Associação de Durkeim ao filme O Sorriso de Monalisa

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O Sorriso de Monalisa
SP
2016
Ficha Técnica do Filme
Gênero: Drama
Diretor: Mike Newell
Roteiro: Lawrence Konner, Mark Rosenthal
Elenco: Dominic West, Ginnifer Goodwin, John Slattery, Julia Roberts, Julia Stiles, Kirsten Dunst, Maggie Gyllenhaal
Produção: Deborah Schindler, Elaine Goldsmith-Thomas, Paul Schiff
Trilha Sonora: Rachel Portman
Duração: 117.
Finalidade
O presente trabalho apresenta uma análise acerca do filme ‘’ O Sorriso de Monalisa’’, que aborda o papel do professor enquanto educador sendo influenciado pelo contexto social. No filme é possível identificar a interferência do social na pratica pedagógica. A nova professora de história da arte é desafiada a lecionar no tradicional colégio Wellesley, que é extremamente influenciado pela cultura vivida na década de 50, ela é assim obrigada a adotar uma pedagogia que desacomode suas alunas, permitindo a expansão de ideias que vão muito além das apostilas institucionais. O desafio de surpreender os alunos com a proposta pedagógica, estimulando-os a explorarem suas ideias ainda é enfrentado por diversos professores mesmo passados tantos anos. A finalidade do educador que assume esta postura é incentivar seus alunos a serem agentes críticos em defesa do que acreditam, e esta atuação visa quebrar paradigmas em relação a algumas escolas de práticas mais eficazes na aprendizagem dos alunos.
Resumo do filme (Sinopse Crítica)
No filme ‘’O Sorriso de Monalisa’’ são retratados com exatidão os padrões sociais e costumes aos quais estavam submetidos à sociedade daquela época (década de 50). O filme se passa em um tradicional colégio americano exclusivo para garotas, que possuía uma conduta extremamente conservadora, arraigadas aos costumes e a culturas do período. O ensino da instituição era baseado no ‘’papel aos quais as mulheres haviam nascido para desempenha-lo’’, (como cita Betty Warren, uma das alunas) que eram as funções de boa esposa, mãe e dona de casa. Eram ensinadas como se portar em determinadas situações que pudessem enfrentar na vida conjugal, sem perder a compostura, além de boas maneiras, o que falar e em que ocasião falar. Nesse contexto surge uma nova professora, considerada subversiva, por não se enquadrar no modelo exigido pela sociedade, e desse modo começam a ocorrer as mudanças de comportamento das alunas, e os conflitos resultantes na transformação de ideais e o despertar do senso crítico. Mas antes da professora de História da Arte, Katherine Watson, (interpretada por Julia Roberts), começar a inserir seus novos métodos pedagógicos, ela inicia sua aula partindo da apostila desenvolvida pela instituição, entretanto é surpreendida, pois acostumadas às questões do material didático fornecido, as alunas conheciam todas as respostas e observações acerca das obras de arte apresentadas. A matéria era totalmente decorada, e não trazia as alunas interesse ou estímulos, pois as mesmas estavam acostumadas ao ambiente escolar. A professora viu-se obrigada a mudar seu método de ensino, já que se sentiu-se desafiada pelas alunas, assim ela começa a utilizar abordagens de ensino socioculturais, onde ela começa formar sujeitos pensantes, críticos, criativos, onde o método de ‘’decoreba’’ não tem vez, com isso ela apresentou uma outra realidade para as garotas, uma nova realidade onde elas não precisariam ser apenas excelentes esposas, além disso elas poderiam ter uma carreira, viver em sociedade e lutar pelo que era considerado certo para elas. Não bastando tudo isto, a direção da escola elaborou algumas condições a serem compridas pela educadora, caso pretendesse continuar na instituição. O propósito de Katharine era fazer a diferença, ela seguia sua própria definição e não comprometeria isso. Katharine seguiu seu caminho, não aceitou as condições estabelecidas pela instituição. Apesar da professora querer imprimir novos valores ainda existia a resistência de algumas alunas em aceitar que a mulher podia se realizar profissionalmente sem abrir mão do casamento. A ideologia que predominava era que suas vidas foram feitas para o matrimônio, sendo assim, seria uma afronta a sociedade e a sua família, a mulher se tornar independente e ter uma promissora carreira profissional, deixando em segundo plano a constituição familiar. Percebe-se no filme que a professora atingiu com sucesso seus objetivos, suas alunas já olhavam o mundo com outros olhos apesar da equipe diretiva não aprovar seu método de ensino. Na área da educação deveríamos fazer algumas reflexões sobre a capacidade de conseguir, nos momentos de crise, superar as adversidades que surgem em sala de aula e as impostas pela diretoria, bem como a iniciativa de utilizar os recursos e aplicação de estratégias úteis no desenvolvimento educacional dos alunos, por exemplo a pesquisa do entorno.
Análise Sociológica (parte teórica)
 Para uma melhor analise, e associação entre as teorias de Emile Durkheim, sobre sociedade ressaltaremos alguns pontos chaves do filme. No enredo de ‘’O sorriso de Monalisa’’, a professora Katherine Watson, começa a lecionar na Wesley College (colégio tradicionalista situado na cidade de Massachusetts) e se vê obrigada a seguir o padrão de didática aplicada no colégio. De início a professora percebe que as alunas tem uma fora mecânica de ensino, pois ao mostrar slides referentes ao livro adotado, as alunas já haviam lido e decorado, sem questionamentos no decorrer da trama, a professora, através de uma nova pratica desperta a consciência crítica das alunas, causando impactos no colégio, que a consideravam subversiva por exprimir suas ideias, e a transformações de algumas alunas, devido a fatores emocionais, e devido a nova perspectiva do papel da mulher na sociedade. O Filme ilustra com perfeição as teorias de Emile Durkheim, retratando uma sociedade burguesa conservadora, representada pelo Colégio Wesley. As aulas ministradas, como de oratória, elocução, postura, como cruzar e descruzar as pernas são parte do currículo. O tradicionalismo é tamanho que uma enfermeira é expulsa da escola por dar um método contraceptivo a uma aluna. “Contraceptivos no campus, enfermeira encoraja promiscuidade”. Isso segundo a direto da escola, que não aceitou tal audácia expulsando a enfermeira para demonstrar autoridade e respeito para as alunas. 
“Para Durkheim, o interesse coletivo impõem regras às condutas individuais.” (MEKSENAS Paulo, Sociologia da Educação, Edições Loyola,2015 - p18). 
Os métodos de ensino apresentado no filme, são exclusivamente de transmissão do conhecimento, sem questionar. Para Durkheim a educação tem essa função de conservar o conhecimento para passa-lo adiante. Em suas teorias Durkheim compara a sociedade com um organismo vivo, onde cada instituição tem sua função a cumprir, para manter este “corpo” saudável. A escola, uma das instituições, tem a função de preparar o indivíduo para sua inserção na sociedade. Na escola, o indivíduo recebera o conhecimento, este de acordo com o acumulado historicamente, as regras de convívio, o valor sócio moral da sociedade na qual será incluso. Conforme Durkheim, a escola transformará o indivíduo em um ser social ativo. O filme relata esta aplicação das teorias de Durkheim, ao caracterizar as alunas submissas, sendo doutrinadas a ser como suas mães, esposas cultas e prendadas, mostrando seu papel social. O conservadorismo propagado pela família (valores morais) e na escola (regras sociais), como descrito por Durkheim. Outro aspecto importante, e muito visível no filme, são os conflitos entre a professora Katherine Watson e seus superiores.
‘’ Picasso fará pelo século XX o que Michelangelo fez pelo Renascimento”, você diz em sua tese. “Então, estas telas produzidashoje só com borrões de tinta merecem tanto nossa atenção quanto a capela Cistina?” (O SORRISO de Mona Lisa. Direção: Mike Newell. Roteiro: Lawrence Konner e Mark Rosenthal. [S.I]: Columbia Pictures Entertainment, 2003. 1 DVD (119 min), color.) 
Fazendo o uso da mesma analogia de Durkheim, onde a sociedade é comparada a um corpo, podemos afirmar que a professora Watson, é um organismo nocivo para o corpo social, pois tanto em sua vida pessoal, como vida profissional, destoa do modelo determinado pela sociedade. Seus valores morais não são os mesmo apresentados pelas suas companheiras e suas alunas. A mesma não tem a mesma ambição de casar-se, ter filhos. Katherine exibe o oposto proposto pela sociedade da década de 50. 
“Eu gostaria de me casar, mas se isso não acontecer, tudo bem” (O Sorriso de Monalisa. Director: Mike Newell. Roteiro: Lawrence Konner e Mark Rosenthal. [S.I]: Columbia Pictures Entertainment, 2003. 1 DVD (119 min), color).
 Uma das cenas, a professora expressa esse sentimento, de que sua vida é muito mais que se casar e ter filhos, perpetuar a tradição, opondo-se as ideias de Durkheim. Ao analisar esta personagem, seguindo as teorias de Durkheim, ela seria a representação do problema do ‘’SER INDIVIDUAL’’, estar acima da sociedade, os conflitos gerados, a ideia de subversão são determinadas por esta sociedade justamente, pela quebra do paradigma, ao ponto que há algo novo, como uma nova prática de ensino, na qual não perpetue o tradicional, ou conserve os valores morais da sociedade, a mesma se torna “doente”. Durkheim afirmou em tese que a sociedade está acima do indivíduo, e para viver em sociedade é necessário os indivíduos compartilhem dos mesmos hábitos (valores morais e regras sociais). Esta obra, eficiente do ponto de vista didático para o uso de exemplo das teorias de Durkheim, evidencia que por não compartilhar dos mesmo hábitos, da sociedade a qual foi inserida, burguesia americana dos anos 50, o choque histórico cultural do indivíduo, representado pela professora.
“A educação consiste numa socialização metódica das novas gerações. Em cada um de nós, já o vimos, pode-se dizer que existem dois seres. Um constituído de todos os estados mentais que não se relacionam senão conosco mesmo, e com os acontecimentos de nossa vida pessoal; é o que poderia chamar se, SER INDIVIDUAL. O outro é um sistema de ideias, sentimentos e hábitos, que exprime em nós, não a nossa individualidade, mas o grupo, ou os grupos diferentes de que fazemos parte; tais são as crenças religiosas, as crenças ou praticas morais, as tradições nacionais ou profissionais, as opiniões coletivas de toda a espécie. Seu conjunto forma o ser social. Constituir esse ser social em cada um de nós – tal é o fim da educação.” (MEKSENAS Paulo, Sociologia da Educação, Edições Loyola,2015 – p40).
 Contudo podemos concluir esta análise, através de duas abordagens; a sociedade mostrada, conservadora, perpetuando seus valores, sem questionamentos, conforme teorizado por Émile Durkheim. Enquanto sociedade, o filme mostra o que é comum nos dias atuais, os interesses não são os mesmo, por muitos anos perduraram esta ideia, relacionado as mulheres, os meios para perpetuar essa tradição mudaram, com a evolução tecnológica, a sociedade ampliou essa reprodução em massa, através da televisão. Nos anos 80 e 90, no Brasil, novelas, cultura de massa, vendiam a ideia da moça recatada, boa filha, futura boa esposa e mãe, em busca do bom partido, este por sua vez, eram bonito, estável financeiramente, parte da elite na maioria das vezes. Com a massificação da internet, as determinações sociais mudaram, porém se enquadram neste mesmo modelo de propagação das determinações da sociedade, vendem produtos, carros, celulares, cervejas, simbolizando a liberdade que o indivíduo possa ter consumindo tais marcas. As teorias de Durkheim não promovem mudanças de sistemas, apenas determina o bom funcionamento da sociedade, seja em qualquer sistema(Capitalista/Socialista). Outra abordagem é a educação, a metodologia administrada no colégio Wesley, é exatamente como descreve Durkheim em suas teses, o professor é só um instrumento transmissão do conhecimento, apenas ouvinte e não critico. Seus ideais, são irrelevantes, as vivencias dos alunos são dispensadas, e sua única função é se tornar um ser social ativo, de acordo com a determinação da sociedade, nesta representada pelas alunas. Exemplificando e comparando com a sociedade atual, pouco mudou em relação os métodos pedagógicos, principalmente se compararmos com sistema de ensino no Brasil. As mudanças ocorridas foram determinadas pelas necessidades da sociedade (sistema capitalista). Assim como colégio Wesley, tratava suas alunas, como uma matéria prima a ser transformada em esposa, pronta para o uso da sociedade, as escolas técnicas fazem o mesmo, é fabricação em massa da mão de obra necessária para que o sistema em que vivemos possa seguir seu fluxo. Aqueles que determinam as regras e valores, fazem o de acordo com seus interesses, e os menos favorecidos apenas perpetuam as tradições. No entanto, o filme mostra que através do professor é possível rever alguns conceitos, a personagem de Julia Roberts, apresenta uma proposta de mudança na metodologia, baseada nas suas crenças, e no seu ponto de vista em relação as alunas e a sociedade na qual participa. Muito mais que subversão, Katherine Watson, é símbolo que para que possamos ter uma educação mais ativa, formadora de indivíduos pensantes, críticos quanto ao modo de vida apresentado pela sociedade, e possibilitando um equilíbrio entre todos, devemos pôr em prática nossas convicções como professores, de ir na contra mão de sistemas de ensinos ultrapassados, pouco atrativo para os mais jovens, justamente por conservar métodos, muitas vezes há mais de 50 anos e não considerar o histórico cultural deste aluno. Caracterizado por esta personagem, o filme mostra de forma romântica, a dificuldade que um professor, recém-formado, possa ter ao iniciar suas atividades em sala de aula. Mostra também com eficiência, o quanto é difícil ser mulher numa sociedade patriarcal, e como a sociedade tem sua transformação de forma lenta, pois há muita resistência em aceitar e admirar o novo, conforme mostrado no filme. Em meio à discussão sobre a obra “Carcaça”, de Soutine (1925), presente no filme, questionamentos como: “É bom?”, “Não, nem diria que é arte. É grotesco.”, “Arte não pode ser grotesca?” “Se sugere que isso é arte, o que iremos aprender?”. Em uma conversa, a diretora da Faculdade recomenda à professora Katherine: “menos arte moderna”. O filme possui alguns clichês (mantendo a tradição), porem ao vê-lo de forma mais reflexiva, além de extremamente didático, nos questiona como ser humano, como indivíduos e o nosso papel na sociedade, sobre a questão das mulheres, e suas conquistas, e principalmente sobre liberdade. Que liberdade é essa? Se analisarmos pelo ponto de vista do movimento feminista, a igualdade seria a liberdade? Uma professora ter autonomia para praticar novos métodos de ensino é liberdade? Em suma, podemos dizer que, liberdade nada mais é o que nos determinaram para que possamos ver sentido nesta sociedade, tão segregada, desiquilibrada socialmente, e doente. As instituições comprometem o funcionamento do corpo social, descrito por Durkheim, por agirem de acordo com seus interesse. 
Considerações Finais
Como virmos anteriormente, o filme ‘’ O Sorriso de Monalisa’’, teve um papel extremamente importante para a compreensão das ideias de Durkheim. O filme complementa a ideia de educação conservadora de Durkheim, mostrando seus pontos fortes e fracos, acentuando como uma instituição pode se tornar ‘’doente’’ devido a uma mudança não proposta, o que pode afetar todos órgãos do ‘’corpo’’ e desestabiliza-lo. Por outrolado vemos a questão de gênero onde, as mulheres não tinham voz nem vez na sociedade, onde não era vista a possibilidade da igualdade de gênero. E como a escola repete as ações da sociedade, isso se reflete no interior da escola com relação as alunas, nesse caso os professores devem transmitir aos alunos a importância da igualdade de gênero, ensinando aos alunos que há dignidade em cada pessoa independente do seu sexo, garantindo o respeito entre os mesmos, e mostrando os preconceitos de modo a serem evitados, assim como a discriminação das pessoas em geral, pois isso também afeta os órgãos da sociedade, e devemos preservar nossa sociedade para que ela funcione adequadamente sem erros.
ANEXO 1
Curiosidades sobre o Filme
Para se preparar para o papel a atriz Julia Roberts assistiu aulas de História da Arte na Universidade de Nova York.
O filme recebeu uma indicação ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Canção Original (‘’ The Heart of Every Girl’’).
Provavelmente nos perguntamos: Porque o filme tem o nome de "O Sorriso de Monalisa". ‘’Creio que seja por que ao final não sabemos com certeza se ela, a professora, saiu feliz ou triste. Não sabemos ao certo se lhe agradou verificar que algumas alunas realmente se encontravam naquela forma de cultura e se ao verificar que sua própria postura era meio que intransigente em relação ao que acreditava ser o certo e adequado. Poderia ser pra ela mas não necessariamente para outras. Na realidade penso que ela mesma tenha se questionado se também pra ela aquela forma de vida que tinha vivido até então era a mais adequada, a mais feliz. Na obra "Monalisa" de Da Vinci, não conseguimos definir se aquele sorriso, meio que sem graça, se era de felicidade, de tristeza, de cansaço, de amargura ou do que era, assim como também não conseguimos definir o sorriso da professora Katherine Ann Watson’’.
Anexo 2
Algumas imagens do filme
Referências bibliográficas
http://www.infoescola.com/biografias/emile-durkheim (Acesso em 16 de Novembro de 2016).
(MEKSENAS Paulo, Sociologia da Educação, 17° edição, Edições Loyola,2015).
 http://lounge.obviousmag.org/cinema_em_prosa/2014/06/o-sorrisode-monalisa-arte-subversao-e-feminismo-nos-anos-50.html#ixzz4QBPvoAz6 (Acesso em 16 de Novembro de 2016).
http://voltandoaosanos50.blogspot.com.br/2010/11/as-mulheres-da-decada-de-1950foram.html (Acesso em12 de Novembro de 2016).
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-40141/criticas/espectadores/
 (Acesso em 16 de Novembro de 2016).
http://www.filmow.com/o-sorriso-de-mona-lisa-t7508/ficha-tecnica/ Acesso em 16 de Novembro de 2016).
http://www.gigafilmeshd.com/2016/07/assistir-o-sorriso-de-monalisa-dublado.html?m=1 (Acesso em 12 de Novembro de 2016).