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INSTITUTO FEDERAL DO NORTE DE MINAS GERAIS IFNMG – CAMPUS SALINAS CURSO MEDICINA VETERINÁRIA PAULA CRISTINA VIEIRA DUTRA CONDENAÇÕES NA INSPEÇÃO POST MORTEM E RESPECTIVOS PREJUÍZOS ECONÔMICOS NO ABATE DE BOVINOS EM SALINAS-MG. SALINAS MINAS GERAIS – BRASIL FEVEREIRO, 2017 INSTITUTO FEDERAL DO NORTE DE MINAS GERAIS IFNMG – CAMPUS SALINAS CURSO MEDICINA VETERINÁRIA PAULA CRISTINA VIEIRA DUTRA CONDENAÇÕES NA INSPEÇÃO POST MORTEM E RESPECTIVOS PREJUÍZOS ECONÔMICOS NO ABATE DE BOVINOS EM SALINAS-MG. SALINAS MINAS GERAIS – BRASIL FEVEREIRO, 2017 ii Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora, como parte do processo avaliativo da disciplina TCC, requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Medicina Veterinária, pelo Instituto Federal Norte de Minas Gerais, sob orientação do Prof. Dr. Thiago Moreira Santos. DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, por ter me abençoado com uma vida cheia de possibilidades e oportunidades de crescimento tanto profissional quanto pessoal. E dedico a toda minha família, em especial aos meus pais, Paulo e Gildete, por terem sido o meu alicerce desde o meu primeiro dia na vida acadêmica. iii AGRADECIMENTOS Eu sou eternamente grata a minha amiga e colega de profissão, Gabriela Silveira, por estar ao meu lado durante toda a graduação e durante a construção deste trabalho, sendo sempre companheira, prestativa e conselheira. Sou grata ao meu colega de profissão, amigo e companheiro Erick Pimenta por toda a dedicação, conselhos e ideias para o trabalho, experiências trocadas, amizade e amor. Aos funcionários e amigos do Matadouro Municipal de Salinas-MG eu sou grata por toda a paciência e por tudo o que me ensinaram no decorrer do tempo em que estive presente. Ao meu professor, orientador e amigo Thiago Moreira e ao seu pai Wagner Luiz Moreira eu sou eternamente grata pela confiança, por todas as experiências compartilhadas e por todo o auxílio que me deram durante a elaboração deste trabalho. iv “Na vida, não vale tanto o que temos, nem tanto importa o que somos. Vale o que realizamos com aquilo que possuímos e, acima de tudo, importa o que fazemos de nós!” Chico Xavier v RESUMO Durante os meses Agosto, Setembro e Outubro de 2016 em 35 visitas aleatórias, fez-se a quantificação das alterações anatomopatológicas no abate de bovinos no Frigorífico Municipal de Salinas – MG, através da colheita e pesagem das vísceras e porções cárneas excisadas. Os trabalhos foram realizados sob o monitoramento dos auxiliares de inspeção municipal e os dados anotados em planilha própria. No período de abrangência do estudo foram abatidos 797 animais oriundos do próprio município. Os descartes ocorreram, principalmente, devido a abscessos vacinais e/ou medicamentosos; aspiração agônica de sangue e contaminação por conteúdo ruminal nos pulmões; abscessos hepáticos e hematomas por contusões nas carcaças. A análise dos resultados revela a necessidade de revisão do manejo vacinal empregado nas propriedades rurais, no transporte dos animais até o local e também nos métodos utilizados na rotina de abate do frigorífico. PALAVRAS-CHAVE: bovinos. inspeção post mortem. prejuízos. vi ABSTRACT Among the months of August and October of 2016, in 35 random visits, the anatomopathological changes were quantified in the slaughter of cattle in the Municipal Slaughterhouse of Salinas – MG. The data were collected by identifying and weighing the viscera and excised meat portions. The works were carried out under the supervision of the municipal inspection auxiliaries and the data annotated in proper worksheet. In the period of study 797 animals from the county were slaughtered. The condemnations occurred mainly due to vaccine abscesses and/or medications; agonizing blood aspiration and contamination by ruminal content in the lungs; hepatic abscesses and contusions on the carcasses. The analysis of the results reveals the need for review vaccine management employed in rural properties. The animals transport to the slaughterhouse and the methods used in the slaughter routine also must be reviewed. KEY WORDS: bovine. Post mortem inspection. losses. LISTA DE ABREVIAÇÕES MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ONG – Organização Não Governamental APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle HACCP – Hazard Analysis & Critical Control Points SIF – Serviço de Inspeção Federal SIPOA – Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal DIPOA – Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal SUS – Sistema Único de Saúde POA – Produtos de Origem Animal SISBI – Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal SUASA – Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária RIISPOA – Regulamento de Inspeção Industrial de Produtos de Origem Animal SIM – Serviço de Inspeção Municipal D. filaria – Dictyocaulus filaria LISTAS DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS Figura 1: Aspiração agônica de sangue em pulmão condenado durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG………………….26 Figura 2: Conteúdo gástrico no esôfago não ocluído e na região da glote durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG……………………………………………………………………………………………27 Figura 3: Broncopneumonia verminótica por Dictyocaulus viviparus identificada durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG……………………………………………………………………………………………27 Figura 4: Lesões de Estomatite Vesicular que se estende por todo tecido conjuntivo que circunda a traqueia e esôfago que foram identificadas durante a inspeção post- mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG……………………………………………………………………………………………28 Figura 5: Bronquiectasia identificada durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG…………………………………………………..29 Figura 6: Melanose identificada em pulmões durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG……………………………………..29 Figura 7: Abscesso hepático envolvido por tecido conjuntivo fibroso (A) e extravasamento de conteúdo purulento do abscesso após corte (B) de fígado condenado durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG………………………………………………………………………………..30 Figura 8: Abscesso hepático com Teleangiectasia (B-setas) e abscesso (B-círculo), e presença de Teleangiectasia (C-setas). Lesões identificadas durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas/MG……………………31 Figura 9: Cisto renal(seta) identificado durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG……………………………………………….32 Figura 10: Adenocarcinoma Renal identificado durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG……………………………………..33 Figura 11: Lesão característica de Actinobacilose em língua bovina identificada durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas/MG………………………………………………………………………………….34 Figura 12: Aderência do pericárdio em coração condenado durante a inspeção post- mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG……………………….34 Figura 13: Cisticerco calcificado identificado durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG……………………………………..35 Figura 14: Carcaça, apresentando icterícia generalizada, condenada durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipalde Salinas – MG……………………………………………………………………………………………36 Figura 15: Lesões identificadas durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. A e A’: Presença de abscessos no tecido pulmonar. B: Vísceras embaladas apresentando icterícia. C e C’: Presença de abscessos no tecido hepático. D: Abomaso ictérico……………………………………………………………………………………….37 Figura 16: Identificação dos locais de contaminação do conjunto cabeça e língua por conteúdo ruminal durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG………………………………………………………………..38 Figura 17: Identificação de contaminação na esfola durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Observa-se a presença de sujidades e pelos (círculos)..……………………………………………………………...38 Figura 18: Identificação de hematomas nas carcaças devidos a contusões durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG……………………………………………………………………………………………47 Figura 19: Quantidade de carne descartada de acordo com o tipo de corte durante a inspeção post-mortem no Matadouro Municipal de Salinas – MG……………………………………………………………………………………………46 Figura 20: Lesões identificadas durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. A: Abscesso com extravasamento de pus após corte. B: Abscesso granuloso. C: Reação vacinal e/ou medicamentosa superficial……………………………………………………………………………………42 Figura 21: Lesões identificadas durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. A: Abscesso supurado pós-esfola. B: Carcaça depreciada na região do pescoço após a excisão de abscessos vacinais e/ou medicamentosos……………………………………………………………………...43 Figura 22: Lesões identificadas durante a inspeção post-mortem no Matadouro Municipal de Salinas – MG. A: Abscesso vacinal. A’: Dano causado após a retirada do abscesso. B: Abscesso vacinal. B’: Dano causado após a retirada do abscesso…………………………………………………………………………………….46 Figura 23: Fetos retirados de carcaças de fêmeas prenhes durante a inspeção post- mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG…………………………………………………………………………………………...45 Gráfico 1: Evolução do abate de bovinos por trimestre – Brasil – trimestres 2011- 2016………………………………………………………………………………………….14 Gráfico 2: Relação do número de animais abatidos com o número de fêmeas e o número de gestações durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG…………………………………………………………………………………………...44 Tabela 1: Linhas de inspeção no abate de bovinos segundo o Serviço de Inspeção Federal……………………………………………………………………………………….21 Tabela 2: Vísceras condenadas durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG…………………………………………………..25 Tabela 3: Quantidade estimada de recursos econômicos que deixaram de circular no comércio de carnes na cidade Salinas – MG…………………………………………...46 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………….. 13 2. REVISÃO DE LITERATURA…………………………………………………………… 14 2.1 O mercado de carne no Brasil…………………………………………………….. 14 2.2 – O Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal…………………… 16 2.2.1 – Histórico do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal no Brasil……………………………………...……………………………………………. 16 2.2.3 – O serviço de inspeção post-mortem…………………………………….. 19 2.3 – Prejuízos econômicos gerados por condenações de peças no abate de bovinos…………………………………………………………………………………… 21 3. OBJETIVOS…………………………………………………………………………….. 23 3.1 – Objetivos Gerais………………………………………………………………….. 23 3.2 – Objetivos específicos…………………………………………………………….. 23 4. METODOLOGIA…………………………………………………………………………23 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO………………………………………………………..24 7. CONCLUSÃO……………………………………………………………………………46 8. BIBLIOGRAFIA……………………………………………………………………….. 47 1. INTRODUÇÃO A pecuária bovina exerce um papel muito importante na economia do Brasil, além de ser um dos principais destaques do agronegócio no cenário mundial. A carne bovina é bastante consumida tanto nacional quanto internacionalmente e isso tem influência direta sobre a qualidade dos produtos dessa origem. Atualmente a preocupação com a qualidade de vida e saúde da população vem aumentando cada vez mais. O serviço de inspeção trabalha através de criteriosos recursos, a fim de atender essa preocupação e fornecer produtos com segurança alimentar e qualidade sensorial aos consumidores. O serviço de inspeção conta com os exames ante e post-mortem para assegurar a qualidade dos produtos finais. O exame ante mortem evita que animais não sadios sejam abatidos e o exame post-mortem evita que vísceras e cortes de carnes cheguem à mesa do consumidor com qualidade duvidosa, garantindo a segurança da saúde pública. As condenações de vísceras e porções cárneas geram muitos prejuízos econômicos tanto para os pecuaristas quanto para a rede frigorífica. Devido a isso é importante utilizar métodos que previnam as condenações e evitem as perdas econômicas desnecessárias. Este trabalho é de suma importância para a saúde pública e do rebanho bovino local. É importante também paras as questões econômicas do mercado da carne e do próprio frigorífico na cidade de Salinas – MG. A identificação das alterações post mortem é de fundamental importância para levantamentos epidemiológicos das principais enfermidades que acometem os animais da região. Além disso os prejuízos estimados neste trabalho podem ser usados como alerta a todos os envolvidos no setor de pecuária de corte e no setor de frigoríficos, para que possam minimizar a perda econômica gerada com as condenações através de métodos específicos de prevenção. O presente trabalho teve como objetivo identificar as condenações durante a inspeção post-mortem, seja de vísceras ou de carcaças, e relacionar 13 as perdas econômicas associadas a essas condenações no abate de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas-MG. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O mercado de carne no Brasil A pecuária bovina vem exercendo papel importante na economia brasileira desde o período colonial. A partir do século XVI, na terceira década após o início do processo de colonização, a pecuária exerceu forte influência na expansão econômica brasileira, destacando-se no setor de exportações e, também, no abastecimento do mercado interno. Mesmo perante as mudanças na produção agrícola, com o avanço da agricultura empresarial e a expansão de novos cultivos, a pecuária continuou sendo a atividade que ocupa a maior área dos estabelecimentos agropecuários do país (TEIXEIRA, 2014). Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a bovinocultura é um dos principais destaques do agronegócio brasileiro no cenário mundial. O Brasil possui o segundo maior rebanho efetivo do mundo, com cerca de 200 milhões de cabeças. Além disso, desde 2004, é líder nas exportações, com um quinto da carne comercializada internacionalmente, vendida em mais de 180 países. O Gráfico 1 mostra a evolução do abate de bovinos por trimestre, a partir do 1º trimestre de 2011. Gráfico 1: Evolução do abate de bovinos por trimestre – Brasil – trimestres 2011-2016 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Pesquisa Trimestral do Abate de Animais. 2011.I-2016.II 14 O Brasil é o quinto maior país do mundo em território, com 8,5 milhões de km² de extensão, com cerca de 20% da sua área (174 milhões de hectares) ocupada por pastagens. Apesar de ser um país predominantemente tropical, o Brasil possui uma extensa variabilidade climática, que reflete nos índices pluviométricos e, em consequência,nos sistemas de produção pecuários. A grande variedade de sistemas produtivos no território brasileiro está diretamente relacionada a grande diversificação dos produtos oriundos da pecuária. O Brasil hoje pode atender qualquer tipo de mercado em todo o mundo, sejam nichos específicos, como carnes mais nobres até cortes de valores menores, sejam mais magras ou com teor de gordura mais alto, sob qualquer demanda de volume (ABIEC, 2016). O crescimento e a consolidação do setor de pecuária de corte se devem, principalmente nos últimos anos, pela difusão da avançada tecnologia nas áreas de genética, nutrição, manejo e sanidade, que foram responsáveis pelo crescimento da produtividade no setor, transformando a pecuária nacional numa atividade desenvolvida(CARVALHO, 2009). O consumo de carne bovina no Brasil é de 38,6%, perdendo somente para a carne de frango com 46,8%. No cenário mundial o consumo de carne bovina ocupa o terceiro lugar com 22,5% no ranking, perdendo para as carnes de frango, 34,6%, e suína, 42,9% (DEPEC, 2016). Levando em consideração o consumo de carne tanto nacional, quanto mundial, pode-se ressaltar a importância da qualidade higiênico-sanitária que esses produtos devem ter até chegar a mesa do consumidor. A alimentação humana é um indicador fundamental de qualidade de vida, além de afetar os indivíduos de diversas formas, em virtude da importância de ingestão de diversos nutrientes que são necessários para o perfeito funcionamento fisiológico do corpo (MORATOYA et al., 2013). Como forma de certificar a qualidade e a segurança dos alimentos, grupos de consumidores, organizações não governamentais (ONGs) e redes de supermercados, ligadas ao comércio nacional e internacional de carnes, têm exigido dos seus fornecedores o estabelecimento de processos de controle de qualidade, assegurando que os produtos ofertados estejam em conformidade com as normas e exigências do mercado (EMBRAPA, 2007). Destes processos 15 temos BPF (Boas Práticas de Fabricação), PPHO (Programa de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional) e APPCC (Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle), todos eles sob a verificação do Serviço Oficial de Inspeção de Produtos de Origem Animal (BRASIL, 2005a). Sendo assim, de uma forma geral, o Serviço de Inspeção é responsável por assegurar a qualidade dos produtos de origem animal, comestíveis e não comestíveis, que são destinados ao mercado interno e externo, bem como de produtos importados (MAPA, 2016). 2.2 – O Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal 2.2.1 – Histórico do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal no Brasil Os sistemas brasileiros de inspeção sanitária de produtos de origem animal são compostos e regulamentados por um conjunto de leis, decretos, resoluções, portarias e outros recursos legais. Essa legislação aborda o funcionamento dos serviços de inspeção e fiscalização sanitária dos estabelecimentos que produzem alimentos (PREZOTTO, 2013). Costa, et al (2015) explica que com a globalização, novos mercados se abriram no setor agropecuário, fazendo com que a inspeção seja muito importante e bastante exigida nas transações comerciais. Antes da chegada da coroa portuguesa ao Brasil, o controle sanitário e comercial de produtos alimentares seguia as orientações vigentes em Portugal e se baseava na inspeção do alimento acabado. Em 1808 ocorreu a aprovação do Regimento da Fisicatura, que era responsável pelas questões sanitárias. Entretanto, somente em 28 de janeiro de 1832, foi promulgado o Código de Posturas Municipais no Brasil, que pretendia assegurar a saúde dos homens através da fiscalização de produtos alimentícios que eram comercializados, além disso, também promovia o descarte dos produtos adulterados e/ou impróprios para consumo. Durante o reinado brasileiro criou-se a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, onde a inspeção deixou ser somente sob os produtos acabados e passou a ocorrer também nos animais vivos, e com isso, surgiram as escolas de medicina veterinária e começaram os estudos de melhoramento de raças de animais 16 para obtenção dos produtos de origem animal de melhor qualidade (COSTA et al, 2015). Em 1906, as questões que envolviam o controle da saúde e sanidade dos animais importados e a sanidade dos produtos de sua origem, forçou o presidente Afonso Penna a promulgar a Lei 1.606 e com base nela, criou-se a Diretoria de Indústria Animal, que era responsável pela inspeção veterinária. O objetivo era atestar sobre o estado sanitário dos animais de produção, tomando todas as medidas capazes de prevenir e combater as epizootias, fiscalizando os matadouros e os estábulos, para melhorar a higiene alimentar. Soma-se a isso, a responsabilidade de estudar e divulgar os modernos processos da indústria de laticínios. Em 1910 o Ministério dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio, criado pela Lei 1.606, incentivou a produção de diversos produtos em todo território nacional com rígido controle higiênico–sanitário e tecnológico. Ademais, o desenvolvimento da produção agropecuária no Brasil foi favorecido pela vinda, na segunda década do século passado, dos modernos matadouros-frigoríficos estrangeiros, fundamentados no modelo anglo-norte-americano. Várias normas foram estabelecidas para atender a essas empresas, favorecendo e moldando o atual Serviço de Inspeção Federal/SIF (COSTA et al, 2015). O Decreto nº 23.133, de 09 de setembro de 1933, institui o exercício da profissão do médico veterinário no Brasil, reconhecendo o exercício profissional realizado pelos médicos veterinários em suas diversas áreas. Cabe destacar, que a atribuição preponderante do médico veterinário é a de promover, assegurar, garantir, atestar e certificar a saúde e a sanidade animal bem como a sanidade e identidade dos produtos de sua origem (COSTA et al, 2015) Ainda segundo Costa et al (2015), a Segunda Guerra Mundial impulsionou especialmente o setor de carnes e derivados, em consequência disso criou-se a Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal – DIPOA. Como não havia a obrigatoriedade do serviço de inspeção, até aquela época, em 18 de dezembro de 1950 foi criada a lei 1.283, reconhecida como a “Lei- Mãe” da inspeção, que instituiu a obrigatoriedade da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal, no Brasil. Além disso, ela atribui a responsabilidade de execução da inspeção aos governos federal, estadual e 17 municipal, de acordo com o âmbito do comércio atendido pelo estabelecimento. Após a “Lei-Mãe”, em 29 de março de 1952 foi aprovado o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal – RIISPOA, com 952 artigos, que abrangia toda a legislação relativa à carne, leite, ovos, mel e pescados, desde a sua produção até a sua comercialização. A primeira alteração na “Lei-Mãe” ocorreu através da lei 5.760, em 03 de dezembro de 1971, conhecida como a federalização da inspeção no Brasil e atribuiu apenas ao governo federal a exclusividade para execução da inspeção industrial e sanitária dos produtos de origem animal. Entretanto, a crise econômica que abalou o mundo ocidental na época, afetou as exportações brasileiras, principalmente de carnes e derivados, e com as dificuldades econômicas, o Brasil passou a enfrentar problemas com a política interna. Isso tudo colaborou com a não aplicação da federalização da inspeção e, em consequência disto, a Lei 7.889, em 23 de novembrode 1989, foi aprovada pelo Senado Federal e reeditou, “virtualmente”, a “Lei-Mãe”. Dessa forma as responsabilidades retornaram aos governos federal, estaduais e municipais. Em meados de 1990 o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) cria o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA), com o objetivo de reunir as principais perspectivas sanitárias do SUS e envolver as três esferas da administração pública (federal, estadual e municipal) na inspeção sanitária de produtos de origem animal (POAs). A finalidade desse novo sistema é dar garantia e melhorar a qualidade e sanidade dos produtos em toda a cadeia produtiva brasileira, que vai desde o produtor rural até os pontos de comercialização. Objetivando a operacionalização do SUASA, em 2006, surge o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI), que busca a padronização dos procedimentos de inspeção e fiscalização em todo o país por meio de convênios com os serviços de inspeção dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. A adesão ao SISBI é voluntária e concedida pelo órgão coordenador aos serviços de inspeção por meio da comprovação de equivalência entre o serviço solicitante e o SIF. A medicina veterinária foi imprescindível na implantação e consolidação do distinto parque industrial de produtos de origem animal, principalmente de 18 carne e leite, ao longo de quase um século de atuação direta no Brasil. Além do mais, a inspeção sanitária no setor do comércio varejista, sobretudo o grande comércio, é uma nova oportunidade de trabalho para o médico veterinário. Desse modo, é substancial conhecer toda a legislação do setor, assim como a importância econômica, social, política, zootécnica, sanitária e tecnológica da atividade (COSTA et al., 2015). Atualmente o Serviço de Inspeção Federal (S.I.F.) tem atuação em mais de 4 mil estabelecimentos brasileiros, sendo eles 3.244 que recebem o selo do S.I.F e outros 1.705 estabelecimentos relacionados, que estão todos sob a supervisão do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal – DIPOA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA). 2.2.3 – O Serviço de Inspeção post-mortem Segundo o RIISPOA, o exame de inspeção post mortem consiste na avaliação anatomopatológica de todos os órgãos e tecidos dos animais abatidos. Envolve a observação e apreciação de seus caracteres externos, sua palpação e abertura de gânglios linfáticos correspondentes e cortes sobre o parênquima dos órgãos, quando houver necessidade. Está descrita de forma detalhada especificamente nos Artigos 148, 150 e 151 (BRASIL,1952). Pinto (2012) afirma que na prática esse exame tem sido o principal recurso utilizado na inspeção de carnes para o diagnóstico macroscópico de eventuais doenças de animais em abatedouros, e que os conhecimentos de patologia veterinária são fundamentais, além de ser o principal recurso técnico utilizado na fase de inspeção post mortem. As “Linhas de Inspeção” são os locais, ou pontos da Sala de Matança onde se realizam os exames post mortem. Esses exames são precedidos, individualmente, pela fase preparatória. Essa fase tem como objetivo apresentar à Inspeção Final a peça ou o conjunto de peças perfeitamente limpas e em condições de serem adequadamente inspecionados, facilitando o exame visual e preservando, do ponto de vista higiênico, as porções comestíveis. A fase preparatória é de responsabilidade dos operários da empresa. Estes operários não podem ou não devem ser substituídos por outros que não tenham a prática necessária, já que a qualidade higiênica das peças e 19 a comodidade e perfeição do trabalho de inspeção nas linhas referidas são dependentes das tarefas especializadas executadas pelos mesmos. É importante salientar que grande número de condenações de carcaças e órgãos, são consequentes às contaminações por conteúdo gastrintestinal, resultantes do trabalho imperfeito de evisceradores improvisados ou negligentes (MAPA, 2007). Os exames realizados nas “Linhas de Inspeção” são de responsabilidade exclusiva da Inspeção Final e são executados por Auxiliares de Inspeção, devidamente treinados na rotina deste serviço e que possuem conhecimentos teóricos sobre o mesmo. Apesar disso, esse Auxiliares de Inspeção trabalham sob a supervisão do Inspetor Médico Veterinário, que é também o responsável pelo Departamento de Inspeção Final e pelo cumprimento das medidas de ordem higiênico-sanitária das Instruções previstas no RIISPOA (MAPA, 2007). Na Tabela 1 estão dispostas as linhas de inspeção e as partes da carcaça que são examinadas em cada linha no decorrer do abate de bovinos. Tabela 1: Linhas de inspeção no abate de bovinos segundo o Serviço de Inspeção Federal. LINHAS LOCAL EXAMINADO A Pés B Conjunto cabeça e língua C Cronologia dentária D Trato gastrointestinal, baço, pâncreas, bexiga e útero E Fígado F Pulmões e coração G Rins H Parte caudal da carcaça I Parte cranial da carcaça Fonte: RIISPOA (BRASIL, 1952) Em um trabalho realizado por Lima et al.(2007), 1.840 bovinos abatidos foram examinados no Abatedouro Frigorífico Industrial de Mossoró. A inspeção post-mortem dos bovinos foi realizada pelas técnicas de exame visual, palpação e, quando necessária, também foi efetuada a enucleação e incisão dos órgãos submetidos à análise macroscópica. Em outro trabalho, realizado 20 por Silva et al. (2013) foram examinados 22.003 bovinos abatidos no frigorífico do município de Uberlândia – MG e a inspeção post-mortem foi realizada em conjunto com os fiscais do Serviço de Inspeção Federal, pelas técnicas determinadas pelo Regulamento Industrial de Inspeção de Produto de Origem Animal (RIISPOA), Artigos 147 e 148. O trabalho de Filho et al. (2006) em um matadouro-frigorífico de Goiás, realizou a detecção de lesões por reações vacinais através da colaboração dos auxiliares do Serviço de Inspeção Federal, nas linhas de inspeção G, H e I. As carcaças que fizeram parte do experimento foram monitoradas até a desossa, com vistas à detecção de novas lesões. 2.3 – Prejuízos econômicos gerados por condenações de peças no abate de bovinos. Dentro da cadeia produtiva de carne bovina e no ponto de vista econômico, enquanto os cortes de carnes são os mais consumidos, as vísceras, por outro lado, são subprodutos importantes caracterizadas como ótimas fontes proteicas e alternativas para a população mundial em expansão. Desse modo, isso garante uma agregação de valor à produção constituindo também uma importante fonte de lucros para a economia nacional e para as empresas pecuárias (KALE et al., 2011). Além disso, Fruet et al., 2013 destaca que estes subprodutos apresentam baixo custo para o consumidor em comparação aos cortes nobres. Kale et al., 2011 afirma que através dos avanços tecnológicos, a utilização dos subprodutos como matérias-primas e produtos auxiliares em diferentes áreas resulta no aumento no valor dos produtos finais. Apesar desses fatores Kale et al.,2011 afirma que durante a realização da inspeção sanitária, as vísceras, carcaças e as partes de carcaças que apresentem alterações são condenadas e isso representa um prejuízo econômico direto dentro da indústria frigorífica. Entre as vísceras bovinas, o fígado se ressalta por ser um excelente alimento, rico em proteínas e carboidratos (PARDI, 2006). Este órgão é bastante consumido pela população, no entanto na rotina de inspeção é comumhaver muitas condenações do mesmo, pois suas funções metabólicas o tornam susceptível a variados tipos de lesões (ALMEIDA, 2016). Faccin et al., 2015 realizou um estudo que evidencia as perdas por condenação de fígados 21 com fibrose devido à ingestão de braquiária. Os resultados apontaram que as lesões de braquiária ocasionam a condenação de 23,6 toneladas de fígado com prejuízo estimado em mais de R$100.000,00 no período de um ano em apenas um matadouro. Estudo realizado por Fruet et al (2013), aponta que o fígado representa quase 50% das perdas na produção, com prejuízos por volta de R$142.749,05 para o rendimento financeiro de vísceras em matadouros localizados no município de Santa Maria – RS. Esse fato pode ser explicado pelo elevado peso do órgão quando comparado aos subprodutos restantes. Neste estudo o número de órgãos condenados foi de 8.167, representando uma perda de 24.168,66 kg, o que corresponde a 20,82% da produção. A cisticercose tem pouca importância clínica na espécie bovina, apesar disso, são grandes os prejuízos econômicos na balança comercial do país. Se considerarmos um rebanho de 200.000.000 animais e uma prevalência média de cisticercose de 5% com taxa de desfrute de aproximadamente 30%, os prejuízos diretos seriam da ordem de R$ 24,5 milhões/ano (SOUZA et al., 2007). Em relação aos prejuízos relacionados a condenação de carne devido a abscessos vacinais e/ou medicamentosos, o estudo realizado por Filho et al., 2006 em um matadouro-frigorífico de Goiás, constatou que dos 2.662 animais abatidos, 518Kg de carne foram condenadas devido a abscessos. Na pesquisa realizada por Alves et al., 2008, em propriedades rurais da região do Triângulo Mineiro, de 251 carcaças bovinas abatidas 76,50% apresentaram reações de abscessos, constatando uma perda total de R$ 645,07. Em um frigorífico na cidade de Barretos – SP, Lago-Rezende et al.(2011) mostrou que o comércio deixou de receber R$15.164,12, em 13.000 cabeças de gado devido a abcessos e hematomas. Filho et al., 2006 constatou que as elevadas perdas econômicas resultantes da presença de abscessos na musculatura das carnes de bovinos estabelece a necessidade de uma mudança no manejo dos animais durante a vacinação e/ou tratamentos medicamentosos, com o objetivo de diminuir a 22 frequência dessas lesões e, por com seguinte, diminuir a depreciação da carcaça. 3. OBJETIVOS 3.1 – Objetivos Gerais Identificar as condenações durante a inspeção post-mortem e relacionar as perdas econômicas associadas a essas condenações no abate de bovinos em Salinas-MG. 3.2 – Objetivos específicos Realizar exame macroscópico, nas linhas de inspeção, em vísceras e carcaças; Identificar as alterações anatomopatológicas encontradas no exame macroscópico de vísceras e carcaças; Identificar a quantidade de animais abatidos com distinção de sexo; Realizar a pesagem de todo material condenado pelo serviço de inspeção municipal, tanto vísceras quanto porções cárneas; Calcular os prejuízos econômicos gerados pelo descarte de vísceras e porções cárneas condenadas pelo serviço de inspeção municipal. 4. METODOLOGIA O trabalho foi realizado em um matadouro municipal, localizado na cidade de Salinas no Norte de Minas Gerais, com média de abate de 23 animais/dia. Durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2016, por meio de 35 visitas realizadas aleatoriamente, avaliou–se 797 carcaças bovinas com distinção de sexo, de animais provenientes da própria região, através do Serviço de Inspeção Municipal – SIM. 23 A inspeção post-mortem dos bovinos foi realizada pelas técnicas de exame visual, palpação e, quando necessária, também foi efetuada a incisão dos órgãos submetidos à análise macroscópica, de acordo com o Regulamento de Inspeção Industrial de Produtos de Origem Animal(BRASIL, 1952). Também foram quantificadas o número de fêmeas gestantes sem distinção de idade gestacional. Foram identificadas e tabuladas as alterações post-mortem encontradas, para posteriormente realizar os cálculos de prevalência das condenações e os prejuízos econômicos gerados por elas. Realizou-se a coleta e a pesagem das vísceras condenadas. Assim como das porções cárneas excisadas das carcaças que apresentaram abscessos vacinais e/ou medicamentosos, de acordo com o Artigo 157, Capítulo III do RIISPOA. As amostras coletadas foram separadas de acordo com a localização do abscesso (corte de carne correspondente) e fez-se a pesagem separadamente, para posterior cálculo do prejuízo econômico gerado pelo descarte. Os prejuízos econômicos foram calculados a partir de uma pesquisa de mercado da carne na cidade de Salinas-MG, que foi realizada em dez açougues e preconizou os cortes de carne e vísceras que mais foram condenados no decorrer do presente trabalho. A partir desta pesquisa de mercado, foi calculada uma média de preço e então pode-se estimar a quantidade de recursos econômicos que deixaram de circular no comércio da cidade devido as condenações post-mortem. As alterações relacionadas a contaminações não foram inclusas nos cálculos de prevalência, já que o estabelecimento não fazia a contagem das mesmas. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nessa pesquisa três aspectos foram analisados: o volume em número e o peso de órgãos condenados; as principais lesões responsáveis pelo descarte das vísceras; a quantidade de porções cárneas descartadas e os prejuízos decorrentes. Com essa finalidade foram inspecionadas 89 vísceras que foram 24 descritas acompanhadas de suas respectivas alterações e pesos (kg). A Tabela 2 expõe o tipo e a quantidade de vísceras descartadas. Tabela 2: Vísceras condenadas durante a inspeção post-mortem de Bovinos no Matadouro Municipal de Salinas/MG. Tipo de víscera Quantidade (unidade) Quantidade (kg) Quantidade (%) Coração 02 4,16 2,25 Fígado 31 176,99 34,83 Língua 01 1,21 1,13 Pulmões 52 225,73 58,42 Rim 03 1,08 3,37 Total 89 449,74 100 Fonte: Elaboração própria, 2016. Pode-se observar que o pulmão foi o órgão com o maior número de descarte do total de vísceras condenadas, seguido do fígado. O trabalho realizado por Lima et al (2007) também evidencia grande perda de pulmões devido a condenações por presença de alterações no sistema respiratório. As alterações respiratórias encontradas por ele foram: enfisema (66,7%), congestão (16,7%), hiperemia ativa (11,1%) e pneumonia (5,5%). Já o trabalho de Silva et al (2013) mostra que do total de patologias encontradas, o órgão mais atingido foi o rim e as alterações encontradas foram nefrite (9,92%), cisto renal (11,06%), uronefrose (13,56%), congestão (27,09%) e isquemia (38,41%). No trabalho realizado por Barreto et al (2013) os rins e pulmões foram os maiores contribuintes nas condenações de vísceras, sendo as nefrites e a aspiração de sangue as principais afecções observadas. O trabalho de Palma (2013) demonstra que as lesões mais encontradas nos pulmões condenados foram enfisema, seguido de aspiração de sangue, aspiração de conteúdo ruminal, contaminação, congestão e bronquite. O trabalho de Sodré (2008) também mostra grandes casos de aspiração de sangue e congestão pulmonar. Segundo o Regulamento de Inspeção Industrial de Produtos de Origem Animal – RIISPOA (Artigos 162 e 165), os pulmões identificados com as alterações descritas no presente trabalho devem ser destinados à condenação (BRASIL, 1952). 25 Com a coleta de dados, observa-se que dentre os 52 pulmões descartados,no presente trabalho, a aspiração agônica de sangue foi a principal causa de condenações do órgão, seguida de contaminação por conteúdo ruminal, aspiração de conteúdo ruminal, broncopneumonia verminótica, abscesso pulmonar, estomatite vesicular, bronquiectasia, melanose, e lesões sugestivas de tuberculose. Pinto (2012) afirma que quando ocorre a aspiração de sangue a cor da área acometida predomina como vermelho-vivo e se restringe aos espaços extravasculares. Segundo Lima et al. (2007) a perfeita insensibilização do animal no momento do abate é muito importante, pois a má insensibilização provoca um quadro de enfisema agônico, aspiração de sangue e de conteúdo ruminal para os pulmões. Figura 1: Aspiração agônica de sangue em pulmão condenado durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. A contaminação dos pulmões por conteúdo ruminal, no presente trabalho, ocorria possivelmente, no momento da retirada do conjunto traquéia-esôfago- pulmões da carcaça. Neste processo, como não há uma oclusão prévia do esôfago, o conteúdo ruminal escoava pelo lúmen esofágico, contaminando assim os pulmões. Outro fator que pode influenciar é a não realização adequada do jejum dos animais, aumentando a presença de conteúdo gastrointestinal. 26 Figura 2: Conteúdo gástrico no esôfago não ocluído e na região da glote durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. Durante o trabalho foi encontrado apenas um caso, 1,92% do total de pulmões condenados, de broncopneumonia verminótica por Dictyocaulus viviparus. Os parasitas foram encontrados nas regiões mais caudais do órgão, o que deu mais ênfase para a identificação da alteração, já que segundo SANTOS (2014), as infecções parasitárias, comumente, se localizam nas porções caudais, principalmente nos lobos diafragmáticos. Pinto (2007) afirma que as broncopneumonias verminóticas em ruminantes são causadas por nematódeos estrongilóideos como o Dictyocaulus viviparus e D. filaria. A acumulação desses parasitas nos brônquios pode resultar no aparecimento de atelectasias e enfisemas pulmonares. Figura 3: Broncopneumonia verminótica por Dictyocaulus viviparus identificada durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. 27 Em relação à Estomatite Vesicular, os pulmões foram condenados porque as lesões se estendiam por todo tecido conjuntivo que circunda o esôfago. Segundo Santos e Fukuda (2014) as lesões macroscópicas de estomatite vesicular começam com uma vesícula clara, pequena, cheia de líquido, podendo ocorrer em lábios, mucosa bucal e superfície e margens da língua. Podendo ainda ocorrer lesões similares no esôfago como descrito no presente trabalho. Estas vesículas aumentam de tamanho até sua consequente ulceração, criando manchas irregulares na submucosa vermelha e desnuda. Neste caso em especial não foi possível identificar se a mucosa bucal e língua possuíam lesões similares. A falta de método de identificação e relação entre cabeça e carcaça pode ter prejudicado o processo de detecção da lesão. Figura 4: Lesões de Estomatite Vesicular que se estende por todo tecido conjuntivo que circunda a traqueia e esôfago que foram identificadas durante a inspeção post- mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. A Bronquiectasia é a dilatação do lúmen bronquial, que, geralmente, é uma consequência de bronquite crônica. No exame macroscópico, esse tipo de alteração caracteriza-se por brônquios das regiões crânio ventrais irregularmente dilatados e repletos de material purulento de aspecto viscoso e de coloração amarelo-esverdeada. Os brônquios dilatados, às vezes, aparecem salientes na superfície do pulmão. O parênquima adjacente apresenta-se atelectásico e, em alguns casos, pode estar consolidando, enfisematoso, ou fibrosado. A forma mais adequada de se observar a lesão é fazer cortes das áreas afetadas (SANTOS, 2014). A lesão encontrada nos pulmões do presente trabalho foi caracterizada por Bronquiectasia em 28 consequência da presença de enfisema pulmonar, parênquima adjacente fibrosado e brônquios dilatados com presença de material viscoso. Figura 5: Bronquiectasia identificada durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. Ocorreu apenas um caso de Melanose no presente trabalho, e os pulmões afetados foram condenados por motivo estético/visual. Segundo Santos e Fukuda (2014) a Melanose é a denominação dada a qualquer pigmentação anormal do tecido com acúmulo de melanina nos órgãos, como os rins, coração, fígado, pulmões, entre outros. O trabalho realizado por Pilar (2015) em Cevallos no Equador, mostra que do dia 04 de Maio ao dia 05 de Junho de 2014 a Melanose representou 16% das alterações hepáticas no Camal Frigorífico Municipal de Ambato. Figura 6: Melanose identificada em pulmões durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. 29 Pode-se observar que o fígado foi responsável por 34,8% do total de vísceras descartadas. O trabalho de Fruet (2013) observou que o principal órgão condenado foi o fígado e a lesão de maior prevalência foi causada por Fasciola hepatica, e este achado provavelmente se deve ao fato de o parasita ser endêmico na região sul do Brasil. A alteração anatomopatológica mais identificada no presente trabalho foi o abscesso hepático, representando aproximadamente 70,6% no total de todos os fígados condenados. Segundo Thomson (1998), quadros de ruminite tóxica causas danos à mucosa ruminal permitindo que a microflora do rúmen, principalmente a Fusobacterium necrophorum, penetre na circulação portal. Inicialmente após se instalarem no fígado, as bactérias proliferam e produzem focos de necrose hepatocelular e de hepatite que podem, com o tempo, se transformarem em abscessos. Através do exame macroscópico os abscessos podem ser observados como uma área de inflamação purulenta circunscrita e bem delimitada, envolvida por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso (ALMEIDA, 2016). Figura 7: Abscesso hepático envolvido por tecido conjuntivo fibroso (A) e extravasamento de conteúdo purulento do abscesso após corte (B) de fígado condenado durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. Com uma frequência inferior (29,4%) algumas lesões características de Teleangiectasia ou Hemangioma Cavernoso também foram identificadas no decorrer do trabalho. As lesões desse tipo de alteração não tem significado clínico ou funcional aparente e a sua etiologia é desconhecida. É caracterizada por pontos vermelhos-escuros ou negro-azulados e de forma e tamanhos variados, porém com bordos regulares e depressão na superfície do órgão. Ao 30 corte, flui sangue e é possível visualizar um remanescente de rede vascular de aspecto cavernoso (PINTO, 2014). Fruet (2013), diferente do presente trabalho, evidenciou muitas condenações por teleangiectasia. Nos casos deste tipo de alteração o órgão pode sofrer condenação total, quando a lesão atingir metade ou mais do órgão ou pode ter aproveitamento condicional no caso de lesões discretas, após remoção e condenação das partesatingidas. No caso de abscessos e lesões supuradas, os órgãos atingidos devem ser condenados (BRASIL, 1952). Figura 8: Abscesso hepático com secreção purulenta (A), presença de Teleangiectasia (B-setas) e abscesso (B-círculo), e presença de Teleangiectasia (C-setas). Lesões identificadas durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas/MG. Fonte: Acervo pessoal, 2013. As condenações de rins na pesquisa representam apenas 3,7% do total de vísceras, representadas por contaminação e lesões sugestivas de Cisto Renal Solitário além de suspeita de Neoplasia – Adenocarcinoma Renal. O trabalho de MENDES (2009) mostra que o cisto renal foi a principal causa de condenação de rins no abate de bovinos na região do Planalto Serrano e no Alto Vale do Itajaí – SC. Entretanto Silva (2013) mostra que a principal causa de condenação de rins no município de Uberlândia – MG foi isquemia. Pinto (2014) afirma que os rins císticos não constituem impedimento ao consumo, mas devem ser descartados por motivos estéticos. Santos (2014) esclarece que os cistos solitários geralmente estão localizados na cortical, 31 apresentam cápsula transparente ou esbranquiçada e opaca, e contém líquido semelhante à urina. O Artigo 193 do RIISPOA decreta que os rins que apresentem cistos devem ser condenados (BRASIL, 1952). Figura 9: Cisto renal(seta) identificado durante a inspeção post mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. O adenocarcinoma é considerado uma neoplasia maligna do epitélio glandular em que a aparência do corte varia de acordo com sua idade, localização e com o tecido original envolvido. Em um órgão interno a extensão do crescimento de uma neoplasia deste tipo não segue uma regra, podendo ser arredondado e de forma definida, um tanto adiposo, ou podendo permear difusamente o órgão no qual está localizado. É comum apenas um rim estar envolvido. O crescimento deste tipo de neoplasia é por expansão circundando o tecido renal. Em alguns casos causa considerável atrofia por compressão do rim, e certas vezes o tecido renal se representa apenas por uma fina camada de tecido atrófico adjacente à cápsula. (SANTOS e FUKUDA, 2014). Devido à ausência de médico veterinário oficial da inspeção, de acordo com as informações da literatura (SANTOS e FUKUDA, 2014) e do RIISPOA (Artigo 197), o rim em questão foi condenado, principalmente por questão estética/visual (BRASIL, 1952). 32 Figura 10: Adenocarcinoma Renal identificado durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG Fonte: Acervo pessoal, 2016. Durante as 35 visitas, apenas uma língua foi condenada. Essa condenação foi devido à presença de lesão característica de Actinobacilose e seguiu os critérios do Artigo 158 do RIISPOA. Segundo Pinto (2014), as lesões desse tipo são nódulos amarelados de tamanho variado, palpáveis nos linfonodos e nas superfícies da língua. Comumente, esses nódulos se distribuem ao longo da cadeia linfática. No estágio crônico da doença ocorre uma grande produção de tecido fibroso esbranquiçado, com endurecimento e aumento do tamanho da língua. Santos (2014) também afirma que nas formas crônicas da doença ocorre destruição do tecido muscular da língua e substituição por tecido fibroso denso, o que provoca um aumento de volume e da consistência do órgão. Mahl (2016) mostrou em seu trabalho, realizado nos municípios de Passo Fundo e Erechim – RS, que das alterações encontradas na língua a contaminação (85,7%) foi a mais significativa, seguida de cisticercose calcificada (14,3%). 33 Figura 11: Lesão característica de Actinobacilose em língua bovina identificada durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas/MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. A condenação dos corações foram por icterícia devido a suspeita de tuberculose, comentado mais adiante, e por aderência do pericárdio e congestão do órgão. Pinto (2014) explica que aderências podem ser consequência de pericardites. O RIISPOA, (Artigo 191), decreta que órgãos que apresentem aderências e congestão devem ser condenados (BRASIL, 1952). O trabalho de Mahl (2016) mostrou que as causas com maior prevalência de condenações de corações foram pericardite, contaminação, cisticercose calcificada e hidatidose. Já Silva (2013) encontrou as seguintes alterações: congestão, pericardite, cisticercose e aderência do pericárdio, sendo as duas primeiras as principais causas de descarte do coração. Figura 12: Aderência do pericárdio em coração condenado durante a Inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. 34 Durante a pesquisa do presente trabalho foi encontrado apenas uma lesão característica referente a cisticercose. O cisto estava calcificado, se localizava no músculo masseter e foi identificado ao corte do músculo realizado de acordo com o RIISPOA. Como apenas um cisticerco foi encontrado, foi realizada a remoção da porção cárnea, onde o mesmo se localizava, e o restante da carcaça, após exame mais detalhado, foi liberada pelo serviço de inspeção seguindo as normas previstas no Artigo 176 do RIISPOA. No estudo realizado por Carvalho (2006) foi observado que 55,51% do total de animais positivos apresentaram cistos com localização na cabeça, 42,70% no coração, 1,10% na língua e 0,69% carcaça. Os cisticercos se caracterizam por vesículas esféricas ou ovais com cerca de 0,5 a 1,0 cm de diâmetro e podem se manifestar no animal desde as formas vivas que são transparentes, degeneradas, calcificadas ou até as três simultaneamente. Esta diversidade de formas e as dimensões dos cisticercos variam de acordo com o período transcorrido da primeira infecção ou a ocorrência de reinfestações, que estão relacionadas ao grau de resposta imunológica do animal (PINTO, 2014). Figura 13: Cisticerco calcificado identificado durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. No decorrer do trabalho foram identificadas lesões de abscessos caseosos no fígado e pulmões. Diante disto foi realizada a inspeção mais apurada na carcaça dos referentes órgãos e observou-se a presença de icterícia generalizada. Essas lesões são sugestivas de tuberculose, desse 35 modo toda a carcaça foi condenada junto dos seus respectivos órgãos seguindo as normas previstas nos Artigos 186 e 196 do RIISPOA. O trabalho de Furlanetto (2012) mostrou que de um total de 41.193 bovinos avaliados, sadios ao exame ante-mortem, 198 apresentaram lesões sugestivas de tuberculose ou linfadenites na porção dianteira da carcaça, durante o exame post-mortem. Através da avaliação do SIF, apenas uma carcaça apresentou lesão sugestiva de tuberculose, e as lesões das outras 197 foram julgadas como linfadenites comuns ou inespecíficas. Silva (2011) afirma que as lesões decorrentes de linfadenite caseosa, actinobacilose e coccidioidomicose são eventualmente indistinguíveis da tuberculose e somente o exame microscópico pode diferenciá-las. Pinto (2014) afirma que a tuberculose é um das principais zoonoses encontradas em estabelecimentos de abate no Brasil, tanto pela sua importância em saúde pública quanto pela sua relevante presença nos relatos de ocorrências de afecções detectadas pelos serviços de inspeção na rotina de abate. As lesões tuberculosas ou tubérculossão nodulações de tamanho variável, geralmente branco-amareladas, com presença de necrose na área central, de consistência mole caracterizando um abscesso, caseosa ou calcificada dependendo do estágio da doença (PINTO, 2014). Figura 14: Carcaça, apresentando icterícia generalizada, condenada durante a inspeção post mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. 36 Figura 15: Lesões identificadas durante a inspeção post mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. A e A’: Presença de abscessos no tecido pulmonar. B: Vísceras embaladas apresentando icterícia. C e C’: Presença de abscessos no tecido hepático. D: Abomaso ictérico. Fonte: Acervo pessoal, 2016. Em relação as contaminações externas observou-se alguns pontos críticos no decorrer das visitas. Não foi possível realizar os cálculos de prevalência porque o estabelecimento não considerava tais pontos como alterações nas carcaças ou consideravam como alterações mínimas. Os animais entravam para a sala de matança sem obedecer o jejum adequado de 24 horas, previsto no Artigo 110 do RIISPOA (BRASIL, 1952). Além disso, a desarticulação da cabeça era realizada antes da esfola e não era feita a oclusão do esôfago. Devido a isso, no momento da desarticulação ocorria um refluxo gástrico que contaminava a parte interna da cabeça (músculos pterigoides) e a língua. A partir disso era feita uma lavagem das cabeças contaminadas que seguiam normalmente na linha de abate. 37 Figura 16: Identificação dos locais de contaminação do conjunto cabeça e língua por conteúdo ruminal durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. No momento da retirada do couro, a carcaça se posicionava muito próximo ao rolete de esfola e devido a isso, em algumas situações, dependendo do porte do animal abatido, o couro acabava encostando na própria carcaça contaminando-a com sujidades e pelos. A conduta realizada era de fazer a retirada das sujidades a partir de cortes superficiais no local contaminado, sem muitos dano à carcaça. Figura 17: Identificação de contaminação na esfola durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Observa-se a presença de sujidades e pelos (círculos). Fonte: Acervo pessoal, 2016. Em alguns casos a não oclusão do reto e o rompimento de alças intestinais na evisceração foram responsáveis pela contaminação de partes de 38 carcaças. A conduta realizada era, em algumas vezes, a retirada superficial da porção cárnea acometida e, em outras, a lavagem com água no local contaminado. O Artigo 165 do RIISPOA estabelece que carcaças ou partes de carcaça que se contaminarem por fezes durante a evisceração ou em qualquer outra fase dos trabalhos devem ser condenadas (BRASIL, 1952) Em geral, as lesões traumáticas encontradas em carcaças no exame post-mortem são resultados de falhas no transporte e manejo pré-abate dos animais, que promovem ruptura de vasos, com manifestação macroscópica de hemorragia e edema, com presença de contusão ou não, dependendo da força e da duração da ação mecânica envolvida. A maioria dos casos de hemorragias ou congestões, distribuídas exclusivamente no tecido muscular da carcaça, se manifesta de forma localizada, sem evidências de reação ganglionar, e tem origem traumática. Diante disso, são motivos de rejeição parcial, mas a condenação é indicada quando as alterações se originam do aparelho digestivo (PINTO, 2014). Foram descartados 12,210 kg (3 %) de carne devido a hematomas no decorrer das visitas seguindo os critérios previstos no Artigo 177 do RIISPOA. Apesar disso, a maioria dos animais que foram abatidos apresentavam hematomas, alguns se localizavam mais superficialmente na gordura subcutânea e outros chegavam a atingir a musculatura. Observou-se que as porções cárneas atingidas por hematomas só eram retiradas caso a musculatura fosse bastante comprometida. Os locais mais acometidos por hematomas eram a região da paleta, cupim, costela e a região de íleo e ísquio. O trabalho de Assis (2011) evidencia que de um total de 26.000 meia-carcaças avaliadas, 1280 apresentaram hematomas. Foram retirados 74 kg do quarto dianteiro e 132,5 kg do traseiro, totalizando 206,5 kg de porções cárneas com hematomas, acarretando um prejuízo de R$ 1.060,03. O estudo de Lago (2011), realizado em Barretos – SP, mostra que 301,96 Kg de carnes provenientes de 1.483 carcaças foram descartadas devido a hematomas. Estes resultados mostram que, das 13.000 carcaças geradas pelo abate durante o período de estudo, 11,4% apresentaram hematomas. 39 Figura 18: Identificação de hematomas nas carcaças devidos a contusões durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG; Fonte: Acervo pessoal, 2016. A prática de vacinação em massa, especialmente em bovinos, leva ao aparecimento de abscessos nos locais de aplicação. A troca de agulhas e a antissepsia no local de aplicação significam, muitas vezes, um transtorno no rendimento do processo e isso ocorre com maior frequência em rebanhos de gado de corte (ALVES, 2008). Várias práticas na utilização de medicamentos ou vacinas são incorretas ou impróprias, como a aplicação em local inadequado, quebra da agulha dentro do músculo, marcas a fogo em local indevido e contusões durante o manejo dos animais (LUCHIARI FILHO, 2001). A presença de reações à vacinas e medicamentos cresce cada vez mais e ocasiona grandes prejuízos econômicos e à imagem do produto. As lesões causadas pela aplicação indevida de vacinas e medicamentos, além de causarem um sério problema de qualidade na carne bovina, também representam custos de mão de obra, necessária para realizar as aparas da região afetada e o custo da perda de porções cárneas (LUCHIARI FILHO, 2001). Os abscessos e reações vacinais e/ou medicamentosas além de serem os achados anatomopatológicos mais encontrados, também foram responsáveis pelo descarte de 363,332 kg (97 %) de carne no decorrer do 40 trabalho, sendo que a média de descarte por animal foi de 0,455 kg (0,24 %). Alves et al., 2008 constatou em seu trabalho que a média de perda das porções musculares lesionadas e coletadas nas linhas de inspeção foi de 0,516Kg. Já Lago-Rezende et al., 2011 retratou que as 4.713 carcaças acometidas por abscessos tiveram uma média de perda de 0,287Kg/carcaça. Filho et al., 2006 também relata uma perda de 0,213Kg/carcaça de material retirado e condenado relacionado a abscessos. As pesagens foram realizadas de acordo com o local acometido na carcaça e a região do pescoço foi de uma forma expressiva a região mais afetada. Isso pode estar ligado ao fato de que as vacinas geralmente são recomendadas a serem aplicadas na região chamada “tábua do pescoço”(EMBRAPA, 2007). A Figura 19 evidencia a quantidade em Kg de carne descartada de acordo com o tipo de corte e a percentagem da mesma. Figura 19: Quantidade de carne descartada de acordo com o tipo de corte durante a inspeção post-mortem no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Elaboração própria, 2016. 41 Assis (2011) mostrou em seu trabalho que do total de 26.000 meias carcaças avaliadas, 26% apresentaram abscessos. Do total de 6.769 meias carcaças afetadas, todos os abscessos se restringiram ao quarto dianteiro, especificamente nas regiões do acém (80,7%), cupim(6,8%), paleta (0,8%) e pescoço (11,7%). O trabalho de Lago (2011) mostrou que abscessos também acometeram o dianteiro das carcaças e os cortes mais atingidos foram cupim, acém e costela do dianteiro. Neste caso os abscessos foram responsáveis pelo descarte de 1.355,30 Kg de carne cuja origem foram 4.713 carcaças. É importante ressaltar que essas lesões geradas por reações vacinais e/ou medicamentosas podem ser evitadas, sem prejudicar a imunização do animal, e desse modo prevenir os consequentes prejuízos econômicos. Segundo Madureira (1998) deve-se observar alguns fatores para que a eficiência das vacinas não seja prejudicada, tais como o transporte, conservação, manuseio das vacinas e execução da vacinação. As boas práticas devem ser adotadas para viabilizar a proteção ideal do rebanho e evitar contaminação no local da aplicação, gerando reações indesejadas e consequente depreciação na carcaça. Alves (2008) afirma que a vacinação deve ser realizada de uma forma em que o impacto negativo do manejo não seja tão intenso para os animais. O que proporciona aumento na produtividade e redução dos prejuízos econômicos. Figura 20: Lesões identificadas durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. A: Abscesso com extravasamento de pus após corte. B: Abscesso granuloso. C: Reação vacinal e/ou medicamentosa superficial. Fonte: Acervo pessoal, 2016. 42 Figura 21: Lesões identificadas durante a inspeção post-mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. A: Abscesso supurado pós-esfola. B: Carcaça depreciada na região do pescoço após a excisão de abscessos vacinais e/ou medicamentosos. Fonte: Acervo pessoal, 2016 Figura 22: Lesões identificadas durante a inspeção post-mortem no Matadouro Municipal de Salinas – MG. A: Abscesso vacinal. A’: Dano causado após a retirada do abscesso. B: Abscesso vacinal. B’: Dano causado após a retirada do abscesso. Fonte: Acervo pessoal, 2016. 43 Durante as 35 visitas, pode-se observar que num total de 797 animais abatidos, 658 (82,6%) eram fêmeas, e desse total de fêmeas abatidas, 392 (59,5%) estavam gestantes. Não foi diagnosticada a idade de gestação de cada fêmea, mas diante de uma análise subjetiva, pode-se notar que muitas delas estavam no terço final da gestação. Os fetos foram retirados e descartados junto com o sistema reprodutor, a carcaça seguia na linha normalmente independente da idade de gestação. O trabalho de Sornas (2014) avaliou 1.000 vacas abatidas em um frigorífico da região metropolitana de Curitiba-PR, e destas, 580 estavam prenhes em diferentes estágios de gestação. Já o trabalho de Riva (2015) evidencia que de 11.954 fêmeas, 90 carcaças foram condenadas por gestação adiantada, representando uma prevalência de 0,46% dentre todos os animais abatidos e 0,75% das fêmeas abatidas. O Artigo 182 do RIISPOA estabelece que as carcaças de animais em gestação adiantada ou que apresentem sinais de parto recente, devem ser destinadas à esterilização, desde que não haja evidência de infecção e os fetos devem ser condenados (BRASIL, 1952). O Gráfico 3 ilustra a quantidade de animais abatidos, o número de fêmeas e o número de fêmeas gestantes, assim como a porcentagem dos mesmos. Gráfico 2: Relação do número de animais abatidos com o n° de fêmeas e o n° de gestações durante a inspeção post mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Elaboração própria, 2016 44 Figura 23: Fetos retirados de carcaças de fêmeas prenhes durante a inspeção post- mortem de bovinos no Matadouro Municipal de Salinas – MG. Fonte: Acervo pessoal, 2016. Os produtores rurais da região de Salinas – MG realizam a venda dos animais vivos, utilizando o preço da arroba do boi na região, para os comerciantes, açougueiros e supermercados. Estes comerciantes pagam ao frigorífico o serviço de abate em média R$ 100,00/animal. Sendo assim os prejuízos gerados pelas condenações post mortem atingem somente esses comércios. A Tabela 3 mostra que R$6.432,68 deixaram de circular no comércio local de Salinas – MG durante os meses de Agosto, Setembro e Outubro de 2016 consequente das condenações na inspeção post-mortem. Tabela 3: Quantidade estimada de recursos econômicos que deixaram de circular no comércio de carnes na cidade Salinas – MG. Tipo de corte/Víscera Quantidade de descarte Preço médio do corte/víscera(Varejo) Total Fígado 31 unidades R$11,05 R$342,55 Rim 03 unidades R$1,80 R$5,40 Coração 02 unidades R$4,80 R$9,60 Cupim 27,326 kg R$18,75 R$512,36 Paleta 43,893 kg R$19,24 R$844,50 Pescoço 290,415 kg R$14,84 R$4.309,35 Picanha 13,343 kg R$29,65 R$395,62 Popão 0,565 kg R$23,54 R$13,30 TOTAL - - R$6.432,68 Fonte: Elaboração própria, 2016. 45 Do total de 375,541Kg de carnes condenadas devido a abscessos ou hematomas no presente trabalho, constatou-se que a média de descarte por carcaça foi de 0,470Kg. Além disso, considerando o preço médio de R$21,00 por Kg de carne, estimou-se que o custo foi de R$9,96/carcaça. Na pesquisa de Alves et al., 2008, a média de descarte foi de 0,516Kg, com custo de R$ 2,57 por animal. Já a pesquisa de Lago-Rezende et al., 2011 revelou que o comércio deixou de receber R$1,16 por animal em 13.000 carcaças avaliadas. Além das perdas econômicas por vísceras e porções cárneas condenadas que são comercializadas in natura, temos também aquelas que são matéria-prima para a produção de embutidos. Neste caso os pulmões são utilizados pelo próprio frigorífico para a produção de linguiça. Como pode se observar, os pulmões foram, de todas as vísceras, o de maior condenação e as alterações responsáveis pelos descartes eram por falha na sangria, insensibilização, da não oclusão do esôfago e por contaminações externas. Os prejuízos nesse quesito podem ser facilmente evitados com treinamento de funcionários, e investimento no programa de Boas Práticas de Fabricação (BPF), no Programa de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO) e na Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle (APPCC). 7. CONCLUSÃO Diante dos dados coletados e das análises realizadas, conclui-se que a principal causa das alterações anatomopatológicas de vísceras é decorrente de falhas no processamento tecnológico durante o abate. As condenações de carcaças, gerando perdas de carne para o açougueiro, tem como fatores causais deficiências no manejo de aplicação de vacinas ou medicamentos, no transporte até o matadouro e no manejo pré-abate nos currais. Sendo assim, as perdas econômicas podem ser minimizadas com treinamentos/capacitação e conscientização das ações de todos os envolvidos no abate, do produtor ao magarefe, para a qualidade do produto final. 46 8. BIBLIOGRAFIA ALVES, Luana Ribeiro et al. REAÇÕES INFLAMATÓRIAS EM CARCAÇAS BOVINAS E SUAS CONSEQUENTES PERDAS ECONÔMICAS. IX Encontro Interno e XIII Seminário de Iniciação Cientifica, Uberlândia, p. 1-6, set. 2008. Disponível em: <https://ssl4799.websiteseguro.com/swge5/seg/cd2009/PDF/IC2009 0336.p df>. Acesso em: 06 nov. 2016. 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