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Universidade anhembi morumbi
David MATOS
Layla Pareta
Luccas da SILVA
Mayara Alves
Millene Santos
Rita Chagas
Vanusa COURA
Gravidez na ADOLESCÊNCIA 
São Paulo
2013
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David MATOS
Layla Pareta
Luccas da SILVA
Mayara Alves
Millene Santos
Rita Chagas
Vanusa COURA
Gravidez na ADOLESCÊNCIA 
Trabalho apresentado como exigência parcial para a disciplina Fisioterapia Uroginecológica e Obstétrica do curso de Fisioterapia da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação da Prof.ª Luciana Caglione Martins.
São Paulo
2013
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Sumário
2Gravidez na Adolescência	�
5Fatores de Risco	�
6Repercussões	�
7Diagnóstico	�
7Papel do Pediatra	�
8Pré Natal Multidisciplinar	�
8O Pai Adolescente	�
8O Parto	�
9PÓS-PARTO	�
9EXERCÍCIO PRÉ-NATAL	�
10Condutas Fisioterapêuticas	�
10Conduta no Solo	�
11Hidroterapia	�
12Benefícios da Fisioterapia/Hidroterapia	�
12Sinais e Sintomas de Alerta durante os Exercícios	�
12Riscos associados ao Exercício Pré-Natal	�
13Considerações Finais	�
13Referências	�
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Gravidez na Adolescência
A adolescência é a fase de transição entre a infância e a idade adulta, caracterizada por transformações físicas e psicossociais. Nessa fase, o jovem assume mudanças na imagem corporal, de valores e de estilo de vida, afastando-se dos padrões estabelecidos por seus pais e criando sua própria identidade.
O desenvolvimento da sexualidade faz parte do crescimento do indivíduo, em direção a sua identidade adulta.
Modificações do padrão comportamental dos adolescentes, no exercício de sua sexualidade, vêm exigindo maior atenção dos profissionais de saúde, devido a suas repercussões, entre elas a gravidez precoce.
Nos últimos 20 anos vem observando-se aumento da incidência de gravidez na adolescência em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento e nos Estados Unidos.
Segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 1996, a fertilidade no Brasil diminuiu cerca de 30% em todas as faixas etárias, com exceção da adolescência. Nessa mesma época, 18% das adolescentes brasileiras já tinham um filho ou estavam grávidas. Segundo dados do Ministério da Saúde, desse mesmo ano, 40% dos abortos eram realizados por adolescentes. O coeficiente de mortalidade decorrente do aborto foi 2,5 vezes maior que nas mulheres adultas.
Em 1999, o Ministério da Saúde divulgou dados afirmando que 25,7% dos partos do Sistema Único de Saúde eram de adolescentes, sendo este procedimento a primeira causa de internação das meninas no SUS. A gravidez, o parto e o puerpério foram responsáveis por 80,3% das internações de adolescentes em todo o país.
A adolescência corresponde ao período da vida entre os 10 e 19 anos, no qual ocorrem profundas mudanças, caracterizadas principalmente por crescimento rápido, surgimento das características sexuais secundárias, conscientização da sexualidade, estruturação da personalidade, adaptação ambiental e integração social.
Com a introdução dos cuidados de puericultura, melhores condições nutricionais, programas de vacinação, entre outros, tem havido diminuição da mortalidade infantil, o que resulta no aumento da população de adolescentes. No Brasil, corresponde a 20,8% da população geral, sendo 10% na faixa de 10 a 14 anos e 10,8% de 15 a 19 anos, estimando-se que a população feminina seja de 17.491.139 pessoas. A análise do perfil de morbidade desta faixa da população tem revelado a presença de doenças crônicas, transtornos psicossociais, fármaco-dependência, doenças sexualmente transmissíveis e problemas relacionados à gravidez, parto e puerpério.
A gravidez neste grupo populacional vem sendo considerada, em alguns países, problema de saúde pública, uma vez que pode acarretar complicações obstétricas, com repercussões para a mãe e o recém-nascido, bem como problemas psicossociais e econômicos.
Quanto à evolução da gestação, existem referências a maior incidência de anemia materna, doença hipertensiva específica da gravidez, desproporção céfalo-pélvica, infecção urinária, prematuridade, placenta prévia, baixo peso ao nascer, sofrimento fetal agudo intra-parto, complicações no parto (lesões no canal de parto e hemorragias) e puerpério (endometrite, infecções, deiscência de incisões, dificuldade para amamentar, entre outros)2-5.
No entanto, alguns autores sustentam a ideia de que, a gravidez pode ser bem tolerada pelas adolescentes, desde que elas recebam assistência pré-natal adequada, ou seja, precocemente e de forma regular, durante todo o período gestacional 6, o que nem sempre acontece, devido a vários fatores, que vão desde a dificuldade de reconhecimento e aceitação da gestação pela jovem até a dificuldade para o agendamento da consulta inicial do pré-natal. Têm sido citados também efeitos negativos na qualidade de vida das jovens que engravidam, com prejuízo no seu crescimento pessoal e profissional 7,8. Segundo Blum 9, 53% das adolescentes que engravidam completam o segundo grau, enquanto que, entre as adolescentes que não engravidam, essa cifra corresponde a 95%. Há, portanto, necessidade de avaliação quantitativa e qualitativa da questão, principalmente nos países em desenvolvimento, para verificação da necessidade da adoção de medidas pertinentes a sua prevenção e direcioná-las aos grupos mais vulneráveis.
Os países desenvolvidos estão, há algum tempo, interessados nesta questão. Nos Estados Unidos, Spitz et al. (1996), ocorreu um aumento de 8,8% em 1980 para 9,6% em 1990, na população de 15 a 19 anos e, de 7,4% em 1980 para 8,4% em 1990, na população com menos de 15 anos 11. No Brasil tem sido referido aumento da incidência da gravidez nesta faixa etária, com cifras que vão de 14 a 22% 8,12-14. Alguns estudos têm sido realizados, sugerindo a necessidade de estratégias para a prevenção devido às repercussões negativas sobre a saúde do binômio mãe-filho e principalmente, sobre as perspectivas de vida futura de ambos.
As tentativas de prevenção devem levar em consideração o conhecimento dos chamados fatores predisponentes ou situações precursoras da gravidez na adolescência, tais como: baixa autoestima, dificuldade escolar, abuso de álcool e drogas, comunicação familiar escassa, conflitos familiares, pai ausente e ou rejeitador, violência física, psicológica e sexual, rejeição familiar pela atividade sexual e gravidez fora do casamento. Tem sido ainda referidos: separação dos pais, amigas grávidas na adolescência, problemas de saúde e mães que engravidaram na adolescência 15. Por outro lado, alguns estudos sugerem que, entre as adolescentes que não engravidam, os pais têm melhor nível de educação, maior religiosidade e ambos trabalham fora de casa 16,17.
É importante lembrar também, que deve ser incluída nas estratégias de prevenção, a averiguação de atitudes frente a adolescente que engravidou. Existem evidências do abandono escolar, por pressão da família, pelo fato da adolescente sentir vergonha devido à gravidez, e ainda, por achar que "agora não é necessário estudar". Pode haver também rejeição da própria escola, por pressão dos colegas ou seus familiares e até de alguns professores. Em 1990, Upchurch e McCarthy 18 relataram em seu estudo que, 39% de adolescentes grávidas abandonaram a escola, enquanto que entre as não grávidas o abandono foi de 19%. Quanto ao retorno à escola e graduação, 30% de adolescentes que tinham engravidado voltaram e concluíram os estudos; quando não houve gravidez essa cifra correspondeu a 85%.
É importante, na abordagem de medidas preventivas, considerar quais adolescentes estão mais expostas ao risco de engravidar. Entre 7.134 partos de adolescentes ocorridos no município de Ribeirão Preto, São Paulo, observa-se entre gestantes adolescentes, cifras significantemente maior entre aquelas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), quando comparadas com jovens atendidas pelo sistema pré-pago (Convênio ou Particular), ou seja: 2,1% corresponderamà categoria particular, 17,9% a categoria convênio e 80,0% a categoria SUS. A categoria de internação pode representar a categoria social ao qual o indivíduo pertence, considerando o grupo atendido pelo SUS, como população de baixa renda 19.
Esses dados são preocupantes devido às possíveis repercussões psicossociais acarretadas pela gestação precoce. Considerando-se que, a gravidez na adolescência pode resultar no abandono escolar e que, o retorno aos estudos se dá em menores proporções, torna-se difícil a profissionalização e o ingresso no grupo de população economicamente ativa, com agravamento das condições de vida de pessoas já em situação econômica desfavorável 18,20,21.
Consideramos de grande importância conhecer a problemática no Brasil, em suas diferentes regiões, bem como identificar a população mais vulnerável aos efeitos negativos, que a gravidez possa acarretar, tanto para a mãe como para a criança. Assim devem ser estimulados os projetos e programas que visam à abordagem do tema, principalmente no que diz respeito a sua prevenção.
Fatores de Risco
Discute-se quais os fatores relacionados com a gravidez na adolescência, com o intuito de se tentar fazer sua profilaxia. O atual contexto sociocultural é mais liberal e permissivo que antigamente.
Pesquisa realizada pela UNESCO, junto com o Ministério da Saúde, no ano de 2001, mostra, por exemplo, que na década de 90, um entre cada quatro adolescentes tinha permissão para manter relações sexuais dentro da própria casa. Em 2001, esse número quase dobrou.
O início da puberdade e a menarca vêm ocorrendo cada vez mais cedo, além de a iniciação sexual ser cada vez mais precoce. Em 1997, a média de idade da primeira relação sexual entre os meninos era de 16 anos e entre as meninas de 19 anos. Em 2001, essa média baixou para 14 e 15 anos, respectivamente.
A baixa escolaridade e o abandono escolar são frequentemente citados como fatores predisponentes da gravidez. No Brasil, segundo pesquisa realizada em 1998, metade das adolescentes sem estudo já eram mães, o que só ocorreu com 4,2% das que tinham de 9 a 11 anos de estudo. Sabe-se, também, que meninas provenientes de famílias de baixa renda são mais suscetíveis à gravidez precoce. A mesma pesquisa refere que as meninas que recebem menos de um salário mínimo têm fecundidade de 128/1000 e as que possuem renda igual ou superior a dez salários mínimos têm fecundidade de 13/1000.
O desconhecimento sobre a sexualidade e a saúde reprodutiva faz com que as adolescentes engravidem "sem querer". O uso incorreto de anticoncepcionais, devido a diversos fatores, dentre eles a não compreensão do uso correto do contraceptivo e o esquecimento de tomá-lo também levam a altos índices de gestação.
Existem, por outro lado, características próprias da adolescência que, por si mesmas, colaboram na composição de tais números, como o "pensamento mágico", ou seja, a sensação de invulnerabilidade e onipotência, a ideia de que "isso nunca vai acontecer comigo". Além disso, o adolescente tem uma vivência singular do tempo, caracterizada pela impulsividade e não preocupação com as consequências futuras dos atos realizados aqui e agora.
	As dificuldades de relacionamento familiar podem levar à gestação precoce, seja por agressão aos pais, baixa autoestima ou falta de perspectivas. Para essas adolescentes sem perspectivas, a gravidez pode ser a única possibilidade de mudança de status.
	Algumas adolescentes relatam ter engravidado por duvidar de sua fertilidade e até mesmo para provar sua heterossexualidade.
	Atualmente, os meios de comunicação são responsáveis por grande parte das informações recebidas pelos jovens, que não têm o necessário discernimento para saber se são corretas, distorcidas, imprecisas ou incompletas. Enquanto os pais se calam e a escola prega orientações puramente científicas, a mídia vende o sexo como mercadoria de consumo, encontrando ávidos fregueses entre os adolescentes.
Repercussões
As repercussões da gravidez na adolescência são de caráter orgânico e, principalmente, psicossocial. 
As complicações médicas têm sido discutidas exaustivamente em vários países, sem que, no entanto, tenha-se chegado a conclusões definitivas. Sabe-se que, se for realizado um pré-natal adequado, voltado às necessidades da adolescente, os riscos são minimizados, podendo, muitas vezes, ser igualados aos das mulheres adultas. Numa gravidez precoce podem sofrer mãe e filho. Entre as mais prementes consequências negativas para a mãe estão a maior incidência de doença hipertensiva específica da gravidez, de morbidade e mortalidade no parto e no puerpério, desproporção feto-pélvica, partos prematuros, anemia e baixo ganho de peso. Já sobre os bebês incidem maiores índices de natimortos, mortes perinatais, recém-nascidos de baixo peso, síndrome da morte súbita, hospitalizações por infecções e acidentes durante toda a infância.
Percebe-se também que, independentemente do meio social ou cultural, a gravidez na adolescência tem papel fundamental na determinação das futuras oportunidades das jovens. Observa-se um isolamento social, com afastamento do grupo de amigos e das atividades próprias para a idade.
No tocante à família, as pressões sociais podem dificultar a aceitação da ideia da gravidez de uma filha, incapacitando a família a apoiá-la adequadamente. Há uma limitação da escalada da independência financeira do jovem casal pois, muitas vezes, a adolescente passa a depender de seus pais para sustentar e criar o bebê.No plano educacional, percebem-se altos índices de abandono escolar e da profissionalização após a gestação.
Do ponto de vista psíquico, é frequente que se encontrem jovens inseguras e receosas quanto ao seu futuro como mães. A gravidez é sabidamente um momento de maior sensibilidade e instabilidade emocional. Quando inserida na adolescência, período da vida permeado com as mesmas características, o fardo pode tornar-se pesado demais, podendo levar a graves depressões e até ao suicídio.
Diagnóstico
Para se fazer o diagnóstico precoce é necessário que o profissional tenha sempre em mente que está lidando com pessoas em idade fértil e, portanto, que existe a possibilidade de gravidez. 
É necessário dispor de tempo, atenção, interesse e conhecimento das características biopsicossociais dessa faixa etária para que a adolescente se sinta à vontade no consultório e não oculte o real motivo da consulta. Muitas vezes o médico não pode contar com o histórico menstrual da paciente e é comum que as próprias meninas não aventem a possibilidade de gravidez, apesar dos sinais e sintomas estarem evidentes.
O diagnóstico clínico é feito, inicialmente, por sinais e sintomas sugestivos de gravidez, como atraso menstrual, náusea, vômito, congestão mamária, pigmentação areolar e polaciúria. Se a gravidez estiver mais adiantada, observa-se aumento do volume e da consistência uterina. Quando se palpam os movimentos fetais, ou se auscultam os batimentos cardíacos fetais, temos o diagnóstico de certeza.
O diagnóstico clínico deve ser confirmado pela dosagem do beta-HCG urinário ou sanguíneo, que apresentam níveis elevados a partir do primeiro dia do atraso menstrual.
Quanto ao diagnóstico de imagem, visualiza-se o saco gestacional à ultrassonografia abdominal a partir da quinta semana de gestação e, na endovaginal, a partir de 31 dias.
Papel do Pediatra 
Como já foi dito anteriormente, o profissional que lida com adolescentes deve estar preparado para a possibilidade de diagnosticar uma gravidez. Perante este diagnóstico, deve despir-se de qualquer crença ou preconceito, para que possa ajudar sua paciente. 
Inicialmente, deve sentir como a adolescente está encarando a gravidez, o que está vivenciando no momento, se está estudando ou trabalhando, se está com o parceiro e quais seus planos para o futuro. Deve-se avaliar a capacidade de compreensão da gestante e estimulá-la a conversar com seus pais ou um adulto responsável.
A seguir, é precisodiscutir as opções que a paciente possa trazer consigo, como levar a gravidez a termo e criar o bebê, levar a gravidez a termo e doar o RN, ou interromper a gravidez. Cabe ao médico mostrar a ela os aspectos positivos e negativos de cada opção. Decidida a levar a gravidez a termo, devemos encaminhá-la imediatamente ao pré-natal multidisciplinar.
Todo pediatra deve estar atento àquelas meninas que fizeram o teste de gravidez e obtiveram resultado negativo, pois estas passam a fazer parte de um grupo de risco. Estudo realizado por Polaneczky, no ano 2000, mostrou que, de todas as adolescentes que fazem o teste de gravidez, 36% têm resultado positivo. Se as restantes não forem bem orientadas, neste momento, cerca de 60% delas estarão realmente grávidas em 18 meses.
Deve-se ficar atento para não taxar a gravidez da adolescente como problemática e indesejada. Sabe-se que, embora não planejada, a gravidez, muitas vezes, era ou passou a ser desejada pelo casal e até mesmo pela família que, muitas vezes, tem uma reação inicial de rejeição, mas, num segundo momento, passa a aceitá-la e até a apoiá-la.
Pré Natal Multidisciplinar
O pré-natal multidisciplinar é um acompanhamento voltado às necessidades das adolescentes. Deve ser composto por uma equipe com o maior número de especialidades possíveis, tais como pediatra, ginecologista, psicólogo, fisioterapeuta, assistente social e nutricionista.
As adolescentes fazem o pré-natal tradicional com os ginecologistas e obstetras e, além disso, são acompanhadas pela equipe, em reuniões com grupos formados pelas gestantes adolescentes, seus parceiros e mães adolescentes, que participaram do grupo anteriormente e voltam, agora com seus filhos, para passar sua experiência.
Durante essas reuniões se deve deixar o grupo à vontade para expor suas preocupações, medos e incertezas, discutindo cada tema, a fim de fazer a profilaxia das complicações orgânicas e psicossociais da gestação na adolescência.
O Pai Adolescente 
O papel do parceiro é fundamental para a boa evolução da gestação, dando apoio a sua parceira e diminuindo os riscos de complicações psicológicas. Além disso, não podemos esquecer que muitos deles são também adolescentes e se mostram inseguros perante a nova situação. Diante disso, deve-se estimular sua participação no pré-natal.
O Parto
O parto deve ser realizado por obstetra capacitado, segundo as normas da Obstetrícia moderna, considerando-se sempre a importância do apoio emocional a essas pacientes. Se a adolescente puder conhecer previamente a maternidade, tanto melhor, pois se sentirá mais segura e será, portanto, mais colaborativa.
PÓS-PARTO
O pós-parto imediato deve ser realizado em alojamento conjunto, onde se inicia o vínculo da mãe adolescente com seu bebê. É ali, também, que começa a aprender, com suas colegas de quarto e enfermeiras, a cuidar da criança. 
Após a alta hospitalar é ideal que mãe e filho sejam acompanhados em ambulatório exclusivo e dedicado. Nessas consultas se faz a puericultura normal e se esclarecem todas as dúvidas da mãe. Aproveita-se para ressaltar a importância do aleitamento materno e do retorno à escola e/ou ao trabalho. Fortalece-se o vínculo mãe-e-filho, mostrando-lhes como são capazes de criar seus filhos de maneira adequada e como elas estão saindo-se bem no papel de mães. Melhorar a auto-estima das jovens mães é fundamental para o sucesso na criação de seu filho. 
Nesse mesmo momento é iniciado o planejamento familiar, fazendo-se desde já a prevenção da reincidência da gravidez precoce. Estudo realizado nos Estados Unidos, em 1994, mostrava que 30% das gestantes adolescentes estavam novamente grávidas no período de um ano.
EXERCÍCIO PRÉ-NATAL
O exercício pré-natal tem o objetivo principal de melhorar a qualidade de vida da gestante e também das gestantes adolescentes, através da aplicação de um programa de exercícios, das orientações sobre a realização das atividades cotidianas, as quais necessitam ser adaptadas às circunstâncias da gestação, e de um apoio psicológico. Nesse sentido, o programa de exercícios elaborado pelo fisioterapeuta especialista nessa área, deve ser específico, exclusivo e individualizado para cada gestante em particular, sendo composto por exercícios de intensidades variadas, visando melhorar a flexibilidade, a força e o condicionamento físico para a progressão do ciclo gravídico-puerperal; sem, no entanto, levar a gestante à exaustão ou fadiga 25.
As sessões de fisioterapia, principalmente em gestantes jovens, geralmente são compostas por exercícios realizados no solo e/ou na piscina aquecida (hidroterapia), com indicações e contraindicações determinadas, devendo ser iniciadas apenas a partir do segundo trimestre de gravidez, quando os riscos de aborto numa gravidez normal são pequenos. Segundo a literatura, todas as gestantes que não apresentarem sangramento vaginal, histórico de aborto espontâneo, patologias pulmonares e/ou cardiovasculares, perda de líquido amniótico, entre outras condições a critério do obstetra, estão aptas à realização de exercícios de intensidade adequadas a seu estado físico, tendo assim indicação para o programa fisioterápico pré-natal 26.
Condutas Fisioterapêuticas
A gestante adolescente deve passa por uma avaliação completa, composta por uma entrevista ou anamnese e um exame físico, realizados pelo fisioterapeuta, antes do início das sessões. Na anamnese serão coletadas as informações pessoais sobre a gestante e sua família, os dados da gestação atual, sintomas relacionados à gravidez e seus ajustes além da aferição dos sinais vitais. No exame postural, o fisioterapeuta poderá observar a gestante em várias posturas, durante a realização de alguns movimentos e também ao caminhar, detectando assim as principais dificuldades da gestante para então elaborar uma conduta fisioterápica de maneira a aliviá-las. 
Conduta no Solo
A sessão começa com uma caminhada de 5 minutos, a qual prepara o sistema cardiorrespiratório e os músculos e articulações dos membros inferiores e superiores para o exercício. Deve ser realizado também um alongamento dessas cadeias musculares. Essa primeira etapa dura em média 10 a 15 minutos, sendo chamada de série metabólica. Em seguida, tem-se início a etapa conhecida como série principal, a qual é composta por exercícios respiratórios para as fases do trabalho de parto, e exercícios para o fortalecimento e tonicidade de todos os grupos musculares, principalmente as musculaturas do assoalho pélvico e do abdômen, que são os grupamentos mais solicitados no parto, tendo duração de 20 a 25 minutos. A sessão termina com um relaxamento, que visa aliviar as tensões musculares ainda existentes, desaquecimento do corpo e regularização das frequências cardíaca e respiratória, durando cerca de 10 a 15 minutos.
As salas, onde serão realizadas as sessões, devem ser devidamente preparadas para dar conforto e tranquilidade às gestantes, e equipadas, a fim de facilitar os exercícios de fortalecimento muscular, com materiais como colchonetes, almofadas, rolos acolchoados, barras ou bastões, bolas de tamanhos diferentes, faixas elásticas do tipo Thera-Band, as quais possuem resistências diferentes, entre outros utensílios. A sessão deve ser realizada regularmente, com um mínimo de duas vezes na semana 27.
Hidroterapia
 A água possui propriedades físicas peculiares que a transformam em um meio terapêutico muito eficiente e seguro para a realização da sessão. O empuxo e a pressão hidrostática, juntos, reduzem o peso corpóreo da gestante, auxiliam o retorno venoso e condicionam o coração, diminuindo assim os riscos de lesão musculoesquelética e os edemas gravitacionais. Além disso, os músculos respiratórios precisarão trabalhar contra a soma das pressões hidrostática e intra-abdominal, melhorando assim o condicionamento e tonicidade dessa musculatura e a capacidade inspiratória da gestante.
A alta termocondutividade é outra propriedade importante da água. Ela aumentaa habilidade corporal da gestante em eliminar o calor, reduzindo os riscos de hipertermia, que poderia prejudicar o desenvolvimento fetal. A água possui ainda um efeito diurético, o qual auxilia na redução da pressão sanguínea e alivia a retenção hídrica o que, por consequência, diminui o edema gravitacional.
A conduta na água é semelhante à conduta no solo. Ela começa com uma caminhada dentro da piscina, que dura em média 5 minutos, e alongamento dos grupamentos musculares, completando assim 10 a 15 minutos de aquecimento; depois são realizados os exercícios direcionados ao fortalecimento de grupos musculares específicos, além de exercícios respiratórios e de reeducação postural. Essa segunda etapa dura em média 35 minutos. Ao final da sessão, deve ser feito também um relaxamento, que tem o objetivo de promover a estabilização das frequências cardíaca e respiratória, além de relaxar as musculaturas ainda sob alguma tensão, durando cerca de 10 minutos.
Na piscina, assim como no solo, são também utilizados alguns materiais, como pranchas de natação, bolas, halteres próprios para a água, bastões, flutuadores de várias formas, entre outros utensílios que, além de facilitarem os exercícios de fortalecimento muscular, tornam a sessão mais prazerosa e divertida para a gestante. Cada sessão na piscina aquecida tem uma duração de 45 a 60 minutos, não devendo ultrapassar 1 hora, evitando-se assim a fadiga da grávida.
O que diferencia as sessões realizadas na piscina das sessões no solo é que, na hidroterapia, algumas recomendações são necessárias. O nível ideal da água para a realização dos exercícios é na altura do esterno, cobrindo o abdômen sem colocar pressão sobre as mamas e, dessa maneira, facilitando a manutenção da postura vertical. Como a transpiração e o esforço de um movimento não são percebidos dentro da água, eles podem levar ao superaquecimento da mulher, com possível dano ao feto. Assim sendo, a temperatura adequada e segura para se trabalhar com gestantes na piscina deve estar em torno de 31°. Outra recomendação importante é a aferição das frequências cardíaca e respiratória bem como da pressão arterial, antes do início e após o final de cada sessão.
Benefícios da Fisioterapia/Hidroterapia
Os benefícios dos exercícios no solo e na água são extensos e envolvem todos os sistemas do organismo feminino. Os principais efeitos da prática de atividade física sobre o corpo da gestante incluem o alívio da sintomatologia dolorosa, como as lombalgias; a melhora da circulação de retorno, tanto linfática quanto venosa, auxiliando na redução dos edemas da gravidez; promove uma reeducação postural, já que a gestação altera a posição do centro de gravidade da mulher; melhora o tônus muscular e promove um maior relaxamento; melhora a função intestinal, pois a obstinação é uma queixa comum entre as gestantes; melhora o condicionamento do aparelho cardiorrespiratório; facilita o trabalho de parto, tornando-o mais efetivo e menos doloroso; promove uma recuperação mais rápida do parto, além de aumentar a autoestima da gestante, proporcionando um bem-estar físico e emocional.
Sinais e Sintomas de Alerta durante os Exercícios
Se a gestante vivenciar qualquer sensação desconfortável durante ou após os exercícios, deve parar imediatamente a atividade. Os sinais e sintomas de alerta incluem, entre outras condições a critério médico: taquicardia, tonturas, cefaleia, contrações uterinas, sangramentos vaginais, vazamento de líquido amniótico, náuseas, falta de ar, dor lombar e/ou pélvica, diminuição dos movimentos fetais, edema súbito de tornozelos, punhos ou face, e ganho ponderal insuficiente ou perda de peso.
Riscos associados ao Exercício Pré-Natal
Embora a prática regular de atividade física traga inúmeros benefícios para a gestante, ela envolve também alguns riscos, tanto para a mãe como para o feto, quando mal orientada. Os possíveis riscos maternos são: lesão no aparelho locomotor (músculos, ligamentos e tendões), hipotensão postural, arritmias, parto prematuro, abortamentos espontâneos, hipoglicemia, entre outros. Para o feto, os riscos incluem: crescimento retardado, malformações e sofrimento fetal, além de prematuridade; e o recém-nascido pode apresentar hipotermia e redução da gordura corpórea. Determinar a intensidade, duração e frequência do treino, respeitando os ajustes da gravidez e o estado físico da gestante reduz significativamente o aparecimento dos riscos citados.
Considerações Finais
A gravidez na adolescência vem aumentando muito nos últimos anos e cabe a nós, profissionais da saúde, junto com a sociedade, tentar alertar os jovens sobre os riscos vivenciados e apoiá-los, quando procuram métodos anticoncepcionais.
Diagnosticada a gravidez, as meninas devem imediatamente ser encaminhadas ao pré-natal multidisciplinar, pois ele comprovadamente diminui os riscos de complicações orgânicas e psicossociais, tanto para as mães adolescentes quanto para seus filhos.
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