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Aula109 - Direito Empresarial - Aula 05

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Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Gabriel Rabelo – Aula 05 
 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 69 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
SEJAM BEM-VINDOS ................................................................................... 2 
TÓPICOS DA AULA DE HOJE ......................................................................... 3 
TÍTULOS DE CRÉDITO ................................................................................. 3 
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS INERENTES AOS TÍTULOS DE CRÉDITOS ................. 4 
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO ........................................................... 4 
LITERALIDADE .......................................................................................... 4 
CARTULARIDADE ...................................................................................... 4 
AUTONOMIA ............................................................................................. 5 
CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO ..................................................... 5 
QUANTO À ESTRUTURA ............................................................................... 6 
QUANTO AO MODELO ................................................................................. 6 
QUANTO À CRIAÇÃO .................................................................................. 7 
QUANTO À CIRCULAÇÃO ............................................................................. 7 
ENDOSSO ................................................................................................. 8 
AVAL .................................................................................................... 12 
PROTESTO .............................................................................................. 15 
DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO CIVIL SOBRE OS TÍTULOS DE CRÉDITO ....................... 16 
LETRA DE CÂMBIO ................................................................................... 22 
NOTA PROMISSÓRIA ................................................................................. 25 
CHEQUE ................................................................................................. 27 
DUPLICATAS ........................................................................................... 33 
QUESTÕES COMENTADAS .......................................................................... 39 
QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ........................................................ 63 
GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA .................................. 69 
 
AULA 05 – 7. NOTA PROMISSÓRIA. CHEQUE. DUPLICATA. 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
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SEJAM BEM-VINDOS 
 
Olá, meus amigos. Como estão?! 
 
Não é sem uma grande tristeza que passamos para anunciar o nosso penúltimo 
encontro de DIREITO EMPRESARIAL PARA O CONCURSO DE AUDITOR 
FISCAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. 
 
Hoje, falaremos sobre títulos de crédito. 
 
DIREITO COMERCIAL: 1. Empresa. Empresário. Estabelecimento. 2. 
Microempresa e empresa de pequeno porte (Lei Complementar nº 123/2006). 
3. Prepostos. Escrituração. 4. Conceito de sociedades. Sociedades não 
personificadas e personificadas. Sociedade simples. 5. Sociedade 
limitada. Sociedades por ações. Sociedade cooperativa. Operações 
societárias. Dissolução e liquidação de sociedades. 6. Recuperação 
judicial e extrajudicial. Falência. Classificação creditória. 7. Nota 
promissória. Cheque. Duplicata. 
 
Deixamos nosso e-mail para dúvidas, enquanto surgirem: 
 
gabrielrabelo@estrategiaconcursos.com.br 
 
Quaisquer dúvidas, por favor, enviem, estamos à disposição. 
 
Forte abraço e sucesso! 
 
Gabriel Rabelo 
 
 
Direito Empresarial para Auditor Fiscal da Receita Federal 
Teoria e exercícios comentados 
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TÓPICOS DA AULA DE HOJE 
 
Da aula de hoje, vocês aprenderão basicamente o seguinte: 
 
Aula 05: (08/07/2012). 7. Nota promissória. Cheque. Duplicata. 
 
Para falar destes três assuntos, precisaremos conhecer um pouco da teoria 
geral dos títulos de crédito, bem como da letra de câmbio, título de crédito que 
não veio citado no edital. 
 
Comecemos. Boa leitura. 
 
TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
O mundo hoje é vive eminentemente do crédito, do consumo. Não mais 
consegue andar a sociedade sem que as pessoas (físicas ou jurídicas) se 
utilizem, com toda a voracidade, de operações mercantis. O crescente desuso 
da moeda em papel, manual, torna muito mais célere a mobilização da riqueza, 
exigindo-se, para isso, documentos representativos. 
 
Mas o crédito pode ser apresentado de várias maneiras, seja contratual, seja 
por título, escritura. 
 
Contudo, o título de crédito, dentre todos os modos, é o que propicia maiores 
vantagens em sua emissão, dada a simplicidade, baixo custo e facilidade de 
cobrança. 
 
Mas o que vem a ser o título de crédito?! O conceito, emanado por Cesare 
Vivante, é o que melhor responde a pergunta. Tanto que o Código Civil 
encampou sua doutrina para narrar: 
 
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito 
literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os 
requisitos da lei. 
 
Portanto, o conceito mais recorrentemente cobrado em provas é o seguinte: 
título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, 
literal e autônomo, nele mencionado (Cesare Vivante). 
 
Segundo Fábio Ulhoa, os títulos de crédito são documentos representativos 
de obrigações pecuniárias. Não se confundem com a própria obrigação, mas 
se distinguem dela na medida em que a representam. 
 
Assim, deste conceito, devemos destacar: 
 
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- O título é um documento. 
- O título é literal, isto é, os valores exigidos só podem ser aqueles ali, 
expressamente firmados. 
- O título é autônomo, isto é, se desvincula da relação que lhe deu origem. 
 
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS INERENTES AOS TÍTULOS DE CRÉDITOS 
 
Diversas são as características que podem ser atribuídas aos títulos de crédito. 
Listemos algumas: 
 
- Agilidade ou celeridade: por ser título de formalidade mais simples, se 
comparado a outros instrumentos de dívida, e, também, por ser um título 
executivo, de fácil cobrança. 
 
- Liquidez da obrigação: a obrigação é conhecida, determinada. 
 
- Caráter quesível da obrigação: os títulos de crédito, em regra, são 
quesíveis, isto é, deve o credor buscar a satisfação no domicílio do devedor. 
 
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
Três são os princípios que se relacionam aos títulos de crédito. Os principais 
consagrados em nosso direito pátrio são: 
 
PRINCÍPIOS DO REGIME CAMBIAL 
 
1) Literalidade  Só vale no título o que tiver nele escrito. 
2) Cartularidade  O exercício do direito ao crédito só vale se o seu 
beneficiário apresentar o documento (proíbe-se cópias). 
3) Autonomia  As obrigações são autonomas, umas em relação as outras. 
 
LITERALIDADE 
 
Por este princípio, só vale no título o que estiver nele escrito. Sendo o título de 
crédito um documento, somenteaquilo que nele estiver circunstanciado valerá 
como obrigação, sua data, valor, titular, entre outros dados. 
 
Se João é beneficiário de um cheque emitido por Maria no valor de R$ 
10.000,00, não poderá alegar que o valor correto a lhe ser pago pela instituição 
financeira seria de R$ 15.000,00, pois, pelo princípio da literalidade, só vale 
no cheque o que estiver nele contido. 
 
CARTULARIDADE 
 
Pelo princípio da cartularidade, o direito à cobrança somente pode ser exercido 
mediante a apresentação do título. 
 
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Ainda, no mesmo exemplo citado acima, imagine-se que o cheque não foi pago, 
por insuficiência de fundos. Todavia, João perdeu o documento. Porém, astuto 
que é, providenciou a fotocópia do título. Poderá promover a cobrança com a 
apresentação de cópia? Não! Pois, segundo o princípio da cartularidade, 
deve-se apresentar o documento para se exercer o direito. 
 
Doutrina vem apontando o princípio da cartularidade como um daqueles que 
vem sofrendo ligeira relativização, dada a crescente utilização de títulos 
eletrônicos. De todo o modo, o que há, na verdade, é a substituição de títulos 
“manuais” pelos eletrônicos. 
 
 AUTONOMIA 
 
Quanto ao princípio da autonomia, quando se diz que os títulos de créditos 
são autônomos, tal autonomia não se refere à relação de débito e crédito que 
lhe deu origem, e sim ao relacionamento entre o devedor e terceiros. Há uma 
independência dos diversos e sucessivos possuidores dos títulos de crédito em 
relação a cada um dos outros. 
 
Cite-se um exemplo. Se X emite uma nota promissória a favor de Y, que a 
transfere a Z, por meio de endosso. Z será seu legítimo beneficiário, podendo 
receber o valor na data do vencimento. 
 
Não poderá X, no vencimento do título, alegar contra Z que não a paga por ser 
Y seu devedor de igual ou superior soma, pois, uma vez sendo os títulos 
cambiários autônomos, o possuidor de boa fé exercita um direito próprio, que 
não pode ser restringido ou desconfigurado em virtude das relações existentes 
entre os anteriores possuidores e o devedor. Cada obrigação que deriva do 
título é autônoma em relação às demais. 
 
O princípio da autonomia, por seu turno, se desdobra em dois: 
 
SUBPRINCÍPIOS DERIVADOS DO PRINCÍPIO DA AUTONOMIA 
 
1) Abstração: qualquer título de crédito colocado em circulação se desvincula 
da relação originária que lhe deu causa. 
 
2) Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé: uma 
vez que as relações cambiais são autônomas entre si, não pode o devedor 
original do título alegar em juízo as exceções (defesas) pessoais que possui 
contra o credor original, opondo-as ao portador de boa-fé. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
Os títulos de crédito se classificam de quatro modos distintos, a saber: 
 
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QUANTO À ESTRUTURA 
 
Neste aspecto, pode ser o título de crédito ou ordem ou promessa de 
pagamento. 
 
O título que configura ordem de pagamento é aquele que em que existem três 
pessoas: aquele que dá a ordem (sacador) ao devedor (sacado), para que o 
título seja pago a alguém (tomador, beneficiário). 
 
Por exemplo, o cheque é emitido pelo sacador (emitente) contra o sacado 
(instituição bancária), em favor próprio ou de terceiro, e que incide sobre 
fundos que o sacador dispõe em poder do sacado. 
 
A duplicata, cheque e letra de câmbio são exemplos de ordens de 
pagamento. 
 
As promessas de pagamento possuem apenas dois pólos: aquele que promete 
pagar e o beneficiário do pagamento. 
 
Um exemplo de promessa de pagamento é a nota promissória. 
 
Estrutura 
1) Ordem de pagamento (duplicata, cheque, 
letra de câmbio) 
2) Promessa de pagamento (nota promissória) 
 
A ESAF abordou o assunto recentemente, no concurso para Auditor Fiscal da 
Receita Federal do Brasil, com a seguinte assertiva: 
 
Isso foi cobrado recentemente no AFRFB/2009 (item correto): 
 
(ESAF/AFRFB/2009) O cheque e a duplicata são ordens de pagamento, e a nota 
promissória é uma promessa de pagamento. 
 
 
QUANTO AO MODELO 
 
Os títulos de créditos podem ser classificados em dois aspectos quanto ao 
modelo, modelo vinculado (cheque e duplicata) e modelo livre (nota 
promissória e letra de câmbio). 
 
Modelo 
1) Livre (nota promissória, letra de câmbio) 
2) Vinculado (cheque e duplicata) 
 
Modelo livre são aqueles títulos para os quais a lei não trata 
pormenorizadamente de seus detalhes, deixando que alguns detalhes possam 
variar, mas sempre obedecendo aos requisitos básicos para figurarem como 
título de crédito (a serem vistos a seguir). 
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Modelo vinculado são os títulos para os quais a lei traz a forma exata de como 
deve ser, tal como o cheque. 
 
QUANTO À CRIAÇÃO 
 
Quanto à forma de criação, ou surgimento, o título pode ser causal ou não 
causal (ou abstrato). 
 
O título é causal quando a lei determina a causa de sua emissão, surgimento. 
Por exemplo, a duplicata é o título de crédito emitido com base em obrigação 
proveniente de compra e venda comercial ou prestação de certos 
serviços. Rege-se pela Lei 5.474/1968. 
 
É conhecida por ser um título causal, ou seja, encontra-se vinculada à relação 
jurídica que lhe dá origem que é a compra e venda mercantil. 
 
Contudo, tão logo emitida, a duplicata deixa de ter nexo com o negócio que lhe 
deu origem, tornando-se independente. Essa distinção deve estar clara: não 
obstante se perfaça em título de crédito causal, assim que emitida, 
deixa de ter nexo com o negócio jurídico que lhe deu origem. 
 
Os títulos não causais são aqueles que podem ser emitidos em diversas 
hipóteses, tal como a nota promissória, cheque e letra de câmbio. 
 
Criação 
1) Causal (duplicata) 
2) Não causal (nota promissória, cheque, letra de 
câmbio 
 
 QUANTO À CIRCULAÇÃO 
 
Quanto à circulação, os títulos podem ser nominais, nominativos ou ao 
portador. 
 
 
Os títulos nominais, por sua vez, apresentam subdivisão, podendo se 
classificar em à ordem, não à ordem. 
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O título nominal à ordem permite a transferência através do endosso. 
 
O título nominal não à ordem é aquele que não permite o endosso, por 
conter cláusula expressa “não à ordem”. Neste caso a transferência deve ser 
feita através de cessão civil do crédito. 
 
O título nominativo, por fim, é definido pelo Código Civil como: 
 
Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no 
registro do emitente. 
 
Basta lembrar das ações nominativas expedidas pelas sociedades anônimas, 
assunto tratado nas aulas precedentes. 
 
Os títulos nominativos diferenciam-se dos títulos à ordem, pois os títulos à 
ordem podem ser transferidos pelo simples endosso, sem qualquer outra 
formalidade. 
 
Outro detalhe.A lei 8.021/1990 proíbe a emissão de títulos ao portador. 
Igualmente dispõe o artigo 907 do Código Civil: 
 
Art. 907. É nulo o título ao portador emitido sem autorização de lei especial. 
 
Porém, como se vê, o CC ressalva a hipótese de lei especial prever de modo 
diverso. Para o cheque, a lei 9.069/95, art. 69, confere o direito de emissão 
de cheque ao portador, desde que o valor seja inferior a R$ 100 (cem 
reais). 
 
 
Falaremos agora dos diversos atos ou declarações cambiários. 
 
ENDOSSO 
 
Endosso é o ato mediante o qual se transfere a propriedade de um 
título. 
 
Juridicamente falando, é um ato unilateral, solidário e autônomo, pelo 
qual se transferem os direitos emergentes de um título. O endosso, além 
de transferir o título, é uma garantia. 
 
Suponhamos que Gabriel emite uma Nota Promissória a Lucas, passando a 
dever a ele o valor de R$ 100,00. Lucas, por sua vez, deseja efetuar uma 
compra no valor de R$ 300,00, mas só possui R$ 200,00 em numerários. O que 
poderá fazer? Poderá endossar o montante de R$ 100,00 constante de seu 
título de crédito, transferindo os direitos ao vendedor. 
 
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De acordo com o Código Civil: 
 
Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que 
lhe são inerentes. 
 
Se A emite cheque a B, como pagamento de determinada obrigação que possui, 
e B resolve endossar este cheque para C, por possuir dívida com C no mesmo 
valor, transmite-se o direito a ele não só de receber o título de crédito, 
originário de A, mas também o direito de cobrar em juízo, por exemplo, caso o 
título não seja quitado. 
 
Com efeito, diz-se que a transferência do título implica a transferência 
igualmente de todos os direitos que lhe são inerentes. Se C quisesse endossar 
novamente o título, poderia fazê-lo. E assim por diante. 
 
Outra pergunta interessante é se o endossante continua responsável pelas 
obrigações constantes do título. Vejamos: 
 
Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, 
não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título. 
 
Seguindo a inteligência do artigo 914, o endossante não responde, via 
de regra, pelo pagamento da obrigação. Porém, não podemos olvidar que o 
Código Civil é norma geral e pode ser excepcionado por norma especial. Tanto o 
é que, de acordo com as legislações especiais, o cheque, duplicata, nota 
promissória e letra de câmbio, são títulos que mantêm o endossante 
como devedor solidário. 
 
Esse tópico foi abordado no concurso para Fiscal de Rendas do RJ/2007, 
realizado pela FGV, (item correto), com o seguinte teor: De acordo com as 
disposições do Código Civil, o endossante de título à ordem não responde pelo 
cumprimento da prestação constante do título, salvo se este contiver cláusula 
expressa em contrário. 
 
Temos: 
 
 
 
O endosso ocorre com a assinatura do endossante na própria cártula, que pode 
ocorrer com a indicação do nome do novo beneficiário (endossatário), 
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caracterizando o chamado endosso em preto, ou sem a indicação do 
beneficiário, o denominado endosso em branco. 
 
IMPORTANTE: 
ENDOSSO EM PRETO  INDICA O NOVO BENEFICIÁRIO. 
ENDOSSO EM BRANCO  NÃO INDICA O NOVO BENEFICIÁRIO. 
 
Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do 
próprio título. 
 
Outro detalhe trazido pelo Código Civil, mas que costuma ser bem cobrado em 
prova, é o seguinte: 
 
Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do 
próprio título. 
§ 1o Pode o endossante designar o endossatário, e para validade do endosso, 
dado no verso do título, é suficiente a simples assinatura do endossante. 
 
Então, o endosso pode ser dado no verso ou anverso (frente) do título. 
 
Observem que o parágrafo primeiro trouxe que para a validade do endosso no 
verso é suficiente a simples assinatura do endossante. Ora, o parágrafo falou 
sobre o anverso? Não! Concluímos, em interpretação a contrario sensu, que a 
simples assinatura para endosso feito no anverso não é suficiente para a 
transferência do título. 
 
Devemos expressamente dizer que se trata de endosso, sob pena de ser 
reputado como aval. 
 
 Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título. 
§ 1o Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples 
assinatura do avalista. 
 
SEMPRE CAI EM PROVA!!! 
 
SIMPLES ASSINATURA: 
- No anverso (frente): Aval (Se feito no verso deve indicar expressamente ser 
aval). 
- No verso: Endosso (Se feito no anverso deve indicar expressamente ser 
endosso). 
 
Outro aspecto importante é diferenciar o endosso da cessão civil de crédito. De 
acordo com o Código Civil: 
 
Art. 919. A aquisição de título à ordem, por meio diverso do endosso, tem efeito 
de cessão civil. 
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Endosso Cessão civil do crédito 
É o ato pelo qual o credor de um 
título de crédito com a cláusula à 
ordem transmite os seus direitos 
à outra pessoa. 
É o ato pelo qual o credor de 
um título de crédito com a 
cláusula não à ordem transmite 
os seus direitos à outra pessoa. 
Quem transfere o título de 
crédito responde pela existência 
do título e também pelo seu 
pagamento. 
Quem transfere o título de 
crédito só responde pela 
existência do título, mas não 
responde pelo seu pagamento. 
O devedor não pode alegar 
contra o endossatário de boa-fé 
exceções pessoais. 
O devedor pode alegar contra o 
cessionário de boa-fé exceções 
pessoais. 
 
Sobre os tipos de endosso, divide-se ele em próprio ou impróprio. 
 
O endosso próprio ou puro e simples transfere a propriedade imediata do 
título e torna o endossante responsável solidariamente (lembre-se: segundo o 
CC, apenas se contiver cláusula expressa, todavia, a legislação especial que 
rege os diversos títulos previu a responsabilidade solidária) pelo pagamento do 
crédito. 
 
O endosso impróprio é o que não transfere a propriedade do título, 
permitindo apenas ao endossatário exercer direitos relativos à cártula. Da 
espécie endosso impróprio resultam as espécies endosso-mandato e endosso-
caução. 
 
A FGV, no concurso para Procurador do TCM-RJ, 2008, explorou este assunto, 
com a seguinte sentença: O endosso impróprio transfere o exercício dos direitos 
inerentes à cambial. 
 
O item deve ser analisado com muita cautela. O endosso impróprio 
transfere, sim, os direitos inerente à cártula, exceto a transmissão da 
propriedade. Gabarito, portanto, correto. 
 
Do genero endosso mandato resultam os endossos do tipo mandato ou 
procuração e caução ou pignoratício. 
 
Endosso-mandato ou endosso procuração é aquele através do qual o 
endossatário atua em nome do endossante, não possuindo a posse sobre o 
título. Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde 
eficácia o endosso-mandato (CC, art. 917, §2º). Ademais, o título poderá ser 
novamente endossado, desde que nos mesmos poderes recebidos e, também,na qualidade de endosso-procuração. 
 
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O endosso caução, endosso garantia ou endosso penhor é utilizado quando o 
endossante deposita ou dá o título, perante o endossatário como garantia de 
uma dívida. 
 
O título endossado em garantia permanecerá com o endossatário até que haja a 
liquidação da dívida. Com o inadimplemento do endossante, o endossatário 
passará a ter a efetiva propriedade do título. 
 
Existe, ainda, o endosso após o vencimento do título, que é conhecido como 
endosso póstumo. Produzirá efeitos tal como tivesse sido feito antes do 
vencimento, salvo se feito após o protesto por falta de pagamento ou após a 
expiração do prazo para protestar. 
 
AVAL 
 
Falemos agora sobre o instituto do AVAL. Não raramente, vocês, quando já 
houverem passado nos certames que desejam, cheios de dinheiro, deverão se 
deparar com o seguinte pedido de um amigo: “Fulano, seja meu avalista na 
compra de tal coisa?”. 
 
Mas o que vem a ser o aval? Pois bem, Fábio Ulhoa Coelho o define como “ATO 
CAMBIÁRIO PELO QUAL UMA PESSOA (AVALISTA) SE COMPROMETE A 
PAGAR TITULO DE CRÉDITO, NAS MESMAS CONDIÇÕES DO DEVEDOR 
DESTE TITULO (AVALIZADO)”. Vejamos também a explicação do Código 
Civil: 
 
Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar 
soma determinada, pode ser garantido por aval. 
Parágrafo único. É VEDADO O AVAL PARCIAL. 
 
Um aspecto importantíssimo para a prova é também o seguinte: O AVALISTA 
RESPONDE SOLIDARIAMENTE (OU SEJA, SEM BENEFÍCIO DE ORDEM) 
COM O DEVEDOR PRINCIPAL. Assim, se o título não for pago no vencimento, 
o credor poderá cobrar diretamente do avalista, se quiser. 
 
AVAL  RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. 
 
Veja-se, ainda, que, segundo o Código Civil, é vedado o aval parcial. Atente-
se, contudo, para o fato de que a regra que veda o aval parcial não vale para 
os títulos que contenham legislação específica prevendo de forma contrária. E, 
de fato, as legislações especiais dos mais diversos títulos de crédito prevêem a 
possibilidade do aval parcial. 
 
 
Neste escopo, a FGV perguntou aos candidatos do concurso para Procurador do 
TCM RJ o seguinte: O Código Civil não admite o aval parcial (O item está 
correto, pois faz clara remissão ao CC). 
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A ESAF, nos idos de 1996, questionou sobre o aval, se tido ou não como 
obrigação acessória. Ora, a responsabilidade do avalista é solidária juntamente 
com o avalizado. Trata-se, portanto, de obrigação principal, autônoma, no título 
de crédito. 
 
Ainda, caso se dê o aval posteriormente ao vencimento do título a produção de 
efeitos se dará tal como tivesse sido prolatado antes de seu vencimento. Assim 
prevê o CC: 
 
Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do 
anteriormente dado. 
 
Ao avalizar determinado título, o avalista passar a ser devedor solidário. O 
aval, como dito, não é garantia acessória, posto que, como já propagado em 
diversos julgados do STJ, é autônomo e independente. 
 
O aval, em regra, deve ser feito na frente do título (anverso) – CC, art. 898. Se 
for feito no anverso, basta que o avalista assine. Se for feito no verso, contudo, 
deverá ser indicado expressamente que se trata de aval, junto da assinatura. É 
o que se extrai da leitura dos artigos seguintes do Código Civil: 
 
Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título. 
§ 1o Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples 
assinatura do avalista. 
 
AVAL 
SE FEITO NO ANVERSO (FRENTE): BASTA ASSINATURA! 
SE FEITO NO VERSO: DEVE SE INDICAR EXPRESSAMENTE TRATAR-SE 
DE AVAL. 
 
O aval, tal como o endosso, pode indicar ou não a pessoa do avalizado. 
Indicando, será classificado como aval em preto. Não o fazendo teremos 
caracterizado o aval em branco. 
 
De acordo com o Código Civil: 
 
Art. 899. O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na falta de 
indicação, ao emitente ou devedor final. 
§ 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu avalizado e 
demais coobrigados anteriores. 
§ 2o Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a obrigação 
daquele a quem se equipara, a menos que a nulidade decorra de vício de 
forma. 
 
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Assim, de acordo com o artigo 899, §2º, se um negócio jurídico praticado com 
simulação é avalizado por Beltrano, não poderá ele alegar eventual nulidade no 
aval, uma vez que o verdadeiro prejudicado com tal situação é o credor. 
 
Existe, perfeitamente, a possibilidade de mais de uma pessoa ser avalista de 
um devedor. É o que a doutrina ousa chamar de aval simultâneo. 
 
Um exemplo proposto por José Paulo Leal: Numa nota promissória, “A” é 
emitente e “B” o beneficiário. No verso há assinaturas de “C” e “D”, “E” e “F”. 
Não há restrição alguma, apenas assinaturas; portanto, avais em branco. 
Presume-se que todos avalizaram “A”. 
 
Difere, todavia, do aval sucessivo, que se dá quando o avalista posterior 
avaliza o anterior. 
 
AVAL SUCESSIVO E AVAL SIMULTÂNEO 
Aval simultâneo  B, C, D, E e F avalizam A. 
Aval sucessivo  B avaliza A, C avaliza B, D avaliza C, E avaliza D e F avaliza E. 
 
Pois bem, feitas as devidas considerações sobre a figura do aval, passemos a 
distingui-la de outro instituto parecido, qual seja, a fiança. 
 
Aval Fiança 
Regulado pelo Direito 
Comercial 
Regulado pelo Direito Civil 
Obrigação autônoma Obrigação acessória 
Responsabilidade Solidária Responsabilidade Subsidiária 
Deve estar contido no título 
de crédito 
Pode estar em instrumento 
em separado 
Não pode o avalista opor as 
exceções pessoais do 
avalizado para se defender do 
credor de boa-fé 
As exceções pessoais do 
afiançado podem ser alegadas 
pelo fiador. 
Necessita de autorização do 
cônjuge, salvo no regime de 
separação absoluta 
Necessita de autorização do 
cônjuge, salvo no regime de 
separação absoluta 
 
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PROTESTO 
 
Se o devedor original de um título não o paga, o credor poderá cobrar dos 
demais coobrigados, efetuando antes o protesto do título. 
 
CONCEITO DE PROTESTO 
 
Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o 
descumprimento de obrigação originada em títulos e outros 
documentos de dívida (art. 1.º da Lei 9.492/1997). 
 
O protesto realiza-se no Cartório de Protesto de Títulos. Sua função é 
constituir em mora o devedor, fazendo prova sobre a impontualidade do 
devedor. 
 
Agora o principal aspecto quando o assunto é protesto: 
 
SEMPRE CAI EM CONCURSO!!! 
Cobrança contra o devedor principal e seu avalista: desnecessário o 
protesto. Diz-se que o protesto é facultativo. 
Cobrança contra os demais coobrigados: necessário o protesto. 
 
A ESAF cobrou o assunto no concurso para AFTN, há mais de10 anos, em 
1996, com a seguinte redação: Nos títulos de crédito, a falta do protesto 
necessário, nos prazos legais, exonera os coobrigados. O item está correto. A 
execução dos coobrigados depende da realização do protesto. 
 
Apenas mais um detalhe que também pode ser cobrado sob o protesto: 
 
Nos títulos de crédito pode existir cláusula denominada “sem protesto” ou 
“sem despesas”. A aposição desta cláusula dispensará o portador de protestar 
o título para exercer seu direito de ação contra os coobrigados. 
 
A cláusula pode ser aposta pelo sacador ou por um endossante ou avalista, 
nesta última hipótese só produzirá efeito em relação a esse endossante ou a 
esse avalista (art. 46 da LUG e art. 50 da Lei 7.357/1985). 
 
A FCC cobrou o tema em provas da seguinte forma: 
 
(Juiz Substituto TJ-PI/2001/FCC) Somente o sacador pode lançar na letra de 
câmbio a cláusula sem despesas ou sem protesto. 
 
Ora, tanto o sacador como os endossantes ou avalistas podem lançar a cláusula 
sem despesas ou sem protesto nos títulos de crédito. Item incorreto. 
 
 
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DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO CIVIL SOBRE OS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
Os principais títulos de crédito hoje existentes são: cheque, duplicata, nota 
promissória e letra de câmbio. Esses configuram os chamados títulos de 
crédito próprios. 
 
Pois bem. O Código Civil apenas traz NORMAS GERAIS sobre o assunto, não 
tratando pormenorizadamente de qualquer deles. 
 
Assim dispôs o artigo 903: 
 
Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de 
crédito pelo disposto neste Código. 
 
Com efeito, não havendo previsão na lei que rege o título, devemos aplicar as 
normas do Código Civil. 
 
Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua 
validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que 
lhe deu origem. 
 
Negócio jurídico, segundo a doutrina, é toda ação ou omissão humana cujos 
efeitos jurídicos - criação, modificação, conservação ou extinção de direitos - 
derivam essencialmente da manifestação de vontade. Exemplos de negócio 
jurídico são os contratos e os testamentos. 
 
Os títulos de crédito são NEGÓCIOS JURÍDICOS ABSTRATOS, pois produzem 
efeito independentemente da causa que lhes deu origem. 
 
O artigo 888 determina que se faltar algum requisito legal para a validade do 
documento como título de crédito, ele não anulará o negócio como um todo. 
Perderá o documento tão-somente sua validade como título de crédito. 
 
Perde o título o seu caráter cambiário, mas continua vigendo conforme o direito 
civil. 
 
Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa 
dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. 
 
O título de crédito deve conter como REQUISITOS ESSENCIAIS: 
 
- DATA DA EMISSÃO: composta por ano, dia e mês. 
- INDICAÇÃO DOS DIREITOS QUE CONFERE: Trata-se da importância a ser 
paga. Por exemplo, uma duplicata que tenha por objeto a venda de 100 
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mercadorias a R$ 10,00, deverá narrar esta quantia. O valor deve ser certo. 
Não podendo ser indeterminado. 
 
Ademais, devem ser indicados também a pessoa do devedor e do credor. 
 
- ASSINATURA DO EMITENTE. 
 
Art. 889 (...) 
 
§ 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. 
 
§ 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no 
título, o domicílio do emitente. 
 
§ 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador 
ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, 
observados os requisitos mínimos previstos neste artigo. 
 
A data de vencimento do título não é requisito obrigatório. Porém, se o 
título não contiver a data em que a obrigação vence, será considerado à vista 
(parágrafo primeiro). 
 
O parágrafo segundo traz, outrossim, outro requisito não essencial, a saber, o 
lugar de emissão e de pagamento do título de crédito. Quando o local não 
estiver circunstanciado no documento considerar-se-á como tal o DOMICÍLIO 
DO EMITENTE. 
 
Sobre o parágrafo terceiro, apenas legitima a possibilidade de emissão de 
títulos de maneira informatizada. 
 
Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva 
de endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, 
a que dispense a observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além 
dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações. 
 
Assim, são consideradas NÃO ESCRITAS: 
 
- Cláusulas de juros; 
- Cláusula que proíba endosso; 
- Cláusula que exclua a responsabilidade pelo pagamento ou despesas; 
- Cláusula que dispense a observância de termos e formalidades prescritas; 
- Cláusula que exclua, restrinja direitos ou obrigações. 
 
Lembre-se de que se houver lei prevendo em sentido contrário, é ela quem 
prevalecerá. Lei especial prevalece sobre a lei geral. Por exemplo, a Lei 
Uniforme de Genebra, que regula as notas promissórias e letra de câmbio 
prevê: 
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Art. 49 – A pessoa que pagou uma letra pode reclamar dos seus 
garantes: 
1 – A soma integral que pagou; 
2 – Os juros da dita soma, calculados a taxa de 6 por cento, desde a data em 
que a pagou; 
3 – As despesas que tiver feito. 
 
Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser 
preenchido de conformidade com os ajustes realizados. 
 
Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos 
que deles participaram, não constitui motivo de oposição ao terceiro portador, 
salvo se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. 
 
Expliquemos o artigo 891. Assim, se duas pessoas, ao emitirem determinado 
título de crédito, acordam que a cláusula X ou Y será preenchida 
posteriormente, estão formando o chamado PACTO ADJETO. 
 
Pacto adjeto ou acessório é a denominação dada a toda cláusula inserida em 
acordo, formando uma convenção acessória dentro de uma convenção principal, 
com a finalidade de garantir seu adimplemento ou modificar seus efeitos. 
 
Por exemplo, um pacto no sentido de o portador preencher corretamente o 
título do qual é beneficiário, de acordo com o que fora acordado. 
 
Assim, se ao receber o título, agir em desacordo com a avença poderá o 
portador ser acionado judicialmente pelo emitente do título. Todavia, se 
posteriormente esse título de crédito preenchido com má-fé pelo portador é 
repassado a terceiro, este terceiro terá direito a receber o crédito da forma 
como consta no título, salvo se este último beneficiário também agir de má-fé. 
 
Art. 892. Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem, lança a sua 
assinatura em título de crédito, como mandatário ou representante de outrem, 
fica pessoalmente obrigado, e, pagando o título, tem ele os mesmos direitos 
que teria o suposto mandante ou representado. 
 
Exemplifique-se. Sabemos que o mandato é o instrumento que dá a uma 
pessoa poderes para praticar atos em nomede outra. 
 
Com fulcro no Código Civil: 
 
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, 
em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o 
instrumento do mandato. 
 
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Deste modo, imagine-se que João confere a Pedro procuração para que assine 
título de crédito em seu nome, no período de 01.01.2011 a 05.01.2011. De má-
fé, Pedro emite determinado título em 07.06.2011, quando a procuração já não 
era mais válida, para realizar a compra de determinadas mercadorias para a 
empresa. Como Pedro não tem mais poderes para proceder à emissão, 
responderá pessoalmente pela emissão. 
 
Se Pedro promover, no entanto, a quitação do título, terá a dívida extinta e, 
também o direito a receber as mercadorias já que “pagando o título, tem ele os 
mesmos direitos que teria o suposto mandante ou representado”. 
 
Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que 
lhe são inerentes. 
 
É o caso típico do endosso. Se A emite cheque a B, como pagamento de 
determinada obrigação que possui, e B resolve endossar este cheque para C, 
por possuir dívida com C no mesmo valor, transmite-se o direito a ele não só de 
receber o título de crédito, originário de A, mas também o direito de cobrar em 
juízo, por exemplo, caso o título não seja quitado. 
 
Com efeito, diz-se que a transferência do título implica a transferência 
igualmente de todos os direitos que lhe são inerentes. Se C quisesse endossar 
novamente o título, poderia fazê-lo. E assim por diante. 
 
Art. 894. O portador de título representativo de mercadoria tem o direito de 
transferi-lo, de conformidade com as normas que regulam a sua circulação, ou 
de receber aquela independentemente de quaisquer formalidades, além da 
entrega do título devidamente quitado. 
 
Para explicar este artigo, precisaremos conhecer um pouco sobre dois títulos de 
créditos ditos impróprios, quais sejam, o conhecimento de depósito e o warrant. 
 
O warrant e conhecimento de depósito são títulos de financiamento da atividade 
econômica. Fábio Ulhoa Coelho os define como títulos de créditos impróprios 
(para o autor não se tratam, na verdade, de títulos de crédito, apenas se 
aproximando do regime jurídico cambial), mais especificamente, na categoria 
de títulos representativos. 
 
Títulos representativos são aqueles que representam mercadorias custodiadas 
(esta é a palavra chave!) e possibilitam, em algumas condições, a 
negociação, pelo proprietário, do valor que elas têm. 
 
O warrant e conhecimento de depósito são regidos pelo Decreto 1.102/1.903. 
Quem emite esses títulos é o armazém geral. Se o depositante solicitar, o 
armazém os emitirá, em substituição ao recibo de depósito. 
 
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Os títulos são emitidos conjuntamente. O portador só terá direito à entrega da 
mercadoria depositada se apresentar os documentos juntos, devidamente 
quitados. Em síntese, é isso o que quer dizer o artigo 894 do Código Civil. 
 
Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele poderá ser 
dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, 
os direitos ou mercadorias que representa. 
 
O artigo 895 trata exatamente de um princípio que dissemos no início do estudo 
dos títulos de crédito, qual seja, o princípio da autonomia. Exemplifiquemos. 
 
Imagine-se que A compre um bem a prazo de B, no valor de R$ 1.000,00, para 
pagamento em 30 dias, mediante a emissão de uma nota promissória (quem 
emite a nota promissória é o devedor, A, pois se trata de uma promessa de 
pagamento). B é o legítimo portador dessa nota promissória (beneficiário). 
 
B, por sua vez, necessita fazer compra de matéria-prima com o fornecedor C, e, 
não possuindo recursos, procede ao endosso da nota promissória para C, que 
passa a ser o legítimo portador do título, tendo direito a receber, na data certa, 
a quantia estipulada no título emitido por A. 
 
Assim, no vencimento, não poderá A, por exemplo, dizer que não pagará C, por 
estar o bem que comprou de B eivado de vício. Deve, em virtude do princípio 
da autonomia, A proceder ao pagamento e, em seguida, exigir o ressarcimento 
por parte de B. 
 
Imaginemos a mesma situação. A compra um bem de B, emitindo (A) uma nota 
promissória em favor de B (que é o portador do título). B tem uma dívida 
perante C, mas não endossa o título. Ele, simplesmente, diz: C, tenho um bem 
que vendi para A, e vou deixá-lo como garantia. 
 
Poderá C fazer isso?! Não, é claro! Pois as mercadorias já se desvincularam do 
título de crédito, não mais pertencendo a B, uma vez que houve a tradição 
(entrega da mercadoria). Em síntese, é isto o que diz o artigo 895: a garantia 
deve ser instituída sob o título e não sobre as mercadorias que dele são objeto. 
 
 
Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o 
adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua 
circulação. 
 
O que este artigo quer, em síntese, dizer é que, se uma pessoa é legítima 
portadora de um título, tendo agido de boa-fé para receber os direitos que lhe 
são inerentes, não poderá ter seu direito prejudicado por relações travadas 
anteriormente. 
 
 
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Art. 901. Fica validamente desonerado o devedor que paga título de crédito ao 
legítimo portador, no vencimento, sem oposição, salvo se agiu de má-fé. 
 
Parágrafo único. Pagando, pode o devedor exigir do credor, além da entrega do 
título, quitação regular. 
 
O título que configura venda a prazo pode, tão-logo vença, ser exigido. O 
pagamento quando efetuado implica a extinção da obrigação que o título 
carrega consigo. 
 
Assim, o pagamento pelo devedor desobriga todos aqueles que da relação 
cambial tiveram parte. A exceção é a existência de má-fé por parte de quem 
paga. 
 
E mais, uma vez efetuado o pagamento do título, pode o devedor exigir que o 
credor lhe entregue o título de volta. 
 
Art. 902. Não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do vencimento 
do título, e aquele que o paga, antes do vencimento, fica responsável pela 
validade do pagamento. 
 
§ 1o No vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial. 
 
§ 2o No caso de pagamento parcial, em que se não opera a tradição do título, 
além da quitação em separado, outra deverá ser firmada no próprio título. 
 
Antes do vencimento, não precisa o credor aceitar o pagamento. Se o devedor o 
fizer, e o fizer incorretamente, fica responsável pela validade do pagamento. 
Afinal, como diz o brocardo jurídico, quem paga mal paga duas vezes. 
 
Todavia, no vencimento, querendo o devedor fazer pagamento, ainda que 
parcial, não pode o credor recusar. 
 
Se o pagamento for parcial, o título não é entregue ao devedor. Nesta hipótese, 
deve ser feita uma quitação em separado, para ficar de posse do devedor, e, 
também, uma no próprio título, provando a quitação. 
 
Vistas estas principais considerações gerais sobre os títulos de crédito, 
passemos a falar sobre ostítulos em espécie. 
 
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LETRA DE CÂMBIO 
 
Inicialmente, estudaremos a letra de câmbio. Ela é o título de crédito mais 
antigo. Contudo, a letra de câmbio é título que aqui, em nosso país, se encontra 
em franco desuso. 
 
A seguir, um modelo de letra de câmbio: 
 
Fonte: http://www.segundoprotestosbc.com.br/sbc/img_up/letracambio.jpg 
 
Suponha-se que Alberto deve uma quantia X a Carlos, e que Breno deve uma 
quantia X a Alberto. Uma solução viável para Alberto é emitir uma letra de 
câmbio, figurando como sacador, contra Breno (sacado), que passará a dever 
a quantia perante Carlos (tomador). 
 
Embora neste exemplo três pessoas tenham existido, pode ocorrer de na nota 
promissória sacador e tomador ou beneficiário serem a mesma pessoa. 
 
Um dos motivos que torna a letra de câmbio um título de difícil utilidade prática 
é que depende ela do aceite do sacado, do devedor. 
 
No caso, enquanto Breno não aceitasse as condições de pagar a quantia para 
Carlos não poderia ser de forma alguma responsabilizado nesta obrigação. 
 
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A letra de câmbio é regulada pela Lei Uniforme de Genebra e, uma vez emitida, 
não nasce de imediato a obrigação cambial, sendo necessário que o sacador a 
entregue ao sacado, a fim de que a aceite. Nasce a partir daí a obrigação. 
 
Todavia, o aceite, por parte do sacado, é facultativo. Reprise-se: o aceite é 
facultativo! Eis o grande motivo de essa figura cambial ser de raríssima 
utilização no dia-a-dia. 
 
São requisitos da letra de câmbio, segundo a Lei Uniforme de Genebra: 
 
Art. 1º - A letra contém: 
 
1 - A palavra "letra" inserta no próprio texto do título é expressa na língua 
empregada 
para a redação desse título; 
2 - O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; 
3 - O nome daquele que deve pagar (sacado); 
4 - A época do pagamento; 
5 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 
6 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga; 
7 - A indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada; 
8 - A assinatura de quem passa a letra (sacador). 
 
A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à 
vista (LUG, art. 2º). 
 
Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado 
considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do 
domicílio do sacado (LUG, art. 2º). A letra pode ser pagável no domicílio de 
terceiro, quer na localidade onde o sacado tem o seu domicílio, quer noutra 
localidade (LUG, art. 4º). 
 
A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido 
no lugar designado, ao lado do nome do sacador (LUG, art. 2º). 
 
Toda a letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula a 
ordem, é transmissível por via de endosso (LUG, art. 11º). Quando o sacador 
tiver inserido na letra as palavras "não a ordem", ou uma expressão 
equivalente, a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma 
cessão ordinária de créditos (LUG, art. 11º). 
 
Ainda sobre o endosso da letra, a lei uniforme de genebra prescreve o seguinte: 
 
Art. 12 - O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja 
subordinado considera-se como não escrita. 
O endosso parcial é nulo. 
O endosso ao portador vale como endosso em branco. 
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Como já frisamos, a letra de câmbio necessita de aceite. A letra pode ser 
apresentada, até o vencimento, ao aceite do sacado, no seu domicílio , pelo 
portador ou até por um simples detentor (LUG, art. 21). 
 
O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra "aceite" ou 
qualquer outra palavra equivalente; o aceite é assinado pelo sacado. Vale 
como aceite a simples assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra 
(LUG, art. 25). 
 
O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte da 
importância sacada (LUG, art. 26). 
 
Se recusado o aceite, considera-se que há vencimento antecipado do 
título. 
 
Um último aspecto interessante sobre a letra é o seguinte: em função do 
princípio da cartularidade, o crédito existe na medida em que está contido 
expressamente na cártula. 
 
Contudo, segundo a LUG: 
 
Art. 67. O portador de uma letra tem o direito de tirar cópias dela. 
A cópia deve reproduzir exatamente o original, com os endossos e todas as 
outras menções que nela figurem. Deve mencionar onde acaba a cópia. 
A cópia pode ser endossada e avalizada da mesma maneira e 
produzindo os mesmos efeitos que o original. 
 
Art. 68. A cópia deve indicar a pessoa em cuja posse se encontra o título 
original. Esta é obrigada a remeter o dito título ao portador legítimo da cópia. 
Se se recusar a fazê-lo, o portador só pode exercer o seu direito de ação contra 
as pessoas que tenham endossado ou avalizado a cópia, depois de ter feito 
constatar por um protesto que o original lhe não foi entregue a seu pedido. 
Se o título original, em seguida ao último endosso feito antes de tirada a cópia, 
contiver a cláusula "daqui em diante só é válido o endosso na cópia" ou 
qualquer outra fórmula equivalente, é nulo qualquer endosso assinado 
ulteriormente no original. 
 
Com efeito, o título se torna documento necessário ao exercício do direito nele 
mencionado. Então, como poderia alguém tirar cópia de uma nota e transferi-la 
por endosso, apoderando-se da via original? Não contrariaria o princípio 
referido? Para a LUG não. 
 
Essa questão foi abordada pelo CESPE no concurso para Juiz Substituto do TJ 
SE, em 2008, do seguinte modo: 
 
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(Cespe/Juiz Substituto/TJ/SE/2008) Alfredo emitiu nota promissória em favor 
de Pedro e estabeleceu que seu vencimento se daria 6 meses após o 
vencimento do título. Entretanto, esqueceu-se de apor este acordo no título, 
que foi emitido sem data de vencimento. Pedro, por sua vez, negociou a nota 
promissória, colocando-a em circulação. A respeito da situação hipotética 
acima, assinale a opção correta. 
 
a) Pedro pode tirar cópia da nota promissória e transferi-la por endosso, desde 
que a cópia indique que o original encontra-se em sua posse. 
 
Este item foi considerado correto pela banca. Embora remeta à nota 
promissória, o tratamento legislativo também se encontra na LUG. 
 
 
NOTA PROMISSÓRIA 
 
A nota promissória, como já dito, é uma promessa de pagamento, que se 
consubstancia em um título de crédito emitido pelo devedor. Ele é quem 
promete pagar determinada quantia a alguém. 
 
A seguir um modelo de nota promissória: 
 
 
 
Fonte: http://tabelionatoroquedomingues.com.br/images/servicos/np.jpg 
 
Apenas duas figuras circundam a emissão da nota promissória: 
 
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a) Emitente, devedor, promitente, que é aquele que emite a NP. 
b) Tomador, beneficiário, que é aquele que se beneficia na relação cambial. 
 
Para exemplificar a constituição de uma nota promissória citamos a seguinte 
hipótese, Pedro empresta R$ 1.000,00 (mil reais) ao seu amigo Anderson, que 
por sua vez se compromete a efetuar o pagamento do empréstimo em trinta 
dias, assim sendo, emite Anderson uma nota promissória no valor do 
empréstimo figurando Pedro como beneficiário, com vencimento para trinta dias 
da data. 
 
Segundo a LUG: 
 
Art. 75 - A nota promissória contém: 
 
1 - Denominação "Nota Promissória" inserta no próprio texto do título e 
expressa na língua empregada para a redação desse título; 
2 - A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 
3 - A época do pagamento; 
4 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 
5 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga; 
6 - A indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; 
7 - A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). 
 
A nota promissória em que não se indique a época do pagamento será 
considerada pagável à vista (LUG, art. 76). 
 
Na falta de indicação especial, lugar onde o título foi passado considera-se 
como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do 
subscritor da nota promissória (LUG, art. 76). 
 
Na nota promissória não existe a figura do aceite, uma vez que emitida pelo 
próprio devedor. 
 
É jurisprudência do STJ que a nota promissória não pode ser emitida ao 
portador. A FGV, categoricamente, afirmou o seguinte no 2º concurso para 
Agente Fiscal de Rendas do Estado do RJ (item incorreto): a nota promissória 
pode ser emitida ao portador. 
 
Todavia, nada impede que seja emitida em branco. Desta forma, o credor 
deve completar o título de boa-fé antes da cobrança ou protesto, sob pena 
de não se conferir ao título natureza cambial (Ver in RT 591/220 e in RT 
588/210). Torna-se nula a execução de nota promissória sem o preenchimento 
de seus requisitos essenciais. A nota promissória não será nula, apenas perderá 
as características de título cambial (LUG, art. 76). 
 
Segundo o Decreto Lei 2.044/1908: 
 
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Art. 55. A nota promissória pode ser passada: 
I. à vista; 
II. a dia certo; 
III. a tempo certo da data. 
 
Os títulos a dia certo ou a data certa são aqueles que devem ser pagos no dia 
neles previsto. 
 
Nos títulos a tempo certo da data o prazo para vencimento começa a correr a 
partir do dia da emissão ou saque. 
 
Já para a letra de câmbio, dispõe o decreto que: 
 
Art. 6º A letra pode ser passada: 
I. à vista. 
II. a dia certo. 
III. a tempo certo da data. 
IV. a tempo certo da vista. 
 
Ainda, para os dois tipos de título (nota e letra), prescreve a LUG que 
 
Art. 34 - A letra à vista é pagável a apresentação. Deve ser apresentada a 
pagamento dentro do prazo de um ano, a contar da sua data. O sacador pode 
reduzir este prazo ou estipular um outro mais longo. Estes prazos podem ser 
encurtados pelos endossantes. 
 
O sacador pode estipular que uma letra pagável à vista não deverá ser 
apresentada a pagamento antes de uma certa data. Nesse caso, o prazo para a 
apresentação conta-se dessa data. 
 
 
CHEQUE 
 
O cheque é uma ordem de pagamento à vista. O cheque é regido pela Lei 
7.357/85 (Lei do Cheque), e emitido pelo sacador (emitente) contra o 
sacado (instituição bancária), em favor próprio ou de terceiro, e que incide 
sobre fundos que o sacador dispõe em poder do sacado. 
 
Art. 3º O cheque é emitido contra banco, ou instituição financeira que lhe seja 
equiparada, sob pena de não valer como cheque. 
 
Art. 4º O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar 
autorizado a sobre eles emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou 
tácito. A infração desses preceitos não prejudica a validade do título como 
cheque. 
§ 1º - A existência de fundos disponíveis é verificada no momento da 
apresentação do cheque para pagamento. 
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Ainda, segundo a Lei do Cheque: 
 
Art. 32 O cheque é pagável à vista. Considera-se não-escrita qualquer menção 
em contrário. 
 
Os títulos de créditos podem ser classificados em dois aspectos quanto ao 
modelo, modelo vinculado (cheque e duplicata) e modelo livre (nota 
promissória e letra de câmbio). 
 
Art. 1º O cheque contêm: 
I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua 
em que este é redigido; 
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada; 
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); 
IV - a indicação do lugar de pagamento; 
V - a indicação da data e do lugar de emissão; 
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes 
especiais. 
 
A seguir um modelo de cheque com as características citadas acima: 
 
 
 
Fonte: https://www.tcn.com.br/nastur/ajuda/chequemodelo.gif 
 
O sacado (banco) não se obriga ao pagamento do cheque, sendo a 
responsabilidade do emitente. 
 
Art. 15º O emitente garante o pagamento, considerando-se não escrita a 
declaração pela qual se exima dessa garantia. 
Art. 6º O cheque não admite aceite considerando-se não escrita qualquer 
declaração com esse sentido. 
 
Levem para a prova: O BANCO SACADO NÃO RESPONDE PELA 
INEXISTÊNCIA OU INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS. 
 
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A responsabilidade do banco se dá somente quando do processamento de 
pagamento indevido, como creditamento a cliente errado, que não seja 
beneficiário do título, ou ainda no caso de pagamento de cheque falso, 
falsificado ou alterado, exceto se houver dolo ou culpa do correntista, 
endossante ou beneficiário (LC, art. 39). 
 
Dissemos que o cheque é uma ordem de pagamento à vista (LC, art. 32). Nos 
dizeres do STJ “A emissão de cheque pós-datado, popularmente 
conhecido como cheque pré-datado, não o desnatura como título de 
crédito, e traz como única consequência a ampliação do prazo de 
apresentação”. 
 
Desta forma, está incorreto o seguinte item apresentado no exame da Ordem 
dos Advogados do Brasil/2004: O cheque é uma ordem de pagamento à vista, 
sendo que qualquer menção em contrário o inutiliza como título de crédito. 
 
Como bem salientou o E. STJ, a única consequência é a ampliação do prazo de 
apresentação do título. Não será o cheque desnaturado como título de crédito! 
A emissão do cheque pré-datado é aceita como praxe, não havendo alicerce 
jurídico para tanto. 
 
Então, o que temos de saber é o seguinte: o cheque é ordem de 
pagamento à vista. Contudo, a emissão de cheque pré-datado é aceita 
no Brasil, por ser praxe, trazendo como única conseqüência a 
ampliação do prazo de apresentação, não o desnaturando como título 
de crédito! 
 
A Súmula 370 do STJ propõe que “caracteriza dano moral a apresentaçãoantecipada do cheque pré-datado". 
 
Assim, encontra-se plenamente aceita em nossos tribunais pátrios a 
possibilidade de emissão de cheque pré-datado, embora constitua verdadeiro 
costume contra legem. 
 
Outro assunto interessante, diz respeito ao endosso dos cheques. 
 
Art. 18 O endosso deve ser puro e simples, reputando-se não-escrita qualquer 
condição a que seja subordinado. 
 
Importantíssimo agora: 
 
Art. 18, § 1º São nulos o endosso parcial e o do sacado. 
 
A lei que instituía a Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou 
Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF, 
qual seja a Lei 9.311/96, permitia tão somente um único endosso nos cheques, 
com o intuito de proibir a circulação de cheques sem o devido recolhimento do 
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tributo. Ocorre que a referida lei não mais se encontra em vigor, podendo o 
cheque agora ser objeto de mais de um endosso. 
 
Art. 20 - O endosso transmite todos os direitos resultantes do cheque. Se o 
endosso é em branco, pode o portador: 
I - completá-lo com o seu nome ou com o de outra pessoa (torna o endosso em 
preto); 
II - endossar novamente o cheque, em branco ou a outra pessoa; 
III - transferir o cheque a um terceiro, sem completar o endosso e sem 
endossar. 
 
O detentor de cheque "à ordem’’ é considerado portador legitimado, se provar 
seu direito por uma série ininterrupta de endossos, mesmo que o último seja 
em branco. Para esse efeito, os endossos cancelados são considerados não-
escritos (Lei do Cheque, artigo 22). 
 
Art. 23 O endosso num cheque passado ao portador torna o endossante 
responsável, nos termos das disposições que regulam o direito de ação, mas 
nem por isso converte o título num cheque ‘’à ordem’’. 
 
Sobre a classificação dos cheques, existem diversos tipos de cheques, senão 
vejamos: 
 
- CRUZADO: é o cheque em que o emitente apõe dois traços paralelos 
no anverso do título (LC, art. 44). A principal finalidade do cruzamento é 
impedir que um cliente saque o cheque no caixa, permitindo-se apenas que se 
pague através de crédito em conta corrente. O parágrafo primeiro do art. 44 
dispõe que se diz geral o cruzamento que contenha as duas linhas em branco, 
ou que apenas contenha a palavra banco (sem especificações) entre as suas 
linhas. Será especial o cruzamento se existir nome específico do banco entre as 
linhas do cruzamento. 
 
- VISADO: também é conhecido por cheque bancário, cheque de caixa ou 
cheque comprado. Está previsto no artigo 7º da Lei 7.357/85 (Lei do Cheque), 
é aquele em que o emitente solicita ao banco (sacado) que vise, certifique, o 
cheque, atestando haver fundos para pagamento durante o prazo em que o 
título será apresentado. 
 
O CESPE, sobre o assunto, formulou a seguinte questão: 
 
(Cespe/Defensor Público do Ceará/2008) Considere que, ao efetuar o 
pagamento de um automóvel recentemente adquirido, Lucas tenha emitido 
cheque em que, no verso, havia sido lançada declaração do banco indicando a 
existência de provisão de fundos para a sua liquidação, durante o prazo de 
apresentação do título de crédito. Nessa situação, o cheque utilizado por Lucas 
é considerado um cheque administrativo ou bancário. 
 
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O item está incorreto. Apontou-se na assertiva o conceito de cheque visado e 
não de cheque administrativo. 
 
- ADMINISTRATIVO: é o cheque emitido pelo próprio banco. A instituição 
financeira figurará como sacador e sacado. Pode ser comprado pelo cliente em 
qualquer agência bancária. O banco o emite em nome de quem o cliente 
efetuará o pagamento. 
 
- ESPECIAL: assim denominado porque o banco concedeu ao titular da conta 
um limite de crédito para saque quando não dispuser de fundos. O cheque 
especial é concedido ao cliente mediante contrato firmado previamente. 
 
- VIAGEM/TURISMO: (traveler check) é um tipo de cheque emitido em 
quantia prefixada, traz uma quantia expressa, em moeda estrangeira. Serve 
para atender gastos em viagens internacionais, tendo a vantagem sobre o 
dinheiro em espécie de ter proteção contra furto, roubo ou perda. 
 
Falemos, agora, do prazo para apresentação do cheque. 
 
O portador do cheque deve apresentá-lo para pagamento no prazo de 30 dias, 
quando emitido no lugar em que for pago, ou 60 dias, se emitido em lugar 
diverso ou no exterior (LC, art. 33). 
 
Esvaido o prazo in albis perde-se o direito de executar os coodevedores. 
 
Uma vez expirado este prazo, o beneficiário do cheque tem ainda o prazo de 
6 meses para promover a execução (LC, art. 59) ou tentar receber do 
banco. 
 
Art. 40 O pagamento se fará à medida em que forem apresentados os cheques 
e se 2 (dois) ou mais forem apresentados simultaneamente, sem que os fundos 
disponíveis bastem para o pagamento de todos, terão preferência os de 
emissão mais antiga e, se da mesma data, os de número inferior. 
 
Se o portador não apresentar o cheque em tempo hábil ou não comprovar a 
recusa de pagamento na forma acima, perderá o direito de execução contra o 
emitente, caso se comprove que este tinha fundos disponíveis durante o prazo 
de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja 
imputável (art. 47, § 3.º, da LC). 
 
O protesto do cheque acontece pela ausência de fundos. Se a ação é 
proposta contra o emitente e seus avalistas, não há necessidade de protesto. 
Se proposta contra endossantes e respectivos avalistas, exige-se o protesto. 
 
PROTESTO – CHEQUE!! 
Cobrança dos endossantes e seus avalistas  necessário 
Cobrança do emitente e seus avalistas  desnecessário 
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O protesto ou as declarações devem ser feitos no lugar de pagamento ou do 
domicílio do emitente, antes da expiração do prazo de apresentação. Mas se a 
apresentação ocorrer no último dia do prazo, o protesto ou as declarações 
podem fazer-se no primeiro dia útil seguinte (art. 48 da LC). 
 
Se, após o protesto, o cheque for pago, o protesto poderá ser cancelado, a 
pedido de qualquer interessado, mediante arquivamento de cópia autenticada 
da quitação que contenha perfeita identificação do cheque no Cartório de 
Protesto de Títulos (art. 48, § 4.º, da LC). 
 
CUIDADO!!! Algumas questões propõem o prazo de 6 meses para promover a 
execução contados a partir da emissão. Está errado! O prazo é de 6 meses 
após o transcurso dos 30 ou 60 dias. 
 
Advirta-se! Olhem este item proposto no concurso para Juiz Substituto TRT 23ª, 
em 2008: a ação de execução do cheque prescreve em seis meses contados da 
data de sua emissão. 
 
Perceba-se que o item incidiu no exato erro que estamos alertando. 
 
O mesmo assunto foi cobrado no concurso para Juiz Federal da 5ª região 
elaborado pelo CESPE, em 2009, item incorreto: O prazo prescricional do 
cheque é de seis meses a contar da data da sua emissão. 
 
Amigos, outro aspecto importante é o seguinte: 
 
Após a prescrição do cheque (6 meses a contar a expiração do prazo para 
apresentação) não é mais possível sua execução. Contudo, cabe, nesta 
hipótese, uma ação deenriquecimento ilícito, também conhecida como 
ação de locupletamento. O prazo para impetrar esta ação é de 2 anos a 
partir do dia em que findar a prescrição da ação cambial. 
 
Por fim, mesmo que prescreva a ação de locupletamento, caberá a ação por 
cobrança ordinária, desde que se comprove a relação que deu causa à 
emissão do cheque. 
 
Art. 62 Salvo prova de novação, a emissão ou a transferência do cheque não 
exclui a ação fundada na relação causal, feita a prova do não-pagamento. 
 
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DUPLICATAS 
 
A duplicata é o título de crédito emitido com base em obrigação proveniente de 
compra e venda comercial ou prestação de certos serviços. Rege-se pela 
Lei 5.474/1968. 
 
É conhecida por ser um título causal, ou seja, encontra-se vinculada à relação 
jurídica que lhe dá origem que é a compra e venda mercantil. 
 
Contudo, tão logo emitida, a duplicata deixa de ter nexo com o negócio que lhe 
deu origem, tornando-se independente. Essa distinção deve estar clara na 
cabeça: não obstante se perfaça em título de crédito causal, assim que 
emitida, deixa de ter nexo com o negócio jurídico que lhe deu origem. 
 
Somente a compra e venda mercantil (e a prestação de serviços) permite o 
saque da duplicata mercantil. 
 
Art. 1º Em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes 
domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, 
contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá 
a respectiva fatura para apresentação ao comprador. 
 
Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata 
para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra 
espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela 
importância faturada ao comprador. 
 
Percebam que a lei diz prazo não inferior a 30 dias para a emissão 
obrigatória de fatura. Se o prazo for menor, torna-se facultativa a emissão. 
 
De acordo com a lei, uma só duplicata não pode corresponder a mais de 
uma fatura (LD, art. 2º, §2º). 
 
Segundo a lei, a duplicata conterá: 
 
I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem; 
II - o número da fatura; 
III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; 
IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador; 
V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso; 
VI - a praça de pagamento; 
VII - a cláusula à ordem; 
VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-
la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial; 
IX - a assinatura do emitente. 
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A lei ainda prescreve que na duplicata poderão constar outras indicações, desde 
que não alterem sua feição característica (LD, art. 24). 
 
Vamos ver um modelo de duplicata, com todos os requisitos expressos acima: 
 
 
 
Fonte: http://www.cosif.com.br/imgs/leisfn/dm.jpg 
 
Nos casos de venda para pagamento em parcelas, poderá ser emitida duplicata 
única, em que se discriminarão todas as prestações e seus vencimentos, ou 
série de duplicatas, uma para cada prestação distinguindo-se a numeração 
sequencial, pelo acréscimo de letra do alfabeto, também em seqüência (LD, art. 
2º, §3º). 
 
Falaremos agora sobre o aceite. Vimos que entre os requisitos para emissão de 
uma duplicata consta a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da 
obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial. 
 
Assim, com base nesse texto legal, tem-se que o aceite é o reconhecimento da 
dívida pelo sacado (comprador/recebedor dos serviços). O aceite, na 
duplicata, é obrigatório (na letra de câmbio é facultativo). 
 
GRAVE-SE, ACEITE: 
Duplicata  Obrigatório 
Letra de câmbio  Facultativo 
 
Depois de emitida a duplicata deve ser remetida ao comprador para que se dê o 
aceite, no prazo de 30 dias a contar da emissão. 
 
Art. 6º A remessa de duplicata poderá ser feita diretamente pelo vendedor ou 
por seus representantes, por intermédio de instituições financeiras, 
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procuradores ou, correspondentes que se incumbam de apresentá-la ao 
comprador na praça ou no lugar de seu estabelecimento, podendo os 
intermediários devolvê-la, depois de assinada, ou conservá-la em seu poder até 
o momento do resgate, segundo as instruções de quem lhes cometeu o 
encargo. 
 
O comprador, por sua vez, deve devolvê-la em um prazo de 10 (dez) dias. 
 
Como o aceite é obrigatório, em regra, o comprador não pode recusá-lo. 
Todavia, a LD, arrola hipóteses em que caberá a recusa do aceite: 
 
IMPORTANTÍSSIMO - HIPÓTESES DE RECUSA AO ACEITE NA 
DUPLICATA 
 
Art. 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de: 
I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não 
entregues por sua conta e risco; 
II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das 
mercadorias, devidamente comprovados; 
III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. 
 
O assunto foi cobrado recentemente pela FCC com o seguinte teor: 
 
(MP CE/2009/FCC) Quanto aos títulos de crédito, é correto afirmar que a 
divergência nos prazos ou nos preços ajustados com o vendedor não é motivo 
de recusa de aceite de uma duplicata mercantil pelo comprador. 
 
O item está errado, uma vez que é sim motivo para a recusa de aceite. 
 
Temos, portanto, o seguinte esquema: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O aceite da duplicata pode ocorrer das seguintes formas: 
 
 
 
 
Emissão de 
duplicata 
Envio para aceite: 30 dias 
(obrigatório) 
Devolução: 10 dias 
Pode rejeitar por: 
1) Avaria/não recebimento da mercadoria; 
2) Vício, defeito, diferença nos produtos; 
3) Divergência no prazo/preço ajustado. 
 
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FORMAS DE ACEITE DA DUPLICATA 
 
a) aceite expresso ou ordinário: resultante de assinatura lançada no título 
pelo comprador; 
b) aceite por comunicação: resultante de retenção da duplicata pelo sacado, 
autorizado por instituição financeira cobradora, e de comunicação escrita do 
aceite (LD, art. 7º, § 1º); 
c) aceite tácito ou presumido: resultante da prova de recebimento das 
mercadorias, da falta de recusa justificada do aceite, no prazo de 10 dias, e do 
protesto do título (LD, art. 15, inc. II). 
 
Dessa forma, a Fundação José Pelúcio, no concurso para AFTE RO em 2006, 
apresentou o seguinte enunciado: Dos títulos de crédito abaixo relacionados, 
aquele que admite o instituto do denominado aceite presumido é (...). Ficou 
fácil inferir que a resposta correta é duplicata. 
 
Mas, e se a duplicata for enviada para aceite e, no meio do caminho, houver 
perda, extravio? Neste caso, o vendedor deve lançar mão da TRIPLICATA, 
prevista no artigo 23 da LD: 
 
Art. 23. A perda ou extravio

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