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CCJ0013-WL-D-AMMA-21-Extinção das Obrigações III-01


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DIREITO CIVIL II
Profa. Dra. Edna Raquel Hogemann
AULA 21
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
2 - FORMAS ESPECIAIS DE 
PAGAMENTO
AULA 21
CONTEÚDO DE NOSSA AULA
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
2 - FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO
c) Confusão. 
d) Remissão de Dívidas
CONFUSÃO – ART. 381
• Confusão é a reunião, em 
uma única pessoa e na 
mesma relação jurídica, 
da qualidade de credor e 
devedor. O encontro, em 
um só indivíduo, dessa 
dupla qualidade de credor 
e devedor é estranho, pois 
ninguém pode ser credor 
ou devedor de si mesmo. 
De modo que, isso 
ocorrendo, a obrigação se 
extingue, por confusão. 
• Na compensação, há 
qualidades de sujeitos, 
com créditos e débitos 
opostos, que se 
extinguem 
reciprocamente, até onde 
se defrontarem. Na 
confusão, reúnem-se 
numa só pessoa as duas 
qualidades, de credor e 
devedor, ocasionado a 
extinção da obrigação.
• Em geral, a confusão resulta da herança. Aqui podemos 
exemplificar utilizando o CASO CONCRETO DE N. 02: 
O caso do filho que deve ao pai e é sucessor deste. 
Morto o credor, o crédito transfere-se ao filho, que é 
exatamente o devedor. Opera-se, neste caso, a 
confusão, desaparecendo a obrigação. Dentre outros 
casos, a confusão pode resultar, também, da cessão de 
crédito, do casamento pelo regime da comunhão 
universal de bens e da sociedade.
Espécies
• A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, 
ou só de parte dela (CC, art. 382).
Pode ser, portanto, total ou parcial. Na última, o credor não 
recebe a totalidade da dívida, por não ser o único herdeiro 
do devedor. Como no exemplo do caso concreto 2, os 
sucessores do credor são dois filhos e o valor da quota 
recebida pelo descendente devedor é menor do que o de 
sua dívida.
• Em se tratando de obrigação 
solidária passiva, e na pessoa 
de um só dos devedores 
reunirem-se as qualidades de 
credor e devedor, a confusão 
operará somente até à 
concorrência da quota deste. 
Se ativa solidariedade, a 
confusão será também parcial 
ou imprópria (em 
contraposição à confusão 
própria, abrangente da 
totalidade do crédito), 
permanecendo, quanta aos 
demais, a solidariedade.
Efeitos
• A confusão extingue não só a obrigação principal como 
também os acessórios, como a fiança, por exemplo. 
Mas a recíproca não é verdadeira. A obrigação principal, 
contraída pelo devedor, permanece se a confusão 
operar-se nas pessoas do credor e do fiador.
Extingue-se a fiança, mas não a obrigação. Igualmente se 
houver confusão entre fiador e devedor: desaparece a 
garantia, mas subsiste a obrigação principal.
Porém, “cessando a confusão, para logo se restabelece, 
com todos os seus acessórios, a obrigação anterior” Art. 
384.
• O fenômeno pode acontecer, por exemplo, no caso de 
abertura da sucessão provisória em razão da declaração 
de ausência e posterior aparecimento do 
presumidamente morto, ou ainda em caso de anulação 
de testamento já cumprido.
• Nestas hipóteses, não se pode falar que a confusão 
efetivamente extinguiu a obrigação, mas que somente a 
neutralizou ou paralisou, até ser restabelecida por um 
fato novo.
REMISSÃO DE DÍVIDAS
• Remitir é perdoar ou considerar como pago ou satisfeito. 
Para Clóvis Beviláqua remissão é a liberalidade do 
credor, consistente em dispensar o devedor de pagar a 
dívida. Por seu intermédio o titular do direito se coloca 
na impossibilidade de exigir o cumprimento da 
obrigação.
• Remissão é, portanto, o perdão de ônus ou dívida, ou 
seja, é a liberalidade efetuada pelo credor, com o intuito 
de exonerar o devedor do cumprimento da obrigação.
• O código Civil estabelece 
em seu artigo 385 que a 
remissão da dívida, aceita 
pelo devedor, extingue a 
obrigação, mas sem 
prejuízo de terceiro. 
• Por outro lado, a devolução 
voluntária do título da 
obrigação, quando por 
escrito particular, prova 
desoneração do devedor e 
seus coobrigados, se o 
credor for capaz de alienar, 
e o devedor capaz de 
adquirir (CC, art. 386).
• Fica por conta do devedor provar 
que foi o próprio credor quem 
espontaneamente lhe efetuou a 
entrega do título a que se refere o 
artigo 386 do CC.
• Embora o art. 324 declare que a 
entrega do título ao devedor firma 
a presunção de pagamento, sua 
posse, na hipótese de ter havido 
remissão, não é suficiente, 
devendo ser complementada pela 
prova da entrega voluntária, 
efetuada pelo credor.
• A remissão não se configura de forma automática pela 
simples manifestação do credor. É espécie do gênero 
renúncia. Embora esta seja unilateral, aquela se reveste 
de caráter convencional, porque depende de aceitação. 
O remitido (remido) pode recusar o perdão e consignar o 
pagamento. A renúncia é, também, mais ampla, 
podendo incidir sobre certos direitos pessoais de 
natureza não patrimonial, enquanto a remissão é 
peculiar aos direitos creditórios.
Espécies
• A remissão pode ser expressa ou tácita. A primeira 
resulta de declaração do credor, em instrumento público 
ou particular, por ato inter vivos ou causa mortis, 
perdoando a dívida. 
• A remissão tácita decorre do comportamento do credor. 
Resulta, por exemplo, da “devolução voluntária do título 
da obrigação” ao devedor, conforme preceitua o art. 386 
supratranscrito.
• Exige-se a efetiva e 
voluntária entrega do 
título pelo próprio credor 
ou por quem o 
represente, e não por 
terceiro. Contudo, a 
restituição voluntária do 
objeto empenhado prova 
a renúncia do credor 
somente à garantia real, 
mas não a extinção da 
dívida (CC, art. 387).
• Se o credor devolve ao devedor o trator dado 
em penhor, entende-se que renunciou somente 
à garantia, não ao crédito. (art. 387)
• A remissão concedida a um dos co-devedores 
“extingue a dívida na parte a ele 
correspondente; de modo que, ainda 
reservando o credor a solidariedade contra os 
outros, já lhes não pode cobrar o débito sem 
dedução da parte remitida” ( art. 388).
• Também preceitua o art. 262 do mesmo 
diploma que, sendo indivisível a 
obrigação, se um dos credores remitir a 
dívida, a obrigação não ficará extinta para 
com os outros; mas estes só a poderão 
exigir descontada a quota do credor 
remitente.
Vamos corrigir os casos 
concretos
CASO CONCRETO 1
Fernando Navarro é o melhor amigo de Marcelo Moreira, por 
isso não pode dizer não quando Marcelo pediu que fosse seu 
fiador no contrato temporário de locação da Loja Lan House 
que acabara de montar na Praia de Iracema, em Fortaleza, para 
funcionar durante o verão de 2005. A dona do imóvel, Paula 
Maria, também é uma velha conhecida de ambos os amigos. 
Depois disso, Fernando mudou-se para Orlando, na Flórida/EUA 
onde ficou por três anos.
Eis que para sua surpresa, Fernando é citado numa ação 
executiva porque Paula Maria ajuizou ação de execução de 
título executivo extrajudicial (contrato de locação) em face dele 
em razão do não pagamento dos alugueres dos últimos oito 
meses, posto que o contrato de locação fora aditado para tornar-
se por tempo indeterminado em maio de 2005.
Sem saber o que fazer Fernando procura você, 
seu advogado. Pergunta-se:
a) Você, como advogado de Fernando o que alegaria 
em sua defesa?
Gabarito sugerido – Utilizaria o Art. 366 do CC/2002 e 
Súmula n. 214 do STJ. Segundo o preconizado no art. 366 
do Novo Código Civil, importa exoneração do fiador a 
novação feita sem seu consenso com o devedor principal. 
No caso de novação do contrato de locação prevalece o 
verbete sumular n. 214 do Colendo Superior Tribunal de 
Justiça e segundo o qual: "O fiador na locação não 
responde por obrigações resultantes de aditamento ao 
qual não anuiu".
• b) Apesar de o contrato vedar expressamente a sua 
continuidade por prazo indeterminado, o advogado de 
Paula Maria alega que a responsabilidade dos fiadoresdeve persistir até a efetiva desocupação do imóvel e 
entrega das chaves. Isto está correto? Por quê?
• Gabarito sugerido - Está totalmente errado. No caso em 
apreço, o contrato de locação vedava expressamente a 
sua continuidade por prazo indeterminado, assim 
haveria a necessidade de instrumento autônomo para 
eventual renovação da locação, demonstrando, de per 
si, a insubsistência da responsabilidade do fiador após o 
seu termo final.
CASO CONCRETO 2
Depois de trabalhar por dois anos como entregador de 
pizzas em Nova York, Renato Augusto resolveu voltar para 
o Brasil e utilizar o dinheiro economizado para comprar seu 
primeiro carro. Só que o montante de suas economias foi 
insuficiente para que pudesse comprar o modelo desejado 
à vista, razão pela qual Renato Augusto, pede 
R$45.000,00 emprestados a seu pai, seu Antonio Manuel, 
para pagar em 90 dias.
Ocorre que antes do vencimento da dívida, seu Antonio 
Manuel foi vitimado por um ataque cardíaco vindo a 
falecer.
A partir da leitura do caso acima, responda:
a) Com a morte do pai, o que ocorre com a dívida do filho?
Gabarito sugerido – Este é um caso do filho que deve ao 
pai e é sucessor deste. Morto o credor, o crédito transfere-
se ao filho, que é exatamente o devedor. Opera-se, neste 
caso, a confusão, desaparecendo a obrigação.
b) Em que outros casos pode ocorrer confusão?
Gabarito sugerido - Dentre outros casos, a confusão pode 
resultar, também, da cessão de crédito, do casamento pelo 
regime da comunhão universal de bens e da sociedade.
c) E se Renato Augusto tivesse cinco irmãos e sua cota 
parte na herança fosse de R$40.000,00, como ficaria sua 
dívida com o pai morto?
Gabarito sugerido - A confusão pode verificar-se a respeito 
de toda a dívida, ou só de parte dela (CC, art. 382).
Código Civil:
Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a 
dívida, ou só de parte dela.
Pode ser, portanto, total ou parcial. Na última, o credor não 
recebe a totalidade da dívida, por não ser o único herdeiro 
do devedor. Como no exemplo trabalhdo em sala de aula, 
os sucessores do credor são seis filhos e o valor da quota 
recebida pelo descendente devedor é menor do que o de 
sua dívida.
QUESTÃO OBJETIVA
A respeito da novação, é CORRETO afirmar:
a) Se o novo devedor for insolvente e não tiver havido má-fé 
na substituição, tem o credor, que o aceitou, ação regressiva 
contra o primeiro.
b) A novação em nenhuma hipótese pode acarretar a 
extinção dos acessórios e garantias da dívida.
c) A novação por substituição do devedor não pode ser 
efetivada sem o consentimento deste.
d) Importa exoneração do fiador a novação feita sem o seu 
consenso com o devedor principal.
e) Podem ser objeto de novação, dentre outras modalidades, 
as obrigações extintas.
Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para 
extinguir e substituir a anterior;
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite 
com o credor;
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é 
substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.
Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito 
mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente 
a primeira.
Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser 
efetuada independentemente de consentimento deste.
Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, 
que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se 
este obteve por má-fé a substituição.
Ficamos por aqui! 
Não esqueça de ler o 
material didático 
para a próxima aula 
e de fazer os 
exercícios que estão 
na webaula.