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Miryan Buzetti
Educação Especial
Sumário
03
CAPÍTULO 3 – Como adaptar o currículo? .......................................................................05
Introdução ...................................................................................................................05
3.1 Adaptação curricular ................................................................................................05
3.1.1 As adaptações curriculares ...............................................................................06
3.1.2 Adaptações curriculares de pequeno porte .........................................................06
3.1.3 Adaptações curriculares de grande porte ...........................................................07
3.2 Adaptação curricular para alunos com deficiência sensorial ..........................................08
3.2.1 Adaptações para alunos com deficiência auditiva/surdez .....................................09
3.2.2 Adaptações para alunos com deficiência visual/cegueira .....................................10
3.3 Adaptação curricular para alunos com deficiência intelectual ........................................11
3.3.1 Identificando o conhecimento prévio do aluno com deficiência intelectual .............11
3.3.2 O ensino de leitura e escrita para alunos com deficiência intelectual .....................13
3.3.3 Flexibilização do currículo ................................................................................14
3.4 Adaptação curricular para alunos com deficiência física ...............................................14
3.4.1 Adaptações na comunicação ............................................................................15
3.4.2 Acessibilidade .................................................................................................16
3.5 Adaptação curricular para alunos com autismo ...........................................................16
3.5.1 A prática pedagógica e o aluno com autismo .....................................................17
Síntese ..........................................................................................................................20
Referências Bibliográficas ................................................................................................21
05
Capítulo 3
Introdução 
A inclusão do aluno com deficiência ou transtorno na sala de aula regular revela a ineficiência 
do ensino tradicional, que reserva ao professor o papel de figura central do processo de apren-
dizagem. Detentor absoluto do conhecimento, nesse modelo, o professor prepara uma única 
aula para todos os alunos da classe. A questão é que não funciona ter um currículo único, no 
qual o professor planeja a sua aula como se a sala fosse homogênea. Cada aluno tem as suas 
potencialidades e dificuldades. Esse tipo de ensino gera um alto índice de fracasso escolar e 
dificuldade de aprendizagem. 
Ao se pensar que, hoje, temos uma escola inclusiva e que todos têm direito à educação de quali-
dade, a insistência em tal modelo de ensino e a postura equivocada do professor trazem obstáculos 
ao processo pleno de aprendizagem. Cada deficiência e transtorno têm suas exigências e particula-
ridades, sendo necessário repensar as metodologias, as práticas e, consequentemente, o currículo.
Mas como repensar as práticas? O que é necessário para adaptar o currículo? Como saber o 
que cada aluno precisa? Quais adaptações são necessárias?
Muitas estratégias de ensino utilizadas pelo professor precisam ser ajustadas de acordo com as 
necessidades dos alunos, sendo fundamentais as adaptações curriculares para a inclusão de 
quem possui necessidades especiais. Então, vamos agora entender o que são essas adaptações 
curriculares e como planejá-las para os alunos com diferentes necessidades especiais.
3.1 Adaptação curricular
As adaptações curriculares têm como objetivo principal promover o desenvolvimento e a apren-
dizagem dos que apresentam algum tipo de necessidade. O professor precisa ter clareza de que 
todos os alunos são diferentes, com suas habilidades e dificuldades. Nossas salas de aula são 
heterogêneas, portanto, cada aluno aprende de uma maneira, do mesmo modo como ocorre 
com os alunos com alguma deficiência ou transtorno. Na proposta da educação inclusiva, o en-
sino deve se adaptar às necessidades de cada aluno, realizando as mudanças necessárias para 
que ele aprenda e acompanhe o currículo.
Antes de aprofundar a nossa conversa sobre as adaptações curriculares, vamos fazer uma di-
ferenciação entre os termos adaptação e acesso ao currículo. As adaptações curriculares estão 
relacionadas às alterações de conteúdos, estratégias ou metodologia. O acesso ao currículo, 
por sua vez, refere-se a recursos, como adaptações no mobiliário e no espaço físico da escola, 
equipamentos e comunicação alternativa.
De acordo com a Lei de Diretrizes Básicas (LDB) 9394/96 e o Plano Nacional de Educação, a 
escola é responsável por garantir o acesso e a permanência de todos os alunos. O ensino deve 
ser para todos, mas precisa respeitar as especificidades de cada um. Os Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCN) definem adaptações curriculares como aquelas realizadas para tornar a escola 
Como adaptar o currículo?
06 Laureate- International Universities
Educação Especial
apropriada às peculiaridades de cada aluno. Defende um currículo dinâmico e flexível, atuando 
diretamente nas dificuldades dos alunos e prevendo, principalmente, maneiras de organizar efi-
cientemente o ensino.
De modo geral, podemos dizer que os Parâmetros apontam que é necessário ter um currículo 
geral, realizando adaptações e alterações pontuais, quando necessário. 
3.1.1 As adaptações curriculares
Para colocar em prática as adaptações curriculares, é necessário que o Projeto Político-peda-
gógico (PPP) da escola garanta a acessibilidade de todos os alunos à rede. É preciso que o PPP 
leve em conta a diversidade de seus alunos assegurando envolvimento de todos os âmbitos da 
escola – do administrativo ao pedagógico.
De acordo com o documento Saberes e Práticas da Inclusão – recomendações para a construção 
das escolas inclusivas (MEC, 2005, p. 61),
[...] as adequações curriculares constituem pois possibilidades educacionais de atuar frente 
às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adequação do 
currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às pecualidades dos alunos com 
necessidades especiais. Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, possível 
de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos.
Segundo Sassaki (2003), as mudanças poderão ocorrer em diferentes esferas:
• arquitetônica (eliminar barreiras físicas da escola e adaptar o acesso a todos em toda a 
área escolar);
• atitudinal (desenvolver postura de respeito para com todos, evitando assim comportamentos 
que levam ao bullying e ao preconceito);
• comunicacional (fazer as adequações necessárias para a compreensão do código utilizado 
por todos, podendo ser utilizadas diferentes maneiras para conseguir se comunicar - 
LIBRAS, Braille, comunicação alternativa, entre outras);
• metodológica (promover as adequações de práticas pedagógicas buscando métodos e 
técnicas mais flexíveis e favoráveis à aprendizagem); 
• instrumental (garantir as adaptações de materiais, recursos e equipamentos pedagógicos);
• pragmática (amparar o cumprimento da legislação vigente, assegurando o direito ao 
acesso escolar de todos).
Além dos itens destacados acima, é necessário pensar na formação dos profissionais que irão 
colocar em prática tais adaptações. Torna-se imprescindível ter uma formação específica no 
assunto, capacitando os professores e demais funcionários envolvidos nas atividades escolares e 
nas necessidades de adaptações. Essas adaptações, como veremos,podem ser consideradas de 
grande porte ou de pequeno porte.
3.1.2 Adaptações curriculares de pequeno porte
As adaptações curriculares são atividades adequadas para favorecer a escolarização de alunos 
com necessidades educacionais especiais. São realizadas pelo professor para favorecer a apren-
dizagem, adaptando métodos, conteúdos, práticas e avaliação, tendo como foco a participação 
dos alunos (BRASIL, 2005).
07
Figura 1 - Recurso didático que exemplifica a adaptação curricular de pequeno porte.
Fonte: Eleonora, Shutterstock, 2016.
As adaptações de pequeno porte compreendem: 
• a introdução de recursos didáticos pedagógicos específicos, realizando adaptações no 
espaço, tempo, rotina, brincadeiras, atividades;
• a flexibilização de conteúdos, retirando obstáculos para o avanço no processo de 
aprendizagem dos alunos;
• disponibilizar ao aluno mais tempo para a aprendizagem, respeitando seu ritmo de 
desenvolvimento para objetivar resultados;
• oferecer ao aluno experiências de ensino significativas, explorando diferentes procedimentos 
metodológicos;
• realizar avaliações pedagógicas processuais, avaliando o aluno continuamente de modo 
a acompanhar o desenvolvimento de habilidades e competências dele.
As adaptações de pequeno porte envolvem, portanto, modificações realizadas no currículo. De 
responsabilidade do professor, as adaptações são realizadas para garantir o processo de ensino 
e aprendizagem de todos os alunos da sala. Atividades em dupla, a reorganização da sala de 
aula, a priorização de conteúdos e a sequenciação das atividades, organizando-as por etapas, 
são exemplos de adaptações de pequeno porte (BRASIL, 2005).
3.1.3 Adaptações curriculares de grande porte
As adaptações curriculares de grande porte ocorrem em nível de Projeto Político-pedagógico, 
contando com a participação de gestores, professores, funcionários, familiares e alunos. Sendo 
assim, vão além da prática do professor, envolvendo ações de natureza política, administrativa, 
financeira e burocrática (BRASIL, 2005).
08 Laureate- International Universities
Educação Especial
Figura 2 - A adaptação curricular de grande porte, como sugere o nome, vai além da prática do professor.
Fonte: Jaren Jai Wicklund, Shutterstock, 2016.
As adaptações de grande porte podem ocorrer:
• no espaço físico da escola;
• pela aquisição de mobiliário adaptado, para atender as necessidades específicas dos 
alunos;
• nas adaptações de materiais utilizados em sala de aula com os alunos,
• no oferecimento de recursos, para garantir as adaptações realizadas pelos professores;
• ao se assegurar uma quantidade mínima de alunos por sala, para facilitar uma prática 
mais adequada com os alunos de inclusão; 
• na adaptação temporal, ajustando o tempo que o aluno permanece em uma mesma série, 
prolongando se necessário ou agilizando, se o aluno for superdotado.
É importante saber que as adaptações curriculares de grande porte devem ser avaliadas com 
cautela e precisão, fazendo-se necessário estudar cada caso, para garantir que as barreiras se-
jam realmente removidas (tanto barreiras físicas quanto curriculares). É indispensável, portanto, 
uma avaliação criteriosa do aluno e da adaptação, com o apoio de uma equipe multiprofissio-
nal, a fim de otimizar a adaptação. Deve-se buscar sempre registrar as avaliações e procedimen-
tos tomados, para favorecer a inclusão de todos os alunos.
3.2 Adaptação curricular para alunos 
com deficiência sensorial
As adaptações curriculares são realizadas para possibilitar ao aluno um processo de aprendiza-
gem mais significativo e coerente, oferecendo a todos as mesmas condições de desenvolvimento, 
ajustando a realidade escolar e a prática docente às necessidades do aluno.
Quando o assunto é adaptação curricular para alunos surdos, por vezes o conteúdo acaba sen-
do muito simplificado (como se os alunos não fossem capazes de aprender ou tivessem algum 
atraso motivado pela surdez). Não é realizada uma discussão do currículo, sendo trabalhado o 
que os ouvintes sugerem. Infelizmente, a maioria dos professores não domina a língua de sinais, 
09
comprometendo o trabalho com o aluno e prejudicando seu desempenho acadêmico. Segundo 
Tessaro (2005, p. 37):
O desenvolvimento, tanto intelectual quanto social e emocional do surdo, depende em grande 
parte das atitudes que os outros, principalmente os pais, apresentam em relação à sua pessoa. 
Outro aspecto importante para o bom desenvolvimento do surdo é o diagnóstico. Quanto mais 
cedo este for feito e se iniciar o trabalho educacional, melhor será seu desenvolvimento global 
e menos prejuízo terá no campo pessoal e social.
Em relação ao aluno deficiente visual/cego é importante que o professor e os familiares explo-
rem os demais órgãos dos sentidos, estimulando e oferecendo novas experiências. Ao se pensar 
em adaptação curricular para esse público, é necessário que o professor conheça o grau de 
comprometimento do aluno porque isso irá ajudá-lo a oferecer uma adaptação mais coerente e 
favorável, como auxílios ópticos, textos ampliados, localização mais apropriada na sala de aula 
e atividades em Braille, entre outros aspectos. O professor deve ficar atento ao ensino da leitura 
e da escrita, pois muitas vezes, pelo fato de esses alunos não estarem expostos o tempo todo a 
materiais escritos (rótulos, livros, revistas), eles poderão demorar um pouco mais para aprender 
a ler e a escrever, sendo necessário que o professor ofereça atividades extras e adequadas para 
incentivá-los. 
3.2.1 Adaptações para alunos com deficiência auditiva/surdez
Para realizar as adaptações com os alunos deficientes auditivos ou surdos existem vários recursos 
que favorecem o processo: próteses auditivas, treinamento de fala, softwares específicos, explora-
ção dos demais sentidos, utilização de linguagem gestual e língua de sinais, posicionamento do 
aluno em local mais adequado (na frente do professor, por exemplo, para realizar a leitura labial).
Figura 3 - A adaptação curricular para alunos com deficiência auditiva/surdez dispõe de vários recursos.
Fonte: adriaticfoto, Shutterstock, 2016.
Algumas dicas são importantes para o professor: procurar sempre conversar frente a frente com 
o aluno; falar pausadamente; oferecer o texto previamente para leitura, facilitando a sua com-
preensão; utilizar gestos e pequenos toques no aluno, para chamar a atenção dele; fazer contato 
visual expressivo, além de dar orientações diretas e em etapas.
Além de tais adaptações, é necessário saber que o aluno surdo tem como primeira língua a 
LIBRAS, portanto, ele tem direito a aprender primeiramente a LIBRAS e receber um ensino ade-
quado à sua comunicação. Esse aluno poderá ser acompanhado pelo professor do Atendimento 
Educacional Especializado (AEE) ou ter um intérprete que irá fazer a mediação na comunicação 
entre o professor, o aluno surdo e os demais colegas.
10 Laureate- International Universities
Educação Especial
Existe no Brasil uma legislação específica que orienta e estabelece parâmetros sobre 
como trabalhar com o aluno surdo e o ensino de LIBRAS. Hoje, por exemplo, é obri-
gação das universidades oferecerem a disciplina de LIBRAS nos cursos de licencia-
tura. Essa postura é uma busca de efetivar a inclusão e capacitar o professor para 
promovê-la. Confira a legislação: Lei n º 10.436, de 24 de abril de 2002. Disponível 
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10436.htm>.
Projeto de lei n.º 184, de 2015. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/sileg/
integras/1300972.pdf>.
Decreto Nº 5626 de 22 de Dezembro de 2005. Disponível em:<http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>
VOCÊ QUER LER?
Para favorecer, então, a aprendizagem do portador de deficiência auditiva/surdez, procure colo-
car o aluno em grupos, para que os colegas possam auxiliá-lonas atividades. Ofereça ao aluno 
apoio físico, visual e verbal, buscando se adequar às necessidades dele. Lembre-se de utilizar ati-
vidades individuais complementares, quando necessário, pois elas devem suprir as dificuldades 
eventualmente encontradas pelo aluno nas demais tarefas. E importante: invista em atividades 
pautadas nas potencialidades do aluno, buscando recursos visuais e sensitivos que possibilitem 
suprir a ausência auditiva.
3.2.2 Adaptações para alunos com deficiência visual/cegueira
Para que seja possível realizar adaptações curriculares para alunos com deficiência visual ou 
cegueira, o professor poderá utilizar alguns recursos como: reglete, máquina Braille, sorobã, sof-
twares educacionais adequados, lupa, livros com relevos, materiais com texturas, textos amplia-
dos, computador com sintetizador de voz, materiais com guizo. Além desses recursos, a escola 
poderá se adaptar, viabilizando aspectos como a colocação de corrimão e de piso adaptado; 
extintores de incêndio em posição mais alta, além de evitar colocar latas de lixo ou outros objetos 
em locais de grande circulação ou corredores (CARVALHO, 2008).
Figura 4 - O ensino do Braille é um dos recursos disponíveis para alunos cegos.
Fonte: wavebreakmedia, Shutterstock, 2016.
11
Todos esses recursos poderão beneficiar o desenvolvimento do aluno, se o professor souber utili-
zá-los ou orientar adequadamente o seu uso. Percebemos que é possível explorar desde materiais 
simples, como lixa, algodão, EVA, plástico bolha e cola relevo, desenvolvendo assim adaptações 
pequenas para facilitar a compreensão do aluno, até recursos mais elaborados, como o uso da 
máquina ou da impressora Braille. O professor precisa, portanto, tentar entender o aluno e pen-
sar não somente em estratégias de ensino, mas em estratégias de aprendizagem. Deve priorizar 
as potencialidades do aluno e buscar recursos mais adequados para cada necessidade. 
VOCÊ QUER VER?
O filme Hoje eu quero voltar sozinho, de Daniel Ribeiro, conta a história de um alu-
no adolescente cego, demonstrando seus conflitos, dificuldades e expectativas gerais 
sobre o mundo. Mostra a relação desse aluno com os colegas da sala e as reações 
deles durante as aulas, diante da necessidade de auxiliá-lo em algumas atividades. O 
filme narra vários episódios de bullying e intolerância, demonstrando a influência do 
professor na adaptação das atividades e na organização da dinâmica da aula para 
efetivamente incluir o aluno com necessidade especial.
Muitas vezes, adaptações simples, como manter a ponta do lápis mais grossa e ter cuidados com 
a iluminação, poderão favorecer o aluno. Compete, então, ao professor estabelecer um diálogo 
constante com o aluno; entendê-lo e ainda evitar reproduzir comportamentos preconceituosos, 
que exijam o uso da visão (por exemplo, dizer “como vocês podem ver aqui” ou “olhem atenta-
mente para a atividade”).
3.3 Adaptação curricular para alunos 
com deficiência intelectual
Um dos grandes desafios da educação inclusiva é a escolarização dos alunos com deficiência 
intelectual (DI). A pessoa com DI tem uma maneira específica de aprender, não correspondendo 
ao nível esperado de escolarização, apresentando assim características biológicas e cognitivas 
específicas. O grande desafio do professor é, quando o aluno não apresenta um diagnóstico, 
saber identificar se está diante de uma dificuldade de aprendizagem ou de uma deficiência inte-
lectual (CARVALHO, 2008). 
Ao trabalhar com o aluno com deficiência intelectual, é necessário ter clareza dos conhecimentos 
prévios dos alunos, para só depois pensar em adaptação curricular.
3.3.1 Identificando o conhecimento prévio do aluno com deficiência 
intelectual
Primeiramente, é necessário fazer uma avaliação ou uma sondagem para verificar até que ponto 
vai o conhecimento e informação de mundo do aluno. É fundamental uma avaliação pedagógi-
ca, desmistificando aqui a ideia de avaliação médica. Um dos testes validados que podem ser 
utilizados pelo professor é o Teste de Desempenho Escolar (TDE). Foi elaborado por Lilian Stein 
e avalia as capacidades fundamentais para o acompanhamento escolar, revelando quais são as 
áreas escolares - entre leitura, escrita e aritmética - mais desenvolvidas e quais as que precisam 
de uma atenção maior.
12 Laureate- International Universities
Educação Especial
O TDE - Teste de desempenho escolar: manual para aplicação e interpretação, de 
Lilian Milnitsky, é um instrumento psicométrico que avalia as capacidades de leitura, 
escrita e aritmética. Auxilia a verificar o conhecimento prévio do aluno, orientando me-
lhor as adaptações curriculares e a prática docente. É um teste padronizado, que pode 
ser utilizado por pedagogos (STEIN, 1994).
VOCÊ QUER LER?
Para Vygotsky (1997), o desenvolvimento da criança com deficiência intelectual é um processo 
de constituição da personalidade por meio da reorganização das funções de formação dos pro-
cessos de aprendizagem, sempre originadas pela deficiência, exigindo assim a criação de novas 
possibilidades para a consolidação do desenvolvimento.
Um instrumento que poderá auxiliar o professor para observar os conhecimentos, destrezas e 
atitudes é a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA). Visca (1991) explica que 
o material a ser utilizado é uma caixa contendo vários objetos relacionados à aprendizagem ou 
não (exemplo: tesoura, cola, livro, revistas, entre outros), tendo como objetivo principal oferecer:
• ao aluno uma oportunidade de explorar o conteúdo;
• ao professor, uma chance de observar no aluno aspectos de imaginação, criatividade, 
iniciativa, organização, regras, atitudes, conhecimento de mundo, entre outros. 
Três aspectos favorecem a análise da atividade: a temática (o significado do conteúdo das ativi-
dades em suas manifestações), a dinâmica (a postura corporal do aluno, os gestos, comporta-
mento, tom de voz) e o produto final (o que ele fez com os objetos da caixa – um desenho, uma 
escrita, entre outros).
Jorge Pedro Luis Visca (1935-2000) nasceu e morreu em Buenos Aires, Argentina. 
Graduado em Ciências da Educação e Psicologia, foi o responsável pela divulgação 
da Psicopedagogia no Brasil, na Argentina e em Portugal, fundando centros psicope-
dagógicos em diversas capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador 
e Curitiba. Um dos seus maiores feitos foi a criação da Epistemologia Convergente, 
que tinha como objetivo oferecer uma atividade clínica que integrasse os estudos da 
Psicologia advindos das escolas de Piaget, de Freud e de Enrique Rivière, unindo assim 
a Psicogenética, a Psicanálise e a Psicologia Social. Em 2008, foi nomeado Associado 
Honorário in memorium pela Associação Brasileira de Psicopedagogia.
VOCÊ O CONHECE?
Percebemos, no estudo deste item, que para a adaptação curricular é fundamental avaliar o 
conhecimento prévio do aluno com deficiência intelectual. Não se trata de uma avaliação mé-
dica, mas pedagógica, identificando o potencial e a dificuldade do educando nos conteúdos 
escolares, para assim poder adaptar o currículo de maneira mais adequada. Existem vários testes 
padronizados que o pedagogo pode aplicar para uma sondagem dos conhecimentos prévios, 
além, é claro - e sempre que possível - fazer uma investigação multiprofissional para ter uma 
visão mais ampla do desenvolvimento e dificuldades do aluno.
13
3.3.2 O ensino de leitura e escrita para alunos com deficiência intelectual
Estudos como o de Katims (1991) e o de Jatobá (1995) indicam que as crianças com deficiência 
intelectual passam por processos cognitivos semelhantes aos das crianças “normais”, no que 
concerne à aquisição da linguagem escrita. Esses dados sugerem ainda que o DI tem capacidade 
de evoluir conceitualmente na aprendizagem da leitura e da escrita, desde que sejam oferecidas 
situações de estimulação adequadas (BUZETTI,2015).
Segundo Ferreiro e Teberosky (1999), o ensino da leitura e da escrita para o aluno deficiente in-
telectual deve caminhar de maneira a desenvolver a compreensão simbólica e a função social da 
escrita, trabalhando com atividades do tipo desenho, mímica, dramatização etc. Por meio de um 
trabalho que combine os aspectos formais e simbólicos da escrita, o aluno, aos poucos, irá atingir 
o domínio das habilidades de leitura e de escrita. A repetição do mesmo exercício, no entanto, não 
garante ao educando com deficiência a apropriação da linguagem escrita, reforçam os autores.
Ao ensinar o aluno com deficiência a ler e escrever, alguns apontamentos poderão facilitar essa 
prática:
• fazer uso das tecnologias;
• utilizar atividades contextualizadas;
• valorizar a realidade do aluno e dos conhecimentos prévios do mesmo;
• trabalhar a consciência fonológica aliada ao método de ensino;
• valorizar as potencialidades do aluno;
• respeitar o tempo de aprendizagem de cada um;
• planejar o ensino em pequenos passos, partindo do mais simples para o mais complexo, 
aumentando assim a chance de êxito do aluno;
• promover um ensino colaborativo.
Alguns pontos que o professor deverá levar em consideração, ao adaptar o currículo:
• selecionar palavras que não têm acento;
• selecionar palavras sem encontro vocálico ou consonantal;
• evitar palavras com letras isoladas (como a letra “a” na palavra “apito”);
• trabalhar palavras conhecidas pelas crianças;
• evitar palavras que se referem apenas à parte de objetos (exemplo: cabo, bico),
• evitar palavras com semelhanças múltiplas (como pato- gato);
• evitar palavras que possuem a primeira e a última letra igual (exemplo: sapo- sino);
• evitar palavras que compartilhem a mesma posição de estímulo (como as vogais nas 
palavras sapo-pato).
Esses pontos favorecem a aquisição da leitura e escrita porque partem de palavras e atividades 
mais simples para as mais complexas (entendendo-se aqui “mais simples” como palavras que 
não têm encontros consonantais e vocálicos) e priorizam o uso de termos que dizem respeito ao 
todo (e não a partes do todo, como bico e cabo, por exemplo), o que facilita a compreensão 
simbólica. E importante: procure escolher palavras do cotidiano do aluno, vocábulos que tenham 
um significado para ele, e depois vá expandindo para outros termos mais complexos e de con-
ceitos mais abstratos.
14 Laureate- International Universities
Educação Especial
3.3.3 Flexibilização do currículo
Um dos apontamentos mais marcantes dos professores que trabalham com alunos com deficiên-
cia intelectual é que tais alunos demoram mais para aprender. Dessa maneira, ao se pensar em 
adaptações curriculares, é necessário levar em conta a flexibilização do tempo e conteúdo, sem 
reduzi-lo de forma a prejudicar o aluno, mas readaptando e sistematizando esse conteúdo com 
oportunidades de ensino mais eficientes.
Caso
Ana é professora do primeiro ano do Ensino Fundamental. Entre seus alunos está Lucas, um me-
nino com diagnóstico de deficiência intelectual. Ana já percebeu que Lucas é muito esforçado, 
mas demora um pouco mais para compreender as explicações. Conversando com a professora 
da sala de recursos, ela orientou Ana a pensar em atividades pequenas e dividir as etapas do 
processo, buscando recursos concretos e práticos. Ana achou muito útil as dicas da professora 
da sala de recursos e começou a aplicar para toda a turma não somente atividades no caderno e 
na lousa, mas atividades com o alfabeto móvel e com miniaturas para trabalhar a formação das 
palavras. Ela também tomou cuidado ao escolher as palavras trabalhadas. Primeiro, buscou as 
que tinham o padrão consoante – vogal –consoante - vogal (CVCV), facilitando assim o trabalho 
com a consciência fonológica. Ana percebeu que poderia ajudar todos os alunos da sala, favo-
recendo a compreensão do grupo por inteiro e potencializando os resultados. Com isso, se sentiu 
mais segura para adaptar as atividades para o aluno com deficiência intelectual.
Propor atividades para um ensino mais flexível, ajustando as necessidades de cada aluno e levan-
do em consideração as suas características, é o caminho para uma inclusão mais efetiva. É uma 
maneira de oferecer uma educação de maior qualidade, com chances reais de aprendizagem e 
desenvolvimento, viabilizando, em muitos casos, um plano de ensino individualizado.
As adaptações curriculares precisam ser planejadas para cada situação e aluno, tendo resultados 
positivos somente quando pensadas para cada situação. Lembrando que é necessário levar em 
consideração os conhecimentos prévios e habilidades do aluno e, assim, desenvolver um Plano 
de Ensino Individualizado (PEI) – item fundamental para garantir o sucesso do currículo.
Vale ressaltar que, da mesma forma que o aluno que tem deficiência intelectual precisa de 
adaptação, o aluno superdotado também necessita. Esses alunos são caracterizados por uma 
alta capacidade intelectual, tendo grande aptidão acadêmica em uma ou mais áreas. São, em 
sua maioria, criativos e produtivos. O professor deve tomar cuidado para não supervalorizar 
esse aluno, evitando um comportamento negativo que gere isolamento dos demais alunos. O 
educador tem que incentivar o aluno a frequentar espaços que estimulem a aprendizagem, como 
bibliotecas e laboratórios; ambientes que estimulem a criatividade do aluno e despertem o inte-
resse dele na constante aprendizagem e no engajamento em aula.
3.4 Adaptação curricular para alunos 
com deficiência física
Encontramos uma diversidade de tipos e graus de deficiência física, que comprometem membros 
do corpo humano de diferentes maneiras. Para que o aluno com deficiência física possa ter aces-
so pleno ao ambiente escolar, é essencial criar condições adequadas para locomoção, seguran-
ça e comunicação. O professor precisa ter um olhar voltado para as mudanças necessárias ao 
ambiente, buscando garantir a locomoção e a autonomia do aluno nas atividades de vida diária.
15
O professor deve ter clareza de que a necessidade de adaptação do aluno, em sua maioria, está 
voltada para a locomoção e a comunicação. Muitos desses alunos têm a parte cognitiva preser-
vada (apenas em alguns casos, existe a deficiência múltipla. que compromete tanto física quanto 
intelectualmente). É importante, portanto, que o professor esteja focado em questões ligada à 
funcionalidade e à autonomia do aluno.
Figura 5 - Para o aluno com deficiência física, a foco deve ser a funcionalidade e a autonomia.
Fonte: wavebreakmedia, Shutterstock, 2016.
As adaptações para a inclusão do aluno com deficiência, em muitos casos, têm início antes 
mesmo de o aluno chegar à escola. Faz-se necessário pensar em adaptação de transporte, no 
acesso, na eliminação de escadas, entre outros pontos. A acessibilidade é um direito de todos. 
Toda a escola precisa estar envolvida para realizar ações e adaptações que permitam o cumpri-
mento desse direito previsto por lei.
3.4.1 Adaptações na comunicação
Há casos em que a deficiência física poderá comprometer a comunicação e a linguagem utilizada pelo 
aluno. Alguns educandos com paralisia cerebral, apesar de não conseguirem falar, têm o pensamento 
apropriado para a idade e compreendem o significado da mensagem expressa por outra pessoa. Isso 
faz com que o professor busque outras formas de linguagem, compreendendo o que está por trás de 
pequenos gestos e sinais, como um sorriso, um balançar de cabeça ou simplesmente um olhar.
VOCÊ QUER VER?
O filme “O óleo de Lorenzo”, de George Miller, conta a história de um menino que aos 
seis anos de idade foi diagnosticado com uma doença rara degenerativa. Ele apresenta 
uma série de dificuldades e comprometimentos que incluem dificuldades motoras e de 
comunicação. A busca de alternativas para compreender o que o personagem gostaria 
de expressar, revela toda a dificuldade e a angústia dequem não conta com o gestual 
no processo de comunicação.
A comunicação alternativa é recomendada para casos de pessoas que necessitam de adaptação 
na comunicação. É preciso valorizar todas as maneiras de se expressar. Para trabalhar com a 
comunicação alternativa, o professor poderá utilzar recursos, como as pranchas de comunicação 
e os vocalizadores ou computadores com softwares que favoreçam a comunicação. 
16 Laureate- International Universities
Educação Especial
A comunicação alternativa é um dos recursos da tecnologia assistiva. Trata-se de uma 
área da comunicação que facilita a inclusão das pessoas com deficiência, em todos 
os níveis da sociedade, envolvendo diferentes profissionais - desde a elaboração dos 
recursos até a implantação e ensino propriamente dito do deficiente. Existem vários 
estudos internacionais e nacionais sobre o assunto. O Ministério da Educação tem 
um portal de ajudas técnicas no qual apresenta vários recursos que podem ser utiliza-
dos pelo professor no ensino regular e ensina como utilizar tais recursos. Confira em: 
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ajudas_tec.pdf>.
VOCÊ SABIA?
Cabe lembrar ainda que a comunicação alternativa é um recurso que favorece não só o ensino 
da pessoa com deficiência, mas também os demais alunos. O professor precisa dominar o tra-
balho e ter conhecimentos específicos sobre o tema para favorecer o desenvolvimento e a apren-
dizagem do aluno. É essencial também que possa contar com a parceria de outros profissionais, 
da família e dos demais alunos da sala de aula.
3.4.2 Acessibilidade
A acessibilidade é uma discussão que vai muito além do espaço escolar. Em nosso país, a As-
sociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) busca garantir às pessoas com restrições de 
mobilidade direitos, como o acesso a rampas, elevadores, ônibus adaptados, além da garantia 
do uso de portas com metragens adequadas e barras de segurança em banheiros, entre outros 
pontos que favorecem a acessibilidade.
No ambiente escolar, em específico, é necessário que o Plano Político-pedagógico leve em con-
sideração a necessidade de tornar o prédio escolar cada vez mais acessível a todos, evitando as-
sim a exclusão do aluno deficiente em alguns ambientes ou atividades acadêmicas. É necessário 
que a estrutura escolar permita que o aluno tenha autonomia e consiga sua liberdade o máximo 
possível. Um fator que pode complicar a acessibilidade é que, muitas vezes, essas adaptações 
vão além do aspecto escolar, necessitando de um investimento financeiro por parte do poder 
público, envolvendo então outros atores. 
Diante do que vimos, além do envolvimento pedagógico, é preciso o engajamento e o cumpri-
mento das políticas públicas que favoreçam a inclusão. Os deficientes precisam ter o direito de 
ir e vir respeitado, inclusive no ambiente da escola regular. 
3.5 Adaptação curricular para 
alunos com autismo
O autismo é um espectro muito diversificado, apresentando diferentes quadros de dificuldades e 
potencialidades. Dessa maneira, não é possível pensar em receitas ou métodos prontos, mas é 
imprescindível estruturar e elaborar um plano educacional individualizado para atender a neces-
sidade de cada aluno (BAPTISTA e BOSA, 2002).
Existem alunos com autismo que conseguem aprender e se desenvolver em ambientes com pou-
cas adaptações, e até mesmo com o ensino tradicional. Outros, no entanto, necessitam de 
adaptações curriculares amplas e mais elaboradas. Para realizar as adaptações de maneira mais 
17
apropriada, é fundamental conhecer o nível de comprometimento do aluno, não se pautando 
apenas no diagnóstico “autista”, mas buscando interagir com os demais profissionais e compre-
ender o nível de desenvolvimento e, consequentemente, os apoios necessários para cada caso.
Figura 6 - Alunos com autismo apresentam quadros diferentes de dificuldades e potencialidades.
Fonte: Sergey Novikov, Shutterstock, 2016.
Além de observar as particularidades do aluno, é essencial levar em consideração outros aspec-
tos, como idade e interesse. As adaptações curriculares poderão incluir desde pequenas modi-
ficações nas instruções das atividades e utilização de materiais específicos até a alteração no 
formato da aula, buscando manter uma rotina ou um padrão.
Oferecer à criança com autismo o acesso à educação regular, desde os seus dois anos de idade 
aproximadamente, facilita o desenvolvimento. A criança tem a oportunidade de brincar, imagi-
nar, criar e interagir com outras da mesma idade, favorecendo assim a comunicação, a interação 
social e a aprendizagem como um todo. Para desenvolver a prática pedagógica, de maneira mais 
adequada, Cunha (2015, p. 49) orienta que:
No ensino do aluno com Transtorno do Espectro Autista não há metodologias ou técnicas 
salvadoras. Há, sim, grandes possibilidades de aprendizagem, considerando-se a função social 
construtivista da escola. Entretanto, o ensino não precisa estar centrado nas funções formais e 
nos limites preestabelecidos pelo currículo escolar. Afinal, a escola necessita se relacionar com 
a realidade do educando. Nessa relação, quem primeiro aprende é o professor e quem primeiro 
ensina é o aluno.
3.5.1 A prática pedagógica e o aluno com autismo
O aluno com autismo poderá apresentar vários comprometimentos, dentre eles, o comprometimen-
to na comunicação e a dificuldade na interação social, apresentando atividades restritas e movi-
mentos repetitivos. Portanto, é importante que, primeiramente, o professor conheça o seu aluno, 
descobrindo suas habilidades para poder adaptar o conteúdo, de maneira mais adequada. Assim, 
chegará a práticas pedagógicas diversificadas e atividades mais dirigidas, com tempo reduzido.
O método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication-handi-
capped Children), que em português significa Tratamento e Educação para Autistas e Crianças 
com Deficits relacionados à Comunicação, é um dos programas utilizados, atualmente, para se 
trabalhar com os alunos no ambiente escolar. O método está pautado na teoria comportamental 
18 Laureate- International Universities
Educação Especial
e na psicolinguística. Acredita que a imagem visual é geradora de comunicação. Ao longo do 
trabalho, são utilizados estímulos visuais (fotos e figuras), corporais (gestos) e audiocinestesico-
visuais (associação do som e imagens) para buscar uma comunicação alternativa com o aluno. 
As adaptações e o currículo são planejados individualmente, levando em conta a necessidade e 
interesse de cada aluno.
Figura 7- Os professores devem valorizar as habilidades dos alunos com autismo. 
Fonte: PhotoUG, Shutterstock, 2016.
Outra maneira de se trabalhar com o autista é desenvolver o Currículo Funcional Natural, que 
procura estimular habilidades que permitam ao aluno atuar da melhor forma possível na socie-
dade, em diferentes ambientes e situações. Reiterando que é preciso valorizar mais as habilida-
des do aluno do que as suas fraquezas. Os comandos do professor devem ser claros e diretos, 
buscando ter a certeza de que o aluno compreendeu a mensagem. Manter a calma e interagir 
com o aluno é um fator positivo para o bom relacionamento.
O Currículo Funcional Natural é utilizado como uma das alternativas de ensino para 
alunos com autismo no Centro Ann Sullivan, uma ONG que presta atendimento a au-
tistas nas áreas de assistência social, atendimento educacional especializado, cultura, 
saúde, atendimento odontológico e arte-educação. O termo “funcional” está relacio-
nado à escolha dos temas e conteúdos desenvolvidos com cada aluno, dando ênfase 
nas suas utilidades para a vida prática diária. O termo “natural”, por sua vez, está 
relacionado aos procedimentos de ensino. O intuito é ensinar ao aluno temas os mais 
próximos possíveis das suas realidades. O Currículo Funcional Natural pode ser utiliza-
do também com outras deficiências.É o caso da deficiência intelectual, na qual favo-
rece o desenvolvimento e a compreensão de conceitos do dia a dia (SUPLINO, 2005).
VOCÊ SABIA?
19
Podemos concluir que, para realizar as adaptações curriculares para alunos com autismo, é ne-
cessário levar em consideração alguns aspectos como:
• explorar os órgãos dos sentidos, principalmente a visão, realizando atividades com fotos 
e figuras;
• criar um vínculo afetivo com a criança, conquistando assim sua confiança;
• explorar atividades e exercícios repetitivos, que ajudarão a fixar o conteúdo trabalhado;
• utilizar materiais concretos, como alfabeto móvel, miniaturas, fotos etc.;
• manter uma rotina ou um padrão de atividades, favorecendo a organização do aluno;
• ficar atento ao tempo da atividade para que o aluno não perca a atenção e interesse.
SínteseSíntese
Neste capítulo vimos que:
• as adaptações curriculares têm como objetivo principal promover o desenvolvimento e a 
aprendizagem dos alunos que apresentam algum tipo de necessidade;
• para colocar em prática as adaptações curriculares, é necessário que o Projeto Político- 
pedagógico (PPP) da escola garanta a acessibilidade de todos os alunos na rede;
• as adaptações de pequeno porte são realizadas pelo professor para favorecer o acesso 
ao currículo, englobando métodos, conteúdos, práticas e avaliação, tendo como foco a 
participação dos alunos;
• as adaptações curriculares de grande porte se dão em nível de Projeto Político-pedagógico, 
contando com a participação de gestores, professores, funcionários, familiares e alunos. 
Vão, portanto, além da prática do professor, envolvendo ações de natureza política, 
administrativa e financeira.
• para a adaptação curricular de alunos com deficiência visual ou deficiência auditiva 
é necessário explorar outros sentidos, buscando trabalhar com texturas, miniaturas e 
atividades contextualizadas;
• para realizar as adaptações curriculares para alunos com deficiência intelectual é 
fundamental mapear os conhecimentos prévios do aluno;
• as maiores adaptações necessárias para os alunos com deficiência física são na área de 
comunicação e acessibilidade;
• o método TEACCH e o Currículo Funcional Natural são sugestões para desenvolver um 
trabalho pedagógico com os alunos com autismo.
21
Referências
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