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CCJ0032-WL-A-AMMA-20-Crimes em Espécie e Crimes Contra a Pessoa - Continuação

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DIREITO PENAL II
AULA 19
AULA 20.DIREITO PENAL II.
DAS LESÕES CORPORAIS.
AULA 19
 OBJETIVOS AULA
O aluno deverá ser capaz de:
► Compreender a tutela jurídico-penal da integridade corporal
ou da saúde de outrem e a relevância de sua indisponibilidade
por seu titular, salvo em caráter excepcional consoante a
aplicação causas excludentes de tipicidade, ilicitude ou
culpabilidade.
► Diferenciar, nos casos concretos apresentados, o delito de
lesão corporal de outras figuras típicas, tais como: homicídio na
forma tentada, injúria qualificada, contravenção penal de vias de
fato, exposição a perigo a vida ou a saúde de outrem.
► Identificar, nos casos concretos apresentados, a incidência de
conflito aparente de normas ou concurso de crimes.
AULA 19
 CONTEÚDO
1.Bem jurídico tutelado.
 Considerações gerais sobre integridade física,
fisiológica e mental.
2. Elementos do tipo.
3. Sujeitos do delito.
4. Consumação e tentativa.
5. Figuras típicas.
6. Conflito aparente de normas e Concurso de crimes com
demais figuras típicas.
7. Perdão judicial.
AULA 19
1. Bem jurídico tutelado.
 Integridade física, fisiológica e psíquica do ser humano.
 A tutela penal não se restringe à normalidade
 anatômica, contemplando, assim, toda a funcionalidade do
 corpo.
2. Elementos do tipo.
 Compreende-se por integridade física a “alteração
 anatômica, interna ou externa, do corpo humano (...), a
 saúde fisiológica diz respeito ao equilíbrio funcional do
 organismo (...) e a saúde mental, à perturbação de ordem
 psíquica (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Parte
 Especial. v2. 10 ed. São Paulo: Saraiva, pp166)
AULA 19
 A dor e o derramamento de sangue não integram a figura
típica.
 A autolesão não é punida pelo ordenamento jurídico face
ao princípio da alteridade, salvo nos casos expressamente
previstos em lei – art.171, §2º, V, CP e art.184, CPM.
 Disponibilidade do bem jurídico tutelado.
 Em decorrência do princípio da dignidade da pessoa
humana, bem como ao interesse social na manutenção da
incolumidade física e mental dos indivíduos, o bem jurídico
tutelado é considerado um bem público indisponível.AULA 19
 Entretanto, tal indisponibilidade foi mitigada com o
advento da Lei n. 9099/1995 – JECrim, ao estabelecer que,
nos casos de lesões corporais culposas e de natureza leve, a
ação penal de iniciativa pública passou a ser condicionada à
representação da vítima ou de seu representante legal (art.
88, da Lei n. 9099/1995).
 Validade do consentimento do ofendido.
 As lesões desportivas e as intervenções médico
cirúrgicas encontram-se dentre as causas excludentes de
ilicitude decorrentes do exercício regular de direito, desde que
consentidas pela vítima (art.23, III, CP) sendo, no caso de
intervenções médico cirúrgicas, possível sua realização sem
o consentimento da vítima quando configurar estado de
necessidade (art. 24 e art. 146,§3º, I, ambos do CP).AULA 19
 Há entendimentos no sentido de que as lesões desportivas
 configuram condutas atípicas sob a perspectiva da
 imputação objetiva do resultado (neste sentido, vide
 Fernando Capez, op,cit. pp 167).
► Transplante de órgãos e tecidos, o melhor entendimento
 é no sentido de compreender-se como exercício regular de
 direito no caso de doador “juridicamente capaz”, haja vista a
 finalidade terapêutica do procedimento. O referido
 procedimento encontra-se previsto na Constituição da
 República – art. 199,§4º e regulado na Lei n. 9434/1997 que
 prevê, expressamente a sua realização – art.9º.
Art.9º.É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor
 gratuitamente de tecidos, órgãos ou partes do próprio corpo
 vivoparafinsdetransplanteouterapêuticos.
AULA 19
§3º. Só é permitida a doação referida neste artigo quando se
tratar de órgãos duplos, de partes de órgãos, tecidos ou
partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do
doador de continuar vivendo sem risco para a sua
integridade e não represente grave comprometimento de
suas aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação
ou deformação inaceitável, e corresponda a uma
necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à
pessoa receptora.
► Esterilização cirúrgica, considerada pela doutrina clássica
como exercício regular de direito, tem sido considerada por
parte da doutrina como conduta atípica, haja vista fundar-se
em princípios constitucionais – planejamento familiar e
paternidade responsável, bem como pelo fato de estar
expressamente regulada em lei – art.10, da Lei n. 9263/1996
 AULA 19
e art. 226,§7º, CRFB.
 Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial proteção do
 Estado.
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e
 da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre
 decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
 educacionais e científicos para o exercício desse direito,
 vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições
 oficiais ou privadas.
► Cirurgia transexual (tratamento de transgenitalismo).
 Configura, em tese, lesão corporal gravíssima (art.129,§2º, IV,
 CP), haja vista a mutilação de órgãos e perda da função
 reprodutora, todavia a partir da compreensão de que a mesma
 configura “tratamento”, prevalece o entendimento de que a
 conduta do médico é atípica (neste sentido, Guilherme de
 Souza Nucci, Manual de Direito Penal. 6 ed. São Paulo: RT, ppAULA 19
 656).
 Acerca do tema, o Conselho Federal de Medicina, em seu
 Projeto de Diretrizes, bem como por meio de Resolução
 ( mais recente CFM n. 1955/2010) estabeleceu regras para
 o denominado de tratamento de transgenitalismo, tais
 como:
Regras – A seleção dos pacientes para cirurgia continua
 obedecendo a avaliação de equipe multidisciplinar
 constituídapormédicopsiquiatra,cirurgião,
 endocrinologista, psicólogo e assistente social. Este
 acompanhamento deve ser de, no mínimo, dois anos. O
 tratamento só pode ser realizado em maiores de 21 anos,
 depois de diagnóstico médico e com características físicas
 apropriadasparaacirurgia.(disponívelem:
 http://portal.cfm.org.br).
AULA 19
 Aplicação do principio da insignificância.
 A partir da compreensão da possibilidade da flexibilização
 da indisponibilidade do bem jurídico tutelado, é possível a
 aplicação do principio da insignificância às pequenas lesões
 corporais, desde que, consentidas pela vítima, tais como a
 “perfuração do corpo para a colocação de adereços” (CUNHA,
 Rogério Sanches. Direito Penal Especial 2 ed. São Paulo:RT,
 pp 48).
3. Sujeitos do delito.
Trata-se de delito comum, exceto nos casos de violência
 doméstica, previsto no §9º, caso a lesão seja praticada contra
 ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro,
 situação na qual o delito passa a ser próprio.
Em relação ao sujeito passivo, em regra, todo ser humano vivo
 (vida extrauterina), exceto nos casos previstos AULA 19§1º, IV enos
 §2º, V – mulher grávida e §9º.
4. Consumação e tentativa.
 Delito material, de dano – a consumação ocorre com a
 efetiva ofensa à integridade corporal ou à saúde física ou
 mental da vítima, sendo necessária a realização de exame de
 corpo de delito (art.158, CPP). A tentativa é de difícil
 constatação, mas é, teoricamente, possível.
5. Figuras típicas.
 Lesão corporal leve – art.129, caput, CP
 Lesão corporal qualificada pelo resultado: grave ou
 gravíssimo – art.129, §§1º e 2º.
 Lesão corporal seguida de morte – delito preterdoloso.
 art.129, §3º, CP
 Lesão corporal privilegiada - art.129, §4º, CP.
 AULA 19Lesão corporal culposa - art.129, §6º, CP.
5.1. Lesão corporal leve – art.129, caput, CP.
 A figura típica deverá ser analisada medianteo critério de
 exclusão em relação às demais figuras típicas dolosas.
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
5.2 Lesão corporal qualificada pelo resultado: grave ou
 gravíssimo – art.129, §§1º e 2º.
a) Resultado Grave
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de
 trinta dias;
AULA 19
●
 qualqueratividadecorporalcostumeira,lícita,
 independentemente, de sua natureza (econômica, esportiva,
 intelectual etc)
II - perigo de vida;
● Neste caso há que se tomar cuidado, pois a conduta do
 agente não visava ao perigo de vida, sendo este decorrente
 das lesões corporais sofridas; o perigo deve ser concreto, ou
 seja, séria e imediata probabilidade letal a ser aferida
 mediante exame pericial.
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
● “Debilidade é o enfraquecimento, a redução ou a diminuição
 da capacidade funcional” (PRADO, Luiz Regis. Curso de
 Direito Penal Brasileiro. v2.8 ed. São Paulo:RT, pp 115).
AULA 19
A expressão “permanente” não abrange perpetuidade, mas sim a
 noção de situação “duradoura”, ou seja, aquela na qual não há
 como determinar previamente quando terá fim.
IV - aceleração de parto.
● Consiste na verdade, na ocorrência de parto prematuro. Cabe
 salientar que, no caso em questão, admite-se que o agente
 haja com dolo eventual em relação ao resultado mais gravoso,
 sendo indispensável que o produto da concepção sobreviva.
 Outrossim, é indispensável que o agente tenha conhecimento
 da gravidez.
AULA 19
Resultado Gravíssimo
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
● Como no parágrafo anterior, aplica-se aos casos a noção de
 situação “duradoura”. A expressão “trabalho” abrange toda e
 qualquer atividade laborativa e não, somente, a atividade
 anteriormente exercida pela vítima.
II - enfermidade incurável;
● compreende-se como a “doença irremediável, de acordo com
 os recursos da medicina na época do resultado, causada à
 vítima” (NUCCI, op. cit. pp 649). Cabe salientar que a vítima
 não é obrigada a submeter-se a tratamento médico, bem como
 a sua ocorrência não afastará a incidência da qualificadora.AULA 19
 ● A transmissão dolosa do vírus HIV configura, consoante
 entendimento predominante na doutrina e jurisprudência,
 tentativa de homicídio ( CUNHA, op. cit. pp 51)
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
● a expressão “perda” compreende a destruição ou privação de
 algum membro, sentido ou função, enquanto “inutilização” , a
 perda da funcionalidade ou utilidade do membro, sentido ou
 função, ainda que, fisicamente, integre o organismo.
IV - deformidade permanente;
● o melhor entendimento é no sentido de que “deformar”
 compreende a alteração duradoura nas formas originais do
 corpo, independentemente da realização de qualquer juízo
 de valor, bem como, irrelevante ser visível ou não. Ainda,
 caso a vítima submeta-se à intervenção cirúrgica reparadora
 AULA– plástica, subsistirá a incidência da qualificadora. 19
 V – aborto.
● nesta figura, eminentemente preterdolosa, é indispensável
 que o agente tenha conhecimento da gravidez.. Caso o
 agente assuma o risco, ao lesionar a gestante, da ocorrência
 do resultado mais gravoso – aborto, sua conduta
 caracterizará concurso formal imperfeito de crimes entre o
 delito de lesões corporais e o delito de aborto praticado sem
 consentimento da gestante.
Também não há que se confundir com a figura majorada do
 aborto prevista no art.127, CP, preterdolosa, na qual o dolo
 do agente consiste nas manobras abortivas e, em
 decorrência destas, advém, culposamente, as lesões
 corporais de natureza grave à gestante.
AULA 19
5.3. Lesão corporal seguida de morte.
 Delito preterdoloso. Neste caso não há que se falar em
 tentativa, pois não há, por parte do agente, vontade e
 consciência em relação ao resultado mais gravoso – morte,
 sendo, todavia, imputável face à previsibilidade objetiva
 deste resultado.
 Não há que se confundir com o delito de homicídio
 culposo, pois no delito previsto no art.129,§3º, há o concurso
 entre dolo e culpa – crime complexo, enquanto, na figura do
 art.121,§3º, o resultado morte advém de “um fato
 penalmente indiferente” (Nelson Hungria apud Capez, op cit
 pp 184)
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o
 agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de
 AULA 19produzí-lo:
5.4. Lesão corporal privilegiada.
 Da mesma forma que no delito de homicídio, por questões
 de política criminal, o legislador optou pela redução de pena
 em decorrência dos motivos determinantes do crime.
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de
 relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta
 emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
 juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
5.5. Lesão corporal culposa.
§ 6° Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de dois meses a um
 ano.
AULA 19
6. Conflito aparente de normas e Concurso de crimes com
 demais figuras típicas.
6.1. Crime de lesão corporal leve e injúria real.
 O ponto distintivo resulta do animus do agente, ou seja, se
 “a violência exercida for ultrajante, havendo a intenção de
 humilhar, envergonhar a vítima, ofender a sua dignidade ou
 decoro” estará configurada a figura típica de injúria real, o que
 não afasta a possibilidade da incidência do concurso de crimes
 entre ambas.
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por
 sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem
 aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, AULA 19 da penaalém
 correspondente à violência.
 6.2. Lesões corporais culposas no Código Penal e no
 Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9503/1997).
 Conflito a ser solucionado pelo princípio da
 especialidade.
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo
 automotor:
7. Perdão Judicial.
 Causa extintiva de punibilidade, direito público subjetivo do
 réu de caráter unilateral, na qual o Estado-juiz deixa de
 aplicar a pena em circunstâncias expressamente previstas
 em lei.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
AULA 19
 CASO CONCRETO
Acerca da lesão corporal, assinale a opção correta: (134° Exame
 OAB/SP. 1ª Fase)
a) O aumento especial de pena aplicado à violência doméstica
 praticada contra portador de deficiência aplica-se a lesão
 corporal leve, grave e gravíssima;
b) As lesões corporais leve, grave e gravíssima, se praticadas
 através da violência doméstica, terão aumento especial de
 pena na proporção de um terço;
c)Lesão corporal culposa e a de natureza leve são delitos de
 ações penais públicas condicionadas a representação da
 vítima ou de seu representante legal;
d) A incapacidade permanente para as ocupações habituais da
 vítima de lesão corporal, por mais de duzentos dias, classifica
 AULA 19
 a lesão como gravíssima.
 CASO CONCRETO
Douglas Silva, foi denunciado e condenado à pena de 3 (três)
 anos de reclusão, em regime aberto, como incurso nas
 sanções dos arts.302 e 303, caput, da Lei n. 9.503/97
 (Código de Trânsito Brasileiro), na forma do art. 70 do
 Código Penal. A defesa, inconformada com a decisão,
 impetra habeas corpus face ao Tribunal de Justiça com
 vistas à substituição da pena privativa de liberdade de
 reclusãopor uma pena substitutiva. A ordem foi negada
 sob o argumento de que a substituição seria contrária aos
 requisitos presentes no art. 44, do Código Penal, não
 obstante o fato da pena ter sido aplicada no mínimo legal
 consoante as circunstâncias favoráveis previstas no art.59,
 do Código Penal. inconformado com a decisão proferida
 pela Egrégia Câmara Criminal, impetra habeas corpus face
 AULA 19
 ao Superior Tribunal de Justiça, argüindo a ocorrência de
 Acerca do tema já se manifestou a Quinta Turma do
 Superior Tribunal de Justiça, em sede de habeas corpus, no
 sentido de que, no que concerne ao inciso III, do art.44, do
 Código Penal
...Infere-se que o legislador optou por deixar ao arbítrio do
 julgador, dentro de seu prudente critério, a deliberação sobre
 a possibilidade ou não de se converter a reprimenda
 privativa de liberdade por restritivas de direito, contudo não
 se trata de discricionariedade livre, mas vinculada, já que
 deve ter por base as circunstâncias elencadas no art. 59 do
 Código Penal, à exceção, como bem observado pela
 impetrante, das consequências do delito e do
 comportamento da vítima, não reproduzidas no inciso III do
 art. 44 do CP.(STJ, HC n. 123373/RJ, Quinta Turma, Rel.
 Min.Jorge Mussi, julgado em 06/04/2010).
 AULA 19
 Questões controvertidas
 Distinção entre violência doméstica e violência de
gênero discriminatório contra a mulher – confronto entre o
art. 129, §§, 9°, 10 e 11 do Código Penal e art.5° da Lei n.
11340/2006 (Lei Maria da Penha).
 Não há que se confundir violência de gênero com
violência doméstica. Compreende-se por violência doméstica
a praticadano âmbito da vida em família,
independentemente da existência de parentesco; por outro
lado, a violência de gênero, no caso da Lei n. 11340/2006,
possui caráter eminentemente discriminatório contra a
mulher , tendo, a referida lei abarcado os dois conceitos .
AULA 19
Neste sentido assevera Luiz Regis Prado:
 A violência de gênero se refere a atos de agressão ou de
 violência exercidos contra determinada pessoa por força de
 seu sexo feminino e a violência doméstica diz respeito à
 sua prática no âmbito doméstico ou intrafamiliar, ou a ele
 diretamente relacionado (op cit pp 122).
Art. 5º, Lei n. 11340/2006. Para os efeitos desta Lei,
 configura violência doméstica e familiar contra a mulher
 qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe
 cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico
 e dano moral ou patrimonial:
AULA 19
Violência Doméstica
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
 irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou
 tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das
 relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as
 circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo,
 aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada
 de um terço se o crime for cometido contra pessoa
 portadora de deficiência.
AULA 19

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