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Centro Federal de Educação 
Tecnológica de Santa Catarina 
Gerência Educacional de Eletrônica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Flávio Augusto P. Soares, M.Eng. 
Prof. Henrique Batista M. Lopes, M.Eng. 
 
 
Florianópolis, Março de 2001 
 
RADIOGRAFIA 
ESPECIALIZADA 
 
CURSO TÉCNICO DE RADIOLOGIA 
Impresso na Gráfica do CEFET/SC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SINE/SC – SISTEMA NACIONAL DE EMPREGO 
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA 
DIRETORIA DE RELAÇÕES EMPRESARIAIS 
GERÊNCIA EDUCACIONAL DE ELETRÔNICA 
NÚCLEO DE TECNOLOGIA CLÍNICA 
FUNDAÇÃO DO ENSINO TÉCNICO DE SANTA CATARINA 
 
 
 
 
 
 
Instituições Envolvidas em Blumenau 
 
 
HOSPITAL SANTA CATARINA 
HOSPITAL SANTA ISABEL 
HOSPITAL MUNICIPAL SANTO ANTÔNIO 
 
 
 
iii 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. MAMOGRAFIA 1 
1.1 INTRODUÇÃO 1 
1.2 ANATOMIA DA MAMA 1 
1.2.1. Compressão da mama 2 
1.3 MAMÓGRAFO 2 
1.4 AMPOLA 3 
1.4.1. Ânodo 4 
1.4.2. Foco real 5 
1.5 ACESSÓRIOS 5 
1.5.1. Filtros 5 
1.5.2. Colimação 6 
1.5.3. Compressores 6 
1.5.4. Grades antidifusoras 7 
1.5.5. Exposímetros 7 
1.5.6. Receptores de imagem 7 
1.5.7. Magnificador 7 
1.6 COMBINAÇÃO TELA-FILME 7 
1.7 CONTROLE DE QUALIDADE 8 
1.7.1. Dose associada à mamografia 8 
1.8 EXAMES REALIZADOS 8 
1.9 EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 9 
2. FLUOROSCOPIA 11 
2.1 INTRODUÇÃO 11 
2.2 FISIOLOGIA DA VISÃO 12 
2.2.1. Iluminação 12 
2.2.2. Visão humana 13 
2.3 INTENSIFICAÇÃO DA IMAGEM 14 
2.3.1. Tubo intensificador 14 
2.3.2. Intensificação multicampo da imagem 15 
2.4 MONITORAÇÃO DA IMAGEM 16 
2.4.1. Controle de brilho 16 
2.4.2. Monitoração por televisão 17 
2.4.3. Câmera de televisão 17 
2.4.4. Acoplamento da câmera de televisão 18 
2.4.5. Monitor de televisão 19 
2.5 ARMAZENAMENTO DA IMAGEM 19 
2.6 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA 20 
2.7 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 21 
3. ANGIOGRAFIA 23 
3.1 INTRODUÇÃO 23 
3.2 ELEMENTOS DE CONTRASTE 23 
3.3 ANGIOGRAFIA INTERVENCIONISTA 23 
3.4 INSTALAÇÕES PARA ANGIOGRAFIA 24 
3.4.1. Equipe Especializada 24 
iv Parte 3 – RADIOGRAFIA ESPECIALIZADA 
 
 
3.4.2. Equipamento 24 
3.5 CINEFLUOROGRAFIA 25 
3.6 DOSE DURANTE O PROCEDIMENTO 25 
3.7 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 26 
4. TOMOGRAFIA LINEAR 27 
4.1 INTRODUÇÃO 27 
4.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO 27 
4.3 IMPLEMENTAÇÃO TÉCNICA 28 
4.3.1. Equipamento 28 
4.3.2. Controles 28 
4.4 TIPOS DE MOVIMENTAÇÃO 29 
4.4.1. Tomografia linear 29 
4.4.2. Tomografia multidirecional 29 
4.5 DOSE 30 
5. BIBLIOGRAFIA 33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Núcleo de Tecnologia Clínica
 
1. MAMOGRAFIA 
1.1 INTRODUÇÃO 
Na radiografia convencional temos um ele-
vado contraste do sujeito, o que não ocorre na Ma-
mografia, que se ocupa de produzir imagens de 
estruturas compostas basicamente de músculos e 
gordura. Estas estruturas são muito semelhantes em 
termos de densidades e apresentam quase que a 
mesma radiopaquicidade. Essas pequenas diferenças 
de absorção no tecido mamário fazem com que seja 
necessária a adoção de técnicas que possam ressaltá-
las de maneira a se obter contraste elevado na ima-
gem, o que irá melhorar a condição para diagnóstico. 
 
 
Fig. 1.1. Aparelho típico de mamografia: tubo, 
suporte e mesa de controle. 
 
A técnica mamográfica foi inicialmente tes-
tada em 1920, mas não obteve resultado prático de-
vido à tecnologia deficiente disponível na época. 
Somente em 1950, através do uso de uma baixa ten-
são, alto mAs e filme para exposição direta, foi pos-
sível obter uma imagem de valor diagnóstico, em 
uma experiência realizada por Robert Egan. A partir 
de então, a mamografia obteve um desenvolvimento 
considerável. No final dos anos 60, o processo de 
Xeroradiografia foi utilizado por Wolf e Ruzicka, 
reduzindo em muito a taxa de dose comparada com o 
processo de exposição direta e mostrando detalhes 
não observados até então nos exames da mama. Fi-
nalmente, a mamografia difundiu-se como uma téc-
nica valiosa, constituindo-se em poderosa ferramenta 
na detecção de lesões e do câncer de mama, que vi-
tima muitas mulheres no mundo todo e que pode 
perfeitamente ser detectado a tempo através da tecno-
logia hoje disponível. 
1.2 ANATOMIA DA MAMA 
A mama em condições normais é constituída 
basicamente de três tipos de tecido: 
• glandular; 
• fibroso; 
• adiposo (gordura). 
 
A Figura 1.2 mostra as estruturas anatômicas 
internas da mama. 
 
lobulos 
 
artéria 
 
ducto 
tecido conj. 
veia 
tec.adiposo 
 
músculo 
 
costela 
 
Figura 1.2. Estrutura anatômica da mama. 
 
Em mulheres normais em período pré-
menopausa, os tecidos fibroso e glandular são consti-
tuídos de vários ductos, glândulas e tecido conjunti-
vo, recobertos por uma fina camada de gordura. Sob 
o aspecto radiográfico, os tecidos conjuntivo e glan-
dular são densos, característica que se altera em mu-
lheres após o período da menopausa, quando ocorre 
uma degeneração desses tecidos e aumento da gordu-
ra, menos densa que os anteriores. Por isso, é impor-
tante que o técnico obtenha estas informações da 
paciente para que possa ajustar convenientemente a 
técnica a ser empregada. Mulheres idosas e após a 
2 Parte 3 – RADIOGRAFIA ESPECIALIZADA 
 
Núcleo de Tecnologia Clínica
 
menopausa irão exigir uma menor quantidade de 
radiação para produzirem a mesma qualidade de i-
magem., e que necessita menos exposição. 
As anormalidades presentes no tecido da 
mama podem ser identificadas como distorções nos 
tecidos conjuntivo e nos ductos, associados algumas 
vezes a depósitos de microcalcificações que podem 
atingir até 0,5 mm. 
Considerando-se a baixa absorção diferencial 
da radiação em tecidos moles, a técnica de baixo kV 
é usada para maximizar o efeito fotoelétrico e melho-
rar o grau de absorção, sendo esse determinado pela 
densidade e pelo número atômico do tecido. A absor-
ção por diferenças no número atômico é proporcional 
ao cubo desse valor para interação fotoelétrica (maior 
que o efeito Compton). 
Além disso, o efeito fotoelétrico aumenta 
muito quando a radiação possui baixa energia. Em 
baixas tensões, a penetrabilidade do raio diminui, 
tornando necessário um aumento no mAs, logica-
mente aumentando a dose na paciente. O compromis-
so entre boa imagem e dose aceitável faz com que a 
tensão se situe entre 24 e 36 kV e dose entre 2 e 6 
mAs. 
1.2.1. Compressão da mama 
A realização da técnica mamográfica exige, 
além de valores especiais para tensão e mAs, uma 
compressão da mama, para que se possa otimizar o 
rendimento do processo de obtenção de uma imagem 
de qualidade, segundo princípios de segurança para a 
paciente. 
 
 
Figura 1.3. Efeito da compressão da mama: es-
pessura uniforme e melhor contraste dos tumo-
res e calcificações. 
 
A compressão mecânica da mama deve ser 
realizada por alguns dos motivos expostos abaixo: 
• Prevenir o movimento durante o exame, evitando 
com isso perda de nitidez; 
• Separar tecidos (estruturas) que estão superpos-
tos para melhor visualização dos mesmos; 
• Trazer os tecidos para mais próximo do receptor 
de imagem, evitando a ampliação da imagem; 
• Diminuir a espessura da mama, de forma a dimi-
nuir a radiação espalhada e, consequentemente, a 
dose na paciente e o contraste na imagem; 
• Fazer com que os tecidos da mama sejam igual-
mente expostos à radiação. 
1.3 MAMÓGRAFO 
O equipamento utilizado para realizar exa-
mes mamográficos deve, a partir da análise das 
características das estruturas sob estudo, apresentar 
algumas características especiais, tais como: permitir 
flexibilidade para posicionamento da paciente, aces-
sório de compressão da mama, uma grade antidifuso-
ra de baixa relação, exposímetro automático (útil 
para avaliação de dose); e tubo com microfoco, parapermitir a maior resolução nas imagens. 
 
 
Figura 1.4. Detalhe do mamógrafo mostrando a 
coluna móvel articulada para melhor posiciona-
mento da paciente. A coluna movimenta um con-
junto de componentes, a saber, de cima para 
baixo: cabeçote, colimador, suporte para filtra-
ção adicional, cone limitador, dispositivo com-
pressor, suporte para mama, grade antidifusora e 
porta chassis. 
 
 MAMÓGRAFO 3 
 
Núcleo de Tecnologia Clínica
 
 
Figura 1.5. Aparelho mamográfico com suporte 
diferenciado do tubo (em anel). (marca Giotto - divulga-
ção) 
 
 
Figura 1.6. Mesmo aparelho mamográfico, mos-
trando a realização do exame com a paciente 
deitada. (marca Giotto - divulgação) 
1.4 AMPOLA 
A ampola utilizada em mamografia, de forma 
geral, é idêntica a utilizada em radiografia conven-
cional. Normalmente possui tamanho um pouco me-
nor, porém o mesmo ânodo rotatório com cátodo de 
filamento aquecido. As variações se encontram no 
material do alvo, posicionamento da ampola em rela-
ção ao paciente e os níveis de tensão e corrente utili-
zada na técnica. Filtros e acessórios especiais 
também são utilizados para melhorar a eficiência do 
exame. 
A ampola apresentada na figura 1.7, fabrica-
da pela Comet (Suiça), possui um tamanho de 20,6 
cm de comprimento por 10,5 cm de largura, com o 
disco anódico medindo 9 cm de diâmetro. Tensão 
máxima de trabalho de 50 kV e capacidade térmica 
de 400 W/s ou 540 HU/s. Esta ampola possui dois 
focos anódicos com área de 0,1 e 0,3 mm2. 
 
 
Figura 1.7. Ampola para mamógrafo. (modelo MCS-
50H da Comet - divulgação) 
 
Por causa do efeito anódico, o lado do cátodo 
deve ser posicionado virado para a paciente, já que a 
mama na parte proximal é mais espessa e densa, de-
vido a musculatura torácica. Assim, permite-se uma 
maior uniformidade na imagem, já que a parte distal, 
mais fina, irá receber uma menor radiação. 
Além disso, a ampola normalmente é incli-
nada em relação a paciente para permitir uma melhor 
distribuição do feixe de radiação, uma vez que, com 
a compressão, a espessura da mama será praticamen-
te a mesma em qualquer ponto. Por outro lado, con-
segue-se uma melhor separação de tumores e 
calcificações que estejam sobrepostos. 
 
 
 (a) (b) 
Figura 1.8. Análise do efeito anódico na mamo-
grafia: a) ânodo voltado para a paciente; b) cáto-
do voltado para a paciente. 
 
4 Parte 3 – RADIOGRAFIA ESPECIALIZADA 
 
Núcleo de Tecnologia Clínica
 
 
Figura 1.9. Efeito da inclinação do tubo: há uma 
melhor separação das estruturas ao serem proje-
tadas no filme. 
1.4.1. Ânodo 
O tubo de um mamógrafo, mais especifica-
mente, o alvo contido na ampola, usualmente é feito 
de Molibdênio, podendo ser usado Tungstênio, de-
pendendo do grau de filtração imposto ao feixe e da 
tensão aplicada ao tubo. O Molibdênio, que possui 
um número atômico de 42, possui uma radiação ca-
racterística da ordem de 20 keV, o que determina 
uma grande diferença nos espectros de emissão dos 
dois elementos. O Ródio também pode ser usado 
como alvo por possuir um número atômico de 45, 
mas produz um feixe composto por uma radiação de 
freamento maior que o Molibdênio, o que afeta a 
qualidade da imagem, já que a energia mais efetiva 
para produção de imagens mamográficas se situa em 
torno daquela característica do Molibdênio. 
 
10 20 30 40 
Energia dos fótons [keV] 
No de fótons (intensidade) 
 
Figura 1.10. Espectro de energia emitido por um 
alvo (ânodo) de Tungstênio. 
 
Na figura 1.10 podemos ver o espectro de 
freqüência de um alvo de tungstênio operando a 30 
kV após passar por uma filtragem equivalente a 3 
mmAl. Podemos verificar que a radiação de freamen-
to é predominante em relação a radiação característi-
ca. Um análise mais detalhada mostrará que a 
radiação característica presente é aquela resultante 
das transições da camada L, na faixa de 12 keV. Fó-
tons com esta energia não tem condições de atraves-
sar os tecidos da mama para sensibilizar o filme, 
devido a baixa penetrabilidade, acabando por aumen-
tar a dose no paciente. A faixa ideal de energia para o 
exame mamográfico é de 24 a 36 keV, onde o Tungs-
tênio não fornece muitos fótons. 
O espectro de energia fornecido pelo Molib-
dênio, como é mostrado na figura 1.11 onde foi apli-
cada uma placa de 30 µm de Molibdênio, também 
possui aspectos interessantes. Podemos observar que 
a radiação característica concentra-se na faixa de 16 a 
20 keV, devido as transições de elétrons à camada K. 
Também se verifica a quase ausência da radiação de 
Bremsstrahlung, devido ao seu número atômico 42, 
muito distante do 74W. 
 
10 20 30 40 
Energia dos fótons [keV] 
No de fótons (intensidade) 
 
Figura 1.11. Espectro de energia do alvo de Mo-
libdênio. 
 
No caso do alvo de Ródio, devido ao número 
atômico 45 ser semelhante ao do Molibdênio, o es-
pectro de energia emitida é muito semelhante à ante-
riormente analisada. Na figura 1.12, o espectro 
fornecido por um alvo de Ródio atingido por elétrons 
de 30 keV, também apresenta uma radiação de frea-
mento insipiente, e uma radiação característica proe-
minente, a partir dos 23 keV. 
Além dos focos anódicos constituídos de a-
penas um elemento, também existem soluções mais 
complexas quando o objetivo é melhorar a eficiência 
do feixe de radiação. Alguns ânodos são construídos 
com uma mistura de Molibdênio (95%) e Ródio (5%) 
para aproveitar as radiações características de ambos. 
 MAMÓGRAFO 5 
 
Núcleo de Tecnologia Clínica
 
Também podem ser combinados o Molibdênio e o 
Tungstênio. 
 
10 20 30 40 
Energia dos fótons [keV] 
No de fótons (intensidade) 
 
Figura 1.12. Espectro de energia do alvo de Ró-
dio. 
1.4.2. Foco real 
O tamanho do foco também influi decisiva-
mente na imagem porque nessa técnica se deseja um 
alto grau de resolução espacial, devido à presença de 
microcalcificações que precisam ser discriminadas. 
Usualmente, trabalha-se com focos de tamanhos dife-
renciados, ou seja, conjuntos de foco fino e foco 
grosso. As dimensões mais comuns são 0,6/0,3 , 
0,5/0,2 e 0,4/0,1 milímetros quadrados. Com relação 
à forma do ponto focal, é mais usual o formato circu-
lar ou elíptico, pois estas formas permitem que a pe-
numbra gerada seja igual em todas as direções do 
plano. 
Considerando a geometria do ânodo, pode-
mos dizer que o foco efetivo é maior na região do 
feixe que está mais próxima do cátodo. Isto faz com 
que alguns exames mamográficos sejam realizados 
com o ânodo direcionado para a parede torácica, de 
forma a se melhorar a resolução espacial na região 
distal e permitir a identificação de estruturas ali loca-
lizadas com maior nitidez, porém há o prejuízo na 
qualidade de imagem da parte proximal. 
1.5 ACESSÓRIOS 
O mamógrafo não possui tantos acessórios 
quanto um aparelho radiográfico convencional, po-
rém talvez sejam mais usados ou substituídos durante 
um dia normal de exames radiográficos. 
 
Figura 1.13. Detalhe do compressor de mama e 
coluna de sustentação. 
 
A imagem da Figura 1.14 mostra os compo-
nentes e/ou acessórios usados na mamografia e a 
colocação dos mesmos em relação à paciente. 
 
 
acessório compressão 
suporte da mama 
grade 
filme 
sensor do exposímetro 
Fig. 1.14. Acessórios usados na mamografia. 
 
1.5.1. Filtros 
Quando analisamos a ampola do equipamen-
to de mamografia, verificamos que esta possui uma 
janela de Berílio (número atômico 4) em substituição 
ao vidro comumente utilizado. Isto é necessário para 
que o feixe não seja demasiadamente atenuado, já 
que possui fótons de baixa energia. Outro material 
também utilizado para a janela é o Silicato de Boro. 
A filtração inerente para a ampola é de aproximada-
mente 0,1 mmAl, sendo que toda filtração necessáriaà técnica deve ser obtida com filtração adicional. Sob 
nenhuma circunstância a filtração total deve ser me-
nor do 0,5 mm Al. 
A retirada do feixe da radiação de freamento 
de alta energia, por exemplo, de um alvo de Tungstê-
nio é feito com a inserção de uma lâmina de Molib-
dênio (60 µm) ou Ródio (50 µm). O espectro de 
energia resultante pode ser visualizado na figura 
6 Parte 3 – RADIOGRAFIA ESPECIALIZADA 
 
Núcleo de Tecnologia Clínica
 
1.15. Para ânodos construídos de Molibdênio, a fil-
tração adicional é obtida pela inserção de um filtro de 
Molibdênio (0,03 mm) ou de Ródio (0,05 mm). Com 
isto, o feixe fica composto praticamente só com a 
radiação característica do Molibdênio, o que se en-
caixa perfeitamente nas necessidades energéticas de 
um feixe que irá interagir com os tecidos moles da 
mama. No caso de utilizar-se alvos de Ródio, a filtra-
ção total pode ser obtida com uma lâmina de Ródio 
(0,05 mm). Este tipo de combinação permite a obten-
ção de um feixe mais penetrante, utilizado em mamas 
mais densas e espessas. 
 
10 20 30 40 
Energia dos fótons [keV] 
No de fótons (intensidade) 
50 µµµµm 60 µµµµm 
Rh Mo 
 
Figura 1.15. Espectro de energia após a filtração 
pelo filtro dede Molibdênio ou Ródio. 
 
Existem várias combinações entre filtro e al-
vo, dependendo do tipo de emissão que se deseja 
para atender determinadas explorações em função 
das características da paciente. Essas combinações 
envolvem o molibdênio, o Tungstênio e o Ródio usa-
dos como alvos ou filtros. As mais usadas são Mo-
libdênio-Molibdênio, Molibdênio-Ródio, Ródio-
Ródio e Tungstênio-Ródio. Cabe ao técnico avaliar 
as características da mama da paciente e o exame 
solicitado para escolher apropriadamente o filtro a 
ser utilizado. 
1.5.2. Colimação 
Em exames específicos, utiliza-se a colima-
ção do feixe de fótons para que apenas uma área es-
pecífica da mama seja irradiada. Isto melhora o 
contraste da imagem ao diminuir a radiação secundá-
ria. A colimação pe realizada com a ajuda de lâminas 
de alumínio de 2 mm que se encaixam junto ao cabe-
çote, logo abaixo da janela da ampola. Estas lâminas 
possuem uma região aberta por onde a radiação pode 
passar sem interferência. A forma deste elemento 
vazado pode ser retangular, oval ou circular. Alguns 
fabricantes realizam formas geométricas diferentes 
com o objetivo de melhorar o contraste e diminuir a 
dose na paciente. 
 
 
 (a) (b) 
Figura 1.16. Conjunto de colimadores utilizados 
na mamografia: a) a colimação é fixada pela aber-
tura na lâmina de alumínio; b) colimadores orga-
nizados no armário - a etiqueta colorida ajuda a 
identificação rápida. 
1.5.3. Compressores 
A eficiência da realização do exame mamo-
gráfico baseia-se principalmente na questão anatômi-
ca da mama. A utilização de uma tensão mais baixa 
que a radiografia convencional já é decorrente dos 
tecidos com densidades muito semelhantes que com-
põem a mama. O segundo ponto para que o exame 
tenha êxito é a proporcionar uma mesma atenuação 
para todo o feixe de raios X. Isto é conseguido atra-
vés da compressão da mama com ajuda de um 
dispositivo mecânico. O compressor provoca uma 
redução da espessura da mama na região proximal 
(torácica) de modo a que ela possua a mesma 
espessura que a parte distal. Assim obtém-se a 
mesma qualidade de imagem ao longo de toda a 
extensão da imagem. 
 
Figura 1.17. Conjunto de compressores de mama 
organizados no armário. 
 
Como as mamas possuem os mais variados 
tamanhos, um serviço radiológico de qualidade deve 
 MAMÓGRAFO 7 
 
Núcleo de Tecnologia Clínica
 
adquirir junto ao fabricante compressores de mama 
para pelo menos, três tamanhos distintos. Normal-
mente, o fabricante disponibiliza para as clínicas ou 
hospitais até seis tamanhos diferentes. 
1.5.4. Grades antidifusoras 
Apesar de trabalhar com imagens de alto 
contraste, devido a baixa tensão (kV) utilizada, a 
mamografia exige a utilização de grades móveis. As 
grades possuem relação entre 4:1 a 5:1 de forma a 
melhorar o contraste, possuindo um número de, ao 
menos, 30 linhas por centímetro. A utilização da gra-
de aumenta a dose no paciente, chegando a dobrar a 
dose para grades 4:1, quando comparada a técnica 
sem a grade antidifusora. Porém, a dose ainda assim 
é considerada baixa e obedece-se ao compromisso de 
melhorar o contraste significativamente. 
1.5.5. Exposímetros 
Os equipamentos de mamografia são dotados 
de um sistema que realiza uma medição da intensida-
de da radiação no nível do receptor de imagem, mas 
também avalia a qualidade do feixe. São os chama-
dos Dispositivos de Controle Automático de Exposi-
ção, posicionados sob o Bucky e o receptor de 
imagem conforme mostra a figura abaixo. Eles po-
dem ser feitos de câmaras de ionização, tubos foto-
multiplicadores ou diodos de estado sólido, 
possuindo, ao menos, dois detectores. 
Com os exposímetros, caso o técnico não te-
nha avaliado corretamente as características da ma-
ma, o próprio aparelho pode ser ajustado para 
interromper o feixe de radiação. Isto evitará que se 
perca o exame por causa da superexposição, além de 
garantir uma uniformidade na qualidade das imagens 
obtidas. 
1.5.6. Receptores de imagem 
Basicamente, foram desenvolvidos três tipos 
de receptores de imagem em mamografia, a saber: 
• filmes de exposição direta; 
• placa de selênio - Xerox (esta forma de receptor 
foi abandonada em 1990 pela empresa); 
• tela-filme (ècran-filme). 
 
A mais usada das três é que usa a combina-
ção tela-filme, cuja dose proporcionada ao paciente é 
menor do que a exposição direta. A Xeroradiografia, 
criada em 1970, era uma técnica na qual uma placa 
de selênio carregada positivamente substituía o filme. 
Sob a exposição de radiação X, as cargas positivas 
são retiradas nas diferentes regiões da placa depen-
dendo da quantidade de raios X recebidos em cada 
região, o que produzirá então, a imagem latente. 
Pressionando uma folha de papel ou plástica a qual 
contém toner em pó irá revelar a imagem latente. 
 
1.5.7. Magnificador 
Para realizar o exame de magnificação, que 
permite ao médico identificar melhor a ocorrência de 
cistos, tumores e cálculos, um acessório é adaptado a 
base do mamógrafo. Este acessório faz com que a 
mama fique mais perto do foco e mais distante do 
filme, provocando então o efeito de ampliação das 
estruturas radiografadas. 
 
 
Nova posição 
para a mama 
Encaixe para o 
suporte de mama 
A 
al
tu
ra
 a
m
pl
ia
 
a 
im
ag
em
 
 
Fig. 1.18. Acessório usado para o exame de 
magnificação. 
1.6 COMBINAÇÃO TELA-FILME 
A associação entre tela e filme precisa ser tal 
que o filme fique sobre a tela (mais próximo do tu-
bo), tendo emulsão em um só lado e ficando armaze-
nado em um chassi cuja superfície superior possua 
baixo Z, pois os raios X irão interagir primeiramente 
com ela. Se houvessem duas superfícies de ècran 
(ècran duplo), haveria borramento da imagem por 
excesso de luz no filme, algo indesejado e que com-
prometeria a qualidade da imagem. 
Portanto, o técnico ao carregar o chassi com 
o filme mamográfico deve tomar muito cuidado para 
que o coloque com o lado da emulsão voltado para a 
tela intensificadora, como apresentado pela figura 
1.19. Para facilitar o manuseio, os fabricantes dos 
filmes para mamografia fazem uma pequena marca 
(picote duplo) no canto superior esquerdo. Assim, o 
técnico utiliza seu tato para guiá-lo no trabalho den-
8 Parte 3 – RADIOGRAFIA ESPECIALIZADA 
 
Núcleo de Tecnologia Clínica
 
tro da câmara escura. 
 
fóton 
tela
emulsão
base
celulósica 
incorreto correto 
tela 
base 
celulósica 
emulsão 
fóton 
 
Figura 1.19. Posicionamento do filme em relação 
a tela intensificadorapara aproveitamento efici-
ente da radiação direta. 
1.7 CONTROLE DE QUALIDADE 
1.7.1. Dose associada à mamografia 
Quando consideramos a dose aplicada a pa-
cientes submetidas a exames mamográficos, devemos 
aceitar que em cada incidência a dose na pele (DEP) 
se situe em torno de 800 mR, o que é equivalente a 8 
mGy. Essa dose é considerada alta e por isso as téc-
nicas que otimizam a ação de filmes e telas intensifi-
cadoras devem ser utilizadas. 
Em mamografia se utilizam filmes mais rápi-
dos (mais sensíveis) e também écran que possua res-
posta mais eficiente de maneira a reduzir a dose 
associada. A ação de grades antidifusoras em exames 
mamográficos serve, como sabemos, para melhorar a 
imagem, reduzindo a radiação espalhada e melhoran-
do o contraste sobre o filme. 
Nos equipamentos mamográficos são usadas 
grades com relação 3:1 ou 4:1. A melhora da ima-
gem, no entanto, tem um custo, por que o uso de gra-
des implica num aumento dos fatores de exposição 
por um fator aproximadamente 2. 
Deve-se considerar, entretanto, que as carac-
terísticas do feixe de fótons aplicado a paciente, faz 
com que este seja rapidamente absorvido pelas pri-
meiras camadas da mama. Considerando a exposição 
na pele referida anteriormente para uma incidência 
crânio-caudal na mama (8 mGy), aceita-se que a dose 
absorvida pelo tecido glandular (Dose glandular Dg) 
seja de, aproximadamente 1,2 mGy, o que representa 
em torno de 15% da DEP. 
Os exames de mama exploratória implicam 
normalmente a aplicação de radiação em duas inci-
dências: crânio-caudal e médio-lateral oblíqua. Le-
vando em conta a dose absorvida pelo tecido 
glandular, em torno de 1,2 mGy por incidência, che-
gamos a um total de 240 mR, ou 2,4 mGy num exa-
me normal de mamografia. Recomenda-se que a dose 
absorvida pelo tecido glandular não exceda 1 mGy 
em exames sem grade e 3 mGy nos quais é necessá-
rio seu uso. 
1.8 EXAMES REALIZADOS 
Com o mamógrafo podem ser realizados vá-
rios exames, sendo é claro, o mais comum os que 
envolvem a detecção de câncer de mama. 
Na realização da radiografia de mama, nor-
malmente são utilizadas três incidências principais: 
incidência crânio-caudal, incidência lateral e incidên-
cia oblíqua. Para proteger a paciente de uma dose 
excessiva de radiação, os médicos normalmente, para 
exames de rotina ou controle, prescrevem apenas 
duas incidências para cada mama: crânio-caudal e 
lateral ou oblíqua. 
 
 
 (a) (b) 
 
 (c) 
Figura 1.20. Posicionamento dos exames realiza-
dos no mamógrafo: a) incidência crânio-caudal; 
b) incidência mediolateral; e c) incidência oblí-
qua. 
 
Geralmente, todo o equipamento mamográfi-
co permite a realização de um exame conhecido co-
mo stereotaxia, que consiste na retirada de uma 
 MAMÓGRAFO 9 
 
Núcleo de Tecnologia Clínica
 
pequena amostra do tecido suspeito de ser canceroso 
para biopsia. Basicamente, o sistema consiste de um 
acessório, que é adaptado a coluna do mamógrafo, o 
qual possui uma agulha, além de parafusos de preci-
são que permitem a correta localização do ponto de 
punção. Em alguns equipamentos, este sistema de 
localização é totalmente digitalizado, permitindo uma 
precisão da ordem de décimos de milímetro. 
A utilização do mamógrafo para a realização 
deste tipo de biópsia é a possibilidade de, a qualquer 
tempo, ser realizada uma radiografia e verificar-se se 
a agulha está devidamente posicionada, sem a neces-
sidade de remoção da paciente ou utilização de outro 
equipamento. 
 
 
Figura 1.21. Realização do exame de stereotaxia, 
pelo médico com auxílio de uma enfermeira. 
 
Além destes procedimentos mais comuns, o 
mamógrafo pode ser utilizado para a realização de 
radiografias de extremidades, principalmente mem-
bros superiores. Apenas para ilustração, vejamos 
abaixo as técnicas utilizadas no mamógrafo Senogra-
phe 500T para exames rotineiros de extremidade. 
 
Anatomia kVp mAs Filtro Comentário 
30 kV 8 mAs Mo tecido mole Dedos (mão) 34 kV 8 mAs Al ossos 
Mão 34 kV 10 mAs Al 
36 kV 10 mAs Al pequeno Pulso 40 kV 10 mAs Al médio 
Cotovelo 45 kV 25 mAs Al médio 
Joelho 45 kV 32 mAs Al médio 
Pés 36 kV 10 mAs Al 
Dedos (pé) 34 kV 8 mAs Al 
Tabela válida para a combinação de produtos da Kodak: tela Min R e 
filme OM-1. Caso seja utilizado filme Min R, aumentar o mAs em 50%. 
1.9 EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 
1. Cite 5 características necessárias ao 
Mamógrafo. 
2. Cite 5 motivos da necessidade da com-
pressão mecânica da mama durante o exame. 
3. Qual o melhor material a ser utilizado 
como alvo na ampola do mamógrafo? 
4. Qual o tamanho e a forma do foco usado 
na Momografia e qual a influência do mesmo para o 
exame? 
5. Qual o material da janela da ampola e 
qual a filtração inerente do mamógrafo? 
6. Por que existem vários filtros diferentes 
na Mamografia? 
7. Quais as características dos filmes utili-
zados em Mamografia? 
8. Qual a dose aceitável para uma boa ima-
gem na Mamografia? 
9. Quais são os tipos de receptores já de-
senvolvidos para a mamografia? 
10. Qual o maior benefício do sistema filme-
ècran? 
11. O que é um exposímetro e qual sua fina-
lidade? 
12. Para que serve a magnificação ou ampli-
ação da imagem? 
13. Por que durante um exame de magnifica-
ção é retirada a grade? 
14. Sob o aspecto radiográfico, que caracte-
rísticas femininas devem ser observadas para alterar a 
técnica de exposição do mamografia? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 Parte 3 – RADIOGRAFIA ESPECIALIZADA 
 
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