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Teorias da Justiça 8ª. aula ● Eticidade e Direito ● A crítica de Hegel às teorias contratualistas G. W. F. HEGEL ● Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 - 1831) ● Linhas Fundamentais da filosofia do direito, ou, Direito natural e ciência do estado em compêndio (1821). Pensamento dialético ● Crítica às “cisões” da modernidade: Natureza x espírito Realidade x Idealidade Indivíduo x Sociedade ● “Somente o todo é verdadeiro”. Escola do Direito Natural ● Tradição jusnaturalista (Platão, Aristóteles, Cícero, Tomás de Aquino) ● Direito natural e contratualismo ● Transformação do direito natural em direito racional (jusracionalismo) em Kant Escola histórica do Direito Natural ● Crítica do direito natural em nome da história ● A pretensão universal do direito natural destruiria a realidade efetiva do direito historicamente presente ● Invocação do direito que sempre já está presente na realidade efetiva e nela se desenvolve historicamente ● Edmund Burke. Reflexões sobre a revolução francesa (1790) Crítica à escola histórica ● Justificação a partir das circunstâncias ● Fundamenta o direito de hoje, por meio do direito de ontem, mesmo que ele tenha se tornado obsoleto por causa da mudança da situação da sociedade ocorrida nesse meio tempo ● “Ela legitima a infâmia de hoje por meio da infâmia de ontem” (K. Marx) A razão na história ● Razão e história devem ser conciliadas ● A norma não pode ser abstrata (independente da história) nem meramente um fato (desprovido de razão) ● Ela deve ser a união da razão (do pensamento) e da história (dos fatos). Só assim é possível a verdadeira liberdade Sistema da vida ética ● Sistema formado por 3 diferentes “momentos”: 1. Direito abstrato 2. Moralidade 3. Eticidade O direito abstrato ● Os indivíduos são compreendidos aqui enquanto pessoas dotadas de posses e propriedades e que estabelecem contratos com as demais. ● “atomismo social”: uma sociedade pensada a partir de indivíduos particulares que formam um pacto em vista da defesa de certos interesses. Moralidade ● Tendo sido reconhecidos num primeiro momento, o do direito abstrato, os direitos dos indivíduos enquanto dotados de posses e propriedades, os indivíduos reconhecem também os seus deveres e suas responsabilidades enquanto sujeitos. ● Trata-se da liberdade de um sujeito que reflete sobre o sentido de suas ações, que questiona suas crenças e que assume suas responsabilidades. ● vontade ainda subjetiva que é pensada separada das instituições e não o impacto objetivo de suas ações. É o terreno das intenções, desejos e valores. ● Mas essas características só adquirem aspecto moral quando são pensadas universalmente, quando são reconhecidos e compartilhados pelos outros. Por isso, o terreno da moralidade é mais concreto que o do direito abstrato. Eticidade ● Transformação da vontade subjetiva em vontade objetiva. ● Para Hegel é importante destacar a diferença entre a moral ou ética pensada abstratamente sem referência à vida socializada e a moral ou ética considerada concretamente tal como se manifesta nos costumes e instituições visíveis. Moralidade x Eticidade Moralität ● Subjetiva: refere-se às máximas das ações das consciências. Os propósitos e intenções dos sujeitos dotados de uma vontade referem-se aos aspectos subjetivos do agir humano. ● Formal: Fórmulas abstratas que podem ser aplicadas em diversas situações Sittlichkeit ● Objetiva: um conjunto de conteúdos determinados e expressos em instituições sociais, políticas, religiosas e artísticas ● Concreta: Trata-se de um modo de existência que não se dá como consequência de uma escolha individual, subjetiva e contingente, mas que se dá na história em figuras concretas que representam os espíritos dos povos, em sua religião e em sua constituição estatal. Vida ética ● unificação da vontade subjetiva com a objetiva ● 3 momentos: 1. Família 2. Sociedade civil 3. Estado Família ● Representa a forma imediata da vida ética baseada no sentimento, nos laços de afetividade, numa espécie de sociedade natural. ● Embora esteja ligada ao sentimento, a família tem a função espiritual de assegurar a integração do indivíduo na medida em que o forma para a vida coletiva. Ela forma uma totalidade organizada, cujo sistema precede e condiciona a existência particular dos indivíduos. ● Na família o indivíduo se sabe membro de uma comunidade e por meio dela é preparado para agir como membro da sociedade civil e do Estado. É por meio da educação que essa preparação é feita, quando o indivíduo deixa a família e entra em sociedade com os outros. Sociedade civil ● A criança sai da família depois de ser educada e formada para a vida comunitária e tenta viver fora dela uma existência independente. Nessa existência autônoma surge o indivíduo particular que trava relações de trabalho, de troca, e torna-se membro de uma coletividade mais ampla que a família. ● Esse indivíduo é então um sujeito econômico pertencente a um “sistema de carecimentos”, isto é, um sistema baseado em relações de troca em que as necessidades de cada um são satisfeitas por intermédio das necessidades dos outros. ● Aqui os indivíduos que estabelecem relações contratuais com os outros procuram satisfazer suas necessidades e seus interesses e o Estado é pensado apenas como aquela instância que interfere minimamente nessas relações de troca. Sociedade civil-burguesa ● bürgerliche Gesellschaft ● por meio das instituições da sociedade civil temos o lugar de efetivação dos direitos civis, expressos principalmente como liberdade de pensamento e de imprensa. ● Como momento intermediário entre a família e o Estado, a sociedade civil manifestará relações mais complexas que aquelas que se dão na família, mas não tão bem articuladas quanto aquelas que têm lugar no Estado. Na história das idéias políticas, a sociedade civil é o lugar em que surgem e se desenvolvem os conflitos econômicos, sociais, ideológicos, religiosos, que as instituições estatais procuram resolver. Sociedade política ● tradição contratualista: teria procurado, em suas diversas formulações, pensar o Estado como necessário para resolver os conflitos entre os indivíduos tomados como proprietários de bens e do direito natural de afirmar sua vida e sua liberdade. Crítica ao contratualismo ● Segundo Hegel, o erro dos teóricos do direito natural foi terem identificado essa forma de Estado com o verdadeiro Estado, quando ele estaria na verdade subordinado aos interesses de indivíduos particulares. ● “Se o Estado é confundido com a sociedade civil-burguesa e se sua determinação é posta na segurança e na proteção da propriedade e da liberdade pessoal, então o interesse dos singulares enquanto tais é o fim último, em vista do qual eles estão unidos, e disso se segue, igualmente, que é algo do bel- prazer ser membro do Estado. – Mas ele tem uma relação inteiramente outra com o indivíduo; visto que ele é o espírito objetivo, assim o indivíduo mesmo tem apenas objetividade, verdade e eticidade enquanto é um membro dele” (§ 258 da Filosofia do Direito). Estado falso “Estado inferior” ● Nessa sociedade os indivíduos existem como burgueses e não como cidadãos: eles procuram apenas a satisfação de suas carências e não a construção do Estado perfeito “Estado exterior” ● A relação entre seus membros é uma relação exterior de interesses separados; esse Estado é movido pela necessidade Estado ● O Estado é caracterizado pela constituição e pelos poderes constitucionais tais como o poder monárquico,o poder governamental e o poder legislativo. ● Tanto a esfera econômica quanto a jurídica ficam a cargo da sociedade civil. ● Ao Estado cabe a administração política constituída por instâncias burocráticas profissionais, cujos membros são selecionados pela competência por meio de concursos públicos. ● Somente no Estado plenamente constituído teríamos a plena realização da vida ética segundo Hegel. Só nele os indivíduos se realizariam plenamente enquanto cidadãos. Filosofia do espírito ● “O nome ‘direito natural’ merece ser abandonado e substituído pela designação ‘doutrina filosófica do direito’ ou, como também haverá de mostrar-se, doutrina do Espírito Objetivo”
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