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Resumo Cryptococcus

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1 
 
GÊNERO CRYPTOCOCCUS 
→ O gênero Cryptococcus foi descrito pela primeira vez em 1894 por Francesco Sanfelice, quando 
isolada de suco de pêssego. Na época ele fez inoculação em cães, em galinhas, porquinhos da India 
e verificou tumores semelhantes a sarcoma, chamando Saccharomyces neoformans. Nesse mesmo 
ano, tiveram dois outros pesquisadores, Otto Busse e Abraham Buschke, onde o primeiro isolou da 
tíbia de humanos leveduras que apresentavam cápsulas, e o denominou Saccharomycosis hominis, 
e o estudou esses mesmo caso, e verificou formas semelhantes a coccídios. 
→ Ferdinand Curtis (1895) verificou o 2° caso de criptococose em humanos, denominando de 
Saccharomyces subcutaneous tumefaciens. O termo “cryptococcus” deriva do grego “kryptos” que 
remete aquilo que é escondido, preso, secreto. Mais tarde, em 1901, Jean Paul Vuillemin, 
denominou o mesmo organismo de Cryptococcus hominis. 
 
→ Stoddard & Cutler em 1916, verificaram que em cortes histológicos de tecidos parasitados 
apresentavam áreas claras ao redor. Incialmente acharam que essas áreas eram devido a lise 
tecidual, mudando o nome do microorganismo para Torula histolytica. Mais tarde, Freeman (1931) 
percebeu que essas áreas claras eram devido a contração que a cápsula do microorganismo sofria 
durante o processo de fixação do corte histológico. 
 
→ Rhoda Benham em 1935, estudou 22 leveduras, inclusive os isolados de Busse, Curtis e Sanfelice, 
quanto à fermentação, assimilação, morfologia colonial e sorologia. Isolados humanos pertenciam 
provavelmente a uma única espécie e aceitou a denominação Cryptococcus hominis. Mais tarde, o 
nome da espécie foi mudado para Cryptococcus neoformans, onde o primeiro termo já termo já 
havia sido criado por Kützing em 1833 e o segundo foi em respeito a denominação dada por 
Sanfelice ainda em 1894. 
 
→ As principais espécies são C. neoformans e C. gattii, cujos correspondentes na forma teleomorfa 
são, respectivamente, Filobasidiella neoformans e Filobasidiella bacillispora. Porém, antigamente, 
a segunda espécie era considerada uma variedade do C. neoformans. Em 1999, Franzot et. al. 
determinaram o Cryptococcus neoformans var neoformans sorotipo D e o Cryptococcus neoformans 
var grubii sorotipo A. Até então, fazia-se a extração de líquor para diagnóstico, e através da técnica 
de nigrosina, verificava-se uma levedura esférica e com cápsula, ligada principalmente a excretas de 
pombo, sendo considerada como C. neformans somente, com diferentes sorotipos e variedades. 
Hoje, entretanto, considera-se o primeiro como C. neoformans, com os sorotipos A, D, e, AD, e o 
segundo como C. gattii, com os sorotipos B e C. 
→ Os fatores que estimulam a fase sexual são: 
 Material vegetal de modo geral; 
 Íons cobre; 
 Excretas aviárias; 
 V8 (suco que leva a vários vegetais); 
 Falta de nitrogênio; 
 IAA (álcool acético indólico); 
 Inositol. 
→ Fatores que inibem a reprodução sexuada: 
 Alto teor de CO2; 
2 
 
 Água (umidade); 
 Temperatura de 37°C 
 Luz 
 
→ Baseado na biologia molecular, foi possível determinar ainda variedades dentro das espécies de 
Cryptococcus. Conseguiram 8 tipo moleculares diferentes. O VN1 (variedade neoformans, 
corresponderia ao sorotipo A, seria C. neformans da variedade Grubii). O VN2 é a mesma coisa, pois 
seria o sorotipo A. O VN3 seria um hibrido, o VN4 seria o serotipo D. O VG1 seria do sorotipo gati. 
Abaixo mostrando quatro tipos moleculares de C. neoformans. 
 
→ O aspecto morfológico da colônia em meio Saboraud é mucoide, incialmente branco, com 
aspecto de doce de leite, podendo mudar para castanho mais tarde. Ocupa o espaço que existe 
entra a parede do tubo e o meio, quase como se “escorregasse” conforme crescesse. Quando 
colocado em meio com compostos fenólicos, como a dopamina, cresce colônias marrons. Na 
ausência de dopamina, usa-se Ágar niger. 
→ A diferenciação de C. neoformans é C gattii ocorre através da assimilação do segundo a vários 
compostos como: nitrato, D-prolina, D-tritofano, Ácido málico, ácido fumárico, glicina. Além disso, 
o C. gattii também suporta canavanina, crescendo em sua presença. O C. neoformans não assimila 
nenhuma das substâncias citadas e também não cresce na presença de canavanina. 
→ Com base no aspecto de crescimento com canavanina, foi criado um meio chamado CGB com 
canavanina, glicina e azul de bromotimol, indicador de pH. Se o meio ficar azul, então trata-se de C. 
gattii; do contrário, se não houver crescimento, trata-se de C. neoformans. A glicina serve como 
fonte de carbono. Outra alternativa é o GCP que contém glicina, cicloheximida e vermelho de fenol, 
deixando o meio vermelho caso haja crescimento de colônia. Como o C. neoformans não cresce na 
presença de cicloheximida e C. gattii cresce, é possível fazer a diferenciação. Entretanto, esse meio 
não é tão confiável quanto o primeiro, uma vez que algumas cepas de C. neoformans são um pouco 
resistentes a cicloheximida e podem crescer. A glicina, da mesma forma que o primeiro meio, serve 
como fonte de carbono. Outro meio, pouco importante é o CDBT (creatinina, dextrose, azul de 
bromotimol, tiamina). 
→ Do ponto de vista da epidemiologia, o C, neoformans tem sido fortemente associado a excretas 
de pombo. Trabalhos recentes têm demonstrado sua presença de diferentes espécies de pássaros. 
O fungo não é patogênico para as aves, principalmente devido a alta temperatura destas aves 
(42°C). Sua associação a excretas desses animais ocorre devido a sua capacidade assimilar a 
creatinina, além de outros componentes presentes na urina, como purinas, xantinas e ácido úrico, 
os quais funcionam como fatores de crescimento. O C. neoformans pode ser encontrado em todas 
as regiões do mundo, predominando o sorotipo A. Os sorotipos D e C predominam nos EUA e 
Colômbia. 
3 
 
→ O C. gattii, por outro lado, vive em associação com plantas, tendo sido isolado de madeira em 
decomposição, cavidade de árvores e, com relativa frequência, de eucalipto. Acreditava-se, antes, 
haver relação somente com áreas tropicais e subtropicais. Hoje, é cada vez mais evidente a 
existência de uma associação epidemiológica entre eucaliptos (habitat do Cryptococcus) e 
ocorrência de infecções em seres humanos e em animais que vivem junto a essas arvores, como é 
o caso dos coalas na Austrália. Aqui no Brasil, o eucalipto é uma árvore exótica. Como hoje muitas 
espécies hibridizam, é difícil saber qual espécie está associada ao Cryptococcus, e logo, são várias 
as espécies que apresentam esse microrganismo. Existem duas teorias sobre a associação do fungo 
com o eucalipto: 
 Endofítico: o fungo estaria dentro dos vasos do vegetal, onde no momento da floração ele 
sairia na forma basidiósporos. 
 Epifítico: presenta na parte externa, como em cascos das árvores. Nestes ocorre a lignina, e 
o fungo produz lignase. Por isso, pode ser a hipótese mais aceita. 
→ As espécies de eucalipto associadas com o fungo são: Eucalyptus tereticornis, E. camaldulensis, 
E. rudis, E. gomphocephala, E. blakelyi. Mais tarde foi isolado das espécies Cassia grandis, Ficus , 
Chapéu de praia e outros. O Cryptococcus pode ser isolado ainda de água de bebedouro, poleiro, 
alimentos, e alguns insetos que entram em contato com as fezes (besouros e barata), solo 
contaminado com fezes de aves, fezes de morcegos, poeira, principalmente dos portadores de HIV 
(pois a criptococose é o principal indicativo de HIV). 
 
→ Fatores interferentes na presença de Cryptococcus: 
- PH do material (fezes) em torno de 5,5 a 6,0 
- Temperatura (acima de 39°C é nocivo) 
- Presença de bactérias 
- Presença de amebas 
- Toxinas killer (toxinas produzida por leveduras que tem efeito deletério sobre leveduras de outras 
espécies) produzidas por Candida famata, C. parapsilosis e Pichia carsonii; 
 
→ As formas de infecçãopodem ser: 
 Inalação de leveduras ou basidiósporos. 
 Ingestão: causa criptococose gástrica. 
 
→ No caso de mastite a via de infecção é outra, que seria o canal da teta. 
→ Embora o sítio primário de infecção por Cryptococcus seja o pulmão, a criptococose é, sobretudo, 
uma doença do sistema nervoso central, porque em um número considerável de indivíduos 
infectados o fungo, ao se disseminar, atinge as meninges. É mais encontrada em pacientes 
portadores de HIV. O fungo se instala no pulmão, acoplando-se no alvéolo, desenvolve-se e alcança 
a corrente sanguínea, sendo carreado para o SNC. A via mais comum é a inalação de partículas 
contaminadas em suspensão no ar, sendo por leveduras ou basidiósporos. As evidências do pulmão 
como primeira via de infecção são: 
 Isolamento do agente a partir do ar 
 Tamanho apropriado das partículas 
 Alguns pacientes apresentam lesões nos pulmões 
 Isolamento do escarro 
 Pneumonia precedente à meningite criptocócica 
 Existem cepas clínicas de C. neoformans geneticamente semelhantes a ambientais 
4 
 
 Instilação nasal e no espaço retro-orbital em camundongos; 
→ A distribuição no Brasil se dá com prevalência na região Sudeste. Os maiores casos são em São 
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Como essas regiões recebem grande número 
de imigrantes de outros estados, esses dados podem não ser muito corretos. 
 
→ Os fatores predisponentes, principalmente para o C. neoformans: 
 Glicocorticoterapia; 
 Transplantes; 
 Síndromes de falência dos órgãos; 
 Diabetes mellitus; 
 Doenças reumatológicas 
 Doenças pulmonares crônicas 
 Doenças hematológicas malignas 
 Câncer 
 Desordens linfoproliferativas 
 Terapias imunossupressoras 
 HIV. 
 
→ O C. gattii é altamente virulento e não precisa que o sistema imune do hospedeiro esteja 
debilitado. Apesar disso, é mais dificilmente encontrado. 
→ O animal doméstico mais frequentemente acometido é o gato. Por ser um animal caçador de 
pássaros, ele vai até seus ninhos, de localização inacessível a outros animais, e, dessa maneira, ele 
se contamina com o fungo que é eliminado junto com as fezes de certas aves, como é o caso de 
pombos. Por estar mais frequentemente no solo, também pode se contaminar. Apresentam lesões 
que chamam-se “nariz de palhaço”, devido ao abaulamento que ocorre nessa região. 
→ Em condições ambientais de baixa umidade, a cápsula do Cryptococcus colapsa, protegendo o 
fungo contra a desidratação. Assim, ele se apresenta como uma estrutura globosa, pequena o 
bastante para atravessar s barreiras físicas existentes na mucosa respiratória e chegar até os 
alvéolos pulmonares. 
→ Os fatores de virulência são: 
 Mating type α: umas das células essências para a fase sexual. É mais virulento que a célula 
A, e também é predominante; 
 Calcineurina A e temperatura: o crescimento a 37ºC em atmosfera similar a 5% de CO2 e pH 
7,3. A sobrevivência a esta temperatura depende da calcineurina, enzima ativada por íons 
de cálcio. 
 Cápsula: quando é pequena, no ambiente, é compatível com a deposição alveolar. Depois 
que o fungo se desenvolve no organismo, a cápsula aumenta, dificultando a fagocitose, 
através de estudos que envolvia a excisão do gene responsável pela sua expressão. É 
constituída de ácido glicurônico, xilose, manose, e proteínas. O fatores que estimulam o 
crescimento da cápsula são: baixo teor de ferro, soro sanguíneo, CO2, íons de Ca+. Alto teor 
de cloreto de sódio são fatores que inibem seu crescimento. 
5 
 
 Manitol: produzido pelo agente. Altas concentrações de Crytococcus no SNC leva ao edema, 
diminuindo o edema e levando a remoção de radicais OH, aumento da resistência do agente 
ao estresse pelo calor e pressão osmótica. 
 Melanogênese: é um fenômeno observado em cultivos de C. neoformans, quando se vê a 
formação de colônias de cor castanha a marrom-escura na superfície de meios de cultura 
adicionados a diidroxifenois (meio com dopamina). A difenoloxidase, que é responsável pela 
melanogênese, catalisa a conservação de DOPA a dopaquinona. Esta sofre um rearranjo a 
dopacromo e este, inicialmente é polimerizado a melanocromo e depois a melanina. Como 
o cérebro é rico em catecolaminas, dopa, norepinefrina, todas as substancias que podem ser 
utilizadas na melanogênese, é compreensível que o órgão-alvo seja o SNC. Isso é visível 
quando animais experimentais quando infectados com o fungo, apresentam o cérebro 
escuro. 
 Urease: estudos onde fez-se a retirada do gene responsável pela expressão dessa enzima, 
os fungos, quando inoculados em coelhos, não provocaram sua morte e os animais 
sobreviveram. 
 Proteases e fosfolipases: são enzimas importantes na virulência, onde a primeira faz a 
degradação de proteínas como as imunoglobulinas, e a segunda faz a degradação de 
fosfolipídios, auxiliando o microrganismo a entrar nos tecidos. A detecção de proteases pode 
ser feita pelo cultivo em Ágar para protease, que é constituído por um meio básico 
adicionado de soro de albumina bovina, com incubação a 32°C por até 15 dias. O teste é 
positivo quando ocorre uma zona transparente ao redor da colônia. 
 
→ Isolamento: depende de onde o material provém, ambiental ou de material clínico (líquor, swabs 
nasais, lavados traqueais, biópsia de tecidos). Neste caso, usa-se meio Sabouraud dextrose a 4% 
acrescido de cloranfenicol (100 mg/ litro), levando até meses para a colônia crescer. No caso se 
isolado em meio com cicloheximida, pode ou não haver crescimento, dependendo da espécie, como 
dito anteriormente. Para tanto, pode-se usar de meio DOPA (leva dopamina, asparagina, glicina, 
creatinina, glutamina, sulfato de magnésio e sulfato de potássio) e ágar níger. 
→ Identificação: observa-se o aspecto da colônia, e na microscopia, células muitas vezes com 
cápsula pequena. Além disso, pode ser usado o auxanograma (assimilação de fontes carbonadas e 
nitrogenadas) e zimograma (prova de fermentação), sabendo que o Cryptococcus não fermenta 
açúcares. Por fim, pode ser feito a sorotipagem através de um kit Japonês de alto custo. A prova da 
uréase é positiva para Cryptococcus. Meios CGB e GCP, além de Ágar Mycosel (que leva 
cicloheximida).

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