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Sociologia da Educação Aula 4

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Sociologia da Educação Aula 4
A ETICA E A EDUCAÇÃO EM MAX WEBER
“Se você acha que a educação é cara, tenha coragem de experimentar a ignorância” Derek Bok
Max Weber nasceu e teve sua formação intelectual na Alemanha. Filho de uma família da alta classe média, Weber encontrou em sua casa uma atmosfera intelectualmente estimulante. Dedicou-se simultaneamente à economia, à história, à filosofia e ao direito. Com os seus trabalhos elaborou uma verdadeira teoria geral capaz de confrontar-se com a de Marx.
Um dos principais trabalhos teóricos de Weber (a ética protestante e o espírito do capitalismo) busca compreender, entre outros fenômenos, as causas do surgimento do capitalismo. Ele então elaborou um estudo comparativo entre as várias sociedades do mundo ocidental (único lugar em que o capitalismo, como um tipo ideal, tinha surgido) e as outras civilizações, principalmente as do oriente, onde nada de semelhante ao capitalismo ocidental tinha aparecido. Depois de exaustivas análises nesse sentido, Weber foi conduzido à tese de que a explicação para o fato deveria ser encontrada na íntima vinculação do capitalismo com o protestantismo.
Segundo o autor: 
"qualquer observação da estatística ocupacional de um país de composição religiosa mista traz à luz, com notável frequência, um fenômeno que já tem provocado repetidas discussões na imprensa e literatura católicas e em congressos católicos na Alemanha: o fato de os líderes do mundo dos negócios e proprietários do capital, assim como os níveis mais altos de mão de obra qualificada, principalmente o pessoal técnico e comercialmente especializado das modernas empresas, serem preponderantemente protestantes".
A partir dessa afirmação, Weber coloca uma série de hipóteses referentes a fatores que poderiam explicar o fato. Analisando detidamente esses fatores, Weber elimina-os, um a um, mediante exemplos históricos, e chega à conclusão final de que os protestantes, tanto como classe dirigente quanto como classe dirigida, seja como maioria, seja como minoria, sempre teriam demonstrado tendência específica para o racionalismo econômico. A razão desse fato deveria, portanto, ser buscada no caráter intrínseco e permanente de suas crenças religiosas e não apenas em suas temporárias situações externas na história e na política.
Uma vez indicado o papel que as crenças religiosas teriam exercido na gênese do espirito capitalista, Weber propõe – se investigar os elemento desta crenças e procurar definir o que entende pôr “espirito do capitalismo” Esta é entendido por Weber como constituído fundamentalmente por uma ética peculiar que pode ser exemplificada muito nitidamente por trechos de discursos de Benjamin Franklin (1706 179), um dos líderes da independia dos Estados Unidos. Franklin, representante típico da mentalidade dos colonos americanos e do espirito pequeno-burguês, afirma em seus discursos que:
"ganhar dinheiro dentro da ordem econômica moderna é, enquanto isso for feito legalmente, o resultado e a expressão da virtude e da eficiência de uma vocação".
Segundo a interpretação dada por Weber a esse texto, Benjamin Franklin expressa um utilitarismo, porém com forte conteúdo ético, na medida em que o aumento de capital é considerado um fim em si mesmo e, sobretudo, um dever do indivíduo. O aspecto mais interessante desse utilitarismo residiria no fato de que a ética de obtenção de mais e mais dinheiro é combinada com o estrito afastamento de todo gozo espontâneo da vida.
A questão seguinte colocada por Weber diz respeito aos fatores que teriam levado a transformar-se em vocação uma atividade que, anteriormente ao advento do capitalismo, era, na melhor das hipóteses, apenas tolerada.
O conceito de vocação como valorização do cumprimento do dever dentro das profissões seculares. Weber encontra esse conceito expresso nos escritos de Martinho Lutero (1483-1546). A partir disso, ele se tornou o dogma central de todos os ramos do protestantismo.
Em Lutero, contudo, o conceito de vocação teria permanecido em sua forma tradicional, isto é, algo aceito como ordem divina à qual cada indivíduo deveria adaptar-se.
Nesse caso, o resultado ético, segundo Weber, é inteiramente negativo, levando à submissão. O luteranismo, portanto, não poderia ter sido a razão explicativa do espírito do capitalismo.
Weber volta-se então para outras formas de protestantismo diversas do luteranismo, em especial para o calvinismo e outras seitas, cujo elemento básico era o profundo isolamento espiritual do indivíduo em relação a seu Deus, o que, na prática, significava a racionalização do mundo e a eliminação do pensamento mágico como meio de salvação. Segundo o calvinismo, somente uma vida guiada pela reflexão contínua poderia obter vitória sobre o estado natural, e foi essa racionalização que deu à fé reformada uma tendência ascética.
Com a intenção de relacionar as ideias religiosas fundamentais do protestantismo com as máximas da vida econômica capitalista, Weber analisa alguns pontos fundamentais as ética calvinista com a afirmação de que “o trabalho constitui, antes de tudo a própria finalidade da vida”. Outra ideia no mesmo sentido estaria contida na máxima dos puritanos, segundo a qual “a vida profissional do homem é que lhe dá uma prova de seu estado de graça para sua consciência, que se expressa no zelo e no método, fazendo com que ele consiga cumprir sua vocação.
Por meio desses exemplos, Weber mostra que o ascetismo secular do protestantismo: 
"libertava psicologicamente a aquisição de bens da ética tradicional, rompendo da ânsia de lucro, com o que não apenas a legalizou, como também a considerou como diretamente desejada por Deus".
Em síntese, na tese de Weber, podemos dizer que a consideração do trabalho (entendido como vocação), como o mais alto instrumento de ascese e o mais seguro meio de preservação da redenção da fé e do homem, deve ter sido a mais poderosa alavanca da expressão dessa concepção de vida constituída pelo espírito do capitalismo.
É necessário deixar bem claro que Weber em nenhum momento considera o espírito do capitalismo como pura consequência da Reforma protestante. O sentido principal da sua análise é antes uma proposta de investigar em que medida as influências religiosas participaram da moldagem qualitativa do espírito do capitalismo. Percorrendo o caminho inverso, Weber propõe-se também a compreender melhor o sentido do protestantismo, mediante o estudo dos aspectos fundamentais do sistema econômico capitalista.
Tendo em vista a grande confusão existente no campo das influências entre as bases materiais, as formas de organização social e política e os conteúdos espirituais da Reforma, Weber salientou que essas influências só poderiam ser confirmadas por meio de exaustivas investigações dos pontos em que realmente teriam ocorrido correlações entre o movimento religioso e a ética vocacional. Com isso "se poderá avaliar" - diz o próprio Weber - "em que medida os fenômenos culturais contemporâneos se originam historicamente de motivos religiosos e em que medida podem ser relacionados com eles".
Weber usa a expressão "espírito do capitalismo" para definir um conceito histórico retirado da realidade histórica. Para ele essa é uma descrição provisória, mas que pode retratar o espírito de ambição de uma cultura maliciosa, ou uma filosofia da avareza. Segundo ele:
"parece ser o ideal de um homem honesto, de crédito reconhecido e, acima de tudo, a ideia do dever de um indivíduo com relação ao aumento do seu capital, que é tomado como um fim em si mesmo. Na verdade, o que aqui é pregado não é uma simples técnica de vida, mas sim uma ética peculiar, cuja infração não é tratada como uma tolice, mas como um esquecimento do dever."
Neste sentido, ele descreve que a honestidade é útil porque assegura o crédito; do mesmo modo também a pontualidade, a laboriosidade, a frugalidade, e esta é a razão pela qual são virtudes. Virtudes úteis ao indivíduo, mas que em alguns casos apenas uma falsa devoção.
O espírito do capitalismo convive com a inescrupulosidadede interesses egoístas para obtenção de dinheiro desde o início do desenvolvimento capitalista.
Segundo Weber: 
"A aquisição capitalista aventureira era natural em todos os tipos de sociedade econômica que conhecessem o comércio monetário, e que lhe oferecessem oportunidades, através de comendas, da administração de impostos, empréstimos estatais, financiamentos de guerras e de cortes ducais, e postos administrativos".
Assim como pela organização de uma forma de pagamento: 
"Um dos meios técnicos usados pelo empreendedor moderno a fim de assegurar a maior quantidade possível de trabalho por parte de 'seus' homens é o pagamento por tarefa “. 
Além da criação de contingentes de desempregados, segundo ele, "que possa medicamente ser contratada no mercado de trabalho, é uma necessidade para o desenvolvimento do capitalismo".
O capitalismo não tem como origem apenas a "satisfação de necessidades" e a aquisição de mercadorias necessárias à satisfação das necessidades pessoais. Os empreendedores capitalistas não foram os únicos nem os principais empreendedores, mas há muito já existia um espírito de racionalidade que direcionava o mundo para um "processo econômico".
Para Weber, o espírito do capitalismo moderno fez surgir os grandes financistas. Homens que "se educaram na dura escola da vida econômica, calculando, arriscando ao mesmo tempo, sóbrios e dignos de confiança, acima de tudo sagazes e completamente devotados a seus negócios, com opinião e princípios estritamente burgueses “. Hoje, na chamada sociedade da informação, quase todos os trabalhadores, inclusive professores e intelectuais, são obrigados a aderir a nova ética do capital. Hoje, a ética não está mais ligada a religião como na análise weberiana, mas, antes de tudo, à alienação descrita por Marx. Os trabalhadores não têm mais controle sobre o que produzem e sua obra é uma mercadoria que não revela a sua autoria. Já para Weber os trabalhadores modernos, sobretudo os homens de negócio, se renderiam à ideia de produtividade, de controle pelo cálculo e pelo ranking das vendas, mas podem destruir o pensamento livre, crítico e realmente produtivo, causando um verdadeiro desencanto do mundo
Nasce, assim, o homem de negócios, seja na educação ou no sistema financeiro global. Segundo Weber, aquele que tende a ser indiferente ao sentimentalismo do mundo e possui o desejo de adquirir poder e consideração (status) na sociedade. O capitalismo necessita desta devoção ao dinheiro e produz a luta pela própria existência. Cria o intelectual produtivo que segue o ranking da produtividade acadêmica como um trabalhador de uma loja qualquer. Hoje, as ciências deixam de ser conhecimentos voltados apenas para o social, mas sobretudo voltadas para o grande capital. As ciências tornaram uma força produtiva. Hoje, o poder se concentra na informação. A subordinação do trabalhador intelectual à lógica do capital se faz com a mesma ferocidade que foi feita sobre o proletariado das fábricas do século XIX. Os trabalhadores da educação também são obrigados a aderir aos dogmas do capital e percebem a virtude da nova economia, do consumismo e da produção de conhecimentos, alguns supérfluos, mas aplicados para garantir a reprodução do próprio sistema e a criação de mais lucro. Antes de discutir a sociedade, Weber discute que a educação é um instrumento de poder e em consequência de dominação. Na Bíblia o trabalho é imposto como pena eterna a Adão e Eva, que não mereceram o paraíso. Para Weber, o trabalho do intelectual, como outro qualquer, tornam-se um fim em si mesmo. Torna-se um instrumento ao serviço da dominação. Não é por acaso que a palavra latina que origina o trabalho é "tripalium" (três paus), um antigo instrumento de tortura. O latim "labor", que originou o inglês "labor", significa esforço penoso. Portanto vamos ao trabalho.
Weber em certa parte da sua obra questiona:]
“Como é que uma atividade, que era, na melhor das hipóteses, eticamente tolerada, transformou-se em uma vocação?
Segundo ele, graças a um certo tipo de racionalismo do qual se desenvolveu a ideia de uma vocação e a divisão do trabalho
Weber, interessado em conhecer a origem dessa ética que apresentamos, parte para a análise de dados estatísticos que mostraram a proeminência de adeptos da reforma protestante entre os grandes homens de negócios, empresários bem-sucedidos e mão de obra qualificada.
Ele descobre que os valores do protestantismo - como a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho - atuavam de maneira decisiva sobre os indivíduos. Por exemplo, no seio das famílias protestantes, os filhos eram criados para o ensino especializado e para o trabalho fabril, optando por atividades mais adequadas à obtenção do lucro, preferindo o cálculo e os estudos técnicos ao estudo humanístico. Ele mostra, também, a formação de uma nova mentalidade, um ethos (valor ético) propício ao capitalismo, em oposição ao "alheamento" e à atitude contemplativa do catolicismo da época, voltados para a oração, sacrifício e renúncia da vida prática.
A relação entre a religião e a sociedade não se dá apenas por meios institucionais, mas por intermédio de valores introjetados nos indivíduos e transformados em motivos da ação social. A motivação do protestante, segundo Weber, é o trabalho, enquanto dever e vocação, como um fim absoluto em si mesmo, e não o ganho material obtido por meio dele. Buscava sair-se bem na profissão, mostrando sua própria virtude e vocação e renunciando aos prazeres materiais, o protestante puritano se adequou facilmente ao mercado de trabalho, acumulou capital e o reinvestiu produtivamente. Os valores do protestantismo revelam a tendência ao racionalismo econômico que predomina no capitalismo.
O que seria então este capitalismo?
Para ele o capitalismo, na sua forma típica, seria uma organização econômica racional assentada no trabalho livre e orientada para um mercado real, não para mera especulação ou rapinagem. O capitalismo promove a separação entre empresa e residência, a utilização técnica de conhecimentos científicos e o surgimento do direito e da administração racionalizados.
No livro "A ética protestante e o espírito do capitalismo", Weber demonstra que a ética e as ideias puritanas influenciaram o desenvolvimento do Capitalismo. Na Igreja Católica Romana, a devoção religiosa estava normalmente acompanhada da rejeição dos assuntos mundanos, incluindo a ocupação econômica. Por que isso não aconteceu com o Protestantismo? Para ele, "o espírito do capitalismo" favorece a procura racional de ganho econômico. Tal espírito não é limitado à cultura ocidental, mas indivíduos noutras culturas não tinham podido por si só estabelecer a nova ordem econômica do capitalismo.
Weber mostrou que certos tipos de Protestantismo (em especial o Calvinismo) favoreciam o comportamento econômico racional e que a vida terrena (em contraste com a vida "eterna") recebeu um significado espiritual e moral positivo. Esse resultado não era o fim daquelas ideias religiosas, mas antes um subproduto ou efeito. A lógica inerente destas novas doutrinas teológicas e as deduções que se lhe podem retirar, quer direta ou indiretamente, encorajam a abnegação ascética em prol do ganho econômico.
Weber afirmou que apesar das ideias religiosas Puritanas terem sofrido um grande impacto no desenvolvimento da ordem econômica na Europa e nos Estados Unidos, eles não foram o único fator responsável pelo desenvolvimento. Outros fatores relacionados são, por exemplo, o racionalismo na ciência, a observação com a matemática, a jurisprudência, a sistematização racional da administração pública e o empreendimento econômico.
O estudo da Ética protestante, de acordo com Weber, explorava meramente uma fase da emancipação da magia, o desencanto do mundo, uma característica que Weber considerava como uma peculiaridade que distingue a cultura ocidental.
 
Para fixar bem o que o autor propõe com a racionalidade do capitalismo, selecionamos a seguir um parágrafo que pode ilustrareste caso:
"Tudo é feito em termos de balanço: a previsão inicial no começo da empresa, ou antes, de qualquer decisão individual; o balanço final para verificação do lucro obtido. Por exemplo, a previsão inicial de uma transação por comenda (primeiras empresas de compra e venda surgidas na idade média) pode ser a constatação do valor monetário dos bens transacionados - enquanto esses não assumiam forma monetária - e o seu balanço final pode equivaler a uma distribuição no lucro ou das perdas ao término da operação. Na medida em que as operações são racionais, toda a ação individual das partes é baseada em cálculo." (Livro: A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, pág. 27)
Para Weber, o ocidente desenvolveu o capitalismo tanto em sua dimensão quantitativa, sem abrir mão daquele desenvolvimento, como em tipos, formas e direções que nunca existiram em parte alguma. Pelo mundo inteiro tem havido comerciantes, atacadistas e varejistas, locais e envolvidos em comércio exterior. Têm sido feitos empréstimos de todo tipo e tem havido bancos com as mais diversas funções, comparáveis, digamos, aos nossos do século XVI.
Empréstimos marítimos, comenda, transações e associações semelhantes à Kommanditgesellschaft (sociedade em comandita) têm sido muito disseminados, mesmo como negócio constante. Por onde existiram financiamentos monetários de corporações, apareceram os agiotas, como na Babilônia, na Grécia, na índia, na China, e em Roma. Financiaram guerras e piratarias, contratos e operações de construção de todo tipo. Na política de ultramar, funcionaram como empreendedores colonialistas, como plantadores escravistas ou com trabalho direta ou indiretamente forçado, arrendaram domínios, repartições e, sobretudo, impostos. Financiaram líderes partidários em eleições e condottieri (tipo de mercenário) convocados em guerras civis.
E, finalmente, têm sido especuladores das oportunidades de ganho monetário de todos os tipos. Esse tipo de empreendedor, o aventureiro capitalista, sempre existiu em toda parte. Suas atividades, à exceção do comércio e do crédito, assim como das transações bancárias, eram de caráter predominantemente irracional e especulativo, ou direcionado para a aquisição pela força, sobretudo a aquisição do botim, tanto na guerra como na exploração fiscal contínua das pessoas a eles sujeitas.
O capitalismo não pode se utilizar do trabalho daqueles que praticam a doutrina da liberum arbitrium (livre arbítrio) indisciplinado, e menos ainda pode usar os homens de negócios que pareçam absolutamente inescrupulosos ao lidar com outros. Por isso, a diferença não está no grau de desenvolvimento de qualquer impulso de ganhar dinheiro em quase todos os períodos históricos, sempre que foi possível a aquisição cruel de bens, desligada de qualquer norma ética. Como a guerra e a pirataria, o comércio tem sido, muitas vezes, irrestrito em suas relações com estrangeiros e com os externos ao grupo. A ética permitiu o que era proibido negociar. A aquisição capitalista aventureira tem sido familiar em todos os tipos de sociedade econômica que conheceram o comércio com o uso do dinheiro e que ofereciam oportunidades mediante comenda, exploração de impostos, empréstimos de Estado, financiamento de guerras, cortes ducais e cargos públicos.
A atitude interior do aventureiro, que zomba de qualquer limitação ética, tem sido universal. A ganância na aquisição de bens tem, muitas vezes, estado estritamente ligada a mais rígida conformidade com a tradição. E, com o colapso do tradicionalismo e a quase total extensão da livre empresa econômica, mesmo no interior do grupo total extensão da livre empresa econômica, mesmo no interior do grupo social, a novidade não foi, no geral, eticamente justificada e encorajada, mas apenas tolerada como um fato. E tal fato é tratado como eticamente indiferente ou como repreensível, mas infelizmente inevitável. Isto não é apenas atitude normal de todos os ensinamentos éticos, mas, o que é o mais importante, expresso também na ação pratica do homem e médio doa tempos pre capitalistas, no sentido de que a utilização racional do capital em empresas estáveis e a organização racional capitalista do trabalho a não havia ainda de tornado as forças dominantes na determinação da atividade econômica.
Ora, foi justamente essa atitude que constituiu um dos mais fortes obstáculos internos encontrados por toda parte pela adaptação do homem às condições de uma economia burguesa capitalista ordenada. O mais importante oponente contra o qual o espírito do capitalismo, entendido como um padrão de vida definido e que clama por sanções éticas, teve de lutar, foi esse tipo de atitude e reação contra as novas situações, que poderemos designar como tradicionalismo. Também nesse caso, qualquer tentativa de definição final deve ser mantida em suspenso.

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