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A REPARAÇÃO DO DANO GERADO PELA PUBLICIDADE ABUSIVA NA MÍDIA DE PESSOAS INVESTIGADAS OU ACUSADAS DA PRÁTICA DE DELITOS.

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A REPARAÇÃO DO DANO GERADO PELA PUBLICIDADE ABUSIVA NA 
MÍDIA DE PESSOAS INVESTIGADAS OU ACUSADAS DA PRÁTICA DE 
DELITOS. 
 
 
Márcia Lúcia Clemente Neto Aleixo1 
 
 
 
RESUMO: O presente artigo busca demonstrar a presença do direito a ver reparado os 
danos materiais e morais sofridos quando o investigado ou acusado é indevidamente 
exposto aos meios de comunicação, eis que, embora seja em algum momento sujeito de 
investigação ou mesmo acusado em processo criminal, a pessoa não deixa de ser 
considerada humana, e esse é um dos fundamentos maior da Carta Magna. 
Demonstrando, ainda, que a exposição desordenada de sua imagem pode ocasionar 
diversos tipos de transtornos, não só os que advém dos danos morais em si, mas poderá 
ter ainda a vida financeira completamente prejudicada, 
A abordagem metodológica é livre e exploratória sobre a temática apresentada e do tipo 
bibliográfica com a citação de autores e legislações pertinentes. Concluindo-se que o 
sujeito investigado ou acusado em ações criminais, tem direito a ver preservado sua 
dignidade, honra e imagem dos excessos abusivos da mídia. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Dignidade da pessoa humana. Direito da personalidade. Direito 
da intimidade. Direito a imagem. Mídia. Danos Morais e Materiais. 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O presente estudo tem por finalidade analisar o direito ao ressarcimento 
dos danos ocasionados a imagem de pessoas investigadas ou acusadas da prática de 
delitos, os quais tem sua imagem expostas de forma abusiva nos meios de comunicação, 
em concreta demonstração de desrespeito a pessoa sujeita de direitos, ferindo gravemente 
o direito da personalidade. 
Embora o direito a manifestação do pensamento seja constitucional, este 
não pode ultrapassar os limites da razoabilidade. Nesse viés, apesar de toda polêmica que 
ronda o tema, a jurisprudência ainda não se posicionou de forma definitiva, permitindo 
 
1 Mestre em Tutela Jurisdicional do Estado Democrático de Direito pela UNITOLEDO. Especialista em 
Direito Penal e Processual Penal pela UCDB. Graduada em Direito pela UCDB. Professora de Direito Penal 
e Processual Penal. Especializando em Direito Civil e Processual Civil. O presente artigo foi especialmente 
escrito para a aula de pós-graduação do curso promovido pela parceria 
interpretações divergentes acerca da problemática instaurada. Todavia, não há dúvidas que a 
exposição abusiva sem a devida cautela derivada do princípio da Presunção de Inocência, além 
de outros princípios e garantias fundamentais, acabam por causar não só danos materiais 
facilmente indenizáveis, mas sobretudo o dano moral relacionados na maioria das vezes a falta de 
ética sob o argumento de interesse público. 
Nesse sentido Eugenio Bucci2 ao discorrer sobre a ética na imprensa diferencia, 
 
o que é interesse público do que é curiosidade perversa do público, que 
pede o escanda-lo, doa a quem doer. É verdade que ninguém consegue 
traçar a fronteira universal entre um e outra, não existe uma receita 
abstrata que seja válida para todas as situações, mas a simples 
lembrança dessa cautela já traz mais elementos para uma boa decisão 
sobre os casos concretos que se apresentem. 
 
 Assim o objetivo do presente estudo é verificar o direito ao ressarcimento 
dos danos ocasionados pela não observância dos direitos e garantias e fundamentais 
inerentes a dignidade da pessoa humana, sobretudo porque esse princípio é aplicável a 
todos em virtude de sua qualidade, qual seja, “pessoa humana” sejam elas inocentes ou 
culpadas. 
 
 
 
2. A MÍDIA E O DESRESPEITO AS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO 
INVESTIGADO 
 
 
 
Não é de hoje que os meios de comunicação social exercem um poder 
quase sobrenatural sobre as pessoas, ainda mais quando se trata da divulgação de matérias 
de natureza criminal, sendo que em determinados casos a própria mídia acaba 
influenciando nas decisões sobre o futuro da pessoa investigada ou acusada de haver 
incorrido na prática de alguma conduta delituosa. 
Certo é que, em casos de maior repercussão, a simples menção ao nome 
ou a divulgação da imagem da pessoa, dispara um gatilho de ofensas a direitos 
constitucionais e processuais, passando o investigado ou acusado para a condição de 
culpado ao crivo da sociedade, fazendo com que os direitos constitucionais e processuais 
sejam deixados de lado, pois com a publicidade ostensiva passa então toda a sua vida a 
ser de conhecimento do público, nascendo assim um conflito entre princípios 
fundamentais assegurados na Carta Magna, de um lado o direito à informação e do outro 
 
2 BUCCI, Eugenio. Sobre Ética e Imprensa, 2000, pg. 155. 
os direitos individuais do cidadão tais como: a honra, a intimidade, a vida privada e a 
imagem, surgindo de tal violação o direito a reparação dos danos morais e materiais. 
Nesse sentido pode-se mencionar as diversas Operações realizadas pela 
Policia Federal, que em sua maioria tem nomes apoteóticos, a título de exemplo podemos 
citar a “Operação Lava Jato3”, a qual envolve uma série de profissionais de empresas 
renomadas, de Sociedades Anônimas e multinacionais, a exemplo das empreiteiras 
Odebrecht, Camargo Correia, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, UTC, OAS entre 
outras, que podem experimentar prejuízos incalculáveis com a propaganda negativa 
gerada pela publicidade abusiva, tais como: Inadimplência, suspensão de investimentos 
e demissões, tudo isso em virtude de operações que investigam suspeita de desvio de 
recursos em contratos ou propinas pagas a políticos, sem contudo ter ainda uma decisão 
concreta a esse respeito. 
Há ainda, o fato da excessiva informação negativa causar distorções nos 
julgamentos não só da sociedade, mas principalmente dos sujeitos processuais envolvidos 
na condução das investigações e das ações penais, tais como promotores, juízes, 
desembargadores, ministros entre outros4, eis que ninguém quer correr o risco de ver sua 
imagem associada as pessoas investigadas, assim na dúvida os sujeitos processuais 
acabam por manter prisões indevidas, condenar, ou seja, negar direitos para não contrariar 
os anseios da sociedade que em sua grande maioria é leiga no assunto e são levadas pela 
emoção. 
Insta esclarecer que o objetivo aqui não é de entrar no mérito para dizer se 
investigadores e acusados são inocentes ou culpados, mas sim que deve-se num primeiro 
momento resguardar a intimidade, a honra e a imagem das pessoas envolvidas, até porque 
ninguém poderá ser considerado culpado até o transito em julgado de sentença penal 
condenatória. 
Certo é que a Constituição Federal Brasileira, em seu artigo 5º inciso LX 
expressa que “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa 
da intimidade ou o interesse social o exigirem”. E ainda, temos o incido IX do artigo 93 
da Carta Magna, que por sua vez, estabelece “todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
 
3 Investigações descobriram um esquema criminoso suspeito de movimentar pelo menos R$ 10 bilhões, 
envolvendo pessoas conhecidas e influentes, como o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o 
doleiro Alberto Youssef. Trinta pessoas foram presas e devem responder por diversos crimes. Entre os 
comércios usados para lavar dinheiro estariam lavanderias, o que motivou a escolha do nome. In 
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/professor-pardal-vassourinha-satiagraha-saiba-como-
surgem-os-nomes-das-operacoes-da-pf-e9fvjyn3h2t66mdpjx0ejm632. Acesso em 28 de junho de 2015. 
4 Aury Lopes Junior, Introdução Críticaao Processo Penal, 2010, p. 181 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, 
podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus 
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade 
do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”. 
Nesse sentido é completamente ilegal a exposição na mídia das pessoas 
envolvidas em investigações, eis que a própria Constituição fala em atos processuais e 
não em investigações. 
De outro norte, o artigo 6º da Convenção Europeia5 para salvaguardar do 
homem aduz que: 
[...] O julgamento deve ser público, mas o acesso à sala de audiências 
pode ser proibido à imprensa ou ao público durante a totalidade ou parte 
do processo, quando a bem da moralidade, da ordem pública ou da 
segurança nacional numa sociedade democrática, quando os interesses 
de menores ou a proteção da vida privada das partes no processo o 
exigirem, ou, na medida julgada estritamente necessária pelo tribunal, 
quando, em circunstâncias especiais, a publicidade pudesse ser 
prejudicial para os interesses da justiça. 
 
E ainda, em seu artigo 6º item 26, determina que: “2. Qualquer pessoa 
acusada de uma infracção presume-se inocente enquanto a sua culpabilidade não tiver 
sido legalmente provada” 
Muito embora o artigo 220 da Constituição Federal, determine que “A 
manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, 
processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta 
Constituição”, tal liberdade deve ser restrita aos próprios limites dispostos na 
Constituição. 
Com isso, extraímos da dicção dos artigos em comento que a liberdade de 
informação deve respeitar os direitos fundamentais da pessoa humana como a honra e a 
intimidade até que se obtenha a máxima certeza da prática da conduta que está sendo 
apurada, ou seja, deve-se aguardar o trânsito em julgado de eventual sentença penal 
condenatória para que o indivíduo seja divulgado na mídia, sob pena de estar condenando 
previamente o acusado ou o investigado. 
Ademais, a Carta Magna determina em seu § 1º que “Nenhuma lei conterá 
dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística 
 
5 Convenção Europeia dos Direitos do Homem – disponível em: 
http://www.oas.org/es/cidh/expresion/showarticle.asp?artID=536&lID=4. Acesso em 22 de junho de 
2015, às 16:42. 
6 idem 
em qualquer veículo de comunicação social, observado os dispostos nos artigos. 5º IV - 
é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”; “V - é assegurado o 
direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral 
ou à imagem”, porém ressalta em seu inciso X que: “são invioláveis a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação”. 
Nesse mesmo viés, embora exista o interesse contrário, a Convenção é 
clara em seu artigo 10, itens 1 e 2 estabelece que essa liberdade implica em “deveres e 
responsabilidades, devendo ser submetido a certas formalidades, condições, restrições ou 
sanções, previstas pela lei” 
 
1. Qualquer pessoa tem direito à liberdade de expressão. Este direito 
compreende a liberdade de opinião e a liberdade de receber ou de 
transmitir informações ou ideias sem que possa haver ingerência de 
quaisquer autoridades públicas e sem considerações de fronteiras. O 
presente artigo não impede que os Estados submetam as empresas de 
radiodifusão, de cinematografia ou de televisão a um regime de 
autorização prévia. 
2. O exercício desta liberdades, porquanto implica deveres e 
responsabilidades, pode ser submetido a certas formalidades, 
condições, restrições ou sanções, previstas pela lei, que constituam 
providências necessárias, numa sociedade democrática, para a 
segurança nacional, a integridade territorial ou a segurança 
pública, a defesa da ordem e a prevenção do crime, a proteção da 
saúde ou da moral, a proteção da honra ou dos direitos de outrem, 
para impedir a divulgação de informações confidenciais, ou para 
garantir a autoridade e a imparcialidade do poder judicial. 
(Destacamos). 
 
Nesse diapasão, existe ainda, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e 
políticos, que em seu artigo 14, item 1: 
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de 
justiça. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com 
devidas garantias por um tribunal competente, independente e 
imparcial, estabelecido por lei, na apuração de qualquer acusação de 
caráter penal formulada contra ela ou na determinação de seus direitos 
e obrigações de caráter civil. A imprensa e o público poderão ser 
excluídos de parte da totalidade de um julgamento, quer por 
motivo de moral pública, de ordem pública ou de segurança 
nacional em uma sociedade democrática, quer quando o interesse 
da vida privada das Partes o exija, que na medida em que isso seja 
estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias 
específicas, nas quais a publicidade venha a prejudicar os interesses 
da justiça; entretanto, qualquer sentença proferida em matéria 
penal ou civil deverá torna-se pública, a menos que o interesse de 
menores exija procedimento oposto, ou processo diga respeito à 
controvérsia matrimoniais ou à tutela de menores. 
Na mesma linha de raciocínio preleciona Aury Lopes Jr7, ao discorrer 
sobre publicidade abusiva e a estigmatizarão do sujeito passivo: 
 
“[...] Os tempos mudaram e a imprensa também. Vivemos a era da 
informação e, com ela, do bizarro espetáculo. [...] O autor citando ainda 
Gomez de Liaño, aduz que: a imprensa é prodiga em criar uma cultura 
da suspeita e os juízos de papel são capazes de produzir maiores 
prejuízos que o próprio processo judicial. É muito mais formular uma 
acusação que destruí-la, da mesma forma que é mais simples abrir uma 
ferida que fecha-la, sem pontos nem cicatrizes. 
A pena pública é infante do Direito Penal pré-moderno foi ressuscitada 
e adaptada à modernidade mediante a exibição pública do mero 
suspeito nas primeiras páginas dos jornais ou nos telejornais. Essa 
execração ocorre não como consequência da condenação, mas da 
simples acusação (inclusive quando está ainda não foi formalizada pela 
denúncia), quando, todavia, o indivíduo ainda deveria estar sob o manto 
protetor da presunção de inocência.” 
 
 
Desse modo, aquele que ainda não tem contra si uma sentença penal 
transitada em julgado, se vê estigmatizado pelas diversas formas de comunicação ao ter 
a sua imagem associada a determinado fato delituoso sem que tenha sido condenado 
definitivamente pela autoridade competente têm o direito de ver-se ressarcido dos danos 
morais e materiais provocados pelo excesso de exposição negativa na mídia, seja pela 
própria empresa midiática, nos casos em que realizam por conta própria as investigações 
ou quando ocorra vazamentos de investigações pela polícia judiciária, principalmente em 
casos das chamadas “megaoperações” como a citada “lava Jato” que ganham destaque no 
cenário nacional. Nesse ponto Aury Lopes Jr8, conclui com brilhantismo que: 
 
“[...] O grande prejuízo vem da publicidade mediata, levada a cabo 
pelos meios de comunicação de massa, como o rádio, a televisão e a 
imprensa escrita, que informam a milhões de pessoas todo o 
ocorrido, muitas vezes deturpando a verdade em nome do 
sensacionalismo. (Destacamos). 
 
 
Assim, a divulgação ou a exposição prematura e abusiva de imagens ou 
nomesde pessoas envolvidas em investigações criminais, num primeiro momento 
certamente não se faz necessária à opinião da justiça e muito menos da opinião da 
 
7 Aury Lopes Junior, Introdução Crítica ao Processo Penal, 2010, p. 180 
 
8 Aury Lopes Junior, Introdução Crítica ao Processo Penal, 2010, p. 181 
 
sociedade, ao contrário, é estritamente necessária a mídia, que em sua grande maioria 
ganha com a divulgação dos fatos antecipadamente, acabando por influenciar no livre 
convencimento dos magistrados, causando danos às vezes irreparáveis a pessoa ou a 
empresa vítima dessa pratica, decorrendo daí o direito a reparação dos danos sofridos. 
 Ramonet9 discorre com precisão e maestria sobre o poder de persuasão 
que a mídia tem sobre os sujeitos da investigação e do processo, salientando que o mais 
dominante é a televisão, vejamos: 
 
[...] a atualidade é agora o que diz a mídia dominante [...] O que é verdadeiro 
e o que é falso? Se a imprensa, a rádio ou a televisão dizem que alguma coisa 
é verdadeira, isto se impõe como verdade mesmo que seja falso. O receptor 
não possui outros critérios de avaliação, pois, como não tem experiência 
concreta do acontecimento, só pode orientar-se confrontando os 
diferentes meios de comunicação uns com os outros e se todos dizem a 
mesma coisa, é obrigado a admitir que é a versão correta dos fatos, a 
notícia “verdade oficial” (destacamos) 
 
 
3. DOS DANOS EXPERIMENTADOS PELO INVESTIGADO/ACUSADO. 
 
Conforme o artigo 186 do Código Civil Brasileiro, “Aquele que, por ação 
ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Na mesma seara encontramos o artigo 
927 do Código Civil, prelecionando que “aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), 
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. 
O Ministro Luis Felipe Salomão10, ao decidir sobre danos no REsp, 
1.245.550-MG, salientou que: 
[...] Os bens jurídicos cuja afronta caracteriza o dano moral são os 
denominados pela doutrina como direitos da personalidade, que são 
aqueles reconhecidos à pessoa humana tomada em si mesma e em suas 
projeções na sociedade. (Destacamos) 
A CF/88 deu ao homem lugar de destaque, realçou seus direitos e fez 
deles o fio condutor de todos os ramos jurídicos. 
A dignidade humana pode ser considerada, assim, um direito 
constitucional subjetivo – essência de todos os direitos personalíssimos 
–, e é o ataque a esse direito o que se convencionou chamar dano 
moral.” 
 
9 RAMONET, Inácio. A tirania da Comunicação, data da digitalização 2002, publicação 1999. Ed. Vozes. 
10 STJ. 4ª Turma. REsp 1.245.550-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/3/2015 (Info 
559). 
 
Desta forma, podemos conceituar o dano moral, segundo as lições do 
ilustre doutrinador Carlos Roberto Gonçalves11 como sendo aquele que “atinge o 
ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos 
da personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a imagem, o bom nome, etc., 
como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que acarreta ao 
lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação”. 
Para um dos maiores doutrinadores sobre o assunto, Yussef Said Cahali “o 
dano moral, portanto, é a dor resultante da violação de um bem juridicamente tutelado, 
sem repercussão patrimonial. Seja dor física – dor-sensação, como a denominada 
Carpenter – nascida de uma lesão material; seja a dor moral – dor-sentimento, de causa 
imaterial.” 
Insere-se dentro do direito a reparação de danos morais, o dano causado à 
imagem da pessoa indevidamente exposta. No caso do presente trabalho, o que se discute 
é o fato de que a pessoa investigada não perde sua personalidade ou deixa de ser sujeito 
de direito, pois o artigo 20 do Código Civil traz em seu bojo algumas exceções. Pergunta-
se, em qual item se enquadra a exposição vexatória de acusados na mídia? In verbis: 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da 
justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a 
transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da 
imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem 
prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa 
fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes 
legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os 
descendentes. 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a 
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para 
impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. 
 
Certo é que, a partir da exposição da imagem da pessoa, seja física ou 
jurídica, dependendo da condição que a mesma ocupa na sociedade causa repercussões 
sociais na maioria das vezes irreparáveis. A Constituição Federal não foi silente quanto 
ao direito de ver o dano à imagem reparada, eis que ao estabelecer que "é livre a 
manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" assegurou em seguida, o 
"direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, 
moral ou à imagem". 
 
11 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 3. ed. rev. e atual, 2008, pg. 359. 
Nesse sentido, mesmo que exista dentro do ordenamento jurídico a 
previsão a livre manifestação de pensamento, o mesmo sistema também regulamenta o 
direito a reparação do dano decorrente da manifestação de pensamento quando este gerar 
dano à imagem da pessoa, numa relação de causa e efeito, ou seja, existe consequências 
da má utilização dessa liberdade. 
Toma-se como exemplo de dano à imagem, a prisão do ex-prefeito Celso 
Pitta, que foi preso e algemado em frente às câmeras de televisão quando da deflagração 
da “Operação Satiagraha” pela Polícia Federal no ano de 2008. 
Essa imagem gerou uma grande comoção social, até porque era um 
cidadão público de 61 anos de idade, prisão efetuada de forma vexatória eis que teve sua 
vida privada e sua imagem exposta na mídia, desrespeitando todas as garantias 
constitucionais do cidadão conferidas em um Estado democrático de direito. Pois nesse 
caso certamente não houve autorização do investigado, a imagem de sua prisão não era 
necessária à administração da justiça ou mesmo colaborava com manutenção da ordem 
pública, ao contrário o que houve foi apenas o descumprimento do dever constitucional, 
dentre as funções da polícia judiciária certamente não está o dever ou o direito de alardear 
o cumprimento de ordens judiciais. 
Nesse sentido, quando o cidadão tem sua imagem vilipendiada, surge o 
direito a reparação dos danos, o quais devem atender aos princípios da razoabilidade, 
conforme a situação específica a ser demonstrada em Juízo, devendo para tanto ser levado 
em consideração os abalos que foram sofridos em decorrência da exposição indevida da 
imagem, bem como potencial econômico do ofensor, para que o ofensor seja devidamente 
penalizado, desestimulando assim a reincidência da conduta reprovável. 
Segundo Fernando Noronha12, para a reparação de danos extrapatrimoniais 
deve ser observado o seguinte: 
[...] princípio da satisfação compensatória”, pois “o quantitativo 
pecuniário a ser atribuído ao lesado nunca poderá ser equivalente a um 
preço”, mas “será o valor necessário para lhe proporcionar um lenitivo 
para o sofrimento infligido, ou uma compensação pela ofensa à vida ou 
integridadefísica” 
 
 
12 NORONHA, Fernando. Direito das Obrigações. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 569 
É cediço que em matéria de danos morais a matéria não é pacifica, ainda 
mais quando se trata de conflitos de interesse, de um lado a liberdade de imprensa e de 
outro os direitos e garantias da pessoa humana. 
Nesse diapasão, para superar conflitos dessa natureza, deve-se lançar mão 
da “Logica do Razoável”, teoria essa proposta pelo jurista, filosofo e sociólogo Recaséns 
Siches13, segundo o qual, “O direito deve basear-se em valores de alto escalão. Justiça 
Dignidade da pessoa humana, indivíduo, Liberdades fundamentais do homem, bem-estar 
geral, a paz, a ordem, seguridade, etc”. Nesse sentido o Egrégio Tribunal de Justiça do 
Estado do Rio de Janeiro proferiu acertada decisão: 
“RESPONSABILIDADE CIVIL. Dano Moral. Configuração. 
Princípio da Lógica do Razoável. Na tormentosa questão de saber o que 
configura o dano moral, cumpre ao juiz seguir a trilha da lógica do 
razoável, em busca da sensibilidade ético-social normal. Deve tomar 
por paradigma o cidadão que se coloca a igual distância do homem frio, 
insensível e o homem de extrema sensibilidade. Nessa linha de 
princípio, só devem ser reputados como dano moral a dor, vexame, 
sofrimento ou humilhação que, fugindo a normalidade, interfira 
intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-
lhe aflição, angústia e desequilíbrio em seu bem estar, não bastando 
mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade 
exacerbada.” (Acórdão da 2ª Câm. Cível do Tribunal de Justiça do 
Estado do Rio de Janeiro-RJ, exarado nos autos da apelação Cível nº 
8.218/95.Rel. Des. Sérgio Cavalieri Filho)”. 
 
 Assim, não só o dano e material mas também o dano à imagem deve ser 
indenizado na proporção da lesão sofrida, até porque segundo o princípio do NEMINEM 
LAEDERE: “A ninguém é dado causar prejuízo a outrem.” 
 
Voltando as operações efetuadas pela polícia federal, as quais em sua 
maioria envolvem pessoas públicas ou empresas de grande portes, é perfeitamente cabível 
a indenização pelos danos causados em razão da exposição abusiva na mídia (televisiva 
ou por meio de endereços eletrônicos disponíveis na internet) eis que essas exposições 
causam impactos, como fora dito, as vezes irreparáveis, pois as imagens caem no 
desprestigio em virtude da propaganda negativa efetuada. 
 
Nesse sentido tem caminhado a Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado 
do Rio de Janeiro-RJ: 
 
 
13 SICHES, Recaséns Luis. Introducion al Estudio del Direcho. 1997, p. 255. 
 
 
0013430-91.2008.8.19.0209 - APELACAO - 1ª Ementa 
DES. CELSO PERES - Julgamento: 26/01/2011 - DECIMA CAMARA 
CIVEL. Imprensa. Notícias associando indevidamente a imagem-
atributo da autora a um furto ocorrido em loja de shopping. Preliminar 
de ilegitimidade passiva que não merece prosperar. Liberdade de 
informar que implica no dever de investigar a veracidade da 
informação. A responsabilidade e o zelo no desempenho das funções 
dos órgãos e profissionais de imprensa apresentam-se como 
contrapartida inequívoca à liberdade ampla e sem restrição, que deve 
operar em tal atividade. Conduta ilícita inequivocamente comprovada 
nos autos. Dano moral configurado. Valor indenizatório, arbitrado em 
R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais), que bem atende aos parâmetros 
da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como às peculiaridades 
do caso. Distribuição dos ônus da sucumbência que deve observar a 
Súmula 105 desta Corte Estadual. Apelos improvidos. 
Íntegra do Acórdão - Data de Julgamento: 26/01/2011. 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DE EMPRESA JORNALISTICA. 
INFORMACOES INVERIDICAS. PUBLICACAO 
JORNALISTICA. 
OFENSA A HONRA. AUSENCIA DO DEVER DE CUIDADO. 
OBRIGACAO DE INDENIZAR. 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS 
MORAIS. Matéria jornalística atribuindo ao apelado a condição de 
traficante, portador do vírus HIV e criador ilegal de jacarés. Nome do 
autor parecido com o nome de seu filho, o verdadeiro criminoso, tendo 
sido tal informação repassada aos apelantes pelas autoridades policiais. 
Órgãos de imprensa que não verificaram a procedência das informações 
antes de publicá-las. Ausência do dever de cuidado. Fato exclusivo de 
terceiro não comprovado. Ponderação de valores constitucionais 
devendo o direito à imagem e à intimidade sobrepor-se a liberdade de 
informação. Danos morais configurados. Precedentes do STJ e desta 
corte. Valor arbitrado que se mostra proporcional e razoável. Sentença 
que se mantém. Recursos desprovidos. 
Decisão Monocrática: 26/07/2010. 
 
 
PROGRAMA DE TELEVISAO EXIBICAO DE FILMAGEM 
OFENSA A HONRA APRESENTACAO DA PROVA EM JUIZO 
TEORIA DINAMICA DE DISTRIBUICAO DO ONUS DA 
PROVA INDENIZACAO POR DANOS MORAIS. 
Apelação cível. Responsabilidade civil. Exibição de imagens ofensivas 
a honra do autor filmado pela equipe de reportagem da ré durante 
operação da Polícia Federal. Veiculação das imagens no programa 
"Balanço Geral", em que o apresentador Wagner Montes refere-se aos 
funcionários da drogaria, dentre eles o apelante, como integrantes de 
quadrilha. Sentença de improcedência que se reforma. Teoria Dinâmica 
de Distribuição do Ônus da Prova. O juiz deve valorar, no caso 
concreto, qual das partes dispõe das melhores condições de suportar o 
ônus da prova e impor o encargo de provar os fatos àquela que possa 
fazê-lo com menos inconvenientes, mesmo que os fatos tenham sido 
alegados pela parte contrária. Dano moral configurado. Imputação ao 
apelante, em rede nacional, da prática de vários crimes. Fixação do 
quantum indenizatório em R$ 10.000,00. Recurso provido. 
Íntegra do Acórdão - Data de Julgamento: 12/05/2010. 
 
 
0013245-62.2000.8.19.0038 (2009.001.04276) - APELACAO - 1ª 
Ementa 
DES. MARIO ROBERT MANNHEIMER - Julgamento: 15/12/2009 - 
DECIMA SEXTA CAMARA CIVEL.Responsabilidade Civil. Ação de 
Indenização por Danos Morais. Matéria veiculada no jornal de 
propriedade da Ré, noticiando a prática de crime de sequestro, seguido 
de homicídio pelo Autor, à época policial militar, em coautoria com 
outros, apurando-se, posteriormente, que a suposta vítima estava viva e 
que o Suplicante se encontrava de serviço quando ocorreram os fatos a 
ele imputados. O direito de informação não é absoluto, vedando-se a 
divulgação de notícias mentirosas, enganosas ou fraudulentas, que 
exponham indevidamente a intimidade ou acarretem danos à honra e à 
imagem dos indivíduos, violando-se, em última análise, o princípio da 
dignidade da pessoa humana. Caracterizado o abuso no direito de 
informar por parte da Ré porque, embora o Autor tenha sido envolvido 
nas investigações realizadas, chegando a ser decretada sua prisão 
temporária, a publicação efetuada pela Suplicada não se limitou à 
noticiar os fatos de maneira objetiva, relatando as investigações 
realizadas, mas adotou um cunho sensacionalista, apontando o ora 
Apelado nominalmente, desde logo, como participante direto do 
sequestro e posterior assassinato, sendo que, ao noticiar, 
posteriormente, que a suposta vítima se encontrava viva e que o Autor 
tinha sido inocentado, o fez sem nenhum destaque, sequer mencionando 
o nome do Suplicante, referindo-se a ele simplesmente como 
"sargento”. Outrossim, embora afirmasse em sua contestação que os 
fatos narrados na reportagem se embasaram em relatos da autoridade 
policial, a Ré não anexou aos autos nenhuma peça de inquérito ou 
investigação policial para comprovar o alegado. O abuso no direito de 
informar atingiu, inegavelmente, a reputaçãodo Autor, configurando 
dano moral indenizável Valor da indenização pelo dano moral fixada 
em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), que se afigura demasiadamente 
elevado, considerando que o dano à reputação do Autor e o abalo 
emocional por ele sofrido em função do ocorrido, que inclusive o 
impediram de retornar às suas funções de policial, não podem ser 
atribuídos exclusivamente à ação da ora Apelante, decorrendo 
principalmente da própria imputação feita ao ora Apelado, bem como 
da decretação de sua prisão temporária. Redução do quantum 
indenizatório para 
 
 
0242191-30.2007.8.19.0001 (2009.001.16838) - APELACAO - 1ª 
Ementa 
 
 
0037739-58.2007.8.19.0001 (2007.001.50547) - APELACAO - 1ª 
Ementa 
DES. MARCOS ALCINO A TORRES - Julgamento: 13/11/2007 - 
PRIMEIRA CAMARA CIVEL INDENIZATÓRIA. NOTICIA 
INVERÍDICA E DESABONADORA PUBLICADA EM JORNAL DE 
GRANDE CIRCULAÇÃO. DANO MORAL. Sendo garantido 
constitucionalmente às empresas jornalísticas o direito de informar as 
fatos do dia-a-dia, da mesma forma tem o cidadão o direito à honra e 
imagem bem como indenização por dano moral em caso de sua 
violação. Não permite o ordenamento jurídico que a liberdade de 
expressão seja utilizado para enriquecimento às custas da degradação 
da imagem de qualquer pessoa física ou jurídica, prevalecendo neste 
caso o direito à honra sobre o de informação. Não se ignora o delito 
cometido pelo autor mas inegável a grande diferença na repercussão 
existente entre a notícia de participação em crime de furto de energia e 
a participação em perigosa quadrilha acusada de vários roubos e atos de 
violência. Abuso do direito de informação que extrapola o mero 
aborrecimento cotidiano. Valor arbitrado que se mostra justo e 
adequado e que, portanto, deve ser mantido. Sucumbência recíproca 
que não se configura diante do inacolhimento do valor indenizatório 
pleiteado, conforme entendimento contido na súmula 105 deste 
Tribunal. Recurso improvido. 
Íntegra do Acórdão - Data de Julgamento: 13/11/2007 
 
 
0068659-83.2005.8.19.0001 (2007.001.20828) - APELACAO - 1ª 
Ementa DES. CRISTINA TEREZA GAULIA - Julgamento: 
12/06/2007 - QUINTA CAMARA CIVEL 
Apelação cível. Responsabilidade civil. Reparação por dano moral. 
Veiculação em telejornal de matéria exibindo a imagem do autor, 
apontando-o equivocadamente como suspeito de participação em crime 
de roubo a uma agência bancária. Violação do direito à honra e imagem. 
Art. 5º, inc. X, Constituição Federal/88. Liberdade de imprensa que não 
pode ultrapassar os limites do direito da personalidade. Negligência na 
averiguação da veracidade da notícia, esta divulgada por meio de 
comunicação de massa (televisão) de enorme abrangência e 
repercussão. Aplicação dos arts. 186 e 927 NCC. Inteligência do inc. V 
do art. 5º da CF/88 que prevalece sobre o §3º do art. 29 da Lei de 
Imprensa. Retratação pelo meio de comunicação que se impõe visando 
a ampla e efetiva reparação daquele que teve direito personalíssimo 
aviltado. Dano in re ipsa. Valor da indenização fixado dentro dos 
parâmetros de proporcionalidade e razoabilidade. Recursos 
desprovidos. 
Íntegra do Acórdão - Data de Julgamento: 12/06/2007. 
 
 
Não se pode olvidar que nos dias atuais existe uma verdadeira “loucura” 
em busca pelo ibope, na qual a mídia e autoridades policiais não sopesam o “estrago” que 
podem provocar na vida das pessoas envolvidas. Gustavo Tepedino14, ao falar sobre o 
assunto salienta que a mídia 
 
“[...] Não pode ela, levianamente, divulgar suspeitas sobre pessoas, sem 
um mínimo controle judicial. Muitos inocentes, mercê da irresistível 
vocação de certas autoridades para o ‘show biz’, tornam-se 
irremediavelmente condenados, perante o público, diante de mera 
suspeita delituosa. O direito à informação não pode sobrepujar a 
 
14 TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil. Renovar, 2001, p. 477 
discrição a respeito de inquéritos que, se divulgados, causam danos 
irreparáveis ao acusado. Provada sua inocência, ninguém mais se 
interessa pela notícia, e sua reputação fica definitivamente abalada” 
 
 
Concluindo, e nos socorrendo nas palavras do doutrinador Paulo José da 
Costa Jr. “por honra dever-se-á entender não só a consideração social, o bom nome e a 
boa fama, como o sentimento íntimo, a consciência da própria dignidade pessoal. Isto é, 
honra é a dignidade pessoal refletida na consideração alheia e no sentimento da própria 
pessoa.” E ainda, não se pode esquecer que toda pessoa tem o direito de ser considerada 
inocente, até o transito em julgado da sentença penal condenatória. 
Ademais o a que se levar em consideração que no ordenamento jurídico 
brasileiro o investigado ou acusado tem direito ao sigilo das investigações e/ou ações 
penais, instituto esse que visa à proteção do indivíduo dos excessos de ataques a sua 
honra, reputação relacionados ao seu nome e ou imagem. 
 
 
CONCLUSÕES: 
 
 
 Após todo o exposto pode-se chegar à seguinte conclusão: O direito a 
honra, a intimidade, a imagem do investigado e do acusado em processos criminais, deve 
ser reparado quando venha a ser lesado em virtude das abusivas propagandas negativas 
constantes de matérias jornalísticas, seja essa por investigação própria, ou mesmo por 
vazamento de investigações efetuadas pela polícia, até porque a mídia sempre auferirá 
ganhos em cima da matéria jornalística sensacionalista. E de outro lado a vida da pessoa 
que foi indevidamente exposta jamais retornará ao status quo, passando o mesmo a 
experimentar danos irreparáveis deixando marcas indeléveis na vida do sujeito. 
Sendo assim, quando houver negligência na averiguação da veracidade da 
notícia, divulgada por meio de comunicação, que como é sabido é de enorme abrangência 
e repercussão, expondo a pessoa a situações constrangedoras, deve ser levado em 
consideração os vetores dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, quando 
da colisão dos direitos, de um lado o direito da imprensa de noticiar os fatos ocorridos e 
de outro o do sujeito de ver sua vida privada tratada com o devido respeito à dignidade 
da pessoa humana, de modo a evitar que tenha a sua imagem ou nome denegridos antes 
do trânsito em julgado de eventual sentença penal condenatória. 
 
REFERÊNCIAS: 
 
BUCCI, Eugenio. Sobre Ética e Imprensa. Editora. Cia. Das Letras, 2000. 
 
CAHALI, Yussef Said. Dano moral. São Paulo. Revista dos Tribunais, 2011. 
 
COSTA JUNIOR, Paulo José. Código Penal Anotado. 2ª ed. São Paulo: DPJ, 2009 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: 
Saraiva, 2008. v. IV. 
 
LOPES JUNIOR, Aury. Introdução Crítica ao Processo Penal. 5ª edição, Revista, 
Atualizada e Ampliada. Ed. Lumen Juris 2010. 
NORONHA, Fernando. Direto da Obrigações. Volume I. São Paulo: Editora Saraiva, 1ª 
Edição, 2003. 
 
SICHES, Recaséns Luis. Introdución al Estudio Del Derecho- Décima segunda Edición. 
Editorial Porrúa. Mexico. 1997. 
 
TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil, Rio de Janeiro. Editora. Renovar, 2001.

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