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Unidade 2 Conhecimento como crenças verdadeiras justificadas CIÊNCIA E CONHECIMENTO Duas perguntas básicas: • O que é o conhecimento em geral? • O que é o conhecimento científico? Nossa tarefa nesta unidade será analisar essas questões. Sobre nossas crenças • Cada pessoa tem “acesso” ao mundo através de seus próprios sentidos; • A partir dessas experiências sensoriais, que são individuais, “representamos” o mundo à nossa volta; • Além disso, acreditamos nessas reprensentações, de tal maneira que, em última instância, o que temos são crenças (beliefs) sobre a realidade. Usualmente, as crenças são divididas em dois tipos: Crenças verdadeiras são aquelas que realmente representam as características do objeto. Em termos técnicos, a verdade da crença corresponde ao objeto. Crenças falsas são aquelas cuja verdade não corresponde ao objeto. Uma ilusão dos sentidos, por exemplo, pode gerar uma crença falsa, tal como uma miragem no deserto. Pergunta: O que isso tem a ver com o conhecimento? Resposta: O conhecimento é formado por crenças verdadeiras, isto é, crenças que correspondem à realidade do objetos. Crenças falsas não devem fazer parte do conhecimento. Mas é agora que começam os problemas... Quando “chutamos” determinado estado de coisas, pode ser que nossa crença seja verdadeira mas acidental. Por exemplo, faço a seguinte afirmação: “Tenho para mim que minha esposa está, neste exato momento, sozinha em casa”. Pois bem, se ela estiver mesmo sozinha em casa, minha crença é verdadeira. Entretanto, eu não tenho garantias totais acerca disso (não há nada que impeça que ela tenha saído ou esteja recebendo visitas). Outro exemplo é um “bolão” de futebol: aquele que acerta o resultado tinha uma crença verdadeira, mas isso aconteceu “por acaso”. Portanto, conhecimento não é simplesmente uma crença verdadeira. É preciso justificar a correspondência entre a crença e a realidade das coisas. Definição: Conhecimento é crença verdadeira justificada. Ou seja, não adianta apenas que tenhamos crenças verdadeiras, pois também precisamos justificar porque elas são verdadeiras e não poderiam ser falsas. Finalmente, o que é então o conhecimento científico? Conhecimento em geral são crenças verdadeiras justificadas, e isso pode englobar diversas atividades. Por exemplo, a gastronomia pode ser vista como uma forma de conhecimento a respeito do preparo dos alimentos, tendo seu corpo de crenças justificadas por anos e anos de experiências. Por sua vez, o conhecimento científico propriamente dito, não se distingue essencialmente pela verdade de suas crenças (apesar da verdade ser fator de máxima importância), mas sim pelo modo que essas verdades são justificadas. Definição: Conhecimento científico são crenças verdadeiras justificadas pelos métodos científicos. O papel da Lógica “A lógica considera a forma que deve ter qualquer tipo de discurso que pretenda demonstrar algo e, em geral, queira ser probatório. A lógica mostra como procede o pensamento quando pensa, qual é a estrutura do raciocínio, quais os seus elementos, como é possível fornecer demonstrações, que tipos e modos existem, como e quando são possíveis”. História da Filosofia Antiga. Reale, Giovanni. Vol. II. Ed. Loyola. Brasil. 1994. pp 451 – 452. A palavra LÓGICA deriva da palavra grega LOGOS, que significa discurso racional. Por Lógica entende-se a ciência que estuda as expressões e formas do raciocínio. Essas formas do raciocínio são convenções úteis aceitas por todos intelectos que buscam estabelecer verdades para questões científicas. Pode-se dizer que a Lógica estipula as regras do jogo no debate científico. Por essa razão, a Lógica é uma disciplina praticada em comunidade. Aquilo que é um raciocínio lógico para alguém deve coincidir com aquilo que é lógico para as demais pessoas. Trata-se de uma questão de estar em acordo ou em desacordo com o pensamento geral. Conceitos légicos básicos Proposições: Uma proposição é uma asserção à qual podemos atribuir verdade ou falsidade. Por exemplo, vamos discutir as seguinte frases. • Eu estou com sede. • Por favor, me dê um copo de água. Há uma diferença entre essas suas asserções. À primeira nós podemos atribuir verdade ou falsidade. Mas não se pode atribuir verdade ou falsidade à segunda frase. Desse modo, a primeira é uma proposição; mas a segunda não é uma proposição. Princípios Fundamentais da Lógica Clássica I) PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: Uma proposição não pode ser verdadeira ou falsa ao mesmo tempo. O princípio da não contradição funciona mais ou menos como a noção que um corpo não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Mas esse princípio precisa ser complementado por um segundo, qual seja II) PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: Toda proposição é verdadeira ou é falsa, isto é, verifica-se sempre um destes dois casos mas nunca um terceiro. O princípio do terceiro excluído estipula que não há nenhum estado intermediário entre a verdade ou falsidade, não existe, por assim dizer, o meio do caminho. Em razão desses princípio a Lógica Clássica é uma lógica bi-valente. Toda proposição tem um, e só um, valor de verdade (V) ou falsidade (F). Argumentos: Um argumento consiste em uma seqüência finita de proposições, também chamada de premissas, que acarretam ou têm como conseqüência uma proposição final, uma conclusão. O argumento mais simples possível é composto por duas premissas e uma conclusão. Esse tipo de argumento é chama do SILOGISMO. Como exemplo de um silogismo temos: Todos os cães são mamíferos (1ª premissa) Todos os mamíferos são animais (2 ª premissa) Portanto, todos os cães são animais (Conclusão) Na realidade, a Lógica não se reduz somente ao estudo dos silogismos. Mas como é o argumento mais simples que existe, então ele foi estudado minuciosamente, em todos os detalhes, e serve como base para os estudos posteriores. As proposições que compõem um argumento são consideradas como sendo os conteúdos desse argumento. Mas os mesmos conteúdos podem ser arranjado de diversas formas. Por exemplo, o silogismo abaixo possui o mesmo conteúdo do anterior, mas a forma como esses conteúdos foram arranjados é bem diferente: Todos os mamíferos são animais Todos os cães são animais, Portanto, todos cães são mamíferos. Note bem como a FORMA em que as proposições são arranjadas altera completamente os argumentos em questão. No caso anterior, a forma com que as premissas se ligam nos leva obrigatoriamente à conclusão. Mas nesse último exemplo, a conclusão, embora verdadeira, não deriva obrigatoriamente das premissas. O argumento é falho porque suas proposições estão mal arranjadas. O GRANDE INTERESSE DA LÓGICA É ESTUDAR AS FORMAS DOS ARGUMENTOS. A coisa mais importante que existe em Lógica ARGUMENTOS NÃO PODEM SER VERDADEIROS OU FALSOS !!! Verdade ou falsidade são atribuídas a proposições isoladamente, isto é, atribui-se verdade ou falsidade a cada uma das premissas e à conclusão dos argumentos. Os argumentos que têm uma boa forma são chamado de VÁLIDOS Os argumentos que não têm uma boa forma são chamados de INVÁLIDOS Em suma, verdade é diferente de validade. Verdade consiste no fato das proposições coincidirem com a realidade dos fatos. Enquanto que a validade consiste no fato de o argumento possuir uma boa forma. Definição de validade: Um argumento é válido quando a conclusão tem que ser verdadeira se as premissas fossem verdadeiras. Em outras palavras, a (possível) verdade das premissas é incompatível com a falsidade da conclusão. Mas note-se uma coisa extremamente importante. A validade depende exclusivamente da relaçãoformal, do arranjo, das premissas e da conclusão. Afirmar que um dado argumento é válido significa que as premissas estão de tal modo relacionadas com a conclusão que não seria possível ter a conclusão falsa caso as premissas fossem verdadeiras. Quando, de fato, as premissas são verdadeiras e o argumento é válido, então, como um todo, o argumento é dito CORRETO ou SÓLIDO. Teste de validade com diagramas de Venn • Fornecem um método para se testar a validade de silogismos. Representando as proposições Todo A é B 1o. passo: Construa dois círculos (A e B) que se intersectam; 2o. passo: Hachure a área de A que não intersecta com B, como se estivesse apagando a parte de A que não pertence a B. Nenhum A é B 1o. passo: construa dois círculos (A e B) que se intersectam; 2o. Passo: hachure a área de intersecção, como se estivesse apagando a área de A que também pertence a B Algum A é B • 1o. passo: construa dois círculos (A e B) que se intersectam; • 2o. passo: assinale com um X a intersecção, indicando que existe algum elemento de A que também pertence a B Algum A não é B 1o. passo: construa dois círculos (A e B) que se intersectam; 2o. passo: assinale com um X a parte de A que não intersecta B, indicando que existe algum elemento de A que não pertence a B Exemplo 1 Todos os cães são mamíferos (1ª premissa) Todos os mamíferos são animais Portanto, todos os cães são animais Todos os cães são mamíferos (1ª premissa) Todos os mamíferos são animais (2ª. Premissa) Portanto, todos os cães são animais Exemplo 2 Todos os mamíferos são animais (1ª. Premissa) Todos os cães são animais, Portanto, todos cães são mamíferos Todos os mamíferos são animais (1ª. Premissa) Todos os cães são animais (2ª. Premissa) Portanto, todos cães são mamíferos Exemplo 3 Todo cão é animal (1a. Premissa) Nenhum cão é mamífero Portanto, todo mamífero é animal Exemplo 3 Todo cão é animal (1a. Premissa) Nenhum cão é mamífero (2a. Premissa) Portanto, todo mamífero é animal Exemplo 4 Todo cão é mamífero (1a. premissa) Nenhum mamífero é animal Portanto, nenhum cão é animal Exemplo 4 Todo cão é mamífero (1a. premissa) Nenhum mamífero é animal (2a. Premissa) Portanto, nenhum cão é animal Exemplo 5 Nenhum mamífero é animal Algum cachorro é mamífero Portanto, algum cachorro não é animal Exemplo 6: Todo mamífero é animal Algum cão é animal Portanto, algum mamífero é cão
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