Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ergonomia e Saúde Ocupacional Maria Luíza Corrêa Muniz Curso Técnico em Segurança do Trabalho Educação a Distância 2016 EXPEDIENTE Professor Autor Maria Luíza Corrêa Muniz Design Instrucional Deyvid Souza Nascimento Maria de Fátima Duarte Angeiras Renata Marques de Otero Terezinha Mônica Sinício Beltrão Revisão de Língua Portuguesa Eliane Azevêdo Diagramação Klébia Carvalho Coordenação Manoel Vanderley dos Santos Neto Coordenação Executiva George Bento Catunda Coordenação Geral Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação (Rede e-Tec Brasil). Novembro, 2016 M963e Muniz, Maria Luíza Corrêa. Ergonomia e Saúde Ocupacional: Curso Técnico em Segurança do Trabalho: Educação a distância / Maria Luíza Corrêa Muniz. – Recife: Secretaria Executiva de Educação Profissional de Pernambuco, 2016. 62 p.: il. Inclui referências bibliográficas. 1. Educação a distância. 2. Ergonomia. 3. Gestão de segurança e saúde no trabalho. I. Muniz, Maria Luíza Corrêa. II. Título. III. Secretaria Executiva de Educação Profissional de Pernambuco. IV. Rede e-Tec Brasil. CDU – 331:316.776 Catalogação na fonte Bibliotecário Hugo Carlos Cavalcanti, CRB4-2129 Sumário Introdução ........................................................................................................................................ 4 1. Competência 01| Compreender e Identificar os Serviços de Saúde Ocupacional Necessários à Organização, Assessorando-a no Cumprimento das Políticas de Segurança e Saúde do Trabalho (SST) .......................................................................................................................................................... 6 1.1 Breve histórico da saúde ocupacional ................................................................................................... 6 1.2 Norma Regulamentadora 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). .....................................................................................................................................11 1.3 Norma Regulamentadora 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). .............................15 1.4 Norma Regulamentadora 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). ............18 2. Competência 02 |Estabelecer Ações Preventivas e Corretivas para a Promoção da Saúde Ocupacional no Ambiente de Trabalho. ........................................................................................... 22 2.1 Riscos ambientais ................................................................................................................................22 2.2 Mapa de risco ......................................................................................................................................27 2.3 Medidas de prevenção dos riscos ........................................................................................................29 3. Competência 03 |Estruturar e Desenvolver Avaliação Ergonômica nos Ambientes de Trabalho .. 41 3.1 Surgimento da ergonomia ...................................................................................................................41 3.2 Entendendo a ergonomia ....................................................................................................................42 3.3 Classificação da ergonomia ..................................................................................................................47 3.4 Risco ergonômico ................................................................................................................................48 3.5 Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia ...........................................................................................53 3.6 Análise Ergonômica de Trabalho (AET) .................................................................................................55 Considerações Finais ....................................................................................................................... 59 Referências ..................................................................................................................................... 60 Minicurrículo do Professor .............................................................................................................. 62 4 Introdução Caro cursista, Seja bem-vindo à disciplina Ergonomia e Saúde do Trabalho do curso de Técnico de Segurança do Trabalho! Convido você a seguir nesta jornada e aproveitar este momento de interação para aprendermos um pouco sobre Saúde Ocupacional e Ergonomia. Entenderemos qual a importância dessa disciplina na prática diária do técnico de segurança do trabalho e como os conhecimentos dela irão dar consistência e facilitar as ações a serem realizadas por este profissional. Podemos destacar vários questionamentos que ao longo da disciplina vamos responder, como por exemplo: Quando e por que surgiu a preocupação com as condições laborais dentro das indústrias? Quais são os serviços que atuam na Saúde Ocupacional dos trabalhadores e como eles se estruturam e atuam nas empresas? Quais são os fatores de risco ambientais e porque a necessidade de identificá-los? O que é um mapa de risco, qual a sua importância e como é feita a sua elaboração? Quais os cuidados que se deve tomar ao elaborar medidas de prevenção em um local de trabalho? Quando surgiu a ergonomia e como ela se classifica? Como é realizada a análise ergonômica do trabalho? Pretendemos esclarecer e discutir todas as perguntas acima e acreditamos que ao fim da disciplina você, prezado cursista, estará apto a respondê-las. Mas não apenas isso, ao final, você, além de obter o conhecimento teórico, será capaz de identificar os riscos ambientais existentes em locais de trabalhos diversos e saberá elaborar um mapa de risco, além de ter as informações necessárias para colocar em prática uma análise ergonômica do trabalho. 5 Dessa forma, vamos começar a 1ª semana fazendo um apanhado histórico geral da saúde ocupacional, comentando como e quando surgiram os primeiros serviços voltados à prevenção de agravos em funcionários. Além disso, serão abordados através de Normas Regulamentadoras (NRs) alguns serviços que atualmente prestam atendimento de prevenção de doenças e acidentes no local de trabalho. Na 2ª semana, iremos conhecer os riscos ambientais detalhadamente e, posteriormente, aprenderemos o que é o mapa de risco e qual a sua importância. Mas não vamos parar por aqui, após aprendermos a identificar os riscos começaremos a pensar em medidas para preveni-los e deixar o local de trabalho o mais saudável possível. Encerraremos esta disciplina na 3ª semana, na qual será abordada uma ciência denominada Ergonomia. Vamos aprender onde ela surgiu, qual a sua importância, classificação e campo de aplicação. Por fim, iremos compreender como realizar uma análise ergonômica do trabalho e qual a sua importância e utilidade. Bons estudos! 6 1. Competência 01| Compreender e Identificar os Serviçosde Saúde Ocupacional Necessários à Organização, Assessorando-a no Cumprimento das Políticas de Segurança e Saúde do Trabalho (SST) Caro estudante, iniciaremos nosso conteúdo fazendo uma abordagem geral do histórico da saúde ocupacional no mundo e no Brasil. Vamos compreender quando surgiu a preocupação com a saúde dos trabalhadores e quais foram as medidas tomadas inicialmente na época da Revolução Industrial com o objetivo de reduzir os acidentes e prevenir os riscos existentes no ambiente laboral. Compreenderemos também como esse contexto levou à criação dos primeiros serviços de saúde ocupacional e, também, quais são eles atualmente e como funcionam dentro das empresas. 1.1 Breve histórico da saúde ocupacional Aos poucos o homem foi percebendo que algumas substâncias de origem animal, vegetal ou mineral, quando manipuladas ou ingeridas são capazes de produzir doenças e até mesmo de causar a morte. Há cerca de 400 anos, Paracelso discorreu: “Todas as substâncias são tóxicas. Não há uma que não seja veneno. A dose correta é que diferencia um veneno de um remédio.” Imagine você doente em um hospital e um funcionário ao lhe atender se confundisse e injetasse uma medicação em sua veia com o dobro da dose recomendada ou se você em sua casa deixasse os materiais de limpeza espalhados e seu filho bebesse grande quantidade de um desinfetante de ambientes. Esses acidentes poderiam gerar graves problemas de saúde! Devemos ter a consciência de que no nosso cotidiano estamos cercados de produtos químicos que podem ser prejudiciais a nossa saúde dependendo da forma que nos expomos a eles. Estas Competência 01 7 substâncias também estão presentes nos ambientes de trabalho e em contato com o corpo humano podem vir a gerar algum efeito indesejado. Figura 01 – Mineradores (Painel do Museu do Ouro – MG) Fonte:http://guayaberamineira.blogspot.com.br/200 8_11_01_archive.html (2016) Descrição: a figura 01 mostra três trabalhadores no âmbito da mineração representando o risco que esta atividade traz para o trabalhador. É importante sabermos que diversos fatores em conjunto vão interferir no desenvolvimento de alguma doença ocupacional, como por exemplo: o tempo de exposição ao agente, a concentração das substâncias, a quantidade do agente no ambiente laboral, a intensidade da exposição e a suscetibilidade individual do trabalhador. Sendo assim, quanto maior for o tempo e a intensidade de exposição ao agente, à concentração das substâncias, à quantidade do agente no ambiente laboral, mais vulneráveis ao adoecimento estarão os trabalhadores. Entretanto, o aparecimento ou agravamento das doenças ocupacionais serão determinados também pela suscetibilidade individual, ou seja, características particulares de cada pessoa. Algumas pessoas são mais altas, outras são magras, umas possuem a pele escura, outras, a imunidade mais baixa e determinados grupos têm uma facilidade maior a adquirir algumas doenças quando comparados a outros. A época da Revolução Industrial, que se iniciou na Europa (Inglaterra, França e Alemanha) e ocorreu entre 1760 e 1850, é uma grande referência para o surgimento de uma preocupação inicial com a saúde dos trabalhadores. Competência 01 8 Na escola, nas aulas de história, estudamos sobre esse tempo e como eram as condições de vida dos operários e como eles eram tratados pelos seus patrões. Você se lembra? Consegue se imaginar vivendo naquelas condições? Nessa época, as condições de trabalho eram precárias, não havia limites nas jornadas de serviço, o ambiente era fechado e as máquinas sem nenhuma proteção. Consequentemente, as doenças, os acidentes com mutilações e óbitos eram numerosos e as doenças infectocontagiosas se espalhavam rapidamente. Observe a figura abaixo: Figura 02 – Ilustração de Fábricas Fonte: http://www.fisica-interessante. com/aula-historia-e-epistemologia-da- ciencia-11-crise-da-fisica-1.html (2016) Descrição: a figura 2 mostra um parque industrial da época da revolução industrial com muita fumaça saindo das chaminés Nesse momento, em que a força de trabalho era explorada de forma desumana pensando apenas na produtividade e no lucro das grandes indústrias, tornou-se necessária uma intervenção na Recomendo o filme “Tempos Modernos” com Charlie Chaplin que de uma forma bastante divertida retrata um pouco da realidade dos trabalhadores na época da Revolução Industrial. Competência 01 9 tentativa de preservar a vida dos trabalhadores. Foi nesse contexto que surgiu, na Inglaterra, a medicina do trabalho. O interesse inicial pela medicina do trabalho brotou de um proprietário de uma fábrica têxtil chamado Robert Dernham, que estava preocupado com a saúde dos seus trabalhadores que não dispunham de nenhum cuidado médico, além dos prestados por instituições filantrópicas. Figura 03 - Crianças Trabalhando em Fábrica Têxtil Fonte: http://dannstoreoficial.blog spot.com.br/ 2015/09/a-revolucao-industrial-da.html (2016) Descrição: a figura 03 mostra duas crianças na época da Revolução industrial trabalhando, sem uma estrutura adequada, em uma máquina de uma fábrica têxtil. Dernham procurou o seu médico particular, Robert Baker, e lhe questionou qual seria a melhor maneira para ele resolver esta situação. A resposta de Baker foi: "Coloque no interior da sua fábrica o seu próprio médico, que servirá de intermediário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar a fábrica, sala por sala, sempre que existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas. E se ele verificar que qualquer dos trabalhadores está sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, a ele competirá fazer tal prevenção. Dessa forma você poderá dizer: meu médico é a minha defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade no que diz respeito à proteção da saúde e das condições físicas dos meus operários; se algum deles vier a sofrer qualquer alteração da saúde, o médico unicamente é que deve ser responsabilizado". Competência 01 10 Surgiu, assim, em 1830, quando Robert Dernham contratou Baker para trabalhar em sua fábrica, o primeiro serviço de medicina do trabalho. Gostaria que agora você relesse com atenção a resposta dada por Baker! Se prestarmos atenção, poderemos observar em suas palavras elementos básicos das expectativas do capital quanto às finalidades de um serviço de medicina do trabalho: Serviços dirigidos por pessoas de inteira confiança do empresário e que estivessem dispostas a defendê-lo; Serviços que fossem centrados na figura do médico; Seria uma tarefa eminentemente médica a prevenção dos danos à saúde resultantes dos riscos do trabalho; Ao médico cabia a responsabilidade pela ocorrência de problemas de saúde. Devido à inexistência ou precariedade dos serviços de saúde e por contemplar as expectativas dos empregadores, o modelo acima descrito se espalhou rapidamente entre vários países. Os serviços de medicina do trabalho passaram a criar e manter a dependência do trabalhador e de seus familiares ao mesmo tempo em que controlava diretamente a força de trabalho. Algumas indústrias, em especial nos Estados Unidos, mantiveram-se muito resistentes em prestar uma atenção especial aos problemas de saúde de seus trabalhadores. Nesses casos, as primeiras iniciativas em relação a serviços médicos apenas surgiram a partir do aparecimento da legislação sobre indenizaçõesem casos de acidentes de trabalho. Aqui o interesse principal dos empregadores era reduzir o custo das indenizações. E aqui no Brasil? Como ocorreu a evolução da Saúde Ocupacional? Competência 01 11 A América Latina, incluindo o Brasil, passou pelo processo da Revolução Industrial por volta de 1930, bem mais tarde que os países norte-americanos e europeus. Apesar da experiência já vivida pelos demais países aparentemente, não aprendemos nada e passamos pelas mesmas fases. Em 1970, o Brasil já era considerado o campeão de acidentes de trabalho. Aqui no Brasil os serviços médicos dentro das empresas foram criados por iniciativa dos empregadores e são razoavelmente recentes. Inicialmente consistia em assistência médica gratuita para os trabalhadores, originários geralmente do campo. Apesar da Organização Internacional do Trabalho (OIT) recomendar serviços com caráter essencialmente preventivos, os brasileiros eram geralmente curativos e assistenciais. Você conhece aquele ditado que fala que “é melhor prevenir do que remediar”? No Brasil acontecia justamente o contrário, não se evitava que o trabalhador sofresse um acidente ou adoecesse, apenas se tratava e curava os danos quando eles já tinham acometido um funcionário. Apenas em 1972 o governo brasileiro baixou a portaria nº 3237 e tornou obrigatória a existência dos serviços médicos, de higiene e segurança em todas as empresas com mais de 100 trabalhadores. Agora que já sabemos um pouco sobre o surgimento da Saúde Ocupacional vamos conhecer alguns serviços que existem nas empresas com o objetivo de preservar a saúde dos funcionários, como os que estão contidos nas normas regulamentadoras que apresentaremos a seguir. 1.2 Norma Regulamentadora 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). A Norma Regulamentadora (NR) 4 trata do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) que tem como finalidade promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no seu local de trabalho. Competência 01 12 Figura 04 - Objetivos do SESMT Fonte: http://segprevi.blogspot.com.br/2011/03/ profissionais-que-compoem-o-sesmt.html (2016) Descrição: a figura 04 mostra ilustrações de capacete, engrenagens de fábricas, enfermeira e estetoscópio, demonstrando que os objetivos do SESMT são segurança e saúde. Como foi visto na vídeoaula você, futuro técnico de segurança do trabalho, fará parte da equipe do SESMT. Mas quais serão suas funções e obrigações? Abaixo listaremos as possibilidades de atuação desses profissionais: Aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir ou até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador; Determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a eliminação do risco e este persistir, mesmo reduzido, a utilização, pelo trabalhador, de Equipamentos de Proteção Individual - EPI; Querido aluno, gostaria que agora você parasse a leitura deste caderno e fosse assistir à vídeoaula 02 desta disciplina. Nesta vídeoaula falaremos com detalhes como é feito o dimensionamento do SESMT de uma empresa. Você vai perceber que nem todas as empresas estão obrigadas a constituir este serviço. Competência 01 13 Colaborar nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e tecnológicas da empresa; Promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais; Esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção; Analisar e registrar em documentos específicos todos os acidentes e casos de doenças ocorridos na empresa; Registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças ocupacionais e agentes de insalubridade; Manter permanente relacionamento com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), valendo-se ao máximo de suas observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la. O SESMT deve manter uma estreita relação com a CIPA, estudando suas observações e solicitações, propondo soluções corretivas e preventivas, ou seja, precisa utilizá-la como um agente multiplicador. Em que situações uma empresa pode constituir um SESMT comum? As empresas, cujos estabelecimentos não se enquadrem no quadro II poderão juntar-se e organizar um SESMT comum. Esses serviços serão mantidos pelas empresas usuárias e as despesas serão estipuladas de acordo com a proporção do número de empregados de cada uma. Nesses casos, o dimensionamento será em função do somatório dos empregados das empresas participantes. Competência 01 14 Quem também pode constituir um SESMT comum são as empresas de mesma atividade econômica, localizadas em um mesmo município, ou em municípios limítrofes, mesmo que seus estabelecimentos se enquadrem no quadro II. O dimensionamento considerará o somatório dos trabalhadores assistidos. As empresas que desenvolvem suas atividades em um mesmo polo industrial ou comercial se enquadram em mais um caso com possibilidade de criação de um SESMT comum. O dimensionamento considerará o somatório dos trabalhadores assistidos e a atividade econômica que empregue o maior número entre os trabalhadores assistidos. Quando uma empresa poderá centralizar o seu SESMT? Sempre que a empresa desejar atender a um conjunto de estabelecimentos pertencentes a ela, desde que a distância a ser percorrida entre aquele estabelecimento que se encontra o serviço e cada um dos demais não ultrapasse 5000 mil metros. Outra situação, são empresas onde seus estabelecimentos isoladamente não se enquadrem no quadro II. Entretanto, elas ainda ficam obrigadas a cumprir a NR 4 quando o somatório dos empregados de todos os estabelecimentos do estado ou território alcance os limites previstos no quadro II. Nos casos em que alguns estabelecimentos se enquadrem no quadro II e outros não, a assistência aos não enquadrados será feita pelo serviço especializado dos que se enquadram. Quando a empresa contratante tiver obrigatoriedade de constituir um SESMT, por se enquadrar no quadro II, e a empresa contratada não, mesmo considerando o total de empregados nos seus estabelecimentos, a empresa contratante deverá estender os seus serviços aos funcionários da empresa contratada, sejam estes centralizados ou por estabelecimento. Ou seja, caso a empresa contratada não seja obrigada a constituir um SESMT, a empresa contratante fará esse atendimento utilizando o seu SESMT próprio. Competência 01 15 Outro caso é: nas situações e m que a empresa contratante e as outras por ela contratadas, sozinhas, não se enquadrem no quadro II, mas após o somatório dos seus empregados, no estabelecimento, atingirem os limites dispostos no referido quadro. Agora você já tem bastante informação sobre a NR 4, para saber mais e estudar o quadro II acesse o link abaixo: http://ww.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr4.htm 1.3 Norma Regulamentadora 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). O objetivo da CIPA é a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.Querido cursista, quando nos referimos à segurança do trabalho, a primeira palavra que deve vir a nossa cabeça é prevenção, e o principal objetivo da CIPA é justamente o de apoiar as empresas na adoção de medidas que eliminem, neutralizem, ou, pelo menos, reduzam os riscos ocupacionais nos ambientes de trabalho. Esta comissão é composta por trabalhadores da própria empresa que assumem o cargo através de um processo eleitoral. Para entender como acontece o processo eleitoral e o dimensionamento da CIPA acesse o link abaixo e leia a NR 5 na íntegra. http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr5.htm Vamos conhecer um pouco mais do papel da CIPA enumerando e comentando as suas atribuições: Competência 01 16 Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver. Mais adiante, veremos como elaborar um mapa de risco. Inicialmente, é importante termos em mente que o reconhecimento dos riscos ocupacionais é a primeira medida a ser adotada para que seja possível fazer o seu controle; Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho; Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho. É importante que a empresa eleja prioridades e elabore um cronograma das medidas a implementar, visto que nem todas poderão ser adotadas ao mesmo tempo; Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando à identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores. O ambiente de trabalho deve ser verificado periodicamente, visto que ele é dinâmico e é alterado constantemente; Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas. É importante checar se as medidas adotadas estão surtindo o efeito desejado ou se precisam ser ajustadas; Divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho. Os trabalhadores devem ser orientados sobre segurança e saúde no ambiente de trabalho de forma clara e precisa para se conscientizarem da importância das medidas de prevenção; Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho, relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores; Competência 01 17 Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; Colaborar com o desenvolvimento e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho; Divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho; Participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados; Figura 05 - Trabalho em Equipe Fonte: http://www.sbie.com.br/blog/5-atitudes-no-trabalho-em-equipe-para-motiva cao-profissional/ (2016) Descrição: a figura 05 mostra vários trabalhadores juntos montando um quebra- cabeças. Requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores; Requisitar à empresa as cópias da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) emitidas; Participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS; Competência 01 18 Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do T rabalho (SIPAT). Os membros da CIPA devem ter garantidos, pelo empregador, os meios necessários e tempo suficiente para a realização de suas atribuições constantes no plano de trabalho. A CIPA contará com reuniões mensais realizadas no horário do expediente normal da empresa. Poderão ser solicitadas reuniões extraordinárias quando houver denúncia de situação de risco grave e iminente que determine aplicação de medidas corretivas de emergência, ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal ou houver solicitação expressa de uma das representações. 1.4 Norma Regulamentadora 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Da mesma forma dos dois outros serviços que estudamos acima, o PCMSO tem como objetivo a promoção e a preservação da saúde dos trabalhadores só que através de ações de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho. O que seriam ações de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce? Quando uma empresa tem a preocupação de vacinar seus trabalhadores com a vacina de dT ela está tomando uma medida de prevenção, ou seja, prevenindo que os funcionários venham a adquirir tétano ou difteria. Competência 01 19 Figura 06: Trabalhador sendo Vacinado Fonte: http://www.paraisoweb.com.br/noti cias/function.php?sesi-imuniza-1239-trabalha dores-da-industria-de-palmas-contra-a-gripe & subaction=showfull&ucat=47&id=134 1887765 (2016) Descrição: a figura 06 mostra uma profissional de saúde aplicando uma vacina em um trabalhador. O rastreamento de uma doença como o diabetes, por exemplo, pode ser feito submetendo todos os empregados (os que têm sintomas, queixas e os que não sentem nada) ao exame de sangue de glicemia em jejum. Sendo assim, estamos procurando, rastreando casos de diabéticos nos nossos trabalhadores. Quando realizamos exames temos a possibilidade de fazer um diagnóstico precoce de determinado agravo, ou seja, descobrir uma doença antes que o doente apresente sintomas e seja prejudicado. Dessa forma, pode se iniciar um tratamento precocemente e melhorar as chances de um tratamento bem-sucedido. No funcionamento do PCMSO, o empregador tem algumas obrigações, entre elas podemos citar: Garantir a elaboração e implementação do PCMSO, bem como a sua eficácia; Custear, sem ônus para os empregados, todos os procedimentos relacionados ao PCMSO; Indicar ou contratar um médico para coordenar o PCMSO. Competência 01 20 Já ao médico coordenador do programa compete: Realizar os exames médicos previstos ou encaminhar o trabalhador para médico familiarizado com os princípios e causas da doença; Encarregar-se dos exames complementares profissionais e/ou entidades devidamente capacitados, equipados e qualificados. O PCMSO deverá obedecer a um planejamento em que estejam previstas as ações de saúde a serem executadas durante todo o ano. Estas ações vão compor um relatório anual que também deverá detalhar, por setores da empresa, o número e a natureza dos exames médicos, incluindo avaliações clínicas e exames complementares, estatísticas de resultados considerados anormais, assim como o planejamento para o próximo ano. Prevê ainda a realização obrigatória de exames médicos de acordo com a idade do funcionário, a atividade exercida, o tempo de serviço e a sua situação na empresa. Nesses exames devem ser realizados uma avaliação clínica com exames físico e mentale o histórico do trabalhador e exames complementares, caso necessário, como exames de sangue, urina e imagem, por exemplo. Os trabalhadores expostos a alguns riscos físicos e químicos necessitam realizar exames complementares com uma periodicidade específica. Esses dados podem ser observados nos quadros I e II desta NR. Ficou curioso? Quando esses exames são realmente necessários? Quem são os trabalhadores que devem realizá-los? Para tirar essas dúvidas assista a vídeoaula 03 desta disciplina. Competência 01 21 Para cada um desses exames realizados o médico deverá emitir o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) em duas vias, onde uma fica arquivada no local de trabalho e a outra é entregue ao trabalhador. Para ter acesso aos quadros e detalhes da NR 7 acesse o link abaixo: http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr7.htm Essa NR fala ainda que todo estabelecimento deve estar equipado com material necessário à prestação dos primeiros socorros e que este material vai variar de acordo com as características da atividade desenvolvida na empresa. Esta caixa de primeiros socorros ou armário deve estar em local de fácil acesso e sob a guarda de pessoa treinada para usá-lo. Figura 07: Material de Primeiros Socorros Fonte: http://www.equipamentosderesgate. com.br/produtos/0,70_kit-primeiros-socorro s-basico-ceppo (2016). Descrição: a figura 07 mostra uma caixa de primeiros socorros com vários itens para prestação de um atendimento de emergência, como gaze, esparadrapo e tesoura. Competência 01 22 2. Competência 02 |Estabelecer Ações Preventivas e Corretivas para a Promoção da Saúde Ocupacional no Ambiente de Trabalho. Na semana passada, estudamos alguns programas e serviços que buscam a segurança e a saúde dos trabalhadores. Nesta semana vamos conversar um pouco sobre os agentes que colocam em risco a segurança e saúde dos funcionários. Estes agentes são os riscos ambientais: químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos (ou de acidentes). As doenças ocupacionais e os acidentes acontecem decorrentes da exposição dos colaboradores a estes fatores. É importante que além de conhecer esses riscos nós saibamos medidas de prevenção e correção para evitá-los. 2.1 Riscos ambientais Consideram-se riscos ocupacionais, os agentes existentes nos ambientes de trabalho, capazes de causar danos à saúde do empregado. Os ambientes de trabalho, pela natureza das atividades desenvolvidas e/ou pelas características de organização, podem comprometer a saúde do trabalhador em curto, médio e longo prazo, gerando lesões imediatas, doenças ou até a morte, além de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa. No intuito de diminuir esses danos, torna-se necessária a investigação dos riscos no local de trabalho para conhecer a que fatores os funcionários estão expostos e que possíveis medidas de proteção podem ser aplicadas. Podemos avaliar os riscos ambientais existentes em um ambiente de trabalho de duas formas: O Ministério da Saúde elaborou um manual de procedimentos para os serviços de saúde onde consta uma lista das doenças relacionadas ao trabalho. Confira no link abaixo este material. http://www.segtreinne.com.br/manuais/lista_doencas_relacionadas_tra balho.pdf Competência 02 23 Avaliação Qualitativa - é a forma mais simples e também conhecida como forma preliminar. É utilizada apenas a sensibilidade do trabalhador que identifica a presença do risco. Ex: percepção do cheiro de vazamento de gás. Avaliação Quantitativa - é utilizada para medir, comparar e estabelecer. É necessário o uso de um método científico e a utilização de instrumentos e equipamentos destinados à quantificação do risco. Ex: Medir através de aparelho específico (dosímetro) o nível de ruído do ambiente. A NR-9, Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) considera como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho. Ficou curioso para saber as outras informações da NR-9? Acesse o link abaixo: http://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/05/mtb/9.ht Os riscos físicos são as diversas formas de energia, às quais os trabalhadores podem estar expostos. Os agentes geradores deste risco possuem a capacidade de alterar as características físicas do meio ambiente, exigem um meio de transmissão para propagar sua nocividade e agem até mesmo sobre indivíduos que não têm contato direto com a fonte de risco. São eles: ruído, vibração, radiações, extremos de temperatura, pressões anormais e umidade. Competência 02 24 Figura 08 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Umidade Fonte: http://supershe.zip.net/arch2009-05- 24_2009-05-30.html (2016) Descrição: a figura 08 mostra um funcionário de lava jato lavando um carro. Os riscos químicos são substâncias compostas ou produtos que podem penetrar no organismo pela via respiratória, pela via cutânea (através do contato com a pele) ou através do trato gastrointestinal (digestão). Podem ter ação localizada, quando atuam somente na região de contato, e ação sistêmica, quando são absorvidos e distribuídos dentro do organismo, afetando diferentes órgãos e tecidos. Exemplos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias, compostos ou outros produtos químicos. Figura 09 - Trabalhador Exposto ao Risco Químico Fonte: http://www.nrfacil.com.br/ blog/?p=3543 (2016) Descrição: a figura 09 mostra um funcionário com EPI completo manipulando produtos químicos. Competência 02 25 Os riscos biológicos são microrganismos, como as bactérias, os vírus e os fungos, incluindo os geneticamente modificados ou não, as culturas de células, os parasitas, as toxinas e os príons, capazes de provocarem infecções, alergias ou toxidades em seres humanos. Ainda podemos incluir mordidas e ataques por animais peçonhentos, domésticos e selvagens. Figura 10 - Trabalhador Exposto ao Risco Biológico Fonte: http://profjabiorritmo.blogspot.com. br/2010/08/niveis-de-biosseguranca.html(20 16) Descrição: a figura 10 mostra uma funcionária com EPI transportando animais em um laboratório Outros agentes existentes nos ambientes laborais e que são passíveis de causar danos aos colaboradores são os riscos ergonômicos e de acidente ou mecânicos. Os riscos ergonômicos estão ligados à execução de tarefas, à organização e às relações de trabalho, ao esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, mobiliário inadequado, posturas incorretas, controle rígido de tempo para produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno diurno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetição. Engloba também os fatores psicossociais e entre eles podemos citar as situações causadoras de estresse e o relacionamento interpessoal entre o trabalhador e seus colegas de trabalho ou a chefia. Competência 02 26 Figura 11 – Trabalhador Exposto ao Risco Ergonômico Fonte: http://luizsms.blogspot.com.br/2011/08 /simples-questao-de-ergonomia.html (2016) Descrição: a figura 11 mostra um funcionário se abaixando para pegar uma caixa. Os riscos de acidente ou mecânicos são muito diversificados e estão presentes no arranjo físico inadequado, pisos pouco resistentes ou irregulares, material ou matéria-prima fora de especificação,máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas impróprias ou defeituosas, iluminação excessiva ou insuficiente, instalações elétricas defeituosas, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos e outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes. Figura 12 - Trabalhadores Expostos ao Risco de Acidente Fonte: http://www.diariodasaude. com.br/news.php?article=acidentes-de- trabalho-causam-3-mil-mortes-por-ano -no-brasil (2012) Descrição: a figura 12 mostra dois funcionários trabalhando em altura. Competência 02 27 2.2 Mapa de risco O mapa de risco é a representação gráfica (em uma planta baixa) dos fatores de risco existentes em um setor de trabalho ou em toda a empresa. Esta representação é feita através de círculos de diferentes cores e tamanhos, permitindo fácil visualização de todos os riscos de uma empresa. Cada fator de risco é identificado por uma cor diferente que o representa, e o tamanho dos círculos vai ser de acordo com a graduação do risco que pode ser classificado em pequeno (leve), médio e grande (elevado). Essa graduação vai ser mensurada em conformidade com as sensibilidades dos trabalhadores. Figura 13 - Simbologia das Cores Fonte: http://www.uff.br/enfermagemdotrabalho/mapaderisco.htm (2016) Descrição: a figura 13 mostra um quadro que correlaciona as cores e tamanhos dos círculos aos seus riscos. O mapa é considerado um instrumento participativo que vai ser elaborado com a colaboração dos trabalhadores, que por sua vez serão organizados e acompanhados pela CIPA. A equipe do SESMT deve supervisionar e colaborar nesse processo. Este momento de elaboração possibilita a troca e divulgação de informações entre os trabalhadores, bem como estimula a sua participação nas atividades de prevenção. Competência 02 28 Agora que já sabemos elaborar um mapa de riscos vamos conhecer alguns benefícios ao adotá-lo: 1. Identificação prévia dos riscos existentes nos locais de trabalho aos quais os trabalhadores poderão estar expostos; 2. Conscientização quanto ao uso adequado das medidas e dos equipamentos de proteção coletiva e individual; 3. Redução de gastos com acidentes e doenças, medicação, indenização, substituição de trabalhadores e danos patrimoniais; 4. Facilitação da gestão de saúde e segurança no trabalho com aumento da segurança interna e externa; 5. Melhoria do clima organizacional, maior produtividade, competitividade e lucratividade. Depois de discutido e aprovado pela CIPA, o mapa de riscos, completo ou setorial, deverá ser afixado em cada local analisado, de forma claramente visível e de fácil acesso para os trabalhadores. O ideal é que logo na entrada da empresa tenha um mapa de riscos de todos os setores da mesma informando, assim, a todos os trabalhadores e funcionários dos riscos que podem ser encontrados em cada ambiente. Divulgar as informações é muito importante! Os resultados do mapa de risco têm que estar sempre expostos. Imagine que você trabalha em uma empresa que tem uma rampa de acesso a qual você nunca prestou atenção. Em determinado momento a equipe de segurança do trabalho informa que naquele local já ocorreram vários acidentes e decidem colocar piso antiderrapante, sinalizadores e corrimões. A partir deste momento você vai identificar aquele local como sendo perigoso, vai comentar com seus colegas de trabalho e vai tomar mais cuidado ao passar por lá, evitando assim outro acidente. Você como futuro técnico de segurança do trabalho tem que saber como elaborar adequadamente um mapa de risco para poder orientar corretamente os trabalhadores da CIPA. Vamos aprender a elaborar um mapa de risco? Assista a vídeoaula 04 desta disciplina e pegue todas as dica Competência 02 29 2.3 Medidas de prevenção dos r iscos Como vimos no exemplo acima, não adianta apenas fazer inspeções no ambiente de trabalho e identificar riscos. Precisamos pensar em soluções para que os riscos não causem mais doenças, nem acidentes. É preciso pensar em medidas que protejam os funcionários. Agentes Físicos Estes agentes apenas são encontrados em ambientes de trabalho específicos e em situações extremas. Vamos agora enumerar medidas de controle para o agente físico calor: Insuflação de ar fresco no ambiente (ventiladores e ar condicionado); Arejar o ambiente através da abertura de portas e janelas; Exaustão de vapores de água (ventiladores ou encanação); Uso de barreiras refletoras (alumínio polido, aço inoxidável), colocadas entre o trabalhador e a fonte geradora de calor; Automatização do processo (uso de máquinas no lugar de homens); Aclimatação, ou seja, inicialmente expor o trabalhador de forma gradual ao risco para que o organismo através da sua capacidade fisiológica se adapte ao ambiente; Reposição hídrica e salina (instalar bebedores em locais estratégicos no local de trabalho); EPIs (vestimentas de tecido leve, cor clara, que absorva o calor do organismo do funcionário e com sistema de ventilação acoplado). Competência 02 30 Figura 14 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Calor Fonte: http://www1. folha.uol.com.br/fsp/ ciencia/fe2311200901. htm (2016) Descrição: a figura 14 mostra um funcionário com EPI trabalhando em caldeira Vamos agora enumerar as medidas de controle do frio, outro agente físico: Aclimatação do trabalhador; Alimentação balanceada devido à perda grande de energia; Hidratação adequada; Evitar trabalhos solitários; Evitar trabalhos exaustivos que levem ao suor e consequente umedecimento das roupas; Não conter assentos metálicos nem sistema de ventilação; Sistema que permita a abertura das portas internamente; As roupas devem estar sempre limpas e secas e serem compostas de camadas múltiplas (calça, capote e luvas) e as botas de couro com forro. Competência 02 31 Figura 15 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Frio Fonte: http://www.sintracoopsc.com.br/?p=51368 (2016) Descrição: a figura 15 mostra um funcionário com EPI trabalhando em um frigorífico. Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico radiação ionizante: Áreas controladas delimitadas com sinalização e barreiras físicas com blindagem feita de concreto, aço ou chumbo; Utilização de avental plumbífero, protetor de gônadas e tireoide e óculos de vidro plumbífero com proteção lateral; Guarda adequada dos EPIs para evitar fissuras ou rompimentos no lençol de chumbo; Monitoração individual do agente. Figura 16 – Trabalhador Exposto ao Risco Físico Radiação Ionizante Fonte: http://maringa.odiario.com/ empregos/noticia/305952/raio-x-auxi lia-no-diagnostico-de-doencas/ (2016) Competência 02 32 Descrição: a figura 16 mostra um funcionário operando uma máquina de raio x. Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico radiação não ionizante: Utilizar protetor solar; Utilizar blusas de manga, calças compridas, chapéu árabe, óculos de sol e protetor solar. Figura 17 - Trabalhador Exposto ao risco físico Radiação Não Ionizante Fonte: http://ururau.com.br/cidades10664 (2016) Descrição: a figura 17 mostra um cortador de cana de açúcar usando EPI trabalhando. Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico pressões anormais: Capacitar quanto aos cuidados para evitar traumas e doenças descompressivas; Exames de rotina em dia e saúde do trabalhador perfeita. Competência 02 33 Figura 18 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Pressões Extremas Fonte: http://blue2lip.blogspot.com.br/2012/01/o-mergulho-e- os-dentes.html#!/2012/01/o-mergulho-e-os-dentes.html (2016) Descrição: a figura 18 mostra um mergulhador em atividade Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico ruído: Substituição de equipamento por um mais silencioso; Balanceamento e equilíbrio das partes móveis das máquinas, lubrificação dos rolamentos e regulação dos motores; Programação das operações de forma que fique o menor número de máquinas funcionando simultaneamente; Substituição de engrenagens metálicas por outras de plástico; Isolar a fonte através de barreira isolante e adsorvente de som; Monitoramento periódico no agente no ambiente de trabalho; EPIs – protetor auricular. Competência 02 34 Figura 19 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Ruído Fonte: http://irc_hsst.blogs.sapo.pt/ (2016) Descrição: a figura 19 mostra um funcionário com EPI manipulando uma máquina que faz ruído Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico vibração: Substituição de equipamentos que produzam vibração; Instalar amortecedores de vibração em assentos; Calibrar o pneu de veículos; Utilizar ferramentas com características antivibratórias; Colocar pedais de borracha nas máquinas; EPIs – luvas antivibração e botas de borracha. Competência 02 35 Figura 20 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Vibração Fonte:https://manualdotrabalho seguro.blogspot.com.br/2014_0 9_01_archive.html (2016) Descrição: a figura 20 mostra um funcionário manipulando no solo uma máquina que gera vibração. Vamos agora enumerar as medidas de controle do agente físico umidade: Construção de canaletas para permitir o escoamento da água utilizada; Realizar a atividade em piso que absorva a água; Utilização de EPIs impermeáveis (luvas, macacões e botas). Figura 21 - Trabalhador Exposto ao Risco Físico Umidade Fonte:http://mulheresmil.mec.gov.br/index.php?op tion=com_content&view=article&id=1584&catid=1 584&Itemid=228&lang=br (2016) Descrição: a figura 21 mostra uma pescadora em atividade. Competência 02 36 Agentes Biológicos São agentes encontrados em serviços de saúde. Vamos agora enumerar as medidas de controle dos agentes biológicos: Figura 22 Trabalhador Exposto ao Risco Biológico Fonte: http://www.respectautravail.be/pt/sector /healthcare/index_html (2016) Descrição: a figura 22 mostra médicos atuando em um procedimento cirúrgico. Substituir microorganismos por outros menos lesivos; Minimizar a proliferação de contaminantes no ambiente através de limpeza, desinfecção, ventilação e controle de vetores; Lavatório exclusivo para higiene das mãos provido de água corrente, sabonete líquido, toalha descartável e lixeira provida de sistema de abertura sem contato manual; Fazer uso das precauções padrão ou precauções universais. Inclui realizar os procedimentos com segurança, utilizar adequadamente os EPIs, evitar manipulação desnecessária de material biológico, manipular cuidadosamente instrumentos perfurocortantes, potencialmente contaminados, utilizar coletor resistente para descarte destes materiais e evitar o reencape de agulha ou a desconexão da agulha da seringa; Uso de EPIs (avental jaleco, gorro, máscara, luva, avental cirúrgico, protetor ocular, protetor facial, sapatos fechados, botas, pró-pé...); Competência 02 37 Fazer uso de dispositivos de segurança como conectores e sistemas de infusão sem agulhas, agulhas e seringas com travas de segurança e seringas com sistema retrátil da agulha; Lavar as mãos antes e depois de cada procedimento; Higienizar vestimentas utilizadas nos centros cirúrgicos e obstétricos, serviços de tratamento intensivo, unidades de pacientes com doenças infectocontagiosas; Vacinação; Não deve ser permitida a utilização de pias de trabalho para fins diversos dos previstos, o ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de lentes de contato nos postos de trabalho, o consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho, a guarda de alimentos em locais não destinados para este fim, o uso de calçados abertos e deixar o local de trabalho com os equipamentos de proteção individual e as vestimentas utilizadas em suas atividades laborais; Protocolos de atendimentos pós-exposição ao material orgânico. Agentes Químicos São identificados pelo grande número de substâncias que podem contaminar o ambiente de trabalho e provocar danos à integridade física e mental dos trabalhadores. Vamos, agora, enumerar as medidas de controle dos agentes químicos: . Sugiro a leitura do artigo científico no link abaixo para que você aprofunde ainda mais os conhecimentos acerca da temática “risco biológico”. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102- 311X2005000300007&script=sci_arttext Você sabe o que deve conter em um protocolo de atendimento pós- exposição ao material biológico? Assisti a vídeoaula 05 e conheça todas as condutas necessárias. Competência 02 38 Substituição do agente, substância, ferramenta ou tecnologia de trabalho por outro mais seguro, menos tóxico ou lesivo; Mudanças ou alteração do processo produtivo por automatização. Enclausuramento da operação, impedindo a dispersão do contaminante para o ambiente de trabalho. Figura 23 - Trabalhador Exposto ao Risco Químico Fonte: http://www.manmonthly.com.au/features/under standing-welding-fumes/ (2016) Descrição: a figura 23 mostra um funcionário utilizando EPI ao realizar manipulação que libera poeira. Isolamento ou segregação da operação. Pode ser feito o isolamento no tempo, que consiste em realizar as operações fora do horário normal, reduzindo assim o quantitativo de trabalhadores expostos, e o isolamento do espaço, que consiste em realizar o processo à distância da maioria dos funcionários; Umidificação do processo para controlar as poeiras; Implantação e manutenção de sistema de ventilação local exaustora adequada e eficiente. Consiste em esgotar os poluentes (poeiras, gases, vapores, fumos) na fonte antes de sua dispersão para o ambiente de trabalho; Medidas de higiene. O ambiente deve ser sempre limpo com água ou aspirador, ou umedecer a poeira a ser removida; Classificação e rotulagem das substâncias químicas; EPI (respiradores, cremes protetores, luvas e botas); Medidas de higiene pessoal. Cuidados como lavar as mãos, o rosto e os cabelos no fim da jornada de trabalho e nas pausas para refeições. Competência 02 39 Riscos de Acidente Os acidentes em um ambiente de trabalho são muito variados e vão depender da atividade que está sendo realizada. Sendo assim vamos enumerar algumas medidas gerais de controle dos riscos de acidente: Promover um ambiente de trabalho confortável; Manter o local de trabalho organizado com todos os objetos nos seus lugares e bem arrumados; Utilizar de forma correta os dispositivos de prevenção de acidentes. Figura 24 - Trabalhador Exposto ao Risco de Acidente Fonte: http://www.cut.org.br/destaques/21412/para-evitar-acidentes-trabalho-de- manutencao-na-rede-eletrica-deve-ser-feito-a-dois-exigem- sindicatos-do-setor (2016) Descrição: a figura 24 mostra dois funcionários realizando serviço em um poste de eletricidade. Medidas de controle gerais que podem ser utilizadas para todos os riscos: Educação continuada através de treinamentos e capacitações; Implantar rodízios e pausas na jornada de trabalho; Limitar o número de trabalhadores expostos; Manutenção periódica de máquinas e equipamentos; Utilizar sinalização para indicar a presença do risco; Competência 02 40 Realizar exames periódicos. Competência 02 41 3. Competência 03 |Estruturar e Desenvolver Avaliação Ergonômica nos Ambientes de Trabalho Nesta semana, vamos entender as particularidades do risco ergonômico, nos aprofundando mais um pouco nesta ciência que é denominada Ergonomia. Para isso, vamos saber como ela surgiu, qual o seu campo de atuação e a sua importância para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e minimização de acidentes e doenças relacionados ao trabalho. 3.1 Surgimento da ergonomia Como vimos na primeira semana, na época da Revolução Industrial, o avanço da tecnologia e a necessidade de mão de obra foram muito acelerados e como consequência os trabalhadores se encontravam em péssimas condições para exercerem seus ofícios. Os empresários eram alheios aos problemas dos homens, estavam apenas preocupados com o aumento da produção e dos lucros. Entretanto, chegou uma fase em que os índices de acidentes, adoecimentos e morte dos trabalhadores eram preocupantes. Muitos funcionários haviam ficado inválidos ou até morrido. Por causa disso, a falta de mão de obra começou a ser sentida e a se tornar um problema. Somaram-se a essa realidade os conhecimentos científicos e tecnológicos que foram aplicados na Segunda Guerra Mundial como o desenvolvimento de aviões, submarinos, tanques, radares e armas. Os soldados precisavam de muita habilidade para operá-los e as condições ambientais eram bastante desfavoráveis o que gerou, na época, diversos erros e acidentes fatais. Competência 03 42 Figura 25 - Segunda Guerra Mundial Fonte: http://vladimirexplica.blogspot.com.br/ (2016) Descrição: a figura 25 mostra um tanque de guerra, um soldado andando e outro caído. Logo após a guerra, já havia muitos profissionais envolvidos em projetos que visavam adaptar os instrumentos às características e capacidade dos soldados que operavam as máquinas. Em 12 de julho de 1949, na Inglaterra, essas pessoas se reuniram e foi lá onde oficialmente nasceu a ergonomia. Na mesma época, nos Estados Unidos, a marinha e a força aérea, juntas, montaram um laboratório de pesquisa ergonômica com o objetivo de aperfeiçoar aeronaves e submarinos. Por fim, a ergonomia ganhou impressionante avanço e enorme desenvolvimento tecnológico, disseminando-se rapidamente pela América e Europa, após a Corrida Espacial e a Guerra Fria. Alguns estudiosos creditam o surgimento da ergonomia ao homem primitivo que, diante da necessidade de se proteger e sobreviver, sem querer, começou a aplicar os princípios da ergonomia, buscando meios de tornar seus trabalhos mais fáceis e menos penosos. 3.2 Entendendo a ergonomia Caro cursista, você saberia dizer o significado da palavra ergonomia? Ela vem do grego, ergon que significa trabalho e normos que significa normas, regras, leis. Sendo assim, a Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho às características dos indivíduos, de modo Competência 03 43 a proporcionar-lhes um máximo de conforto, segurança e bom desempenho de suas atividades no trabalho. Segundo a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), esta ciência seria o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas. A Ergonomia surge como uma nova ciência, mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas como antropométrica, biomecânica ocupacional, anatomia, fisiologia do trabalho, psicologia do trabalho, desenho industrial, toxicologia e informática, que visam humanizar o trabalho e tornar mais produtivos os seus resultados. Antropometria - é o espaço onde o trabalho é desenvolvido (equipamentos, máquinas), devendo considerar os movimentos e dimensões do corpo humano. São feitos estudos das medidas das várias características do corpo como dimensões lineares, diâmetros e pesos e também pesquisas para o homem parado e em movimento (antropometria estática e dinâmica). Biomecânica - refere-se a aspectos mecânicos do movimento humano, incluindo considerações de alcance, força e velocidade dos movimentos do corpo. Vários aspectos são estudados na ergonomia como, por exemplo, postura e movimentos corporais (trabalho sentado, trabalho em pé, movimentação de cargas e levantamento de peso), informações captadas pela visão e audição, controle (relação de mostradores e controles) e cargos e tarefas. Competência 03 44 Figura 26 - Jornada de Trabalho em Pé Fonte: :http://americaservis.com.br/portal/ portfolio-item/conservacao-e-limpeza/ (2016) Descrição: a figura 26 mostra um porteiro exercendo seu ofício. O homem se torna o centro das atenções e cuidados, ele agora é a peça fundamental do sistema de produção. Os conceitos foram invertidos: se antes o homem tinha que se adaptar ao meio laboral, agora, o trabalho, os equipamentos e o meio é que têm de se moldar ao homem. A constituição, o potencial e as limitações humanas são analisados e não será exigido além da capacidade individual de cada pessoa. Mas o que significa adequar os equipamentos à natureza do trabalho? Significa que os equipamentos devem facilitar a execução da atividade. Por exemplo, uma cadeira pode ser confortável para assistir televisão, mas ser inconveniente a uma secretária que precisa ter acessos alternativos ao arquivo, ao microcomputador e ao telefone para realizar as suas tarefas. A cadeira que pode atender à natureza da atividade da secretária deve ter: rodízios, encosto, estofamento, regulagem de altura e dos braços, etc. Concluímos então que não há uma cadeira ergonômica de uso geral a todo tipo de atividade! Competência 03 45 A ergonomia está em todos os lugares: No lazer, na escola, no lar, no transporte... Além disso, o trabalho deve ser motivador e permitir a satisfação física e mental do funcionário e não ser encarado apenas como um meio de sobrevivência. Existe uma preocupação com as consequências sanitárias e psicológicas do ambiente, procurando torná-lo agradável e são. Acredito que já tenha ficado claro que os principais objetivos da ergonomia são o conforto, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores! Vamos imaginar um ambiente de trabalho onde o trabalhador passe o dia em pé, tenha uma equipe que não colabore, o clima de trabalho seja estressante, o ambiente sujo e ele não seja valorizado pelos seus superiores. A tendência é esse funcionário não gostar do seu emprego e não se sentir bem nesse ambiente. As consequências serão doenças, faltas, atrasos, insatisfação e diminuição da produtividade. O aumento da produtividade não é um objetivo da ergonomia, mas em geral acaba sendo uma consequência. Temos que entender que trabalhadores saudáveis esatisfeitos acabam produzindo mais. Vantagens do investimento com Ergonomia: A Ergonomia está ligada ao marketing da empresa, logo, gera lucros e solidificação no mercado; Ergonomia evita afastamentos do trabalho; logo, evita custos com doenças do trabalho; O trabalhador em ambiente confortável produz mais, logo, há aumento visível da produtividade da empresa; O retrabalho quase não existe. Competência 03 46 Você sabia que a Ergonomia se divide em três fases distintas? São elas: Primeira Fase ou Ergonomia Tradicional - Nesta fase, os cientistas tinham como objetivo redimensionar os postos de trabalho e, dessa forma, possibilitar um melhor alcance motor e visual dos funcionários. Os estudos ficaram centrados nas características físicas e perceptivas do ser humano e na aplicação de dados no design de controles, displays e arranjos de interesse militar. Segunda Fase ou Ergonomia do Meio Ambiente - Passa a se entender a relação do homem com o meio ambiente, os postos de trabalho são projetados de tal forma que isolam o trabalhador do ambiente industrial agressivo. Surge a preocupação com os efeitos que a temperatura, o ruído, a vibração, a iluminação e os aerodispersóides podem causam no homem. Nesta fase, as dimensões do trabalho e o ambiente passam a ser adequados ao homem. Terceira Fase ou Ergonomia de Software ou Cognitiva - A Ergonomia começa a operar em outro ramo científico, estudando e elaborando sistemas de transmissão de informação mais adequados à capacidade mental do homem, muito comum à informática e ao controle automático de processos industriais. Nesta fase, dá-se ênfase ao processo cognitivo do ser humano. Figura 27 – Automação do Trabalho Fonte: http://www.ngeletrica.com.br/blog/a-importancia-auto macao-industria-setores-produtivos (2016) Descrição: a figura 27 mostra uma montagem de automóvel feita por máquinas. Competência 03 47 3.3 Classificação da ergonomia Ergonomia de Concepção ou Ergonomia Proativa Já na fase de planejamento e concepção dos locais, postos e instrumentos de trabalho se realizam intervenções ergonômicas. É o tipo mais indicado, pois já se pensa em ambientes de trabalho adequados antes mesmo de os trabalhadores começarem suas atividades, não sendo necessário estabelecer alterações em situações previamente estabelecidas. Ou seja, antes de se abrir uma empresa e até mesmo de começar a construção de suas instalações e compra de suas máquinas e equipamentos já se realiza um estudo de base para que se faça essas ações da maneira mais ergonomicamente correta para os trabalhadores. Entretanto, não é a maneira mais fácil de trabalhar, visto que as decisões serão tomadas baseadas em situações não reais simuladas em computadores e modelos virtuais. Sendo assim, é exigida uma maior carga de conhecimento e experiência de quem for colocá-la em prática. Ergonomia de Correção ou Ergonomia Reativa Aqui as ações serão realizadas em ambientes reais onde as atividades laborais já são efetuadas. É quando se identificam problemas ergonômicos em algumas funções e são necessárias medidas para saná-las. Em algumas situações, a saúde e a segurança dos trabalhadores estão sendo colocadas em risco e, em outras, os problemas estão interferindo diretamente na produção. Nos dois casos, os problemas têm que ser resolvidos. Um aspecto problemático é que as soluções adotadas, muitas vezes, não são completamente satisfatórias, exigindo custo elevado de implantação. Ergonomia de Conscientização Neste tipo de ergonomia, a abordagem é um pouco diferente, pois os trabalhadores são capacitados, através de treinamentos de reciclagem individuais ou coletivos, para que eles mesmos sejam capazes de identificar e corrigir problemas que possam surgir no dia a dia do trabalho. Competência 03 48 Ergonomia de Participação O usuário do sistema passa a ser envolvido na solução de problemas ergonômicos. Parte-se do princípio básico de que o usuário detém o conhecimento prático que, muitas vezes, acaba passando despercebido pelo projetista na ergonomia de concepção. Por usuário, devemos entender o próprio trabalhador, quando se trata de alterações no posto de trabalho, e o consumidor, quando se trata do produto de consumo. 3.4 Risco ergonômico Quando falamos em risco ergonômico, é muito comum as pessoas se lembrarem de funções que envolvem movimentos repetitivos, longas jornadas de trabalho e carregamento de peso. Entretanto, você, aluno, como futuro técnico de segurança do trabalho, tem que saber o diferencial. Este risco envolve todos os fatores citados acima que estão associados a um ambiente de trabalho cansativo e com sobrecargas físicas, entretanto tudo que envolva o lado psicossocial do ser humano também é risco ergonômico. Podemos até falar que o risco ergonômico se divide nesses dois grandes leques de fatores. Um deles associado ao esforço desempenhado em atividades penosas e o outro relacionado ao lado psicológico e à convivência do trabalhador com os colegas no ambiente de trabalho. Os fatores que envolvem o lado psicossocial do trabalhador não devem ser considerados de menor importância, pois eles também podem afetar o trabalhador levando-o ao adoecimento. Você já ouviu falar da síndrome de burnout? Nesse momento assista a vídeoaula 07 desta disciplina e conheça esta doença, suas causas e consequências. Competência 03 49 Outros exemplos de riscos ergonômicos: relações desgastadas de trabalho, esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, mobiliário inadequado, posturas incorretas, controle rígido de tempo para produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de serviço prolongadas, monotonia, repetição e outras situações causadoras de estresse físico e /ou psíquico. Figura 28– Trabalhador Exposto ao Risco Ergonômico Fonte: http://fsindical-rs. org.br/noticias/comissao- -aprova-reducao-de-peso -para-carga-de-trabalha dor.html(2016) Descrição: a figura 28 mostra funcionário usando EPI carregando peso. Podemos enumerar diversas medidas de controle a serem implementadas em um ambiente, com o objetivo de eliminar ou reduzir os riscos ergonômicos. Vamos agora agrupar essas medidas de acordo com a atividade exercida. Transporte de Carga Sempre que possível, aproximar a carga do corpo quando ela estiver sendo levantada ou depositada; Competência 03 50 Nos estoques, os itens manuse ados com maior frequência e os mais pesados devem ficar depositados próximos da altura ideal de75 cm; Os objetos para serem carregados devem ter duas alças ou furos laterais para o encaixe dos dedos com as duas mãos e devem ser levantados com a palma das mãos. O uso somente dos dedos deve ser evitado, pois dessa forma se obtém menos força; Figura 29 – Transporte de Carga Fonte: http://jpconsultoriasms.blogspot.com.br /2012/02/ergonomia.html (2016) Descrição: a figura 29 mostra funcionário usando EPI levantando peso O volume não deve ter protuberâncias ou cantos cortantes nem deve ser muito quente ou frio, a ponto de dificultar o contato; Fazer uso da mecânica corporal (deixar os pés totalmente apoiados no chão e mantê-los afastados, manter as costas eretas o máximo possível, flexionar os joelhos e não curvar a coluna) e utilizar vestimentas que permitam liberdade de movimentos. Usar sapatos fechados e antiderrapantes; Sempreque possível, fazer uso de equipamentos para levantamento e transporte de carga, com o objetivo de aliviar o trabalho humano. Competência 03 51 Trabalho em Pé Intercalar tarefas que exijam longo período de tempo em pé com atividades que possam ser realizadas sentada ou andando; Permitir que os trabalhadores possam-se sentar, nas pausas; Conter bancadas reguláveis; Reservar espaço suficiente para as pernas e os pés; Evitar alcances excessivos com os braços, evitando assim inclinação e rotação do corpo; Alternar a postura. Figura 30 – Trabalho em Pé Fonte: http://taolegal.net/dia-do-balconista/ (2016) Descrição: a figura 30 mostra um balconista de farmácia atendendo. Desvantagens da Postura em Pé: Tendência à acumulação do sangue nas pernas, o que resulta em varizes; Sensações dolorosas nas superfícies de contato articulares que suportam o peso do corpo (pés, joelhos, quadris, etc.); Tensão muscular permanentemente desenvolvida para manter o equilíbrio o que dificulta a execução de tarefas de precisão. Competência 03 52 Trabalho Sentado Alternar a posição sentada com a posição em pé e andando; Os assentos devem ser giratórios, reguláveis, com apoio para região lombar e ser convexo ou vazado para acomodar as nádegas. Adotar cadeiras especiais para atividades específicas, como as que possuem braços, rodinhas ou possibilidade de inclinação para frente e para trás; Ajustar a altura da superfície de trabalho conforme a tarefa realizada; Compatibilizar as alturas da superfície de trabalho com as do assento; Evitar manipulações fora do alcance; Promover espaço adequado para as pernas. Figura 31 – Ambiente Laboral Ergonomicamente Correto Fonte: http://www.esportex.com.br/portal/saude/ implica coes-da-postura-sentada/ (2016) Descrição: a figura 31 mostra trabalhadora com mesa e cadeira reguláveis. Vantagens da Posição Sentada: Baixa solicitação da musculatura dos membros inferiores, reduzindo a sensação de desconforto e cansaço; Possibilidade de evitar posições forçadas do corpo; Menor consumo de energia; Facilitação da circulação sanguínea pelos membros inferiores. Desvantagens da Posição Sentada: Pequena atividade física geral (sedentarismo); Adoção de posturas desfavoráveis: lordose ou cifoses excessivas; Circulação sanguínea diminuída nos membros inferiores. Competência 03 53 Medidas Gerais Diminuir a jornada de trabalho; Aumentar o número de turnos ou de equipes; Realizar rodízio entre os funcionários; Estabelecer pausas para descanso durante a jornada de trabalho; Proporcionar assistência médica e exames periodicamente; Psicoterapia, hidroterapia, acupuntura e massoterapia; Diminuir a competitividade no ambiente de trabalho; Buscar metas coletivas; Diminuir a intensidade do trabalho; Orientar acerca de hábitos saudáveis de vida, como alimentação balanceada, exercícios físicos regulares, manter o sono diário de no mínimo seis horas; Saber administrar tempo levando em consideração além das questões do trabalho, o cuidado pessoal e o lazer; Cultivar o relacionamento interpessoal, buscando um bom relacionamento com colegas e trabalho, familiares e amigos; Terapias corporais de relaxamento, alongamento e reeducação postural. 3.5 Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia Esta NR tem como objetivo definir parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. Dessa forma, busca-se proporcionar Um das terapias corporais de relaxamento mais conhecidas, é a ginástica laboral. Ela tem sido amplamente adotada nas empresas com a intenção de melhorar a qualidade de vida dos funcionários no ambiente laboral. Assista a vídeoaula 09 desta disciplina que esclarece um pouco dessa prática. Competência 03 54 um máximo conforto, segurança e desempenho eficiente. Estas condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho. Com o intuito de manter a saúde e prevenir os acidentes entre os trabalhadores designados para o transporte manual de cargas, a NR 17 discorre sobre como o trabalhador deve realizar essas atividades e ressalta as diferenças que devem ser respeitadas no caso de trabalhadores muito jovens e de mulheres. Figura 32 – Trabalhador Transportando Carga Fonte: http://www.unifran.br/princi pal/salaDeImprensa.php?cod=2247 (2016) Descrição: a figura 32 mostra um trabalhador transportando carga e outra fornecendo instruções. Em ambientes de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes (salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, etc.) condições de conforto são recomendadas. Algumas delas seriam níveis de ruído de acordo com o estabelecido em normas, índice de temperatura efetiva entre 20 e 23ºC, velocidade do ar não superior a 0,75m/s e umidade relativa do ar não inferior a 40%. O conforto do trabalhador sempre deve ser uma prioridade em uma empresa! Trabalhador em ambiente confortável produz mais, adoece menos e vai trabalhar com mais satisfação. Também é possível proporcionar conforto através da utilização de mobiliário e equipamentos que sejam ajustáveis, respeitem a anatomia do corpo humano e a natureza do trabalho a ser executado. Competência 03 55 Quando nos referimos à organização do trabalho, devemos estar atentos às normas de produção, ao modo operatório, a exigência de tempo, a determinação do conteúdo de tempo, ao ritmo de trabalho e ao conteúdo das tarefas. Todos esses fatores quando mal ajustados podem interferir diretamente na saúde dos colaboradores. A NR 17 trata de todos esses temas de forma bem aprofundada e ainda traz dois anexos que falam do trabalho em teleatendimento e dos operadores de checkout. Para ter acesso a NR 17, clique no link abaixo: http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr17.htm 3.6 Análise Ergonômica de Trabalho (AET) É considerada uma ergonomia de correção e foi desenvolvida por pesquisadores franceses com o intuito de avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. É de responsabilidade do empregador realizar a AET. Através da aplicação dos conhecimentos da Ergonomia, faz-se a análise, o diagnóstico e a correção de uma situação real do ambiente de trabalho. Sendo assim, inicialmente se compreende as atividades dos trabalhadores, posteriormente se identifica um problema ou uma situação problemática e, por fim, realiza-se um diagnóstico que relaciona os diversos determinantes das atividades e suas consequências, tanto para os trabalhadores quanto para o sistema. Podemos concluir que a AET não pode ser realizada para toda a empresa, ela deve ter uma elaboração localizada para cada setor da empresa. São feitas análises das situações de trabalho: Condições Técnicas - estruturas gerais do sistema de produção, fluxo de produção, sistemas de controle, etc.; Condições Ambientais - estuda-se o layout, mobiliário, ruído, iluminação, temperatura; Competência 03 56 Condições Organizacionais - horas de trabalho, turnos, índice de retrabalho,
Compartilhar