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DIREITO CIVIL I - CCJ0006 SEMANA 10 Caso concreto Em 1993, o jogador de futebol Oswaldo Giroldo Junior, conhecido por Juninho, foi cedido, por contrato, pelo Ituano Futebol Clube ao São Paulo Futebol Clube por $350.000,00 (trezentos e cinquenta mil dólares) com a seguinte condição: pela cláusula quinta do referido contrato, o Ituano Futebol Clube teria uma participação de 50% (cinquenta por cento) no lucro que fosse auferido com a venda do passe do jogador a outro clube, caso esta fosse efetuada até o dia 31.12.1994, e 25% (vinte e cinco por cento), caso a venda fosse efetuada entre 01.01.1995 e 31.08.1995. Depois desse período, todo o lucro percebido com a venda do passe do jogador seria do São Paulo Futebol Clube. Durante a vigência do contrato, o São Paulo Futebol Clube recusou algumas propostas de compra do passe de Juninho, vindo a vendê-lo no dia 10.10.1995 por $7.500.000,00 (sete milhões e quinhentos mil dólares) ao Middlesbourg, time da Inglaterra, sem pagar qualquer percentual ao Ituano Futebol Clube. Ressalte-se que durante a vigência do contrato, o mesmo Middlesbourg havia oferecido quantia pouco inferior ao valor posteriormente ajustado, mas tal oferta foi recusada pelo São Paulo Futebol Clube. Sentindo-se lesado, o Ituano Futebol Clube ajuizou ação pleiteando o pagamento do percentual acertado no contrato, alegando que o São Paulo Futebol Clube, por estar em uma situação privilegiada, vendeu o jogador depois para afastar a repartição dos lucros. Com base no Código Civil, principalmente no que tange a teoria dos negócios jurídicos, analisando os planos da validade e da eficácia da referida cláusula quinta do negócio celebrado entre o Ituano Futebol Clube e o São Paulo Futebol Clube, responda se há fundamento jurídico para a irresignação do Ituano Futebol Clube. Resposta A irresignação do Ituano Futebol Clube tem assento no Código Civil de 2002, na redação do art. 122, parte final. A cláusula presente no artigo 5º do referido contrato ficou sujeita ao arbítrio tão somente do São Paulo Futebol Clube, caracterizando-se potestativa e, portanto, reputada como nula (vedada). Esse entendimento é explicitado nos seguintes excertos: AÇAO RESCISÓRIA Nº 2.994 - SP (2003/0216378-0) O acórdão rescindendo, da lavra do Ministro CASTRO FILHO, mais exatamente o recurso especial 291/631/SP, guarda a seguinte ementa: "DIREITO CIVIL CONTRATO ENTRE AGREMIAÇÕES DE FUTEBOL. VENDA DE PASSE DE JOGADOR CLÁUSULA CONDICIONADA A EVENTO FUTURO - POTESTATIVIDADE. I – Cláusula contratual que condiciona a realização de negócio futuro à vontade e ao ilimitado arbítrio de apenas uma das partes é potestativa e, por isso, não goza de respaldo no direito positivo pátrio (Art. 115 do Cód. Civil de 1916). II – Não tem efeito jurídico, em vista de encerrar condição puramente potestativa, a cláusula contratual que, na cessão de passe do jogador de futebol, confere excessivos poderes ao cessionário, em prejuízo do cedente. Recurso conhecido e provido." (Rel. Ministro CASTRO FILHO, DJ 15.04.2002) Voto do Relator MINISTRO FERNANDO GONÇALVES: Como se observa, da simples narrativa dos fatos exsurge, cristalino, o conteúdo puramente potestativo do contrato, que impôs a uma das partes a condição, apenas e tão-somente, de mero espectador, em permanente expectativa, enquanto dava ao outro parceiro irrestritos poderes para decidir como bem lhe aprouvesse. Disposições como essa agridem o bom senso e, por isso, não encontram guarida em nosso direito positivo. Entre elas está a chamada cláusula potestativa. É estipulação sem valor, porque submete a realização do ato ao inteiro arbítrio de uma das partes. Questão objetiva 01 (Procurador Autárquico - Junta Comercial de Goiás/2015) A validade do negócio jurídico requer, EXCETO: a) Agente capaz. b) Objeto lícito e possível. c) Objeto determinado ou determinável. d) Forma defesa em lei. e) Forma prescrita ou não defesa em lei. Questão objetiva 02 (Procurador do Trabalho/2015) Assinale a alternativa CORRETA consoante o Código Civil: a) A impossibilidade inicial do objeto invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. b) São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. c) o encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, ainda que expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. d) Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, não constitui omissão dolosa, ainda que se prove que sem ela o negócio se teria celebrado.
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