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CENTRO INTERNACIONAL DE ANÁLISE RELACIONAL PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL Daniela Marcelino Borges de Medeiros Turma 20 CONTRIBUIÇÃO DA AFETIVIDADE NA AUTOESTIMA DAS CRIANÇAS EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO ATRAVÉS DA PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL CURITIBA/PR JULHO/2016 2 CENTRO INTERNACIONAL DE ANÁLISE RELACIONAL PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU FORMAÇÃO ESPECIALIZADA EM PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL Diretor do CIAR e Orientador: Prof. Hc. Leopoldo Vieira Co-orientador: Prof. Me. Carmen Pellanda Daniela Marcelino Borges de Medeiros – Turma 20 CONTRIBUIÇÃO DA AFETIVIDADE NA AUTOESTIMA DAS CRIANÇAS EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO ATRAVÉS DA PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL Artigo científico apresentado para obtenção do Título de Especialista do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Psicomotricidade Relacional. CURITIBA/PR JULHO/2016 3 CONTRIBUIÇÃO DA AFETIVIDADE NA AUTOESTIMA DAS CRIANÇAS EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO ATRAVÉS DA PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL Daniela Marcelino Borges de Medeiros1 Carmen Pellanda2 José Leopoldo Vieira³ Resumo: A presente pesquisa tem caráter qualitativo e descritivo e visa a observar e acompanhar crianças de seis a oito anos em processo de alfabetização em relação à sua autoestima e rendimento escolar por um período de quatorze sessões consecutivas de Psicomotricidade Relacional, com foco na afetividade entre a psicomotricista relacional e as crianças. Através de imagens e filmagens, buscou-se dados da prática psicomotora relacional, que foram confrontados com a teoria de André Lapierre e com a contribuição científica de renomados autores e teorias sobre afetividade e analisou-se a contribuição no desenvolvimento da autoestima. Chegou-se à conclusão de que a afetividade está diretamente ligada à construção da autoestima de forma positiva e que houve uma melhora nos relacionamentos pessoais e interpessoais, proporcionando enriquecimento no quadro escolar e bem-estar dos indivíduos em geral. Palavras Chave: Psicomotricidade Relacional. Autoestima. Afetividade. Alfabetização. 1 Farmácia. Pós-graduanda lato sensu em Psicomotricidade Relacional pelo CIAR – Curitiba/PR (bydanimarcelino@hotmail.com) 2 Especialista em Educação Especial e Inclusiva. Psicomotricista Relacional. (carmen@ciar.com.br) 3 Dr.h.c em Psicomotricidade Relacional; mestre em educação especial; Pós-graduado em movimento humano; pedagogo e educador físico 4 1. INTRODUÇÃO A especialização em psicomotricidade relacional requer do profissional em formação um estudo teórico aprofundado, uma vez que está diretamente ligada ao exercício profissional. A terminologia afetividade, empregada, associada à fundamentação teórica e a prática profissional contribuem para a interpretação dos conteúdos e demandas e proporciona intervenções assertivas. Para entendimento da metodologia e para poder atingir os objetivos propostos pelo Estágio Supervisionado, é importante fazer uma leitura e interpretação de demandas latentes e manifestas das crianças em estudo, assim como realizar intervenções para atingir os resultados que esta metodologia psicomotora propõe. O presente trabalho demonstra a importância e a significação acerca da vivência do vocábulo “afetividade”, como um fenômeno psíquico que expressa emoções e sentimentos vivenciados no setting de psicomotricidade relacional na construção da autoestima das crianças. Como problemática, apresenta-se a seguinte questão: quais as mudanças significativas e positivas desenvolvidas a partir da vivência da afetividade? Tais mudanças estão referenciadas na teoria de André Lapierre, respondendo ao objetivo deste trabalho, que é apresentar a criação de vínculos afetivos e o desenvolvimento da autoestima. 2. METODOLOGIA A presente pesquisa caracteriza-se por uma abordagem técnica de caráter qualitativo e descritivo por utilizar filmagens e fotos efetuadas durante as vivências. A amostra selecionada foi composta por crianças de seis a oito anos, em processo de alfabetização, que realizaram as atividades de Psicomotricidade Relacional em uma escola pública municipal de Criciúma – SC. Realizaram-se quatorze sessões, com duração de uma hora cada, com um grupo composto de dez crianças. Em seguida, efetuou-se uma pesquisa nos arquivos de fotos e buscaram-se as imagens relacionadas ao termo “afetividade”. A partir daí, efetivou-se o estudo comprobatório das 5 teorias relacionadas ao tema, bem como a relação entre afetividade e a construção da autoestima nas crianças, a partir da atuação afetiva da psicomotricista relacional em formação. O uso de imagens para fins acadêmicos estão devidamente autorizados pelos responsáveis legais de todas as crianças que aparecem nas imagens. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1- A AFETIVIDADE E CONSTRUÇÃO DE AUTOESTIMA Um dos maiores desafios dos professores na escola é poder identificar quais as dificuldades que as crianças apresentam ao serem alfabetizadas e ensinadas. Alguns estudiosos verificaram que a afetividade tem um papel fundamental para construir o conhecimento. Assim, ao tentar verificar a influência que a afetividade tem na relação entre professor, aluno e objeto de estudo, observaremos algumas teorias citadas abaixo. 3.1.1 - Afetividade Uma das maneiras de acessar a mente dos seres humanos e promover mudanças é através dos sentimentos. As estruturas cerebrais sofrem diversas transformações até serem transcritas em impulsos nervosos e serem decodificadas e interpretadas pelo cérebro. A sede da afetividade primitiva inicia-se no sistema límbico com base apenas nas sensações de prazer e de desagrado, sendo que esses circuitos relacionais permanecem no inconsciente e são modelos das estratégias relacionais que tendem a repetir por toda a vida. (LAPIERRE; LAPIERRE, 2005). Cada contexto vivido por meio dos objetos e do corpo nas sessões de Psicomotricidade Relacional produz um significado simbólico e jogos imaginários, em especial a “linguagem do corpo, do gesto, da atitude, da mímica, do olhar, do objeto mediador simbólico, das tensões tônicas”, ou seja, a linguagem não verbal. As crianças expressam sentimentos profundos de forma inconsciente. As respostas costumam ser espontâneas e se estabelece uma comunicação profunda, no sentido de que mensagem utilizada não pode ser traduzida em palavras assim, 6 situado em nível límbico, das emoções e do afeto, “o inconsciente pode ser modificado sem passar necessariamente por uma verbalização e uma elaboração consciente. (LAPIERRE; LAPIERRE, 2005). Desta forma, o psicomotricista relacional utiliza suas estratégias de observação e no momento adequado faz a intervenção necessária. Neste trabalho o foco foi assegurar a possibilidade de se fazer intervenções afetivas que pudessem dar à criança mais segurança, proporcionando elevação de autoestima. (LAPIERRE; LAPIERRE, 2005). Segundo o dicionário Aurélio (2017), o significado de afetividade é faculdade afetiva; qualidade do que é afetivo, como também, função geral, sob a qual se colocam os fenômenos afetivos. Já o significado da palavra afetivo possui quatro possibilidades: em que há afeto, que mostra afeto ou afeição, relativo aos afetos ou de modo afetivo. 3.2- ANDRÉ LAPIERRE E PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL Assim como André Lapierre, estudiosos perceberam que a ligação entre afeto e a motricidade e também que o ambiente e oshábitos do indivíduo contribuem para uma melhora terapêutica. Lapierre constatou que a relação entre o terapeuta e indivíduo quando envolta em afetividade altera o estado emocional do paciente, fazendo-o progredir na terapia psicomotora (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSCICOMOTRICIDADE, 2016). Neste contexto, André Lapierre desenvolve o enfoque psicomotor na escola, procurando modos de contribuir com a aquisição de pré-requisitos necessários para a aprendizagem infantil e de ensino fundamental. (VIEIRA; BATISTA; LAPIERRE, 2005, p. 19 e 20). De acordo com a teoria do livro “Psicomotricidade relacional: a teoria de uma prática” (VIEIRA; BATISTA; LAPIERRE, 2005, p. 29), o autor ao continuar o seu trabalho “pôde dar à educação psicomotora todo um embasamento afetivo, passando a chamá-la de Psicomotricidade Relacional”. A psicomotricidade como vivência corporal, vai auxiliar (...) à criança, (...) a expressão e superação de conflitos relacionais: “Interferindo de forma clara, preventiva e terapêutica, no processo de desenvolvimento cognitivo, psicomotor e sócio emocional. Estes aspectos de desenvolvimento estão diretamente vinculados a fatores psicoafetivo relacionais destas pessoas” (VIEIRA; BATISTA; LAPIERRE, 2005, p. 32). 7 “Falar sobre a prática da Psicomotricidade Relacional significa falar sobre o que nos afeta e sobre o que afeta os outros. ” (BATISTA; VIEIRA, 2013 a p.7). Desta forma, percebeu que o corpo é tido como um lugar de sensibilidade, de afetividade, emoção, da relação consigo e com o outro. Compreendeu então que o corpo é tido como um corpo relacional, que pode e vive sensações, e que, através dele, podem-se desenvolver emoções e sensações psíquicas que interferem diretamente na autoestima de crianças. 3.3- TEORIA DA AFETIVIDADE DE PIAGET De acordo com Yves de La Taile (1992) apud Neto (2012), Piaget diz que a afetividade é interpretada como uma espécie de ”energia” que motiva o ser humano a realizar ações, (...) e fator motivacional descrito como afetividade. Ocorrem transformações concomitantes ao desenvolvimento intelectual, momento em que a criança inicia o desenvolvimento de seus sentimentos e as relações passam a ser mais complexas; julgam se gostam ou não de algo iniciando a fase dos conflitos, ou seja, há um impacto na autoestima, através da criação de “valores e interesses que estão relacionados coma afetividade como os sentimentos de autovalorização (...)”, (NETO, 2012, p. 13). Desta forma, no processo de ensino e aprendizagem, a vontade faz os alunos buscarem um significado para aquilo que está sendo ensinado, terem mais prazer e fixarem melhor o conteúdo estudado quando há um reconhecimento de sua capacidade. 3.4- TEORIA DA AFETIVIDADE DE VYGOTSKY Este autor discursa que a afetividade no processo de formação do ser humano é influenciada por fatores biológicos e sociais. O professor passa a ser o mediador do 8 conhecimento que não é aprendido no dia a dia. Assim, Vygotsky salienta a importância da vivência para construir conhecimentos. Kohl (1992) apud Neto (2012) afirma que Vygostsky conclui que nas situações corriqueiras os “processos passados pelo intelecto e pelo afeto ao se desenvolverem estão interligados entre si”. Outra observação de Kohl (1992) apud Neto (2012) é a de que Vygotsky defende que a motivação é essencial à formação do pensamento. Como fatores motivacionais colocados por Vygotsky temos o impulso, o afeto e a emoção. “ O pensamento é formado por esses fatores, uma vez que eles motivam o ser humano por meio do sentimento” (NETO, 2012, p. 19). O indivíduo aprende melhor quando tem prazer no que faz. Desta forma, a reação a uma determinada situação é intelectual. O indivíduo reflete e age de acordo com o que sente. Essa reação depende da emoção do outro, da forma como expõe os seus sentimentos e os coloca em evidência em um relacionamento entre duas ou mais pessoas. Segundo Neto (2012), Vygotsky entende que a base do pensamento é afetivo- volitiva, ou seja, que há uma grande relação entre o sentimento e o afeto que se tem pela matéria e/ou professor com a vontade de aprender o que é lecionado. Então, a relação entre aluno e professor pode auxiliar de forma positiva ou negativa no aprendizado, desta forma contribuindo, ou não, com sua autoestima. 3.5- TEORIA DA AFETIVIDADE DE WALLON Henry Wallon, com a teoria psicogenética, explica o seu ponto de vista sobre a afetividade no desenvolvimento cognitivo do ser humano. Segundo Dantas (1992) apud Neto (2012): “(...) a construção do sujeito e do objeto com a qual ele construirá seu conhecimento depende da alternância entre afetividade, ou seja, com o modo como o indivíduo vai relacionar o objeto de estudo com o seu cotidiano, discutindo ativamente com o professor, estabelecendo relações mais íntimas com o professor, e a inteligência caracterizada pelo processo de cognição do aluno”. (NETO, 2012. p. 21) 9 Afirma também que a teoria psicogenética é muito importante no desenvolvimento do indivíduo em vários sentidos: integração organismo-ambiente, integração cognitivo-afetiva e afetivo-motora. A sua genética irá se desenvolver de acordo com o ambiente e as pessoas com as quais ela convive. Assim, o lado afetivo terá a sua relação na aprendizagem entre alunos e professores, e a afetividade terá seu grau de importância no desenvolvimento da aprendizagem. De acordo com Mahoney e Ramalho (2005) apud Neto (2012), Wallon menciona 3 conjuntos: a) afetivo: caracterizado pelas emoções humanas, sentimentos; b) ato motor: deslocamento do indivíduo ao reagir em determinadas situações e emoções; c) conjunto cognitivo: obtenção do conhecimento através da transmissão da informação necessária para adquiri-la, pode ser por meio de fotos, vídeos, sons, dentre outros. Do mesmo modo, a interação afetiva cognitiva está enredada na interação com o meio, pois o indivíduo reage com o meio em que vive e com as pessoas nele inseridas. 3.6- – PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL: TEORIA E PRÁTICA Para a realização das sessões a sala necessita ser ampla, iluminada, segura e arejada, que permita um deslocamento livre, movimentos ampliados e facilitador da expressividade e liberdade de seu inconsciente. (VIEIRA; BATISTA; LAPIERRE, 2005) Segundo Vieira, Batista e Lapierre (2005), este espaço é carregado de significado simbólico, uma vez que os participantes ali depositam seus sentimentos mais diversos expressos por meio dos objetos intermediários de forma espontânea. O setting é o lugar onde são aceitas suas limitações ou habilidades, de forma que o psicomotricista relacional possa ser o continente, que passa segurança, confiabilidade e aceitação da criança, favorecendo a sua autoestima e sua autonomia. A Psicomotricidade Relacional utiliza alguns objetos tidos como clássicos, visto que foram largamente estudados e verificados quais os melhores para a expressão e decodificação simbólica dos comportamentos dos participantes pelo psicomotricista relacional em formação, sem ordem pedagógica, pela livre demanda de expressões. 10 Uma vez interpretado pela Psicologia que os movimentos voluntários conscientes estão ligados à afetividade e a emoção, a expressão de sentimentos inconscientes fica evidente e se expressa através dos comportamentos e de forma simbólica. As sessões de psicomotricidade relacional devem ter uma hora de duração (no mínimo) e frequência semanal e são subdivididas em três momentos: ritual de entrada, jogo dinâmico e ritual de saída. 5. RESULTADOS Tendo em vista o conhecimento científico acerca da teoria e as vivênciasefetuadas, pode-se constatar que a Psicomotricidade Relacional contribui para o desenvolvimento global do sujeito, assim como qualifica suas relações intrapessoal e interpessoal nas diferentes idades. O psicomotricista relacional em formação, durante as vivências pode utilizar de estratégias para atingir as crianças afetivamente, como ilustrado nas figuras abaixo. 5.1 RESULTADO DA INTERVENÇÃO NÚMERO 1 Na figura (F-1), durante uma das vivências, a criança aproximou-se do psicomotricista relacional e vestiu-o tal qual ela está vestida, realizando o seu desejo na identificação, confirmando o que a teoria diz: “Uma vez aceita em sua expressividade espontânea, a criança passa a aceitar de modo mais tranquilo o respeito às regras e ao outro. A consequência desta aceitação é a busca progressiva daquilo que mais deseja e necessita, que é a afetividade” (VIEIRA, BATISTA E LAPIERRE, 2005). Desta forma, segundo, Batista e Vieira (2013 a) “os problemas afetivo-emocionais do comportamento, associados ao fracasso escolar, levam a criança a desenvolver uma percepção de rejeição e abandono, alterando sua autoestima”. A intervenção assertiva do psicomotricista relacional modificou e ajustou o comportamento da criança de forma positiva, assim como promoveu sua autonomia e independência. 11 Figura (F-1) – Intervenção número 1 5.2 RESULTADO DA INTERVENÇÃO NÚMERO 2 Como registrado na Figura (F-2), através do olhar, houve uma comunicação não- verbal. Lapierre e Lapierre (2005) traduzem o momento, através desta citação: “Mas foram estabelecidas, entre a criança e o adulto [...] relações profundas, feitas de afetividade, de compreensão, de aceitação, que modificaram completamente todas as relações posteriores, até a mais convencional delas”. Assim como também afirma em outro momento: “Diante do olhar do outro, nosso corpo não para de falar, não deixa de se comunicar” (LAPIERRE; LAPIERRE, 2005, p. 107) Portanto, durante a observação, constataram-se melhoras significativas, como uma maior valorização da própria criança, aprimorando seu comportamento na reconstrução de limites e autonomia. 12 Figura (F-2) – Intervenção número 2 5.3 RESULTADO DA INTERVENÇÃO NÚMERO 3 Com base na afetividade, o encontro ilustrado na figura (F-3) pôde acontecer. O que Vieira, Batista e Lapierre (2005) citam como: “a afetividade é a estratégia mais importante na intervenção do psicomotricista relacional e consideramos que seu conteúdo deve estar na base de todas as relações que se mantêm na sala [...] Um encontro que dependendo de sua qualidade e ajuste irá favorecer para que a criança se sinta inteira emocionalmente e possa ousar a continuação de seu percurso rumo à maturidade de forma construtiva para si e para os outros”. Nesta criança, observou-se modificação profunda em seus comportamentos: limites, ajuste positivo da agressividade, inclusive a aproximação espontânea e toque do psicomotricista relacional. 13 Figura (F-3) – Intervenção número 3 5.4 RESULTADO DA INTERVENÇÃO NÚMERO 4 Segundo Vieira, Batista e Lapierre (2005), o tapete é muito utilizado quando a criança está em busca de contenção, afetividade e tranquilidade. Essa definição está representada pela figura (F-4), em que se percebe a entrega da criança neste espaço, a permissividade ao toque, disponível para ser acolhido, cuidado e protegido. Ainda segundo Batista e Vieira (2013 b), “Em nossa prática temos constatado que o encontro afetivo entre o adulto e a criança, dependendo de sua qualidade e ajuste, ajuda a criança a sentir-se inteira emocionalmente e estimula seu percurso rumo à maturidade de forma construtiva para si e para os outros. Logo, falar em afetividade é necessariamente falar em comunicação e em motivação, maior expressão do desejo de existir. É a capacidade de vivenciar os afetos que determinam as diferentes formas de relacionamentos entre as pessoas, distinguindo umas das outras”. 14 Figura (F-4) – Intervenção número 4 “Em geral, os problemas afetivo-emocionais do comportamento, associados ao fracasso escolar, levam a criança a desenvolver uma percepção de rejeição e abandono, alterando sua autoestima” (BATISTA; VIEIRA, 2013 (a), p. 95 e 96). Em relação aos fracassos escolares e na vida como um todo, podemos citar: “Sua incidência é maior na infância, porém perdura até a vida adulta. Quanto mais cedo o diagnóstico, menores os danos psicológicos. Este diagnóstico deve ser feito através de avaliação multidisciplinar” (BATISTA; VIEIRA, 2013 (a), p. 96). Pode-se reforçar a resposta de melhora na autoestima através de relatos da professora da turma em termos de comportamento, de aprendizado e relacionamentos interpessoais mais próximos e afetivos com colegas e professores. Com ênfase na prevenção, a psicomotricidade relacional na escola desenvolve os aspectos motores e emocionais/relacionais para que a criança consiga ter um desenvolvimento saudável e atingir seus objetivos dentro das questões motoras e emocionais de acordo com a sua faixa etária. Desta forma, a Psicomotricidade Relacional como atividade livre e espontânea, livre de preconceitos, favorece o desenvolvimento de laços emocionais que ficam gravados no inconsciente e favorecem, assim, o desenvolvimento global do ser, de fundamental importância na idade escolar, sendo imprescindível a sua prática em todas as escolas, quantas forem possíveis. 15 6. CONCLUSÃO O aumento da autoestima das crianças foi verificado através da observação de suas ações, que se tornaram mais seguras, confiantes, assumindo seus próprios desejos e ousando mais durante as sessões, contribuindo para uma melhora no rendimento escolar. Neste grupo de crianças trabalhado com vivências em Psicomotricidade Relacional, percebeu-se uma evolução geral do grupo no que diz respeito à autonomia, aceitação de si, manifestação de seus desejos, bem como melhora no rendimento escolar e relações interpessoais. Diante das manifestações de afetividade entre o psicomotricista relacional e as crianças nas sessões durante o estágio, pode-se concluir que tal intervenção estreita laços e promove mudanças significativas em sua mente, o que reflete em uma melhora em sua vida social, psíquica e afetiva. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. Histórico da Psicomotricidade. Disponível em: psicomotricidade.com.br/historico-da-psicomotricidade/ - Acesso em: 05/07/2016. AURÉLIO. Dicionário Aurélio Online. Disponível em: https://dicionariodoaurelio.com/afetividade Acesso em 29 de janeiro de 2017 BATISTA, M.I.B.; GUERRA, A.E.L.; VIEIRA, J.L. Curso de Formação Especializada em Psicomotricidade Relacional. Centro Internacional de Análise Relacional: Fortaleza, 2012. BATISTA, M.I.B.; VIEIRA, J.L. Textos e Contextos em Psicomotricidade Relacional. Vol 1. Fortaleza: RDS, 2013. (a) BATISTA, M.I.B.; VIEIRA, J.L. Textos e Contextos em Psicomotricidade Relacional. Vol 1. Fortaleza: RDS, 2013. (b) CIAR – CENTRO INTERMACIONAL DE ANÁLISE RELACIONAL. Pós-Graduação Lato-Sensu em Psicomotricidade Relacional. Disponível em: www.ciar.com.br/psicomotricidade-relacional/pos-graduacao-lato-sensu-em- psicomotricidade-relacional/ - Acesso em 9 de junho de 2016. 16 LAPIERRE, A.; LAPIERRE, A. O Adulto diante da criança de 0 a 3 anos: Psicomotricidade Relacional e formação da personalidade. 2ª ed. Curitiba: Editora UFPR, 2005. NETO, G.B. Uma breve visão sobre a afetividade nas teorias de Wallon, Vygotsky e Piaget. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie. Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Biológicas(licenciatura). 2012. VIEIRA, J. L; BATISTA, M. I. B; LAPIERRE, A. Psicomotricidade relacional: a teoria de uma prática. 2 ed. Curitiba: Filosofart, 2005.
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