar pela natureza. Foi com base nessas premissas que o empresário Guilherme Brammer fundou, em 2012, a Wise Waste, startup especialista em reaproveitar o lixo. //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 13 A Wise Waste oferece soluções para reciclar qualquer tipo de produto e desenvolver novos materiais. Antes, o foco era prestar consultoria, hoje, a empresa aposta na confecção de produtos. “Eu trabalhei em grandes empresas de bens de consumo, matéria-prima, nas quais a responsabilidade social era delegada a um departamento, muitas vezes, afastado do core business. E aquilo gerava um impacto que me incomodava, era muita coisa indo para o lixo. Então, vi que no Brasil tinham poucas empresas extraindo valor desses resíduos”, revela Guilherme Brammer, fundador da Wise Waste. Além de colocar “valor onde não tem”, como Guilherme mesmo costuma dizer, a Wise Waste teve a preocupação de envolver em sua iniciativa um grupo fundamental para a cadeia de negócios de resíduos: os catadores. Afinal, a ideia era trabalhar não só com responsabilidade ambiental, mas também social. “Queríamos inovar dentro de uma economia inteligente e circular. No Brasil, tem espaço para isso e, hoje em dia, o consumidor está cada vez mais exigente com questões ecológicas”, conta Guilherme Brammer, fundador da Wise Waste. A iniciativa deu certo e, hoje, vai muito bem do ponto de vista financeiro. Porém, o fundador garante que o dinheiro é importante, mas não o objetivo principal: “costumo dizer que o dinheiro é consequência do trabalho. Sem ele, não dá para sobreviver, mas o objetivo é criar valor onde não há, transformando algo sujo em algo bom.” Para quem está em busca de inovação, Guilherme dá a dica: “Não espere pelo ótimo! O negócio é ir prototipando e aprimorando conforme o necessário. Não se pode esperar muito. Além disso, é preciso ir a campo, observar as impressões, perguntar. Isso ajuda a melhorar seu produto”.Wise Waste: fazendo mais com menos //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 14 2 | mudando a perspectiva: os bastidores das empresas inovadoras 04 NEgóCIO: como o nome sugere, é a alteração significativa na maneira de se fazer negócio. Está ligada diretamente à proposta de valor repassada aos clientes (target, oferta e geração de receita) e ao modelo de operação (modificações que podem alterar toda a cadeia de valor). Não significa, necessariamente, mudança no produto ou no processo de produção, mas na forma como isso é levado ao mercado. A casa do construtor é um excelente exemplo. //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 15 Expedito Arena, cofundador da Casa do Construtor, junto com o amigo de infância Altino Cristofoletti, ambos de famílias humildes, se conheceram na Pastoral da Juventude, em rio Claro, quando ainda eram adolescentes e sonhavam cursar engenharia. como não tinham dinheiro, primeiro fizeram curso técnico em edificações e, com os trabalhos obtidos com essa formação, conseguiram bancar a graduação e montaram suas próprias construtoras. Sempre houve a intenção de criar um negócio em parceria, mas a oportunidade só apareceu no início dos anos 1990, quando montaram um depósito de equipamentos de construção e, para diversificar, resolveram também alugar as ferramentas. “Achávamos que seria apenas um acessório, mas o resultado foi bem significativo”, releva Expedito Arena, cofundador da casa do construtor. Em 1995, passaram a trabalhar somente com aluguel de maquinário, em uma sede em um bairro afastado onde havia diversas casas populares. “Essa foi nossa primeira grande jogada: alugar para qualquer pessoa, não só para quem é da construção civil. É importante lembrar que um negócio de sucesso é cheio de pequenos acertos, não adianta só um, mesmo que grande. Então, passamos a ser um facilitador para quem queria reformar a casa”, afirma, satisfeito, Expedito Arena, cofundador da casa do construtor. Em seguida, 1998, mais uma boa ideia: franquear o empreendimento para conseguir melhores preços com fornecedores. De lá para cá, a rede casa do construtor cresceu consideravelmente. De 2010 a 2015, o número de lojas passou de 100 para 220, e o faturamento foi de r$ 48 milhões para r$ 180 milhões. Outro recurso que os sócios usaram sem saber que estavam inovando foi casa do construtor: as oportunidades disfarçadas //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 16 o de descentralizar as decisões. Eles criaram um conselho de franqueados, que permite mais pessoas participando das escolhas que impactarão o empreendimento como um todo (a entrada de um novo fornecedor, por exemplo). “Tudo que fizemos foi no instinto. Hoje, se eu puder dar dicas, diria que é preciso plano de negócios sustentável financeira, ambiental e socialmente. Além disso, quem vai inovar precisa acreditar no que está fazendo para conseguir vender a ideia, convencer outras pessoas a vestir a camisa”, aconselha Expedito Arena, cofundador da casa do construtor. Se você está pensando em medir o grau de inovação em seu modelo de negócio, o radar da inovação, desenvolvido por professores da Kellog Business School, é uma das ferramentas indicadas para isso. Ela prevê que alterações ocorram em diferentes partes do modelo de negócios de uma empresa ou nela como um todo. Veja uma explicação mais aprofundada neste link. casa do construtor: as oportunidades disfarçadas //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 17 3 | aGora é sua vez: colocando a mão na massa Existem ferramentas desenvolvidas para facilitar a vida do empreendedor na hora de pensar em inovação. Conheça algumas: sCAMPEr O Scamper é uma ferramenta que possibilita criar novas versões de um produto ou serviço ou, ainda, gerar uma ideia totalmente diferente, que pode mudar os rumos de uma organização. É um recurso que serve para guiar o empreendedor na realização de uma sessão de brainstorm com os funcionários a respeito de novos produtos e serviços. trIz Foi desenvolvida durante estudos que analisaram por décadas milhares de patentes, nas quais foram identificadas contradições técnicas que deveriam ser suprimidas. Para isso, houve a necessidade de se pensar soluções para problemas sob a ótica do contraditório. Funciona assim: encontre um problema, pense uma solução — inovadora, de preferência —, crie um protótipo e teste para saber se é viável. saiba mais Veja mais um pouco sobre como essa metodologia pode auxiliar você //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 18 Se mesmo assim a inspiração ainda não veio, não se desespere! reúna informações sobre os mais variados setores e processos que fazem parte da rotina da sua empresa e tente entendê-los bem. certamente você vai encontrar algo que possa ser melhorado. E o benchmarking, vale? claro! Afinal, essa é uma relevante estratégia no mercado para aumentar a eficiência de uma companhia que aguça a percepção na busca por melhores práticas e norteia as ações para adequá-las às peculiaridades de cada organização. A tática está dividida em: • Benchmarking interno: um olhar dentro da empresa sobre as práticas adotadas (filiais-modelo, departamentos que desenvolvem metodologias inovadoras); • Benchmarking competitivo: aqui, o foco é a análise detalhada das práticas da concorrência, visando superá-las. É difícil de ser efetuada, já que as empresas não costumam divulgar esses dados; • Benchmarking funcional: compara o processo de trabalho entre as organizações, mesmo que de segmentos diferentes; • Benchmarking de cooperação: parceria para compartilhar informações sobre processos. Também ocorre quando uma empresa “modelo” abre as portas e revela práticas para o aprendizado de outra. 3 | aGora é sua vez: colocando a mão na massa //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 19 4 | cultura de inovação: uma andorinha só não faz verão tudo isso é lindo em teoria, mas, na prática, os processos podem gerar muita dor de cabeça. Por isso, o melhor jeito de inovar é cercando-se de pessoas com energia de sobra e dispostas a saírem de suas zonas de conforto. E como reconhecer esses profissionais? Eles agregam características como: • Facilidade de trabalho em grupo e espírito colaborativo - A velocidade com que esse grupo engata colaborativamente em um novo projeto é fundamental; • Capacidade de se fazer entender - A comunicação eficiente está na coesão e na objetividade, bem como no correto entendimento do público alvo a ser atingido; • Autossuficiência - A proatividade traz agilidade, adaptabilidade e menor tempo de respostas nas tomadas de decisão de um colaborador; • resolução de problemas - Profissionais que solucionam problemas assumem riscos e chamam para si as responsabilidades; • Atitude - Monte uma equipe com gente assertiva, serena e engajada. Elas reagem melhor aos desafios e feedbacks. Veja também: MINI-cUrSO PArA FOrMAr O TIME cErTO PArA PrOjETOS INOVADOrES. //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 20 Outras dicas valiosas, mesmo que um pouco óbvias para criar uma cultura da inovação. Tenha a preocupação de “espalhar” a inovação pelo ambiente de trabalho. 1. líderes devem ter o ímpeto de estar sempre em busca do novo, do diferente, e transmitir isso à equipe; 2. Estimule a ousadia e lembre-se de que iniciativas arrojadas podem dar errado. Encare isso como parte do processo, como uma maneira de adquirir conhecimento. claro, faça isso dentro das suas possibilidades. Empresas menores podem correr menos riscos e devem saber seus limitespara testar novidades. richard Branson (fundador e cEO da Virgin) e muitos outros gestores investem em recursos (humanos, técnicos, financeiros) e apostam na experimentação. Por isso, suas empresas se parecem mais com negócios em modelo beta, em permanente inovação; 3. Fomente a coletividade, o coleguismo. Isso estimula colaboradores a ficarem mais à vontade, ter ideias que transcendem o senso comum, trocar informações e crescer como profissionais. O bem-estar no trabalho influencia diretamente a motivação dos colaboradores, e consequentemente, a abertura para a inovação. Uma pesquisa realizada pela IPSOS e 4 | cultura de inovação: uma andorinha só não faz verão //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 21 encomendada pela Edenred entrevistou mais de 800 trabalhadores no Brasil e destacou que 25% estão com nível motivacional aumentando, enquanto 54% têm a motivação estável. Para alavancar esses índices, as empresas têm como alternativa oferecer incentivos e benefícios valorizados pelos colaboradores. Eles proporcionam experiências diferenciadas ao trabalhador e estimulam a criatividade para ideias inovadoras. 4. Fique atento às sugestões de quem trabalha com você, de quem consome seu produto/serviço e das pessoas que têm a preocupação de fazer críticas construtivas. 5. Estabeleça métricas de inovação. Não adianta só seguir as dicas anteriores, é necessário que se mensure como a busca/implementação de inovações está afetando sua empresa. Veja o vídeo: DIcAS PrEcIOSAS DE cOMO MANTEr UMA cULTUrA DA INOVAçãO. 4 | cultura de inovação: uma andorinha só não faz verão //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 22 5 | metas: nenhum vento é favorável quando você não sabe para onde ir Assim como em qualquer negócio, a regra geral para inovar dentro de uma perspectiva sustentável e de sucesso é definir metas de onde se pretende chegar e com qual estratégia. Essas normas variam para cada tipo de empresa e é necessário conhecer o mercado de atuação para prever as tendências e definir os objetivos do processo criativo. Para descobrir quais são essas metas, responda às seguintes perguntas: • O que é inovação para a empresa? • Qual percentual de projetos inovadores é suportado? • Há competências internas capacitadas para a execução do projeto? • Qual a capacidade de investimento para a área? • Será necessário atrair investidores? • Existem incentivos governamentais de apoio? • Quais os riscos? A empresa está disposta a assumi-los? • Está preparada para aceitar o fracasso? Métricas usadas no passado podem não funcionar hoje em dia. Por isso, líderes precisam estabelecer uma nova classe de critérios de medição que vá além das convenções atuais. Para isso, considere: • criar uma cultura organizacional que dê suporte e direcione estratégias de inovação; • Estabelecer capacidades críticas sintonizadas com o a evolução competitiva dos negócios; //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 23 • Avaliar os esforços de inovação para garantir retorno de investimento e apoiar feedbacks de aprendizagem e aperfeiçoamento; • crie uma “família de métricas” que garanta um conjunto bem afinado de medida que estimulem os motores de inovação mais importantes. A seguir, as três categorias a considerar para qualquer carteira de métricas. Dentro de cada uma dessas categorias há “métricas de entrada” e “saída”. As de entrada são os investimentos, recursos e comportamentos necessários para gerar resultados. As de saída representam os resultados desejados, vamos lá: rEtOrNO sOBrE O INVEstIMENtO (rOI): Serve para disciplina fiscal da gestão da inovação e ajudar a justificar e reconhecer o valor de iniciativas estratégicas, programas e o investimento global em inovação. Clique aqui para entender melhor como o rOI funciona INPut: MétrICAs dE ENtrAdA • Porcentagem do capital investido em atividades de inovação, como a apresentação e revisão de ideias para novos produtos e serviços e desenvolvimento de ideias por meio de um pipeline de inovação; 5 | metas: nenhum vento é favorável quando você não sabe para onde ir //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 24 • Porcentagem de inputs de fora e de dentro de uma companhia para o processo de inovação (inovação aberta) • Número de novos produtos, serviços e empresas lançados em novos mercados no ano passado. OutPut: MétrICAs dE sAídA • Situação atual e projetada de tempo para empatar um investimento; • Porcentagem de receita e lucro de produtos ou serviços novos implantados em “X” anos; • royalties e renda de novas patentes e propriedade intelectual. MétrICAs dE CAPACIdAdE OrgANIzACIONAl: concentram-se EM infraestrutura e processo de inovação. Fornecem o foco para iniciativas voltadas à construção de abordagens repetíveis e sustentáveis para invenção e reinvenção. INPut: MétrICAs dE ENtrAdA • Porcentagem de funcionários que receberam treinamento e suporte para inovar; • Existência formal de estruturas e processos que apoiam inovação; 5 | metas: nenhum vento é favorável quando você não sabe para onde ir //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 25 • Número de novas competências (habilidades e conhecimento para espalhar inovação). OutPut: MétrICAs dE sAídA • Quantidade de inovações que avançaram significativamente; • Número de novas oportunidades para a companhia em novos mercados. MétrICAs dE lIdErANçA: Tratam sobre comportamentos que os gerentes e líderes em geral devem promover para apoiar uma cultura de inovação dentro da organização, incluindo o apoio a iniciativas para crescimentos específicos. INPut: MétrICAs dE ENtrAdA • Porcentagem de tempo dos executivos despendido em estratégias de inovação, comparado ao tempo gasto com operações cotidianas; • Porcentagem dos gestores com formação em conceitos e ferramentas de inovação; • Porcentagem de projetos para produto / serviço ou inovação estratégica com patrocinadores executivos envolvidos. OutPut: MétrICAs dE sAídA • Número de gerentes que tornaram-se líderes em novas categorias de negócio. Além das métricas, os indicadores têm um papel essencial em uma cultura de inovação. 5 | metas: nenhum vento é favorável quando você não sabe para onde ir //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 26 Um dos indicadores mais utilizados em grandes empresas é o KPI, uma ferramenta de gestão que mede o desempenho e o sucesso da sua empresa, indicando o que funciona e o que não funciona, para que se possa fazer as modificações necessárias para atingir objetivos estabelecidos. Entenda como funciona o KPI. Pode-se observar, ainda, as chamadas métricas de atividade, que revelam como você está ocupado em impulsionar as engrenagens da inovação. Situações do tipo: quantos funcionários foram treinados em metodologias de start ups ou quantas ideias de novos produtos estão sendo pesquisados? Há também métricas de “impacto”, que mostram se o processo de inovação está tomando os rumos certos. Entre as medidas, estão participação de mercado, redução de custos e margens de lucro dos novos negócios. No geral, é indicado considerar cinco métricas bem comuns no mercado: • A receita gerada pelos novos produtos • Número de projetos no pipeline de inovação • Projetos que se passam de uma etapa à outra • Perdas e lucros ou outros impactos financeiro • Número de ideias geradas Alinhar um conjunto de métricas que funcionem para seus projetos leva um tempo. Não esqueça que é preciso visão e instinto 5 | metas: nenhum ventoé favorável quando você não sabe para onde ir //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 27 para inovar. De nada adianta um grupo dentro de sua empresa trabalhando para pensar em inovação se quem for executar o projeto estiver fora do processo criativo. Envolva todos os colaboradores! Steve jobs, fundador da Apple, por exemplo, não acreditava em apenas um grupo focado em desenvolver produtos inovadores. companhias que aspiram ser realmente inovadoras precisam lembrar o poder de uma ideia visionária e do instinto, afirma jason Berns, diretor Sênior da empresa de artigos esportivos Under Amrour. “Há um potencial de receita para o que você está trabalhando? Isso vai afetar os negócios? Essa é uma avaliação de grupo”, diz jason. “O quão grandioso isso pode ser? Alguém precisa ter visão!”, complementa. Quando se trata de inovação, alguns empreendedores optam por uma linha mais estruturada, como uma área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Isso vale quando se trata de uma empresa mais robusta e estruturada, com perfil atrelado à indústria. Se esse não é o seu caso, não se desespere, há outras iniciativas criativas para driblar a falta de verba. Foi o que fez a Angeluz, criada nos anos 90 por um dentista que buscava equipamentos menos agressivos para seus pacientes. Ao perceber que ideia era boa, ele resolveu aumentar a produção --feita artesanalmente até então, mas, para isso, necessitava investimento. Eis que resolveu fazer uma parceria com universidades e o negócio deslanchou! Conheça mais sobre o case 5 | metas: nenhum vento é favorável quando você não sabe para onde ir //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 28 se você não recorda, vamos reforçar: caso tenha ousado implementar inovações que não deram certo por algum motivo, não fique desmotivado. lembre do Vale do silício, onde os equívocos são fonte de inspiração. um ambiente que não permite erros mina inúmeras possibilidades de inovação. Tenha um olhar crítico sobre o que foi feito e não funcionou de acordo com a expectativa. A inovação é um processo criativo, de variáveis subjetivas. Isso faz com que não exista uma fórmula mágica para checagem de resultados, mas, sim, algumas orientações que colaboram para a mensuração ser o mais eficiente possível. Entre elas, está verificar o valor agregado para a empresa na busca por inovação, em vez de medir os resultados brutos. Tenha uma visão holística do processo, que considere o conhecimento agregado resultante das etapas do processo de inovação. Verifique o quanto a capacidade técnica foi ampliada durante o projeto. Outros critérios que podem fazer com que a análise seja menos engessada: tempo que é preciso para o restabelecimento do equilíbrio operacional, a qualidade do planejamento, a capacidade de chegar ao mercado antes do fim da necessidade do cliente e a relevância dos estudos anteriores, em comparação ao resultado obtido. Dessa forma, mede-se o quão precisas foram as projeções iniciais e os experimentos com protótipos, a produtividade das técnicas usadas no 6 | quem disse que errar é sinônimo de fracasso? //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 29 desenvolvimento e quais métricas tiveram influência no sucesso da empreitada. Por fim, há de se considerar bastante as relações profissionais, como afirma a professora Lisete Barlach, do programa de mestrado profissional em empreendedorismo da Faculdade de Economia, Administração e ciências contábeis (FEA) da Universidade de São Paulo (USP). Ela cita um estudo com profissionais estrangeiros que vieram trabalhar no Brasil e avaliaram aspectos do comportamento profissional por aqui. Dentro da relação hierárquica entre chefe e subordinado, as críticas são recebidas como pessoais, e não como parte de um contexto de fatos ou de desempenho profissional. Em resumo, os estrangeiros detectaram uma “sensibilidade extrema” nos colegas brasileiros, o que por vezes influencia nos resultados do trabalho. Outros pontos preocupantes apontados são imediatismo e falta de planejamento de longo prazo, como se tudo fosse possível de ser resolvido de uma hora para a outra. Para o empreendedor, portanto, fica a lição de que não basta apenas se preocupar com planejamento e processos práticos do negócio; a gestão de pessoas, se negligenciada, pode ser tornar um gargalo para colocar tudo a perder. No conjunto da obra: errou? Pense no futuro com base em informações do passado! E seja persistente! 6 | quem disse que errar é sinônimo de fracasso? //gestão da inovação: como não fazer mais do mesmo 30 conclusão: o que vem aGora? Inovar não é algo que ocorre da noite para o dia. É preciso estabelecer uma cultura da inovação dentro da empresa. Isso não significa apenas criar um departamento de inovação, mas envolver todos os colaboradores e gerar uma rotina de buscar novas soluções, pensar fora da caixa, questionar mais, ser menos apegado aos padrões, ter jogo de cintura ante à democracia da livre opinião e aperfeiçoar a comunicação entre colaboradores, e deles com o mundo exterior. Quem não fizer isso vai ser atropelado pelo trem que leva os mais ousados em direção a um futuro promissor. A Endeavor é uma das principais organizações de fomento ao empreendedorismo no mundo. Atua na mobilização de organizações públicas e privadas e no compartilhamento de conhecimento prático e de exemplos de empreendedores de alto impacto para fortalecer a cultura empreendedora do país. No Brasil desde 2000, já ajudou a gerar mais de r$ 2 bilhões em receitas anualmente e mais de 20.000 de empregos diretos através de programas de apoio a empreendedores; e a capacitar mais de quatro milhões de brasileiros com programas educacionais presenciais e a distância. Mais informações e conteúdos para empreendedores em http://endeavor.org.br/ sobre a endeavor
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