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Princípios Constitucionais Tributários

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS
Princípios tributários: arts. 150, 151 e 152 da CF;
Princípios (conceito) = limitações constitucionais ao poder de tributar (os princípios são balizamentos à ação tributante das entidades impositoras: U, E, M e DF).
Daí se dizer que a tributação federal, por exemplo, que viole determinado princípio tributário,	será	inevitavelmente “contaminada” de inconstitucionalidade. O mesmo raciocínio vale para a tributação estadual ou municipal.
Estudo individualizado dos Princípios Tributários:
1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA (ART. 150, I, CF C/C ART. 97, I E II, CTN)
“U, E, M e DF só podem instituir e majorar o tributo por meio de lei”.
Dois verbos: instituir e majorar (lei)
Que lei é essa que cria e aumenta o tributo? Lei ordinária.
Pergunta-se, ainda: E a lei complementar? Ela está explícita na CF como a lei hábil a instituir QUATRO tributos federais:
Imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII, CF);
Imposto residual (art. 154, I, CF);
Empréstimo compulsório (art. 148,
caput, CF);
Contribuições residuais da seguridade social (art. 195, §4º, CF c/c art. 154, I, CF).
O Poder Executivo pode, entretanto, ter uma atuação mitigada (art. 153, §1º, CF):
QUATRO impostos federais cujas alíquotas poderão ser alteradas por ato do Poder Executivo (Portaria, Decreto etc.).
Detalhe: esses quatro impostos foram criados por meio de lei, cabendo ao Executivo uma atuação superveniente.
LISTA: II, IE, IPI e IOF.
ATENÇÃO: a EC 33/01 ampliou o rol, trazendo mais dois tributos – CIDE- Combustível e o ICMS-Combustível.
Lógica da mitigação da legalidade tributária: trata-se de tributos extrafiscais, ou seja, reguladores de mercado. Isso pode ser percebido nas reduções de alíquotas de IPI para facilitar o acesso das classes menos favorecidas a certos produtos; ainda, nos aumentos de alíquota de II sobre determinados produtos asiáticos, para proteger a indústria nacional.
DICAS FINAIS (Princípio da Legalidade Tributária):
DICA 1: Ler o art. 97 do CTN e perceber que a lei tributária contém “elementos estruturantes” indispensáveis: alíquota, base de cálculo, sujeito passivo, multa e fato gerador. Por essa razão, aqui temos a chamada “estrita legalidade” (reserva legal ou tipicidade fechada/cerrada/regrada).
Exemplo de “vício”: criação de uma taxa por lei, ficando o sujeito passivo a cargo de tratamento ulterior em uma portaria.
DICA 2: Ler o art. 62, §2º, CF (“A MP e o Princípio da Legalidade Tributária”) Literalidade da CF: “Medida provisória que implique	instituição	ou	majoração	de impostos...”
Portanto:
“Pode ser aumentado o IR por MP?”
Resposta: SIM.
“Pode ser aumentato o ITR por MP?”
Resposta: SIM.
DICA 3: A ALTERAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO E A RESERVA LEGAL
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...)
§ 1º. Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso.
(...)
§ 2º. Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
(...)
Súmula n. 160 do STJ: “É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária”.
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PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA (art. 150, III, “b” e “c”, CF)
Tal princípio já foi considerado “cláusula pétrea” pelo STF.
A anterioridade tributária não se confunde com o “princípio da anualidade”. Tal postulado já esteve associado à seara tributária em texto constitucional pretérito.
Na atual CF/88, isso não ocorre. Memorize:
NÃO se aplica o princípio da anualidade tributária ao sistema tributário nacional, no bojo dos aumentos e instituições de tributos.
A anterioridade, no texto da CF, está ligada a dois verbos: INSTITUIR E AUMENTAR. Portanto, memorize: o princípio só vale para esses casos.
Quando se tem uma redução de tributo (ou uma extinção), haverá PRONTA INCIDÊNCIA DA NORMA, não se cogitando do respeito ao postulado.
ALÍNEAS “B” e “C”:
Anterioridade ANUAL (alínea “b”): a lei que cria/aumenta o tributo vai incidir no primeiro dia do ano seguinte ao da criação/aumento; Anterioridade NONAGESIMAL (alínea “c”): a lei que cria/aumenta o tributo vai incidir no nonagésimo primeiro dia a contar da data da criação/aumento (veio com a EC 42/03).
IMPORTANTE:	devemos	aplicar cumulativamente as duas anterioridades, na detecção da data da incidência da lei criadora ou majoradora do tributo.
Casos práticos:
Lei aumenta tributo em 10-12-2015. Quando incidirá?
CÁLCULO: ANT. ANUAL (01-01-2016) E ANT. NONAGESIMAL (“10-03-2016”)
GABARITO: escolha a data maior...essa aí... em meados de março de 2016!
Lei aumenta tributo em 10-10-2015. Quando incidirá?
CÁLCULO: ANT. ANUAL (01-01-2016) E ANT. NONAGESIMAL (“10-01-2016”)
GABARITO: escolha a data maior...essa aí... em meados de janeiro de 2016!
Casos práticos:
Lei aumenta tributo em 10-08-2015. Quando incidirá?
CÁLCULO: ANT. ANUAL (01-01-2016) E ANT. NONAGESIMAL (“10-11-2015”)
GABARITO: escolha a data maior...essa aí... em 01-01-2016!
REGRA GERAL: se houver aumento ou instituição de tributo entre janeiro e setembro de um ano (até 2 de outubro, com precisão), a incidência da norma majoradora/criadora ocorrerá em 01-01-ANO SEGUINTE. Por outro lado, se isso se der entre outubro e dezembro, bastará computar o prazo de 90 dias.
Não obstante a regra acima, existem exceções (art. 150, §1º, CF): ressalvas a essas duas “esperas”. Vamos analisar o dispositivo:
TRIBUTOS DE EXIGÊNCIA IMEDIATA (fogem às duas anterioridades): II, IE, IOF, Imp. Extraordinário e o Emp. Compul// (Cala/Pú. e Guerra Externa).
Exemplo importante (de revisão): (...)
O Decreto é perfeitamente consentâneo com a CF, ou seja, é constitucional. Respeita a legalidade tributária e a anterioridade tributária.
TRIBUTOS QUE FOGEM À ANTERIORIDADE ANUAL, MAS RESPEITAM A ANTERIORIDADE NONAGESIMAL: IPI, CIDE-Combustível e o ICMS-Combustível.
Exemplo importante (de revisão): (...)
Com relação ao aumento por Decreto, tudo ok!!! Por outro lado, quanto à anterioridade, desponta a INCONSTITUCIONALIDADE,
porquanto o IPI majorado só poderá incidir após 90 dias.
DICA FINAL:
O tributo que não for “exceção” será “regra”! Por exemplo, são tributos que obedecem à regra: taxas, contribuições de melhoria, ISS, ITR,	IPVA(alíquotas),	ICMS, IPTU(alíquotas), entre vários outros. Exemplo: taxa criada em 12-11-2015 só poderá ser exigida a partir de “12-02-2016” (= 90 dias após).
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PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA (art. 150, III, “a”, CF)
Irretroatividade significa “não retroatividade” ou “não retroação” da lei. Vale dizer que se veda a vigência retrospectiva da lei, ou seja, esta deve “viger para frente”.
O fundamento vai ao encontro do art. 5º, XXXVI, CF, o qual proíbe que a lei retroaja e atinja o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Desse modo, a lei tributária deverá atingir fatos que lhe são subsequentes ou subsecutivos. E que fatos são esses? São os fatos geradores!
Exemplo de vício: lei publicada em 12-11- 2015 institui uma taxa e acaba por abranger fatos geradores ocorridos em março de 2015.
ANÁLISE: Tal lei é inconstitucional por violação ao princípio da irretroatividade tributária.
MEMORIZE:
No CTN, o art. 106 traz dois casos de LEIS PRODUTORAS DE EFEITOS JURÍDICOS
PRETÉRITOS, em seus dois incisos.
Inciso I: lei interpretativa (deve ser expressamente interpretativa). Além disso, memorize que só retroagirá a lei interpretativa que for verdadeiramente interpretativa. (...)
Vale dizer que, se a lei, a pretexto de interpretar, infligir penalidade, só poderá ter vigência prospectiva.
Inciso II: lei mais benéfica para o contribuinte, NO CAMPO DAS INFRAÇÕES. Isso significa que a “lex mitior” retroagirá para beneficiar apenas no campo diverso do tributo (multas, infrações etc.). Tal
retroação benéfica não poderá ocorrer no campo das alíquotas, do valor do tributo etc.
(...) Art. 106, II, CTN:
CUIDADO!!!! Há uma CONDIÇÃO!!!
Só ocorrerá a retroação da norma mais benéfica no campo das infrações SE O ATO NÃO ESTIVER DEFINITIVAMENTE
JULGADO. Isso significa haver pendência de julgamento. Enquanto esta houver, sobrevindo uma lei mais benéfica para multa, por exemplo, a multa benéfica deverá retroagir.
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OUTROS PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS: PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO TRIBUTO COM EFEITO DE CONFISCO:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
- utilizar tributo com efeito de confisco;
Certas súmulas editadas pelo STF exteriorizam essa visão protetiva, conforme se nota no teor dos enunciados adiante reproduzidos:
Súmula n. 70: “É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo”;
Súmula n. 323: “É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos”;
Súmula n. 547: “Não é lícito a autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais”.
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PRINCÍPIO DA LIBERDADE AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
- estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;
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PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA (OU TRIBUTÁRIA):
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País;
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PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DAS ISENÇÕES HETERÔNOMAS:
Art. 151. É vedado à União: (...)
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
A HETERONOMIA (Próximos slides: trechos extraídos de SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito Tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, p. 281)
(...)
A HETERONOMIA... O ISS:
1. Art. 156, § 3º, II, CF: trata da possibilidade
de concessão pela União, por lei complementar (art. 2º, I, da LC n. 116/03), de isenção heterônoma do ISS nas exportações de serviços. O entendimento majoritário é o de que se trata de exceção à regra da vedação de prática de isenção heterônoma.
A nosso sentir, é um bom exemplo, se não for o único, de heteronomia expressa no texto constitucional.
A HETERONOMIA E OS TRATADOS...
PERGUNTA-SE: pode haver a concessão de isenção de tributos estaduais e municipais pela via do tratado internacional? (...)
A União, ao celebrar o tratado, não se mostra como pessoa política de Direito Público Interno, mas como pessoa política internacional, ou sujeito de direito na ordem internacional, passando ao largo da restrição constitucional.
Em tempo, o Presidente da República firma tais acordos à frente dos interesses soberanos da nação, e não na defesa de seus restritos propósitos como entidade federada. Daí se assegurar que a concessão da isenção na via do tratado não se sujeita à proibição da concessão de isenção heterônoma, prevista na CF.
Aliás, em 2007, o STF ratificou que “o Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição”. (RE 229.096/RS, Pleno, rel. Min. Ilmar Galvão, rel. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, j. 16-08-2007)

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