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DIREITO E ARTE - MORTE E VIDA SEVERINA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – CCJ
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – DCJ
DIREITO CONSTITUCIONAL I
ANDRÉA CARMO DA SILVA
DIREITO & ARTE
SANTA RITA – PB
2016
ANDRÉA DO CARMO DA SILVA – 11517725
DIREITO & ARTE
Trabalho apresentado como requisito para a disciplina Direito Constitucional I do curso de Direito da Universidade Federal da Paraíba.
Professor: Ulisses da Silveira Job
SANTA RITA
2016
Uma relação entre a obra “Morte e Vida Severina” e os direitos fundamentais dispostos na Constituição Federal de 1988
Morte e Vida Severina, uma obra de João Cabral de Melo Neto, é um Auto de Natal Pernambucano, escrito entre os anos de 1954-1955, onde foi relatada a vida de um retirante, Severino. 
João Cabral de Melo Neto retrata a cultura nordestina, onde inicia com Severino tentando se identificar ou se apresentar as pessoas. Ele não consegue concluir a sua identidade utilizando de referências pessoais como sobrenomes, sendo assim inútil, ele é apenas mais um semelhante a tantos outros Severinos. Igual em nome, na fome, na falta de oportunidades, sofrimento, dor, busca, na falta de emprego, miséria, ignorância, ou seja, são todos integrantes da mesma vida, a Vida Severina. 
“Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas e iguais também porque o sangue, que usamos tem pouca tinta. E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte Severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte Severina ataca em qualquer idade,e até gente não nascida). Somos muitos Severinos iguais em tudo e na sina: a de abrandar estas pedras suando-se muito em cima, a de tentar despertar terra sempre mais extinta, a de querer arrancar algum roçado da cinza.” (MELO NETO,2006).
Morte e Vida Severina é uma saga, contada em versos, onde Severino sai do interior até Recife, seguindo as margens do rio Capibaribe, ao andar através de uma paisagem monótona e estafante, só suportável pela esperança de uma vida melhor ao final. Ele enxerga que não há nenhuma saída, a não ser aquela que ele presenciou durante todo o caminho, a morte, sendo esta a sua maior decepção, o fim do seu sonho que é morar em uma cidade grande. 
A obra é dividida em 18 partes, possui uma estrutura dramática, onde o personagem se transforma em adjetivo, referindo-se à vida Severina, à condição Severina, à miséria, uma vida cheia de privações, de dificuldades, retratando o sofrimento de uma parcela da população brasileira que se encontra excluída do usufruto de seus direitos básicos necessários a uma vida digna.
Assim, o presente trabalho tem como intuito realizar uma análise comparativa dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal com a obra “Morte e Vida Severina”, buscando através da literatura analisar as faces dos vários “Severinos” que estão na realidade do povo brasileiro. 
Os Direitos Fundamentais são um conjunto de direitos e garantias do ser humano, surgiram com base nos inúmeros movimentos políticos e sociais, cujo intuito principal é o respeito à dignidade humana, as garantias das condições mínimas de vida e desenvolvimento, ou seja, visa garantir o respeito à vida, à liberdade, à igualdade e a dignidade, para o pleno desenvolvimento de sua personalidade. 
Com objetivo de construir uma plena cidadania e uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna, temos os direitos individuais, sociais, difusos e coletivos como indispensáveis para que se reconheça a dignidade, cabendo ao Estado garantir a efetivação de todos eles por meio de políticas responsáveis, dando a todos as mesmas condições e oportunidades. 
Durante o contexto em que vive Severino na obra, esse total desrespeito aos direitos humanos, eis que surge a representatividade de inúmeros brasileiros que compartilham da mesma situação. Pessoas que buscam encontrar uma melhor qualidade de vida, ou pelo menos um pouco de dignidade, fugindo da morte. Portanto, os “Severinos” tratados na obra são aqueles que, mesmo vendo seus direitos não serem respeitados, vivem honestamente e cumprem com seus deveres. São as pessoas de bem que ajudam a construir a nação brasileira com seu sofrimento diário.
A Constituição Federal estabelece obrigações ao Estado, como forma de garantir os direitos das pessoas, dispostas no art. 3º, onde estão listados os objetivos a serem alcançados pela República Federativa do Brasil, dentre eles estão: construção de uma sociedade livre, justa e solidária, erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais.
Durante a trajetória do Severino, nota-se que ele deseja pouca coisa, como um trabalho, água, farinha, algodãozinho da camisa, dinheiro para o aluguel. A falta de condições para trabalhar na terra, das injustiças, a miserabilidade, o empobrecimento, a não-garantia de uma vida digna, são características da desigualdade social, sendo necessário um governo responsável e capaz de desenvolver políticas que caminhem para a efetivação dos direitos humanos.
	O autor retrata sonhos de um homem simples que se anularam ao saber que viera seguindo o próprio enterro e que sua vida estava por um triz, imaginando que tenha chegado adiantado.
	Nota-se que ao longo de toda a história, a morte é sempre compartilhada. O camponês nunca está sozinho quando morre, tendo outras pessoas para tomar conta dele, solidariamente, compartilhando deste momento.
Eis que uma mulher anuncia o nascimento de uma criança, onde refletimos entre a opção de saltar para a vida ou desistir dela. Severino tem a alternativa de resistir à morte. Nesse sentido, o nascimento de outro Severino, representa metaforicamente o nascimento de Jesus, em sua condição de filho de carpinteiro, em meio à pobreza, sendo este um momento de purificação, de limpeza em relação à morte, daí o significado do subtítulo da obra, o auto de Natal pernambucano.
	Outra forma de aproximarmos a obra de Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto do direito, é no sentido da miséria, do papel, do não direito. Surge necessidade de sensibilidade, de viver, sentir, uma coisa que não pode ser totalmente representada por um pensamento frio, distante e abstrato, chegando por vezes a criminalizar e ignorar a pobreza. Sendo importante para o direito esse trabalho de inverter fato e idéia, pois, sem envolvimento não há sensibilização, e o profissional jurídico acaba não se envolvendo.
Portanto, assim como o caminho traçado pelo Severino, do interior ao litoral nordestino, entre o seu sonho e a vontade de buscar uma vida melhor, deverá nos servir de exemplo para este custoso trabalho que é essa jornada no campo do direito, com base nos atos legislativos, jurisprudenciais e doutrinários. 
Referências
PASSEI WEB. Análise da obra. Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Disponível em:<http://www.passeiweb.com/estudos/livros/morte_e_vida_severina>Acesso em: 08 nov. 2016.
	
MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida Severina e outros poemas para vozes. 34. ed. Rio de Janeiro, 1994.	
MENDONÇA, Flávio Penna. Constituição Severina: uma análise comparativa entre os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal e a realidade social retratada na obra “Morte e Vida Severina”. São Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/arquivo_artigo/art20090325-01.pdf> Acesso em: 08 nov. 2016

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