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Reflexões sobre o Direito Internacional Ambiental, por Luiza Silva Nipeda Direito

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22/09/2016 Reflexões sobre o Direito Internacional Ambiental, por Luiza Silva | Nipeda ­ Direito
http://www.nipeda.direito.ufba.br/pt­br/node/89 1/1
REFLEXÕES SOBRE O DIREITO INTERNACIONAL AMBIENTAL
 
Luiza Gonçalves Maia da Silva
 
A discussão a respeito da situação ecológica do planeta e a sua proteção legal foram desencadeadas a partir do
processo da globalização e, portanto, passaram a ocorrer em um momento bastante recente. O ambientalismo, bem
como a questão dos Direitos Humanos, por se tratarem de temas extremamente relevantes, são debatidos de uma
forma reiterada no cenário internacional.
Primeiramente, é importante que seja feita a diferenciação terminológica dos vocábulos “Ecologia” e “Meio Ambiente”,
para que haja a efetiva compreensão de que os mesmos não podem ser utilizados como sinônimos. A “Ecologia”, por
consistir em um ramo da ciência da biologia, tem as suas regras regidas por leis científicas, ao passo que o “Meio
Ambiente”, por variar de acordo com o comportamento do homem, é regulado por leis humanas. Leis estas que
podem disciplinar condutas internas ou internacionais.
A necessidade de proteção ao meio ambiente fez com que os Estados passassem a adotar medidas com o intuito de
melhor tratar esta questão tão primordial para a vida humana. Surge, desta maneira, como um ramo do Direito
Internacional Público, o Direito Internacional do Meio Ambiente. Vale a pena ressaltar que essa nomenclatura foi
adotada pelo fato de o mesmo não possuir regras e princípios autônomos.
Conceitualmente, o Direito Internacional do Meio Ambiente é aquele que tem como objeto a adoção de uma proteção
ambiental e a regulação de atividades que podem ser nocivas ao meio ambiente. Consiste, portanto, em um conjunto
de regras e princípios que tratam de direitos ou geram obrigações para os sujeitos do Direito Internacional, dentre
eles: Estados, organizações internacionais públicas ou privadas e indivíduos.
O Direito Internacional Ambiental passou a ter o seu surgimento efetivo com a Conferência de Paris, ao final do século
XX, no período entre guerras, em virtude da percepção de que haveria a necessidade de proteção do meio ambiente
em escala global. Entretanto, somente foi atingida a excelência a partir da criação da Organização das Nações Unidas,
a qual proporcionou a instituição de uma diplomacia multifacetária.
A ONU, após atender recomendações institucionais, convocou a Conferência Internacional do Meio Ambiente
Humano, realizada em Estocolmo e
celebrada em 1972, que teve o condão de impulsionar o reconhecimento do Direito Ambiental nos textos
constitucionais e, em adição, a conscientização da problemática encarada por ele.
O direito à um meio ambiente sadio, por ser considerado um desdobramento do direito à vida,  foi reconhecido, no
plano internacional pela Convenção de Estocolmo, como um direito fundamental. É relevante salientar que o
Supremo Tribunal Federal reconhece este direito como enquadrado na terceira geração dos direitos fundamentais, por
ser titularizado por toda a coletividade. 
 
Dez anos após este evento, ocorreu a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, formada por países
desenvolvidos e em desenvolvimento, com intuito de avaliar as medidas adotadas pela Declaração.
É mister salientar a relevância do Relatório de Brundtland, o qual foi pioneiro na definição do desenvolvimento
sustentável. Em seu texto, foram classificados três principais grupos de questões ambientais, sendo eles: a poluição
ambiental; a diminuição dos recursos naturais; e, por fim, os problemas sociais que tem uma repercussão negativa
sobre o meio ambiente.
Em 1992, como fruto de uma previsão expressa no Relatório, foi convocada pela ONU, a Conferência do Rio de
Janeiro, também conhecida como ECO­92. Durante o evento, ocorreu a adoção da Declaração do Rio de Janeiro sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, a qual visava uma proteção ambiental mais efetiva. 
 Como desenvolvimento lógico da ECO­92, documentos relevantes foram produzidos na seara internacional, tais
como: a Declaração do Rio; a Agenda 21, com a finalidade precípua de buscar o desenvolvimento sustentável, bem
como combater a pobreza, a preocupação com a saúde humana e a necessidade de cooperação dos países com o
intuito de se evitar a degradação ambiental; a Convenção sobre Mudanças Climáticas; a Convenção sobre Diversidade
Biológica, com o condão de colocar em evidência a questão da biodiversidade através de uma visão baseada no
desenvolvimento sustentável; e a Declaração de  Princípios sobre Florestas.     
Em 2002, também realizada pelas Nações Unidas, a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, para
implementar as medidas previstas na ECO­92. A questão ambiental também foi tratada em outros eventos, tais
como: o Rio + 5; o Rio + 20, Protocolo de Kyoto, dentre outros.
O Brasil é signatário da maioria dos tratados da agenda internacional atual, dada a importância constitucional à
proteção ao meio ambiente.
O Direito Internacional Ambiental ainda se porta de uma forma incipiente em alguns aspectos. Vale a pena fazer
referência à questão dos refugiados ambientais, pessoas que foram expulsas dos seus locais de habitação devido às
mudanças naturais ou provocadas pelo homem. O número desses refugiados cresce de uma forma alarmante a cada
ano e, ainda assim, eles não encontram uma proteção jurídica nos tratados e convenções internacionais.
Cabe, ao Direito Internacional Ambiental a sua maturação metodológica, o que seria essencial para que ele se
desmembrasse do Direito Internacional Público, dada a grande relevância que o tema apresenta à humanidade. É
necessária a criação de um conjunto de normas e princípios, bem como a sua maior efetividade ao cumprimento de
suas normas. É chegada a hora de uma mudança de nomenclatura para que se possa estudar com efetividade o
Direito Ambiental Internacional.