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15 DIREITO DO CONSUMIDOR Unidade 2: Teoria Geral do Direito do Consumidor Nesta unidade, discutiremos a relação jurídica de forma geral e adentraremos na relação de consumo como uma espécie, em que será tratada a regulação do Direito do Consumidor diante da relação de consumo, elencando todos os elementos pertencentes a esta relação, tais como: ◆ consumidor (stricto sensu ou lato sensu, vulnerabilidade, hipossufi ciência); ◆ fornecedor; ◆ produto; ◆ serviço. Delinearemos um parâmetro, conceituando vulnerabilidade e hipossufi ciência do consumidor, especifi cando as suas semelhanças e diferenças, com destaque ao princípio da vulnerabilidade, que estabelece a desigualdade na relação jurídica. Serão abordados, também, a Política Nacional da Relação de Consumo e o emprego do diálogo das fontes, dando um efeito útil às variadas normas na defesa do consumidor. Por fi m, abordaremos os Direitos Básicos do Consumidor, analisando o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema. Objetivo Analisar os aspectos jurídicos da relação de consumo, identifi cando os sujeitos e o objeto, além de: ◆ Conceituar relação jurídica; ◆ conceituar relação de consumo; ◆ defi nir os elementos da relação de consumo; ◆ defi nir os princípios da relação de consumo; ◆ conceituar direito básico do consumidor. 1 Relação de Consumo e os Seus Elementos O vocábulo relação vem originariamente do latim relatio, no sentido de conduzir, relatar, expor. São de variadas ordens as acepções atribuídas ao termo pela língua portuguesa. Os verbetes apresentados por Plácido e Silva para o vocábulo em análise apresentam-no ora com a acepção comum de lista, rol; ora na acepção mais acentuadamente forense, como exposição ou informação feita acerca de fato substancial de um processo, perante Juiz ou Tribunal. 16 Direito do Consumidor Já a expressão relação jurídica pode ser conceituada das seguintes formas: ◆ Plácido e Silva (2000, p.696) a conceitua como sendo aquela “usada para indicar o vínculo jurídico, que une uma pessoa, como titular de um direito, ao objeto deste mesmo direito”. ◆ Pontes de Miranda (1983, p.117) conceitua relação jurídica como sendo aquela “relação inter-humana, a que a regra jurídica, incidindo sobre fatos, torna jurídica. De ordinário, está nesses fatos, como componente ou como um suporte fático”. ◆ Para Carlos Roberto Gonçalves (2005, p.74), relação jurídica é toda relação da vida social regulada pelo Direito, haja vista que a este cabe a regulação dos interesses humanos. Nesta medida, as pessoas são os sujeitos de direito das relações jurídicas. A relação jurídica se forma quando, em face de um determinado fato jurídico, pessoas se veem ligadas uma a outra (vínculo jurídico), sendo a umas estabelecidas direitos e, a outras, estabelecidos deveres recíprocos. ◆ Orlando Gomes (1998, p.98) assinala que, em toda relação jurídica, as partes ocupam posições específi cas, funcionando, ora no polo passivo, como devedoras, ora no polo ativo, enquanto credoras, sujeitando-se aquela a esta. A relação jurídica pode assumir ou não feição patrimonial, conforme o dever que estabelece em relação ao outro, seja aferível patrimonialmente ou não. Assim, a relação entre pai e fi lho, decorrente do poder familiar, nem sempre se reveste de natureza patrimonial, do mesmo modo, a relação entre os cônjuges, quando estabelece deveres de fi delidade. Porém, é possível que esta relação jurídica assuma cunho patrimonial, quando o interesse em função do qual ela se forma é eminentemente patrimonial. Exemplo Um contrato de compra e venda - modalidade de relação jurídica também compreendida como relação jurídica obrigacional. Obligatio est vinculum juris quae necessitate adstringimur, alicujus solvendae rei, secundum nostrae civitatis juris (Liv. 3º., §13, pr). (Obrigação é o vínculo jurídico pelo qual somos constrangidos a pagar certa coisa a alguém, segundo os direitos do nosso estado) Da ideia acima, extrai-se que a obrigação é o vínculo jurídico pelo qual alguém (sujeito passivo) se propõe a dar, fazer ou não fazer alguma coisa de natureza patrimonial (objeto), em favor do outro (sujeito ativo). Porém, essa prestação que o devedor terá de realizar em favor do credor somente se expressará a partir do seu conteúdo econômico, pois o inadimplemento acaba por gerar as perdas e danos. Assim, a obrigação é representada por uma relação jurídica que se destaca pela natureza do seu objeto, ou seja, um interesse de natureza patrimonial. Conceito A relação de consumo é uma modalidade de relação jurídica obrigacional que se estabelece entre fornecedor e consumidor, sendo este o adquirente ou usuário de produto ou serviço fornecido no mercado de consumo por aquele. 17 Direito do Consumidor A relação jurídica de consumo não é expressão conceituada pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei nº.8078/90), muito embora seja citada no artigo 4º, que trata da Política Nacional das Relações de Consumo e que todos os seus elementos sejam definidos devidamente nos artigos 2º. e 3º. do citado diploma legal. O objeto do Código de Defesa do Consumidor é a regulação dos direitos do consumidor no âmbito de uma relação de consumo, equiparando a consumidor, para efeito de proteção na reparação do dano, a vítima de um acidente de consumo, a coletividade que haja intervindo numa relação de consumo, como, por exemplo, todos os adquirentes de um determinado produto defeituoso e qualquer pessoa exposta às práticas comerciais abusivas. Para facilitar a compreensão do conceito e extensão da relação de consumo, passa-se a comentar o conceito legal dos seus elementos, tal como fornecido pelo Código de Defesa do Consumidor. 1.1 Consumidor Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário fi nal. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. A doutrina admite um conceito subjetivo e um conceito objetivo para consumidor. O legislador brasileiro optou pelo conceito objetivo, conforme se depreende da leitura do Art.2º. da Lei no.8078/90. No aspecto subjetivo, diz-se consumidor aquele sujeito não-profi ssional que adquire produtos e serviços para satisfação de necessidade pessoal ou de sua família a partir de relação jurídica fi rmada com sujeito profi ssional - o fornecedor. Nesta linha de entendimento, as normas de defesa dos consumidores não se aplicariam aos contratos realizados entre dois profi ssionais, que igualmente buscam o lucro como principal motivação. Os precursores do direito do consumidor entendem que a proteção especial somente se justifi ca se voltada para o consumidor cidadão que para a satisfação de suas necessidades pessoais se sujeita ao fornecedor (sujeito profi ssional). Exemplo Um médico que adquire um produto para o exercício de sua profi ssão ou uma pessoa jurídica que adquire bens para o escritório não seriam considerados consumidores. A noção objetiva de consumidor, cuja expressão se tem no artigo segundo do Código de Defesa do Consumidor brasileiro, deposita, no ato de consumir, a essência do conceito. Por esta razão, admite-se que o profi ssional e o não-profi ssional sejam tratados como consumidores (dependerá da posição que ocupem na relação jurídica de consumo). Pode o consumidor profi ssional gozar da proteção consumerista, para tanto é necessário funcionar como destinatário fi nal do produto ou serviço. Assim, é possível uma pessoa jurídica funcionar como consumidora. 18 Direito do Consumidor Em atenção às concepções que sustentam o conceito de consumidor, emergem duas linhas básicas e compreensão da figura do consumidor: ʴ Corrente finalista Para osfinalistas, a tutela especial deferida aos consumidores somente se justifica em virtude da sua vulnerabilidade nas relações contratuais no mercado de consumo. Somente seria compreendido como consumidor quem necessita desta tutela diferenciada em face da condição mais frágil. Esta corrente nos primeiros passos que ensaiou não admitia a pessoa jurídica como consumidora. Entretanto, com o avanço das relações econômicas, a concepção mais radical dos finalistas abrandaram, passando a admitir a possibilidade do sujeito profissional se enquadrar como consumidor, desde que destinatário final do produto ou do serviço. A corrente finalista, ao analisar o conceito de consumidor oferecido pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei no.8078/90), propõe uma interpretação restrita da expressão destinatário final. ◆ O consumidor seria a pessoa física ou jurídica que se firma como destinatário final fático e econômico do bem ou serviço, sendo ele pessoa física ou jurídica. ◆ O destinatário final fático seria aquele que retira o bem da cadeia de produção do mercado de consumo. ◆ O destinatário final econômico seria aquele que esgota as possibilidades que o bem oferece, sem utilizá-lo para o fabrico de outros bens ou revendê-lo. A pessoa jurídica seria consumidora se adquirisse um bem para a realização de outras necessidades e não para o seu uso como instrumento de produção, como, por exemplo: a indústria têxtil que adquire mesas e cadeiras para o refeitório de seus empregados ou o cidadão que adquire um automóvel para uso pessoal. ʴ A corrente maximalista Vê nas normas do CDC um novo regulamento para o mercado de consumo e não apenas normas orientadas para o não profissional (MARQUES, 2002, p. 254). Admite que a pessoa física e a pessoa jurídica podem igualmente ocupar o papel de fornecedor ou de consumidor, dependendo apenas do interesse que persegue numa dada relação jurídica. Caso funcione como destinatária final fática do bem, será compreendida como consumidora. A orientação da presente corrente é exaustivamente objetiva, sem a indagação da vulnerabilidade justificadora da tutela especial. Ou seja, o destinatário final fático seria aquele que retira o produto do mercado, independentemente do destino que atribuirá ao bem e a consumidora seria a pessoa jurídica que adquire insumo, maquinário, etc. A doutrina estrangeira traz as seguintes peculiaridades: ◆ A França e a Bélgica dispõem de legislação especial aplicável ao consumidor, considerado predominantemente como aquele não profissional, entretanto a doutrina belga é favorável a uma definição subjetiva de consumidor. 19 Direito do Consumidor ◆ A Alemanha não dispõe de lei especial para as relações de consumo, optou por incluir normas de proteção aos consumidores no universo geral das normas de direito civil – um direito civil geral e um direito civil social. Aplica-se o princípio da boa fé objetiva a todos os contratos, favorecendo sobremaneira os contratos inter-empresariais e inter- civis. Por influência das Diretivas Europeias, a proteção ao consumidor, na Alemanha, vem sendo reduzida à pessoa física que “conclui um negócio jurídico, cuja finalidade não tem ligação comercial ou com a sua atividade comercial” (Cf. Cláudia Lima Marques, Revista do Consumidor, no.37, p.272-273). Assim, a partir de 2000, com alteração no direito civil alemão, as normas gerais sobre os contratos passaram a alcançar igualmente consumidores e empresários. Porém o mesmo código (civil) estabelece normas especiais de tutela ao parceiro contratual mais vulnerável, em especial aos consumidores. Ao passo que a doutrina internacional caminha para firmar a compreensão de consumidor na pessoa física vulnerável que integra uma relação de consumo e, excepcionalmente, na pessoa jurídica sem fins lucrativos, o Direito Civil avança impregnado de valores sociais, de justiça distributiva, da boa fé objetiva que incide sobre todas as relações privadas, atribuindo um controle mais amplo das relações contratuais em geral. No Brasil, prevalece o conceito legal contido no artigo segundo do CDC, cuja interpretação literal já autoriza a possibilidade da pessoa jurídica consumidora. Porém a interpretação sistemática e teleológica (finalista) deve considerar os limites da expressão condicionante destinatário final e ainda a vulnerabilidade. Assim, pessoa jurídica consumidora é destinatária final fática e econômica e ainda padece de vulnerabilidade naquela relação jurídica pontual. O Superior tribunal de Justiça passou a adotar uma teoria definida como finalista aprofundada para a caracterização de uma relação de consumo. Assim, torna-se mister hoje em dia, quando o produto adquirido apresenta uma finalidade econômica, a análise das condições de vulnerabilidade. Veja-se o seguinte Aresto: Processo REsp 716877 / SP Relator(a) MIN. ARY PARGENDLEER Órgão Julgador T3 - TERCEIRA TURMA Data do Julgamento 22/03/2007 Data da Publicação/Fonte DJ 23/04/2007, p. 257 Ementa CIVIL. RELAÇÃO DE CONSUMO. DESTINATÁRIO FINAL. A expressão destinatário final, de que trata o art. 2º, caput, do Código de Defesa do Consumidor abrange quem adquire mercadorias para fins não econômicos, e também aqueles que, destinando- os a fins econômicos, enfrentam o mercado de consumo em condições de vulnerabilidade; espécie em que caminhoneiro reclama a proteção do Código de Defesa do Consumidor porque o veículo adquirido, utilizado para prestar serviços que lhe possibilitariam sua mantença e a da família, apresentou defeitos de fabricação. Recurso especial não conhecido. 20 Direito do Consumidor Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não conhecer do recurso especial nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Castro Filho e Humberto Gomes de Barros votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justifi cadamente, a Sra. Ministra Nancy Andrighi. 1.1.1 Consumidor stricto sensu Diz o CDC, Art. 2º que consumidor é a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos e serviços como destinatário fi nal. Assim, do conceito podemos destacar os seguintes elementos: ◆ Pessoa física (capaz/incapaz) – Arts. 1º ao 5º., CC; ◆ Pessoa jurídica (pública/privada, nacional/estrangeira) – Art. 40 e segs. CC; ◆ Grupos despersonalizados - Exemplo: condomínio, massa falida, espólio, sociedade de fato. Em geral, consumidor é aquele que participou de uma relação contratual, na qual se estabeleceu a transferência do bem ou a prestação do serviço. Mas nem todo consumidor seria o contratante; vez que existiria a possibilidade da aquisição ou utilização decorrer de alguma prática comercial destinada ao fomento do consumo, como, por exemplo, os sorteios, as promoções de venda etc. Como já visto, o conceito se determinará a partir da delimitação que se imprima à expressão destinatário fi nal, pois consumidor é o destinatário fi nal. 1.1.2 Consumidor lato sensu ou equiparado O consumidor lato sensu não é, em verdade, um consumidor, no sentido específico da palavra, mas sim alguém que, por haver intervindo numa relação de consumo, por ter sido vítima de um acidente de consumo, ou por se ver exposto às práticas comerciais, foi equiparada ao consumidor. São pessoas que foram ou se encontram expostas à lesão provocada pelo fornecimento de bens ou serviços no mercado de consumo. Equipara-se ao consumidor lato sensu a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo numa relação de consumo. São aqui, por exemplo, todos os convidados para uma cerimônia de casamento, na qual há um serviço de buff et contratado pelos noivos. Os convidados não contrataram o serviço, mas podem ser vítimas deum serviço viciado, caso o jantar oferecido esteja em condições inadequadas de consumo. Curiosidade O Bystander ou terceira vítima do evento (Art. 17) também é equiparado ao consumidor lato sensu para efeito do acesso à reparação do dano. Trata-se aqui do terceiro que nada interveio na relação de consumo, mas que por força de circunstâncias fáticas sofreu um dano. 21 Direito do Consumidor Para exemplificar o Bystander, temos: as vítimas terrestres de um acidente aéreo ou transeunte atropelado por automóvel, quando a causa do acidente estava relacionada à falha de fabricação do veículo. Qualquer pessoa exposta às práticas comerciais abusivas são equiparadas aos consumidores para o efeito de gozarem da proteção deliberada pelo Código, no artigo 29. 1.1.3 Vulnerabilidade É o elemento indutor do tratamento especial ao consumidor e é em virtude disso que se estabelece a relação jurídica desigual. A igualdade é um valor que se busca resguardar quando se assiste a desigualdade a cada momento em que se estabelece comparações entre diversos sujeitos. Assim, aos iguais, se estabelece tratamento igual; aos desiguais, tratamento desigual para favorecer uma equidade. A vulnerabilidade é uma noção flexível e não consolidada, que nem sempre se estabelece a partir da atitude de comparação. Muitas vezes é compreendida como um estado da pessoa, um estado de risco, conforme sustenta Cláudia Lima Marques (2014). A vulnerabilidade pode ser apresentar sob três nuances: ◆ Na técnica - o consumidor não possui conhecimentos específicos sobre o objeto da sua aquisição, sendo mais facilmente enganado quanto às características do bem; ◆ Na jurídica - tem-se a carência de conhecimentos jurídicos específicos que, por exemplo, cercam o instrumento contratual; ◆ A fática é a vulnerabilidade socioeconômica em face do sujeito fornecedor. A vulnerabilidade em suas três dimensões é presumida para o consumidor pessoa física e para o não profissional. Enquanto que para o consumidor profissional, especialmente a pessoa jurídica, precisa provar a sua situação de vulnerabilidade. 1.1.4 Hipossuficiência Semelhante ao estado de vulnerabilidade é a hipossuficiência, ou seja, um conceito de aplicação processual. Enquanto a vulnerabilidade é o estado de praticamente todos os consumidores, a hipossuficiência é um traço individual de determinadas pessoas. Corresponde ao estado de fraqueza ou fragilidade peculiar da pessoa individualmente considerada e pode se revelar quando o outro polo contratante é muito forte, quando o produto ou serviço que se pretende adquirir é essencial e urgente ou em razão de outros fatores, como idade avançada ou tenra. O conceito se aplica para o fim de determinar a inversão do ônus da prova no processo civil, em favor do consumidor (Art. 6º, VII). Vejamos os seguintes julgados: Processo AgRg no AREsp 398010 / RS AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2013/0318503-3 Relator(a) Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA (1128) 22 Direito do Consumidor Órgão Julgador T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento 07/11/2013 Data da Publicação/Fonte DJe 21/11/2013 Ementa ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. ERRO TARIFÁRIO REPASSADO AOS UTENTES. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR RECONHECIDA. REVISÃO NA VIA ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DO VERBETE SUMULAR 7/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. “Cabe às instâncias ordinárias a análise dos aspectos pertinentes à caracterização de hipossufi ciência do consumidor na relação de consumo (art. 6º do CDC), a ensejar, ou não, a inversão do ônus da prova. O seu reexame é inadmissível em face do óbice da Súmula 7/STJ” (AgRg no AREsp 82.071/MG, Segunda Turma, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJe 21/8/12). 2. Agravo regimental não provido. Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Napoleão Nunes Maia Filho (Presidente), Benedito Gonçalves, Sérgio Kukina e Ari Pargendler votaram com o Sr. Ministro Relator. ʴ Fornecedor Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. ◆ Não há relação de consumo sem fornecedor. E, pela leitura do artigo acima, tem-se uma relação intensa mas não exaustiva das atividades que podem ser desenvolvidas por este agente no mercado de consumo. É fornecedor aquele que pratica com habitualidade a atividade econômica com o peculiar intuito de lucro. No conceito de fornecedor, haverão de estar presentes a profi ssionalidade e o fi m lucrativo, pois o diletante ou o fi lantropo não se enquadrariam nesta condição. Não é necessário que o fornecedor seja um profi ssional regular, o comerciante irregular e a sociedade de fato também podem ser considerados fornecedores. Re� exão O Estado tem a possibilidade de funcionar como fornecedor? O Estado é um grande prestador de serviços públicos. Porém, é interessante esclarecer que o termo fornecedor aqui é empregado em referência a um elemento da relação de consumo, a teor do 23 Direito do Consumidor conceito de consumidor e fornecedor já apresentados. Por isso, quando o Estado atua no mercado de consumo como um ente qualquer, ou seja, sem relação de subordinação, cobrando por seus serviços o denominado preço público ou tarifa, o Estado funciona como fornecedor. Assim, é claro que o Estado pode ser enquadrado como fornecedor, desde que a relação jurídica não seja um relação tributária. O próprio artigo que conceitua o fornecedor traz a possibilidade da pessoa jurídica de direito público funcionar como fornecedora. O Art. 6º, X dispõe sobre o direito do consumidor de acesso aos serviços públicos adequados e eficazes. O Art. 22 traz a responsabilidade dos órgãos públicos pela execução dos serviços e sobre eventuais danos. Observe algumas considerações relacionadas a este assunto: Primeiro, repita-se, o fornecedor de que trata o presente artigo é um dos elementos da relação de consumo que se consolida mediante a presença dos demais elementos: consumidor, produto ou serviço. Para que as pessoas jurídicas de direito público figurem como fornecedores deverão prestar serviços, tais como os definidos no Art. 3º, §2º, que são remunerados. Em síntese, os serviços públicos remunerados, ou seja, contra-prestacionados, mediante preço público ou tarifa são em geral executados por pessoas jurídicas de direito privado. Embora deles sejam titulares as pessoas jurídicas de direito público. Porém, o serviço público tem sua execução transferida à iniciativa privada por meio do contrato de concessão ou permissão. A empresa passa a executar o serviço por sua conta e risco. Os danos decorrentes da atividade são encarados pelo próprio executor, enquanto o verdadeiro titular do serviço tem uma responsabilidade subsidiária. Assim, descarta-se a possibilidade de enquadramento da pessoa jurídica de direito público quando o serviço prestado não é remunerado, como no exemplo da segurança pública, na prestação do serviço educacional, de saúde etc. 1.3 Produto Art. 3º, § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. O produto é aqui compreendido por sua natureza econômica, enquanto bens, e, para o Direito, os bens são considerados objetos de direito numa dada relação jurídica. Os bens são espécies do gênero coisas, caracterizados pelo valor econômico a eles atribuído.São portanto coisas que suscetíveis de apropriação pelo homem e, consequentemente, valoradas economicamente. Diz-se bem material aquele que ocupa espaço, enquanto os bens imateriais são assim considerados por sua existência abstrata. O automóvel é um bem material, enquanto um software, a energia elétrica, energia atômica e uma música são bens imateriais. Por isso, pode-se dizer que o CDC adotou um conceito bem amplo ao tratar de produto, conceituando-o como qualquer bem, ficando fácil, portanto, a caracterização da relação de consumo no que concerne ao produto. 24 Direito do Consumidor 1.4 Serviço Art. 3º, § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, fi nanceira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Por muito tempo, as instituições financeiras questionaram a incidência do CDC sobre os serviços desenvolvidos por elas, apesar da previsão expressa neste parágrafo acima, alegando que deveriam ser regidas por uma Lei Complementar e não uma Lei Ordinária, como o CDC. O Conselho Nacional do Sistema Financeiro (CONSIF) propôs, perante o STF, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) nº 2.591, na tentativa de excluir os bancos da incidência da aplicação do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Curiosidade A ADIn foi julgada improcedente pelo STF no dia 07 de junho do ano corrente, confi rmando, a aplicabilidade do CDC. Depois de termos compreendido os serviços e como são entendidos pela lei, vamos estudar, a seguir, os serviços públicos. 1.4.1 Serviço público É evidente a preocupação do Código de Defesa do Consumidor - CDC com a qualidade do serviço público. Inicialmente admite a possibilidade do serviço público funcionar como objeto de uma relação de consumo, uma vez que defi ne como serviço “qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneração (...)” (Art. 3º, §2º). ◆ Logo, pessoa jurídica de direito público ou privado que ofereça serviço mediante remuneração (por preço público ou tarifa) pode ser considerada fornecedora, sendo o usuário, por consequência, consumidor. No Capítulo que traz o rol dos direitos básicos do consumidor, inclui-se o direito à “adequada e efi caz prestação dos serviços públicos, em geral” (Art. 6º, X), e, no Art. 22, dispõe-se acerca da obrigatoriedade dos órgãos públicos, por si ou por suas empresas, concessionárias, permissionárias, ou sob qualquer outra forma de empreendimento, de fornecer serviços adequados, efi cientes e seguros, quando essenciais e contínuos. Importa saber se é permitida a incidência do CDC nas relações que envolvam a prestação dos serviços públicos em geral, ou somente daqueles remunerados. Da interpretação teleológica e sistemática do citado diploma legal, entende-se que somente caberá a sua aplicação no âmbito de uma relação de consumo, ou seja, quando presentes as fi guras do consumidor, do fornecedor e a prestação do serviço remunerado oferecido no mercado de consumo. 25 Direito do Consumidor Apesar da vasta literatura no campo do Direito do Consumidor, poucos são os estudos que tratam da aplicabilidade das suas normas em favor do usuário do serviço público e, quando o fazem, não tocam em questões consideradas fundamentais. Antônio Herman Benjamin (1991, p. 110) defende uma interpretação extensiva do CDC, aceitando a sua aplicabilidade a todos os serviços públicos, tanto aos uti universi quanto aos uti singuli; na sua compreensão, o Estado é um dos que compõem o gênero fornecedor. Regina Helena Costa (1997, p. 99) entende que a remuneração é condicionante da relação de consumo, mas admite que podem figurar como objeto de uma relação de consumo até mesmo os serviços públicos que originam o pagamento de taxa, entendendo que neste tipo de serviço há a divisibilidade e a remuneração. Por fim, exclui os serviços públicos uti universi e aqueles não remunerados. Contudo, é bom lembrar a lição dos tributaristas - taxa é um tributo e não um preço público. Não se trata aqui de remuneração ou contraprestação de serviço, porque o cidadão pode ter de pagar uma taxa sem efetivamente utilizar o serviço (MACHADO, 2002, p. 369.). Filomeno (2001, p. 53) contra argumenta também neste sentido, inadmitindo que impostos, taxas e contribuições de melhoria sejam entendidos como remuneração, e Cláudia Lima Marques (2002, p. 486) entende que apenas os serviços remunerados mediante tarifa podem ser enquadrados no tipo prescrito no Art. 3º, §2º do CDC, de modo a figurar objeto de uma relação de consumo. A autora também concorda que os serviços uti universi não podem integrar uma relação de consumo, embora também devam ser prestados segundo os princípios da adequação e eficiência (MAR- QUES, 2002, p. 486). No mesmo sentido, vê-se a afirmativa de Adalberto Paqualotto (1992, p. 135). Boa parte da doutrina admite a aplicação do CDC, na relação que se estabelece entre o usuário e o prestador dos serviços públicos remunerados. Como síntese, pode-se dizer que o CDC é aplicado no interesse dos usuários dos serviços públicos nas hipóteses: a) em que pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, especialmente por concessão ou permissão, presta serviço público próprio, uti singuli, mediante remuneração por tarifa; b) em que o serviço é prestado por particulares autorizados; c) em que o Estado está à frente de atividade econômica, prestando serviço ou fornecendo produtos, na qualidade de empresário, nos ditames do Art. 173. Assim, não poderiam ser considerados serviços, para efeito do Art. 3º, §2º do CDC, aqueles serviços próprios uti universi prestados genericamente pelo Estado ou os serviços públicos gratuitos, como educação e saúde, por exemplo. Não há dificuldade quanto à aplicação do CDC nas hipóteses descritas nas alíneas “b” e “c” acima numeradas. Tratam-se ali de atividades remuneradas consideradas ora como serviços públicos impróprios, ora como meras atividades econômicas. Entende-se que o usuário de serviços próprios, incluindo-se aqui aqueles uti singuli, remunerados por tarifa, deveria ter um tratamento específico. Diante da ausência de lei específica 26 Direito do Consumidor de proteção ao usuário do serviço é que se justifica a aplicação do CDC. A própria lei de concessões estabelece a aplicação do CDC quando trata dos direitos dos usuários. Antônio Carlos Cintra do Amaral (2001, p. 217-218) discorda da aplicação do CDC mesmo nas relações entre concessionários e usuários, por entender que a mesma não pode ser equiparada à existente entre consumidor e fornecedor, cujo objetivo básico é o lucro. A concessionária é um fornecedor que não pode, em absoluto, descuidar do dever de universalidade do serviço e dos demais princípios relativos ao serviço público. Não sem razão, a própria Constituição estabeleceu a possibilidade de tratamento diverso ao consumidor e ao cidadão usuário. O artigo 5º, XXXII, e o Art. 170, V dispõem sobre a defesa do consumidor, enquanto o Art. 175, parágrafo único, inciso II, prevê a necessidade de proteção ao usuário do serviço público. Justifica-se, portanto, a indagação: se consumidor e usuário do serviço público fossem, de fato, conceitos idênticos, passíveis de igual tratamento, por qual razão o texto constitucional faria tal separação? Nas letras de Carlos Alberto Bittar, a expedição do CDC […] veio a responder a antiga exigência da economia de mercado, que estava à míngua de mecanismos jurídicos adequados para contrabalançar os desníveis existentes entre os grandes fornecedores de bens e de serviços, inclusive os públicos, e os consumidores em geral, para efeito de aquisição e gozo das utilidades próprias. (BITTAR, 1992, p. 137). A finalidade básica do CDC é assegurar o equilíbrio das relações deconsumo, ressalvando os direitos do consumidor diante dos fornecedores, exercentes das atividades de capital: ◆ Regula relações privadas por excelência, apesar de também resguardar interesses coletivos e difusos; ◆ tem origem na preocupação de frear os ânimos do capital em direção ao lucro, tendo em vista a defesa do consumidor contra as mais diversas práticas abusivas; ◆ visa a resguardar o consumidor das investidas dos fornecedores, representantes de um poder econômico, cujo império se mantém sob as bases de uma cultura de consumo, alimentada por publicidades, pelas mais diversas formas de vendas e estratégias mercadológicas, capazes de violentar a autonomia do consumidor subliminarmente. Neste sentido, Newton De Lucca1 argumenta que talvez não se esteja a praticar nenhum exagero quando se afirma que a real necessidade de consumo de um produto ou de um serviço, na sociedade dita de consumo, de nosso tempo, que, muito frequentemente, não se acha ligada à realidade psicobiológica ou social dos indivíduos e sim aos interesses prevalecentes daqueles que fornecem tais bens ou serviços. Para Ronaldo Porto Macedo Junior (2000, p. 251), muitos instrumentos do CDC estão à 1 Direito do consumidor. São Paulo: Quartier Latin, 2003, p. 51 27 Direito do Consumidor disposição dos usuários de serviços públicos. Mas do ponto de vista principiológico, muito deveria ser melhorado quanto às medidas de participação do usuário, que é uma das tendências do direito administrativo contemporâneo, principalmente porque tais medidas fogem ao objetivo do citado código que é a proteção do hipossufi ciente em relação ao fornecedor de produtos ou serviços. Atenção É certo que o serviço público próprio pode ser prestado por empresa privada, mediante remuneração, mas mesmo assim continuará sendo atividade do Estado, sujeita às previsões constitucionais e caracterizada pela finalidade de satisfação das necessidades coletivas. Não se compara à atividade econômica desenvolvida pelo Estado ou mesmo aos chamados serviços impróprios, desenvolvidos pela iniciativa privada mediante autorização do Poder Público. No Brasil, a ideia de serviço público próprio e essencial (vide lei nº 7.783/1989) não se enquadra como atividade fornecida no mercado de consumo, trata-se aqui de atividade pública em contraposição a atividade econômica2. Tampouco a Constituição Brasileira considera o Estado como um agente econômico (SOUTO, 2003, p. 4), do contrário, restringe-lhe a possibilidade do exercício de atividade econômica aos imperativos da segurança nacional e do interesse público. Frise-se que “mercado de consumo” é uma expressão que também condiciona o serviço, objeto de uma relação de consumo e, segundo Newton De Lucca (2003, p. 148-149), pode ser compreendido como “a cadeia das relações de troca de bens e de prestação de serviços, realizadas pelos diversos agentes econômicos”. Além de ser uma expressão relacionada à economia de mercado baseada no fato econômico troca, aprimorada com instrumentos como moeda e crédito. O funcionamento da economia de mercado envolve a concorrência, a livre iniciativa e até mesmo a intervenção do Estado (SOUZA, 2003, p. 238). Recorrendo mais uma vez a Newton De Lucca, tem-se que o CDC muitas vezes faz referência ao mercado de consumo como a arena onde se estabelece a relação jurídica que justifi ca o tratamento diferenciado ao consumidor (Art. 3º, §2º ; Art. 4º. incisos II, ‘c’, IV, VI, VIII, etc.). Assim, o mercado de consumo corresponde a um componente indispensável para a devida caracterização da relação de consumo (DE LUCCA, 2003, p. 148/149). ◆ No caso dos serviços públicos próprios prestados direta ou indiretamente, porém, não parece tratar-se de atividade econômica pura e simplesmente; correspondem a um dever do Estado, indispensável à realização de muitos direitos fundamentais. Para Marcos Juruena V. Souto, […] os serviços públicos podem comportar exploração comercial ou industrial, mas não 2 Ver Art. 175 e Art.173 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. 28 Direito do Consumidor são atividades econômicas inseridas na liberdade de iniciativa. São atividades disciplinadas e fiscalizadas pelos Poderes competentes, na forma das respectivas leis regedoras (SOUTO, 2003, p. 355). A aplicação do CDC às relações entre concessionária e usuário somente se justifica pela ausência de lei específica, especialmente no que toca à responsabilidade pelos vícios, defeitos, práticas e cláusulas contratuais abusivas decorrentes do fornecimento. Mesmo assim, a responsabilidade do fornecedor de serviço público não poderia ser diferente do que impõe o CDC, haja vista o princípio da responsabilidade objetiva contido no Art. 37, §6º da Constituição Federal. O CDC é lei geral principiológica (MARQUES, 2000, p.84), norma de ordem pública, de raiz constitucional imediata (MARQUES, 2002, p. 548). Por força do Art. 170, V, a defesa do consumidor constitui princípio limitador da atividade econômica, visando ao redirecionamento da atividade do fornecedor em respeito à dignidade do cidadão consumidor. Mas não parece que esteja apto a operar mudança na lógica em que se baseia a prestação do serviço público próprio pela empresa particular. A prestação desse tipo de serviço público exige uma postura distributiva que a empresa privada por si só não será capaz de proporcionar. É necessário que o cidadão possa se resguardar de modo mais específico contra os possíveis abusos que o particular prestador de serviço público concedido possa perpetrar. Atividade notarial, ou seja, o serviço prestado pelos Cartórios de Registros Públicos em todo o país, por estar regulamentado por uma lei específica não é considerada objeto de uma relação de consumo, não sendo regida pelo CDC. 2 Política Nacional das Relações de Consumo Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: a) por iniciativa direta; b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; c) pela presença do Estado no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo; V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo; VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo. 29 Direito do Consumidor A política nacional das relações de consumo é uma vertente dapolítica econômica que estabelece as balizas de atuação e intervenção do Estado na defesa do consumidor e regula as relações de consumo. Se o Estado tem uma política econômica que disciplina a intervenção no domínio das atividades econômicas, o CDC dispõe da política nacional das relações de consumo como os principais vetores da intervenção do Estado neste ambiente, com vistas a realização do mandamento constitucional assegurado desde o Art. 5º, XXXII, que afirma: “o Estado promoverá, na forma da Lei, a defesa do consumidor”. Como descreve o próprio artigo, os objetivos da Política Nacional das Relações de Consumo é a satisfação das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida. E para atender tais objetivos deverá observar os princípios citados nos incisos, conforme analisaremos a seguir: ◆ Principio da vulnerabilidade: a vulnerabilidade é um estado da pessoa, um estado inerente ao consumidor - se apresentando em três nuances: técnica, jurídica e fática. O CDC admite que todos os consumidores pessoas físicas e não-profissionais são presumivelmente vulneráveis, enquanto que a pessoa jurídica tem de provar o estado de vulnerabilidade. Aplica-se o princípio da vulnerabilidade para viabilizar a realização da equidade. ◆ Ação protecionista Estatal: reconhece a vulnerabilidade do consumidor para garantir ao consumidor o acesso aos produtos e serviços essenciais. Neste sentido, o Estado deverá desenvolver ações protetivas ao consumidor por meio da instituição de órgãos dotados de competências específicas, a exemplo dos Procons. Mas também deverá incrementar o papel interventivo, regulando o mercado em busca da implementação de um cultura de qualidade dos produtos e serviços, prevenindo distorções de mercado e aplicando as sanções aos abusos praticados. Cabe ainda ao Estado o incentivo à formação de entidades privadas de defesa do consumidor como forma de ampliar a força protetiva e fomentar a cidadania coletiva. É certo que a melhor forma de proteção do interesse do consumidor se faz a partir do compromisso coletivo e do exercício da cidadania coletiva, sendo valiosíssimo o papel das associações civis. ◆ Educação e informação: educação para a formação da cidadania já é matéria do currículo transversal de todos os níveis de ensino. No contexto dos conteúdos tratados, há a matéria relativa ao consumidor, ao meio ambiente, trânsito etc. Visa-se aqui ajudar o cidadão a se descobrir como sujeito no ambiente social, que interfere, interage nos diversos processos realizados. O cidadão deve compreender os seus direitos, a finalidade desses direitos e o modo de defendê-los e realizá-los. A informação corresponde a um direito mais objetivo relacionado ao produto ou serviço e à forma de uso e aquisição. Todo cidadão tem direito a informações concernentes ao produto, ao serviço, ao fornecedor, aos efeitos e modo de uso do produto e serviços, bem como ao contrato. 30 Direito do Consumidor ◆ Controle de qualidade e segurança de produtos e serviços: vige por força do CDC, uma verdadeira política de qualidade e segurança dos produtos e serviços. Na verdade, a própria evolução dos direitos dos consumidores consolidaram esta visão. O controle de qualidade de produtos e serviços deve ser feito pelo Estado, que o faz, por amostragem, através do INMETRO, mas principalmente pelo próprio mercado fornecedor e até pelas associações de defesa dos consumidores. O controle de qualidade promove o bom fornecedor e afasta o fornecedor relapso com a proposta de qualidade. ◆ Mecanismos alternativos de solução de conflitos: a doutrina tem promovido as formas alternativas de solução de conflitos, consubstanciados em quaisquer meios de resolução de disputas que não a via judicial. Dentre estes meios, os mais comuns são a arbitragem e a mediação, embora haja também a conciliação e a negociação. Há possibilidade de aplicação da jurisdição arbitral na solução de conflitos de consumo, mas com muitas reservas para evitar o prejuízo à autonomia da vontade do consumidor. ◆ Regulação para coibir e reprimir abusos: o Estado brasileiro já adota um perfil dirigista na ordem econômica. Relativamente às relações de consumo, possui agências dotadas de competência administrativa para prevenir e reprimir os abusos praticados em todas as etapas da cadeia de produção e distribuição. O CDC traz um capítulo das sanções administrativas, como também o Decreto 2.181/1992 traz as normas relativas ao processo administrativo precedente a aplicação de muitas destas sanções. A competência material de todos os entes da federação é o controle da atividade de distribuição e produção de produtos. ◆ Serviços públicos: considerando as ressalvas sobre a inclusão do serviço público como objeto de uma relação de consumo deduzidas anteriormente, destaca-se a proposta da reforma do Estado concluída em 1998 voltada para o incremento da eficiência dos serviços públicos. 2.1 Instrumentos para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros: I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público; III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo; IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor. Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, o CDC prevê a utilização de determi- nados instrumentos já presentes no ordenamento jurídico ou na estrutura organizacional do Estado, como: 31 Direito do Consumidor ◆ Assistência jurídica ao necessitado, seja ele consumidor ou não, é decorrência direta do direito de acesso à justiça, constitucionalmente assegurado como direito fundamental. ◆ Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, também já são realidade na estrutura do Ministério Público, cuja competência constitucional supõe a defesa dos interesses coletivos e difusos. ◆ Criação de delegacias especializadas seria de valiosa estima para a apuração dos crimes contra as relações de consumo. ◆ Juizados especiais já têm existência aplicada ao conhecimento de conflitos de consumo, muito embora não haja em todo Estado da federação. 2.2 Direitos básicos do consumidor Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniaise morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; IX - (Vetado); X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade. Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. Os Direitos do consumidor têm dignidade de direito fundamental (art. 5º, XXXII e Art. 5º, §2º, CF/88), consubstanciando-se em pautas essenciais à realização da dignidade da pessoa humana. Abordando o tema em Portugal, o jurista Antônio Carlos dos Santos e outros (2002, p. 57) dispõe, Na Constituição, os direitos dos consumidores se das suas associações são considerados como direitos fundamentais e reconhecidos no capítulo dos direitos e deveres econômicos (art.60). Para além dos direitos positivos a prestações ou acções do Estado (direito à formação ou à protecção da saúde), os direitos reconhecidos na Constituição são também direitos a prestações ou acções dos próprios agentes econômicos, produtores ou distribuidores (direito à informação). São além disso - no caso do direito à reparação dos danos -, verdadeiros direitos subjetivos, equivalentes aos direitos, liberdades e garantias (SANTOS, 2002, p. 57). 32 Direito do Consumidor Embora haja o direito do consumidor sob a perspectiva do interesse individual, em geral, os direitos dos consumidores são enquadrados como direitos de terceira dimensão ou de interesse meta-individuais (Art. 81, CDC), categoria de direitos situada numa zona entre os interesses individuais e o interesse público. Curiosidade Na ordem proposta pelo artigo acima, tem-se alguns dos principais direitos dos consumidores, que podem até mesmo ser classifi cados como direitos guarda-chuva, vez que comportam sob eles a proteção de vários outros direitos. 2.2.1 Vida ◆ É o mais básico de todos os direitos, consistindo no direito essencial à realização da dignidade da pessoa humana - pré-requisito para todos os demais direitos. É preciso assegurar um nível mínimo de vida, o que inclui o direito a alimentação adequada, saúde, moradia, vestuário, educação, lazer e cultura. O CDC impõe o direito do consumidor à vida, estabelecendo responsabilidades para o fornecedor. No mercado de consumo muito se pode fazer em prejuízo da vida – lá são adquiridos produtos e serviços que interferem diretamente no cotidiano das pessoas. Os produtos e serviços não devem acarretar perigo à vida ou à segurança. É dever do fornecedor zelar pela vida do consumidor. ◆ A saúde é um pressuposto do direito à vida. A ONU, em resolução de nº 39/248, estabelece a conveniência dos Estados editarem normas com o fi m de “proteger o consumidor quanto a prejuízos à saúde e segurança”. O CDC estabelece um capítulo inteiro sobre a “proteção à saúde e segurança”. Saúde é um Direito social constitucionalmente assegurado. Sendo matéria de competência concorrente da União, Estados e Distrito Federal, para legislar e competência comum a todos os entes da federação para zelar. Para Plácido e Silva ter saúde é “exercer normalmente todas as funções dos órgãos”. Por segurança, entenda-se o ato ou efeito de tornar seguro ou de assegurar e garantir alguma coisa. (...) Insere o sentido de tornar a coisa livre de perigos, livre de incertezas, asseguradas de danos ou prejuízos, afastada do mal. ◆ O consumidor tem direito à vida preservado e, consequentemente, o direito à proteção a sua saúde e segurança. Ou seja: ◆ proteção à saúde contra efeitos de agentes de atuação lenta e detecção mediata, como: consumo de determinados agrotóxicos; 33 Direito do Consumidor ◆ proteção contra efeitos inesperados (acidentes) de detecção imediata, como: acidente causado por falha na frenagem automóvel. ◆ A concepção de qualidade do produto ou do serviço implica na preservação desses valores. 2.2.2 Liberdade de escolha O direito de escolha é uma contrapartida da liberdade de concorrência. Prevenindo e reprimindo os métodos concorrenciais desleais, permite-se a pluralidade das atividades econômicas e a fl uência da concorrência, possibilitando ao consumidor a faculdade de escolher o produto ou serviço, dentre aqueles disponíveis no mercado. 2.2.3 Educação e informação Conforme já explicitado anteriormente, educação é um direito de todo o cidadão. Envolve, além da educação formal, a formação para a cidadania que abrange o conhecimento dos direitos do consumidor. O direito à informação, por sua vez, diz respeito ao interesse que tem o consumidor de conhecer os componentes do produto, a forma de uso, os riscos, as cláusulas contratuais etc. 2.2.4 Proteção contra práticas e cláusulas abusivas Como consequência de sua vulnerabilidade no mercado de consumo, o CDC estabelece mecanismos de proteção contra as diversas práticas comerciais abusivas, dentre elas as cláusulas contratuais, as publicidades abusivas, enganosas, quaisquer métodos comerciais coercitivos. 2.2.5 Modifi cação das cláusulas contratuais, fl exibilizando o princípio do pacta sunt servanda Permite a modifi cação das cláusulas contratuais na hipótese de prestações desproporcionais, lesivas ao contrato, ou mesmo a revisão do contrato na hipótese de fato superveniente modifi car os parâmetros contratuais de modo a desequilibrar as prestações, tornando-as excessivamente onerosas. Atenção No primeiro caso, o fato ensejador da possibilidade de modifi cação nasce com o contrato, pois as cláusulas já preveem prestações desproporcionais, aplicando- se o instituto da lesão; na segunda hipótese, teria-se uma vertente da teoria da imprevisão, possibilitando a modifi cação do contrato em virtude de acontecimento posterior a sua formação, que venha a perturbar o equilíbrio da prestações, provocando a onerosidade excessiva. 2.2.6 Prevenção e reparação de danos A Constituição Federal assegura a todos o direito de reparação que é repetido pelo Código Civil e pelo CDC. O ordenamento pátrio defere àquele que sofre dano, o direito de reparação, ainda que o dano 34 Direito do Consumidor seja exclusivamente moral. O CDC dedica um capítulo inteiro à responsabilidade civil do fornecedor, procurando resguardar-lhe o direito de reparação dos danos sofridos no mercado de consumo. Destaca-se a peculiaridade do CDC em estabelecer a responsabilidade civil objetivo do fornecedor em reparar o dano. Isso significa que caberá ao fornecedor a reparação do dano, mesmo quando não houver culpa sua. Basta que se prove o nexo causal entre o dano e a atividade desenvolvida, como exemplo pode-se citar: o defeito do produto. 2.2.7 Acesso aos órgãos judiciários e administrativos Com vistas a garantir o direito de reparação, o direito de ser ouvido, bem como resguardar-lhe de qualquer ameaça ou lesão a direito, o CDC reitera o direito de acesso à justiça e aos órgãos administrativos. 2.2.8 Facilitação da defesa de seus direitos Como consequência do reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, o CDC estabeleceu o direito à facilitação de sua defesa, especialmente no processo civil. A inversão do ônus da prova é o corolário deste direito. Por esta via, é possível atribuir ao fornecedor o ônus de produção da prova, mesmo contra si. Em verdadeo consumidor já não tem de provar dolo ou culpa do fornecedor, basta a prova do nexo causal entre o dano e o defeito do produto ou serviço. Porém, mesmo assim, o CDC defere a possibilidade da inversão do ônus da prova ao fornecedor sempre que o juiz achar adequado, em face da hipossuficiência do consumidor ou da verossimilhança do alegado da vítima segundo as regras ordinárias da experiência. 2.2.9 Adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral Embora o CDC seja o diploma das relações de consumo, cujo ambiente é o mercado de consumo, muitos são os dispositivos que tratam do serviço público. Evidente que nem todo serviço público se enquadra na concepção de objeto de uma relação de consumo, pois muitos deles, quiçá a maioria, são prestados sob a ótica da justiça distributiva, incompatível com a lógica do mercado de consumo. Porém os dispositivos que tratam do assunto permitem uma interpretação literal de que a expressão serviço público se aplica a toda modalidade, quando em verdade somente pode tratar dos serviços remunerados. 2.2.10 Outros direitos - o Art. 7º, do CDC Abre flancos para a admissão de outros direitos previstos em tratados internacionais e em outras leis. Veja-se que o CDC não arrola taxativamente os direitos do consumidor, visando a uma proteção ampla. 2.3 Diálogo das fontes Diálogo das fontes corresponde a um recurso hermenêutico que deve ser utilizado para extrair, da legislação, a melhor solução para um conflito de normas aplicáveis a uma relação de consumo. Sabe-se que o CDC é a norma base que disciplina as relações de consumo em geral, porém, há diversas outras normas, leis ordinárias, dispondo sobre temas inter-relacionados, a exemplo da lei dos planos de saúde, da lei da concessão de serviço publico, o Código Brasileiro de Aeronáutica etc. 35 Direito do Consumidor ◆ O que fazer quando há contradição aparente entre uma destas leis e o CDC? O CDC é lei especial se comparado ao Código Civil, que corresponde a uma norma geral. Porém, o CDC seria norma geral, se posto em frente a uma norma como a que regula os planos de saúde. Ambas incidem sobre uma relação de consumo. ◆ Mas qual norma aplicar? A par dos critérios de solução de conflitos de normas apresentados pela Lei de Introdução do Código Civil, o aplicador deverá ter em mente a proposta constitucional para a regulação das relações de consumo, deixando-se nortear, sobretudo, pelos valores constitucionais. Há que empregar o diálogo das fontes para dar efeito útil ao maior número de normas, privilegiando normas narrativas, os valores constitucionais e, sobretudo os direitos fundamentais, além dos direitos humanos (previstos nos tratados e convenções internacionais). Com a conclusão do estudo sobre o “diálogo das fontes”, finalizamos a primeira unidade. Caso você ainda esteja com alguma dúvida sobre o conteúdo estudado, procure conversar com o serviço de tutoria. Lembre-se de participar do fórum e realizar os exercícios. Referências Bibliográficas AMARAL, Antônio Carlos Cintra do. Distinção entre usuário de serviço público e consumidor. Revista de Direito Administrativo. Rio de Janeiro, n.225, pp.217/218, jul/set, 2001. ARENDT, Hanna. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. ARISTÓTELES, 384-322 A.C. Ética a Nicômano. Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. Coleção - Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1984. BENJAMIM, Herman A. 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Rio de Janeiro: Qyakutymark, 1991. 38 Direito do Consumidor Anotações Créditos DIREITO DO CONSUMIDOR Núcleo de Educação a Distância O assunto estudado por você nessa disciplina foi planejado pelo professor conteudista, que é o responsável pela produção de conteúdo didático, e foi desenvolvido e implementado por uma equipe composta por profissionais de diversas áreas, com o objetivo de apoiar e facilitar o processo ensino-aprendizagem. Coordenação do Núcleo de Educação a Distância: Lana Paula Crivelaro Monteiro de Almeida Supervisão Administrativa: Denise de Castro Gomes Produção de Conteúdo Didático: Alexander Perazzo N. de Carvalho Design Instrucional: Andrea Chagas Alves de Almeida Projeto Instrucional: Luciana Clícia, Régis da Silva Pereira Roteiro de Áudio e Vídeo: José Glauber Peixoto Rocha Produção de Áudio e Vídeo: José Moreira de Sousa Identidade Visual / Arte: Diego Silveira, Francisco Cristiano Lopes de Sousa, Sérgio O. Eugênio de Souza, Viviane Cláudia Paiva Ramos Programação/Implementação: Jairo Araújo dos Santos, Jorge Augusto Fortes Moura Editoração: Sávio Félix Mota Revisão Gramatical: Luís Carlos de Oliveira Sousa
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