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https://sun.eduzz.com/880351?utm_source=dentro-apostila Sumário Módulo I 1.1 - Educação Especial 1.2 - Política Nacional de Educação Especial 1.3 - O que é o AEE? 1.3.1 - Por que o AEE? 1.3.2 - O que faz o AEE? 1.3.3 - Para quem? 1.3.4 - Por quem? 1.4 - Etapas e modalidades da educação básica do ensino superior. 1.5 - AEE na Educação Infantil 1.6 AEE nas escolas comuns 1.7 - Salas de recursos multifuncionais 1.8 - CAP - Centro de apoio Pedagógico para atendimento ás pessoas com deficiência Visual. 1.9 - Produção de materiais 1.10 - Equipamentos 1.11 - Sustentação Legal na Constituição Federal de 1988 1.12 - Sustentação Legal na Convenção da Guatemala / 2001 1.13 - Sistemtação Legal na Conveção sobre os Direitos das pessoas com Deficiência - ONU 03/2007 https://www.educarepedagogia.com.br Sumário Módulo II 2.1 - Contribuições da Formação Continuada 2.2 - AEE na área da Deficiência Intelectual. 2.2.1 - Questões sobre a prática docente. 2.3 - AEE: Análise da sua relação com o processo de inclusão escolar na área da Deficiência Intelectual 2.4 - Competência e Atribuição de professores para atuar no AEE com alunos com Deficiência intelectual. 2.5 - Atuação junto aos TGD's na escola regular. 2.5.1 - A atuação de professores junto a alunos com transtornos globais do desenvolvimento 2.6 - Comunicação e Linguagem nos TGD's 2.6.1 - O desenvolvimento de linguagem na criança e sua alterações 2.7 - Conhecimento de professores do ensino regular sobre os TGD's 2.7.1 - Método 2.7.2 - Participantes 2.7.3 - Prodecimento 2.7.4 - Instrumento 2.7.5 - Procedimento e coleta de dados 2.7.6 - Procedimento e análise de dados 2.7.7 - Resultados 2.7.8 - Discussão https://www.educarepedagogia.com.br AEE Atendimento Educacional Especializado (2008) Educação Especial É uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis e etapas e todas as modalidades da educação básica e superior. Disponibiliza o AEE e os recursos próprios desse atendimento. Orienta alunos e professores quanto à utilização desses recursos nas turmas comuns do ensino regular Na modalidade Educação de Jovens e Adultos - EJA e na Educação Profissional, a Educação Especial possibilita: - ampliação de oportunidades de escolarização - formação para inserção no mundo do trabalho - efetiva participação de alunos com deficiência na sociedade Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior Ed. de Jovens e Adultos Educação Indígena Educação do Campo Educação Quilombola https://www.educarepedagogia.com.br A Educação Especial se destina a alunos com deficiência física, deficiência mental, alunos com surdez, cegueira, baixa visão, surdocegueira, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. A quem se destina a Educação Especial? https://www.educarepedagogia.com.br AEE Atendimento Educacional Especializado (2008) Identificação de necessidades e elaboração de plano de atendimento Identifica as necessidades específicas do aluno com deficiência. Identifica os resultados desejados. Identifica as habilidades do aluno. Realiza levantamento de materiais e equipamentos. Elabora plano de atuação, visando serviços e recursos de acessibilidade ao conhecimento e ambiente escolares. Atendimento ao aluno Organiza o tipo e o número de atendimentos ao aluno com deficiência Produção de materiais Transcreve, adapta, confecciona, amplia, grava, entre outros materiais, de acordo com as necessidades dos alunos. Aquisição de materiais Indica a aquisição de: softwares, recursos e equipamentos tecnológicos, mobiliário, recursos ópticos, dicionários e outros Acompanhamento do uso dos recursos em sala de aula Verifica a funcionalidade e a aplicabilidade do recurso. Impacto, efeitos, distorções, pertinência, negligência, limites e possibilidades do uso na sala de aula, na escola e em casa. Orientação as famílias e professores quanto ao recurso utilizado pelo aluno Orienta, ensina o uso e aplicação de recursos, materiais e equipamentos aos alunos, pais e professores nas turmas do ensino regular. Formação �Promove formação continuada para os professores do atendimento especializado; para os professores do ensino comum, visando o entendimento das diferenças e para a comunidade escolar em geral. Atuação da Educação Especial nas escolas Profissionais que atuam na Educação Especial �� Professor especializado da Sala de Professor especializado da Sala de Recurso MultifuncionalRecurso Multifuncional �� Professor especializado do Centro de Professor especializado do Centro de Apoio PedagApoio Pedagóógico para Atendimento gico para Atendimento àà Deficiência Visual Deficiência Visual –– CAPCAP �� Professor de LIBRASProfessor de LIBRAS �� Professor em LIBRASProfessor em LIBRAS �� Professor de Português, como segunda Professor de Português, como segunda llííngua de alunos com surdezngua de alunos com surdez �� Revisor BrailleRevisor Braille Professora especializada Professora de Língua de Sinais Auxiliar de aluna com grave comprometimento motor Revisora Braille https://www.educarepedagogia.com.br Que tipo de formaQue tipo de formaçção deve ter o ão deve ter o profissional que atua na Educaprofissional que atua na Educaçção ão EspecialEspecial Para atuar na Educação Especial, o professor deve ter como base da sua formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área https://www.educarepedagogia.com.br •LIBRAS •Língua Portuguesa para alunos com surdez •Sistema Braille •Informática aplicada à produção braille •Recursos tecnológicos e informática aplicada à deficiência visual(sintetizadores de voz,lupas eletrônicas, magnificadores de tela para baixa visão) •Produção braille e adaptação de material impresso em tinta •Recursos ópticos e não ópticos para baixa visão. •Técnica de uso do sorobã •Adaptação de livros didáticos e de literatura para pessoas cegas •Avaliação funcional da visão •Orientação e mobilidade para pessoas cegas •Escrita cursiva, grafia do nome e assinatura em tinta para pessoas cegas •Tecnologia Assistiva: comunicação alternativa, informática acessível, materiais pedagógicos adaptados, mobiliário acessível. •Interpretação em LIBRAS •Instrutor de LIBRAS •Desenho universal •Comunicação para o aluno surdo-cego •Outras Alguns conteúdos específicos da formação dos professores de AEE https://www.educarepedagogia.com.br Objetivos da Política Nacional de Educação Especial,na Perspectiva Inclusiva • Assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para : • garantir o acesso de todos os alunos ao ensino regular (com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados de ensino • Oferecer o AEE • Formar professores para o AEE e demais professores para a inclusão • Prover acessibilidade arquitetônica,nos transportes, nos mobiliários, comunicações e informação • Estimular a participação da família e da comunidade • Promover a articulação intersetorial na implementação das políticas públicas educacionais https://www.educarepedagogia.com.br O que é o AEE? • Um serviço da Educação Especial que: • Identifica, • elabora e • organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas • O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela https://www.educarepedagogia.com.br Por que o AEE? Porque [...] “temos direito à diferença, quando a igualdade nos descaracteriza”. (Boaventura de Souza Santos) Alunos com deficiência e os demais, que são público alvo da Educação Especial,precisam ser atendidos nas suas especificidades, para que possam participar, ativamente do ensino comum https://www.educarepedagogia.com.br O que faz o AEE? • Apóia o desenvolvimento do aluno com deficiência,transtornos gerais de desenvolvimento e altas habilidades • Disponibiliza o ensino de linguagens e de códigos específicos de comunicação e sinalização • oferece tecnologia assistiva – TA • adequa e produz materiais didáticos e pedagógicos,trndo em vista as necessidades específicas dos alunos, • oportuniza o enriquecimento curricular (para alunos com altas habilidades) O AEE deve se articular com a proposta da escola comum, embora suas atividades se diferenciem das realizadas em salas de aula de ensino comum https://www.educarepedagogia.com.br Para quem? • O AEE se destina a alunos com deficiência física, mental, sensorial (visual e pessoas com surdez parcial e total) • Alunos com transtornos gerais de desenvolvimento e com altas habilidades (que constituem o público alvo da Educação Especial) também podem ser atendidos por esse serviço. https://www.educarepedagogia.com.br Por quem? O AEE para pessoas com deficiência • é realizado mediante a atuação de profissionais com conhecimentos específicos no ensino de: – LIBRAS,Língua Portuguesa na modalidade escrita, como segunda língua de pessoas com surdez – Sistema Braille, sorobã, orientação e mobilidade, utilização de recursos ópticos e não ópticos – Atividades de vida autônoma – Tecnologia Assistiva – Desenvolvimento de processos mentais, – Adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos e outros Para os alunos com altas habilidades o AEE oferece programas de enriquecimento curricular, desenvolvimento de processos mentais superiores e outros https://www.educarepedagogia.com.br AEE em todas as etapas e modalidades da educação básica e do ensino superior O AEE é organizado para suprir as necessidades de acesso ao conhecimento e à participação dos alunos com deficiência e dos demais que são público alvo da Educação Especial, nas escolas comuns Constitui oferta obrigatória dos sistemas de ensino, embora participar do AEE seja uma decisão do aluno e/ou de seus pais/responsáveis https://www.educarepedagogia.com.br AEE na Educação Infantil O AEE expressa-se por meio de serviços de intervenção precoce, que objetivam otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem, em interface com os serviços de saúde e assistência social https://www.educarepedagogia.com.br AEE em outras modalidades de ensino O AEE está presente como serviço da Educação Especial na educação indígena , do campo e quilombola e nos projetos pedagógicos construídos com base nas diferenças socioculturais desses grupos. https://www.educarepedagogia.com.br �O AEE é PREFERENCIALMENTE realizado no período inverso ao da classe comum freqüentada pelo aluno e na própria escola desse aluno. �Há ainda a possibilidade de esse atendimento acontecer em uma outra escola próxima ou em um centro especializado Quando e Onde? Escola comum: salas de recursos multifuncionais Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento à Deficiência Visual – CAP Centro Especializado Espaços de AEE https://www.educarepedagogia.com.br AEE Atendimento Educacional Especializado (2008) Treinamento de recurso óptico Informática acessível Sistema Braille na máquina de escrever Língua Portuguesa na modalidade escrita para pessoas com surdez Comunicação alternativa AEE nas escolas comuns ÉÉ um espaum espaçço organizado preferencialmente em o organizado preferencialmente em escolas comuns das redes de ensino. Pode atender escolas comuns das redes de ensino. Pode atender ààs escolas prs escolas próóximas ximas Salas de Recursos Multifuncionais Professoras de AEE oferecendo Professoras de AEE oferecendo acompanhamento em sala de aula acompanhamento em sala de aula para ensinar o uso de recursos a para ensinar o uso de recursos a professores e demais alunosprofessores e demais alunos Máquina de escrever em Braille Comunicação alternativa Centro de Apoio Pedagógico para Atendendimento às Pessoas com Deficiência Visual – CAP O CAP é um centro com salas equipadas com computadores, impressora Braille e laser, fotocopiadora, gravador, circuito interno de TV, CCTV, máquina de escrever em Braille. Tem como objetivo produzir materiais didáticos e pedagógicos adequados aos alunos com cegueira e aos alunos com baixa visão Jogo cara a cara com texturas e contraste de cores Revisão do texto transcrito para o Braille Tesoura adaptada Material pedagógico para o ensino da Libras Livros didáticos e de literatura adaptados Pasta de comunicação AEE - produção de materiais Impressora Braille Jogos com textura e contraste Cadeira de rodasTeclado adaptado Softwares para comunicação alternativa Acionadores AEE - equipamentos AEE Atendimento Educacional Especializado (2008) AMBIENTE DE APRENDIZAGEM AEE PSD Ambiente de aprendizagem AEE PS AEE Atendimento Educacional Especializado (2008) AEE EM LIBRAS AEE em LIBRAS AEE Atendimento Educacional Especializado (2008) AEE DE LIBRAS AEE de LIBRAS AEE Atendimento Educacional Especializado (2008) AEAAEEE PARA O ENSINO DA ALÍNGUA PORTUGUESA AEE para ensino da Língua Portuguesa AEE Atendimento Educacional Especializado (2008) Metodologia de ensino AEE PS Argumentos em favor do “preferencialmente” nas escolas comuns • Do ponto de vista do aluno A escola é o lugar em que esse aluno está sendo formado para a vida pública, construindo sua identidade a partir dos confrontos com as diferenças e da convivência com o outro • Do ponto de vista do AEE Quanto mais o AEE for oferecido na escola comum que esse aluno freqüenta, mais ele estará afirmando o seu papel de oportunizar a inclusão, distanciando os alunos de centros especializados públicos e privados, que os privam de um ambiente de formação comum a todos, discriminando-os , segregando-os Argumentos... • Do ponto de vista da escola Os problemas desse aluno devem ser tratados e discutidos no dia-a-dia da escola e com todos os que nela atuam – no ensino regular e especial • Do ponto de vista dos pais Conceberem o desenvolvimento e a escolarização de seus filhos, a partir de uma experiência inteiramente inclusiva, sem terem de recorrer a atendimentos segregados, exteriores à escola para que seus filhos sejam reconhecidos nas suas especificidades Sustentação legal na Constituição Federal de 1988 • O direito à diferença está também previsto na Constituição Federal de 1988 , artigo 208, quando nossa Lei prescreve que: O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: III-atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino. Constituição Federal (cont.) • O direito à igualdade de todos à educação está garantido expressamente previsto na nossa Constituição/88 (art. 5º.) e trata nos artigos 205 e seguintes, do direito de TODOS à educação. https://www.educarepedagogia.com.br Sustentação legal na LDBEN/1996 • Na LDBEN( art. 58 e seguintes), “ o atendimento educacional especializado será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas escolas comuns do ensino regular” (art. 59,parág. 2º.) A LDBEN interpreta equivocadamente o advérbio “preferencialmente”, do texto constitucional, quando refere essa preferência à condição de o aluno ter condições para ser incluído “nas classes comuns do ensino regular” e não ao local em que o AEE deve ser oferecido ( preferencialmente nas escolas comuns de ensino regular). Esse entendimento errôneo do dispositivo tem levado à conclusão de que é possível a substituição do ensino regular pelo especial. A mesma interpretação se confronta com o que dispõe a própria LDBEN em seu artigo 4º., inciso I 22 e em seu artigo 6º. 3 e com a Constituição, que não admite o oferecimento do Ensino Fundamental em local que não seja escola (art.206, inc.I). Sustentação legal na Convenção da Guatemala/2001 • Prevê impossibilidade de tratamento desigual com base nadeficiência. Define como discriminação toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada na deficiência [...] que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o reconheci,mento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais (art. 1º.,no.2, “a”) • Pela Convenção da Guatemala não constitui discriminação a diferenciação ou preferência adotada para promover a inclusão, desde que estas não limitem em si mesmas o direito à igualdade dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação . • Se as diferenciações ou preferências podem ser admitidas em algumas circunstâncias, a EXCLUSÃO ou RESTRIÇÃO jamais serão permitidas se o motivo for deficiência. Convenção da Guatemala (cont.) • A Convenção da Guatemala complementa a LDBEN, porque esta não contempla o direito de opção de as pessoas com deficiência e de seus pais ou responsáveis de aceitar ou não tratamento diferenciado , como é o caso do AEE • A LDBEN limita-se a prever as situações em que se dará a Educação especial, que normalmente , na prática, acontece por imposição da escola e/ou rede de ensino https://www.educarepedagogia.com.br Sustentação legal na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – ONU 03/2007 Artigo 24 – Educação 2 d- As pessoas com deficiência recebam o apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação; e e- Efetivas medidas individualizadas de apoio sejam adotadas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, compatível com a meta de inclusão plena. Convenção da ONU (cont). 3-Os Estados Partes deverão assegurar às pessoas com deficiência a possibilidade de aprender as habilidades necessárias à vida e ao desenvolvimento social, a fim de facilitar-lhes a plena e igual participação na educação e como membros da comunidade. Para tanto, os Estados Partes deverão tomar medidas apropriadas, incluindo: Facilitação do aprendizado do braile, escrita alternativa, modos, meios e formatos de comunicação aumentativa e alternativa, e habilidades de orientação e mobilidade, além de facilitação do apoio e aconselhamento de pares; – Facilitação do aprendizado da língua de sinais e promoção da identidade lingüística da comunidade surda; e – Garantia de que a educação de pessoas, inclusive crianças cegas, surdocegas e com surdez, seja ministrada nas línguas e nos modos e meios de comunicação mais adequados às pessoas e em ambientes que favoreçam ao máximo seu desenvolvimento acadêmico e social. Convenção da ONU (cont.) • A fim de contribuir para a realização deste direito, os Estados Partes deverão tomar medidas apropriadas para: empregar professores, inclusive professores com deficiência, habilitados para o ensino da língua de sinais e/ou do braile, e para capacitar profissionais e equipes atuantes em todos os níveis de ensino. Esta capacitação deverá incorporar a conscientização da deficiência e a utilização de apropriados modos, meios e formatos de comunicação aumentativa e alternativa, e técnicas e materiais pedagógicos, como apoios para pessoas com deficiência. https://sun.eduzz.com/880351?utm_source=dentro-apostila O Serviço de Atendimento Educacional Especializado/AEE e Práticas Pedagógicas na Perspectiva da Educação Inclusiva https://www.educarepedagogia.com.br Introdução O presente estudo discorre a respeito do serviço do Atendimento Educacional Especializado/AEE na área da Educação Especial para os alunos com deficiência (surdez, intelectual, auditiva, física, múltipla e surdocegueira), Transtorno do Espectro do Autismo/TEA e altas habilidades/superdotação - AH/SD. Este serviço está previsto em leis de âmbito federal, como na Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, aprovada em 2008 e na Resolução nº 04 de 2009 do Conselho Nacional de Educação, sendo obrigatória sua oferta pelos sistemas de ensino. Para os alunos público alvo da Educação Especial que está previsto tal serviço e, nesta reflexão sobre a experiência no Colégio de Aplicação da Universidade Federa de Santa Catarina (UFSC), aborda-se as práticas pedagógicas que são realizadas neste serviço e que são complementares a formação deste aluno para seu sucesso no ensino regular, o qual frequenta. O Colégio de Aplicação/CA/UFSC oferece este serviço por meio das 14 docentes de Educação Especial que foram nomeadas, a partir de concurso público . Este atendimento é ofertado aos alunos com deficiência, TEA e AH/SD, no contra turno escolar e que frequentam este estabelecimento de ensino. O CA/UFSC, também conta com trabalho de co-docência e ensino colaborativo de co- docência em sala de aula. O professor do ensino regular e professor especializado compartilham este espaço, buscando de forma efetiva, as práticas pedagógicas condizentes para que todos os alunos sejam beneficiados em seu processo de ensino e aprendizagem, com estratégias e atividades organizadas, a partir das necessidades dos alunos público alvo da educação especial. Atualmente o CA/UFSC conta com a matrícula e frequência de em torno 61 alunos com deficiência, TEA e AH/SD, distribuídos desde os anos iniciais até o ensino médio no ensino regular, respeitando a cota de 5% das vagas em séries e/ou anos, destinadas ao sorteio destes alunos para ingressarem no ensino regular do colégio. Conforme Edital nº123/DDP/2014 (site: http://segesp.ufsc.br/files/2014/09/Candidatos-Nomeados-Edital- 123DDP2014.pdf) Esta reflexão é fruto de experiências e análises realizadas a partir de outubro de 2014 até julho de 2015, no sentido de contribuir para a organização e reorganização do serviço periodicamente. 1. Atendimento de educação especial: uma prática recente O AEE é um serviço da educação especial, realizado no período contrário ao frequentado pelo aluno no ensino regular, e sua oferta é obrigatória a todos os alunos público- alvo da educação especial (BRASIL, 2008). O profissional que atua neste atendimento é o professor de educação especial, que deve ter formação específica na área de atuação. No atendimento realizado no contra turno, as necessidades e potencialidades são trabalhadas, com a finalidade de oferecer novos caminhos para aprender, ao aluno público-alvo da educação especial, e de fato ter suas diferenças atendidas e respeitadas. A partir do atendimento, o professor de educação especial pode contribuir com observações e sugestões quanto ao trabalho realizado em sala de aula, para juntamente com o professor do ensino comum pensem em possibilidades de intervenção. Este atendimento é definido pela Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, tendo como (...) função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. (BRASIL, 2008, p. 10) Pode-se observar na citação acima, que o AEE é um atendimento com caráter complementar e/ou suplementar ao ensino regular, sendo importante para a formação do aluno que o frequenta, pois é, neste espaço, que será abordado os campos conceituais, os quais possibilitarão maior compreensão dos temas trabalhados em sala de aula, com a perspectiva de focar nas necessidades dos alunos. Os sistemas de ensino tem o compromisso de oferecer este atendimento aos alunos público alvo da Educação Especial, como indicado na Resolução nº 04 de 2009 do Conselho Nacional de Educação, em seu parágrafo único mostra que: (...) os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência,transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. (BRASIL, 2009, p. 1) Cabe esclarecer que todos os sistemas de ensino, municipal, estadual e federal devem organizar este tipo de atendimento, conforme indicado na citação acima, sendo de caráter obrigatório a oferta aos alunos público-alvo da Educação Especial. As atividades do AEE também são indicadas no documento da Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva: (...) são disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização e tecnologia assistiva. Ao longo de todo o processo de escolarização esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. O atendimento educacional especializado é acompanhado por meio de instrumentos que possibilitem monitoramento e avaliação da oferta realizada nas escolas da rede pública e nos centros de atendimento educacional especializado públicos ou conveniados. (BRASIL, 2008, p. 10) Tais atividades são organizadas pelos professores de educação especial formados na área e, em outros casos, tendo especialização na área para atuar juntos a estes alunos. O CA/UFSC conta com 16 docentes nesta área, sendo 2 especificamente para LIBRAS. Os docentes de educação especial atuam diretamente em sala de aula com alunos com deficiência, TEA e AH/SD e em sala de recursos multifuncional realizando o AEE. A partir da perspectiva da educação inclusiva, faz-se necessário refletir sobre o atendimento aos alunos público alvo da Educação Especial que frequentam a escola regular e o currículo comum, observando o atendimento de suas necessidades, visto que seu processo de ensino e aprendizagem, assim como os demais alunos, é único e constituído de peculiaridades. Ao refletir-se sobre a importância da escola no processo de inclusão, nenhum outro espaço seria capaz de substituir seu caráter social e de ensino. O ambiente escolar constitui-se um espaço privilegiado para a construção do saber historicamente constituído, ou seja, este lugar é fundamental para o desenvolvimento, como um todo, dos alunos, os quais participam deste contexto e para a pessoa com deficiência não poderia ser diferente. Portanto, a educação inclusiva fomenta o repensar das práticas na escola comum, por meio de ações que atendam as diferenças considerando também os distintos contextos, que este sujeito faz parte. Assim, para Mittler (2003): A Inclusão implica uma reforma radical nas reformas em termos de currículo, avaliação, pedagogia e formas de agrupamentos dos alunos em sala de aula. Ela é baseada em um sistema de valores que todos se sintam bem vindos e celebra a diversidade que tem como base o gênero, a nacionalidade, a raça, a linguagem de origem, o background social, o nível de aquisição educacional ou a deficiência. (MITTLER,2003, p34) Neste sentido, a proposta inclusiva demanda uma reforma na estrutura educacional. A organização dos alunos nos espaços educativos, o currículo deve ser repensado, assim como as formas de avaliação. A diversidade deve ser percebida, valorizada e atendida neste espaço que é composto pela diferença. Assim, faz-se necessário pensar: Como incluir o diferente em uma escola com o currículo engessado e com uma avaliação tradicional e que não respeita o ritmo e a singularidade de cada aluno? Como avançar em relação às propostas metodológicas que atenda e respeite a todos? Levando em consideração estes desafios vividos na escola, destaca-se a dificuldade que esta enfrenta ao se flexibilizar, ao diversificar o seu currículo, ao trabalhar com alunos que não compõe o padrão determinado de normalidade . Índices e metas são colocados à escola, deslocando assim o foco para uma corrida incessante por resultados numéricos, e não para o desenvolvimento voltado as especificidades dos alunos. A escola, ainda, se caracteriza como uma instituição estruturada para atender alunos que correspondem a um ideal padrão, e não para o sujeito singular que é seu aluno, ou seja, o aluno real heterogêneo; realiza sua atividade pedagógica a partir de um sistema organizado por um currículo inflexível; e seleciona os conteúdos de acordo com uma sequência rígida, com vistas a uma complexidade crescente, partindo de critérios padronizados de desenvolvimento psicológico baseado em etapas. (FERREIRA, 2005, p148) Desta forma, independentemente das condições e características apresentadas, por seus diferentes alunos, àqueles que não conseguem acompanhar o ritmo imposto, são marginalizados e excluídos. Agora permanecem na escola, porém este espaço educativo ainda apresenta grandes dificuldades em avançar, pela falta de atenção à diversidade, ao manter um Por padrão de normalidade se entende o sujeito ideal, aquele que não apresentaria qualquer dificuldade ou necessidade de adequação. ensino veementemente pautado em currículo inflexível, onde seu conteúdo é desenvolvido da mesma maneira para todos os alunos, de forma única. O desenvolvimento de algumas metas diferencia-se dentro dos mesmos objetivos escolares, com vistas à superação da rigidez da escola e oportunizar aos alunos a aprendizagem com qualidade social, assim é imprescindível viabilizar estratégias e metodologias de ensino e avaliação demonstrando que “(...) não é necessário que se tenha as mesmas metas educacionais quando aprendem juntos” (FERREIRA, 2005, p144). Nesta perspectiva, faz-se necessário superar a condição de alcance de metas padronizadas, estipuladas de forma excludente. Ao reconhecer a diversidade, o caminho a ser percorrido em busca da educação inclusiva, deve ser aquele que tem como eixo norteador, a percepção dos alunos como parâmetro dele mesmo, respeitando assim a diferenças por eles apresentados. Ao definir educação Inclusiva, destacam-se os estudos de Beyer (2006): A educação inclusiva caracteriza-se como um novo princípio educacional, cujo conceito fundamental defende a heterogeneidade na classe escolar, não apenas como situação provocadora de interação entre as crianças com situações pessoais as mais adversas. Além dessa interação, muito importante para o fomento das aprendizagens recíprocas, é fundamental uma pedagogia que se dilate ante as diferenças do alunado. (BEYER, 2006, p.85) O autor nos atenta para o grande objetivo de estar na escola para aprender, e não apenas interagir. Esta é a educação que se quer, e se busca incessantemente todos os dias e que ainda tem-se muito a superar até alcançá-la. Desta forma, se observa muitos aspectos relacionados à organização escolar perante a diferença. A escola deve se adequar à proposta de ensino a fim de que diferentes alunos apropriem-se do conhecimento. De outra forma, ainda continuar-se-á nos tempos da integração escolar. O aumento significativo do número de matrículas de pessoas com deficiência nas escolas, exige do Sistema escolar, a eliminação dos entraves por parte das instituições em atender as diferenças, valorizando e potencializando suas habilidades. 1.1. Atendimento educacional especializado: reflexões sobre o público que abrange O uso de recursos e materiais variados no AEE é de extrema importância para contribuir com o desenvolvimento de vários aspectos nos alunos. Se pode exemplificar, no caso de alunos com TEA, a necessidade de ampliar a atenção; o desenvolvimento das relações com o outro; percepção daquilo que o aluno procura transmitir, por meio de expressões faciais ou o que sente; como também, ampliar sua linguagem oral; ou ainda com outras formas de comunicação como no uso de comunicaçãoaumentativa alternativa/CAA, quando necessário, como importante instrumento de apoio ao aluno sem comunicação oral, ou ainda aqueles que apresentam maiores dificuldades na linguagem. Segundo Camargos Jr. (2005), deve-se buscar a otimização das capacidades, sem direcionar o trabalho em busca de cura. É necessário pesquisar as dificuldades na escola, no social e na comunicação a fim de construir um plano de trabalho que lhe possibilite as aprendizagens e a diminuição de estereotipias. É fundamental que o aluno melhore a sua comunicação social, passe a compartilhar o olhar, interaja com outras pessoas e envolva-se com tarefas diferenciadas, porém tendo o cuidado na preparação do ambiente e da rotina. Salienta-se a necessidade de trabalhar de forma conjunta com o professor de sala de aula do aluno que é atendido no AEE, afim que trocar informações e orientá-lo com relação às particularidades dos alunos público-alvo da Educação Especial e da organização do planejamento com estratégias e atividades acessíveis a estes alunos, buscando incluir a todos, independente de sua condição. Dentre os alunos público alvo que apresentam como característica a deficiência visual, deficiência auditiva ou surdez, deficiência intelectual, deficiência física, Transtornos do Espectro Autista e Altas habilidades/superdotação, necessitamos reunir diferentes áreas do conhecimento para favorecer sua plena participação no ensino comum. Cada área de atuação conta com uma série de conhecimentos específicos, os quais dão suporte às necessidades dos alunos, como por exemplo, o soroban para alunos cegos, este recurso auxilia na aprendizagem de matemática. 1.2 Inclusão: o Atendimento Educacional Especializado em Questão Os elementos fundamentais para a compreensão e orientação do AEE para alunos com deficiência, TEA e AH/SD, na perspectiva da educação inclusiva, parte da legislação brasileira para a educação nacional. As políticas públicas oferecem subsídios de orientação e apoio na área educacional, alicerçado na concepção pedagógica da diversidade e da diferença como inerente ao humano, superando a lógica da homogeneidade e normalização. Inicialmente analisa-se a função da escola comum, a qual contribui na inserção do aluno no mundo social, cultural e científico. Ressalta-se também o direito de todo o ser humano ao acesso a esses bens coletivos, que pretendem colocar os sujeitos em interação com os conhecimentos acumulados pela humanidade ao longo da história. A escola brasileira, historicamente, teve sua expansão ao abranger as pessoas advindas das classes populares, com fins de progresso nacional. Ao longo dos anos houveram algumas mudanças, mas a essência da busca dos resultados, sob a ótica de um currículo oficial comum, alicerçado em bases legais, homogêneas, disciplinares e conteudistas permaneceram. Diante deste entendimento a escola comum vem se reestruturando no atendimento dos alunos com deficiência, TEA, AH/SD, percebendo os diferentes funcionamentos no contexto educacional. O modelo integracionista da escola comum instituía a adaptação do sujeito ao sistema, enquanto a inclusão orienta a adaptação do sistema educacional às necessidades e potencialidades dos alunos, tendo esta o compromisso de organizar-se para educar e ensinar, prevendo e provendo as flexibilizações curriculares necessárias. As Diretrizes Nacionais da Educação Especial apontam para a inclusão de alunos nas escolas regulares de ensino, na perspectiva de uma educação inclusiva, onde todas as pessoas tenham a oportunidade de aprender com a diversidade, convivendo com as diferenças. Para tanto é imprescindível que as ações educativas sejam ressignificadas, rompendo com as barreiras que impedem a interação e as aprendizagens. Prioriza-se a formação continuada por parte dos profissionais da educação, tanto ao que se refere ao surgimento da Educação Especial, como a sua evolução histórica, demarcando as influências Internacionais e Nacionais nesse percurso, chegando às políticas Nacionais e índices atuais de pessoas com deficiência no Brasil. Os profissionais e as escolas carecem de discussões e análise das novas possibilidades de ensinar, considerando as novas perspectivas da educação, centradas no aluno, com um cunho interacionista. Não basta os professores compreenderem que as diferenças devem ser consideradas como outra maneira de expressar-se, mas também necessitam atualizar-se em conhecimento, avanços didáticos e pedagógicos. Os documentos propõem alternativas de intervenções que possibilitem a abertura de espaço de interação de todas as pessoas no espaço escolar. Esta política visa garantir: Transversalidade da Educação Especial desde a educação infantil até a educação superior; AEE; Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino; Formação de professores para o AEE e demais profissionais da educação para a inclusão escolar; Participação da família e da comunidade; Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação; e Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. Dentre estes objetivos do documento citado, se quer destacar a sua prioridade para o AEE o qual regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto n o 6.253, de 13 de novembro de 2007. Traz o AEE, realizado em salas de recursos multifuncionais como uma das possibilidades de inclusão, bem como a formação dos profissionais para atuarem neste serviço. Posteriormente este é complementado pelo Decreto nº 6.571/08, o qual descreve a função, os objetivos do AEE e explica onde e a formação necessária para exercer esta atividade pedagógica. Afirma o compromisso do MEC quanto ao subsídio financeiro e técnico para a sua implantação. Este serviço foi criado para complementação ou suplementação curricular aos alunos do ensino regular, por meio de um conjunto de ações pedagógicas que favoreçam o desenvolvimento e a aprendizagem a partir das habilidades e potencialidades dos alunos. Tem como objetivos: prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos alunos com deficiência, TEA, AH/SD; garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino. O AEE é uma proposta viável e necessária nas escolas, apoiando os serviços já existentes na escola e ainda, promovendo a discussão sobre Escola Inclusiva. O movimento de inclusão tem como fim a ressignificação das ações educacionais, voltadas para a construção do conhecimento, considerando a cultura, atendo-se a historicidade, reconhecendo as práticas sociais, as questões intelectuais e psicológicas do sujeito. Neste contexto vê-se a crise da Educação Especial e instituições segregadas provocando muitas dúvidas sobre o papel da escola especial e até mesmo sobre a sua continuidade. Na mesma proporção encontramos também dúvidas e necessidades de uma nova postura na escola regular para que possa ser inclusiva. De acordo com Stainback & Stainback (1999) ao educar todos os alunos juntos “as pessoas com deficiências tem oportunidades de se preparar para a vida na comunidade, os professores melhoram suas habilidades profissionais e a sociedade toma a decisão consciente de funcionar de acordo com o valor social da igualdade para todas as pessoas, com os conseqüentes resultados de melhoria da paz social” (STAINBACK, 1999, p.21) O AEE aparece como uma possibilidade de mediar essa transição, priorizando a complementação curricular para os alunos com deficiência, com princípios pedagógicos, sem pretender substituir os conteúdos acadêmicos. Para alcançar esseobjetivo deverá superar o modelo clínico e realizar o atendimento com o propósito de criar zonas de desenvolvimento proximal (Vigotski), tendo experiências com outros alunos e com o professor mediador, para tratar com o que há de subjetivo nessa construção com alunos com deficiência. No AEE, deve se considerar que a deficiência não se esgota na sua condição orgânica e/ou intelectual. Lida ainda com os efeitos das relações sociais e as crenças produzidas no interior da cultura. Percebe-se o medo da diferença e do desconhecido que desencadeia o distanciamento e muitas vezes o isolamento, resultando sentimentos de inadequação e discriminação que produz consequências e limites sociais, os quais não estão ligados as causas orgânicas. Estas representações sociais sobre a deficiência criam expectativas limitadas naqueles que os acompanham, bem como na identidade dos sujeitos. Outro equívoco é quando a escola, bem intencionada, promove atividades diferenciadas somente ao aluno com deficiência, quando o papel da escola é o de respeitar e oportunizar a expressão das diferenças humanas, demonstrando assim que a diversidade é comum a todos. Esta ação inclusiva deve ser um movimento de toda a escola, para todos os alunos, variando a extensão e a profundidade das adequações necessárias. Torna-se primordial a ação cooperativa, apoiada na rede de sustentação, onde todos os atores educacionais envolvam-se com o processo e o acesso de todos aos bens educativos, comuns e singulares. Para que se cumpra o papel social da escola e do ensino, é fundamental o Planejamento e a Avaliação voltados para a continuidade do processo de aprendizagem, garantindo os projetos coletivos e individuais. O AEE para as pessoas com deficiência, TEA, AH/SD tem o compromisso de alertar para o equívoco de uma educação que se baseia na lógica do concreto e da repetição alienante, negando o acesso da pessoa com deficiência ao plano abstrato e simbólico da compreensão (MEC, 2005). O exercício de favorecer ao aluno em variadas relações com os objetos presentes, ausentes e contribui para a abstração. O AEE para o aluno com deficiência, TEA, AH/SD destina-se a construir com o aluno uma posição de saber, superando a posição do não saber ou do sentimento de inadequação algumas vezes experimentado por este. O objetivo maior é propiciar condições e liberdade para que o aluno possa construir a sua inteligência, dentro daquilo que lhe é possível, naquele momento e lugar, tornando-se agente capaz de produzir significado e conhecimento. Este trabalho deve ser conjunto, escola e AEE. Não funciona separadamente, pois é uma ressignificação metodológica e didática, que envolve toda a escola e a família. O AEE realizado em salas de recursos multifuncionais é mais uma possibilidade de inclusão, bem como a formação dos profissionais para atuarem neste serviço. 1.2.1 Conceitos e Objetivos do AEE: uma reflexão constante Primeiramente, tem-se que ter clareza dos motivos que orienta o trabalho no AEE, sendo estes, inserido em um contexto que construa uma sociedade inclusiva. Esta é a grande meta da educação inclusiva. Para tanto, faz-se primordial que se compreenda o que isso significa no cotidiano escolar. Aponta-se que: (...) uma sociedade inclusiva é aquela capaz de contemplar, sempre, todas as condições humanas, encontrando meios para que cada cidadão, do mais privilegiado ao mais comprometido, exerça o direito de contribuir com seu melhor talento para o bem comum (WERNECK, 1999, P. 23). Busca-se a escola inclusiva que se fundamenta na concepção orientada pelo reconhecimento das diferenças humanas e na aprendizagem centrada nas potencialidades dos alunos, ao invés da imposição de rituais pedagógicos pré-estabelecidos. Estes acabam por legitimar as desigualdades sociais e negar a diversidade. O papel das escolas deve atender às necessidades educacionais específicas de seus alunos tendo em vista a complexidade e a diversidade do contexto escolar, tanto nas aprendizagens como na ensinagem. Faz-se necessário que a escola se reorganize, ressignifique suas ações, flexibilizando o currículo, promovendo a formação de professores em serviço, parcerias com a comunidade e ainda a complementação ou suplementação curricular ao/a aluno/a com deficiência ou superdotação respectivamente. As salas de recursos multifuncionais são espaços da escola onde se realizam o AEE para alunos/as com necessidade específica, por decorrência de deficiência, TEA, AH/SD, por meio do desenvolvimento de estratégias de aprendizagem, centradas em um novo fazer pedagógico que favoreça a construção de conhecimento pelos alunos, subsidiando o desenvolvimento do currículo e participação da vida escolar. É um espaço organizado com materiais didáticos, pedagógicos e dispõe de profissionais com formação para o AEE, que considere as diferentes áreas e os aspectos relacionados: ao estágio de desenvolvimento cognitivo do aluno; ao nível de escolaridade; aos recursos específicos para sua aprendizagem e as atividades de complementação e suplementação curricular. O AEE tem o objetivo geral promover a inclusão de alunos com deficiência, TEA e AH/SD em classes comuns da educação infantil e ensino regular, com a meta das políticas da educação inclusiva, mantendo a interação constante entre o professor da classe comum e dos serviços de apoio pedagógico especializado, no sentido de complementação ou suplementação curricular, para a educação básica, a partir da avaliação do aluno em suas habilidades, promovendo o desenvolvimento de suas potencialidades e buscando romper as barreiras que limitam suas aprendizagens. Mediante o objetivo geral, sugerido para todo o território Nacional, cabe aos serviços organizarem-se conforme as peculiaridades regionais e específicas do contexto em que se insere. Diante das reflexões, planejamentos e replanejamentos neste período de atuação no CA/UFSC, se sugere como objetivos específicos: -Promover o AEE com vistas ao conhecimento que permita ao aluno incluído nas séries iniciais do Ensino Fundamental o letramento, a leitura, a escrita e a quantificação, sem o compromisso de sistematizar essas noções como conteúdos escolares, enfatizando-se as aprendizagens no campo conceitual, estando desvinculado da necessidade típica da produção acadêmica. O aluno constrói conhecimento para si mesmo, complementando ou suplementando o currículo escolar; -Assessorar as discussões de flexibilizações curriculares durante o percurso do ano letivo, que considerem o significado prático e instrumental dos objetivos básicos, metodologias de ensino e recursos didáticos diferenciados e processos de avaliação adequados aos desenvolvimentos dos alunos que apresentam deficiência, TEA e AH/SD, em consonância com o projeto pedagógico da escola; -Promover situações de aprendizagens significativas, que favoreça o desenvolvimento individual e social, de maneira ativa. -Definir o tempo de atendimento individual, duplas ou trios, conforme a necessidade de cada aluno e esse acontecerá sempre no horário oposto ao das aulas do ensino regular. -Favorecer que esse aluno saia de uma posição de não – saber ou de recusa de saber para se apropriar de um saber que lhe é próprio, ou melhor, que ele tem consciência de que o construiu. -Reconhecer, a partir da avaliação e acompanhamento, o ponto de partida e o de chegada do aluno, no processo de conhecimento subsidiando as posteriores intervenções pedagógicas e didáticas, tanto na sala de recursos multifuncionais como para a sala de aula comum, estendendo a discussão e orientações ao grupo familiar. 1.2.2 Procedimentos iniciais com alunos em sala de recursos multifuncional Sugere-se, após a análise do período trabalhado, uma linha de atuação que oriente as ações iniciais nas atividades do professor de educação especial, a qual se apresenta como indicadores flexíveis no cotidianoescolar: -Reconhecimento das necessidades específicas da criança, adolescente ou adulto; -Flexibilização curricular: Reunir a equipe administrativa pedagógica e professores envolvidos na inclusão com intencionalidade de promover: -Revisão do Plano Político Pedagógico anual, com a finalidade de atualizar os recursos físicos, materiais e humanos às peculiaridades dos alunos da Instituição; -Interseção no currículo e o plano político pedagógico propostas resultantes de discussões e reformulações didáticas, pedagógicas e avaliativas no âmbito da educação escolar; -Discussões do currículo comum e as peculiaridades do aluno. -Redimensionamento a cada ano as informações no ato da matricula, a partir da experiência e reflexão do ano anterior; -Abordagem com a família em termos de obtenção de informações e orientações no manejo com a criança; 1.2.3 Organização em sala de aula: -Preparação do espaço educacional onde a criança reconheça-se no ambiente, de acordo com seu perfil inicial; -Acompanhamento das ações e reações do aluno no período de inclusão, para auxiliá- lo na manutenção da atenção e concentração, bem como interação no grupo e do grupo com este; -Atenção aos estranhamentos e interações iniciais, para eventuais modificações da rotina escolar, seja nos ambientes quanto nas atividades; -Construção de uma rotina de tarefas cotidianas, de acordo com sua condição para organização e responsabilidades; -Conquista de uma relação de confiança e autoridade entre aluno e seus professores; -Agrupamentos e individualização do ensino. Alguns alunos necessitam de mediação do professor o dos colegas para aprender o que outros alunos conseguem aprender por meio da experiência espontânea; -Flexibilização dos objetivos conceituais, se necessário, quanto à profundidade e extensão, a partir das habilidades e potencialidades do aluno. 1.2.4 Procedimentos para a orientação quanto à organização individual: -A partir de observações constantes e registros de dados significativos de seus movimentos em atividades de sala de aula e demais espaços escolares; -Organização com o aluno de suas rotinas particulares, tornando-as funcionais; -Constituição de situações de aprendizagem de caráter: funcional, a partir de suas potencialidades e habilidades; -Previsão quanto as modificação da temporalidade para determinados objetivos e conteúdos previstos, se necessário; -Seleção de técnicas e instrumentos apropriado para avaliação do aluno, se necessário; Considerações finais Por todos os aspectos mencionados, destaca-se a importância do AEE nas escolas em rede federal, estadual e municipal para os alunos com deficiência, TEA e AH/SD e de profissionais habilitados e especializados para atuação neste serviço. Observou-se que os alunos obtiveram muitas habilidades até então não eram focadas e trabalhadas no contra turno do ensino regular. No AEE são respeitados o tempo do aluno, ritmos e habilidades, porém, focando em questões que irão complementar sua formação para o trabalho em sala de aula. O atendimento educacional especializado foi criado para dar um suporte para os alunos deficientes para facilitar o acesso ao currículo. De acordo com o Decreto nº 6571, de 17 de setembro de 2008: Art. 1o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto, com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. § 1º Considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular. § 2o O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas. O AEE é um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. Ele deve ser articulado com a proposta da escola regular, embora suas atividades se diferenciem das realizadas em salas de aula de ensino comum. (MEC, 2009) 1 1 E. M. Barão do Rio Branco, São João de Meriti. 2 2 E. M. Especial Professora Maria Azevedo Catarino, São João de Meriti. 3 3 Escola Municipal Padre Paul Jean Guerry, São João de Meriti. https://www.educarepedagogia.com.br Deve ser realizado no período inverso ao da classe freqüentada pelo aluno e preferencialmente, na própria escola. Há ainda a possibilidade de esse atendimento acontecer em uma escola próxima. Nas escolas de ensino regular o AEE deve acontecer em salas de recursos multifuncionais que é um espaço organizado com materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às necessidades educacionais especiais, projetadas para oferecer suporte necessário à estes alunos, favorecendo seu acesso ao conhecimento. (MEC, 2007). O atendimento educacional especializado é muito importante para os avanços na aprendizagem do aluno com deficiências na sala de ensino regular. Os professores destas salas devem atuar de forma colaborativa com o professor da classe comum para a definição de estratégias pedagógicas que favoreçam o acesso ao aluno ao currículo e a sua interação no grupo, entre outras ações que promovam a educação inclusiva. Quanto mais o AEE acontecer nas escolas regulares nas que os alunos com deficiências estejam matriculados mais trará benefícios para esses, o que contribuirá para a inclusão, evitando atos discriminatórios. Relatos de professoras sobre AEE em três escolas de São João de Meriti. Sala de Recursos da E. M. Barão do Rio Branco. A Sala de Recursos da escola na qual trabalho atende alunos com deficiência auditiva, deficiência intelectual, deficiência física e baixa visão. O atendimento é feito em pequenos grupos, com a finalidade de desenvolver ao máximo as potencialidades dos alunos com vistas a uma melhor integração pessoal, social, valorizando seu conhecimento prévio, utilizando material pedagógico conforme as necessidades, o interesse e a idade do aluno, de modo a facilitar o acesso deste aluno ao currículo desenvolvido nos diferentes anos. O atendimento tem como objetivos: Trabalhar as reais necessidades dos alunos, respeitando os ritmos e estilos diversos de aprendizagem, facilitando o processo de inclusão. Desenvolver a autonomia dos alunos facilitando a aquisição de seus sistemas de valores; Favorecer a compreensão de conhecimentos relacionados a aplicação de situações de vida; Contribuir para o desenvolvimento das potencialidades de cada aluno; Desenvolver o auto conhecimento na expressão das emoções; Favorecer o desenvolvimento de habilidades inter e intrapessoais, disponibilidade permanente para aprender, desejo de vir a ser livre e feliz, facilitando a caminhada ao saber. Contribuir para que o aluno construa gradualmente os seus conhecimentos, pelos processos de avanços e recuos inerentes ao seu próprio ritmo, evoluindo a cada passo. As atividades nesta sala têm uma dinâmica de trabalho condizente com as potencialidades e necessidades dos alunos e dos recursos a serem adaptados, utilizando materiais diversificados tais como jogos pedagógicos, pranchas de comunicação, computador, massinha, cola colorida, recorte, colagem, tinta guache, gibis, livros de histórias, argila, bola, corda, lápis mais grosso, papelA3, revistas, jornais, DVD, cd, entre outros. Todas as atividades são realizadas de acordo com os temas do projeto da escola. Nos grupos de estudos e conselhos de classe realizados na escola a cada bimestre temos um espaço onde oriento aos professores sobre como realizar um trabalho que favoreça a aprendizagem desse aluno e sua inclusão em sala de aula. As famílias têm reuniões bimestrais onde participam de palestras, recebem orientações e incentivo, com o intuito de que estas apóiem o desenvolvimento de seus filhos. Recebemos apoio do CIME (Centro Inclusivo Multi Educacional) que é composto por pedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos, fisioterapeutas que avaliam os alunos e dão orientações para o trabalho com o mesmo. Também a cada bimestre o CIME organiza reuniões onde são ministradas palestras com temas relacionados à Educação Especial para os professores que trabalham em Sala de Recursos. Observo que tenho conseguido que eles desenvolvam bastante, apesar da ausência de materiais mais específicos para cada deficiência, pouco apoio da familia e falta de intérprete de Libras, o que seria muito útil para o trabalho com os alunos com deficiência auditiva. Sala de Recursos da E. M. Especial Professora Maria Azevedo Catarino. O Atendimento Educacional Especializado é de suma importância, pois favorece a peculiaridade de cada aluno principalmente dos alunos com necessidades educacionais especiais. Acredito nessa proposta, pois ao trabalhar com alunos autistas pude perceber a importância do AEE na evolução desses alunos enquanto desenvolvemos objetivos voltados para sanar a tríade do autismo composta de aspectos específicos como: dificuldade de comunicação, dificuldade de integração e interesse restrito. O Atendimento Educacional Especializado é uma forma de propiciar oportunidades para inclusão sendo um espaço de transição para aquisição de hábitos e atitudes facilitando a convivência social numa classe especial ou regular de ensino. Ao iniciar o trabalho com alunos autistas tive a oportunidade de receber crianças na faixa etária de quatro anos apresentando quadro de choro intenso e dificuldades de adaptação, movimentação de um lado para outro, dificuldades para se sentarem, dificuldades para estabelecerem contato visual e no estabelecimento de formas de comunicação. Hoje, depois das intervenções pedagógicas realizadas e respaldadas em conhecimentos adquiridos através de palestras, cursos, capacitações, trocas de experiências com outros profissionais e, experiências próprias anteriores, os alunos já conseguem realizar a rotina diária da escola de entrar na sala de aula, sentar, estabelecer contato visual, fazer tentativas de comunicação verbal e realizar as atividades propostas pela professora tais como: jogos pedagógicos, desenhar, pintar, manipular massinha e participar de projetos realizados na escola visando à socialização. Todo trabalho desenvolvido partiu de atividades de vida diária, uso de pranchas de comunicação alternativa de acordo com o interesse de cada aluno. Ao realizar este trabalho encontro dificuldades, de um espaço físico para trabalhar dignamente, mobiliário adequado, principalmente com alunos da educação infantil, computadores disponíveis para uso dos alunos junto ao professor e recursos pedagógicos que propiciem atividades diferenciadas e de utilidade para a vida do aluno. No que se refere ao processo de inclusão destes alunos, acredito no AEE para alcançar este objetivo, mas percebo a necessidade de que os alunos jovens possam se beneficiar também com o trabalho de oficinas pedagógicas funcionais, salas de convivência e oficinas profissionalizantes para favorecer a entrada no mercado de trabalho. Sala de Recursos da Escola Municipal Padre Paul Jean Guerry. A prática no AEE é diversificada, de acordo com a clientela. Atuo com alunos que apresentam as deficiências mentais e auditivas e alunos com Déficit de Atenção. São realizadas atividades em grupos, determinados pelas suas necessidades individuais. De que forma? Escolhido dentro do planejamento um tema gerador, desenvolvo atividades iguais ou semelhantes, visando a coordenação motora, percepção visual, o assunto do planejamento, a autonomia, a socialização, a interação no grupo. Inicialmente é feito um diagnóstico de cada aluno junto à equipe do CIME (Centro Inclusivo Multi Educacional), que é a equipe responsável pelos alunos com necessidades educacionais especiais, e a partir desse momento traçamos atividades para alcançar as potencialidades dos alunos e desenvolvê-las da melhor maneira possível. Com os alunos com deficiência auditiva é trabalhada a linguagem de Sinais, LIBRAS com atividades direcionadas para alfabetização, sinalização da sala em Língua Portuguesa e Libras; atividades de situações problemas, cálculos matemáticos e números. A autonomia é muito valorizada durante os atendimentos, dentro e fora da sala. São realizadas atividades com outras turmas, as quais visitamos anteriormente e explicamos o porque da sala de APEE (atendimento paralelo educacional especializado), o que fazemos lá, qual é a clientela, etc. retirando assim apelidos e rótulos dos alunos. Feito isso os alunos da turma de APEE, se sentem a vontade para transitar e participar das atividades na Unidade Escolar; e os alunos das classes regulares também frequentam a nossa sala. Já foi realizado também atendimento domiciliar: uma vez na semana o aluno me recebia, para realizar atividades propostas através de planejamento da turma onde ele estava matriculado. Foram realizadas atividades que a professora da turma regular enviava e outras elaboradas por mim. Esse aluno tinha Síndrome de Legg- Calvé- perthes, onde geralmente é afetada a parte do quadril e pernas. Há alunos também adolescentes que além de estarem na fase da “crise de identidade”, algumas vezes deixam que esse emocional abalado e a baixa auto-estima dificultem o trabalho. Sendo assim, existe sempre um trabalho direcionado ao diálogo e compreensão dessas fases emocionais do aluno. A participação da família é frequente e graças a isso também, os alunos vêm progredindo, e acredito que contribuo muito para o desenvolvimento de cada potencialidade, apostando sempre nas habilidades dos alunos. Considerações finais O atendimento educacional especializado tem grande importância para ajudar o aluno com deficiência se desenvolver na vida escolar, pessoal, social e favorecer a sua inclusão na escola. Observamos que apesar das dificuldades encontradas, tais como, falta de material específico para melhor trabalhar com cada deficiência, falta de intérprete de Libras, problemas familiares, entre outros, o trabalho está acontecendo e estamos avançando gradativamente na inclusão dos alunos deficientes na rede pública de São João de Meriti. Algumas das escolas da rede estão recebendo o material da sala de recursos multifuncionais, que também contribuirá bastante para desenvolvimento do trabalho e favorecerá o aprendizado destes alunos, pois contém material diversificado e próprio para cada deficiência. Porém, é importante destacar que a formação continuada para os educadores é de suma importância devendo acontecer cada vez mais, para que o trabalho seja melhor e mais eficiente. Atendimento educAcionAl especiAlizAdo pArA Alunos com deficiênciA intelectuAl e trAnstornos GlobAis do desenvolvimento https://www.educarepedagogia.com.br VI Considerações sobre a atuação junto aos Transtornos Globais do Desenvolvimento na escola regular Maria Cláudia Brito; Andréa Regina Nunes Misquiatti VII Comunicação e linguagem nos TranstornosGlobais do Desenvolvimento Andréa Regina Nunes Misquiatti; Maria Cláudia Brito; Aline Citino Armonia VIII Conhecimento de professores do ensino regular sobre os Transtornos Globais do Desenvolvimento Andréa Regina Nunes Misquiatti; Maria Cláudia Brito; Jéssica dos Santos Ceron; Ana Gabriela Olivati; Priscila Piassi Carboni Sobre os autores. https://www.educarepedagogia.com.br Os discursos circulantes sobre Inclusão Escolar, na sua maioria, não têm dado conta do processo formativo como processo histórico de construção da cultura humana. O esvaziamento do saber elaborado, fruto do pensamento pós-moderno, tem colocado em risco o aprofundamento das discussões sobre o cotidiano da escola. Faz-se necessário suscitar reflexões que ultrapas sem a noção simplificada de cotidianidade para que se possa pensar a educação na vida e na escola sob o olhar do conceito de práxis, que exige de nós explicitação de nossas ações, desnaturalização dos fatos e sentimentos cotidianos, superação dos pré-juízos ou juízos provisórios (preconceitos) e apropriação da realidade, impondo-se a ela, como ensina Agnes Heller. Tais premissas colocam-nos diante da necessidade de converter a formação de professores em reais exercícios de análise do cotidiano, para que aconteça, efetivamente, a superação dele, sem desconsiderá-lo. Tratemos, pois, da inclusão do professor que, participando e se apropriando do conhecimento que vem sendo acumulado pela humanidade, constrói respostas concretas às suas necessidades como parte do gênero humano. https://www.educarepedagogia.com.br O caminho da autonomia desse profissional frente ao cotidiano faz emergirem novas exigências teórico-metodológicas. A luta pelo direito de todos à educação é também a luta pela apropriação de conhecimentos por parte dos professores, uma vez que o acesso dos deficientes à escola e ao trabalho é condição necessária, porém insuficiente, para a sua inserção sociocultural, como o é para qualquer criança, adolescente ou adulto. A educação não pode e não deve ser encerrada no terreno estrito da Psicologia ou da Pedagogia, da Sociologia ou da Política, da Antropologia ou das Ciências da Saúde – exige que os estudos e as práticas levem em conta várias áreas do conhecimento. Fundamentalmente, duas questões devem ser abordadas para a compreensão do que estou chamando de inserção sociocultural. A primeira trata do conceito mesmo de pertencimento social e cultural das pessoas. A segunda, das contradições, dos limites sociais impostos e das possibilidades de vencer barreiras como tarefa, também, da educação e, nela, das práticas pedagógicas. Assumindo que o homem passa do estado de natureza para o estado de cultura pela atividade simbólica, as funções humanas, denominadas por Vygotsky de funções superiores, são constituídas nas relações entre pessoas, ou seja, nas relações interpessoais. Nessas relações é que acontecem as possibilidades de cada pessoa beneficiar-se da experiência cultural da espécie humana. A própria incapacidade de viver por conta própria ao nascer é condição natural da passagem do estado de natureza ao estado de cultura. Inserido no meio humano, adquire-se a condição humana, portanto, cultural. O processo não é de humanização apenas, mas de hominização – transformação do biológico do homem em cultural, de acordo com a perspectiva histórico-cultural, cuja matriz marxista leva- me a citar o próprio Marx: “[...] Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo [o homem] modifica a sua própria natureza”. Hominizar-se é fazer-se homem nas relações concretas de vida social, mediadas pela linguagem, o que só é possível com outros homens, ou seja, a essência do processo de desenvolvimento cultural consiste exatamente na apropriação e no domínio do social. Inserção cultural pode ser compreendida, dessa perspectiva, como imersão, pertencimento, participação, apropriação dos significados humanos construídos no tempo e no espaço. Nascemos candidatos à hominização, o que só acontecerá com a mediação dos outros seres humanos, em concretas condições de relações sociais. A presença e atuação do outro não se dá em uma só direção: boa ou ruim; falsa ou verdadeira; harmônica ou não, mas de forma contraditória e conflituosa. O processo educacional, em suas mais variadas formas de organização, encarrega-se de mediar o processo individual de apropriação do que é cultural. Em outras palavras, as práticas educativas exercem o papel fundamental de inserir cada ser humano no mundo simbólico ou cultural. Vale aqui lembrar que para o filósofo e historiador da educação, Dermeval Saviani, a educação é processo cultural e histórico, cujo destino e função são produzir direta e intencionalmente, em cada uma das pessoas, aquilo que é produzido coletivamente pela humanidade, na história, o que supõe identificar os elementos da cultura que precisam ser assimilados, apropriados, encarnados pelos indivíduos da espécie humana para que esses indivíduos se hominizem. É função da educação escolher os meios adequados para que a apropriação da cultura aconteça em cada tempo, em cada espaço, em cada ser humano. Um dos limites impostos que se configura como barreira para a inserção sociocultural dos deficientes – limite e barreira que também se impõem a todos os que, de alguma forma, ainda não fazem parte do grupo daqueles que se beneficiam dos bens materiais e culturais da sociedade onde vivem – é assumido, aqui, pela expansão da lógica do capital que legitima os valores e interesses dos que dominam. Tais valores e interesses são internalizados, apropriados, encarnados como naturais, como condição já definida e como p onto de chegada, a trasando o u fazendo c aminhar muito lentamente o processo de inserção sociocultural de uma parcela significativa de nossa população. Parafraseando Marx, Vygotsky afirma, em F undamentos de Defectologia, que nossa existência social determina nossa consciência. E mais, é propositivo quando afirma que a educação de qualquer pessoa, deficiente ou não, precisa ter metas e objetivos iguais – o que chamamos de visão prospectiva da perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano e vale para todos os que estão apartados pela violência da chamada exclusão social. Nossa tarefa, como profissionais e ngajados n a e ducação e s uas especificidades e n a e ducação c omo a tividade h umana e mancipatória, envolve mudanças qualitativas e quantitativas das condições e estratégias de superação dessas barreiras. Em um de seus poemas, Bertold Brecht convoca- nos nessa direção: “O mundo olha para vocês com um resto de esperança. É tempo de não mais se contentarem com essas gotas no oceano”. O conceito de inserção sociocultural dos deficientes não pode ser banalizado nem simplificado porque se corre o risco de banalizarmos e simplificarmos necessidades fundamentais do ser humano, em cada época e em determinados espaços, sob determinadas condições. É urgente um olhar radicalmente voltado para ver o deficiente como alguém que vai se apropriando da cultura, em tempos e espaços próprios, e não apenas somando hábitos. Que é preciso e é possível valorizar e priorizar atividades e práticas educativas que mobilizem o simbólico; que os limites de cada um são desconhecidos e um dos maiores limites é o nosso – o que desconhecemos do outro, nosso aluno, nosso educando. Há possibilidades ilimitadas que ainda se constituem mistério para nós. Participar das atividades socioculturais reorienta muitas das funções neurológicas por caminhos diversos. É preciso conhecer e atentar para eles. Olhar e ver, ver e reparar – como nos ensina poeticamente Saramago. Esse livro traz contribuições importantes para pensarmos o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que passou a ser oferecido nas Salas de Recursos Multifuncionais aos alunos com deficiência intelectual e transtornos globais do desenvolvimento, porque os autores abordam tanto as políticas quanto concepçõesteóricas, desafiando os leitores a um mergulho crítico em relação ao atendimento que temos e o que queremos, bem como em relação à escola que temos e à que desejamos. ApresentAção Com a publicação da atual Política da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva em 2008, delineou-se uma nova proposta de atendimento pedagógico para alunos com necessidades educacionais especiais. Nessa proposta, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) passou a ser oferecido, nas Salas de Recursos Multifuncionais, aos alunos com deficiência intelectual, auditiva, física e visual, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. No que se refere aos alunos com Deficiência Intelectual (DI) e Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), um grande desafio se apresenta aos professores especialistas que atendem essa população no AEE, visto que muitas dúvidas e questionamentos estão constantemente presentes no cotidiano desses professores, desde questões relacionadas ao diagnóstico e prognóstico dessas condições até àquelas referentes à avaliação e às propostas de intervenção pedagógica para os alunos com DI e TGD. https://www.educarepedagogia.com.br Nessa obra, os autores enfocaram o AEE para os alunos com deficiência intelectual do ponto de vista da atual política, as concepções teóricas e práticas dessa modalidade de atendimento, as competências e atribuições do professor especializado no atendimento aos alunos com deficiência intelectual, a análise do processo de inclusão para esse alunado e sua relação com o AEE e as contribuições da formação continuada de professores para o AEE de alunos com deficiência intelectual. Em relação ao AEE para os alunos com transtornos globais do desenvolvimento, a obra focou a atuação do professor especialista com alunos com transtornos globais do desenvolvimento na escola regular, os aspectos relacionados à comunicação e linguagem de alunos com essas condições, bem como o conhecimento dos professores sobre os transtornos globais do desenvolvimento. Neste livro, os autores buscaram ir além das questões teóricas que vêm sendo incansavelmente debatidas para demonstrar e discutir resultados práticos daquilo que tem sido realizado para a melhoria do AEE para alunos com deficiência intelectual e transtornos globais do desenvolvimento, revelando que esse atendimento pode ser realmente eficaz à medida que se compreende melhor a essência dos alunos com deficiência intelectual e transtornos globais do desenvolvimento e seu potencial de aprendizagem e desenvolvimento. https://www.educarepedagogia.com.br o Atendimento educAcionAl especiAlizAdo pArA Alunos com deficiênciA intelectuAl: A políticA, As concepções e A AvAliAção Simone Ghedini Costa Milanez Anna Augusta Sampaio de Oliveira introdução Desde 2008, com a publicação da nova Política da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva pela Secretaria de Educação Especial – Ministério da Educação (SEESP/MEC) – (BRASIL, 2008), é notória a mudança que as escolas vêm empreendendo para adequação de seus espaços físicos, mobiliários, materiais, recursos, currículos e, principalmente, formação de sua equipe escolar. A Política tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades https://www.educarepedagogia.com.br educacionais especiais, garantindo a transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior; o Atendimento Educacional Especializado; a continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino; a formação de professores para o Atendimento Educacional Especializado e demais profissionais da educação para a inclusão escolar; a participação da família e da comunidade; a acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação; e a articulação intersetorial na implementação das políticas públicas (BRASIL, 2008). De acordo com a Política, os alunos com deficiência intelectual, deficiência auditiva, deficiência física, deficiência visual, altas habilidades/ superdotação e transtornos globais do desenvolvimento devem frequentar as salas comuns de ensino com os demais alunos e receber o Atendimento Educacional Especializado (AEE), no turno oposto ao seu horário escolar, nas Salas de Recursos Multifuncionais: As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela (BRASIL, 2008, p.10). Para tanto, o próprio Ministério da Educação (MEC) tem fornecido às escolas de todo o território brasileiro os materiais específicos, a fim de que essas salas sejam equipadas e montadas para o funcionamento do atendimento especializado a todos os alunos com necessidades educacionais especiais, bem como tem investido na formação dos professores que atuarão nessas salas. É necessário que se diga, no entanto, que este contexto de mudanças potenciais mostra a importância do professor especializado em Educação Especial para que se garanta a existência de percursos escolares satisfatórios e desafiadores para os alunos com deficiência. Essa importância respalda- se na centralidade da sala de recursos como o dispositivo pedagógico prioritário na política de Educação Especial contemporânea, considerada sua característica de não substituição do espaço da sala de aula comum para a escolarização. Além disso, as atribuições que implicam conexões/ articulações entre o docente especializado e o professor do ensino comum abrem espaço para a discussão curricular necessária nos processos inclusivos (BAPTISTA, 2011, p.66). A formação especializada também é referida no documento como sendo necessária para o professor atuar na educação especial, devendo ter como base da sua formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área: Essa formação possibilita a sua atuação no atendimento educacional especializado, aprofunda o caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, nos núcleos de acessibilidade das instituições de educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de educação especial (BRASIL, 2008, p.11). Em termos práticos, o que podemos observar é que efetivamente o MEC distribuiu os materiais e recursos para a abertura das Salas de Recursos Multifuncionais, na grande maioria dos municípios que fizeram tal solicitação, entretanto, muitas dessas salas ainda não se encontram em funcionamento, principalmente porque não há professores especializados no atendimento de alunos com deficiência intelectual e outras deficiências. Para solucionar tal problemática, o Ministério da Educação tem investido ainda na formação em serviço dos professores das redes públicas de ensino, por meio da oferta de Cursos de Especialização em Atendimento Educacional Especializado, tanto na modalidade presencial, como a distância, em parceria com universidades públicas brasileiras. Um exemplo dessa forma de investimento foi a oferta do Curso de Especialização em Atendimento Educacional Especializado, na modalidade a distância, pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), câmpus de Marília, São Paulo, em parceria com o Ministério da Educação, a 1031 professores/cursistas de 185 municípios das regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, durante 18 meses, no período de 2010 a 2012. Em pesquisa recente, realizada durante o
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