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CCJ0033-WL-B-PP-Unidade II-04-Disposições Gerais - Renan Marques

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Dos crimes contra a dignidade sexual 
2. Disposições Gerais. 
2.1. Ação penal. 
- Conforme previsão expressa do Art. 225 do Código Penal: “Nos crimes definidos nos 
Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à 
representação. Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal 
pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa 
vulnerável.” 
- Desta forma, percebe-se que NÃO existe mais a ação penal privada nos crimes 
contra a dignidade sexual. Atualmente, a regra, é que a ação penal será 
condicionada à representação da vítima nos casos de crimes contra a liberdade 
sexual prevista no Capítulo I do Título VI (Dos Crimes contra a Dignidade Sexual). 
- Por sua vez, quando a vítima for menor de 18 anos ou pessoa vulnerável, a ação 
penal será pública incondicionada, razão pela qual em TODOS os crimes sexuais 
praticados contra vulnerável (Capítulo II do Título VI do Código Penal) a ação penal 
será pública incondicionada. 
OBS: Parte da doutrina, a qual nos filiamos, entende que a Súmula 608 do STF 
ainda é aplicável, na atualidade, ao crime de estupro. Eis o teor da Súmula 608 
do STF: “No crime de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é 
pública incondicionada.” Posto isto, podemos fazer os seguintes comentários: 
- Caso o crime de estupro seja praticado mediante violência real (com o 
emprego de violência física que impossibilite a resistência da vítima), a ação 
penal no crime de estupro, segundo entendimento do STF, será pública 
incondicionada. Este entendimento inclusive, é seguido pelo STJ, a exemplo do 
HC 153.526/PE, 5ª Turma, Rel. Min Felix Fischer, DJE 02/08/2010. Por outro lado, no 
crime de estupro praticado mediante grave ameaça, a ação penal será pública 
condicionada à representação do ofendido, como passou a prever a Lei 
12.015/2009. 
- Caso não fosse esta a interpretação dada a Súmula 608 do STF, poder-se-ia 
chegar à conclusão, equivocada, de que o estupro qualificado pelas lesões 
corporais graves ou pela morte, previsto no Art. 213, § 1o e § 2º, do Código 
Penal, seria de ação penal condicionada a representação. 
- Portanto, seguimos o entendimento da doutrina que não vislumbra qualquer 
incompatibilidade entre as novas disposições legais da Lei 12.015/2009 e a 
Súmula 608 do STF, até porque, caso o STF entendesse pela inaplicabilidade 
desta Súmula, deveria ter procedido ao seu cancelamento, o que não ocorreu 
até o presente momento. 
2.2 Aumento de pena. 
- Nos termos do Art. 226 do Código Penal, a pena é aumentada: 
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais 
pessoas. 
- Esta causa de aumento de pena se dá pelo maior temor causado à vítima pelos 
agentes, além da maior periculosidade por eles revelada. A presença de duas ou 
mais pessoas é motivo de maior facilidade no cometimento do delito, diminuindo, 
ou mesmo, anulando a possibilidade de resistência da vítima. Desta forma, existe 
maior censurabilidade no comportamento daqueles que praticam o delito em 
concurso de pessoas. 
II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, 
cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por 
qualquer outro título tem autoridade sobre ela. 
- Esta causa de aumento de pena se dá em razão do parentesco entre a vítima e o 
agente, bem como outras relações pessoais existentes entre eles. Justifica-se o 
aumento de pena em razão da maior reprovação moral da conduta, em que o 
agente abusa das relações familiares, de intimidade ou de confiança que mantém 
com a vítima. 
- A existência desta causa de aumento de pena afasta a possibilidade de 
aplicação das agravantes genéricas previstas no Art. 61, II, e, f e g, do Código 
Penal, sob pena de ocorrer o bis in idem. 
- Por sua vez, o Art. 234-A do Código Penal prevê que, nos crimes previstos no Título 
VI(Dos Crimes contra a Dignidade Sexual) do Código Penal, a pena é aumentada: 
III - de metade, se do crime resultar gravidez. 
- Como é sabido, uma mulher que é vítima de estupro, poderá engravidar, e 
consequentemente, rejeitar o feto, fruto da concepção violenta. Como o Art. 128, I, 
do Código Penal permite o aborto nesses casos, é muito comum que a mulher opte 
pela interrupção da gravidez. 
- Como se percebe, a conduta do estuprador acaba não somente causando um 
mal à mulher, que foi vítima de seu comportamento sexual violento, como também 
do feto, que revê a vida ceifada. Desta forma, o juízo de censura que recai sobre o 
autor do crime é maior, aumentando-se a sua pena pela metade. 
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença sexualmente 
transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador. 
- Se o agente transmite à vítima doença venérea (Ex: sífilis, herpes genital, gonorreia, 
Hepatite B) de que sabe (dolo direto) ou deveria saber (dolo eventual) que está 
contaminado, haverá o aumento de pena acima mencionado. 
- Para efeito de aplicação desta causa de aumento de pena deve haver a efetiva 
transmissão da doença sexual, devendo esta ser comprovada através de exame 
pericial. 
2.3 Segredo de Justiça. 
- Conforme previsão expressa do Art. 234-B do Código Penal, os processos em que se 
apuram crimes definidos no Título VI (Dos Crimes contra a Dignidade Sexual) do 
Código Penal, correrão em segredo de justiça. 
- Desta forma, por imposição legal, todos os atos processuais que envolvam crimes 
contra a Dignidade Sexual serão sigilos, não sendo de acesso ao público em geral.

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