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Aula 11 (Prof. Marcos Girão) Direito Civil p/ TRE-PE (Analista Judiciário - Área Judiciária) - Com videoaulas Professores: Aline Santiago, Marcos Girão Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 1 de 43 Aula 11 ± Lei nº 8.245/1991 (Lei do Inquilinato) - I SUMÁRIO I - LEI nº 8.245/1991 ± LEI DO INQUILINATO (Parte I) ...................... 2 1. O Objeto da Norma ........................................................................ 2 2. O Valor do Aluguel ......................................................................... 4 3. Deveres do Locador e do Locatário ................................................ 8 3.1. Os Deveres do Locador ............................................................... 8 3.2. Os Deveres do Locatário ........................................................... 10 4. Regras de Locação em Geral ........................................................ 15 5. Sublocação .................................................................................. 27 6. Benfeitorias ................................................................................. 28 QUESTÕES DE SUA AULA .................................................................... 39 GABARITO .......................................................................................... 43 Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 2 de 43 I - LEI nº 8.245/1991 ± LEI DO INQUILINATO (Parte I) 1. O Objeto da Norma Caro aluno, a Lei nº. 8.245, publicada em 18 de outubro de 1991, regula sobre as locações de imóveis urbanos e procedimentos a elas pertinentes. Aqui estudaremos sobre as obrigações assumidas pelos inquilinos, e as de responsabilidade do proprietário do imóvel, no momento de análise e assinatura de um contrato de locação. Veremos os deveres e os direitos dos locatários e locadores. A título de esclarecimento, locador designa-se o proprietário do imóvel, enquanto locatário é o ocupante desse imóvel, mais conhecido como inquilino. Assim, portanto, a locação é a relação através da qual uma pessoa (o locador) cede temporariamente o uso e o gozo de um bem durante certo tempo a outro (locatário). O locatário se obriga a realizar pagamento de uma remuneração ou preço (aluguel). O que caracteriza o contrato de locação é o pagamento do aluguel, pois é o que vai diferenciá-lo do comodato. Pois bem, como dissemos, a Lei nº 8.245/1991, nossa Lei do Inquilinato, abrange todas as locações de imóveis urbanos, tanto das locações residenciais como as locações não residenciais. O imóvel é considerado urbano não por sua localização (urbano ou rural), mas sim por sua destinação (v.g. moradia, comércio, indústria, educação, saúde, cultura, lazer, esporte, etc. exceto agrícola). Desse modo, alguns tipos de locações não são por ela regulamentadas e saber logo de cara quais são esses tipos é uma informação importantíssima que você deve levar muito bem memorizada para a sua prova! Pois então, anota aí: Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 3 de 43 ¾ Não se aplicam ao regime da Lei nº 8.245/91, sendo regulados pelo Código Civil e pelas leis especiais: as locações: 9 de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas autarquias e fundações públicas; 9 de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; 9 de espaços destinados à publicidade; 9 em apart- hotéis, hotéis - residência ou equiparados, assim considerados aqueles que prestam serviços regulares a seus usuários e como tais sejam autorizados a funcionar; o arrendamento mercantil, em qualquer de suas modalidades. Os imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios não são regulados pela Lei do Inquilinato, porque nesse tipo de locação o locador é pessoa de direito público e o ato é disciplinado pela Lei 8.666/93. Com relação à exclusão de vagas autônomas de garagem ou apenas de espaços para estacionamento de veículos, é válido ressaltar que essa exceção atinge apenas as locações exclusivas de tais espaços, sem estarem vinculadas a qualquer imóvel (sala comercial, casa, loja ou apartamento). Ou seja, a Lei vai se aplicar para locação da vaga de garagem se também envolver a locação do imóvel conjuntamente. Como se pode ver também, foge do âmbito dessa Lei a disciplina dos contratos de locação de espaços destinados à publicidade, como, por exemplo, ³RXWGRRUV´�H�DQ~QFLRV�HP�JHUDO��6mR�RV�HVSDoRV�SXEOLFLWiULRV�HP�EHQV�DOKHLos. A Lei do Inquilinato foi toda desenvolvida para disciplinar o imóvel tido como urbano, seja ele destinado para o uso residencial ou comercial e não para espaços publicitários. Essa locação fica submetida ao regime jurídico do Código Civil. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 4 de 43 Com relação aos apart-hotéis, hotéis±residências ou assemelhados, é preciso analisar cada situação. As locações de apart- hotéis estão afastadas da Lei do Inquilinato por envolver também a prestação de serviços (recepção vinte quatro horas, serviço de refeição, serviço de quarto, segurança, etc.). A pessoa que ocupa a habitação não é locatária, e sim hóspede, ainda que resida no imóvel. Contudo, se a locação se restringir apenas à unidade autônoma em si, sem a prestação de serviços, a Lei do inquilinato poderá ser aplicada��e�R�FDVR��SRU�H[HPSOR��GRV�GRQRV�GH�³IODWV´�� A Lei do inquilinato também será observada nos casos em que espaços (salas) dos apart-hóteis são alugados para, por exemplo, serem instalados restaurantes, salões de beleza, etc. Bom, dito tudo isso, vamos destrinchar as regras da norma em estudo, a começar por aquelas que mexem no bolso do inquilino: as regras sobre o valor do aluguel. 2. O Valor do Aluguel De acordo com o que estabelece o art. 17 da Lei do Inquilinato: ¾ É livre a convenção do aluguel, vedada: 9 a sua estipulação em moeda estrangeira; e 9 a sua vinculação à variação cambial ou ao salário mínimo. É o pagamento do aluguel que caracteriza o contrato de locação. Em geral, os valores iniciais são calculados levando em consideração o preço médio do metro quadrado na região do imóvel locado, a localização (imóveis em esquina, acessos de ruas, metrô, etc.), o estado do imóvel e o valor dos encargos (IPTU, água, luz, etc). Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 5 de 43 É fundamental para o Estado que todas as pessoas tenham um local para morar e que as pessoas possam desenvolver suas atividades econômicas normalmente. Da mesma maneira, deve ser garantida ao locador a possibilidade de receber em dia. Para isso, é essencial que o valor do aluguel esteja estabilizado. Se o aluguel for fixado em moeda estrangeira, a desvalorização da moeda nacional pode elevar o valor devido; da mesma forma acontecerá se o valor do aluguel estiver vinculado à variação das taxas de câmbio ou ao salário mínimo. Na época que a leifoi promulgada, havia uma enorme inflação. Se o aluguel fosse fixado com base no salário mínimo, constantemente seria reajustado. Art. 18. É lícito às partes fixar, de comum acordo, novo valor para o aluguel, bem como inserir ou modificar cláusula de reajuste. Art. 19. Não havendo acordo, o locador ou locatário, após 03 anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado. Durante a vigência do contrato de locação, o valor do aluguel deverá ser compatível com o praticado no mercado. Esse é o valor considerado justo e que não implica em prejuízo para as partes. É por essa razão que o contrato de locação prevê que periodicamente o valor do aluguel seja reajustado. Pode ocorrer que o reajuste contratual do valor do aluguel o deixe acima dos preços de mercados para imóveis semelhantes, onerando o locatário. Ou pode ser que o valor do aluguel fique defasado, prejudicando o locador. Se as partes não chegarem a um consenso sobre o justo valor de aluguel, caberá ao Poder Judiciário fixá-lo. Quanto à revisão judicial de aluguel, esta trata-se de medida judicial cabível para locador e para o locatário ajustarem o valor do aluguel ao justo valor de mercado. Na próxima uala estudaremos mais a respeito dela. Cabe destacar que a lei exige que o locador ou o locatário observem o prazo de 03 anos da vigência do contrato de locação ou contados do último acordo sobre o valor do aluguel para que a demanda seja ajuizada. Art. 20. Salvo as hipóteses do art. 42 e da locação para temporada, o locador não poderá exigir o pagamento antecipado do aluguel. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 6 de 43 A regra geral é que é expressamente vedado ao locador exigir o pagamento antecipado do aluguel. O locatário só deve pagar o valor do aluguel e demais encargos no dia acordado em contrato e posterior ao mês vencido. Ou seja, se entre no dia 10 de outubro no imóvel, só deverei pagar o primeiro aluguel no mês posterior ao vencido, ou seja, em dezembro. Muitos locadores querem que os locatários realizem antecipadamente o pagamento dos primeiros aluguéis devido ao tempo em que o imóvel demorou em ser alugado. Entretanto, é proibida essa atitude. Bom, mas o dispositivo acima prevê exceções não é verdade? E que exceções são essas? ¾ Exceção nº 1: locação sem garantia (art. 42). ¾ Se a locação não for garantida por fiança, caução ou seguro fiança, o locador pode exigir antecipadamente o pagamento do aluguel até o 6º dia útil do mês vincendo. ¾ Exceção nº 2: locação para temporada. São aquelas locações destinadas ao turismo ou para que a locatário permaneça no imóvel por um determinado tempo. Na locação para temporada, é permitido ao inquilino realizar o pagamento de todo o preço da locação (todos os aluguéis e encargos) de uma só vez. Contudo, o prazo da locação não pode exceder 90 (noventa) dias, sob pena de descaracterizar o contrato, que passaria a ser considerado como locação por prazo indeterminado. Professor, e se o locador exigir o pagamento antecipado dos aluguéis fora dessas exceções? Aaaahh, se isso acontecer, ele comete infração penal, a ser por nós esteudada na próxima aula! Segura a ansiedade aí!! Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 7 de 43 Art. 21. O aluguel da sublocação não poderá exceder o da locação; nas habitações coletivas multifamiliares, a soma dos aluguéis não poderá ser superior ao DOBRO do valor da locação. Parágrafo único. O descumprimento deste artigo autoriza o sublocatário a reduzir o aluguel até os limites nele estabelecidos. O legislador procura coibir que o locatário obtenha vantagem econômica com imóvel do locador. Para isso, é vedado que o valor que o locatário ou sublocador recebe a título de aluguel da sublocação seja superior ao valor que ele paga ao locatário. Exemplo: determinada pessoa aluga um imóvel por R$ 1.000,00 ao mês. Em seguida, subloca esse imóvel para um terceiro, cobrando valor de R$ 1.200,00 de aluguel. De acordo com o dispositivo acima, isso não pode, é proibido pela Lei do Inquilinato. Pode ocorrer que o locatário ou sublocador subloque o imóvel locado para mais de uma família (habitações coletivas multifamiliares), recebendo diversos aluguéis. A soma desses valores não poderá ser superior ao dobro do valor da locação. Os ocupantes de habitações coletivas multifamiliares presumem-se locatários ou sublocatários. No caso das habitações multifamiliares coletivas, caberá a cada um dos sublocatários requerer a redução proporcional de seu aluguel para que a soma não ultrapasse o dobro do valor do aluguel pago ao locador. Guarde bem essas regras, beleza? Sigamos agora com os deveres dos locatários e dos locadores! Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 8 de 43 3. Deveres do Locador e do Locatário Cada uma das partes do contrato, locador e locatário, tem deveres a cumprir e a Lei do Inquilinato elenca tais deveres entre seus arts. 22 e 26. Vamos conhecê-los! 3.1. Os Deveres do Locador Aqui não tem jeito, tem que memorizar mesmo o que dispõe o art. 22 da norma em estudo. Segundo o que estabelece esse dispositivo: ¾ O locador é obrigado a: 9 entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina; 9 garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado; 9 manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel; 9 responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação; 9 fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minuciosa do estado do imóvel, quando de sua entrega, com expressa referência aos eventuais defeitos existentes; 9 fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias por este pagas, vedada a quitação genérica; 9 pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de intermediações, nestas compreendidas as despesas necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de seu fiador; Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 9 de 43 9 pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato; 9 exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes relativos às parcelas que estejam sendo exigidas; 9 pagar as despesas extraordinárias de condomínio. E atenção! ¾ Por despesas extraordinárias de condomínio se entendem aquelas que não se refiram aos gastos rotineiros de manutenção do edifício, especialmente: 9 obras de reformas ou acréscimos que interessem à estrutura integral do imóvel; 9 pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e iluminação, bem como das esquadrias externas; 9 obras destinadas a repor as condições de habitabilidade do edifício; 9 indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa de empregados, ocorridas em data anterior ao início da locação; 9 instalação de equipamento de segurança e de incêndio, de telefonia, de intercomunicação,de esporte e de lazer; 9 despesas de decoração e paisagismo nas partes de uso comum; 9 constituição de fundo de reserva. Bom, mas não é só o locador que tem obrigações! O locatário também tem deveres a cumprir! Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 10 de 43 3.2. Os Deveres do Locatário Os deveres do locatário estão elencados no art. 23 da norma, que assim dispõe: ¾ O locatário é obrigado a: 9 pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro local não tiver sido indicado no contrato; 9 servir-se do imóvel para o uso convencionado ou presumido, compatível com a natureza deste e com o fim a que se destina, devendo tratá-lo com o mesmo cuidado como se fosse seu; 9 restituir o imóvel, finda a locação, no estado em que o recebeu, salvo as deteriorações decorrentes do seu uso normal; 9 levar imediatamente ao conhecimento do locador o surgimento de qualquer dano ou defeito cuja reparação a este incumba, bem como as eventuais turbações de terceiros; 9 realizar a imediata reparação dos danos verificados no imóvel, ou nas suas instalações, provocadas por si, seus dependentes, familiares, visitantes ou prepostos; 9 não modificar a forma interna ou externa do imóvel sem o consentimento prévio e por escrito do locador; 9 entregar imediatamente ao locador os documentos de cobrança de tributos e encargos condominiais, bem como qualquer intimação, multa ou exigência de autoridade pública, ainda que dirigida a ele, locatário; Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 11 de 43 9 pagar as despesas de telefone e de consumo de força, luz e gás, água e esgoto; 9 permitir a vistoria do imóvel pelo locador ou por seu mandatário, mediante combinação prévia de dia e hora, bem como admitir que seja o mesmo visitado e examinado por terceiros, na hipótese prevista no art. 27; 9 cumprir integralmente a convenção de condomínio e os regulamentos internos; 9 pagar o prêmio do seguro de fiança; 9 pagar as despesas ordinárias de condomínio. E o que são mesmo consideradas despesas ordinárias?? ¾ Por despesas ordinárias de condomínio se entendem as necessárias à administração respectiva, especialmente: 9 salários, encargos trabalhistas, contribuições previdenciárias e sociais dos empregados do condomínio; 9 consumo de água e esgoto, gás, luz e força das áreas de uso comum; 9 limpeza, conservação e pintura das instalações e dependências de uso comum; 9 manutenção e conservação das instalações e equipamentos hidráulicos, elétricos, mecânicos e de segurança, de uso comum; 9 manutenção e conservação das instalações e equipamentos de uso comum destinados à prática de esportes e lazer; 9 manutenção e conservação de elevadores, porteiro eletrônico e antenas coletivas; Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 12 de 43 9 pequenos reparos nas dependências e instalações elétricas e hidráulicas de uso comum; 9 rateios de saldo devedor, salvo se referentes a período anterior ao início da locação; 9 reposição do fundo de reserva, total ou parcialmente utilizado no custeio ou complementação das despesas referidas nas alíneas anteriores, salvo se referentes a período anterior ao início da locação. O locatário fica obrigado ao pagamento das despesas acima citadas, tudio bem, mas desde que comprovadas a previsão orçamentária e o rateio mensal, podendo exigir a qualquer tempo a comprovação das mesmas. No edifício constituído por unidades imobiliárias autônomas, de propriedade da mesma pessoa, os locatários ficam obrigados ao pagamento das despesas acima citadas, desde que comprovadas. Art. 24. Nos imóveis utilizados como habitação coletiva multifamiliar, os locatários ou sublocatários poderão depositar judicialmente o aluguel e encargos se a construção for considerada em condições precárias pelo Poder Público. 1º O levantamento dos depósitos somente será deferido com a comunicação, pela autoridade pública, da regularização do imóvel. 2º Os locatários ou sublocatários que deixarem o imóvel estarão desobrigados do aluguel durante a execução das obras necessárias à regularização. 3º Os depósitos efetuados em juízo pelos locatários e sublocatários poderão ser levantados, mediante ordem judicial, para realização das obras ou serviços necessários à regularização do imóvel. O Poder Público considera precária a construção se a habitabilidade estiver em risco. O locador ou o sublocador podem alugar o imóvel urbano para várias famílias coabitarem conjuntamente. É o caso de pensões, cortiços, etc. O Poder Público pode considerar que o imóvel não possui condições estruturais (de higiene e de segurança). Geralmente essa avaliação será feita pela Municipalidade. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 13 de 43 Nesses casos, o locatário e o sublocatário estão autorizados a depositarem o valor do aluguel e demais encargos judicialmente, em uma conta à disposição do Juízo competente. A demanda cabível é a consignação em pagamento. Na petição inicial, o locatário ou sublocatário deverá expor o ato do Poder Judiciário que considerou o imóvel precário. E qual a razão para que tais depósitos sejam judiciais? O locatário ou sublocatário podem requerer a rescisão do contrato de locação pelo descumprimento das obrigações do locador ou sublocador. Mas, nesse caso, preferem manter o contrato de locação. O locador jamais poderá alegar que não possui dinheiro para realizar as obras de reparo necessárias. Esses valores serão a garantia de que as obras serão realizadas. O locador ou sublocador não podem levantar os valores depositados imediatamente. A regra geral é a de que os valores depositados judicialmente só poderão ser levantados pelo locador ou sublocador quando Poder Publico expressamente comunicar que o imóvel reúne condições de ser novamente habitado, sem colocar em risco a segurança e a saúde de seus ocupantes. Se o sublocatário ou locador necessitarem ou desejarem deixar o imóvel para a realização das obras de reparo, não estão obrigados a realizarem o pagamento do valor do aluguel durante o período de duração delas. É válido ressaltar que as obras que deverão ser feitas são aquelas apontadas pelo Poder Público. O depósito judicial visa exatamente garantir que as obras de reparo sejam realizadas. Por isso, mediante expressa autorização judicial, o locador ou sublocador poderá realizar o levantamento dos valores depositados para custeio das obras necessárias à regularização do imóvel. Nessa hipótese, o locador ou sublocatário deverá demonstrar ao Juízo e ao Poder Público que as obras foram realizadas, pedindo para que sua obrigação seja considerada cumprida e para que o Poder Público considere que o imóvel esteja totalmente habitável. Após a liberação do Poder Público, a demanda de consignação em pagamento será extinta e os aluguéis deverão ser pagos normalmente. Art. 25. Atribuída ao locatário a responsabilidade pelopagamento dos tributos, encargos e despesas ordinárias de condomínio, o locador poderá cobrar tais verbas juntamente com o aluguel do mês a que se refiram. Parágrafo único. Se o locador antecipar os pagamentos, a ele pertencerão as vantagens daí advindas, salvo se o locatário reembolsá-lo integralmente. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 14 de 43 É comum o locador antecipar o pagamento de algumas parcelas para obter alguns descontos. É o caso típico do IPTU. O locador pode pagar o valor antecipado para obter o desconto. Depois, ele pode repassar mês a mês ao locatário, junto com o aluguel, parcelas desse valor. Art. 26. Necessitando o imóvel de reparos urgentes, cuja realização incumba ao locador, o locatário é obrigado a consenti- los. Parágrafo único. Se os reparos durarem mais de 10 dias, o locatário terá direito ao abatimento do aluguel, proporcional ao período excedente; se mais de 30 dias, poderá resilir o contrato. Se durante a vigência da locação o imóvel locado necessitar de reparos a serem realizados pelo locador, o locatário é obrigado a consentir com as obras, sob pena de rescisão do contrato. A iniciativa pode partir do locador ou em virtude da solicitação do locatário. Que reparos são esses, professor? Bom, todos os reparos no imóvel devem ser realizados pelo locador. Ao locatário cabem pequenos reparos ou danos que ele mesmo tenha causado ao imóvel. O locatário pode recusar-se a aceitar a realização dos reparos a serem realizado pelo locador, desde que demonstre ao locador que as obras de reparo não são necessárias. Demonstrado que os reparos não são necessários, não há que se falar em recusa injustificada. E as obras de reparo não podem durar para sempre! Por essa razão, o inquilino deve pagar aluguel normalmente durante os dez primeiros dias de reparos no imóvel. Ou seja, ele pagará o aluguel proporcional a cada dia nos dez primeiros dias. Se as obras terminarem antes, ele continuará pagando aluguel normalmente, com o valor completo na data do pagamento. A lei é clara ao determinar que o locatário não terá qualquer direito ao abatimento do valor do aluguel se as obras terminarem antes dos dez dias do prazo. Se as obras se prorrogarem, ele ficará isento do pagamento pelo período excedente. Por exemplo, se os reparos durarem 20 (vinte) dias, o locatário é isento do pagamento de 10 (dez) dias de aluguel. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 15 de 43 Agora, se as obras passarem de 30 (trinta) dias, o locatário poderá requerer a rescisão do contrato de locação! Bom, agora você está pronto para conhecer as regras sobre a locação em geral, trazidas pela Lei nº 8.245/91, em seus arts. 2º ao 13. 4. Regras de Locação em Geral As regras relacionadas à locação em geral estão disicplinadas entre os arts. 2º e 13 da Lei do Inquilinato e são as seguintes: Art. 2º Havendo mais de um locador ou mais de um locatário, entende-se que são solidários se o contrário não se estipulou. Parágrafo único. Os ocupantes de habitações coletivas multifamiliares presumem-se locatários ou sublocatários (disso você já sabe!). A solidariedade apenas deixa de existir se houver expressa manifestação em sentido contrário. De maneira expressa e inequívoca, as partes devem ajustar a responsabilidade de cada uma delas em cláusula especial no contrato. Caso contrário, haverá a solidariedade entre os participantes. Voltando à questão das moradias coletivas, o parágrafo único do art. 2º da nomra em comento trata da questão das moradias coletivas. É muito comum que os contratos de locação dessa natureza sejam celebrados apenas com um morador. Os outros moradores e ocupantes são considerados pela lei como locatários e sublocatários. Em uma eventual demanda de despejo, por exemplo, todos os ocupantes devem ser citados, pois se presumem locatários ou sublocatários, devendo a sentença também produzir efeito contra eles. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 16 de 43 Art. 3º O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de vênia conjugal, se igual ou superior a 10 anos. Parágrafo único. Ausente a vênia conjugal, o cônjuge não estará obrigado a observar o prazo excedente. Como regra geral, as partes podem livremente pactuar o prazo de duração do contrato de locação, pois os dispositivos acima preveem essa liberdade para o ajuste de prazo. Se o contrato exceder mais de 10 (dez) anos, a lei determina que o cônjuge deva anuir (vênia conjugal). Essa determinação é exigida tanto para o locador quanto para o locatário. A anuência ou consentimento é necessário qualquer que seja o regime adotado pelos cônjuges e qualquer que seja a natureza da locação (comercial ou residencial). Se não houver a expressa concordância do cônjuge com o contrato estipulado por mais de 10 (dez) anos, ele não é nulo ou anulável. O parágrafo único é claro ao disciplinar que o contrato é ineficaz a partir do décimo ano. O cônjuge que não anuiu com o contrato, pode pedir judicialmente a invalidade ou ineficácia dele quanto ao prazo excedente dos 10 (dez) anos. Na prática é muito difícil encontrar contratos de imóveis urbanos residenciais ou comerciais com mais de 10 (dez) anos de prazo estipulado. De qualquer forma, é sempre prudente obter a vênia conjugal para evitar qualquer problema judicial. Art. 4o. Durante o prazo estipulado para a duração do contrato, não poderá o locador reaver o imóvel alugado. Com exceção ao que estipula o § 2o do art. 54-A, o locatário, todavia, poderá devolvê-lo, pagando a multa pactuada, proporcional ao período de cumprimento do contrato, ou, na sua falta, a que for judicialmente estipulada. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 17 de 43 O locador somente pode rescindir unilateralmente o contrato de locação (determinado ou indeterminado) dentro das hipóteses legais e taxativas. A lei do inquilinato expressamente proíbe o locador de rescindir ou findar o contrato de locação, a não ser nas hipóteses legais previstas na própria lei. O objetivo do art. 4ª da Lei do Inquilinato é manter a relação contratual e proteger o locatário de qualquer arbitrariedade do locador. A multa compensatória só é devida pelo locatário em caso de rescisão unilateral do contrato de locação. Para isso, é necessário observar os critérios de equitatividade. A multa compensatória pela rescisão contratual observará alguns requisitos: 1 - É necessário que o locatário tenha cumprido rigorosamente todas as suas obrigações contratuais até o pedido de rescisão; 2 - A multa pactuada deverá ser proporcional ao período do cumprimento do contrato, pois o valor que deve ser pago nunca poderá ser superior ao valor da obrigação principal. Ora, o prejuízo do locador pela rescisão unilateral do locatário será apenas o não cumprimento do prazo do contrato de locação e, por essa razão, a multa será proporcional; 3- Na sua falta, o Juiz deverá arbitrar um valor pela rescisão antecipada e injustificada do contrato. O Juiz, para fixar essa multa, não poderá utilizar elementos alheios ao contrato.Art. 4º. (...) Parágrafo único. O locatário ficará dispensado da multa se a devolução do imóvel decorrer de transferência, pelo seu empregador, privado ou público, para prestar serviços em localidades diversas daquela do início do contrato, e se notificar, por escrito, o locador com prazo de, no mínimo, 30 dias de antecedência. O parágrafo único traz uma hipótese de dispensa do pagamento da multa. Se o locatário for transferido por seu empregador para uma localidade diversa ao do imóvel (tanto no setor Público quanto no Privado), deverá notificar o locador por escrito, (carta ou e-mail: não há necessidade de ser judicial ou extrajudicial), com antecedência mínima de 30 dias. Apenas é necessária a prova de que o locador teve ciência inequívoca da notificação para não aplicação da multa. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 18 de 43 Art. 5º Seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica se à locação termina em decorrência de desapropriação, com a imissão do expropriante na posse do imóvel. O locador só poderá reaver ou retomar seu imóvel do locador através da demanda de despejo. O locador, portanto, não pode por conta própria ou no exercício arbitrário das próprias razões remover o locatário do imóvel objeto da locação. Tampouco poderá valer-se de demandas possessórias. Agora, se o poder público (União, Estados e Município) decretar a utilidade pública do imóvel locado e determinar a sua desapropriação, o contrato de locação deverá ser rescindido. O expropriante ou desapropriante fará a rescisão do contrato de locação através da demanda de imissão na posse. Imitir significa tomar a si - ato de fazer valer seus direitos sobre algo. Até que o expropriante seja imitido na posse do imóvel, o contrato de locação continua em vigor, devendo todas as obrigações contratuais ser respeitadas. Se eventualmente o locatário tiver prejuízos em virtude da expropriação, deverá demandar o poder expropriante. Art. 6º O locatário poderá denunciar a locação por prazo indeterminado mediante aviso por escrito ao locador, com antecedência mínima de 30 dias. Parágrafo único. Na ausência do aviso, o locador poderá exigir quantia correspondente a um mês de aluguel e encargos, vigentes quando da resilição. Se o contrato de locação está vigorando por prazo determinado, o locatário poderá unilateralmente rescindir o contrato de locação e será obrigado a pagar a multa compensatória nos termos do art. 4º da Lei do Inquilinato. Contudo, se o prazo estipulado entre as partes já venceu, o contrato passa a vigorar por prazo indeterminado, restando mantidas todas as demais cláusulas contratuais. Nessa hipótese, o locatário poderá unilateralmente e sem qualquer motivo rescindir o contrato de locação. É a chamada denuncia vazia do inquilino. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 19 de 43 A lei exige que o locatário avise o locador de sua intenção em rescindir o contrato de locação por prazo indeterminado com antecedência de 30 dias. Não é necessária a notificação judicial, ou seja, ela poderá ser feita por carta ou até mesmo e-mail. Contudo, é preciso que o locador tenha ciência inequívoca da pretensão do locador. A lei prevê uma sanção ao locatário. Se o locatário deixar de avisar o locador, deverá pagar 1 (um) mês de aluguel e encargos que estiverem em vigor na data da resilição. Se o locatário não pagar esse aluguel, poderá ser ajuizada demanda para essa cobrança. Art. 7º Nos casos de extinção de usufruto ou de fideicomisso, a locação celebrada pelo usufrutuário ou fiduciário poderá ser denunciada, com o prazo de 30 dias para a desocupação, salvo se tiver havido aquiescência escrita do nuproprietário ou do fideicomissário, ou se a propriedade estiver consolidada em mãos do usufrutuário ou do fiduciário. Parágrafo único. A denúncia deverá ser exercitada no prazo de 90 dias contados da extinção do fideicomisso ou da averbação da extinção do usufruto, presumindo-se, após esse prazo, a concordância na manutenção da locação. Professor, explica melhor isso aí? É pra já! Nem sempre o proprietário do imóvel é o locador. O locador poderá ser qualquer pessoa que tenha a posse da coisa (simples ou destacada do domínio pleno) O usufrutuário é todo aquele que, não sendo proprietário, possui o direito de usar e gozar do bem, que no caso é o imóvel urbano. Em outras palavras, o usufrutuário pode utilizar-se o imóvel, enquanto o proprietário (chamado de nuproprietário) apenas detém a propriedade. O imóvel dado em usufruto pode ser oferecido em locação. Para isso, basta possuir o título de usufruto inscrito no registro imobiliário. O fiduciário é todo aquele que recebe, por herança ou legado, do testador (chamado de fideicomitente) um determinado bem. Contudo, fica estabelecido que o fiduciário, após a sua morte, por certo tempo e sob certa condição, deve transmitir a referida herança ou legado para um terceiro, chamado de fideicomissário. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 20 de 43 Pois bem, em ambas as hipóteses, a locação poderá ser denunciada pelo nuproprietário ou pelo fideicomissário, a menos que um ou outro tenha concordado por escrito com o contrato de locação. Se com a extinção do usufruto ou do fideicomisso a propriedade se consolidar na mão do locador, não caberá mais a denuncia fundada nesses dois institutos. A denuncia deve ser exercida no prazo de 90 dias contatos da extinção do fideicomisso ou da averbação da extinção do usufruto. O locatário deve ser notificado dentro desse prazo. E tem um prazo de 30 dias para desocupar o imóvel. Se o locatário não desocupar, deverá ser ajuizada demanda de despejo o mais rápido possível para não caracterizar concordância na manutenção da locação. Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de 90 dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel. § 1º Idêntico direito terá o promissário comprador e o promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do mesmo. § 2º A denúncia deverá ser exercitada no prazo de 90 dias contados do registro da venda ou do compromisso, presumindo - se, após esse prazo, a concordância na manutenção da locação. Vamos supor que um terceiro adquiriu o bem que esteja locado. O adquirente desse imóvel urbano deverá respeitar o contrato de locação, residencial ou comercial, se presentes os requisitos estipulados na Lei do Inquilinato. A locação deverá ser respeitada se o contrato estiver vigorando por prazo determinado, com cláusula de vigência em caso de alienação e averbado na matrícula do imóvel. Se os requisitos não estiverem presentes, qualquer um deles, a alienação do imóvel poderá por fim ao contrato de locação. Dependerá exclusivamente da vontade do comprador a sua manutenção ou não. O outro caso citado é o do comprador e o premissãrio cessionário: aquele que se compromete por contrato a adquirir os direitos sobre o imóvel urbano também pode denunciaro contrato de locação (em palavras simples, por fim ao contrato). Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 21 de 43 Para isso, além de respeitar os requisLWRV� GR� ³FDSXW´�� GHYHUi� HVWDU: (i) imitido na posse; (ii) ter o respectivo instrumento averbado junto à matrícula do imóvel no Registro Imobiliário; e (iii) o compromisso deve ser celebrado em caráter irrevogável, ou seja, não se admite o arrependimento (Código Civil). Presentes os requisitos, para que o imóvel seja retomado é preciso que denúncia ou comunicação seja feita diretamente ao locatário, através de notificação judicial ou extrajudicial (carta com aviso de recebimento, cartório de notas, ou até mesmo e-mail), dentro do prazo decadencial de 90 dias contados a partir do registro da venda ou do compromisso na matrícula do imóvel. Antes do registro, não poderá ser exercitada pelo adquirente a denuncia. Se o novo proprietário não exercer o seu direito de denuncia no prazo legal, a locação está mantida. Se o novo proprietário não denunciar a locação no prazo legal, presume que ele tenha concordado com a locação. Ele assume a condição de novo locador, com as mesmas disposições contratuais em vigor. Agora atenção, muita atenção (art. 9º): ¾ A locação também poderá ser desfeita: 9 por mútuo acordo; 9 em decorrência da prática de infração legal ou contratual; 9 em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos; 9 para a realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder Público, que não possam ser normalmente executadas com a permanência do locatário no imóvel ou, podendo, ele se recuse a consenti-las. O artigo traz algumas hipóteses de rescisão do contrato de locação. Essas hipóteses não são exaustivas. Em outras palavras, existem outras situações que possibilitam a rescisão do contrato de locação. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 22 de 43 Mútuo acordo: o que prevalece é a vontade de ambas as partes. Independente do prazo de duração estipulado no contrato, as partes entendem TXH�D�ORFDomR�GHYH�ILQGDU��1D�SUiWLFD��DV�SDUWHV�FHOHEUDP�R�³WHUPR�GH�HQWUHJD� GH�FKDYHV´��&RQWXGR��QDGD�LPSHGH�TXH�HODV�FHOHEUHP�XP�GRFXPHQWR�H[WLQWLYR� do contrato de locação, fixando prazo para desocupação do imóvel. Infração contratual: É uma hipótese que ambas as partes podem invocar, mas é mais própria do locador. O descumprimento do contrato é fundamento para demanda de despejo. Se a infração contratual é do locador, este poderá indenizar o locatário pelo fim da locação. Ausência de pagamento de aluguel e demais encargos: é uma hipótese que somente o locador poderá invocar. Em tese, o não pagamento do aluguel e demais encargos (água, luz, IPTU, etc.) nada mais é do que uma infração contratual. Contudo, dada a relevância ao contrato de locação, o legislador preferiu destacá-la nas hipóteses de rescisão. O pagamento do aluguel é dever do locatário, como já estudamos. Requisição do Poder Público: o Poder Público pode requisitar reparos urgentes no imóvel alugado. Isto pode ocorrer em qualquer situação de perigo aos moradores (desabamento, riscos de enchente, etc.). Em primeiro lugar, deve ser verificado se os reparos podem ser efetuados com locatário no local. Caso não seja possível, o contrato deve ser dado como rescindido, devendo o locatário desocupar o imóvel. Se o locatário não desocupar, o locador poderá ajuizar demanda de despejo com pedido liminar (art. 59, §1º, inc. VII). O mesmo ocorre se, podendo ser executadas as obras com o locatário no imóvel, ele se recusa a permiti-las. ¾ Morrendo o locador, a locação transmite-se aos herdeiros (art. 10). O que esse dispositivo quer nos ensinar? Que a morte do locador não rescinde o contrato de locação! Os herdeiros legítimos ou legatários assumem a condição de locador. Se o locador falecer durante o curso da locação, essa prossegue normalmente, assumindo os herdeiros a condição de locador. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 23 de 43 Os herdeiros ou legatários se subrogam em todos os direitos e obrigações do locador falecido. A locação prossegue normalmente e os herdeiros ou legatários podem propor demanda de despejo, revisional de aluguel, etc. O pagamento do aluguel pode ser feito a qualquer um dos herdeiros, já que eles são solidários. E com relação à morte do locatário, também temos regrinhas boas de prova, essas constantes no art. 11 da Lei do Inquilinato: ¾ Morrendo o locatário, ficarão sub-rogados nos seus direitos e obrigações: 9 nas locações com finalidade residencial, o cônjuge sobrevivente ou o companheiro e, sucessivamente, os herdeiros necessários e as pessoas que viviam na dependência econômica do de cujus , desde que residentes no imóvel; 9 nas locações com finalidade não residencial, o espólio e, se for o caso, seu sucessor no negócio. Vamos por partes! Æ Morte do locatário: locação residencial A lei de locação procura proteger aqueles que estavam residindo no imóvel locado no momento da morte do locatário. Desta forma, quando o locatário falace, quem se subroga nos direitos e obrigações do contrato de locação é o cônjuge ou companheiro sobrevivente. A lei também estende esses direitos e obrigações para os herdeiros necessários (descendentes e ascendentes em qualquer grau ± pais, netos, bisnetos e avós), desde que residentes no imóvel. Se a cônjuge ou a companheira não quiserem continuar com o contrato de locação, os herdeiros necessários se sub-rogam no contrato, desde que, é claro, residam no imóvel. Se forem várias pessoas sucessoras no contrato de locação, eles serão responsáveis solidários (art. 2ª). Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 24 de 43 No caso de os moradores serem parentes colaterais ou amigos e se o locatário falecer, a locação não poderá continuar. Contudo, se os colaterais (também chamados de transversais ± são os irmãos, tios, sobrinhos e primos), herdeiros testamentários e até mesmo pessoas sem nenhum grau de parentesco (amigos e cunhados) vivem no imóvel e estavam na dependência econômica do falecido locatário (era ele que os sustentava), eles podem se sub-rogar nos direitos e obrigações assumidas. É evidente que a dependência econômica deverá ser demonstrada. Æ Morte do locatário. Locação comercial Se o locatário falecer, a subrogação de seus direitos e obrigações se dará em favor do Espólio ou do seu sucessor no negócio. O locador deve ser notificado da morte do locatário e informado de quem será o novo sucessor. O Espólio é representado por seu inventariante, que assume todas as obrigações até a finalização da partilha. Feita a partilha, os herdeiros assumirão a condição de locatários no contrato. O sucessor no negócio é aquele que assumirá a administração do estabelecimento comercial com a morte do locatário. Ele pode ou não ser herdeiro do falecido. O Espólio não tem o dever de continuar com a locação. Sua rescisão não pode implicar no pagamento da multa prevista no artigo 4º da lei de locação. E nos casos em que não foi aberto o inventário e os herdeiros não comunicaram a morte do locador? Todos os herdeirosnecessários são considerados solidários (artigo 2ª). Por exemplo, se o locador deseja denunciar um contrato de locação por prazo indeterminado (denuncia vazia), deverá notificar a todos os herdeiros. Art. 12. Em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel. § 1o Nas hipóteses previstas neste artigo e no art. 11, a subrogação será comunicada por escrito ao locador e ao fiador, se esta for a modalidade de garantia locatícia. § 2o O fiador poderá exonerar-se das suas responsabilidades no prazo de 30 dias contado do recebimento da comunicação oferecida pelo sub-rogado, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120 dias após a notificação ao locador. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 25 de 43 Com o mesmo espírito do artigo anterior, o legislador procura proteger a pessoa que continuará habitando o imóvel locado, caso ela não seja parte no contrato de locação. Nesses casos de rompimento da relação entre duas pessoas (separação judicial, divórcio ou dissolução da sociedade conjugal), a locação prossegue para aquele que continuou no imóvel. E a separação de fato, professor? Apesar da lei não mencionar, não é necessário uma decisão judicial para que o artigo seja observado. O que a lei pretende é proteger a pessoa que fica no imóvel quando há um rompimento da relação. No caso da locação, a fiança será a garantia pessoal (prestada por fiador) que irá assegurar as obrigações assumidas pelo locatário, caso esse não as cumpra. A regra geral é a de que a fiança deixa de existir com a morte do afiançado. Se o locatário deixar o imóvel locado, mas o cônjuge ou companheiro continua a nele residir, também o fiador e o locador devem ser comunicados por escrito. Após ser comunicado pelo sub-rogado, o fiador pode se exonerar de suas responsabilidades. O fiador não está obrigado a manter a fiança com o novo locatário. Para isso, o fiador deve notificar o locador da sua intenção no prazo de 30 (trinta) dias contados do recebimento da comunicação oferecida pelo novo locatário. Se a comunicação não foi feita, o prazo do fiador para exonerar-se da fiança começa a fluir a partir do momento em que ele teve ciência inequívoca do fato. Art. 13. A cessão da locação, a sublocação e o empréstimo do imóvel, total ou parcialmente, dependem do consentimento prévio e escrito do locador. § 1º Não se presume o consentimento pela simples demora do locador em manifestar formalmente a sua oposição. § 2º Desde que notificado por escrito pelo locatário, de ocorrência de uma das hipóteses deste artigo, o locador terá o prazo de 30 dias para manifestar formalmente a sua oposição. Em linhas bem gerais, a cessão da locação ocorre quando o locatário (cedente), com o consentimento do outro contratante (cedido), transfere a sua posição no contrato para um terceiro (novo locatário ± cessionário). Todas as disposições contratuais permanecem inalteradas, salvo as garantias do contrato (fiança, garantia real, etc.). As partes também podem estipular que o locatário cedente seja o garantidor do contrato de locação. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 26 de 43 Na cessão, é possível que o locador (cedido) exija a substituição do fiador ou o oferecimento de uma nova garantia. A sublocação será melhor analisada no próximo tópico (art. 14). O empréstimo do imóvel ou comodato do imóvel locado deve ser gratuito. Se for oneroso será sublocação. Durante o período inflacionário vivido no país, era comum o locatário não conseguir pagar o aluguel e demais encargos. O inquilino então não devolvia o imóvel ao locador; ele passava a locação para um terceiro. Esse terceiro pagava os aluguéis normalmente, em nome do verdadeiro locatário e sem que o locador tivesse qualquer conhecimento ou tivesse anuído com essa cessão ou sublocação. Para evitar, isso, o artigo 13 da Lei do Inquilinato determina a expressa anuência do locador para cessão, sublocação ou empréstimo do imóvel. A lei expressamente determina que o locador anua previamente ou concorde com a transferência da locação. Nada impede que essa anuência seja posterior ao negocio, como forma de ratificá-lo. Tal fato constitui infração contratual que autoriza o locador a ajuizar demanda de despejo. O novo locatário ou sublocatário passa a ser considerado ilegítimo, e não pode exercer nenhum dos direitos conferidos aos locatários ou sublocatários regulares. A lei deixa claro que o fato do locador receber aluguéis ou não responder imediatamente a notificação de cessão, sublocação ou empréstimo do imóvel não implica em concordância. Contudo, há um prazo para que o locador manifeste formalmente sua oposição. Ademais, o locatário não pode ceder ou sublocar, para depois notificar o locador. A notificação é prévia e dela decorre o prazo para oposição ou não do locador. O prazo é de 30 (trinta) dias contados da data em que o locador receber formalmente a notificação do locatário ou dela teve ciência inequívoca. Transcorrido sem qualquer manifestação, presume-se a concordância com a transferência da locação. E por falar em sublocação, vamos ver como a Lei do Inquilinato a regula. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 27 de 43 5. Sublocação Com expressa e prévia anuência do locador, o locatário poderá sublocar (alugar) todo ou parte do imóvel que lhe é locado. Se o contrato de locação principal termina ou é extinto, o mesmo ocorre com a sublocação. Nada impede, porém, que o locador depois ratifique uma sublocação que se iniciou irregular. Segundo o art. 14 da Lei do Inquilinato, aplicam-se às sublocações, no que couber, as disposições relativas às locações. O artigo só é aplicado para as sublocações regulares. Eventual sublocatário irregular não passa de um invasor para o locador. Dessa forma, na demanda de despejo, o locador só deve notificar os sublocatários legítimos. As relações entre o sublocador (locatário original) e o sublocatário são disciplinadas pelas mesmas normas da locação. Art. 15. Rescindida ou finda a locação, qualquer que seja sua causa, resolvem-se as sublocações, assegurado o direito de indenização do sublocatário contra o sublocador. O sublocatário regular, (aquele cuja sublocação foi autorizada pelo locador), possui eventual direito de indenização, através de demanda própria, caso a locação entre o locador e o sublocador seja rescindida. Obviamente deverá demonstrar e provar os prejuízos que sofreu com o fim imediato da sublocação. A desocupação deve ser imediata. Ele estará sujeito à demanda de despejo a ser ajuizada pelo locador, bem como ao pagamento de eventual indenização pelo uso devido do imóvel, que não pode ser confundido com aluguel. Art. 16. O sublocatário responde subsidiariamente ao locador pela importância que dever ao sublocador, quando este for demandado e, ainda, pelos aluguéis que se vencerem durante a lide. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 28 de 43 O sublocatário passa a garantir ao locador opagamento de alugueres e demais encargos devidos pelo locatário. Em outras palavras, se o locatário e sublocador deixa de pagar o aluguel ou qualquer outro encargo, o sublocatário irá responder perante o locador. Sua responsabilidade, portanto, é subsidiária, ou seja, só existe se o locatário não realizar o pagamento devido. O sublocatário responde pelo pagamento do aluguel e demais encargos do sublocador (locatário) no limite do valor correspondente ao preço da sublocação. O contrato de locação entre o locador e o locatário é diverso do contrato de sublocação entre o locatário (sublocador) e o sublocatário. Não há relação direta entre o locador e sublocatário. Contudo, esse artigo representa uma exceção a regra geral. O legislador procura garantir ao locador o recebimento dos valores devidos. Finalizaremos nossa primeira parte do estudo sobre a Lei nº 8.245/1991, tratando agora da regulamentação a respeito das benfeitorias realizadas nos imíveis locadas. 6. Benfeitorias Você o que são benfeitorias? O Código Civil define o que são benfeitorias. Em linhas bem gerais, benfeitorias na locação são obras ou despesas que o locatário tem no imóvel locado com o objetivo de conservá-lo (benfeitorias necessárias), melhorá-lo (benfeitorias úteis) ou embelezá-lo (benfeitorias voluptuárias). Em seu art. 35, a Lei do Inquilinato assim dispõe: Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. A regra geral é a de o locatário terá o direito de indenização pela realização de benfeitorias necessárias (mesmo que sem autorização do locador) e pela realização de benfeitorias úteis (essas deverão ser autorizadas pelo locador). Contudo, as partes podem estipular no contrato de locação uma cláusula de renúncia expressa ao direito de indenização por benfeitorias. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 29 de 43 Se o contrato não prever a cláusula, o locatário poderá ajuizar a demanda de indenização. Essa cláusula é totalmente válida e reconhecida na jurisprudência. O direito de retenção é o direito que o locatário tem de reter ou permanecer no imóvel locado. A regra geral é a de que o locatário possa exercer o direito de retenção a fim de obter o ressarcimento pelas benfeitorias úteis e necessárias. Como no caso na indenização, as partes podem pactuar no contrato de locação cláusula expressa de renúncia ao direito de retenção. O locatário, portanto, não poderá reter o imóvel caso exista cláusula nesse sentido. Cabe destacar que no caso de sublocação, o sublocatário legítimo (autorizado pelo locador) terá direito de retenção e de indenização, salvo disposição contratual em sentido contrário. O sublocatário não autorizado terá direito de indenização apenas contra o sublocador. Ele jamais poderá exercer o direito a retenção. Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel. Lembra o que eu disse sobre benfeitorias voluptuárias? São todas aquelas obras ou despesas de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual da coisa, ainda que a tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. O locatário não faz jus a qualquer direito de indenização pela realização de benfeitorias voluptuárias. Na prática, é comum que o locador e o locatário negociem um valor para elas quando do término da locação. Caso não haja acordo, o locatário poderá retirá-las, desde que não afete a estrutura de imóvel. É obrigação do locatário devolver o imóvel no mesmo estado do que tenha recebido. Beleza? Bom, é isso! Fim de linha por hoje! Vamos agora exercitar o aprendizado! Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 30 de 43 01. [IPAD - ASSESSOR TÉCNICO II - SENAC/PE - 2012] É correto afirmar a respeito das disposições gerais sobre locação estabelecidas na Lei do Inquilinato (Lei Federal n. 8.245/1991) que: (A) o contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de vênia conjugal, se igual ou superior a dois anos. (B) é livre a convenção do aluguel, inclusive a sua estipulação em moeda estrangeira e a sua vinculação à variação cambial ou ao salário mínimo. (C) não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado. (D) o locatário é obrigado a pagar as despesas extraordinárias de condomínio. (E) salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, desde que autorizadas pelo locador, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. Comentário: Item A - Muito cuidado com a leitura rápida! O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de vênia conjugal, mas se esse prazo foi igual ou superior a dez dois anos (art. 3º). (Errado) Item B - De jeito nenhum! Você não deve se esquecer dessa importantíssima regra da Lei do Inquilinato (art. 17): (Errado) Item C - Ah, agora sim! De fato, não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado. É o que nos ensina a Lei nº 8.245/1991 em seu art. 19! (Certo) Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 31 de 43 Item D - Errado! É o locador locatário obrigado a pagar as despesas extraordinárias de condomínio (art. 22, XI). Item E - Opa, não é bem assim! Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. Gabarito: Letra "C" 02. [FCC - DEFENSOR PÚBLICO - DPE/PB - 2014] Romeu (locador) e Maurício (locatário) celebraram contrato de locação residencial com prazo de 30 meses, estipulando multa de 3 alugueres em caso de devolução antecipada do imóvel. Passados 6 meses, Maurício deixou de ter interesse na locação, pois a empresa na qual trabalha o transferiu para cidade muito distante. Maurício poderá devolver o imóvel, (A) desde que pague o valor da multa, com abatimento proporcional ao período de cumprimento do contrato, seja o empregador privado ou público. (B) independentemente de pagamento de multa ou de notificação, se o empregador for público, ou pagando integralmente a multa pactuada, caso se trate de empregador privado. (C) desde que pague integralmente o valor da multa, seja o empregador privado ou público. (D) independentemente de pagamento de multa, desde que notifique Romeu da transferência com, no mínimo, 30 dias de antecedência, não importando seja o empregador privado ou público. (E) independentemente de pagamento de multa ou de notificação, se o empregador for público, ou pagando o valor da multa, com abatimento proporcional ao período de cumprimento do contrato, caso se trate deempregador privado. Comentário: De acordo com o art. 4º, parágrafo único, da Lei do Inquilinato, o locatário ficará dispensado da multa se a devolução do imóvel decorrer de transferência, pelo seu empregador, privado ou público, para prestar serviços em localidades diversas daquela do início do contrato, e se notificar, por escrito, o locador com prazo de, no mínimo, 30 dias de antecedência. Assim, no caso em tela, para que ocorra a devolução, Maurício poderá devolver o imóvel, independentemente de pagamento de multa, desde que notifique Romeu da transferência com, no mínimo, 30 dias de antecedência, não importando seja o empregador privado ou público. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 32 de 43 Gabarito: Letra "D" 03. [FCC - JUIZ SUBSTITUTO - TJ/SE - 2015] Na locação predial urbana, o locador é obrigado a: (A) pagar o prêmio do seguro de fiança, quando for a modalidade de garantia acordada entre as partes. (B) fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias por este pagas, vedada a quitação genérica. (C) pagar as despesas ordinárias e extraordinárias de condomínio. (D) fornecer ao locatário, independentemente de solicitação, descrição minuciosa do estado do imóvel, no início do contrato. (E) pagar as despesas de força, luz, gás, água e esgoto, salvo estipulação em contrário no contrato. Comentário: De acordo com o art. 22 da Lei do Inquilinato, na locação predial urbana, o locador é obrigado a: 9 entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina; 9 garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado; 9 manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel; 9 responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação; 9 fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minuciosa do estado do imóvel, quando de sua entrega, com expressa referência aos eventuais defeitos existentes; 9 fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias por este pagas, vedada a quitação genérica; (item B) 9 pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de intermediações, nestas compreendidas as despesas necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de seu fiador; 9 pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato; 9 exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes relativos às parcelas que estejam sendo exigidas; 9 pagar as despesas extraordinárias de condomínio. (as despesas Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 33 de 43 ordinárias são de responsabilidade do locatário) Item A - Pagar o prêmio do seguro de fiança, quando for a modalidade de garantia acordada entre as partes, é obrigação do locatário (art. 23, XI). Item E- Também é obrigação do locatário pagar as despesas de força, luz, gás, água e esgoto, salvo estipulação em contrário no contrato (art. 23, VIII). Gabarito: Letra "B" [CESPE - ASSESSOR TÉCNICO - TCE/RN - 2015] A respeito da posse, dos direitos reais e da locação, julgue o item seguinte. 04. Caso duas pessoas aluguem um imóvel residencial em conjunto, serão consideradas devedoras solidárias, mesmo sem estipulação contratual nesse sentido. Comentário: Não é bem assim! De acordo com o art. 2º, caput, havendo mais de um locador ou mais de um locatário, entende-se que são solidários se o contrário não se estipulou. Ou seja, a solidariedade apenas deixa de existir se houver expressa manifestação em sentido contrário. De maneira expressa e inequívoca, as partes devem ajustar a responsabilidade de cada uma delas em cláusula especial no contrato. Caso contrário, haverá a solidariedade entre os participantes. Gabarito: Errado 05. [FCC - JUIZ DO TRABALHO - TRT/23ª - 2015] Lucas, empregado de Fit Construções, firmou contrato de locação com Mauro, pelo prazo de 30 meses, tendo sido estipulado que, em caso de devolução antecipada do imóvel, seria devida multa equivalente a 3 aluguéis. Depois do início do contrato, Fit Construções transferiu Lucas para localidade diversa, levando-o a devolver o imóvel. Para que ocorra a devolução, Lucas deverá (A) notificar Mauro com antecedência mínima de 30 dias, ficando dispensado do pagamento de multa apenas no caso de Fit Construções se tratar de empresa pública. (B) pagar a multa pactuada, em sua integralidade. (C) pagar a multa pactuada proporcionalmente ao período de cumprimento do contrato. (D) notificar Mauro com antecedência mínima de 30 dias e pagar a multa pactuada proporcionalmente ao período de cumprimento do contrato. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 34 de 43 (E) notificar Mauro com antecedência mínima de 30 dias, ficando dispensado do pagamento de multa, seja Fit Construções empresa pública ou privada. Comentário: Segundo o que aqui estudamos, e o que estabelece o art. 4º, parágrafo único, da Lei do Inquilinato, o locatário ficará dispensado da multa se a devolução do imóvel decorrer de transferência, pelo seu empregador, privado ou público, para prestar serviços em localidades diversas daquela do início do contrato, e se notificar, por escrito, o locador com prazo de, no mínimo, 30 dias de antecedência. Assim, no caso em tela, para que ocorra a devolução, Lucas deverá notificar Mauro com antecedência mínima de 30 dias, ficando dispensado do pagamento de multa, seja Fit Construções empresa pública ou privada. Gabarito: Letra "E" 06. [FCC - JUIZ DO TRABALHO - TJ/AL - 2015] No contrato de locação predial urbana (A) salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. (B) as partes não podem dispor a respeito da indenização por benfeitorias, devendo seguir só o que a lei estabelece. (C) as benfeitorias necessárias introduzidas, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção, não sendo permitida cláusula em sentido contrário, quando tratar de locação de imóvel residencial. (D) as benfeitorias voluptuárias não são indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, ainda que sua retirada afete a estrutura ou a substância do imóvel, mas, neste caso, poderá o locador optar pela indenização. (E) somente são indenizáveis as benfeitorias necessárias, independentemente de autorização do locador, não se admitindo cláusula em sentido contrário. Comentário: Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 35 de 43 Itens A, C e E - Eles cobram de você o conhecimento da regra do art. 35 da lei em estudo, que assim estabelece: Assim, pode-se concluir que o item A está correto e que os itens C e E estão errados. Item B - Errado, pois, como vimos no comentário dos itens acima, há possiblidade sim de as partes disporem a respeito da indenização por benfeitorias. Item D - Errado! As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis,podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel (art. 36). Gabarito: Letra "A" 07. [UFMT - DEFENSOR PÚBLICO - DPE/MT - 2016] Sobre o contrato de locação, assinale a assertiva INCORRETA. (A) Havendo mais de um locador ou mais de um locatário, entende-se que são solidários se o contrário não se estipulou. (B) O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de vênia conjugal, se igual ou superior a dez anos. (C) Seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo, mas se a locação termina em decorrência de desapropriação, haverá imissão do expropriante na posse do imóvel, não sendo necessária a ação de despejo. (D) Em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel. Nesse caso, o fiador poderá exonerar-se das suas responsabilidades no prazo de 30 (trinta) dias contado do recebimento da comunicação, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. (E) Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de trinta dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 36 de 43 de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel. Comentário: Item A - Corretíssimo! De acordo com o art. 2º, caput, havendo mais de um locador ou mais de um locatário, entende-se que são solidários se o contrário não se estipulou. Item B - Também correto. O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de vênia conjugal, se igual ou superior a dez anos (art. 3º). Item C - Certinho, tal qual consta no art. 5º da Lei do Inquilinato. Vamos revê- lo: Item D - Exato! De acordo com o caput do art. 12 da Lei nº 8.245/1991, em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel. Nesse caso, segundo o que dispõe o §2º do mesmo dispositivo, o fiador poderá exonerar-se das suas responsabilidades no prazo de 30 (trinta) dias contado do recebimento da comunicação, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. Item E - Opa! Aqui a maldade foi grande e foi no prazo! Corrigindo: se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa trinta dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel. Gabarito: Letra "E" [CESPE - ANALISTA FINANCEIRO - PARANÁ PREV/PR - 2002] Acerca da definição de aluguéis de imóveis locados, consoante a legislação vigente, julgue os itens subseqüentes. 08. Tratando-se de sublocação, no caso específico das habitações coletivas multifamiliares, a soma dos aluguéis não poderá ser superior ao do valor da Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 37 de 43 locação. 09. Em nenhuma hipótese o locador poderá exigir o pagamento antecipado do aluguel. Comentário 08: Muito cuidado com essa regra! E a banca foi no detalhe aqui! Segundo o que estabelece o art. 21 da Lei do Inquilinato, tratando-se de sublocação, no caso específico das habitações coletivas multifamiliares, a soma dos aluguéis não poderá ser superior ao dobro do valor da locação. Gabarito: Errado Comentário 09: Em nenhuma hipótese, não! De acordo com o art. 20 da norma em estudo: E que exceções são essas? Gabarito: Errado [CESPE - DEFENSOR PÚBLICO - DPE/ES - 2012] Acerca da locação de imóveis urbanos, julgue os item que se segue. Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 38 de 43 10. Se o indivíduo A adquirir do indivíduo B imóvel no qual, por força de contrato de locação, resida o indivíduo C, presumir-se-á a concordância de A com a locação, caso este não a denuncie no prazo de noventa dias. Comentário: Certinho o item! Segundo o art. 8º da Lei do Inquilinto, se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente (indivíduo A) poderá denunciar o contrato, com o prazo de 90 dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel. Em mais: a denúncia deverá ser exercitada no prazo de 90 dias contados do registro da venda ou do compromisso, presumindo-se, após esse prazo, a concordância na manutenção da locação. Gabarito: Certo [CESPE - TÉCNÓLOGO - FUB - 2015] A respeito das normas que disciplinam as locações de imóveis urbanos, julgue o próximo item. 11. Benfeitorias de qualquer natureza que, com autorização do locador do imóvel, tenham sido realizadas pelo locatário, deverão ser indenizadas. 12. É vedado ao locatário ajuizar ação revisional de aluguel para adequar o valor do aluguel contratado à realidade de mercado. Comentário 11: Nem toda benfeitoria! As benfeitorias voluptuárias, por exemplo, não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel (art. 36). Gabarito: Errado Comentário 12: Errado! Segundo o que dispõe o art. 18 da lei em estudo, é lícito às partes fixar, de comum acordo, novo valor para o aluguel, bem como inserir ou modificar cláusula de reajuste. No entanto, não havendo acordo, o locador ou locatário, após 03 anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado (art 19). Gabarito: Errado *** Grande abraço e até a próxima aula! Direito Civil p/Analista - Área Judiciária - TRE-PE Profs. Aline Santiago e Marcos Girão www.estrategiaconcursos.com.br | Profs. Aline e Marcos 39 de 43 QUESTÕES DE SUA AULA 01. [IPAD - ASSESSOR TÉCNICO II - SENAC/PE - 2012] É correto afirmar a respeito das disposições gerais sobre locação estabelecidas na Lei do Inquilinato (Lei Federal n. 8.245/1991) que: (A) o contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de vênia conjugal, se igual ou superior a dois anos. (B) é livre a convenção do aluguel, inclusive a sua estipulação em moeda estrangeira e a sua vinculação à variação cambial ou ao salário mínimo. (C) não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado. (D) o locatário é obrigado a pagar as despesas extraordinárias de condomínio. (E) salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, desde que autorizadas pelo locador, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
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