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1 Metabolismo dos aminoácidos com correlações clínicas Recife, 2013 Marthyna Pessoa de Souza Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências da Saúde Departamento de Nutrição Oxidação de Aminoácidos e Produção de Ureia Em quais circunstâncias os aminoácidos sofrem degradação oxidativa? Renovação protéica; Dieta rica em proteínas; Jejum; Diabete melito não controlado. Fo nt e: N EL SO N, P rin cí pi os d e Bi oq uí m ica d e Le hn in ge r, 20 11 . Renovação Celular Utilização dos aminoácidos Dieta 2 ↑Km das enzimas catabólicas ↓Km das enzimas carreadoras de tRNA Utilização dos aminoácidos pelo fígado Fonte: CHAMPE, Bioquímica Ilustrada, 2009. Catabolismo no fígado Fonte: CHAMPE, Bioquímica Ilustrada, 2009. Utilização dos aminoácidos pelos músculos •Metabolismo dos aminoácidos de cadeia ramificada Leucina, isoleucina e valina Reações de trasaminação Coleta de grupos α-amino, apartir de diferentes aminoácidos, na forma de glutamato; O glutamato vai ser o doador de grupos amino para as vias biossintéticas ou para as vias de excreção; Todas as aminotransferases tem o piridoxal-fosfato (vitamina B6) como coenzima . 3 Exemplos de aminotransferases Alanina- aminotransferase; Aspartato-aminotransferase. Aspartato + α-cetoglutarato↔ Oxaloacetato + glutamato Correlações clínicas : Importantes para alguns diagnósticos médicos Elevação da asparato-aminotransferase Coração Infarto agudo do miuocárdio Fígado Vírus da hepatite Cirrose ativa Disfunção hepática induzida por álcool ou por medicamentos Esteatose Rim Lesão aguda Infato renal Elevação da alanina-aminotransferase - Lesões hepáticas Correlações clínicas : Importantes para alguns diagnósticos médicos O glutamato libera seu grupo amino na forma de amônia, no fígado •Glutamato desidrogenase - desaminação oxidativa A glutamina transporta amônia na corrente sanguínea Inativação de amônia livre em tecidos extra-hepáticos – ex.: degradação de nucleotídeos Transporte para o intestino, o fígado e para os rins; Correlação Clínica: Na acidose metabólica, há um aumento do processamento da glutamina pelos rins. 4 A alanina transporta a amônia dos músculos para o fígado Ciclo da Ureia Na maioria dos vertebrados terrestres, o excesso de NH4+ converte-se em uréia, que é então excretada (organismos ureotélicos). Nos vertebrados terrestres a uréia é sintetizada pelo ciclo da uréia. •Um dos átomos de nitrogênio da uréia sintetizada por esta via é transferido do aspartato; o outro átomo deriva diretamente da NH4+ livre. •O átomo de carbono provém do HCO3- (derivado da hidratação do CO2). Formação de Carbamoil-fosfato Reação dependente de ATP; Carbamoil-fosfato-sintetase I; A reação ocorre na matriz mitocondrial. É uma enzima regulatória – N-acetilglutamato é um efetor alostérico; Acetil-CoA + Glutamato N-acetilglutamato A deficiência de carbamoil fosfato sintetase e de N- acetilglutamato sintease – hiperamonemia, encefalopatia e alcalose respiratória; Doença autossômica recessiva; Rara; Pode se manifestar na infância e ser fatal ou ter um estabelecimento tardio (convulsões, vômitos e dor abdominal); A terapia com arginina mostrou melhora em alguns casos. N-acetilglutamato sintetase Estimulada alostericamente por arginina Correlação Clínica 5 Formação da Citrulina – 1ª Reação Enzima – Ornitina- transcarbamoilase; A citrulina formada passa da mitocôndria para o citosol. A deficiência mais comum de uma enzima do ciclo da ureia é a falta de ornitina transcarbamoilase; Retardo mental e morte; Doença ligada ao cromossomo X; Correlação Clínica Condensação da citrulina com o aspartato - 2ª Reação Entrada do segundo grupo amino; Enzima – Arginino-succinato-sintetase; Gasto de energia. Deficiência da argininosuccinao sintetase é caracterizada pela citrulinemia; 50% dos casos são graves em decorrência da hiperamonemia; Terapia – dieta pobre em proteínas e suplementação com arginina. É autossômica e pode ser de 3 tipos: Tipo I: enzima com constante de Michaelis alterada Tipo II: o rim não é afetado e a enzima residual do fígado é cineicamente normal; Tipo III: é causada pela falta de transcrição do gene. Correlação Clínica 6 Clivagem do Arginino-succinato – 3ª Reação Enzima – arginino- succinase Hidrólise da Arginina – 4ª Reação •Enzima – Arginase; •A ornitina é transportada para a mitocôndria. Excreção de Nitrogênio Protéico (Uréia) Equação da Síntese de Ureia Glutamato AMINOÁCIDOS NH4+ Oxalacetato Fumarato Malato HCO3- 3 ATP Aspartato CICLO DA URÉIA CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO NADH ASPARTATO + NH4+ + HCO3- + 3 ATP + H2O URÉIA + Fumarato + 2 ADP + 2PI + AMP + PPI + 4H+ Carbamil- fosfato Uréia 7 Regulação do Ciclo da Ureia A regulação lenta acontece em duas situações: Dieta de ALTO teor Protéico ou JEJUM prolongado. RESULTADO: aumento da síntese de enzimas do ciclo da uréia A regulação rápida, também chamada de alostérica, ocorre quando a carbamoilfosfato sintetase é estimulada por N- acetilglutamato. composto produzido a partir de glutamato e acetil-coa. Esta reação é catalisada pela N-acetilglutamato sintase, que é ativada por Arginina (intermediário do ciclo da uréia). Quando a produção de uréia não consegue eliminar toda a amônia produzida pela oxidação de aminoácidos, vai haver o acúmulo de Arginina. O N-acetilglutamato então estimula a carbamoilfosfato sintetase. Assim a Arginina vai adequar a velocidade de liberação de amônia à sua conversão em uréia. Regulação Rápida do Ciclo da Uréia Carbamoil Fosfato Uréia Citrulina Arginina Arginina sucinato Acetil CoA Ciclo UréiaOrnitina Acetil-glutamato sintase + Glutamato N-Acetilglutamato Carbamoil Fosfato Sintetase I + Os ciclos do ácido cítrico e da ureia podem estar ligados Destinos das Cadeias Carbonadas após Desaminação 8 Deficiências de enzimas do ciclo da Ureia A terapia baseia-se em 4 princípios: 1. Limitar a ingestão de proteínas e o potencial acúmulo de amônia; 2. Remover o excesso de amônia; 3. Repor qualquer intermediário que falte no ciclo da ureia; 4. Realizar um transplante hepático. A fonte bacteriana de amônia pode ser diminuida com a administração de lactulose (dissacarídeo sintético) ou antibióticos; Administração de compostos que se ligam covalentemente a aminoácidos e produzem moléculas que contêm nitrogênio e que são excretadas na urina (reações de desintoxicação como alternativaa ao ciclo da ureia). Ex. Benzoato e Fenilacetato. Reações de desintoxicação como alternativa ao ciclo da ureia Vias de degradação dos aminoácidos 9 Aminoácidos Cetogênicos e Glicogênicos L- Glicina Serina Piruvato Serina hidroximetil- transferase Serina desidratase CO2 + NH+4 + metileno (-CH2-) Glicina sintase (enzima de clivagem de glicina) Correlação Clínica •Hiperglicinemia não-cetótica neonatal – severa e causa deficiência mental e convulsões. Muitos pacientes não sobrevivem a infância. •Surgimento tardio (6 meses ou mais) – retardo mental leve. Deficiência da enzima de clivagem de glicina: D- Glicina Glioxilato + O2 + água + amônia Oxalato D-aminoácido oxidase Correlação Clínica: causa de75% dos cálculos renais Fenilalanina e Tirosina 10 Fenilcetonúria Definição: •Doença metabólica que resulta da deficiência da enzima fenilalanina hidroxilase hepática, que converte o aminoácido fenilalanina em tirosina, a qualé precursora da dopamina e da noradrenalina. •Herança autossômica recessiva Fenilcetonúria Características: Fenilalanina elevada – nos tecidos, no plasma e na urina; Fenilactato, fenilacetato e fenilpiruvato – dão a urina um odor de mofo característico (ou de camundongo); Hipopigmentação – a hidroxilação da tirosina pela tirosinase o primeiro passo para a formação da melanina, é inibida competitivamente pelos níveis elevados de fenilalanina Fenilcetonúria Sintomas no SNC – retardo mental, dificuldades para andar ou falar, convulsões, hiperatividade, tremor, microcefalia e retardo no crescimento; Características: Capacidade intelectual típica em pacientes com PKU não-tratados, de diferentes idades. Diagnostico neonatal da PKU Um diagnóstico precoce da fenilcetonúria é importante, pois a doença é tratada por meio de uma dieta adequada, dieta pobre em fenilalanina (300-500 mg de fenilalanina/dia) até 7 anos de idade ou tempo indeterminado •Teste da fralda: adicionar na urina cloreto férrico verde escuro (ácico fenilpirúvico) •Triagem neonatal: Teste do pézinho (3-4 dias após nascimento) – dosagem da fenilalanina no sangue 11 ClassificaClassificaççãoão Atividade enzimática Fenilalanina sanguínea Tratamento Fenilcetonúria clássica < 1% > 20 mg/100 ml Sim Fenilcetonúria leve 1% a 3% 10 – 20 mg/100 ml Sim Hiperfenilalaninemi a permanente > 3% < 10 mg/100 ml Não há necessidad e Tratamento dietoterTratamento dietoteráápicopico Tratamento por toda a vida ! Dieta: Oferta de alimentos pobres em fenilalanina, porém com níveis suficientes deste aminoácido para promover crescimento e desenvolvimento adequados. Tratamento dietoterTratamento dietoteráápicopico Retiram-se da dieta: Alimentos ricos em proteína de origem animal e vegetal Fontes Proteicas contém de 2,4% a 9% de fenilalanina Suplementação com fórmulas especiais Fórmulas que contém uma mistura de aminoácidos e isenta de fenilalanina, para suprir a necessidade de proteína Suplementação com tirosina Tratamento dietoterTratamento dietoteráápicopico ATENÇÃO: A dieta deve ser bem calculada para suprir não só a quantidade de proteína e as calorias necessárias ao desenvolvimento da criança, como também para assegurar níveis mínimos de fenilalanina na circulação. Se instituída uma dieta isenta de FAL, poderia levar à "Síndrome da Deficiência", caracterizada por eczema grave, prostração, ganho de peso insuficiente levando à desnutrição, além de deficiência mental e crises convulsivas. 12 Tratamento dietoterTratamento dietoteráápicopico ATENÇÃO: Usualmente, a dieta deve conter entre 250 e 500mg de FAL/dia, enquanto o normal de ingestão para um paciente não portador de fenilcetonúria é, em média, de 2.500 mg de FAL/dia. O tratamento preconizado deve ser mantido por toda a vida. Estudos realizados sugerem que a suspensão da dieta pode resultar em deterioração intelectual e comportamental sendo, portanto, aconselhável a manutenção por período permanente. Tratamento da PKU Dieta- utiliza-se preparações de a.a. sintéticos, baixas em fenilalnina, suplementadas com alguns alimentos naturais (tais como frutas, vegetais e certos cereais) selecionados por seu baixo conteúdo em fenilalanina. Tratamento dietoterTratamento dietoteráápicopico O leite materno pode ser associado a leites especiais, desde que respeitada a quantidade recomendada de ingestão de fenilalanina Albinismo •Defeito no metabolismo da tirosina que leva a uma deficiência na produção de melanina. 13 Defeitos metabólicos no metabolismo dos aminoácidos •Causados por genes mutantes Defeitos Metabólicos Proteínas Plasmáticas Correlações Clínicas 1. Limitado suprimento de substrato energético e protéico leva a diminuição de biosíntese de proteínas de síntese hepática podendo ser um índice de desnutrição; 2. Outros fatores: estado de hidratação, hepatopatias, catabolismo aumentado, infecção ou inflamação. Proteína Sérica Síntese Valores de Referência Vida Média Função Limitação de Uso Albumina Hepatócito Depl. leve: 3 - 3,5 g/dL Depl. moderada: 2,4 - 2,9 g/dL Depl. grave: <2,4/dL 18-20 dias Manter Pressão coloidosmótica do plasma; carrear pequenas moléculas (PFAN) Prot. de fase aguda negativa, nas doenças hepáticas, infecções e inflamação. Transferrina Livre Hepatócito Depl. leve: >200mg/dL Depl. moderada: <150mg/dL Depl. grave: < 100mg/dL 7-8 dias Transportar ferro do plasma na carência de ferro, gravidez, hepatite aguda e sangramentos. Inflamação e infecção. Pré-albumina Hepatócito Depl. leve: 10-15mg/dL Depl. Moderada: 5 -10mg/dL Depl. grave: <5mg/dL 2-3 dias Transportar hormônios da tireóide. na insuficiência renal. nas doenças hepáticas, inflamação e infecção Proteína transportadora de retinol – RBP (PFAN) Hepatócito Normal: 3-5 mg/dL 10-12 horas Transportar vitamina A na forma de retinol. Está ligada a pré- albumina. na insuficiência renal. nas doenças hepáticas, def. de vit.A e zinco 14 Hepatopatia Alterações Consequências Aguda e Crônica Síntese de P plasmática Liberação de aa teciduais Hipoprotombinemia/ hipoalbuminemia/ catabolismo Crônica Captação e metabolização de AAA Função hepática Ciclo da uréia Síntese de colágeno e auto-anticorpos cc. plasmática de aa amoniogênicos/NH3 Síntese de falsos neurotrânsmissores Hiperamonemia/EH Fibrose Hepática Alterações do Metabolismo Protéico Aminoácidos Ramificados x Aromáticos Encefalopatia Hepática A concentração sérica de amônia frequentemente está elevada na Encefalopatia Hepática. A teoria do falso neurotransmissor assume que o desequilíbrio entre BCAA — Aminoácidos de Cadeia Ramificada Plasmáticos (leucina, isoleucina e valina) — e AAA — Aminoácidos Aromáticos (tirosina, fenilalanina e triptofano) — leva a um aumento do afluxo de AAA no cérebro. BCAA e AAA competem pelo mesmo transportador de aminoácidos através da barreira hematoencefállica (BHE). O aumento relativo em AAA plasmáticos leva a um aumento de AAA através da BHE e dentro do cérebro. As quantidades excessivas destes AAA são os precursores de "falsos” neurotransmissores como octopamina e B-feniletanolamina, que são considerados desencadeantes do coma hepático. Funções do rim Excreção de produtos finais do metabolismo (uréia, creatinina, ác. úrico); Manutenção do volume extracelular (Na e H2O); Regulação da pressão arterial sistêmica; Manutenção do equilíbrio ácido básico; Produção de hormônios e enzimas (eritropoetina, renina); Degradação e catabolismo de hormônios (insulina, glucagon, paratormônio); Regulação de processos metabólicos (gliconeogênese, met. Lipídico). Alterações do Metabolismo Protéico Insuficiência Renal Crônica Perda progressiva e irreversível da função renal levando ao acúmulo de solutos tóxicos provenientes do metabolismo de proteínas e aminoácidos – uréia (VN: 10-45 mg/dL) e creatinina (VN: 0,5- 1,2 mg/dL); Recomenda-se dieta restrita em proteínas (preferencialmente proteína vegetal), suplementada com aa essenciais e cetoácidos. Pela via da transaminação o N disponível é incorporado à cadeia carbônica do cetoácido formando o aminoácido correspondente, diminuindo a formação de amônia. Alterações do Metabolismo Protéico 15
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