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Universidade Metodista de São Paulo 
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião 
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião 
 
 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA RELIGIOSA NA VIDA DE ADOLESCENTES 
UNIVERSITÁRIOS DA GRANDE SÃO PAULO: 
UM ESTUDO À LUZ DO MÉTODO DE RORSCHACH 
 
 
 
 
 
 
Armando Rocha Júnior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Bernardo do Campo 
 2004 
 
Universidade Metodista de São Paulo 
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião 
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião 
 
 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA RELIGIOSA NA VIDA DE ADOLESCENTES 
UNIVERSITÁRIOS DA GRANDE SÃO PAULO: 
UM ESTUDO À LUZ DO MÉTODO DE RORSCHACH 
 
 
 
Armando Rocha Júnior 
 
 
 
Orientador: Professor Doutor James Reaves Farris 
 
 
Tese apresentada em cumprimento às exigências 
do programa de pós-graduação em Ciências da 
Religião para a obtenção do grau de doutor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Bernardo do Campo 
2004 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora: 
________________________________________
________________________________________
________________________________________
________________________________________
________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À memória de minha mãe Constantina Bertotti Rocha, 
exemplo de tolerância e firmeza, 
com amor e eterna gratidão. 
 
 
Ao meu pai Armando Rocha e 
à minha tia Santina Bertotti, 
 sem os quais eu não teria forças para 
 empreender esta jornada. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
No momento em que chego ao fim desta jornada, é com muita emoção e 
gratidão que registro as personalidades que me deram apoio e coragem para 
que em nenhum momento eu fraquejasse na busca deste objetivo. Assim é que 
agradeço, especialmente: 
& a Deus, pela vida e saúde; 
& ao Prof. Dr. James Reaves Farris, meu orientador, pela competência e 
segurança que me emprestou nos momentos de ansiedade, que acredito 
fazem parte do processo de estudo; 
& aos Professores Doutor Eda Marconi Custódio e Ronaldo Sathler Rosa, 
pelas sugestões e incentivo que me ofereceram com base no exame de 
qualificação e defesa da tese; 
& aos Professores Doutor Dinorah Gioia Martins e Maria Lúcia Marques, 
componentes da banca examinadora que muito me honraram por aceitar 
avaliar este trabalho; 
& à minha família, principalmente meus primos, que sempre demonstraram 
interesse pelos meus estudos e deram-me forças para que este momento 
chegasse; 
& ao meu querido amigo Paulo Francisco de Castro, psicólogo e professor 
como eu, que acompanhou e incentivou não só este trabalho, mas também 
a idéia de minha inscrição ao doutorado. Posso dizer que Paulo conheceu 
cada passo que dei quando cursava as disciplinas do curso. Com ele 
debatia as idéias da pesquisa final e discutia os tópicos do método e os 
resultados antes de apresentar os esboços ao meu orientador. Nesses 
quase 4 anos de estudos e pesquisas, Paulo Francisco foi o amigo sensível 
e o incentivador que, com certeza todos nós precisamos. 
& aos amigos e colegas professores, Alvino Augusto de Sá, Tânia Maria 
Justo de Almeida, Silvia Sueli de Souza Maia, Augusto Rodrigues Dias, 
Luis Sergio Sardinha, Silvana Rossi Sptzcovski, pelo encorajamento em 
todos os momentos desta caminhada e, especialmente, à Sonia Maria da 
Silva, também amiga e colega, pelas indicações e várias sugestões que me 
fez no decorrer da pesquisa; 
& à Universidade Guarulhos onde cursei a graduação e leciono há mais de 
20 anos e que me deu espaço para realizar esta pesquisa; 
 
& ao Prof. Augusto J. C. B. Prado Fiedler, Diretor do Centro Único de 
Graduação, e ao Prof. Dr. José Cândido Cheque de Moraes, Coordenador 
do Curso de Psicologia da Universidade Guarulhos, que sempre me 
incentivaram profissionalmente e apoiaram está pesquisa no âmbito da 
Universidade; 
& aos colegas professores, técnicos e funcionários da Clínica Psicológica da 
Universidade Guarulhos que acompanharam constantemente este estudo, 
em especial à Maria Gisele que me ajudou na organização das tabelas e 
discussão dos resultados, fato que contribuiu para agilizar o término deste 
estudo; 
& às instituições que se colocaram à minha disposição para a efetiva 
realização desta pesquisa, bem como a todos os jovens universitários que, 
de bom grado, aceitaram participar de todas as etapas de coleta de dados 
necessários para que este trabalho chegasse ao seu final; 
& ao Marcos Menezes, meu mais jovem colaborador que, pontualmente, 
digitou cada linha aqui escrita; 
& aos professores e funcionários do programa de Pós-Graduação em 
Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, pelo 
acolhimento e apoio durante minha trajetória no doutorado; 
& à todas as pessoas que estiveram a meu lado nestes últimos quatro anos, 
incluindo àquelas que, por lapso, não citei nominalmente aqui, mas que 
facilitaram de alguma forma, a conclusão de mais uma etapa de minha 
vida acadêmica e profissional. 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17 
1.1. Justificativa ................................................................................................... 20 
1.2. Revisão bibliográfica.................................................................................... 23 
1.3. Referencial teórico ....................................................................................... 28 
1.4. Hipóteses ..................................................................................................... 33 
1.5. Objetivos ...................................................................................................... 33 
1.6. Método ......................................................................................................... 34 
1.7. Instrumento de avaliação da personalidade................................................ 37 
1.8. Procedimentos ............................................................................................. 43 
1.9. Previsão de análise de dados...................................................................... 48 
1.10. Organização geral do trabalho ................................................................... 49 
 
2. ADOLESCÊNCIA ................................................................................................. 50 
2.1. Características e fatores do desenvolvimento físico e intelectual do 
adolescente ................................................................................................ 60 
2.2. Desenvolvimento psico-social ..................................................................... 63 
2.3. O adolescente no contexto da família ......................................................... 68 
2.4. O adolescente e a escola ............................................................................ 72 
2.5. Característica da cultura adolescente – alguns comportamentos 
adolescentes ................................................................................................ 74 
2.6. A concepção sócio-histórica da adolescência............................................. 76 
2.7. O conceito de adolescência sob o enfoque sócio-histórico........................ 77 
 
3. O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB O REFERENCIAL TEÓRICO DE 
FREUD E ERIKSON............................................................................................ 81 
3.1. Estrutura psicanalítica da personalidade ................................................... 87 
3.2. Sigmund Freud e a teoria do desenvolvimento psicossexual.....................90 
3.3. A teoria de Erik Erikson para o desenvolvimento humano ......................... 99 
3.4. Estágios psicossociais do desenvolvimento e forças básicas ................. 100 
 
4. FÉ E RELIGIÃO NA PERSPECTIVA TEÓRICA DE JAMES FOWLER............ 112 
4.1. Fé e identidade .......................................................................................... 120 
4.2. Os estágios da fé ....................................................................................... 122 
 
 
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.................................. 136 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 224 
 
7. REFERÊNCIAS................................................................................................... 233 
 
ANEXOS 
 
 
RESUMO 
 
ROCHA JÚNIOR, Armando. A influência da religião na vida dos adolescentes 
universitários da grande São Paulo: à luz do Método de Rorschach. Tese de 
Doutorado. Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2004. 
244p. 
 
O objetivo desta pesquisa foi verificar a influência da religião na dinâmica da 
personalidade de adolescentes universitários da grande São Paulo. A amostra do 
estudo foi realizada com 60 universitários de escolas do ensino privado com idades 
entre 18 e 23 anos, igualmente divididos entre os sexos. Os universitários foram 
alocados em dois grupos, 30 adolescentes que, notadamente, possuíam vínculos 
com alguma religião e outros 30 totalmente desvinculados de qualquer orientação 
religiosa. Na pesquisa, foram levantados os dados sócio-demográficos que fazem 
parte do Questionário de Constatação Qualitativa, que foi aplicado com o objetivo 
de verificar, qual a possível influência sofrida pelo adolescente religioso ao longo de 
sua vida, se mais da família, da sociedade ou da religião. Por fim, os adolescentes 
religiosos e menos religiosos foram submetidos ao Método de Rorschach, 
instrumento psicológico para a investigação da estrutura de personalidade dos 
indivíduos. A análise baseou-se na comparação das variáveis categóricas entre os 
grupos, utilizando-se tratamentos estatísticos compatíveis com os dados. As 
conclusões a que se chegou foram: a religião influencia significativamente o 
comportamento dos adolescentes universitários, implicando uma conduta de vida 
mais adequada e controlada. Os jovens religiosos demonstraram uma forma de agir 
diferente dos jovens não religiosos, portanto, a interação do adolescente com o 
ambiente religioso provoca alterações no comportamento do indivíduo ou na 
dinâmica de sua personalidade; dependendo das relações do adolescente com o 
ambiente religioso durante seu desenvolvimento, sua personalidade poderá ser 
mais sensível às religiões e ensinamentos. Os adolescentes religiosos possuem 
posições morais mais rígidas, acentuado temor a Deus, submissão ao pai, 
obediência às figuras de autoridade e família mais rigorosa no tocante à educação. 
Estas características demonstram funcionar, como mecanismos de controle do 
indivíduo, oriundos de influência religiosa, não se mostrando danosas à 
organização e integração da personalidade em si e desta com o ambiente, pelo 
contrário, esses mecanismos tornam, a pessoa mais prudente e equilibrada no 
cotidiano. Não existem diferenças significativas em relação à flexibilidade dos 
jovens universitários, bem como não há diferenças significativas na organização 
estrutural da personalidade quando se comparam adolescentes universitários 
religiosos e não religiosos. Em síntese, às vezes a religião é um evento social com 
inegável capacidade de controle que pode ou não ser excessivo às vezes, contudo 
mostra-se construtiva e organizadora, portanto, positiva para o adolescente. 
 
Palavras-chave: religião; adolescentes universitários, Método de Rorschach 
 
ABSTRACT 
 
ROCHA JÚNIOR, Armando. The influence of religion in the life of young adult 
university students from the Great São Paulo: in the light of the Rorschach Method. 
Dissertation. Universidade Metodista de São Paulo (São Paulo Methodist 
University), São Bernardo do Campo, 2004. 244p. 
 
The objective of this study was to assess the influence of religion in the personality 
dynamics of young adult university students from the Great São Paulo. The study 
comprised 60 students from private universities aged 18 to 23, equally divided 
between the sexes. The students were divided into two groups: 30 young adults who 
notably presented a special connection with a certain religion, and another 30 totally 
disconnected with any religious orientation. The research raised the social and 
demographic data taken from the Qualitative Assessment Questionnaire, which was 
used aiming to assess what most influences the religious young adult along his/her 
life: family, society or religion. Finally, both religious and nonreligious young adults 
were submitted to the Rorschach Method, a psychological tool used to investigate 
the individuals' personality structure. The analysis was based on the comparison of 
category variables between the groups, and used statistical approaches compatible 
with the data. The conclusions were: religion significantly influences the young adult 
university students’ behavior, fostering a more appropriate and controlled lifestyle. 
The religious young students showed a different behavior as compared to the 
nonreligious ones. Therefore, the young adult’s interaction with the religious 
environment causes changes in his/her behavior or personality dynamics. 
Depending on the young adult's relationship with the religious environment during 
his/her development, his/her personality can be more sensitive to religions and 
teachings. Religious young adults have stricter moral standpoints, high level of fear 
from God, submission to their father, obedience to authorities, and a family that is 
stricter concerning education. These characteristics, originated from religious 
influence, showed they work as control mechanisms for the individual and did not 
prove harmful to the organization and integration of the personality and to its 
integration with the environment. On the contrary, these mechanisms make the 
person more careful and balanced in his/her daily life. When comparing religious to 
nonreligious young adult university students, there are no significant differences as 
to their flexibility level, and no significant differences in the structural organization of 
their personality. In conclusion, religion is a social event with undeniable control 
ability, which can or not be excessive sometimes, but proves to be constructive and 
organizing, being therefore positive for the young adult. 
 
Keywords: religion; young adult university students, Rorschach Method 
 
RESUMEN 
 
ROCHA JUNIOR, Armando. La influencia de la Religión en la vida de los 
Adolescentes Universitarios de la Gran ciudad de San Pablo: A la luz del Método de 
Rorschach. Tesis de Doctorado. Universidad Metodista de San Pablo, San 
Bernardo do Campo, 2004. 244p. 
 
El objetivo de esta investigación fue verificar la influencia de la religión en la 
dinámica de la personalidad de los adolescentes universitarios de la gran ciudad de 
San Pablo. La muestra del estudio fue realizada con 60 universitarios de escuelas 
de enseñanza particular con edades entre 18 a 23 años, igualmente divididas entre 
ambos sexos. Los universitarios fueron consignados en dos grupos, 30 
adolescentes que poseían notables vínculos con alguna religión y otros 30 
totalmente desvinculados de cualquier orientación religiosa. En la investigación 
fueron levantados los datos socio-demográficos que hacen parte del cuestionario de 
Constatación Cualitativa que fue aplicado con el objetivo de verificar cual es la 
posible influencia sufrida por el adolescente religiosoa lo largo de su vida, y si ésta 
es mayor de la familia, de la sociedad o de la religión. Al final los adolescentes 
religiosos y menos religiosos fueron sometidos al Método de Rorschach 
instrumento psicológico para la investigación de la estructura de la personalidad de 
los individuos. El análisis se basó en la comparación de las variables categóricas 
entre los grupos, utilizándose tratamientos estadísticos compatibles con los datos. 
Las conclusiones a las que se llegó fueron: la religión influye significativamente el 
comportamiento de los adolescentes universitarios, implicando una conducta de vida 
mas adecuada y controlada. Los jóvenes religiosos reaccionan de forma diferente a 
los adolescentes no religiosos, por lo tanto la interacción del adolescente con el 
ambiente religioso provoca alteraciones en el comportamiento del individuo o en la 
dinámica de su personalidad, dependiendo de las relaciones del adolescente con el 
ambiente religioso durante su desarrollo, su personalidad podrá ser más sensible a 
las religiones y enseñanzas. Los adolescentes religiosos poseen posiciones morales 
más rígidas acentuado temor a Dios, sumisión a los padres, obediencia a las figuras 
de autoridad y familia más rigorosa en lo que se refiere a la educación. Estas 
características nos demuestran que funcionan como mecanismos de control del 
individuo, oriundos de la influencia religiosa, y no se muestran dañinas a la 
organización e integración de la personalidad en sí y de ésta con el ambiente, por lo 
contrario estos mecanismos convierten a la persona más prudente y equilibrada en 
lo cotidiano. No existen diferencias significativas con relación a la flexibilidad de los 
jóvenes universitarios, así como no hay diferencias significativas en la organización 
estructural de la personalidad cuando se comparan adolescentes universitarios 
religiosos y no religiosos. En síntesis, la religión es un evento social con innegable 
capacidad de control que a veces puede o no ser excesivo, Sin embargo se muestra 
más constructiva y organizadora, por lo tanto positiva para el adolescente. 
 
Palabras-clave: religión, adolescentes universitarios, Método Rorschach. 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
 
 
DP Desvio-padrão 
F-NR Feminino não-religioso 
F-R Feminino religioso 
Máx Máximo 
Med Mediana 
Min Mínima 
M-NR Masculino não-religioso 
M-R Masculino religioso 
SM Salário-mínimo 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Distribuição da idade dos sujeitos pesquisados. 
São Paulo, 2004................................................................................. 138 
Tabela 2 – Distribuição dos sujeitos pesquisados por semestre nos 
cursos em que se encontram matriculados....................................... 139 
Tabela 3 – Distribuição dos turnos em que os sujeitos da 
pesquisa estudam.............................................................................. 141 
Tabela 4 – Distribuição da renda familiar dos sujeitos do estudo ....................... 142 
Tabela 5 – Distribuição da origem domiciliar dos componentes da amostra...... 143 
Tabela 6 – Distribuição da proveniência familiar dos sujeitos da pesquisa: se 
religiosa ou não. ................................................................................. 143 
Tabela 7 – Distribuição da possibilidade de os sujeitos da pesquisa 
desenvolverem ou não trabalho profissional concomitantemente 
aos estudos ........................................................................................ 145 
Tabela 8 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a crença que 
possuem em Deus e em sua existência............................................ 146 
Tabela 9 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre se a relação 
entre moral e religião são intimas ...................................................... 147 
Tabela 10 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a possibilidade dos 
propósitos divinos implicarem a adequação de suas respectivas 
condutas ............................................................................................. 148 
Tabela 11 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre como entendem 
suas famílias: se muito afetiva e que gosta de diálogo ou não ........ 150 
Tabela 12 – Distribuição dos sujeitos quanto ao posicionamento que se 
deve ter em relação à literatura que critica as tradições................... 151 
Tabela 13 – Distribuição de como os sujeitos entendem suas famílias: 
rígidas ou não em relação à moral .................................................... 152 
Tabela 14 – Distribuição da posição dos sujeitos sobre a família ser 
a base do indivíduo ............................................................................ 153 
Tabela 15 – Distribuição da posição dos sujeitos sobre suas famílias: se 
estas são ou não flexíveis e de muito diálogo................................... 154 
Tabela 16 – Distribuição dos sujeitos sobre como entender suas respectivas 
famílias como se mais rígida de forma geral..................................... 155 
Tabela 17 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de adesão à 
religião que possuem......................................................................... 156 
Tabela 18 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau em que as 
crenças religiosas influenciam seus comportamentos...................... 158 
Tabela 19 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência que 
pensam em Deus ............................................................................... 159 
Tabela 20 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau em que 
experimentam a religião, como obrigação moral .............................. 160 
Tabela 21 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a intensidade 
da crença que dirigem a Deus ........................................................... 161 
 
Tabela 22 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência 
com que comparecem a atos religiosos ............................................ 162 
Tabela 23 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência 
com que rezam para louvar a Deus................................................... 163 
Tabela 24 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência 
com que rezam para pedir auxílio ..................................................... 165 
Tabela 25 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a freqüência com que 
louvam a Deus com músicas, cânticos, entre outras formas............ 166 
Tabela 26 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o esforço para 
não fazer mal às pessoas .................................................................. 168 
Tabela 27 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de 
honestidade que sentem possuir....................................................... 169 
Tabela 28 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação ao 
sentimento de dever de honestidade que possuem à família........... 170 
Tabela 29 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação a 
 lembrarem-se da família como a que lhes educou bem, 
quando recebem elogios quanto à sua educação............................. 171 
Tabela 30 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação à freqüência 
com que meditam nas Escrituras Sagradas...................................... 172 
Tabela 31 – Distribuição das respostas dos sujeitos a respeito da importância 
que atribuem aos atos religiosos ....................................................... 173 
Tabela 32 – Distribuição das respostas dos componentes da amostra quanto 
à intensidade das experiências de sentimentos religiosos ............... 174 
Tabela 33 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de 
consciência a respeito do divino ........................................................176 
Tabela 34 – Distribuição das respostas dos componentes da amostra sobre 
o grau de temor a Deus que possuem .............................................. 177 
Tabela 35 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre se possuem pai 
muito rígido e que impõe forma de pensar aos familiares ................ 178 
Tabela 36 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau em que os 
sentimentos religiosos incluem um componente de temor ou 
medo em relação ao que lhes acontecerá após a morte.................. 179 
Tabela 37 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre se obedecem 
aos pais para evitar discussões......................................................... 180 
Tabela 38 – Distribuição das respostas dos sujeitos a respeito da importância 
que dispensam ao auxílio divino, quando se 
deparam com sentimentos de culpa.................................................. 182 
Tabela 39 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação ao 
entendimento que possuem do comportamento irrepreensível ........ 183 
Tabela 40 – Distribuição das respostas dos componentes da amostra que 
julgam ou não que seus pais são grandes modelos de conduta...... 184 
Tabela 41 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre a importância 
da família em relação ao comportamento que possuem.................. 186 
Tabela 42 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de rigor 
que a família empregou em sua educação ....................................... 187 
 
Tabela 43 – Distribuição das respostas dos sujeitos em relação à freqüência 
com que colocam sua raiva diante de Deus...................................... 188 
Tabela 44 – Distribuição das respostas dos sujeitos sobre o grau de 
conhecimento que possuem a respeito dos dogmas religiosos ....... 190 
Tabela 45 – DEPI – Distribuição do Índice de depressão.................................... 191 
Tabela 46 – EB – Distribuição do Comportamento Emocional e da Cognição .... 192 
Tabela 47 – C – Distribuição das respostas de cor pura....................................... 192 
Tabela 48 – EbPer – Distribuição do índice do predomínio 
da experiência de base...................................................................... 193 
Tabela 49 – Sum T – Distribuição do somatório de respostas 
de sombreado com textura ................................................................ 194 
Tabela 50 – Sum Y – Distribuição do somatório as 
respostas de sombreado difuso......................................................... 194 
Tabela 51 – FC – Distribuição das respostas de forma-cor 
(existe o elemento cromático, porem a forma é predominante) ....... 195 
Tabela 52 – CF – Distribuição das respostas de cor-forma 
(o aspecto formal é secundário diante do elemento cromático)....... 196 
Tabela 53 – Afr – Distribuição de índice de reação afetiva ................................... 196 
Tabela 54 – S – Distribuição das respostas com 
uso do espaço em branco.................................................................. 197 
Tabela 55 – Egocent – Distribuição de índice de Egocentrismo........................... 197 
Tabela 56 – H – Distribuição das respostas de conteúdo humano inteiro............ 198 
Tabela 57 – H% – Distribuição da porcentagem de respostas de 
conteúdo humano inteiro ................................................................... 198 
Tabela 58 – Hd – Distribuição das respostas de conteúdo 
de parte de humano........................................................................... 198 
Tabela 59 – HD% – Distribuição das porcentagens de respostas de 
conteúdo de parte de humano........................................................... 199 
Tabela 60 – Hx – Distribuição das respostas de conteúdo de 
experiência humana........................................................................... 199 
Tabela 61 – An-Xy – Distribuição das respostas de conteúdo sobre 
anatomia e radiografia ....................................................................... 200 
Tabela 62 – Ideação – a:p – Distribuição proporção dos tipos de movimento 
(ativo para passivo)............................................................................ 200 
Tabela 63 – Ideação – Ma:Mp – Distribuição da proporção dos tipos de 
respostas de movimento humano (ativo:passivo) ............................. 201 
Tabela 64 – FM – Distribuição das respostas, cuja determinante seja 
movimento animal .............................................................................. 202 
Tabela 65 – M – Distribuição das respostas com determinantes de movimento 
humano............................................................................................... 203 
Tabela 66 – Intelect – Distribuição do índice de intelectualização........................ 203 
Tabela 67 – – CDI – Distribuição do índice de déficit relacional ........................... 204 
Tabela 68 – HVI – Distribuição do índice de Hipervigilância................................. 205 
 
Tabela 69 – GHR – Distribuição da proposição das resposta de conteúdo 
humano com boa qualidade............................................................... 205 
Tabela 70 – PHR – Distribuição da proporção das respostas de conteúdo 
humano com baixa qualidade............................................................ 206 
Tabela 71 – Sum H – Distribuição do somatório das respostas de 
conteúdo humano............................................................................... 206 
Tabela 72 – Per – Distribuição das respostas com características pessoais....... 207 
Tabela 73 – COP – Distribuição das respostas com movimentos do tipo 
cooperativo ......................................................................................... 207 
Tabela 74 – AG – Distribuição das respostas com movimento do tipo agressivo 208 
Tabela 75 – Isolam - Distribuição do índice de isolamento dos 
componentes do estudo..................................................................... 208 
Tabela 76 – Par – Distribuição das respostas com características de par........... 209 
Tabela 77 – OBS – Distribuição do índice de obsessividade................................ 209 
Tabela 78 – L – Distribuição do índice Lambda .................................................... 209 
Tabela 79 – P – Distribuição das respostas populares ......................................... 210 
Tabela 80 – X+% – Distribuição da porcentagem das respostas de forma 
convencional ...................................................................................... 210 
Tabela 81 – F+% – Distribuição de porcentagem das respostas de forma 
pura convencional .............................................................................. 211 
Tabela 82 – XU+% – Distribuição da porcentagem das 
respostas incomuns ........................................................................... 211 
Tabela 83 – X-% – Distribuição da porcentagem das respostas com forma 
distorcida ............................................................................................ 212 
Tabela 84 – S-% – Distribuição da porcentagem das respostas com distorção 
e uso do espaço em branco............................................................... 212 
Tabela 85 – W:M – Distribuição da proporção de respostas globais para 
respostas de movimento (índice de criatividade) .............................. 213 
Tabela 86 – Distribuição da seqüência das localizações das respostas .............. 214 
Tabela 87 – Zf – Distribuição da freqüência das respostas com 
valor de elaboração............................................................................ 214 
Tabela 88 – PSV – Distribuição das respostas com características de 
perseveração...................................................................................... 215Tabela 89 – eb – Distribuição da experiência de base.......................................... 215 
Tabela 90 – PTI – Distribuição do índice de distorção perceptual ........................ 216 
Tabela 91 – S-CON – Distribuição do índice de suicídio ...................................... 217 
Tabela 92 – R – Distribuição do número de respostas do protocolo .................... 217 
Tabela 93 – EA – Distribuição da experiência afetiva ........................................... 218 
Tabela 94 – Nota D – Distribuição do índice de tolerância ao stresse................. 218 
 
 INTRODUÇÃO 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 INTRODUÇÃO 18 
 
 
 
 
 
Atualmente, as universidades recebem em seus cursos alunos cada 
vez mais jovens, em plena fase da adolescência, acadêmicos com recém-
completados 17 anos, visivelmente, imaturos. 
Estes jovens talvez sejam oriundos de famílias funcionais, mas pouco 
podem contar com o apoio familiar, pelos mais variados motivos: excesso de 
trabalho dos pais, dedicação quase exclusiva pela vida profissional; 
diversificação excessiva de interesses que originam prejuízo no 
acompanhamento dos filhos, estresses causados pelo cotidiano das grandes 
cidades, etc. 
Além dessas situações, são inúmeros os acadêmicos que deixam as 
pacatas cidades do interior onde viveram, até então, e migram às grandes 
capitais para dar prosseguimento aos estudos e despreparados, 
emocionalmente, são obrigados a conviver com uma realidade que jamais 
enfrentaram. 
Se estas situações apontadas já são geradoras de dificuldades para 
os adolescentes universitários, muito mais difícil será a situação daqueles 
que provêm de famílias disfuncionais pela separação dos pais ou morte de 
um ou de ambos progenitores, pelo alcoolismo em família, etc. Além disso, a 
entrada em um ambiente novo, no caso o universitário, por si só já pode ser 
geradora de problemas. 
Muitos convivem bem com todas as novidades da nova vida, ou seja, 
com a maior liberdade do dia-a-dia, a possibilidade de escolhas mais 
pessoais e a necessidade de tomar decisões de forma individualizada, 
enfim, com uma vida mais independente em relação àquela experimentada 
no seio familiar. 
 INTRODUÇÃO 19 
Dentre esses muitos jovens, que se adaptam à nova realidade, existe, 
porém, um número representativo que se não sucumbe frente a essa 
experiência, acaba apresentando uma série de problemas existenciais, 
emocionais, afetivos, entre outros, que facilita, muitas vezes, vivências de 
difícil retorno ao adolescente, como o uso de drogas, por exemplo. 
Entre os adolescentes universitários que conseguem resistir aos 
estímulos do meio passíveis de levá-los a desajustes, é possível verificar 
que muitos possuem uma base calcada em alguma religião, o que pode 
significar que, aparentemente, o indivíduo com algum tipo de formação 
religiosa seja capaz de conduzir melhor as dificuldades do cotidiano, desde 
as mais corriqueiras e superficiais até as menos comuns e mais profundas. 
Diante desta conjuntura, pretende-se pesquisar a influência da religião 
na vida de adolescentes universitários da Grande São Paulo, com vistas a 
investigar sua interferência na dinâmica da personalidade dessa população. 
Além disso, pretende-se avaliar as características de rigidez, 
moralidade, dogmatismo ou flexibilidade, capacidades de reflexão e 
adaptação, bem como a estrutura geral da personalidade, tanto de 
adolescentes universitários religiosos como de não religiosos, identificando 
possíveis diferenças significativas nessa estrutura. Finalmente, buscar-se-á 
identificar e analisar como se verifica esta influência no funcionamento da 
personalidade desses jovens universitários com base nas características de 
maior rigidez, moralidade e dogmatismo ou de maior flexibilidade e 
capacidades de reflexão e adaptação. 
Em síntese, pretende-se identificar e analisar se existe e como ocorre 
a influência da religião na vida desses jovens. 
 
 
 INTRODUÇÃO 20 
1.1. Justificativa 
 
A convivência com adolescentes é fascinante e desafiadora, segundo 
a experiência do pesquisador baseada em vinte anos como professor de 
adolescentes universitários. Nesse período, foi possível perceber que o 
jovem ora se sente embevecido pelo mundo e traça planos fantásticos para 
seu futuro, ora mostra-se inseguro e amedrontado quanto à vida e a tudo o 
que imagina que deverá enfrentar, ou seja, estudos, trabalho, constituição 
famíliar, manutenção ou melhora de seu status. 
Frente a esta situação ambivalente, é comum muitos jovens buscarem 
o apoio de terceiros, sobretudo, amigos, professor, familiares e, também, 
instituições, como as igrejas. Para Hurlock (1975), por exemplo, a 
adolescência é a fase da vida em que ocorre o despertar religioso. 
Para quem convive com adolescentes, parece não ser muito difícil 
perceber, que eles reagem ao apoio solicitado de acordo com a bagagem 
que lhe é própria, talvez conseguida de experiências vividas no passado 
com outros amigos e com a própria família, especialmente, os pais. 
Dessa forma, alguns jovens mostram-se mais abertos e flexíveis ao 
apoio solicitado e outros parecem mais rígidos, impenetráveis e até 
reticentes com o amparo que, em última análise, pediram. 
É visível que o contato mantido pelo adolescente, quer seja 
simplesmente para ter companhia ou para receber algum apoio, depende de 
como este teve sua personalidade organizada, como os valores éticos e 
morais lhes foram passados, que tipo de abertura teve para, pelo menos, 
iniciar a formação de conceitos, como os religiosos, sexuais, entre outros 
que irão contribuir para a formação de sua identidade hoje e nortearão sua 
velhice amanhã. 
Pautado nessas observações e pela proximidade diária mantida com 
adolescentes universitários é, que este investigador resolveu estudar a 
possível influência da religião sobre esses jovens, especificamente, 
 INTRODUÇÃO 21 
entendendo que estão passando por um momento em que se encontram, 
como todos os jovens, sensíveis a todo tipo de influência. 
Além disso, autores como: Sigmund Freud (1904, 1917, 1927, 1930), 
Carl Gustav Jung (1999) e Finkler (1971), consideram a religião como algo 
de suma importância para estabelecimento do comportamento humano. 
Freud em alguns trabalhos sugere que se preste atenção aos vínculos 
entre religião e comportamento humano. 
Jung é um autor relevante para esta pesquisa, por sua abordagem a 
respeito das questões religiosas, considera que a atividade religiosa é 
essencial à vida e à saúde, sendo a neurose resultante de conflitos 
religiosos não solucionados. Para Miranda (1988), Jung afirma que o 
aspecto religioso é natural da escala de valores humanos, ativando aspectos 
éticos que integram os relacionamentos interpessoais. 
Finkler (1971) entende como salutar que o psicólogo, especialmente, 
o clínico considere as condições e os sentimentos religiosos do paciente, 
conforme a religião, que constitui uma dimensão importante da 
personalidade do indivíduo. 
De acordo com Finkler (1971), a religião e a religiosidade são 
fenômenos, mediante os quais o homem expressa o núcleo do que ele é, 
como ser pensante; pois representam vivências humanas, abrangem idéias, 
opções, atitudes e comportamentos. Enfim, um conjunto de elementos que 
podem ser observados e até mensurados por algumas técnicas próprias da 
Psicologia. 
Em última análise, são manifestações da própria estrutura nuclear da 
personalidade do indivíduo que auxiliam na organização de sua vida 
espiritual, na satisfação de suas necessidades de segurança e na afirmação 
de sua liberdade criadora, expressas poruma religiosidade tranqüila, 
colaborando para que ele resista melhor às pressões da sociedade 
moderna, mantendo o equilíbrio necessário à sua existência e 
adaptabilidade ao meio. 
 INTRODUÇÃO 22 
Assim, estes autores podem auxiliar no desenvolvimento desta 
pesquisa e com base nela e em seus resultados, a função da religião na vida 
dos adolescentes poderá ser melhor definida. 
Será ainda possível aquilatar se a religiosidade e a aspiração do 
Eterno e Absoluto, ou seja, a fé consegue melhorar pontos como: 
flexibilidade, reflexão e adaptabilidade, que podem ser vistos como aspectos 
positivos na estrutura da personalidade do indivíduo, pois contribuem para a 
organização e integração da própria personalidade ou se interferem no 
sentido de tornar a personalidade do indivíduo mais rígida, moralista e 
dogmática, dificultando a adaptação da pessoa a seu meio social. 
Esta pesquisa poderá ainda oferecer alguma contribuição às 
comunidades de fé, pois ao conhecerem sua influência sobre o adolescente, 
poderão se preparar para melhor orientá-lo, recebê-lo e até atraí-lo a seus 
ensinamentos e causas. 
Igualmente, as Ciências da Religião poderão tirar proveito dos 
resultados aqui obtidos, sobretudo porque terão em mãos importantes dados 
a respeito da integração e dinamismo da personalidade que passou pela 
influência ou está sendo influenciada pela religião. 
Outra área que poderá vir a ser beneficiada com esta pesquisa será a 
Educação, ao verificar como a religião é capaz de facilitar a presença de 
elementos organizadores, adaptativos e integradores na personalidade, 
poder-se-á esclarecer o binômio ensino-aprendizagem, que ocorre melhor 
em um indivíduo mais flexível, reflexivo, menos rígido e dogmático, além de 
visualizar a possível contribuição da religião para com os processos 
educativos. 
Por fim, ainda é possível citar as contribuições à Psicologia, visto que 
terá um material consistente para avaliar a importância da religião na 
estruturação da personalidade do indivíduo, em especial, de adolescentes 
que, baseados na influência dos centros de valores próprios da fé religiosa 
poderão ter facilitada sua tarefa de se integrarem a seu meio ambiente, 
 INTRODUÇÃO 23 
desenvolvendo sua identidade de maneira mais consistente e ajustada aos 
padrões socialmente aceitos (ERIKSON,1968). 
Pela obtenção de novos conhecimentos sobre o assunto, acredita-se 
que muito se poderá fazer para colaborar com as famílias, escolas, 
professores, psicólogos, enfim, com todos aqueles que, de alguma maneira, 
lidam com adolescentes. A intenção é que estes possam ser melhor 
compreendidos, para que sejam minimizadas as angústias que, 
eventualmente, venham a sofrer. 
Este estudo dará especial atenção a possível influência da religião na 
vida dos adolescentes universitários, no caso das universidades mantidas 
por igrejas, estas e seus responsáveis poderão com estes novos 
conhecimentos, aprimorar, se necessário, a metodologia utilizada com os 
jovens que integram seu campo de ação. 
 
 
1.2. Revisão bibliográfica 
 
A adolescência é um dos principais momentos da formação da 
identidade do indivíduo, sendo uma rica etapa em conflitos que caracterizam 
a passagem da infância à vida adulta. Por isso, é objeto de inúmeras 
discussões, pesquisas e teorias. Erik Erikson preocupou-se em estudar a 
adolescência, reconheceu que, nessa fase, o indivíduo experimenta o novo e 
dá os primeiros passos para o descortino da vida madura e da velhice. 
Para Erikson (1968), ao chegar a essa etapa da vida, o jovem busca 
ampliar seus relacionamentos com ambientes variados que ultrapassam o 
âmbito familiar. Os pais, protetores e de importância suprema, até então, 
perdem um pouco de seu status para amigos e colegas do adolescente, que 
passa a mostrar preferência pelos seus pares, adultos externos à sua casa e 
colegas de escola e trabalho, enfim, por pessoas pelas quais se sinta em 
igualdade de condições, sem uma hierarquia culturalmente estabelecida. 
 INTRODUÇÃO 24 
Maurício Knobel dedicou-se ao estudo da adolescência, destacava 
que essa etapa evolutiva é marcada por desequilíbrios e instabilidades, que 
denomina de Síndrome Normal da Adolescência (KNOBEL, 1981). Dessa 
síndrome, faz parte uma sintomatologia que se caracteriza como a crise 
religiosa do adolescente, que pode ser vivenciada com maior ou menor 
intensidade e manifestar-se como um ateísmo exagerado ou um misticismo 
radical ou como qualquer dos matizes intermediários desses dois pólos. 
Segundo Knobel (1981), não se chega a uma personalidade 
equilibrada sem um certo grau de condutas, consideradas patológicas, 
quando comparadas aos padrões adultos, embora adequadas ao momento 
evolutivo da adolescência e, portanto, normais no período. 
Assim como Knobel, Arminda Aberastury, também, preocupou-se com 
o jovem, confirmando idéias de outros autores que valorizam a adolescência, 
como etapa definidora do futuro do indivíduo. Segundo Aberastury (apud 
ABERASTURY e KNOBEL, 1981), três grandes perdas fundamentais devem 
ser elaboradas por meio da vivência de luto, antes que se defina o período 
da infância e o adolescente mostre-se pronto a entrar e participar da vida 
adulta. Estes lutos são: 
 
1. Luto pelo corpo infantil; 
2. Luto pela identidade; 
3. Luto pelos pais de infância. 
 
Para Knobel (1981), estes lutos indicam perdas da personalidade e se 
fazem acompanhar pelo psicodinamismo do luto normal, podendo, em 
ocasiões transitórias, adquirir todas as características do luto patológico. 
De acordo com Miranda (2003), outra pesquisadora do tema, o luto 
pelo corpo infantil perdido, que é a base biológica da adolescência, impõe ao 
indivíduo experienciar um conjunto de transformações em sua estrutura 
física, que se reflete em seu esquema corporal. A partir daí, surge um 
 INTRODUÇÃO 25 
sentimento de impotência frente à realidade que, por não poder se 
manifestar contra o próprio corpo, se modifica e transfere-se às esferas do 
pensamento. 
Ainda conforme Miranda (2003), a perda que o adolescente deve 
aceitar ao fazer o luto pelo corpo é dupla: a de seu corpo de criança, diante 
das novas características sexuais e da própria determinação sexual e do 
novo papel que deverá assumir na união com o parceiro e na procriação. No 
adolescente, o início das mudanças físicas faz com que perca, além do 
corpo, sua identidade de criança. 
A conseqüência desse luto pelo papel e identidade infantis é a 
confusão de papéis: o adolescente não consegue nem manter sua 
dependência infantil, nem assumir uma independência adulta, o que o leva a 
recorrer a mecanismos esquizóides, dividindo seu contexto entre família e 
grupos de seus pares. Atribui à família a maioria das obrigações e 
responsabilidades e, ao grupo, todos os seus atributos e direitos. 
Em função disso, o adolescente é levado a representar várias 
personagens, o que lhe é permitido pela flutuação da identidade, traduzida 
em mudanças comportamentais bruscas. Em outras palavras, verifica-se o 
comportamento tão conhecido e comentado por muitas pessoas 
caracterizado pela volúpia, impulsividade, teimosia, etc. 
A relação de dependência infantil é abandonada aos poucos e com 
bastante dificuldade. O luto pelos pais de infância adquire uma característica 
difícil, pois se junta aos dois outros lutos, consistindo em um momento de 
grandes perdas. O adolescente tenta manter em sua personalidade os pais 
infantis, buscando o abrigo e a proteção que eles significam. A situação 
acaba por se complicar em razão da atitude dos pais, que, também, sentem 
dificuldade para aceitar a perda do filho criança, pois isso significaria 
aceitaremseu envelhecimento, fato que os aproxima da própria finitude. 
Os lutos são acompanhados pelo luto da bissexualidade infantil que 
se perde pela imposição social, pois é um momento para decidir-se por um 
sexo, visto que o próprio corpo já o fez. A definição sexual obriga ao 
 INTRODUÇÃO 26 
abandono das fantasias primitivas de indiferenciação sexual ou do duplo 
sexo. O jovem procura com insucesso recobrar o sexo perdido, tanto na 
fantasia da bissexualidade como, muitas vezes, em comportamentos 
masturbatórios que constituem uma tentativa de negação dessa perda. A 
esse respeito, vale a pena ressaltar que, nessa fase evolutiva, marcada por 
desequilíbrios e instabilidades, é muito difícil visualizar o limite entre normal 
e patológico. 
A situação torna-se ímpar quando, além do interesse em estudar 
questões relativas à adolescência, dá-se papel de destaque à religião e à 
possível influência que esta exerce sobre o jovem, como ocorre nesta 
pesquisa. De acordo com Knobel (1981), é na adolescência que o jovem 
decide quem ele é, tanto na esfera sexual e pessoal como na profissional, 
necessitando, por isso, organizar sua identidade. Nesse processo, a religião, 
as experiências religiosas e a fé passam a exercer profunda importância. 
Ao escrever sobre os estágios desenvolvimentais da fé, Fowler (1992) 
baseou-se nos conceitos teológicos de Paul Tillich e nas teorias psicológicas 
do desenvolvimento de Jean Piaget, Erik Erikson e Lawrence Kohlberg. Em 
sua obra, explicou que, na adolescência, a fé precisa sintetizar informações 
e valores, mais precisamente, os morais, fornecendo uma base para a 
organização da identidade e da própria perspectiva individual do ser. 
Nesse prisma, a fé não é necessariamente um fenômeno de cunho 
religioso em seu sentido mais amplo, podendo até ser entendida como a 
maneira pela qual a pessoa entra no campo vital. É a forma como a pessoa 
se percebe e como se sente notada pelos outros, sob a perspectiva de 
significados e propósitos compartilhados. 
Como se vê pela abordagem de Freud, Jung, Erikson e de outros 
autores aqui mencionados, as relações entre religião e adolescência são 
bastante pertinentes e relevantes. 
Zagury (1997) em estudo realizado no Brasil, verifica que o 
adolescente brasileiro, em sua maioria, apresenta vinculação com algum tipo 
de religião (87,1%) e frisa ser este um país de fé. Em que pese a 
 INTRODUÇÃO 27 
importância que, reconhecidamente, a religião exerce nessa fase da vida, a 
literatura disponível aponta, sobretudo, para as diversas teorias que se 
desenvolvem com o objetivo de explicar ou entender a adolescência 
isoladamente. Estas teorias localizam-se nos seguintes campos: biogenética 
– Teoria Biogenética de Stanley Hall – 1846-1924; desenvolvimento – Teoria 
do Desenvolvimento do Adolescente de Arnold Gesell – 1880-1961; 
descritivo – Teoria Descritiva de Charlote Buher – 1893; antropológico – 
Teoria Antropológica de Margaret Mead – 1901; psicanalítico – Teoria 
Psicanalítica de Sigmund Freud – 1856-1939, além de outros. 
No entanto, poucos autores propuseram-se a estudar a adolescência, 
enfocando a importância que a religião tem para esse período evolutivo da 
vida. Existem inúmeros trabalhos destacando a adolescência em relação às 
drogas, sexualidade, educação, ensino-aprendizagem, suicídio, vida e morte 
que se encontram disponíveis. No entanto, em relação à religião, as 
disponibilidades são menores. 
Nesse campo, é possível citar o trabalho de Miranda (1988), intitulado 
Adolescência Final e Religião, um estudo de algumas características da 
experiência e do comportamento religioso de estudantes universitários de 
São Paulo, que aborda a religiosidade entre acadêmicos de cursos de 
Ciências Humanas e acadêmicos de Ciências Exatas, apoiados nas 
experiências concretas que tiveram com Deus. 
Outro trabalho é o de Freitas (2002), cujo título é Crença Religiosa e 
Personalidade em Estudantes de Psicologia, um estudo por meio do 
questionário Pratt e do Método de Rorschach, cujo objetivo é investigar as 
possíveis relações entre crenças religiosas e características de 
personalidade em estudantes de Psicologia da Universidade Católica de 
Brasília. 
Existe um estudo que envolve questões religiosas, embora sem 
destaque específico para a relação com adolescentes, é o de Araújo (2003) - 
Auto-Exame das Mamas Entre Freiras: o toque que falta. Esta pesquisa 
discute a influência da moral religiosa cristã a respeito de tudo que envolve o 
 INTRODUÇÃO 28 
corpo, visto que a prática do auto-exame e de outros procedimentos de 
detecção precoce do câncer de mama envolvem o tocar e ser tocada. 
Outra pesquisa, recentemente publicada, é o trabalho de Vieira de 
Miranda (2003) que se ancorando na perspectiva de Maurício Knobel e 
James Fowler, estuda a crise religiosa na adolescência. 
Como o interesse desta pesquisa é trabalhar diretamente com a 
adolescência e a religião, enfocando as possíveis influências da religião na 
estruturação da personalidade do adolescente, serão basilares as 
perspectivas teóricas de Erik Erikson (1989), Sigmund Freud (1927/1974) e 
James Fowler (1992). 
 
 
1.3. Referencial teórico 
 
Em comparação às demais fases do desenvolvimento humano, a 
adolescência é a que gera mais tensões e conflitos. Trata-se de um período 
de mudanças na vida do indivíduo, sendo, inclusive, responsável por 
preparar, de certa forma, seu futuro como adulto e idoso. É um momento da 
evolução humana que liga a infância, fase de menor responsabilidade, a 
uma tomada de decisões e responsabilidade total. 
Quanto às práticas religiosas, sob uma perspectiva psicológica, 
podem ser entendidas sob dois enfoques clássicos: o fenomenológico e o 
explicativo. 
O enfoque fenomenológico volta -se para à descrição dos 
comportamentos religiosos, seus significados e importância para o cotidiano 
do indivíduo e do grupo social. Este enfoque foi bastante influenciado pelo 
sociólogo Émile Durkheim, para quem a religião poderia ser entendida como 
um fato eminentemente social. As representações religiosas seriam, a seu 
ver, coletivas, pois exprimem realidades coletivas e surgem, unicamente, no 
 INTRODUÇÃO 29 
seio dos grupos reunidos, destinando-se a suscitar, manter ou refazer certos 
estados mentais desses grupos (DURKHEIM, 1912). 
O fundador do estudo fenomenológico da religião, sob a ótica 
psicológica, foi Granville Stanley Hall (1904), que se preocupou em 
descrever os comportamentos religiosos sem qualquer atenção à função ou 
sentido da religião, em oposição àquilo que se faz hoje. 
Já a perspectiva explicativa interessa-se pela personalidade e deseja 
compreender a religião em relação ao que esta oferece de contribuições à 
organização e dinamismo da personalidade. Esta perspectiva surgiu com 
Freud e Jung e suas teorias sobre as influências ou relações entre 
personalidade e religião ou práticas religiosas. Erikson estudou o 
desenvolvimento da personalidade, inclusive, organizando estágios para 
melhor explicar as idades do desenvolvimento humano, sendo a 
adolescência uma delas. 
Assim, em Erikson, a personalidade humana organiza-se mais pela 
influência dos conteúdos aprendidos, das vivências psicossociais e menos 
por fatores hereditários ou forças instintivas. O contato do indivíduo com os 
pais, com o grupo de amigos, com os freqüentadores de instituições, como 
escola, igreja, clube, tornam-se fundamentais à estruturação de sua 
personalidade (ERIKSON, 1968). 
Segundo o autor citado, o indivíduo, desde a infância até o final da 
adolescência, tem como sua principal meta o desenvolvimento ou 
estabelecimento de uma identidade de Ego, que incorpore todasas forças 
básicas que o cercam. Este desenvolvimento da identidade que ocorre em 
sua grande parte na adolescência ditará a forma de ser do adulto e idoso. 
De acordo com Marcia (1966,1980), Erikson deu tamanha importância 
à adolescência em sua teoria da personalidade que, para esse período, 
foram identificados cinco tipos psicológicos: realização da identidade, 
moratória, forclusão ou dissociação, difusão da identidade e realização 
alienada, conforme a ordem que o indivíduo introjeta esses tipos 
 INTRODUÇÃO 30 
psicológicos, estarão mais, ou menos, resolvidos seus problemas de 
identidade. 
Além disso, Erikson (1968) afirma que o adolescente, ao entrar nesse 
novo ciclo vital (adolescência), busca relacionamentos com um conjunto de 
ambientes que ultrapassa a esfera familiar. Assim é que se aproxima de 
seus pares, dos adultos, colegas de escola, trabalho, comunidade, incluindo-
se, aí a religião. Este conjunto de “novas amizades” irá contribuir para a 
formação de sua identidade e, por que não dizer, de uma fé, que precisa 
sintetizar valores e informações. Deus pode figurar entre estas “novas 
amizades”; quando isso acontece, o comprometimento do jovem com Ele e 
Sua influência sobre ele exercem um forte efeito ordenador sobre sua 
identidade e seus futuros valores. 
Outro autor, cuja teoria embasará esta pesquisa, é Sigmund Freud, 
que escreveu diversas vezes sobre a influência que a religião exerce sobre o 
indivíduo. Em 1904, em sua obra Psicopatologia da vida cotidiana, Freud 
aponta uma questão, em função do ambiente religioso em que cresceu, 
sobre a psicanálise ser suficientemente capaz de esclarecer fenômenos 
religiosos, como o mito do paraíso. Em 1907, em um artigo escrito sobre 
atos obsessivos e práticas religiosas, coloca a religião como neurose 
obsessiva universal. Esta analogia feita pelo pai da Psicanálise entre 
neurose obsessiva e religiosidade ressalta as semelhanças, do mesmo 
modo que as diferencia, a primeira (a neurose) constituindo-se, segundo ele, 
como expressão do instinto sexual e a segunda (a religiosidade), como 
expressão do instinto anti-social e egoísta. 
Em 1913-1914, ao publicar Totem e Tabu, Freud analisa a origem da 
religião em sociedades primitivas. Em 1927, conclui que a religião é uma 
ilusão e publica outra obra O Futuro de uma Ilusão. Em 1930, retoma o 
assunto em O Mal-estar na Civilização. Já no fim de sua vida, publica 
Moisés e o Monoteísmo, em que, novamente, levanta a questão da relação 
entre impulsos reprimidos e vida religiosa. Cabe ressaltar que Freud foi 
sempre muito cuidadoso com questões relativas à religião, tanto é que fez 
 INTRODUÇÃO 31 
autocrítica sobre as possíveis conclusões incertas elaboradas sobre o tema, 
sobretudo, no que se refere ao refutar a imagem viva, concreta e 
onipresente de Deus. 
Em 1948, Martin Buber formulou crítica a Moisés e o Monoteísmo. 
Conforme assinala Finkler (1973, apud MIRANDA, 1988), Buber considera 
esta obra acientífica e afirma que Freud está, na realidade, mais próximo do 
Cristianismo do que ele próprio supõe: quando comenta a necessidade do 
homem conviver em uma comunidade, baseada no amor e quando descobre 
a energia criadora desse amor dos homens entre si, sua linguagem 
aproxima-se da linguagem evangélica (MIRANDA, 1988). 
Freud (1927/1974) considera que a religião é a causa da neurose, 
pois a experiência religiosa tem seu ponto de partida na vivência edípica e o 
surgimento de mitos é um mecanismo de defesa que visa compensar a 
frustração afetiva, o desapontamento pela pobreza de amor dos pais, o que 
levaria o indivíduo a buscar um outro amor, imutável, eterno, criando, então, 
o herói, o mito, que o auxiliasse a encarar a incomensurável solidão, o 
sentimento oceânico que, vez por outra, o invade. 
Para Thouless, o mecanismo da projeção é uma realidade, mas Freud 
foi infeliz ao limitar Deus a este. Seu argumento baseia-se no fato de que, se 
o indivíduo projeta suas emoções em alguma pessoa, isso não significa que 
ele não tenha personalidade própria. Thouless (1971) apontou, como 
exemplo, que se é realidade que os ingleses criem uma projeção perfeita de 
sua rainha, isto não significa que esta não possua existência particular, com 
características pessoais únicas. 
Sintetizando, em Freud a religião ou as experiências religiosas são 
manifestações de conteúdos inconscientes ou a manifestação, na vida 
consciente, de conflitos inconscientes que se iniciaram nas relações entre 
criança e pais. Assim, a religião pode ser entendida como uma projeção de 
conflitos não resolvidos e sua posição sobre experiências religiosas tende a 
um certo reducionismo e a um naturalismo que procuram explicar a religião 
apenas em termos de dinâmicas psicológicas. 
 INTRODUÇÃO 32 
James Fowler (1992) estuda o desenvolvimento cognitivo e 
psicossocial da pessoa e suas relações com tipos ou estágios de fé ou 
construções religiosas. Para ele, a fé faz parte da consciência humana. A fé 
e a personalidade desenvolvem-se juntas; não são a mesma coisa, porém 
caminham entrelaçadas. 
Para Farris (2002), Fowler entende a fé como experiência humana de 
lealdade e confiança, constituindo-se, essencialmente, como um processo 
universal humano de construção do significado, que é uma parte integrante 
do desenvolvimento do Ego ou da personalidade. 
A fé é a disposição total da pessoa a um referencial definitivo ou a um 
centro de valor, que dá poder, apoio, orientação, coragem e esperança à 
vida e pode unir os indivíduos em comunidades de fé. Por ligar-se ao 
desenvolvimento cognitivo do indivíduo, dependendo da intensidade dessa 
disposição espiritual, este pode vir a enfrentar a realidade da vida de formas 
específicas. Estas especificidades poderão vir a revelar, por exemplo, o tipo 
de influência da religião sobre o adolescente universitário, a população desta 
pesquisa. 
O referencial teórico focaliza também os estágios de fé de James 
Fowler (1992), sobretudo o terceiro estágio, que trata da fé sintética e ou 
convencional, que ocorre no período da adolescência, quando o indivíduo 
começa a valorizar e a participar mais do mundo e menos do cotidiano 
familiar. As novas experiências passam a fasciná-lo, tornando-se um atrativo 
muito forte em sua vida. Nesse período, a fé precisa mostrar-se, oferecer 
uma base sólida para a identidade do indivíduo, que começa, então, a se 
perceber em sua singularidade de pessoa. 
Este trabalho buscou sustentação nas teorias de Erikson (1968), ao 
afirmar que a personalidade é uma espécie de resultante dos conteúdos 
aprendidos; de Freud (1927) que considera a religião como projeção de 
conflitos não resolvidos e Fowler (1922) entende que a fé ou a religião 
desenvolve-se com a personalidade, não sendo a mesma coisa, mas, 
 INTRODUÇÃO 33 
caminhando, como já foi dito, entrelaçadas. Algumas hipóteses são 
possíveis de serem lançadas com o objetivo de bali zar a presente pesquisa. 
 
 
1.4. Hipóteses 
 
· Na interação entre adolescente e ambiente religioso, este afeta a 
personalidade do adolescente; 
· Dependendo das relações do adolescente com o ambiente durante seu 
desenvolvimento, a personalidade mostrar-se-á mais, ou menos, sensível 
às religiões e às influências destas, e estas influências agirão sobre o 
dinamismo da personalidade, tornando-a mais flexível e adaptável, ou 
mais rígida, repressora e dogmática; 
· Adolescentes comprovadamente mais religiosos apresentam tendências 
para que sejam mais rígidos, moralistas e dogmáticos, características 
que contribuem negativamente para a organização e integração da 
personalidade em si e desta com o ambiente. 
· Adolescentes, reconhecidamente,menos religiosos mostram-se mais 
flexíveis, com maior condição de reflexão e adaptabilidade ao ambiente, 
possuindo maior espontaneidade em suas inter-relações sociais. 
 
 
1.5. Objetivos 
 
No sentido de verificar as hipóteses anteriormente levantadas, serão 
trabalhados os seguintes objetivos: 
 
 
 INTRODUÇÃO 34 
Objetivo Geral 
 
· Verificar a influência da religião na dinâmica da personalidade dos 
adolescentes universitários constitui-se no objetivo geral da presente 
pesquisa. 
Para se atingir o objetivo geral, foram levantados outros mais 
específicos e particulares, no sentido de alicerçar a compreensão global da 
influência da religião em adolescentes que alcançaram a universidade. Estes 
objetivos são: 
 
Objetivos Específicos 
 
· Avaliar as possíveis características de rigidez, moralidade e dogmatismo 
ou flexibilidade, reflexão e adaptabilidade da estrutura da personalidade 
de adolescentes universitários religiosos e não religiosos; 
· Identificar se existem em adolescentes universitários religiosos e não 
religiosos, diferenças significativas na organização estrutural da 
personalidade; 
· Identificar e analisar se ocorre, de forma mais construtiva e organizadora 
ou mais dominadora e repressora, a influência da religião no 
funcionamento da personalidade de adolescentes universitários 
religiosos. 
 
 
1.6. Método 
 
Esta investigação contou com uma amostra total de sessenta 
universitários de escolas públicas ou privadas da Grande São Paulo. Os 
 INTRODUÇÃO 35 
componentes da amostra situam-se na faixa etária compreendida entre 18 e 
23 anos, pois, nas culturas ocidentais, a adolescência estende-se dos 12 ou 
13 anos até aproximadamente, 22 e 24 anos de idade, admitindo-se 
variações, tanto de ordem individual como na ordem cultural, conforme 
afirma Rosa (1996). 
Além disso, trata-se da faixa etária, na qual o jovem pode, 
perfeitamente, alcançar os estudos universitários, uma vez que os alunos do 
segundo grau são admitidos nas universidades cada vez mais 
precocemente. 
A amostra total foi dividida em dois grupos, trinta acadêmicos com 
vínculos com alguma religião e outros trinta, totalmente, desvinculados de 
qualquer orientação religiosa. Os dois grupos, de alunos religiosos e não 
religiosos, foram ainda subdivididos igualitariamente entre os sexos 
masculino e feminino. 
Antes de se dar continuidade, cabe uma observação sobre o termo 
“não religioso” usado para o grupo de jovens pouco vinculados à religião. A 
expressão não significa que os adolescentes pertencentes a esse grupo não 
tenham religião, indica apenas que eles pertencem ao grupo “não religioso” 
desta pesquisa, que não se encaixa entre os jovens religiosos. Em hipótese 
alguma, trata-se de um julgamento moral ou existencial dos indivíduos 
pertencentes a um grupo menos religioso, apenas refere-se a uma categoria 
de pesquisa que necessita ser diferenciada de uma outra, no caso 
denominada pelo termo “religioso”. 
Nesta pesquisa, adolescentes são os universitários regularmente 
matriculados e freqüentando cursos de graduação na Grande São Paulo. As 
variáveis controladas foram: renda familiar (número de salários mínimos 
auferidos); turno em que freqüenta a universidade; existência de trabalho 
profissional concomitante aos estudos: origem domiciliar (capital ou interior) 
e procedência religiosa da família. O controle foi feito pelas questões de 
identificação que constam da parte inicial do Questionário de Verificação de 
Presença de Religião (Anexo II). 
 INTRODUÇÃO 36 
Para a organização da amostra, especialmente, em relação à sua 
divisão entre universitários religiosos e não religiosos, foi aplicado um 
“Questionário de Verificação de Presença de Religião”, composto de dez 
perguntas (Anexo II). 
Os universitários que responderam de modo afirmativo, no mínimo, a 
70% das questões e, entre estas, obrigatoriamente, às de número 1, 8 e 10 
foram considerados religiosos. Os não religiosos responderam 
afirmativamente até 30% das questões. 
A definição destas porcentagens baseou-se no fato de desejar-se que 
os jovens universitários considerados religiosos possuíssem condutas 
marcadamente religiosas. Quanto aos não religiosos, admitiu-se a opção por 
alguma religião, devendo ser claro, contudo, seu distanciamento das práticas 
presentes em sua religião, bem como seu conhecimento acentuado dos 
costumes inerentes a ela. Os universitários, cujas respostas ao 
“Questionário de Verificação de Presença de Religião” atingiram escore 
entre 40 e 60% de respostas afirmativas, não compuseram o grupo de 
universitários religiosos nem o de não religiosos, visto que se pretendeu ter 
como componentes dos grupos aqueles que se posicionaram de forma mais 
extremada. 
 INTRODUÇÃO 37 
1.7. Instrumento de avaliação da personalidade para o levantamento 
de dados 
 
Atualmente, existe uma constância cada vez maior das técnicas 
projetivas na investigação psicodiagnóstica, apoiadas em pesquisas ou 
levantamentos clínicos. Verifica-se a contribuição que os métodos projetivos 
de investigação psicodiagnóstica oferecem à compreensão dos aspectos 
psicodinâmicos dos indivíduos, proporcionando um rico material a ser usado 
na análise de casos, tanto para fins clínicos como de pesquisa. 
 
1.7.1. Caracterização das Técnicas Projetivas - Psicodiagnóstico de 
Rorschach 
 
As técnicas projetivas ocupam um lugar de destaque no processo 
psicodiagnóstico, pois constituem um material ambíguo apresentado ao 
examinando, possibilitando-lhe ampla liberdade nas respostas ao 
instrumento oferecido e proporcionando um rico material para análise e 
interpretação (CARNEIRO et al, 1993). 
Esta ambigüidade do material pode gerar uma infinidade de 
conteúdos a serem interpretados (respostas, histórias, desenhos, etc.), que 
surgem muito mais em função das experiências do paciente que das 
características do material. 
Nas técnicas projetivas, o material serve como “estímulo” para 
expressão dos conteúdos. Segundo Anderson e Anderson (1978), os testes 
projetivos não fornecem apenas aspectos de projeção, mas, praticamente, 
todos os mecanismos mentais, tanto expressivos como de defesa. Para eles, 
esses constituem um rico material de análise sobre o paciente. 
O termo método projetivo foi introduzido por Franck, em 1939, que 
logo se mostrou com ampla difusão e emprego; pois designa um conjunto de 
procedimentos técnicos que visam ao estudo da personalidade dos 
indivíduos por meio de estímulos pouco estruturados, o que permite ao 
 INTRODUÇÃO 38 
indivíduo expressar livremente um sentido particular, produzindo respostas 
sempre projetivas e passíveis de interpretação de seus processos internos 
(VAN KOLCK, 1981). 
Para Anzieu (1984), o sujeito, ao submeter-se ao teste de Rorschach, 
relaxa o controle consciente de seus conteúdos, podendo expô-los por meio 
de suas respostas, baseadas em uma conduta oscilante entre concentração 
e descontração, o que permite a avaliação de suas características mais 
intrínsecas, bem como o conjunto de defesas que utiliza para poder lidar 
com elas. 
As propriedades das técnicas projetivas são caracterizadas por vários 
aspectos, que lhes são comuns: estímulos pouco ou nada estruturados, 
respostas bastante ou totalmente livres, abordagem indireta de aplicação, 
origem teórica fundamentada na psicanálise ou na psicometria, sobretudo 
aplicação individual, avaliação e interpretação baseadas em pressupostos 
psicanalíticos ou psicométricos, objetivo como a exploração da 
personalidade em plano mais profundo e abrangente do que as técnicas 
objetivas e a exploração de dados globaise integrados da personalidade 
(BELL, 1982; VAN KOLCK, 1981). 
Entretanto, qualquer técnica, projetiva ou não, só terá real validade 
quando planejada com precisão e critérios técnicos e teóricos bem definidos. 
Desta forma, o processo psicodiagnóstico ou a pesquisa poderá ter maior 
definição dos conteúdos psicodinâmicos e psicométricos do quadro 
(ADRADOS, 1982). Em outros termos, após a interpretação de todos os 
dados e da integração com o conteúdo obtido, pode-se concluir, de forma 
consistente e segura sobre a personalidade dos indivíduos. 
É importante ressaltar que o uso de uma técnica projetiva pressupõe 
um amplo conhecimento do instrumento, alicerçado em uma prática 
constante e na atualização permanente quanto a esse tipo de técnica. 
 
 
 INTRODUÇÃO 39 
1.7.2. O Rorschach como Técnica Projetiva 
 
O Rorschach é um instrumento psicodiagnóstico de reconhecida 
validade e profundidade de investigação. Seu material de interpretação 
possibilita uma análise da personalidade dos indivíduos em termos 
estruturais, garantindo uma contextualização ímpar do quadro que está 
sendo investigado. 
Pelos itens de codificação que permitem um trabalho quantitativo, é 
possível uma averiguação empírica e estatística de qualquer aspecto da 
personalidade dos indivíduos sob o enfoque estrutural. Pontuado na análise 
simbólica das verbalizações, podem-se analisar os aspectos psicodinâmicos 
da personalidade dos sujeitos podem ser analisados, compreendendo seu 
funcionamento e relação consigo e com o mundo. 
 
1.7.3. Breve Histórico 
 
Em distintas culturas e épocas, foi comum o uso da imaginação nas 
brincadeiras populares para interpretar nuvens ou manchas de tinta. O 
primeiro registro do uso de borrões com significado clínico é de 1857 
(Souza, 1982; Vaz, 1987). 
O médico alemão Kerner usava borrões de tinta para caracterizar 
aspectos de personalidade das pessoas que os faziam, embora importante 
em termos históricos, seu trabalho mostrou-se limitado, pois não estudou as 
diferenças individuais dos sujeitos. Em 1895, Binet e Henri desenvolveram 
uma aplicação de forma mais metodológica no campo da Psicologia 
Experimental, associando processos de imaginação e fantasias dos 
indivíduos, mediante a confecção de borrões de tinta. Depois deles, outros 
autores também desenvolveram estudos com manchas de tinta em várias 
localidades (SOUSA, 1982; VAZ, 1987). 
 INTRODUÇÃO 40 
Hermann Rorschach foi o responsável por uma sistematização a 
respeito do trabalho com manchas de tinta, focalizando, tanto aspectos 
normais como outros que envolviam as manchas. Iniciou os estudos com os 
borrões em 1910. Em 1918, o próprio Rorschach confeccionou e elaborou as 
pranchas do teste e passou a aplicá-las experimentalmente no Hospital de 
Herisan (VAZ, 1987). A primeira edição completa do trabalho de Rorschach 
data de 1921 e está no livro Psychodiagnostik, denominado pelo autor, como 
métodos e resultados de uma experiência diagnóstica de percepção por 
meio da interpretação de formas fortuitas. O livro ainda é considerado um 
clássico do gênero (CABRAL e NICK, 1997). 
Desde 1921, quando foi publicado o Psicodiagnóstico (RORSCHACH, 
1978), que, mais tarde, recebeu o nome de seu idealizador, inúmeros 
trabalhos foram desenvolvidos e vários autores destacaram-se em um 
movimento constante de pesquisas e aprimoramento com o instrumento. A 
maioria dos trabalhos foi de natureza empírica e marcou a técnica com 
importantes descobertas. Podem ser destacados Beck, Klopfer, Hertz, 
Piotrowski, Rapaport, Trautenberg, Silveira, dentre outros. Cada pesquisador 
acrescentou um aspecto próprio à técnica e à codificação dos escores, 
desenvolvendo o que se chama de Sistema de Classificação. Os sistemas 
de classificação identificam uma determinada forma de trabalhar com o 
Método de Rorschach e diferenciam-se entre si, no que tange aos aspectos 
de análise das respostas e compreensão das vicissitudes do sujeito no 
momento do teste. A escolha de um sistema de classificação depende da 
afinidade e identificação do clínico ou do pesquisador. 
Todos os sistemas possuem seus importantes pontos para a história 
do desenvolvimento do Método de Rorschach, sem supremacia de um sobre 
o outro. É possível citar que todos os sistemas de classificação estão 
corretos, tratando-se apenas de uma escolha técnico-metodológica do uso 
do instrumento. Neste estudo, utilizar-se-á o sistema de classificação 
proposto por Exner, em 1994, será utilizado. No Brasil, a primeira utilização 
do Rorschach data de 1927 e sua primeira publicação científica-brasileira é 
de 1934 (PEREIRA, 1987). 
 INTRODUÇÃO 41 
Observa-se que, em relação ao Rorschach, o Brasil sempre 
acompanhou o desenvolvimento e estudos sobre essa técnica, tanto é que 
existem inúmeras sociedades científicas brasileiras com o intuito de agregar 
profissionais interessados no instrumento. Em 1952, Aníbal Silveira fundou a 
Sociedade de Rorschach de São Paulo que reúne profissionais que utilizam 
o sistema de classificação desenvolvido pelo seu fundador. Em 1993, André 
Jaquemin fundou a Sociedade Brasileira de Rorschach e outros métodos 
projetivos, reunindo profissionais e pesquisadores de todos os sistemas de 
classificação do Rorschach, bem como profissionais e pesquisadores que 
usam outros instrumentos projetivos de investigação. Dentre um grande 
conjunto de instrumentos projetivos, cabe ressaltar que o Psicodiagnóstico 
de Rorschach ocupa, indubitavelmente, uma posição de grande destaque, 
enfatizada quer pela prática clínica dos profissionais dessa área, quer pela 
bibliografia e eventos científicos da área (PEREIRA, 1987). 
 
1.7.4. Aspectos Projetivos do Método de Rorschach 
 
De acordo com Van Kolck (1981) e com os critérios de classificação 
das provas projetivas, com base na proposta de vários autores que as 
designam, segundo suas propriedades e características o Rorschach pode 
ser enquadrado como uma prova: 
- constitutiva, quanto ao uso funcional do material, pois o sujeito organiza 
suas respostas, apoiado em um material não-estruturado; 
- perceptivo-estrutural, quanto aos processos e aspectos de personalidade 
envolvidos, pois o sujeito utiliza recursos de percepção para a projeção de 
suas características apoiado na organização de suas respostas; 
- visual, quanto à natureza do material usado para estímulo, pois o sujeito 
entra visualmente em contato com os borrões-estímulo. 
Em razão das características do Rorschach, o indivíduo utiliza, 
predominantemente, as sensações visuais, embora possa também recorrer 
 INTRODUÇÃO 42 
a outras modalidades sensoriais durante a aplicação, como as táteis 
(movimentos, tensões, etc.), dependendo dos aspectos personalógicos 
envolvidos. A organização dos perceptos é resultante do dinamismo psíquico 
e da projeção, baseada em imagens subjetivas observadas em um contexto 
concreto (identificação e descrição do que foi percebido) e abstrato 
(apreensão dos elementos abstratos e essenciais). 
Assim, o sujeito seleciona aspectos da prancha, segundo referenciais 
de atenção e afetivos, manifestando-os ao examinador por intermédio de 
respostas verbais e comportamentos produzidos, oferecendo um rico 
material de análise, com base no qual é possível avaliar todo esse 
mecanismo e as características que foram envolvidas (COELHO, 1980). 
Diante do contato visual com os estímulos articulados nas dez 
pranchas, utilizando-se dos recursos perceptivos, os sujeitos organizam 
suas respostas, revelando aspectos estruturais e inconscientes da 
personalidade extremamente úteis à pesquisa e oferecendo, rico material 
para encaminhamentos e ao trabalho psicoterapêutico.

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