Buscar

Positivismo: Ciência e Progresso

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

POSITIVISMO
É denominado positivismo a doutrina filosófica e política que defende o desenvolvimento da sociedade com base na ciência. O termo surgiu com Augusto Comte no período da evolução industrial, usado para expressar a confiança no progresso capitalista. Comte acreditava ser possível observar a vida social por meio de um modelo científico, interpretando a história da humanidade, e a partir dessa análise, criar um processo permanente de melhoria e transformação.
A teoria positivista fundamenta-se na elaboração de leis gerais para formar a base de todas as ciências. A partir dessas leis, o homem será capaz de prever os fenômenos naturais, podendo agir sobre a realidade. O princípio da ciência positiva pode ser expresso na afirmativa: ver para prever. O conhecimento científico opera como instrumento de transformação da realidade e permite o domínio sobre a natureza.
	
As transformações geradas pela ciência impulsionam o progresso e o desenvolvimento, que, por sua vez, devem manter-se subordinados à ordem. Temos assim, o lema positivista aplicado à sociedade: Ordem e Progresso.
Em sua principal obra, Sistema de filosofia positiva, Comte apresenta a lei dos três estágios sobre a evolução histórica e cultural da humanidade. Essa lei defende que cada ramo de nossos conhecimentos passa por três estados históricos diferentes. Estado teológico ou fictício; estado metafísico ou abstrato; estado científico ou positivo. O primeiro estado apresenta a fase inicial da inteligência humana. O segundo consiste na fase de transição. O terceiro estado representa a evolução racional e definitiva da humanidade. Vejamos as características de cada estágio descritas por Comte.
No estado teológico, o espírito humano, dirigindo essencialmente suas investigações para a natureza dos seres, buscando as causas primeiras e finais de todos os efeitos, apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e contínua de agentes sobrenaturais, cuja intervenção arbitrária explica todas as anomalias aparentes do universo. A explicação dos fenômenos é atribuída ao poder divino. 
No estado metafísico, os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, verdadeiras entidades personificadas inerentes aos diversos seres do mundo e concebidas como capazes de engendrar por elas todos os fenômenos observados, cuja explicação consiste então, em determinar para cada um uma entidade correspondente. A ignorância do homem sobre a realidade e a descrença numa força divina levam a crer em relações misteriosas entre as coisas e os fatos. O pensamento abstrato é substituído pela vontade pessoal.
Enfim, no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude. A explicação dos fatos, reduzida então a seus termos reais, se resume de agora em diante na ligação estabelecida entre os diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo número o progresso da ciência tende cada vez mais a diminuir. A humanidade busca respostas científicas para todas as coisas. Este estado ficou conhecido como positivismo, por ter atingido o grau mais elevado do conhecimento, esclarecendo sobre todas as dúvidas da natureza e seus fatos. 
No Discurso sobre o espírito positivo, Comte apresenta os fundamentos que distinguem o positivismo das demais filosofias.
Realidade. Pesquisa de fatos concretos, acessíveis a nossa inteligência, deixando de lado a preocupação com mistérios inatingíveis relacionados às causas primeiras e últimas dos seres.
Utilidade. Representa os conhecimentos que buscam o aperfeiçoamento individual e coletivo do homem, rejeitando as especulações ociosas, vazias e estéreis.
Certeza. São conhecimentos capazes de estabelecer a harmonia lógica na mente do indivíduo e a comunhão em toda espécie humana, abandonando as dúvidas indefinidas e os intermináveis debates metafísicos.
Previsão. Estabelece conhecimentos que se opõem ao vago, baseados em enunciados rigorosos, sem ambigüidades. 
Organização. Caracteriza a tendência de organizar, construir metodicamente, sistematizar o conhecimento humano.
Relatividade. Baseia-se na aceitação dos conhecimentos científicos relativos. Permite a ampliação e aperfeiçoamento de novas pesquisas, capazes de trazer teorias com teses opostas ao conhecimento estabelecido.
Para Augusto Comte deve haver uma classificação das ciências, considerando o maior ou menor grau de simplicidade e generalidade dos fenômenos a serem estudados. Os fenômenos mais simples são também os mais gerais. Por outro lado, os fenômenos mais complexos são também os mais específicos. Com base nesse princípio, Comte estabeleceu uma ordem necessária para o estudo intelectual. A racionalidade positiva pode ser alcançada pela média geral dos homens, somente pela obediência dessa lógica estabelecida pela educação científica.
Partindo da análise dos fenômenos mais simples e gerais, seguidos da análise dos mais complexos e específicos, Comte classifica de forma hierárquica as ciências. Considera em ordem de importância, a matemática, astronomia, física, química, biologia e sociologia. 
A sociologia representa a última disciplina em grau de relevância para ser estudada. Foi criada pelo próprio Comte para designar o estudo da psicologia, ética, direito, economia, entre outros. É dividida em estática social e dinâmica social. A estática social corresponde ao princípio de ordem e abrange os elementos permanentes da sociedade, como exemplo, a propriedade, a família, o governo, a religião e os costumes. A dinâmica social representa o conceito de progresso e estudaria as leis em mudança e desenvolvimento progressivo da sociedade. 
Para Comte, a dinâmica social está subordinada à estática, de forma que o progresso deve originar-se da ordem para aperfeiçoar a realidade social. O projeto de reforma e desenvolvimento social teria o amor por princípio, ordem por base e progresso por fim.
Na proposta de reforma da sociedade, Comte prioriza a reorganização intelectual, seguida pela reestruturação moral e, finalmente, a reforma política. Segundo ele, a Revolução Francesa destruiu valores importantes da sociedade tradicional européia, sem que houvesse novos valores para a emergente sociedade burguesa. A filosofia positiva desempenha a tarefa de restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial.
Quando trata dos conflitos gerados entre capitalistas e proletários, Comte assume uma posição conservadora e defende a legitimidade da exploração industrial, admitindo com naturalidade a divisão da sociedade em classes. Considera a indispensável existência dos empreendedores no domínio do pensamento e do capital e também dos operários, como operadores dos meios de produção.
Comte defende a doutrinação positivista para os trabalhadores para afirmá-los na execução de tarefas práticas e mecânicas. Segundo ele, os operários devem ser inspirados para despertar o gosto pelo seu trabalho, admitindo que a felicidade real é compatível com todas as condições de trabalho, desde que sejam desempenhadas com honra e aceitas naturalmente.
Durante os últimos anos de sua vida, Augusto Comte criou uma nova seita religiosa, denominada Religião da Humanidade. A deusa dessa religião tinha os traços de Clotilde Vaux e entre os santos eleitos estavam Shakespeare, Galileu e Adam Smith. Elaborou também um Catecismo positivista para propagar os princípios religiosos da nova seita, marcando suas concepções dogmáticas, autoritárias e conservadoras sobre o desenvolvimento social.
Augusto Comte
Isidoro Augusto Maria Francisco Xavier Comte nasceu no ano de 1798 na cidade de Montpellier, no sul da França. Com nove anos de idade ingressou no Liceu de Montpellier, afastando-se do convívio dafamília. Como aluno, progredia nos estudos causando admiração em seus professores. Tinha uma memória surpreendente. Bastava ler uma única vez uma página para repeti-la de cor, começando do fim para o princípio. Ao final de cada ano escolar, recebia prêmios, principalmente nas áreas de matemática e retórica.
Em 1914, aos dezesseis anos, parte para Paris, onde passa a freqüentar a Escola Politécnica. Entre os trezentos candidatos, Comte conquistou o quarto lugar geral. Permaneceu na Escola por dois anos, assimilando um aprendizado significativo em sua formação intelectual, especificamente no campo da ciência e da técnica.
Durante uma das aulas, os alunos consideraram inconveniente uma atitude do professor. Por isso protestaram e fizeram um abaixo-assinado, tendo Comte como responsável pela coleta de assinaturas. O incidente resultou no seu afastamento da Escola.
Comte retorna para sua cidade de origem, onde é recebido com ressentimento pela família. Durante quatro meses freqüenta a Escola de Medicina e, posteriormente volta à Paris, onde ganha a vida como professor de matemática. Nesse período, dedicado à meditação, Comte formula a lei dos três estados.
Em 1817, Augusto Comte foi apresentado a Saint-Simon, de quem foi secretário. Claude Henri Saint-Simon (1760-1825), era filósofo francês e um dos primeiros expoentes do socialismo, pregando a extinção das diferenças de classe e a construção de uma sociedade em que todos ganhassem na proporção do seu trabalho. Após sete anos, o relacionamento entre ambos terminou em ofensas e desrespeito mútuo por causa da divergência nas idéias.
Em 1826, em sua residência, Comte iniciou a exposição oral da Filosofia Positiva, acompanhada por um seleto grupo de alunos e ex-alunos. Na data marcada para a quarta sessão de apresentação de sua teoria, os interessados em assistir a exposição, encontraram as portas fechadas. Esgotado pelo intenso trabalho intelectual e traído por sua mulher, Comte viveu dias de transtorno mental. Apesar do acompanhamento que recebe de sua mãe, ele tenta o suicídio.
Comte inicia sua reabilitação com o auxílio da obra de Broussais, um célebre médico francês, sob o título: Tratado da Irritação e da Loucura. No período de 1830 a 1848, Augusto Comte ensinou Astronomia popular. De 1841 a 1857, elaborou e escreveu as suas principais obras. Os grandes precursores da maior obra de Comte, Curso de Filosofia Positiva, foram: Hume, Kant, Baicon, Descartes, Leibnitz, São Tomás de Aquino e Aristóteles. 
Abandonado pela mulher Carolina Massin, e afastado dos empregos oficiais, Comte depara-se com muitas dificuldades. Conheceu Clotilde de Vaux, que o inspirou na criação da Religião da Humanidade. Em 1848, Comte funda a Sociedade Positivista, considerada o núcleo de um grande partido, pautado na Ordem e Progresso, idéia que desejava estender para todas as faces da evolução humana.
No período de 1851 a 1854, Comte publica O Sistema de Política Positiva, considerado um tratado de sociologia. Em 1842, apresenta um resumo de orientações da Religião da Humanidade, denominado Catecismo Positivista, composto de treze capítulos em forma de diálogo.
Com a morte de Clotilde, mais solitário, Comte começa escrever seu Testamento onde expõe suas vontades e onde traçou para seus sucessores as normas que deveriam ser adotadas na continuação de sua obra. Em 1955, apresentou sua última obra, Síntese Subjetiva, ou Sistema Universal das Concepções Próprias ao Estado Normal da Humanidade. Apenas o primeiro volume, Sistema da Lógica Positiva foi impresso. A Moral Teórica, A Moral Prática e o Tratado de Indústria Positiva não foram concluídos.
Augusto Comte faleceu em 1857. Em seu túmulo permanece inscrito: O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim. No Brasil, o positivismo exerceu significativa influência, por meio de seus principais defensores: Miguel Lemos e Teixeira Mendes. A expressão maior dessa influência está registrada na Bandeira Brasileira com o lema positivista: ordem e progresso.

Continue navegando