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AULA 1 SEMIOLOGIA NEUROLÓGICA DOIS OBJETIVOS: - Buscar saber se há sintomas e sinais de lesão neurológica; - Definir a topologia da lesão. -Excluindo-se os casos em que há distúrbios mentais ou de comunicação a anamnese do paciente neurológico não é diferente de outras práticas clínicas; -Deve ser cuidadosa e objetiva. Busca-se ativamente a avaliação da realidade. -Uma avaliação cuidadosa de órgão se sistemas. Ela é fundamental para a correta interpretação dos sintomas neurológicos, pois um sintoma neurológico pode estar diretamente ligado a problemas cardiovasculares. SETE PARTES PRINCIPAIS: - Exame neuropsicológico; - Exame do equilíbrio e marcha; - Exame da motricidade; - Exame da sensibilidade; - Exame das funções neurovegetativas; - Exame dos nervos cranianos; - Avaliações funcionais. OBJETIVO: - Obter informações sobre o nível de consciência e atenção, o humor, a iniciativa, as capacidades de julgamento e crítica, a organização das ideias, a memória para os fatos recentes e antigos e a capacidade de comunicação verbal; - Quando há queixas de alterações mentais, ou mesmo estas estas são evidenciadas durante a anamnese, se faz necessário aprofundar a avaliação. - Mini-exame do estado mental (Folstein, Folstein e McHugh 1975). - A escolaridade deve ser considerada pelos anos de estudo; - Bertolucci e col., 1994 aplicaram o FMMS em 350 brasileiros com vários graus de escolaridade e obtiveram os seguintes pontos de corte para normalidade: analfabetos = 13; 1 a 8 anos de escolaridade = 18; e > 8 anos de escolaridade = 26 - Observar em pé e sentado durante a entrevista e o exame, verificar e mantém a posição sem oscilações ou quedas para os lados e para trás; - Pedir para caminhar em linha reta alguns metros e voltar - Observar o padrão de marcha. Caso não seja característico (por exemplo hemiplégica ou parkinsoniana) descrever detalhadamente - Caminhar na ponta dos pés e nos calcanhares OBSERVAÇÃO: - Exame de força muscular; - Exame do tônus muscular; - Exame dos reflexos: Reflexos profundos; Reflexos superficiais; - Exame de coordenação; - Verificar a presença de assimetrias, atrofias e movimentos involuntários. - O tônus muscular pode ser examinado pela inspeção, palpação e movimento passivo; - Solicitar que fique relaxado e sem opor resistência a mobilização dos membros - Com uma das mãos apoiar o braço e com outra mão segurar a mão do paciente, efetuando movimentos de flexão, extensão e rotação do membro superior. Outra manobra é segurar ambas as mãos do paciente sentado, efetuando simultaneamente movimentos de flexão/extensão e rotação dos membros superiores - Com o paciente deitado, colocar uma das mãos na panturrilha e a outra mão segurar o pé efetuando movimentos de flexão, extensão e rotação dos membros inferiores - Observar a simetria do tônus muscular e a presença de redução (hipotonia) ou de aumento (hipertonia – Plástica/espástica/rígida) Reflexos Profundos: Todo o músculo esquelético pode exibir reflexo miotático fásico se corretamente estimulado. O estímulo deve ser um movimento rápido do músculo, que é obtido pelo percussão do tendão; - Solicitar que fique relaxado e corretamente posicionado antes do exame - Percutir o ponto tendinoso firmemente - Caso não obtenha resposta peça ao paciente para executar uma discreta contração do músculo pesquisado ou realizar a Manobra de Jendrassik (fechar os olhos e executar contração isométrica dos membros não pesquisados) - Se os reflexos parecerem hiperativos, pesquisar clônus: 1 patelar: perna semi-fletida, executar movimento súbito da patela contra o tendão e sustentar em posição 2 aquileu: perna semi-fletida, executar movimento súbito de flexão do pé e sustentar em posição - Registrar o reflexo encontrado conforme escala abaixo: 4+ = Hiperativo 3+ = Hiperativo sem clônus, com aumento da área de resposta à percussão 2+ = normal 1+ = Hipoativo 0+ = não obtido resposta Reflexos Superficiais: Aqui os estímulos são realizados sobre a pele ou mucosa e provocam contrações musculares geralmente circunscritas aos grupos musculares da região excitada. São reflexos polissinápticos, de latência mais prolongada e, contrariamente aos reflexos miotáticos, esgotam-se quando pesquisados rapidamente Cutâneo-plantar: Sinal de Babinski - Esfregar a porção lateral da planta do pé, do tornozelo até a porção anterior, com um objeto rombo - Observar a reação dos dedos - Reação indiferente ou normal quando ocorrer a flexão dos dedos e/ou a retirada do pé - Reação positiva ou Sinal de Babinski quando ocorrer uma extensão hálux e dos demais dedos - Reação normal ou reflexo ausente quando a reação for assimétrica Cutâneo Abdominal - Esfregar com um objeto rombo as regiões laterais o abdome (superior, média e inferior), em direção à linha média - Observar a contração da musculatura - Comparar com o lado oposto e com as 3 regiões - Reação normal quando ocorrer a contratura unilateral ou não ocorrer em nenhuma das regiões (em obesos ou pós cirurgia de abdome) Palmo-mentoniano - Esfregar com um objeto rombo a palma da mão em direção ao polegar/indicador - Observar a contração do mento homolateral - Reação normal quando não ocorrer a contratura - Reação anormal ou reflexo presente quando a contratura ocorrer (desfrontalização) Naso-labial - Percutir com a ponta do indicador o lábio superior abaixo do nariz - Observar a ocorrência de sucção dos lábios - Reação normal quando não ocorrer a contratura - Reação anormal ou reflexo presente (não inibido – significa desfrontalização) quando a contratura ocorrer Glabelar - Percutir com a ponta do indicador a glabela - Observar a ocorrência de piscamento - Reação normal quando não ocorrer o piscamento - Reação anormal ou reflexo presente (não inibido – significa desfrontalização) quando o piscamento ocorrer Movimentos rápidos alternados (Diadococinesia) - Em posição sentada executar bater o dorso e a palma da mão alternadamente nas coxas; - Bater a ponta do indicador na ponta do polegar o mais rápido possível em ambas as mãos; - OBS: Observar o ritmo e a simetria dos movimentos. (sem ambos: presença de Disdiadococinesia) Movimentos de ponto a ponto: - Tocar a ponta do dedo do paciente na ponta do dedo do examinador, que o moverá pelos vários quadrantes. Repetir com o outro lado; - Estender o braços e depois tocar a ponta do naris do paciente com a ponta do seu dedo. Repetir com o outro lado e com os olhos fechados; - Colocar o calcanhar sobre a crista da tíbia da perna oposta e deslizar até o hálux. Repetir com o outro lado; - OBS: Observar a simetria, precisão e ausência de tremor. Procurar questionar especificamente sobre a presença de parestesias, dores espontâneas aos perversões da sensibilidade. Avaliar sensibilidade superficial, profunda e sinais de irritação meníngea e radicular; Este exame busca constatar queixas específicas do paciente ou procurar encontra distúrbios da sensibilidade que usualmente acompanham a doença de base ou ainda outros sinais neurológicos verificados no exame; Quando não há queixas ou indícios de que a sensibilidade não esteja comprometida, não há necessidade de pesquisá-la. Dor e Tato - Explicar ao paciente o teste a ser realizado e peça que mantenha os olhos fechados e informe ao examinador quando a sensibilidade for alterada(aumentado, diferente ou reduzida); - Comparar áreas simétricas em ambos os lados do corpo e segmentos proximais e distais; - Caso exista suspeita de lesão medular, radicular, nervosa, pesquisar a área sensitiva correspondente bilateralmente e registrar detalhadamente os limites da alteração; - Utilizar um cotonete ou estilete de madeira quebrado para criar uma ponta e testar a dor e um pedaço de algodão ou um leve toque com a ponta do dedo para testar o tato; Senso de Posição - Segurar lateralmente o hálux e movê-lo para cima e para baixo, informando ao paciente quando está movendo para cima e para baixo; - Solicitar que feche os olhos e informea direção em que está movendo o dedo; - Se alterado, realizar o procedimento no outro polegar Sinal de Romberg - Solicitar que permaneça de pé sem apoio por 5 a 10 segundos. Após fechar os olhois e permanecer na mesma posição por mais 5 a 10 segundos. Será considerado Romberg+ quando apresentar instabilidade apenas com os olhos fechados. - Alterações das funções Neurovegetativas são comuns em lesões do SNC e SNP; - As principais alterações dizem respeito à distúrbios vasomotores das extremidades; Hipotensão postural; Modificações da saliva e transpiração; alterações do controle esfincteriano e da potência sexual; - A inspeção busca verificar o estado nutricional, presença de deformidades osteoarticulares, o ritmo respiratório, o aspecto da pele e anexo e o trofismo muscular. Indicador de Barthel; MIF; CIF; Índice de Katz e Lawton&Brody; A. Distúrbios do sistema motor incluem as seguintes anormalidades: 1. Da força e massa muscular: embora utilizados como sinônimos, o termo paralisia e paresia diferem tecnicamente; paralisia significa a perda completa a contração voluntária, enquanto paresia desgnina uma perda parcial. Normalmente se descreve estes termos vinculados a região do corpo comprometida, logo, podemos ter uma hemiplegia, paraplegia ou paraparesia, monoplegia... A falta de atividade muscular resulta em atrofia da musculatura, a atrofia por desuso; contudo se a atrofia é resultado de lesão do SN é chamada atrofia neurogênica 2. Da contração muscular: as contrações musculares espontâneas incluem: - Espasmos musculares: são contrações musculares involuntárias súbitas do músculo - Cãimbras: São espasmos musculares especialmente intensos e dolorosos - Fasciculação: São abalos rápidos de fibras musculares de uma só unidade motora, visíveis na superfície da pele - Fibrilações: São contrações de fibras musculares individuais que não são visíveis na superfície da pele - Movimentos anormais: São decorrentes de distúrbios nos gânglios da base. Acontece na Doença de Parkinson, na ELA, na Doença de Huntington, em distonias focais 3. Do tônus muscular: pode ser definido com a quantidade (ou grau) de tensão do músculo em repouso. A lesão em qualquer ponto do sistema motor interfere na regulação do tônus muscular. As alterações do tônus muscular podem ser divididas em: - Hipotonia: que é uma resistência extremamente baixa ao movimento passivo, pode ocorrer nas seguintes condições: distúrbios cerebelares, lesões dos moto-neurônios inferiores (devido a interrupção dos axônios aferentes e/ou eferentes) ou, temporariamente, após a lesão aguda do moto-neurõnio superior; - Hipertonia: É uma resistência anormalmente alta ao estiramento passivo, pode ocorrer nas seguintes condições: lesões crônicas dos moto-neurônios superiores e distúrbios dos gânglios da base. Relatam-se três tipos de hipertonia: a espástica (sinal de canivete), a plástica (sinal de cano de chumbo) e a rígida (sinal de roda denteada) 4. Alterações na atividade reflexa; 5. Eficiência e velocidade dos movimentos; e 6. Controle Postural: O controle postural prevê orientação e equilíbrio. A orientação é o ajuste do corpo e da cabeça para a vertical, e o equilíbrio é a capacidade de manter o centro de massa em relação à base de sustentação. O controle postural é realizado pelos comandos centrais para os moto-neurônios inferiores, a aferência central é ajustada ao contexto do ambiente PR meio de aferências sensoriais. Os comandos centrais são mediados pelas vias tecto-espinhais, retículo-espinhais, vestíbulo-espinhal e cortico-espinhais. As aferências sensoriais são utilizadas em mecanismos do tipo feedback e feed-forward. O controle por feedback envolve uma resposta à uma perturbação e o controle por feed-forward envolve a precisão e a antecipação para responder a acidentes futuros da estabilidade. B. De distúrbios dos motoneurônios inferiores: estes motoneurônios inervam as fibras musculares. Podem ser lesados por trauma, infecção (poliomelite), distúrbios degenerativos e vasculares, ou tumores. A interrupção dos sinais gerados por eles para os músculos diminuem ou impedem a cotração muscular. Se o corpo celular do moto-neurônio inferior ou seu axônio for destruído, ocorrem os seguintes sinais nos músculos afetados: 1. Perda dos reflexos; 2. Atrofia; 3. Paralisia Flácida; 4. Fibrilações. C. Síndrome do Motoneurônio Superior: Os neurônios que descem do cérebro e do tronco encefálico para fazer sinapses com os moto-neurônios inferiores (alfa e gama). São moto-neurônios superiores. As lesões destes tem quatro efeitos principais sobre a atividade motora: 1. Reflexos cutâneos anormais; 2. Sequenciamento (timing) anormal da ativação muscular; 3. Paresia; e 4. Espasticidade. ESPASTICIDADE: + Definição: é uma desordem motora caracterizada pela hiperexcitabilidade do reflexo de estiramento velocidade dependente, com exacerbação dos reflexos profundos e aumento do tônus muscular + Etilogia: dentre os vários mecanismos fisiopatológicos envolvidos, destaca-se a perda das influências inibitórias descendentes (via retículo espinhal), decorrentes de lesões do tracto cortiço-espinhal no controle das vias do reflexo de estiramento. A perda da influência inibitória descendente resulta em aumento da excitabilidade dos neurônios fuso-motores gama e dos moto-neurônios alfa. Há distinção da espasticidade de origem medular e encefálica; na primeira ocorre perda da inibição segmentar polissináptica e na segunda ocorre aumento da excitabilidade das vias monossinápticas. + Quadro clínico: ele é variável e depende da localização da lesão, gravidade e tempo de instalação da lesão. A espasticidade manifesta-se por aumento do tônus associado aos seguintes sinais clínicos: - Aumento do reflexo de estiramento; - Aumento dos reflexos tendinosos profundos; - Clônus; - Sinal de Babinski; - Sinergismo de massa; - Fraqueza e atrofia muscular; - Inadequação do recrutamento na geração de força; - Lentificação dos movimentos; - Perda de controle dos movimentos seletivos e perda da destreza; - Alterações da elasticidade muscular e Contratura. + Avaliação: Podemos utilizar indicadores quantitativos e qualitativos para identificar os padrões clínicos de disfunção. Os testes visam tato a mensuração da espasticidade em si (tônus muscular) quanto sua repercussão funcional. Alguns métodos de avaliação utilizados são: - Escala Modificada de Ashworth: é realizada pela movimentação passiva da extremidade através do arco do movimento para estirar determinados grupos musculares, quantificando sua resistência ao movimento de forma rápida nas diversas articulações; - Goniometria; - Marcha nos pacientes que deambulam para ser avaliada desde uma simples observação clínica até as formas mais detalhadas como o laboratório e marcha, que nos auxilia a diferenciar alterações primárias e reações compensatórias. - Escalas funcionais para análise da independência nas AVD e AIVD. As mais conhecidas: MIF, Índice de Barthel, Índice de Katz e Índice de Lawton. - Outras avaliações: Alguns autores ainda utilizam avaliação d fora, escala de dor, teste de avaliação de habilidades do MS, escala de espasmos musculares e escala de espasticidade dos adutores da coxa. +Tratamento: Há evidências que autorizam citar quatro princípios que devem ser levados em consideração no tratamento da espasticidde: 1. Não há um tratamento de cura definitiva da lesão; 2. O tratamento é multifatorial visando a diminuição da incapacidade; 3. O tratamento deve ser inserido dento de um programa de reabilitação; 4. O tempo de tratamento deve ser baseado na evolução funcional. AULA 2 - DESENVOLVIMENTO INFANTIL – UMA BASE PARA REABILITAÇÃO TÓPICOS IMPORTANTES: - Atividade Reflexa; - Reações; - Sequência do desenvolvimento motor anormal; - Padrões de Preensão; - Desenvolvimento motor anormal. ATIVIDADE REFLEXA: - Reflexo é um movimento estereotipado, acionado por umestímulo específico, que ocorre em período determinado do desenvolvimento; - Sua presença no RN (recém-nascido) é indicativo de condição neurológica normal, todavia a sua presença além do período esperado pode indicar lesão do Sistema Nervoso Central; - A manutenção da atividade reflexa por lesão do SNC impede a aquisição de padrões de postura e movimento normal. ATIVIDADE REFLEXA DO RN: - Sucção, busca, mordida, quatro-pontos-cardeais; - Reflexo de preensão palmar, reflexo tônico-flexor; - Reflexo tônico-labiríntico, reflexo tônico cervical assimétrico; - Reflexo de preensão plantar, Reflexo de Babinski; - Reflexo de retirada, Reflexo de extensão cruzada; - Marcha reflexa; - Reflexo de Moro. REAÇÕES DO RN: - Reação Labiríntica de Retificação; - Reação positiva de suporte, Reações negativas de suporte; - Reação de Landau; - Reações de endireitamento; - Reações de proteção: - Anterior: 6 meses / Lateral: 8 meses / Posterior: 10 meses. - Reação de para-quedas; - Reações de equilíbrio; - Balance corporal. SEQUENCIA DO DESENVOLVIMENTO MOTOR NORMAL DESENVOLVIMENTO DA MOTRICIDADE GLOBAL: - Controle de cabeça; - Arrastar; - Rolar; - Decúbito dorsal; - Decúbito ventral; - Transferências; - Sentar; - Sentar de lado; - Engatinhar; - Urso; - Ficar de Joelhos; - Ficar semi-ajoelhado; - Ficar em pé; - Andar. PADRÕES DE PREENSÃO Desenvolvimento da função manual Atividade reflexa: - Reflexo de preensão palmar; - Reflexo tônico-flexor; Atividade Voluntária: - Preensão ulnar; - Preensão palmar-simples; - Preensão radial; - Preensão em pinça. AULA 3 – PARALISIA CEREBRAL HISTÓRICO - Descrita por Little em 1843; - Em 1862 estabeleceu relação entre o quadro e o parto normal; - Freud, 1897, sugeriu a expressão Paralisia Cerebral (PC), termo consagrado por Phelps anos posteriores; DEFINIÇÃO - “Distúrbio permante, embora não invariável, do movimento e da postura, devido a defeito ou lesão progressiva do cérebro no começo da vida” - Grupo de afecções do SNC nas infância que não tem caráter progressivo e que apresenta clinicamente distúrbios da motricidade, da postura, do equilíbrio, da coordenação com presença variável de movimentos involuntários. - A PC é caracterizada por uma alteração dos movimentos voluntários ou posturais do paciente, sendo secundários de uma lesão ou disfunção do SNC, não sendo de caráter progressivo ou degenerativo. A lesão pode ocorrer no período pré, Peri ou pós-natal. INCIDÊNCIA - Entre 1,5 e 2,5 por 1000 nascidos vivos nos países desenvolvidos; - No Brasil não há estudos conclusivos; - No EUA admite-se a existência de 550 a 600 mil pacientes; ETIOLOGIA Qualquer condição que leve a uma anormalidade no cérebro; As mais comuns são: - Desenvolvimento congênito anormal do cérebro; - Anóxia cerebral perinatal (prematuridade); - Lesão traumática do cérebro ao nascimento (fórceps, parto demorado); - Eritroblastose por incompatibilidade de Rh; - Encefalite na fase inicial do período pós-natal. OBS: Geralmente o DG é feito tardiamente, logo a causa precisa é frequentemente especulativa. CLASSIFICAÇÃO Os autores em geral costumam classificar PC em dois ou três critérios: - De acordo com as alterações no tônus muscular; - De acordo com a topografia do comprometimento corporal; - De acordo com a gravidade do comprometimento. Classificação de acordo com a alteração do Tônus Muscular: Classificação Local de lesão Sub-classificação Tônus Espástico Neurônio Motor-superior Hiper Atetóide Gânglios da base Puro Espástico Coreo-Atetóide Distônico Hipo Normal Normal Hiper Hipo Normal Hiper Hipo Hiper Atáxico Cerebelo Normal Floppy Generalizada/difusa Hipo Classificação de acordo com a alteração do Tônus Muscular: Classificação Variantes Comprometimento Corporal Quadriplegia Dupla hemiplegia Triplegia Todo o corpo Diplegia Tronco inferior e MMII Hemiplegia Monoplegia Hemicorpo DIAGNÓSTICO - Atraso no desenvolvimento motor; - Manutenção de reflexos primitivos; - Presença de reflexos anormais; - Ausência de reações posturais; - Eletroencefalograma (EEG) e tomografia computadorizada (TC) confirmam o diagnóstico. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Distúrbios progressivos do SNC; - Miopatias; - Tumores. QUADRO CLÍNICO PC apresenta várias formas clínicas: - Espásticas: - Hemiplegia: Forma mais frequente; - Quadriplegia: Segunda forma mais frequente; - Diplegia: Terceira forma mais frequente; - Atetóide: Rara, manifesta-se por meio de movimentos involuntários; - Ataxia: Rara, no RN preseça de hipotonia, alterações do equilíbrio e coordenação. - Ditúrbio motor; - Deficiência mental; - Epilepsia; - Distúrbios de linguagem; - Distúrbios visuais; - Distúrbios do comportamento; - Distúrbios ortopédicos. TRATAMENTO - Paliativo - Medicamentoso: limita-se a anticonvulsivantes, tratamento da espasticidade, por vezes psiquiátricos e devido a agitação motora; - Cirúrgico: envolve cirurgias ortopédicas para correção de deformidades e estabilização articular. - Reabilitação: admite múltiplas possibilidades. PROGNÓSTICO - Depende do grau de dificuldade motora, presença de retrações e deformidades esqueléticas e da disponibilidade e qualidade da reabilitação; - Outros fatores que interferem são o grau de deficiência mental, o número de crises epiléticas e a intensidade dos distúrbios de comportamento. - A medida que a criança com PC cresce, outros fatores combinados com os efeitos da lesão agravam as deficiências funcionais. Estes fatores são a falta de atividade sobre a flexibilidade osteomuscular assim como os efeitos de uma série de atividade muscular limitada e estereotipada exercem sobre o SN. DISCUSSÃO Não há evidências sobre os benefícios da reabilitação física no tratamento da espaticidade. Muitas vezes o processo de intervenção deverá atentar sobre outros fatores que não somente o desenvolvimento motor, como também oferecer estratégias mais práticas e fáceis. ATIVIDADE E PARTICIPAÇÃO REABILITAÇÃO: OBJETIVOS - Segundo OLIVER (2003) é importante que a reabilitação não se limite em substituir disfunções por habilidades (...) devemos dar importância tambémaos processos de participação na vida social e cidadania do indivíduo. UMA PRÁTICA BASEADA NO CLIENTE - Aceitar a criança e sua família, seus problemas, ideias e expectativas seriamente; - Envolver ao máx. a família em decisões relativas ao tratamento; - Fornecer informações que permitam a família assumir responsabilidades sobre o tratamento da criança; - fazer com que a família sinta-se responsável pelos aspectos não médicos dos problemas apresentados pela criança TERAPIA OCUPACIONAL: DEFINIÇÕES - O TO profissionalmente qualificado envolve a criança e sua família em atividades destinadas a promover o restabelecimento máximo da funcionalidade desta, com o propósito de ajudá-los a fazer frente às demandas de seu ambiente de trabalho, social, pessoal, doméstico e participar da vida em seu mais pleno sentido. - Visão de desempenho ocupacional pautada no Modelo Biopsicossocial da CIF. OBJETIVOS PARA COM A CRIANÇA COM PC - As intervenções objetivam maximizar a independência na realização das atividades e inserção social da criança. AVALIAÇÃO EM TO - Avaliar em TO é buscar um método válido e confiável para identificar fatores que limitam as atividades e restringem a participação social da criança. Importante ter o foco sobre o desempenho e capacidade e não sobre a doença e deficiências geradas pela mesma. AVALIAÇÂO DO DESEMPENHO: MEDIDA CANADENSE DE DESEMPENHO OCUPACIONAL (COPM): Passo 1: Atividades de Vida diária - Cuidados pessoais; - Condições de movimentar-se - Independência fora de casa; Passo 2: Atividade Produtivas - Educação; - Tarefas Domésticas; - Trabalho (remunerado ou não); Passo 3: Atividades de Lazer - Recreação calma; - Recreação ativa; - Socialização. A COPM possui 3 objetivos principais:- Identificar áreas problemas no desempenho ocupacional; - Auxiliar na definição de objetivos para o processo de terapia ocupacional; e - Medir as mudanças de desempenho ocupacional ao longo do processo de terapia ocupacional. PRINCIPAIS ÁREAS PROBLEMAS: AIVD’s - Locomoção e vestuário *Podem ser utilizadas órteses e adaptações ORIENTAÇÕES AOS PAIS: - Como carregar - Como transportar *Criar formas e estratégias da criança se locomover, andar e explorar o meio. Facilitar ao máximo o seu brincar INCLUSÃO - TO como facilitador na inclusão da criança com deficiência na escola regular - Escola, professores, pais e alunos SCHOOL FUNCTION ASSESSMENT: - Participação - Auxílio no desempenho de tarefas: -Físicas -Cognitivo/comportamentais - Desempenho de atividades e tarefas físicas - Adaptações. ATIVIDADES DE LAZER - Recreação Calma; - Recreação Ativa; - Socialização ESPINHA BÍFIDA – MIELOMENINGOCELE E MENINGOCELE MIELOMENINGOCELE - É uma mal formação do tubo neural; - Ocorre uma falha na fusão dos elementos posteriores da coluna vertebral; - Má formação ocorre entre 3-5 semana da vida intra-uterina GENERALIDADES - Embriologia: ácido fólico - Espinha bífida: meningocele, mielocele; - Mielomeningocele: é a mais comum; - Conceito: é a protrusão herniana da medula espinhal e suas meninges através de um defeito do canal vertebral, resultando em distúrbios neurológicos variáveis, dependendo da localização e gravidade da lesão. ALTERAÇÕES ASSOCIADAS Neurológicas: - Hidrocefalia: 80 – 90 % - Malformação de Arnold-Chiari; - Medula presa; - Hidromelia. Urológicas: - Disfunção neurogênica de bexiga; - Malformação renal; - Anus imperfurado; - Sexualidade. Outras: - Retardo Mental; - Alergia ao látex; - Obesidade; - Alterações de sensibilidade: úlceras de pressão. ETIOLOGIA > Multifatorial DIAGNÓSTICO > Pré-Natal (USG) CLÍNICO: Paralisia Flácida, perda da sensibilidade, disfunção autonômica abaixo do nível da lesão EXAME FÍSICO: - Hidrocefalia - Força Muscular - Reflexos - Deformidades (Pós-natal) REABILITAÇÃO NA MIELOMENINGOCELE DEFINIÇÃO - Espinha bífida consiste no grupo de defeitos que ocorrem durante a formação do tubo neural- defeito na fusão dos arcos vertebrais. - Espinha bífida oculta: sem repercussão clínica- 10% dos adultos. - Espinha bífida cística: com repercussão clínica Mielomeningocele | Meningocele | 55% Mielocele | Raquisquise | Anencefalia | 35 a 45% Encefalocele | 7% INCIDÊNCIA - A frequência mundial é de aproximadamente 1:1000 nascidos vivos. - Na Grã Bretanha a frequência chega a 4: 1000 nascidos vivos. - No Brasil há 2 estudos: um em Curitiba realizado entre 1990-2000 frequência de 1,8:1000 nascidos vivos e outro em Campinas entre 1982 a 2001 frequência de 2.28:1000. ETIOLOGIA - Deficiência materna de ácido fólico. - Uso de madicações: carbamazepina, ácido valpróico, fenobarbital, fenitoína, primidona, sulfassalazina, metotrexato. - Hereditariedade: chance do segundo filho nascer com defeito do tubo neural é de 5%, do terceiro filho é de 10% e do quarto filho é de 25%. COMPLICAÇÕES Neurológicas Ortopédicas Urológicas Cognitivas Nutricionais NEUROLÓGICO -Hidrocefalia: complicação mais frequente, sendo de caráter obstrutivo (devido a mal formação de Chiari I, II ou III). -Siringomielia ou hidromielia: cavidade liquorica no interior da medula (entrada de liquido no canal central através do quarto ventrículo) – sintomas de fraqueza em membros inferiores e superiores e escoliose -Medula presa (ancorada): ocorre aderência do tecido nervoso adjacente a ectoderme ao nascimento. Não ocorre migração da medula durante o desenvolvimento do nível L5 para o L1. O diagnóstico é clínico : espasticidade em membros inferiores, piora da escoliose, deformidades, dor lombar, piora do quadro urológico e intestinal. UROLÓGICO - Bexiga neurogênica- leva a ITU de repetição e perda da função renal. - Mal formações renais. - Puberdade precoce: ligada a hidrocefalia. - Função reprodutora alterada no sexo masculino. OUTRAS COMPLICAÇÕES - Alergia ao látex: IgE mediada. Incide em aproximadamente 30 a 40 %. Sempre deve ser pesquisada antes dos pacientes se submeterem a procedimentos cirúrgicos. - Obesidade: alteração no centro da saciedade pela hidrocefalia e redução da atividade física. REABILITAÇÃO EQUIPE INTERDISCIPLINAR: Fisiatra Urologista Neurologista Fisioterapia TO Fisioterapia aquatica Pedagogia. Psicologia Fonoaudiologia OBJETIVOS - Melhora da função, da independência – FUNCIONALIDADE! - Cirurgias SÓ COM FINALIDADE DE GANHO NA FUNÇÃO. - Para o mesmo nível funcional o objetivo a ser alcançado deverá ser visto individualmente para não frustrar a equipe, o paciente e seus familiares. MEIOS AUXILIARES - Órteses: goteira suropodálica, órtese supramaleolar, órtese suropodálica não articulada, órteses longas com ou sem cinto pélvico, hastes derrotatórias, órteses de mão. - Cadeira de rodas adaptada – adequação postural. PROGNÓSTICO DE MARCHA Fatores que influenciam: Peso Nível Motor Deformidades Cognitivo Condições sócioeconômicas e suporte familiar NIVEL MOTOR Conforme Hofmann e cols. ( 1973) Torácico - Nâo apresenta movimentação nos membros inferiores - Deambulação terapêutica com tutor longo com cinto pélvico e com RGO. Na vida adulta serão cadeirantes. - Ortostatismo importante: redução da osteopenia, melhora do intestino e da bexiga, e evita deformidades. Lombar alto - Tem funcionante o músculo psoas, adutores e eventualmente o quadríceps. - Prognóstico de deambulação regular ( marcha domiciliar e comunitária para curtas distâncias) com uso de órteses longas com cinto pélvico e andador. Cadeirante na vida adulta. Lombar baixo - Tem funcionante os músculos adutores, psoas, quadríceps, flexores mediais do joelho e eventualmente o músculo tibial anterior e gluteo médio. - Prognóstico de deambulação é bom com o uso de órteses suropodálicas e com o uso de muletas canadense. Quando crianças podem necessitar de tutor longo com cinto pélvico para a deambulação. Sacral - Tem funcionante os músculos psoas, adutores, quadríceps, flexores mediais do joelho, músculo tibial anterior, glúteo médio, flexores plantares e extensores do quadril. - Podem ou não necessitar de órteses para a deambulação- deambulador comunitário. - Cuidar pé neuropático!!! PROGNÓSTICO - Clínico: Complicações, aspecto sócio-cultural; - Reabilitação: Grau de independência, controle dos esfíncteres, escola, trabalho, lazer, etc; - Marcha: (Hoffer): Torácica: Não deambulador; Torácica – Lombar alta: Deambulador não-funcional; Lombar Alta: Deambulador domiciliar; Lombar baixa – Sacral: Deambulador comunitário Sistema de classificação FMS - Descrita em 2004 como um método simples para descrever a mobilidade funcional em crianças com deficiência e auxiliar a comunicação entre os ortopedistas e a equipe de reabilitação - Baseado na necessidade de utilização de meios auxiliares para a locomoção de pacientes portadores de deficiência -Está sendo utilizado na maioria dos trabalhos que avaliam pacientes com PC e mielomeningocele - Baseada nos meios auxiliares necessários para percorrer 3 diferentes distâncias: 5 mts (domiciliar), 50 mts (escola) 500 mts ( comunidade) - Dada uma nota de 1 a 6 baseada na capacidade para deambular nestas 3 distâncias Classificação: l1: cadeira de rodas; l2: andador l3: 2 muletas l4: 1 muleta l5: independente em superfícies planas l6: independente em todas as superfícies TRATAMENTO: - Equipe Multidisciplinar; - Avaliação e tratamento neurológico (VITAL): fechamento da bolsa; - Avaliação e tratamento urológico; - Avaliação e tratamento ortopédico; - Reabilitação. TRATAMENTO UROLÓGICO: - Avaliação clínica; - Diagnóstico da disfunção; - Orientação esvaziamento vesical; - Prevenção de complicações; - Orientação sexual. TRATAMENTO ORTOPÉDICO: Correçãodas deformidades: - Facilitar posicionamento; - Evitar complicações (lesões de pele, problemas respiratórios, etc.) - Promover função (marcha). REABILITAÇÃO: - Treino de AVDs, transferências; - Adequação postural; - Treino de locomoção (CR, órteses) - Orientação à família; - Acompanhamento psico-pedagógico; - Inserção escolar/social. ÓRTESES - Posicionamento e função DEFORMIDADES X NÍVEL - TORÁCICO: flexão e abdução dos quadris, flexão de joelhos e equino dos pés. Medidas preventivas posicionamento, órteses e cinésioterapia. - LOMBAR ALTO: flexão e adução dos quadris, pé equino e flexão de joelhos. - LOMBAR BAIXO:flexão de joelhos, pé calcâneo valgo. - SACRAL: pé calcâneo, cavo, dedos em garra. TRATAMENTO DAS DEFORMIDADES - Quadril: cirurgia só de partes moles para alinhar os membros inferiores e permitir o ortostatismo. - Não se corrige a luxação do quadril ( não afeta a deambulação, não é dolorosa, quando é unilateral não se relaciona com o surgimento da escoliose. - Cirurgia com maus resultados ( desequilíbrio muscular, flacidez muscular, instabilidade capsular, displasia acetabular, anteversão e valgismo exagerado do colo femoral) - Pode levar a rigidez e a dificuldade para sentar - JOELHO: Quando a deformidade em flexão é maior que 30 graus, a indicação é cirúrgica. Em caso de recurvato, é indicado o uso de\ órteses longas. - TORNOZELO: No caso de deformidade em valgo inicia com tratamento conservador. Se o uso da órtese promover áreas de hiperpressão maleolar prejudicando a deambulação o tto será cirúrgico. - PÉ: o objetivo do tratamento é a obtenção de pé plantígrado e com mobilidade, livre de áreas de hiperpressão e compatível com o uso de órteses. Pés rígidos podem levar ao desenvolvimento de pé de Charcot. CONCLUSÃO - Mielomeningocele por ser uma patologia complexa necessita ser atendida em um Centro de Reabilitação. - O prognóstico para marcha é multifatorial . - O objetivo de reabilitação pode diferir em pacientes com o mesmo nível de lesão - Todas as intervenções em pacientes com mielomeningocele devem ter como objetivo melhorar a qualidade de vida e a funcionalidade. DISTROFIAS MUSCULARES - As Distrofias Musculares são um grupo de doenças de causa genética, que levam a uma degeneração progressiva dos músculos esqueléticos. - Atualmente, são conhecidos mais de 30 tipos de distrofias musculares, que se diferenciam entre si: na idade em que se manifestam os primeiros sintomas, na velocidade de progressão da doença, nos mm preferencialmente afetados e no mecanismo da herança genética. DISTROFIAS MUSCULARES EM CRIANÇAS: - Distrofia Muscular de Duchenne (DMD). - Distrofia Muscular Congênita. DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE (DMD) - É a mais comum. Atinge apenas meninos, numa incidência de 1 para 3.500 nascimentos. - Os primeiros sintomas d doença são: quedas frequentes, dificuldades para correr e subir escadas. - Geralmente os sintomas se manifestam por volta dos 3 a 5 anos de idade, e vão se agravando progressivamente, levando à incapacidade para andar entre 11 e 12 anos. Defeito Genético: - A DMD é uma doença genética de herança recessiva, ligada ao cromossomo X. Na mulher encontramos dois cromossomos X, um herdado de seu pai e outro d sua mãe. No home, existe apenas um cromossomo X, herdado da mãe, e um cromossomo menor, o Y, herdado do pai. Como na mulher existem dois cromossomos X, se um deles tiver ogenes defeituoso, o outro cromossomo X garantirá o bom funcionamento dos músculos. Assim sendo, a mulher pode ser portadora do gene DMD, mas não desenvolve a doença. Por isso a DMD afeta apenas o sexo masculino, que possui um único cromossomo X. Sinais característicos no desenvolvimento: - O estereótipo é de uma criança com antebraços e pernas com músculos volumosos (infiltrações lipídicas e fibrosas) e atrofias de músculos das coxas, braços, tronco, cinturas escapular e pélvica. No entanto, a pseudo-hipertrofia não é regra para todos os casos. - Devido à fraqueza dos músculos da cintura pélvica e dos paravertebrais, a criança faz báscula alternada de quadril e desenvolve lordose lombar. A Marcha é bamboleante e débil com muita dificuldade para subir e descer escadas. - Para ficar em pé a partir de prono, estas crianças desenvolvem uma escalada sobre si mesmos (Manobra de Gowers ou levantar miopático). Contraturas e retrações dos tendões levam alguns pacientes a andar na ponta dos pés. - A criança com DMD também desenvolve escoliose, provavelmente pela perda de força muscular do tronco, o que compromete a função respiratória. Em 75 % dos casos esta fraqueza na função respiratória é responsável pelo óbito (em torno da 2ª a 3ª década de vida) - À medida que a DMD progride, a fraqueza dos músculos cervicais, acessórios, abdominais e respiratórios evolui. A falta de força destes grupos musculares pode acarretar insuficiência respiratória e tornar a tosse ineficaz. Isso predispões à estase e broncoaspiração, que leva a pneumonia. DISTROFIA MUSCULAR CONGÊNITA - A distrofia muscular congênita é um grupo heterogêneo de doenças cujos sintomas principais (hipotonia e fraqueza muscular) já se manifestam ao nascimento, ou logo nos primeiros meses de vida da criança (são os “bebês molinhos”) - Todas as formas de distrofia muscular congênitas até o momento descritas obedecem ao padrão de herança autossômico recessivo. Uma das formas conhecidas é a distrofia muscular congênita Fukuyama, mais comumente encontrada no Japão. Esta doença provoca intensa fraqueza nos músculos faciais e dos membros, hipotonia muscular generalizada, contraturas articulares, e geralmente se manifesta dos nove meses de idade. A maioria das crianças apresentam retardo mental, distúrbios de fala e convulsões. AULA 4 - COMPLICAÇÕES E PROTOCOLO DE INTERVENÇÃOP EM RESTRIÇÃO PROLONGADA NO LEITO E MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE PACIENTES INTRODUÇÃO - As consequências das restrições prolongadas ao leito são graves, e a base dessas complicações são o desequilíbrio da relação normal entre o repouso e a atividade física. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - As manifestações clínicas são profundas alterações fisiológicas e bioquímicas afetando praticamente todos os sistemas do corpo e, muitas vezes, a imobilidade pode levar a uma incapacidade maior do que aquela causada pela doença inicial. PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES No SNC: - Diminuição da atividade motora; - Labilidade Autonômica - Perturbações emocionais ou comportamentais; - Diminuição da capacidade de realizar atividades intelectuais Sistema Digestivo: - Podem estar presentes anorexia e obstipação intestinal Sistema Endócrino: - Podem ocorrer aumento da diurese e hipercalciúria. Sistema Cardiovascular: - Frequência cardíaca aumentada, hipotensão e o risco de flebo-trombose podem estar presentes. Sistema Respiratório: - Diminuição da capacidade vital e da ventilação máxima; - Alterações regionais na relação ventilação/perfusão e perturbações no mecanismo de tosse. Sistema Tegumentar: - Atrofia da pele e úlceras de pressão. Sistema Musculoesquelético: - Osteoporose; - Fibrose e anquilose articular; - Diminuição da força muscular; - Perda da massa muscular (Hipotrofia, Atrofia); - Alterações na coordenação dos movimentos; - Formação de aderências; e - Retrações e contraturas. PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO - Mobilização e estimulação do paciente no leito tornam possível manter um nível satisfatório de atividades motoras e prevenis muitas das complicações. - A atividade física gera gasto energético suficiente para manutenção do apetite do paciente, prevenindo a anorexia. - Posicionamento no leito e exercícios são suficientes para prevenir a obstipação intestinal; - Massageamento abdominal circular e compressivo, no sentido horário, seguindo os trajetos dos cólons, estimulam o peristaltismo e mobilização do bolo fecal. - Exercícios globais são importantes para a manutenção das estruturas osteo-articulares, pois a tração exercida pela contração muscular ativaestimula a retenção de cálcio no osso, prevenindo a osteoporose e diminuindo a hipercalciúria. - Exercícios mantém a mobilidade articular, força e massa muscular. - Para retrações e limitações da ADM, podem ser incluídas técnicas específicas visando o alongamento das estruturas contraturadas. *Talas, calhas, gessos,podem ser utilizados para manter a ADM. - O sistema cardiovascular também é beneficiado pela atividade física, desde que não haja restrição devido à uma cardiopatia de base. - Hipotensão postural pode ser prevenida com posicionamento no leito. De forma que o sentar, o ortostatismo e a marcha devem ser estimulados e iniciados o mais precocemente possível. - Flebotrombose pode ser evitada pela elevação do segmento, melhorando o retorno venoso, contudo a prevenção também pode ser feita através do movimento ativo da musculatura do segmento afetado e massagens compressivas da região. - Posicionamento no leito e as mudanças frequentes de decúbito são importantes para a prevenção de contraturas, deformidade e úlceras de pressão. - Para as úlceras são também importantes o massageamento das áreas de maior pressão e o uso de coxins e espumas adesivas nas proeminências ósseas. - As alterações do sistema respiratório são evitadas por exercícios especiais, visando a manutenção dos volumes e capacidades pulmonares, assim como a prevenção de acúmulo de secreção brônquicas. - Na presença de pneumopatias, técnicas fisioterápicas respiratórias como as de desobstrução (tapotagem, drenagem postural, vibração manual ou mecânica, tosse assistida, entre outras) poderão ser utilizadas. - Técnicas de expansão pulmonar devem ser utilizadas na rotina do paciente acamado, evitando atelectasias e outras alterações ventilatórias decorrentes à diminuição causada pela inatividade física sobre os volumes pulmonares. - Um programa profilático deve incluir, sempre que possível, séries de exercícios utilizando as diversas modalidades descritas e distribuídos ao longo do dia, desde que não existam contraindicações específicas. - O ortostatismo precoce também é preconizado. MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DO PACIENTE - Movimentação e transporte do paciente são considerados penosos e perigosos para os trabalhadores da saúde. - Um cuidadoso planejamento antes de iniciar estes procedimentos é essencial e imprescindível. - Cinco etapas são importantes no planejamento desta tarefa: 1 - Avaliação das condições e preparo dos pacientes; 2 - Preparo do ambiente e dos equipamentos; 3 - Preparo da equipe; 4 - Movimentação do paciente no leito; 5 - Transporte do paciente. 1 - Avaliação das condições e preparo do paciente: - Avalie as condições físicas do paciente e a capacidade deste de colaborar; - Fique atento a presença de soros, sondas ou outros equipamentos; - Explique ao paciente, sempre que possível, o que deseja fazer; - Orientar ao paciente para que ele auxilie na tarefa. 2 - Preparo do ambiente e dos equipamentos: - Examinar o local e remover os obstáculos; - Observar a disposição do mobiliário; - Obter condições seguras em relação ao piso; - Elevar ou abaixar a cama, quando possível, para ficar na mesma altura da maca; - Travar as rodas da cama, maca, cadeira de rodas ou solicitar ajuda adicional; - Adaptar a altura da cama ao trabalhador ou ao tipo de procedimento que será realizado; - Colocar barras de apoio no banheiro; - Elevar a altura do vaso sanitário; - Utilizar CRs próprias para o banho ou higiene 3 - Preparo da equipe Princípios básicos de mecânica corporal: - Deixar os pés afastados e totalmente apoiados no chão, - Trabalhar com segurança e com calma; - Manter as costas eretas; - Usar o peso corporal como um contrapeso ao peso do paciente; - Flexionar o joelho em vez de curvar a coluna; - Utilizar movimentos sincrônicos; - Trabalhar o mais próximo possível do corpo do paciente; - Realizara as transferências com auxílio de outra pessoa, sempre que possível. 4 - Movimentação do paciente no leito: - Sempre que possível o paciente deve ser estimulado a movimentar-se de uma forma independente; - Também, sempre que possível, ter a disposição camas e colchões apropriados; - Buscar equipamento auxiliares como barras do tipo trapézio, antiderrapantes, entre outros. 5 - Transporte do paciente: - O transporte do paciente deve ser utilizado com a ajuda dos equipamentos auxiliares como pranchas de transferências, discos giratórios e auxílios mecânicos. CICLO DA DEFORMIDADE AULA 5 - ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) INTRODUÇÃO - os AVEs são a principal causa de incapacidade neurológica grave e acarretam grandes custos, medidos tanto em termos de dinheiro quanto em cuidados de saúde e produtividade perdida (SACCO, 2007) - Devido ao Aumento da Vida média da população, o AVE apreenta alta incidência, expressiva mortalidade e morbidade (DORIGON, 2007) - Várias terminologias: - Doenças cérebro vasculares - Acidente vascular encefálico (mais utilizado) - Doença encéfalo vascular - Derrame cerebral (erroneamente chamado) DEFINIÇÃO - No sentido mais amplo, a OMS definiu o AVE como: Sinais e distúrbio focal (por vezes global) da função cerebral, de evolução rápida, durando mais de 24 horas ou ocasionando a morte sem outra causa aparente ale daquela de origem vascular. - O AVE também pode ser definido como: déficit neurológico focal súbito devido a uma lesão vascular VASCULARIZAÇÃO CEREBRAL As principais artérias responsáveis pela vascularização cerebral são: - Artéria carótida e seus ramos (circulação anterior) - Artéria cerebral média: - Carótida interna: - Artéria cerebral anterior - Artéria cerebral posterior (em 15%) - Artérias vertebrobasilares (circulação posterior) POLÍGONO DE WILLIS (Netter, 2006) FISOLOGIA CEREBRAL - O cérebro adulto pesa cerca de 1500g ou 2% do peso corporal; - Requer suprimento de 150g de glicose e 72 L de oxigênio a cada 24h; - 20% do consumo corporal total de oxigênio; - Não armazena (o oxigênio e a glicose). - A cada minuto cerca de 350 ml de sangue fluem em cada artéria carótida interna e 100 a 200 ml no sistema vertebrobasilar, proporcionando um fluxo sanquíneo cerebral total de 50 ml/min por 100g. - A camada de músculo liso das principais artérias cerebrais é bem desenvolvida (assegurando o fluxo e a pressão de perfusão). - Arteríolas altamente sensíveis a alterações de dióxido de carbono arterial periférico (PaCO2) e no oxigênio arterial periférico (PaO2); - Quando há aumento da PaCO2 as arteríolas dilatam e aumentam o fluxo sanguíneo cerebral; - Na redução de tensão de CO2 há diminuição da contração das arteríolas e do fluxo sanguíneo. - As alterações na pressão parcial do oxigênio são contrárias; - Em indivíduos normais a pressão arterial varia de 60 e 140 mm Hg; - A atividade cerebral focal acompanha-se de metabolismo acelerado na região apropriada e é resolvida por aumentos no fluxo sanguíneo local e liberação de oxigênio, o que não ocorre em paciente com AVE (mecanismo destruído) PATOGÊNESE E CLASSIFICAÇÃO - Níveis de fluxo abaixo de 50 mg/dL ocorre a disunção cerebral ou neuronal; - 30 mg/dL lesão irreversível; - Há alteração do metabolismo cerebral quando o suprimento sanguíneo é interrompido por 30 segundos e depois de 1 minuto a função neuronal pode cessar e com 5 minutos a cessão pode acarretar um infarto cerebral. Etapas da evolução do infarto cerebral: 1. Vaso dilatação-focal; 2. Estase da coluna de sangue; 3. Edema; 4. Necrose do tecido cerebral. Os infartos podem ser: - Hemorrágicos: - Petequial - Confluente - Isquêmicos: - Arterosclerose - Embolia (arterial cardíaca ou transcardíaca) - Doenças de pequenos vasos - Condições mais raras (dissecação arterial, vasculite, hipotensão sistêmica, tumores) Os quatro subtipos de infarto mais frequentes são: - Arteroscleróticos de grandes vasos - Cardioembólico - Infarto lacunar de pequenos vasos - Cripotogênico - Zona de penumbra isquêmica: região do cérebro que circundao cerne de um infarto, onde a função neuronal está alterada, porém potencialmente recuperável. HEMORRAGIAS CRÂNIANAS: São decorrentes da ruptura de um vaso em qualquer lugar dentro da cavidade craniana. Podem ser calassificados de acordo com: - Localização: Extra durais Subdurais Intracerebrais Intraventriculares - Natureza do vaso: capilar Venosa - Causa: Primária Secundária SINAIS E SINTOMAS Sinais e sintomas típicos são: - Instalação aguda ou com progressão rápida, sem historia de trauma; - Cefaléias, vômitos, rigidez de nuca; - Depressão do nível de consciência/ confusão mental; - Paresia/plegia de um ou mais segmentos e/ou facial; - Alteração diminuída da sensibilidade - Alterações da marcha/ incoordenação/ quedas - Crise convulsiva; - Perda de visão – monocular, global (cegueira cortical) ou parte do campo visual; - Disartria/ vertigem / diplopia / disfagia. FATORES DE RISCO Não modificáveis: - Sexo; Idade; Raça; e Hereditariedade Modificáveis: - Hipertensão arterial; - Diabetes mellitus - Hipercolesterolemia; - Tabagismo; - Abuso de álcool; - Contraceptivos orais em altas doses; - Fibrilação atrial; - Cardiopatias embólicas; - Estenose carotídea assintomática; - Ataque isquêmico transitório. Novos fatores: - Fibrinogênio elevado; - Homocisteína elevado; - Inflamação/infecção; - Fatores dietéticos e inatividade física; - Trombofilias; - Apnéia de sono; - Cocaina; - Ateromatose aórtica. DIAGNÓSTICO Outros exames: - Exame do líquido cefaloeaquidiano - Teste para estados protrombóticos; - ECG de alta resolução. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Depende do tipo da lesão. As principais condições do DG diferencial, na fase aguda do AVE: - Convulsão; - Trauma; - Encefalopatias hipertensivas; - Alterações metabólicas; - Cefaleias primárias; - Tumores; - Demência; - Paralisia dos nervos periféricos - Distúrbios visuais e outros. PROGNÓSTICO - O período pós AVC isquêmico reserva o maior rico de morte (8 – 20% nos primeiros 30 dias) - A mortalidade em AVC hemorrágicos é pior, de 30 – 80% para hemorragias intracerebrais e 20 – 50% para subaracnóides; - As características que podem determinar no início do AVC, para predizer a mortalidade incluem: síndromes clínicas, hiperglicemia e idade. - Os pacientes sobreviventes de um AVC continuam a ter riscos de morte três a cinco vezes maior em comparação com a população geral da mesma idade. - A sobrevida é influenciada por idade, hipertensão e doença cardíaca COMPLICAÇÕES As complicações decorrentes do AVE são variadas e dependem do grau da lesão, tipo e intervenção. Segundo ANDRÉ, 2006, as complicações podem ser: - Infecções (urinárias, pneumonia, escaras, acesso venoso) - Endocardite - Vasulite - Trombose venosa profunda e embolia pulmonar - Infarto de miocárdio - Perturbação da consciência - Acometimentos motores graves e bilateral - Padrão respiratório anormal e outros TRATAMENTO - É a base de drogas, e após o quadro clínico estável, deve ser reabilitador - Principais drogas usadas são: - Anti agregantes - Anticoagulantes TERAPIA OCUPACIONAL JUNTO AO PACIENTE COM AVC O envolvimento em ações e tarefas (atividades) como meio no processo de reabilitação BASE PARA INTERVENÇÃO EM REABILITAÇÃO NEUROLÓGICA - A reabilitação neurológica está baseada sobre o conceito da plasticidade cerebral, onde serial possível modular ou facilitar a reorganização cerebral por estímulos externos. MODELO TEÓRICO - A atividade deve ser significativa, motivadora, que vá ao encontro de valores, interesses do sujeito, por isso é importante trabalhar com uma pratica baseada no cliente; - A atividade deve ser pensada e executada em um contexto real no qual o sujeito retorne suas rotinas, hábitos e experiencie um fazer autônomo ainda que de forma adaptada, mas segura e competente o suficiente a permitir o seu envolvimento em situações de vida (participação social) e a retomada e/ou manutenção de seus papéis ocupacionais. * Kielhofner: Modelo de Ocupação Humana (MOH) BASE PARA O USO DA ATIVIDADE NA INTERVENÇÃO - O movimento não é parte independente, mas parte integrante de uma atividade; - O treinamento, quando relacionado a uma tarefa significativa e capaz de ser realizada, pode prover melhores condições para alcançar a reorganização mais efetiva. - Pacientes devem praticar atividades específicas sob condições mais naturais possíveis e próximas da velocidade normal; MODELOS DE PRÁTICA - O fazer com base no aprendizado é meio singular na plasticidade cerebral; - A atenção é uma parte necessária da prática, sendo a melhora do desempenho associada a melhora da atenção; - Técnicas de aprendizagem em reabilitação incluem orientação, demonstração, feedback e repetição. - O Treinamento de força em indivíduos com lesões cerebrais, em particular, se relacionado ao desempenho das tarefas diárias, pode ter efeito no retreinamento neural. *Modelo Biopsicossocial da CIF para o raciocínio clínico! LEVANTANDO LIMITAÇÕES NAS ATIVIDADES E RESTRIÇÕES NA PARTICIPAÇÃO - COPM - Entrevista - Metas GÀS / SMART META/OBJETIVO: - Capacidade (ambiente padrão) Funções e estruturas do corpo Remediar - Desempenho (ambiente habitual) Fatores ambientais Acessibilidade/ Adaptação/ Educação em Saúde/ Serviços/ Políticas BUSCANDO EVIDÊNCIA/ REVISÃO DE LITERATURA Bases de dados PubMeb (2011) - Temas mais frequentes: Revisões sistemáticas Estudos de casos Validação de avaliações Comparação de Intervenções - Objetivos mais frequentes: Reabilitação cognitiva Reabilitação física AVDs e AIVDs Participação e autonomia - Intervenções mais frequentes: Reabilitação física e cognitiva Realidade virtual e biofeedback Terapia de restrição e tarefas orientadas OBJETIVOS > SMART AVALIANDO OBJETIVOS > GAS A GAS oferece vantagens como medida de avaliação para reabilitação, seu uso encoraja e promove: - Comunicação e colaboração: entre membro de equipe no estabelecimento de métodos para alcançar metas - Envolvimento do paciente: a GAS encoraja o envolvimento destes na elaboração e alcance das metas. ÓRTESES AVC Conclusões de um intensa revisão sistemática: - Não há evidências suficientes para apoiar ou refutar a eficácia de órteses de mão para adultos após o AVC - A evidência atual sugere que uma órtese de membro superior não afeta a função (no sentido de obter melhora desta) do membro superior, amplitude de movimento de pulso, dedos ou polegar, e nem dor. TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE) DEFINIÇÃO: - Pode ser definida como qualquer lesão resultante de um evento traumático que provoque comprometimento direto ou indireto do cérebro. TIPOS: LESÃO FOCAL: é uma contusão no cérebro originada por um impacto direto na cabeça; LESÃO DIFUSA (Axônica): consiste de uma lesão decorrente de uma torção, laceração ou estiramento dos axônios das fibras nervosas do cérebro. SEQUELAS - O TCE pode afetar todas as áreas do desempenho do cérebro, incluindo aí as AVDS, AIVDs e atividades de lazer; - Geralmente apresentam distúrbios motores como o tônus anormal, com quadro de hemiplegia, paraplegia, triplegia ou quadriplegia; - O controle motor ou postural é deficiente. Pode haver com frequência distúrbios sensoriais; - Pode haver também distúrbios cognitivos no nível do despertar, orientação, memória, atenção, sequenciamento e organização; - Podem ser incapazes efetivamente de aprender ou solucionar problemas; - Podem apresentar déficits de percepção visual, orientação espacial, figura-fundo, percepção de profundidade; - Podem ainda ter problemas de comunicação e dificuldades para controlar a emoção; - Podem ainda envolver problemas específicos nos cmponentes do desempenho que estão diretamente ligados ao foco da lesão. PROGNÓSTICO Dependente de vários fatores: - Idade do paciente; - Tamanho e localização da lesão; - Nível de consciência no momento da lesão e duração do coma. - Geralmente o bom prognóstico está ligadoà uma idade jovem, uma pequena lesão em parte não crítica do cérebro, lesão focal em lugar de difusa e um episódio breve de perda de consciência (menos de 24h) COMPLICAÇÕES SECUNDÁRIAS: - Edema ou inchaço cerebral (que pode causar mais lesões); - Higromas (coleção de liquor, que se represam, devido a laceração das membranas que envolvem o cérebro); - Hematomas (uma coleção ou represamento do sangue pode aumentar a pressão intracraniana); - Infecções do cérebro e/ou das membranas que o envolvem; - Anóxia cerebral (causada por sangramento, queda de pressão arterial ou ainda por insulficiência respiratória). TCE - Maior causa de óbitos em < 40 anos; - 78% óbitos entre 15 – 24 anos; - 500.000 internações/ano; - 1/3 morre antes de chagar ao hospital; - 50.000 ficam com algum grau de sequela; - Predomínio sexo masculino jovem; - Acidentes aumobilísticos, quedas, LAF, espancamento e esportes; - Uso de álcool está presente em ¾ dos TCEs. = maiis graves os TCEs - 5% tem trauma medular associado. AULA 6 – ATAXIA - Do grego ataxis: sem ordem ou sem coordenação. - Ataxia significa a perda de coordenação dos movimentos musculares voluntários; - É um termo que cobre uma grande variedade de desordens neurológicas e, portanto, pode fazer parte do quadro clínico de numerosas doenças do SN; CAUSAS - Algumas são causadas por anormalidade genéticas - Mais frequentemente causada por perda da função do cerebelo, a parte do cérebro que atua como centro da coordenação; - Podem ser adquiridas, sem haver um componente genético envolvido. Podem aparecer súbita ou gradualmente; - Condições em que pode surgir subitamente: - TCE - AVE - Hemorragia Cerebral - Tumor cerebral - Pós-infecção - Exposição a drogas ou substâncias tóxicas - Pós-parada cardíaca e/ou respiratória. - Condições em que pode surgir gradualmente: - Hipotireoidismo - Deficiência de determinadas vitaminas - Exposição a certas drogas ou tóxicos - Esclerose Múltipla - Doenças hereditárias, etc. ATAXIA ESPINOCEREBELAR Caracterizada pelo comprometimento no planejamento e execução dos movimentos voluntários Ataxia Hereditária: - Grupo heterogêneo de degenerações espinocerebelares (medula espinhal e cérebro) - Características comuns: geneticamente determinadas e subdivididas em dois grande grupos GRUPOS: 1. Ataxias Autossômicas Recessivas: - Englobam vários sistemas, como o cardiovascular, o endócrino, o visual) - Primeiros sintomas antes dos 20 anos (alguns na infância) - Ataxia de Friedreich: primeira a ser descrita e a de maior prevalência mundial. Sintomas podem aparecer já na infância 2. Ataxias Dominantes: - Geralmente na fase adulta, com alguns casos antes dos 20 anos; - Fenômeno genético da “antecipação”: surgimento dos sintomas podem se apresentar de forma mais precoce nas gerações posteriores da mesma família - Doença de Machado Joseph (SCA3 ou DJM): herança autossômica dominante, ou seja, transmitida de família. **Ataxias esporádicas: ocorre em sujeitos sem histórico familiar de tal doença. Ataxias Espinocerebelares (SCAs ou AEC): - Constituem um grupo grande , complexo de doenças degenerativas autossômicas dominantes, heterogêneas, caracterizadas pela degeneração progressiva do cerebelo e suas conexões aferentes e eferentes. - São clinicamente caracterizadas pela presença de marcha atáxica cerebelar (com dismetria, disdiadococinesia, tremor de intenção, disartria e Nistagmo); - Pode ser acompanhado de sinais extracerebelar, como oftalmoplegia, sinais piramidais, distúrbios do movimento (Parkinsonismo, distonias, Mioclonia e Coréia), Demência, epilepsia, distúrbios visuais; - Atualmente existe cerca de 30 tipos de AECs, com a descberta de 16 genes - Tipos Mais comuns: AEC tipo 3 (Joseph Machado), AEC tipo 10, e as AECs tipo 7, 2, 1, e 6 SCA 3: Doença crônica que afeta as estruturas neurológicas responsáveis principalmente pela coordenação dos movimentos e pelo equilíbrio. Tem um início sutil e progride de forma gradual, afetando principalmente o caminhar. SCA 5: Falta de coordenação das mãos, MMSS e MMII, dificuldade de equilíbrio durante deambulação e disartria; SCA 7: Ataxia com retinose pigmentar, ocorrem mudanças na acuidade visual e na visão das cores. Além de movimentos lentos dos olhos e leves modificações sensoriais ou de reflexos. Os sintomas tem início nos 20 – 30 anos. DIAGNÓSTICO - Cuidadoso exame físico e neurológico; - Histórico familiar; - Testes específicos; - Exames: imagem do cérebro e/ou medula espinhal por Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética TRATAMENTO - Medicação; - Equipe Multidisciplinar: Neurologista; Nutricionista; Terapeuta Ocupacional; Psicólogo; Fonoaudiólogo; e Fisioterapeuta. - Poucos estudos sobre o processo de reabilitação em ataxia, e com poucos relatos de eficiência da reabilitação NA TERAPIA OCUPACIONAL Abordagem compensatória: - Uso de dispositivos auxiliares visando a autonomia: bengalas, muletas, andadores, CRs; - Dispositivos para auxílio na escrita; - Adaptações para alimentação (colheres adaptadas, facilitadores de preensão, diminuir movimentos, etc.) - Adaptações nos cuidados-pessoais para aqueles com incoordenação nos membros; - Dispositivos para comunicação; - Adaptação do ambiente: barras de apoio, banco plástico, adaptações para sabonetes e outros utensílios domésticos; - Orientação familiar UTILIZAÇÃO DE ADAPTAÇÕES DE ESCRITA - Estudo sobre o uso do peso em punho e/ou o uso do triângulo de borracha na caneta melhoram a qualidade de escrita - Pulseira pesando 500g. CONCLUSÂO DOS RESULTADOS OBTIDOS: - Resultados apontam que o uso de adaptações, peso no punho e/ou o triângulo na caneta melhorama qualidade de escrita no sujeito com Ataxia Espinocerebelar, sendo na opinião do paciente, preferência destes a utilização das adaptações em sua rotina diária. EPILEPSIA Trajetória: do Sagrado à Medicina Moderna: muitas mudanças, mas ainda vista pelo estigma de doença espiritual, possessão e etc. por alguns grupos da sociedade; - Origem em uma descarga hiperssincrônica cortical anormal - Síndromes eletroclínicas, epilepsias não-sindrômicas com causa estrutural metabólica e epilepsia de causa desconhecida. - Constelações. CAUSAS: - Genética; - Estrutural-metabólica - Desconhecida CLASSIFICAÇÃO: Crise Parcial e Crise Generalizada CRISES GENERALIZADAS - Tônico-clônicas (em qualquer combinação) - Ausência: Típica Atípica Ausência com características especiais Ausência mioclônica Mioclonias palpebrais - Mioclônicas Mioclônica Mioclônica atônica Mioclônica tônica - Clônica - Tônica - Atônica CRISES FOCAIS Desconhecido - Espasmos epiléticos EPIDEMIOLOGIA - Incidência de 15 a cada 1000 pessoas nos EUA; prevalência de 2% (casos novos) - 3 milhões de brasileiros; - Distúrbio neurológico mais comum no Mundo! AVALAÇÃO DIAGNÓSTICA 3 OBJETIVOS: - Determinar se possui epilepsia - Classificar o tipo de eiplepsia - Definir a causa específica - As Auras confirmam se a epilepsia é focal - Exames complementares. TRATAMENTO 3 OBJETIVOS: - Eliminar convulsões ou reduzir sua frequência - Evitar os efeitos colaterais - Ajudar o paciente a manter o ajuste psicossocial - Tratamento Medicamentoso: 70% - Tratamento Cirúrgico: 30% - Reabilitação TRATAMENTO INDIVIDUALIZADO: - “A gravidade da epilepsia não é determinada apenas pela frequência de crises epiléticas; deve-se considerar também o tipo de crise, a resposta ao tratamento, os fatores etiológicos, presença de outros distúrbios e o quanto a epilepsia desestabiliza pacientes e familiares em suas interações e qualidade de vida.” - “O tratamento dessas pessoas deveria também incluir treinamento de habilidades para a resolução ativa de problemas, com vistas a atingir objetivos pessoais, sociais e vocacionais.” TO e EPILEPSIA - Epilepsia traz déficits no desempenho ocupacional - Justifica a presença do T.O? Como e quando?- Necessidade de desenvolvimento de estudos que vão à fundo nas questões de déficits no desempenho ocupacional - Estruturação de intervenções efetivas - Necessidade de saber como agir diante de uma crise RESTRIÇÕES - Causadas pela própria epilepsia. - Condições culturais: Estigma e preconceito - Quais as restrições no desempenho ocupacional? EXEMPLOS DE RESTRIÇÕES: - Estudos - Vida doméstica - Brincar - No desenvolvimento, especialmente na adolescência - Vida sentimental - Casamento - Gestação e cuidado com o filho - Direção de automóvel - Vida produtiva (trabalho) - Impactos na família e na qualidade de vida - Adesão ao tratamento - Custos diretos e indiretos com a saúde 5 PROBLEMAS IMPORTANTES: - Acesso aos fármacos necessários (custos) - Discriminação, estigma social - Marginação laboral (desemprego) - Escassez de meios de diagnóstico - Educação dos pacientes CAMPANHA MUNDIAL: - Acordo Internacional; - Desenvolvimento de atividades e pesquisas; - Promoção de direitos; - Instituições ligadas à epilepsia+governos - Primeiros socorros (educação e treinamento) NO BRASIL: - Estigma - Campanhas de Educação em Saúde - Custos - Criação de Protocolos de Atendimentos - Melhora Qualidade de Vida - Educação em primeiros socorros PRIMEIROS SOCORROS - Mantenha-se calmo e oriente outras pessoas para não ficarem com medo; - Não é preciso remover a pessoa do local, a não ser que esteja no meio do trânsito, próximo do fogo ou água e outros perigos - Proteja a cabeça da pessoa - Vire a pessoa de lado para que a língua caia lateralmente, e deixe a saliva escorrer pela boca, pois isto facilita a respiração; - NUNCA COLOQUE A MÃO NA BOCA DA PESSOA - Nunca dê nada para comer, beber, erva ou medicação, não passar nada na pele - Se a pessoas se machucar lave os ferimentos com água e sabão e em casos mais graves leve ao médico; - Em crises de ausência permaneça com a pessoas e depois explique o que aconteceu; - Fique perto após a crise, explique o que aconteceu ou tome as medidas necessárias.
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