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Prof. Eriton Geraldo Moura Vieira DIREITO CIVIL I Coisa: tudo aquilo que existe objetivamente, exceto o homem. Juridicamente: são as coisas que têm valor econômico e podem ser apropriadas. Há coisas que não são bens. Ex: ar atmosférico. Coisa é o gênero e bem é a espécie. Todo direito, toda obrigação e qualquer elemento material ou imaterial, integrado no patrimônio de alguém e passível de apreciação monetária, pode ser designada como bens - corpóreos ou incorpóreos. DOS BENS DOS BENS CONCEITO: Bens são coisas materiais ou concretos, úteis aos homens e de expressão econômica, suscetível de apropriação. COISA É O GÊNERO DO QUAL O BEM É ESPÉCIE. A classificação dos bens é feita segundo critérios de importância científica. Patrimônio: é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa física ou jurídica, que possam ser avaliados em dinheiro. Complexo de relações jurídicas de uma pessoa que tem valor econômico. Noções de patrimônio: patrimônio de um indivíduo é o acervo de seus bens, conversíveis em dinheiro. Patrimônio bruto (soma de todo o ativo) e patrimônio líquido (do ativo extrai-se o passivo). Classificação dos bens: quanto ao modo de adquiri-los, de aliená-los, quanto aos atos que o titular pode praticar. DIREITO CIVIL I BENS Bens Considerados em si Mesmos São bens considerados em si mesmos: bens imóveis, bens móveis, bens corpóreos e incorpóreos, bens fungíveis e consumíveis, bens divisíveis e indivisíveis e bens singulares e coletivos. Classificação dos bens no C.Civil (arts. 79 a 103) : I. bens considerados em si mesmos; II. bens reciprocamente considerados; III. bens em relação ao titular do domínio; Bens considerados em si mesmos. Classificação: Bens corpóreos: Aquele que tem existência: física, material. Bens materiais, têm existência real e concreta (móveis ou imóveis). Ex: direito de propriedade, livro, cabeças de gado. Bens incorpóreos: Aquele que tem existência abstrata, mas valor econômico, como o crédito, por exemplo.. Entidades abstratas, embora possam ser objeto de direito, e deles se possam sentir os resultados, não possuem materialidade. Ex: direito autoral, ações, obrigações. DIREITO CIVIL I BENS Bens Imóveis São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. São aqueles que não se pode transmitir, sem destruição, de um lugar para outro, ou seja, são os que não podem ser removidos sem alteração de sua substância. Aqueles que não podem ser removidos de um lugar para o outro sem destruição e os assim considerados para os efeitos legais (artigos 79 e 80 do Código Civil). Bens Imóveis – solo, árvores, riquezas minerais, construções, prédios. Dividem-se em: (I) imóveis por natureza (artigo 79, 1ª parte do Código Civil); (II) por acessão natural (artigo 79, 2ª parte do Código Civil); (III) por acessão artificial ou industrial (artigo 79, 3ª parte do Código Civil); e por determinação legal (artigo 80 do Código Civil). Bens imóveis: natureza de imobilidade ou fixação ao solo (natural ou artificial); modo permanente, dele não se move parte sem alteração de sua substância. Os bens imóveis classificam-se: a. Imóveis por natureza: sem intervenção do homem: o solo e sua superfície, acessórios e adjacências naturais (árvores, frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo). São o solo e suas adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. b. Por ação do homem: edifícios urbanos ou rústicos. É tudo aquilo que o homem incorpora permanentemente ao solo, como sementes e edifícios. c. Por disposição de lei: considerados por determinação legal: os direitos reais sobre imóveis e o direito à sucessão aberta. Os bens imóveis estão sob o regime da lei do lugar de sua situação. BENS Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Imóveis Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Imóveis Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II - o direito à sucessão aberta. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Imóveis Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. BENS MÓVEIS = Aqueles suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia (artigo 82 do Código Civil). São os que, sem deterioração na substância ou na forma, podem ser transportados de um lugar para outro, por força própria (animais) ou estranha (coisas inanimadas). Classificam-se em: (I) móveis por natureza, que se subdividem em semoventes (que se movem por força própria. Exemplo: animais) e móveis propriamente ditos (que admitem remoção por força alheia); (II) móveis por determinação legal; e (III) móveis por antecipação (artigos 82 e 83 do Código Civil). Semoventes – são os animais considerados como móveis por terem movimento próprio. Bens móveis propriamente ditos – as coisas inanimadas suscetíveis de remoção por força alheia. Exemplo: mercadorias, moedas, títulos, ações, etc. Bens móveis: não são fixos, têm movimento e/ou se movem por si (semoventes), por alguma pessoa, sem alteração de sua substância. São os bens suscetíveis de movimento próprio (animados) ou de remoção por força alheia (inanimados). Ex: carro, gado. Legalmente consideram-se móveis: a) direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; b) os direitos e obrigações e as respectivas ações; c) os direitos de autor. BENS Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Móveis Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio (semoventes), ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Móveis Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Móveis Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. DIREITOS REAIS Art. 1225 CC - São direitos reais: I. a propriedade II. a superfície III. as servidões IV. o usufruto V. o uso VI. a habitação (etc..) O direito das coisas, também denominado direitos reais, consiste em um conjunto de normas, predominantemente obrigatórias, que tendem a regular o direito atribuído à pessoa sobre bens corpóreos, móveis ou imóveis de conteúdo econômico. A eficácia do direito exercido é em face de todos (‘erga omnes’), assim, é um direito absoluto, e independe da intermediação de outrem. Os direitos reais surgem por imposição legislativa. O indivíduo pode recuperar a coisa quando esteja, ilegitimamente, em mãos alheias. ‘numerus clausulus’ = o direito real é típico e taxativo, ou seja, é aquele que se insere em um modelo definido pelo legislador (o legislador cria direitos reais). ≠ ‘numerus apertus’, que são os direitos obrigacionais, onde as partes, facultativamente, se valem de contratosdisciplinados na lei (contratos nominados) ou não (contratos inominados). Classificação dos direitos reais a) ‘jus in re propria’ = direito sobre a coisa própria, que se resume na propriedade b) ‘jus in re aliena’ = direito real sobre a coisa alheia Bens incorpóreos, por exceção, podem estar sujeitos ao direito real (ex: usufruto de títulos de crédito → O credor, titular de um crédito, faculta um terceiro, usufrutuário do crédito, a perceber os frutos e a obrar as respectivas dívidas). Contudo, essa situação aparta-se das prerrogativas próprias dos direitos reais, pois estes pressupõem sempre a existência atual da coisa e crédito (existência conceitual e não material). A maioria dos autores admite poder ser objeto de direito real tanto coisas corpóreas como incorpóreas. O direito real mais completo é o direito de propriedade; todos os outros são decorrência dele. Os direitos reais sobre coisa alheia importam numa restrição infligida ao proprietário, quanto a uso e disposição de um bem que lhe pertence. → Ex: aquele que tiver como segurança do pagamento de uma dívida o valor de um bem imóvel (hipoteca) exercerá direito real sobre coisa alheia, de propriedade do devedor que tenha oferecido a coisa em garantia. Por fim, há a preponderância do bem coletivo em detrimento do individual (fenômeno moderno). Diferença entre o direito real e pessoal: Direito Pessoal Os sujeitos (passivo e ativo) são, em regra, definidos no momento em que se constitui a obrigação (ex: comodato) Tem por objeto uma prestação, que pode ser positiva (obrigações de dar ou fazer) ou negativa (obrigações de não fazer). Há a necessidade da intermediação de um sujeito. As normas reguladoras do direito obrigacional facultam às partem certa liberdade para regulamentar seus interesses. Predominam normas dispositivas. Direitos obrigacionais não admitem usucapião. Os direitos obrigacionais são transitórios ou temporários. Nascem para serem extintos. O não exercício do direito obrigacional, em tempo oportuno, provoca o seu perecimento. Eficácia relativa. Direito Real A identificação do passivo só se dá no momento da violação do direito, oportunidade em que o sujeito passivo indeterminado se torna determinável (há uma obrigação passiva universal) Tem por objeto um ou mais bens materiais determinados, móveis ou imóveis. É exercido independentemente da colaboração de outra pessoa. As normas são obrigatórias, ou seja, não admitem a interferência da vontade individual. Predominam normas cogentes. Somente não admitem usucapião quando sobre coisa alheia (ex: hipoteca), os demais podem ser usucapidos (pode ser exercida a posse). Tem sua duração no tempo indefinida (salvo no caso de propriedade resolúvel). A não utilização da propriedade, em regra, não implica sua perda. Por isso, a ação reivindicatória é imprescritível. Eficácia contra todos. Obrigação com eficácia real: na sua essência, é obrigação, mas seus efeitos adquirem contornos de direito real. Obrigação ‘propter rem’: tem-se de início uma relação de direito real e, em função dela, surge um vínculo obrigacional. É uma situação intermediária entre direito real e pessoal. Esta obrigação se transmite com a coisa, independentemente da vontade do adquirente. Ex: obrigações que decorrem do direito de vizinhança, como a necessidade de demarcar a propriedade de imóveis lindeiros. Ex 2: construção de muro pelos proprietários confinantes. Ambos têm obrigação de construí- lo, arcando com as respectivas despesas, por ser essa obra divisória uma típica prestação propter rem. Bens fungíveis: bens que se possam substituir por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Fungibilidade é qualidade econômica e objetiva das coisas contáveis, pesáveis ou mensuráveis, facilmente se substituem. Ex: moeda, alimentos. Bens infungíveis: não se podem substituir por outros da mesma espécie. Caráter dos bens infungíveis está na insubstitutibilidade, por outro bens da mesma espécie, ou seja, cada um deles possui seus elementos diferenciais. Ex: moeda antiga, obra de arte, jóia de família, uma casa, etc. Não se confunde com a inconsumibilidade. DIREITO CIVIL I BENS Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Fungíveis e Infungíveis Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Ex: Dinheiro Bens consumíveis: são bens móveis cujo uso importa destruição de sua substância. Desaparecem com o consumo, deixam de existir. Destruição imediata. Eles se consomem pelo uso ou pela utilização. Consumo material entende-se o consumo efetivo. O consumo jurídico mostra-se o consumo decorrente da alienação da coisa (venda) quando a ela se destinava. Ex: bebida, comida, alimentos cosméticos, cereais, gado, peça de máquina, etc. Bens inconsumíveis são os que se podem usar, com frequência, sem que lhes advenha a destruição total ou parcial. No entanto, podem ser deteriorados pelo uso, mas, por isso, não se dizem consumíveis Aqueles que admitem uso reiterado (por muitas vezes), sem destruição de sua substância (artigo 86 do Código Civil). Obra de arte, casa, carro, roupa, cavalo de corrida “X DIREITO CIVIL I BENS Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Consumíveis e Inconsumíveis Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. Bens Divisíveis são aqueles que se podem fracionar sem alteração, na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo ao uso que se destinam Divisíveis – são os bens que se pode fracionar em porções distintas, formando, cada qual, todo perfeito, sem que tal fracionamento importe em alteração de sua substância, diminuição de seu valor ou prejuízo para o uso a que se destinam. êm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Materialmente podem ser divididos em duas ou mais partes, formando cada parte coisa distinta, porém da mesma espécie e qualidade do todo dividido. Ex: um saco de feijão, uma tonelada de minério de ferro, etc. Se dividirmos um terreno ao meio, teremos dois terrenos que conservam sua substância e não perdem o seu valor econômico. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Divisíveis Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Indivisíveis – são os bens que se não podem partir sem que seja alterada sua substância ou seu valor econômico, como um automóvel. aqueles que não se pode partir sem alteração de sua substância – aqueles assim considerados por lei ou pela vontade das partes. Se dividirmos ao meio, não teremos dois automóveis com a mesma substância e com a mesma relevância econômica. Podem ser: (I) Por natureza: Aqueles bens que não podem ser fracionados sem alteração na sua substância, diminuição de valor ou prejuízo; (II) Por determinação legal: As servidões, as hipotecas; (III) Por vontade das partes: Os convencionais. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Divisíveis Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. Bens singulares: unidos ou conexos, são considerados únicos, por sua própria individualidade, independentemente dos demais. Simples: árvores, animais, cadeiras, mesas. Compostos- partes integrantes anteriormente autônomas: edifícios, navio, máquinas. Certos bens compostos consideram-se bens principais e bens acessórios (navio). Bens coletivos: vários bens simples considerados bem em conjunto, formandotodo patrimonial- universalidade. Universalidade de fato: bens de mesma espécie. Ex: uma manada, rebanho, biblioteca. Universalidade jurídica: bens de natureza diversa. Ex: patrimônio, dote, herança. BENS • BENS SINGULARES = São todos aqueles bens que, embora reunidos, são considerados na sua individualidade. Por exemplo – uma árvore. São os bens individualizados, como um livro ou um apartamento. • BENS COLETIVOS = São aqueles encarados em conjunto, formando um todo (exemplo: uma floresta). Abrangem as universalidades: DE FATO (rebanho, biblioteca – artigo 90 do Código Civil) e as DE DIREITO (herança, patrimônio – artigo 91 do Código Civil). São os bens considerados em seu conjunto, como uma biblioteca, uma coleção de selos, etc. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Singulares e Coletivos Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Singulares e Coletivos Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias. Direito Civil – Parte Geral Dos Bens Singulares e Coletivos Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Ex: Herança, Patrimônio Referências Bibliográficas COELHO, Fabio Ulhoa. Direito civil. São Paulo: Saraiva. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. São Paulo: Atlas. https://www.youtube.com/watch?v=KtaE2Iy965s https://www.youtube.com/watch?v=YQ8714xkLk4