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AP3 LITERATURA PORTUGUESA 2 2016

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Disciplina: Literatura Portuguesa I
Avaliação PRESENCIAL 3 - 2016/ 2
Instruções:
Escolha 5 (cinco) questões para responder.
Escreva à tinta (azul ou preta) e com a maior legibilidade possível. 
Não escreva em tópicos. 
Escreva as respostas em texto coerente e coeso, em registro linguístico compatível com o trabalho acadêmico formal.
Utilize o mínimo de 5 (cinco) e o máximo de 10 (dez) linhas para cada resposta.
Devolva a folha de perguntas junto com as respostas. 
Valor das questões:
Valor de cada questão: 2 a 2,5 pontos
Objetividade, clareza, coerência, coesão e correção do texto – 10 pontos
Critérios de correção:
Serão consideradas a argumentação, a exemplificação das obras / autores; e a articulação entre os elementos. 
 
1ª questão: Sob o ponto de vista do eixo da Escrita indique a qualidade principal que você atribui aos seguintes autores, justificando: 
a) Fernão Lopes – Gabarito
A resposta deve focalizar a contribuição de Fernão Lopes ao inovar a escrita da crônica medieval. Fiel à verdade dos fatos, acrescentou cor e movimento às suas crônicas, introduzindo diálogos, linguagem popular e confronto entre figuras históricas transformadas em personagens. 
b) Gil Vicente – Gabarito
A resposta deve situar a importância dos autos /peças teatrais de Gil Vicente como crítica indireta aos vícios e desvios da sociedade da época, dividida entre os bons e maus costumes, como mosta o Auto da Índia. 
c) Luís de Camões – Gabarito
A resposta deve mencionar a importância da epopeia Os Lusíadas que pretendeu cantar as glórias do povo português através da narração da viagem de Vasco da Gama. Por este especial procedimento de escrita, a obra se tornou um retrato glorificante mas também lamentoso sobre o progresso de Portugal à época. 
 
2ª questão: Disserte sobre a importância da obra Viagens na minha terra, de Almeida Garrett quanto à modernidade da sua escrita, ao questionamento do deslocamento marítimo e à valorização do território português.
 
Gabarito
A resposta deve apontar alguma característica inovadora e moderna da escrita de Viagens na minha terra como, por exemplo, a prosa mais coloquial, o diálogo com o leitor (e leitoras), o uso de uma narrativa encaixada para voltar e criticar o passado e também o tempo presente no qual transita o narrador. Deve mostrar como a narração se dá Tejo a dentro, ao contrário do celebrado deslocamento marítimo; deve citar a valorização que o narrador atribui à terra, por exemplo à cidade de Santarém, detino do narrador e um dos primeiros territórios conquistados aos mouros pelos portugueses
 
 
3ª questão: Explique a relação que se esboça no romance A Ilustre Casa de Ramires de Eça de Queirós entre a família Ramires e a história de Portugal, quando o narrador menciona a ocupação do território português pelos antepassados do protagonista. Você pode usar a observação crítica a seguir, que menciona a única torre que sobreviveu na propriedade de Gonçalo Mendes Ramires:
 
(…) sobrevivente às outras mais altivas (…) isolada no pomar (…) onde retiniram armas e circularam os homens do Terço dos Ramires – ela ligava as idades e mantinha como que, nas suas pedras eternas, a unidade da longa linhagem.(PADILHA, 1989, p. 93)
 
Gabarito
Esta resposta pode partir do primeiro capítulo do livro quando o narrador apresenta os principais fatos da história de Portugal ligados à presença de algum ancestral do personagem principal (Gonçalo Mendes Tavares). Neste caso a resposta pode aproveitar a citação de Padilha que menciona a torre remanescente como símbolo da linhagem que ocupou o território português desde suas origems até ao destino ambíguo tomado pelo último descencente, como mostram os amigos no final quando dizem que Gonçalo lembra o prórprio Portugal. 
 
4ª questão: Use exemplos das estrofes citadas a seguir do poema “Num bairro moderno”, para comentar a seguinte crítica sobre a poesia de Cesário Verde: 
 
É uma poesia do trabalho útil [...].  E uma linguagem nova, de seiva burguesa e popular, rica de termos concretos, bastante dúctil e atrevida, para sugerir a mistura de sensações e as rápidas interferências do físico e do anímico, uma linguagem impressionista e fantasista, e, ao mesmo tempo, nervosa, sacudida, coloquial. (COELHO, 1961, pp. 184-185). 
 
Dez horas da manhã; os transparentes 
Matizam uma casa apalaçada; 
Pelos jardins estancam-se os nascentes,
E fere a vista, com brancuras quentes,
A larga rua macadamizada.
[...]
 
Como é saudável ter o seu conchego,
E a sua vida fácil! Eu descia,
Sem muita pressa, para o meu emprego,
Aonde agora quase sempre chego
Com as tonturas duma apoplexia.
 
Subitamente,- que visão de artista!-
Se eu transformasse os simples vegetais,
À luz do sol, o intenso colorista,
Num ser humano que se mova e exista
Cheio de belas proporções carnais?!
 
[...]
Há colos, ombros, bocas , um semblante
Nas posições de certos frutos.
E entre as hortaliças, túmido, fragrante,
Como dalguém que tudo aquilo jante,
Surge um melão, que me lembrou um ventre.
(VERDE, 1987, 17-18)
 
Gabarito
A resposta deve comentar a citação crítica de Coelho fazendo relação com os versos de Cesário Verde. Por exemplo, o crítico fala da temática do “trabalho útil” como vemos nas seguintes expressões: “Eu descia,/Sem muita pressa, para o meu emprego”. Também se refere a linguagem “atrevida” como se vê nesta passagem: “ser humano (…) Cheio de belas proporções carnais”. Também pode explorar “a mistura de sensações” dita pelo crítico, como vemos em: “E fere a vista, com brancuras quentes,/ A larga rua macadamizada”. 
Há outras possibilidades e exemplos a explorar. 
 
 
 
5ª questão: Os romances O Delfim, de José Cardoso Pires e Levantado do chão, de José Saramago fazem uma crítica político-social à forma de ocupação da terra em Portugal até 1974. Por sua vez, no mesmo período, dois poetas se destacam como vozes de “testemunho” e de “resistência” ao regime que sustenta esta dominação. Desenvolva a questão, com base nos autores e obras mencionados, articulando-a com o eixo do Território. 
 
Gabarito
A resposta deve articular os dois autores e os dois romances que constroem uma forte crítica à forma de ocupação do território pelas classes dominantes, seja aqueles representados em O Delfim de Cardoso Pires pelos aristocratas rurais Palma Brava que usufruíam da lagoa em detrimento de população; seja aqueles que viviam nos latifúndios como camponeses à serviço dos proprietários rurais protegidos pela Igreja e pelo Estado salazarista, representados pela família Mau tempo em Levantado do chão de Saramago. A resposta se completa com a identificação de Jorge de Sena como o poeta do testemunho e de Manuel Alegre como o poeta da resistência, ambos críticos da política da época 
 
 
6ª questão: O tema das navegações ocupa o imaginário português desde os primórdios da expansão quando D. João I invadiu Ceuta, no norte da África. Desde então Portugal se tornou um grande cais de esperanças e saudades que construíram um Império no além-mar louvado e lamentado por muitos artistas da língua. No século XX destacam-se as obras Mensagem, de Fernando Pessoa e Navegações, de Sophia de Mello Breyner Andresen. Por sua vez, entre a segurança da terra e o fascínio do mar, Miguel Torga tematiza esta pendular inclinação na cultura portuguesa no conto “Os homens de Vilarinho”. Disserte sobre o tema Deslocamento levando em conta as obras mencionadas.
Gabarito
 
A questão deve ser respondida em três tempos: primero mostrando como Fernando Pessoa em Mensagem grorifica o passado dos heróis portugueses de terra e mar; segundo comentando o fascínio de Sophia pelo mar como inspirador e também visto de cima em sua beleza plástica no livro Navegações; por último, no conto de Torga, retomando a oscilação antiga dos portugueses e de Portugal, dividido entre as recompensas da terra (o padre) e os desafios do deslocamento por terras desconhecidas (Firmo). 
 
7ª questão A respeito do tema da Escrita, desenvolveas afirmações a seguir: 
Ao lado da escrita literária produzida sobre os temas do território e do deslocamento, a partir da década de 60 alguns autores portugueses se debruçaram sobre a própria língua como instrumento de reflexão, priorizando a potência da imagem poética como geradora de novos realidades e mundos. Ruy Belo, Fiamma Hasse Pais Brandão e Maria Gabriela Llansol apostam numa pátria imaginária onde encontram o exílio de que precisam para exprimir o seu posicionamento ético-político e a sua subjetividade nômade. 
 
Gabarito
 
A resposta deve observar as características dos três autores que apresentam traços afins quanto à escrita como subversão. Nesta linha combatem as estruturas injustas, mas também fazem da escrita o espaço da imaginação onde criam uma outra “pátria”, a da escrita. Daí as recorrências ao tema do nomadismo e do exílio que cada um viveu a sua moda.