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1/2 O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COMO MEIO DE DEFESA DO ARQUITETO EM JUÍZO Larissa Piolti Müller Aluna do Curso de Pós Graduação em Direito Processual Civil – ULBRA, Santa Maria, RS e-mail: lissamuller@yahoo.com.br 1. INTRODUÇÃO Com este artigo se pretende examinar a importância do contrato de Prestação de Serviços, como meio de defesa do Arquiteto em juízo, frente a Responsabilidade Civil a que está submetido, em face da lei 8078/90, que dispõe sobre o Código de Defesa do Consumidor. 2. DA POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO A Política Nacional das Relações de Consumo reconhece expressamente a vulnerabilidade do Consumidor no mercado de consumo, favorecendo-o, através de mecanismos processuais. Assim, nas relações de consumo, é tido como hipossuficiente economicamente, pois no outro pólo da relação, de regra, figuram pessoas jurídicas de maior potencial financeiro. Conceitualmente Consumidor é toda Pessoa Física ou Jurídica que utiliza produto ou serviço como destinatário final, assim como as demais vítimas de danos, de acordo com o artigo 17 da lei 8078/90. O Prestador de Serviço, da mesma forma, é Pessoa Física ou Jurídica que desenvolve atividade de prestação de serviços ( artigo 3º, caput e parágrafo 2º da lei 8078/90). Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhistas. Arquiteto, portanto, é Prestador de Serviço Arquitetônico, submetido ao regime jurídico tutelado pelo Código de Defesa do Consumidor. 3. A RESPONSABILIDADE CIVIL A responsabilidade acompanha o sujeito de direitos desde quando é adquirida a capacidade civil. Dotado de capacidade para praticar os atos da vida civil, o homem também estará em condições de responder pelos mesmos. No sentido jurídico, responsabilidade implica a necessidade de reparação de danos, que os atos humanos podem causar ( CUNHA, 2007). Caso a reparação dos danos não se dê voluntariamente, caberá ao Estado, através do Poder Judiciário (Constituição Federal Brasileira, artigo 5º, XXXV) obrigar a reparação dos danos causados. A legislação e a doutrina reconhecem duas espécies de responsabilidade civil, quais sejam, a responsabilidade subjetiva e a responsabilidade objetiva ( NERY JUNIOR,2007). A regra geral, adotado pelo Direito Brasileiro é a Teoria da Responsabilidade Subjetiva, em que o dever de indenizar terceiros somente existirá caso o agente tenha tido a intenção de chegar ao resultado (ação dolosa) ou quando lhe faltou o dever de cuidado (ação culposa através da imprudência, imperícia ou negligência). Para a Teoria da Responsabilidade Objetiva, que constitui, portanto a exceção, não importará a intenção do agente (ação dolosa ou culposa). Sendo constatado o nexo causal entre ação e resultado, haverá o dever de indenizar ( NERY JUNIOR, 2007). Assim, somos todos responsáveis pelos próprios atos, e por eles responderemos, na 2/2 medida de nossa culpabilidade e da extensão da lesão causada. Doutrinariamente se estabeleceu uma divergência sobre a obrigação do profissional liberal ser de meio ou de resultado. Se de meio, como do advogado, que se copromete em reunir todos os esforços para a melhor defesa de seu cliente, porém não pode assegurar uma absolvição, por exemplo; nesse caso a responsabilidade é sujetiva.Se de resultado, como a do cirurgião plástico, a responsabilidade é objetiva. Quanto ao arquiteto, carecemos ainda de orientação (KÖNIGSBERGER,2003) . O Arquiteto, enquanto Prestador de Serviços e profissional liberal responderá por danos advindos do dolo ou da culpa, se sua obrigação for de meio, se for de resultado, responderá objetivamente em todos os casos (KÖNIGSBERGER,2003). 4. O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO ARQUITETÔNICO, COMO EXPRESSÃO DA RESPONSABILIDADE ASSUMIDA. O contrato, como nos demais negócios jurídicos, figura como prova de extrema importância para a correta compreensão das atividades que foram assumidas pelo arquiteto, assim como é capaz de mensurar a medida de sua responsabilidade no eventual dano causado. Nesse caso, em especial, será o contrato que esclarecerá a natureza da obrigação; se de meio ou de resultado. Se celebrado em conformidade com os Princípios Gerais do Direito e em especial os Princípios do Contrato, destacando a Boa fé, Probidade, Ordem Pública e Função Social, será a manifestação expressa da literal vontade dos contratantes, constituindo meio de prova de cunho documental (NERY JUNIOR, 2007). Ele, de sorte, em traduzindo a veracidade dos fatos evita a litigância de má fé e a utilização equivoca do sistema de proteção ao consumidor em juízo, impossibilitando decisões que não contemplam a justiça. 5. CONCLUSÃO Assim, considerando o Sistema de Proteção ao Consumidor e a Responsabilidade do Arquiteto, o Contrato de Prestação de Serviço Arquitetônico figura como meio de defesa em juízo, se elaborado conforme o melhor Direito e se cumprido conforme o estabelecido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNHA, Sérgio Sérvulo. Dicionário Compacto de Direito. São Paulo: Editora Saraiva, 2007. 243p. NERY JUNIOR, Nelson. Código Civil Comentado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. 705p. NERY JUNIOR, Nelson. Código Civil Comentado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. 707p. KÖNIGSBERGER, Jorge. O Arquiteto e as leis: manual jurídico para arquitetos. São Paulo: Editora Pini, 2003. 42p. KÖNIGSBERGER, Jorge. O Arquiteto e as leis: manual jurídico para arquitetos. São Paulo: Editora Pini, 2003. 48p. NERY JUNIOR, Nelson. Código Civil Comentado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. 423p.