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CCJ0015-WL-B-LC-Propriedade e Direito Real

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PROPRIEDADE 
 
 Direito real que vincula a coisa a um sujeito de Direito. Então a 
propriedade é o poder de usar, fruir (=gozar) e dispor de um bem (três 
faculdades/atributos/poderes do domínio) e mais o direito de reaver essa coisa do 
poder de quem injustamente a ocupe. 
 Poder absoluto que não significa ilimitado, visto que o exercício dos 
direitos de seu titular deve coadunar-se com a função social que dele se 
espera. 
 Abrange todos os direitos sobre coisas corpóreas e incorpóreas que 
constituem o patrimônio do sujeito e pode ser reduzido a um valor pecuniário. 
 Mutações profundas no decorrer dos séculos, consoante o tipo de 
sociedade, cultura, religião e sistema econômico de produção de bens. 
 Propriedade sobre bem móvel sempre existiu. 
 Sobre bem imóvel surge com a posse temporária da terra, que, na 
sequencia, se torna duradoura e, posteriormente, definitiva. Homem sedentário 
que se fixa no imóvel para o desenvolvimento de cultura agrícola. 
 Propriedade eminentemente social. A propriedade era de um grupo de 
pessoas reunidas por um grau de parentesco. Propriedade tribal. O patriarca 
ou chefe da tribo era o administrador do bem, mas, não seu único proprietário. 
A propriedade era inalienável, tendo em vista que era coletiva. 
 
ORIENTE 
 Egito – cada casta social tinha sua propriedade. 
 Sacerdotes para religião 
 Militares para manobras 
 Produtores para atividade econômica. 
 
 Código de Manu - parte de uma coleção de livros bramânicos, constitui-
se na legislação do mundo indiano e estabelece o sistema de castas na 
sociedade Hindu. Redigido entre os séculos II a.C. e II d.C. em forma poética e 
imaginosa, as regras no Código de Manu são expostas em versos. Cada regra 
consta de dois versos cuja metrificação, segundo os indianos, teria sido 
inventada por um santo eremita chamado Valmiki, em torno do ano 1500 a.C. 
 Grécia – propriedade coletiva até a fase da República, sendo individual 
depois do surgimento desse fenonemo. 
 
 Direito Romano – Propriedade originalmente social, desenvolvendo-se 
para propriedade individual a partir do reconhecimento da propriedade da 
cidade, da propriedade da família e da propriedade individual. 
 
 Modelo feudal – propriedade rural, entretanto não somente privada, ante 
a existência de núcleos de atividade extrafamiliares. 
 Senhor das terras – a propriedade e o dominio direto do imóvel 
 Vassalo – domínio útil da área para o exercício de atividade determinada 
junto a gleba do senhor feudal, exploração economica da terra mediante o 
pagamento da corvéia ou talha. 
 
 Moderna – A declaração dos direitos do Homem e o Cidadão, oriunda da 
Revolução Francesa, proclamou em 1789, que a propriedade é um direito 
sagrado e inviolável, considerando-a uma exteriorização da própria pessoa e 
de sua cidadania. (art. 17 da DDHC). 
 
 A falta de distribuição suficiente de renda e das terras a todas as 
pessoas levou a constituição de normas jurídicas de ordem pública para 
disciplinarem o uso da propriedade. No início surgiram duas correntes: 
 
1 – Savatier – publicização do direito de propriedade. 
2 – Duguit - desempenho da função social da propriedade pelo seu titular, 
como detentor social das riquezas. 
 
 Orlando Gomes destaca a expressão função social da propriedade como 
um cocneito jurídico indeterminado cujo conteúdo deve ser fixado pelo julgador 
à luz das normas e princípios adotados pelo sistema jurídico. 
 
 Caio Mário observa que uma nova propriedade foi concretizado com a 
evolução do direito moderno, que é a propriedade empresarial. Afirma o Autor 
que a concentração do poder economico acarretou a necessidade de uma 
maior flexibilidade do domínio. 
 
SUJEITOS 
Quais os sujeitos no direito de propriedade? De um lado o sujeito ativo, o 
proprietário, qualquer pessoa física ou jurídica, desde que capaz. O menor 
pode adquirir mediante representação do pai ou do tutor. Do outro lado o 
sujeito passivo indeterminado, ou seja, todas as demais pessoas da sociedade 
que devem respeitar o meu direito de propriedade. 
OBJETO 
O objeto da propriedade é toda coisa corpórea, móvel ou imóvel. Admite-
se propriedade de coisas incorpóreas como o direito autoral e o fundo de 
comércio. Lembrem-se que a pessoa mais rica do mundo hoje (Bill Gates) 
possui propriedade incorpórea protegida pelo direito do autor (os softwares). 
 
PROPRIEDADE INDIVIDUAL OU PRIVADA – é aquela pertence a um ou mais 
sujeitos, nesta última modalidade, sob a forma de condomínio. 
PROPRIEDADE COLETIVA – é aquela pertencente a uma coletividade de 
sujeitos ou pode político que determina, de forma centralizada, os mecanismos 
de produção a serem adotados. É inalienável e insuscitível de apropriação. 
 
CARACTERÍSTICAS DA PROPRIEDADE 
 
1) – Absolutismo – o direito que o proprietário tem sobre o bem é oponível 
erga omnes, desde que observada a função social a qual a coisa se 
destina. 
2) – Exclusividade – apneas o titular da coisa pode usar, fruir e dispor do 
bem, quando julgar conveniente. 
3) – Irrevogabilidade – o direito de propriedade não é suscetível de 
revogação por qualquer pessoa física ou jurídica, tendo 2 exceções a 
essa regra a desapropriação, revogação da propriedade contra a 
vontade do proprietário; e a propriedade resolúvel ou revogável advento 
de evento modificativo do direito de propriedade, por condição termo ou 
outra causa superveniente. 
 
PROPRIEDADE E DOMÍNIO – de acordo com o Código Civil são sinonimos. 
Domínio é a livre faculdade de usar e dispor de alguma coisa, seu objeto é a 
coisa corpórea, bem como, os frutos dela decorrentes. 
Integram a noção de domínio: 
 
1- Posse da coisa; 
2- Poder de dar uma destinação a coisa; 
3- Percepção dos frutos e rendimentos; 
4- Poder de transformação da coisa; 
5- Direito a substância da coisa; 
6- Defesa da propriedade do bem; e, 
7- Direito a indenização por eventuais danos causados à propriedade. 
 
Os direitos reais desmembrados do domínio e transferidos a terceirossão 
denominados direitos reais sobre coisa alheia e podem ser divididos em 
direitos de fruição e os direitos de garantia. 
 
Fruição – Gozo – usufruto, uso, habitação, servidão, direito de superfície e a 
enfiteuse - Enfiteuse é o desmembramento da propriedade, do qual resulta o 
direito real perpétuo. em que o titular (enfiteuta), assumindo o domínio útil da 
coisa, constituído de terras não cultivadas ou terrenos por edificar (prazo, bem 
enfitêutico ou bem foreiro), é assistido pela faculdade de lhe fruir todas as 
qualidades, sem destruie a substância, mediante a obrigação de pagar ao 
proprietário (senhorio direto) uma pensão anual invariável (foro 
 
Garantia – Hipoteca, penhor e a anticrese - Anticrese é uma convenção 
mediante a qual o credor, retendo um imóvel do devedor, percebe os seus 
frutos para conseguir a soma em dinheiro emprestada, imputando na dívida e 
até o seu resgate, as importâncias que for recebendo. 
 
PODERES DO TITULAR: O Titular dispõe de todos os poderes decorrentes do 
domínio da propriedade. 
 
1 – ius utendi – direito que o titular tem de se servir do bem para todas as 
finalidades para as quais ele prestar, proibindo-se, entretanto, o abuso do 
direito de propriedade; 
2 – ius fruendi – direito de gozar da coisa, percebendo todos os frutos e 
rendimentos possíveis; 
3 – ius abutendi – direito de disposição da coisa. Venda, alienação e instituição 
de gravames. 
4 – ius possidendi – direito de possuir a coisa, não confundir com posse 
5 – ius vinvicandi – direito de reaver a coisa de quem esta na posse 
injustamente. 
6 – ius satisfiendi – direito de percepção de indenização.ALCANCE DO DIREITO DE PROPRIEDADE: O direito de propriedade 
compreende a superfície, o espaço aéreo e o subsolo. Orlando Gomes e Caio 
Mario consideram que a propriedade não se estende verticalmente, mas, sim, o 
poder do proprietário. O Código Civil adotou o princípio da utilidade do 
aproveitamento e do interesse do proprietário. 
 
PROPRIEDADE PLENA OU LIMITADA. 
 
Plena é aquela que o proprietário pode exercer em toda a sua extensão, 
usuando, fruindo e dispondo do bem se assim o desejar, encontrando seu 
limite somente na função social da propriedade. 
 
Limitada é aquela em que o exercício do direito do proprietário é restrito por 
conta de desdobramento de algum ônus real. O direito de propriedade 
permanece sendo do seu titular, entretanto sofre restrição, uma vez que algum 
dos direitos inerentes à propriedade passou a ser exercido por terceiro, em 
virtude da existência de lei ou de declaração de vontade. Hipoteca Servidão 
Usufruto. 
 
CO-PROPRIEDADE OU CONDOMÍNIO. É a propriedade conjunta de um 
mesmo bem, cuja titularidade é de dois ou mais sujeitos. 
 
1 – bem indivisível por natureza; 
2 – bem divisível por natureza, porém a indivisibilidade advém da lei ou da 
vontade das partes interessadas. Exemplo dinheiro deixado por ocasião da 
abertura da sucessão que será rateada entre os herdeiros somente por ocasião 
da partilha.. 
 
PROPRIEDADE APARENTE. É aquela que se supõe pertencer a determinado 
sujeito quando, na realidade, outro é seu real titular. Os efeitos da propriedade 
aparente só serão reconhecidos se houve boa-fé daquele que se equivocou 
sobre a titularidade do bem ou se o erro foi comum a qualquer pessoa, ou seja, 
qualquer sujeito de padrão médio poderia ter cometido o erro. Erro invencível. 
 
Admite-se tanto na aquisição de bens móveis, como imóveis, em que pese na 
questão dos imóveis existir o registro imobiliário, todavia o registro imobiliário 
tem presunção de verdade, cuja qual é relativa, não oferecendo o registro 
imobiliário segurança absoluta sobre o direito de propriedade. 
 
AUTOTUTELA DA PROPRIEDADE. É a defesa da titularidade que o sujeito 
tem de exercer o domínio da coisa, exclusivamente privado por meio dos 
desforços necessários para a defesa de um bem. 
 
TUTELA JUDICIAL DA PROPRIEDADE. São as ações dominiais, ou seja, 
aquelas que se destinam a defesa da propriedade, as mais comuns são: 
 
Ação Reivindicatória é a medida judicial utilizada por aquele que objetiva a 
restituição do exercício dos direitos inerentes à propriedade para si, por se 
tratar do proprietário da coisa. Pode ser ajuizada em face do possuidor que 
retém o bem sem justo título ou quando o mesmo possuidor se insurge contra 
os direitos do proprietário. Tem por finalidade a restituição da coisa, bem como 
de seus acessórios. Sentença de natureza condenatória. 
 
Ação declaratória é a medida judicial daquele que tem por finalidade a 
declaração judicial de que é o proprietário do imóvel. Sentença de natureza 
declaratória. 
 
Ação negatória é a medida judicial daquele que tem por finalidade a declaração 
de que a propriedade não pertence a outra pessoa, mas, sim ao Autor. 
Declaratória negativa. Também pode ser utilizada para impedir a constituição 
de uma servidão ou mesmo de outro direito real sobre coisa alheia – fruição ou 
gozo. 
 
Ação Indenizatória é a medida judicial aforada por aquele que pretende o 
ressarcimento pelos danos acarretados sobre o bem de sua propriedade, em 
virtude da prática de um ato ilícito. 
 
Ação de dano infecto aparelhada pelo proprietário ou pelo inquilino contra o 
responsável pela realização de obras no bem ou em prédio vizinho, objetivando 
a prestação de caução, para fins de garantia do pagamento de eventual 
indenização ante a ocorrência de dano possível e iminente. 
 
Ação compulsória pode ser ajuizada pelo proprietário ou pelo inquilino que tem 
por finalidade a garantia de que o imóvel vizinho não será utilizado com desvio 
de finalidade prejudicando a segurança, o sossego ou a saúde dos vizinhos. 
 
Ação demolitória aforada pelo proprietário ou pelo inquilino que tem por objeto 
a demolição ou reforma do imóvel vizinho que está em péssimo estado de 
conservação ameaçando ruir. 
 
Ação de Usucapião não se desitna especificamente para defesa do domínio, 
mas, sim, para o reconhecimento judicial do domínio sobre a coisa possuida, 
por esse remédio jurídico o interessado por adquirir a propriedade móvel ou 
imóvel pelo decurso do tempo, desde que tenha exercido a posse mansa e 
pacífica sobre o bem e cumprido os demais requisitos, confomre a modalide do 
usucapião. 
 
CLASSIFICAÇÕES DA PROPRIEDADE. 
 
Plena e limitada. Conforme o exercício de poderes fixados ao titular 
Livre e gravada. Conforme a existência de ônus reais 
Definitiva, resolúvel e a propriedade fiduciária. – Quanto ao negócio jurídico 
entabulado entre as partes 
Domínio real e domínio útil. 
 
LIMITAÇÃO DA PROPRIEDADE 
Como sabemos, a lei limita o direito de propriedade que não é mais tão 
absoluto. O código velho no art. 527 considerava a propriedade um direito 
ilimitado. Mas atualmente já vimos que a propriedade precisa cumprir uma 
função social; já vimos que os minerais do subsolo pertencem à União. Há 
também outros limites ao direito real de propriedade: 
a) limitação legal, em respeito ao interesse da sociedade: tal limitação legal se 
dá por força de leis de direito privado (são os direitos de vizinhança, que 
veremos em breve) e por força de leis de direito público (ex: desapropriação, 
requisição para as eleições, segurança nacional, tombamento, urbanização, 
leis ambientais, a questão da função social e da exploração dos minerais, 
assuntos que vocês estudarão em direito administrativo/constitucional/eleitoral; 
ver §§ 3º, 4º e 5º do art 1228). Nas limitações privadas existe reciprocidade 
(um vizinho tem que respeitar os limites do outro e vice-versa), já nas 
limitações públicas não há reciprocidade (o particular não pode desapropriar 
bens do Estado), mas sempre se pode exigir indenização e brigar na Justiça 
contra abusos dos governantes. 
b) limitação jurídica, em respeito ao direito natural, em respeito ao que é justo 
para viver honestamente, não enganar os outros e dar a cada um o que é seu. 
Exemplos de limitações jurídicas: o abuso de direito do § 2º do 1228 c/c 187; a 
desapropriação privada do 1258 e 1259. 
c) limitação voluntária, em respeito à autonomia privada: tal limitação decorre 
da vontade do dono, ou seja, é o dono da coisa que resolve limitá-la em troca 
de alguma vantagem financeira, por exemplo: servidão de não construir mais 
alto para garantir vista e ventilação para o terreno de trás, se dispondo os 
donos do terreno de trás a pagar por essa vantagem (veremos servidões 
prediais no próximo semestre); o dono da coisa pode também limitar a 
propriedade por motivo de ordem pessoal (ex: herança com inalienabilidade do 
1911; o pai deixa para o filho uma casa proibindo o filho de vendê-la porque 
sabe que o filho é descontrolado e gasta tudo; veremos em Civil 7).

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