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BECM_2013_unidade2

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Unidade 2
Conhecimento como crenças verdadeiras justificadas
CIÊNCIA E CONHECIMENTO
Duas perguntas básicas:
• O que é o conhecimento em geral?
• O que é o conhecimento científico?
Nossa tarefa nesta unidade será analisar essas questões.
Sobre nossas crenças
• Cada pessoa tem “acesso” ao mundo através de seus próprios
sentidos;
• A partir dessas experiências sensoriais, que são individuais, 
“representamos” o mundo à nossa volta;
• Além disso, acreditamos nessas reprensentações, de tal maneira que, 
em última instância, o que temos são crenças (beliefs) sobre a 
realidade. 
Usualmente, as crenças são divididas em dois tipos:
Crenças verdadeiras são aquelas que realmente representam as características do 
objeto. Em termos técnicos, a verdade da crença corresponde ao objeto.
Crenças falsas são aquelas cuja verdade não corresponde ao objeto. Uma ilusão dos 
sentidos, por exemplo, pode gerar uma crença falsa, tal como uma miragem no 
deserto.
Pergunta: O que isso tem a ver com o conhecimento?
Resposta: O conhecimento é formado por crenças verdadeiras, isto é, crenças que
correspondem à realidade do objetos. Crenças falsas não devem fazer parte do 
conhecimento.
Mas é agora que começam os problemas...
Quando “chutamos” determinado estado de coisas, pode ser que nossa 
crença seja verdadeira mas acidental. Por exemplo, faço a seguinte 
afirmação: 
“Tenho para mim que minha esposa está, 
neste exato momento, sozinha em casa”.
Pois bem, se ela estiver mesmo sozinha em casa, minha crença é 
verdadeira. Entretanto, eu não tenho garantias totais acerca disso (não há 
nada que impeça que ela tenha saído ou esteja recebendo visitas). Outro 
exemplo é um “bolão” de futebol: aquele que acerta o resultado tinha uma 
crença verdadeira, mas isso aconteceu “por acaso”.
Portanto, conhecimento não é simplesmente uma crença verdadeira. É 
preciso justificar a correspondência entre a crença e a realidade das 
coisas. 
Definição: Conhecimento é crença verdadeira justificada.
Ou seja, não adianta apenas que tenhamos crenças
verdadeiras, pois também precisamos justificar porque
elas são verdadeiras e não poderiam ser falsas.
Finalmente, o que é então o conhecimento científico?
Conhecimento em geral são crenças verdadeiras justificadas, e isso pode 
englobar diversas atividades. Por exemplo, a gastronomia pode ser vista 
como uma forma de conhecimento a respeito do preparo dos alimentos, 
tendo seu corpo de crenças justificadas por anos e anos de experiências.
Por sua vez, o conhecimento científico propriamente dito, não se distingue 
essencialmente pela verdade de suas crenças (apesar da verdade ser 
fator de máxima importância), mas sim pelo modo que essas verdades 
são justificadas.
Definição: Conhecimento científico são crenças verdadeiras justificadas 
pelos métodos científicos. 
O papel da Lógica
“A lógica considera a forma que deve ter qualquer tipo de 
discurso que pretenda demonstrar algo e, em geral, queira ser 
probatório. A lógica mostra como procede o pensamento 
quando pensa, qual é a estrutura do raciocínio, quais os seus 
elementos, como é possível fornecer demonstrações, que 
tipos e modos existem, como e quando são possíveis”.
História da Filosofia Antiga. Reale, Giovanni. Vol. II. Ed. Loyola. 
Brasil. 1994. pp 451 – 452.
A palavra LÓGICA deriva da palavra grega LOGOS, que significa
discurso racional. Por Lógica entende-se a ciência que estuda as
expressões e formas do raciocínio.
Essas formas do raciocínio são convenções úteis aceitas por todos
intelectos que buscam estabelecer verdades para questões científicas.
Pode-se dizer que a Lógica estipula as regras do jogo no debate
científico.
Por essa razão, a Lógica é uma disciplina praticada em comunidade.
Aquilo que é um raciocínio lógico para alguém deve coincidir com
aquilo que é lógico para as demais pessoas. Trata-se de uma questão
de estar em acordo ou em desacordo com o pensamento geral.
Conceitos légicos básicos
Proposições: Uma proposição é uma asserção à qual podemos atribuir
verdade ou falsidade. Por exemplo, vamos discutir as seguinte frases.
• Eu estou com sede.
• Por favor, me dê um copo de água.
Há uma diferença entre essas suas asserções. À primeira nós podemos
atribuir verdade ou falsidade. Mas não se pode atribuir verdade ou falsidade
à segunda frase. Desse modo, a primeira é uma proposição; mas a
segunda não é uma proposição.
Princípios Fundamentais da Lógica Clássica
I) PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: Uma proposição não pode ser 
verdadeira ou falsa ao mesmo tempo.
O princípio da não contradição funciona mais ou menos como a noção que 
um corpo não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Mas esse 
princípio precisa ser complementado por um segundo, qual seja
II) PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: Toda proposição é verdadeira 
ou é falsa, isto é, verifica-se sempre um destes dois casos mas nunca 
um terceiro.
O princípio do terceiro excluído estipula que não há nenhum estado 
intermediário entre a verdade ou falsidade, não existe, por assim dizer, o 
meio do caminho.
Em razão desses princípio a Lógica Clássica é uma lógica bi-valente. Toda 
proposição tem um, e só um, valor de verdade (V) ou falsidade (F).
Argumentos: Um argumento consiste em uma seqüência finita de
proposições, também chamada de premissas, que acarretam ou têm como
conseqüência uma proposição final, uma conclusão.
O argumento mais simples possível é composto por duas premissas e uma
conclusão. Esse tipo de argumento é chama do SILOGISMO. Como exemplo
de um silogismo temos:
Todos os cães são mamíferos (1ª premissa)
Todos os mamíferos são animais (2 ª premissa)
Portanto, todos os cães são animais (Conclusão)
Na realidade, a Lógica não se reduz somente ao estudo dos silogismos. Mas
como é o argumento mais simples que existe, então ele foi estudado
minuciosamente, em todos os detalhes, e serve como base para os estudos
posteriores.
As proposições que compõem um argumento são consideradas como sendo os
conteúdos desse argumento. Mas os mesmos conteúdos podem ser arranjado de
diversas formas. Por exemplo, o silogismo abaixo possui o mesmo conteúdo do
anterior, mas a forma como esses conteúdos foram arranjados é bem diferente:
Todos os mamíferos são animais 
Todos os cães são animais,
Portanto, todos cães são mamíferos.
Note bem como a FORMA em que as proposições são arranjadas altera
completamente os argumentos em questão. No caso anterior, a forma com que as
premissas se ligam nos leva obrigatoriamente à conclusão. Mas nesse último
exemplo, a conclusão, embora verdadeira, não deriva obrigatoriamente das
premissas. O argumento é falho porque suas proposições estão mal arranjadas.
O GRANDE INTERESSE DA LÓGICA É ESTUDAR 
AS FORMAS DOS ARGUMENTOS. 
A coisa mais importante que existe em Lógica
ARGUMENTOS NÃO PODEM SER 
VERDADEIROS OU FALSOS !!!
Verdade ou falsidade são atribuídas a proposições isoladamente, isto é, atribui-se 
verdade ou falsidade a cada uma das premissas e à conclusão dos argumentos.
Os argumentos que têm uma boa forma são chamado de VÁLIDOS
Os argumentos que não têm uma boa forma são chamados de INVÁLIDOS
Em suma, verdade é diferente de validade. Verdade consiste no fato das 
proposições coincidirem com a realidade dos fatos. Enquanto que a validade consiste 
no fato de o argumento possuir uma boa forma.
Definição de validade:
Um argumento é válido quando a conclusão tem que ser verdadeira se as
premissas fossem verdadeiras. Em outras palavras, a (possível) verdade das
premissas é incompatível com a falsidade da conclusão.
Mas note-se uma coisa extremamente importante. A validade depende
exclusivamente da relaçãoformal, do arranjo, das premissas e da conclusão. Afirmar
que um dado argumento é válido significa que as premissas estão de tal modo
relacionadas com a conclusão que não seria possível ter a conclusão falsa caso as
premissas fossem verdadeiras.
Quando, de fato, as premissas são verdadeiras e o argumento é válido, 
então, como um todo, o argumento é dito CORRETO ou SÓLIDO.
Teste de validade com diagramas de Venn
• Fornecem um método para se testar a validade de silogismos.
Representando as proposições
Todo A é B
1o. passo: Construa dois círculos (A e B) que se intersectam;
2o. passo: Hachure a área de A que não intersecta com B, como 
se estivesse apagando a parte de A que não pertence a B.
Nenhum A é B
1o. passo: construa dois círculos (A e B) que se intersectam;
2o. Passo: hachure a área de intersecção, como se estivesse 
apagando a área de A que também pertence a B
Algum A é B
• 1o. passo: construa dois círculos (A e B) que se intersectam;
• 2o. passo: assinale com um X a intersecção, indicando que existe 
algum elemento de A que também pertence a B
Algum A não é B
1o. passo: construa dois círculos (A e B) que se intersectam;
2o. passo: assinale com um X a parte de A que não intersecta B, 
indicando que existe algum elemento de A que não pertence a 
B
Exemplo 1
Todos os cães são mamíferos (1ª premissa)
Todos os mamíferos são animais
Portanto, todos os cães são animais 
Todos os cães são mamíferos (1ª premissa)
Todos os mamíferos são animais (2ª. Premissa)
Portanto, todos os cães são animais 
Exemplo 2
Todos os mamíferos são animais (1ª. Premissa) 
Todos os cães são animais,
Portanto, todos cães são mamíferos
Todos os mamíferos são animais (1ª. Premissa) 
Todos os cães são animais (2ª. Premissa)
Portanto, todos cães são mamíferos
Exemplo 3
Todo cão é animal (1a. Premissa)
Nenhum cão é mamífero
Portanto, todo mamífero é animal
Exemplo 3
Todo cão é animal (1a. Premissa)
Nenhum cão é mamífero (2a. Premissa)
Portanto, todo mamífero é animal
Exemplo 4
Todo cão é mamífero (1a. premissa)
Nenhum mamífero é animal
Portanto, nenhum cão é animal
Exemplo 4
Todo cão é mamífero (1a. premissa)
Nenhum mamífero é animal (2a. Premissa)
Portanto, nenhum cão é animal
Exemplo 5
Nenhum mamífero é animal
Algum cachorro é mamífero
Portanto, algum cachorro não é animal
Exemplo 6:
Todo mamífero é animal
Algum cão é animal
Portanto, algum mamífero é cão

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