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* * Isete Evangelista Albuquerque * * Isete Evangelista Albuquerque * * De acordo com Gagliano e Pamplona Filho (2010, p. 305), o inadimplemento absoluto é: [...] aquele que impossibilita o credor de receber a prestação devida [...], seja de maneira total, seja parcialmente [...], convertendo-se a obrigação, na falta de tutela jurídica específica, em obrigação de indenizar. * * * É aquele que ocorre em duas situações: *Impossibilidade de cumprimento ou recebimento da prestação devida. Ex.: compra de um veículo que deveria ser entregue hoje. Ocorre que, no percurso da entrega, o carro colidiu em outro, ocasionando a perda total. * Inutilidade da prestação por perda do interesse do credor. Ex. vestido da noiva entregue somente após o casamento. * * * Gagliano e Pamplona Filho (2010, p. 303) destaca que: Se o descumprimento decorreu de desídia, negligência ou, mais gravemente, por dolo do devedor, estaremos diante de uma situação de inadimplemento culposo no cumprimento da obrigação, que determinará o consequente dever de indenizar a parte prejudicada. Por outro lado, se a inexecução obrigacional derivou de fato não imputável ao devedor, enquadrável na categoria de caso fortuito ou força maior, configurar-se-á o inadimplemento fortuito da obrigação, sem consequências indenizatórias para qualquer das partes. * * * # Classificação quanto à responsabilidade: A) INADIMPLEMENTO FORTUITO → é aquele não resultante de ação dolosa ou culposa do devedor. Não há culpa do devedor. É sinônimo de inadimplemento não culposo. Previsão legal: art. 393 do CC. Efeito: não gera, em princípio, a obrigação de reparar o dano, SALVO se o devedor expressamente houver assumido a obrigação de indenizar, mesmo diante de inadimplemento fortuito. * * * B) INADIMPLEMENTO CULPOSO OU IMPUTÁVEL → é o resultante de ato culposo do devedor, impondo-se a ele o dever de indenizar a parte prejudicada. Há culpa do devedor. Previsão legal: art. 389 do CC. Efeito: gera a obrigação de reparar o dano. O devedor que culposamente não cumprir a obrigação responderá por perdas e danos, juros, atualização monetária e honorários advocatícios. * * * Isete Evangelista Albuquerque * * O retardamento culposo no cumprimento de obrigação ainda realizável caracteriza a mora, que pode ser do devedor (mora solvendi) ou do credor (mora accipiendi). Previsão legal: art. 394 e ss. do CC. Possibilidade e utilidade do cumprimento tardio da prestação, apesar da inobservância do tempo, modo e lugar convencionados: a prestação ainda é possível de ser cumprida e ainda há interesse do credor no cumprimento (é útil ao credor), sem prejuízo de exigir uma compensação pelo atraso. * * * Mora do devedor (debendi, debitoris ou solvendi): Ocorre quando o devedor retarda culposamente o cumprimento da obrigação. O devedor somente responde pelo seu atraso se restar comprovado que agiu com culpa. A responsabilidade do devedor depende da análise da culpa em sentido amplo – negligência, imprudência, imperícia, e dolo. * * * Requisitos da mora do devedor: * Existência de dívida líquida (certa e determinada) e vencida. Um devedor da quantia de R$100,00 a ser cumprida no dia 10 deste mês; chegado o vencimento e não paga, incorrerá em mora. Dívida vencida torna-se exigível, de modo que o retardamento culposo caracteriza a mora. * Culpa do devedor. – art. 396 do CC. Se o devedor provar que foi por caso fortuito ou força maior, exclui-se a mora do devedor. * Viabilidade do cumprimento tardio. * * * Espécies da mora do devedor: * Mora ex re (ou de pleno direito): É aquela em que o fato que a ocasiona está previsto objetivamente na lei. A mora é automática. Ocorrido o fato, configurada a mora. Ex.: obrigação com vencimento certo. Arts. 397 e 398 do CC. * Mora ex persona (ou de por ato da parte): É aquela que depende de providência por parte do credor para que se caracterize a mora do devedor. Art. 219 do CC: trata-se das obrigações perfeitas, em que, por não haver vencimento, a mora depende de notificação. * * * Mora do credor (credendi, creditoris ou mora accipiendi): Ocorre quando o credor recusa-se a receber a prestação no tempo, lugar e forma convencionados. Não se analisa se o credor teve ou não culpa pelo atraso. Simplesmente deve ser provado o próprio atraso. O ônus da prova da mora do credor é do devedor. Previsão legal: art. 400 do CC. * * * Requisitos da mora do credor: * Existência de dívida líquida (certa e determinada) e vencida. * Estado de solvabilidade do devedor. * Oferta real e regular da prestação devida pelo devedor; e * Recusa injustificada, expressa ou tácita, em receber o pagamento pelo credor. * * * Os efeitos estão no art. 400 do CC. Afasta do devedor isento de dolo a responsabilidade pela conservação da coisa. Ex.: o devedor foi devolver o carro emprestado, e o credor estando em mora de receber, poderá o devedor proceder ao depósito judicial à custa do credor em mora. Devedor isento de dolo: o devedor somente terá responsabilidade civil se tiver agido com dolo. Ex.: devedor dolosamente abandonar o carro em via pública, a sua responsabilidade permanece. * * * Obriga o credor a indenizar o devedor pelas despesas na conservação da coisa recusada. Ex.: se o devedor permanecer com o carro e fizer despesas, fará jus ao ressarcimento. Obriga o credor a receber a coisa pelo preço mais favorável ao devedor. Se fosse possível pagar o preço mais favorável ao credor, estar-se-ia incentivando o inadimplemento contratual. Ex.: se o devedor se obriga a transferir um carro num valor de R$40.000,00 em 10 de maio, e o credor causa o retardamento do recebimento, efetivando-se 10 dias após o convencionado, arcará o credor pelo pagamento de maior valor se o valor oscilar. * * * Mora simultânea: É aquela em que ambas as partes (credor e devedor) estão em atraso na obrigação. Para Maria Helena Diniz e Silvio Venosa, a mora de um anula a mora de outro. Assim, ninguém responderá pela mora de outro. * * * É a atitude voluntária da parte que tem por finalidade afastar ou neutralizar os efeitos decorrentes do atraso (do descumprimento da obrigação), ofertando a coisa devida (purgação do devedor) ou aceitando-a (purgação do credor). * * * A) Art. 401, I, do CC: Em caso de mora do devedor, purga-se a mora por meio da oferta de: Prestação + juros de mora + correção monetária + multa, cláusula penal (se houver) + honorários advocatícios. Mas, e se o atraso do devedor acarretar outros prejuízos ao credor? Se o atraso ocasionou danos emergentes e lucros cessantes, ou seja, se gerou perdas e danos, também haverá a obrigação de repará-los para purgar a mora. Então, tem que ser um valor suficiente para purgar a mora. * * * B) Art. 401, II, do CTN: Em caso de mora do credor, purga-se a mora se: O credor se oferecer a receber a prestação, sujeitando-se aos efeitos do art. 400 do CC decorrentes de sua mora, indenizando o devedor por todos os prejuízos que este tenha sofrido por conta do seu atraso. * * * Incluem os danos emergentes e os lucros cessantes, conforme art. 402 do CC. Dano emergente é o prejuízo causado à vítima, aquilo que efetivamente perdeu. Este dano acarreta a diminuição do patrimônio da vítima. Lucro cessante é o que a pessoa razoavelmente deixou de lucrar. Há a certeza do ganho, mas não da quantia deste ganho (critério da razoabilidade). É exatamente o que deixou de acrescer ao patrimônio lesado. * * * Incluem os danos materiais (ou patrimoniais – descumprimento contratual) e os danos morais (extrapatrimoniais – violação da lei/ofensa a direitos da personalidade). * * * Trata-se dos juros moratórios. São os juros com caráter indenizatório pelo retardamento no cumprimento da obrigação.Caráter punitivo. Não se confundem com os juros remuneratórios/compensatórios – remuneração de capital emprestado. Convenção de juros moratórios de até 12% ao ano ou, na falta de convencao, aplicação da taxa Selic (STJ). * * * É a obrigação acessória que incide caso uma das partes deixe de cumprir a obrigação principal. Ex.: fixação do pagamento de multa de 10% caso o aluguel não seja pago em dia. É uma pena pecuniária decorrente da convenção entre as partes - “pena convencional”. Finalidades: Meio de coerção para incentivar o cumprimento fiel da obrigação, e Prefixação de perdas e danos, independentemente de prova da existência de dano. * * * Características da cláusula penal: Acessoriedade (art. 409 do CC); Condicionalidade (art. 408 do CC); Compulsoriedade e subsidiariedade (arts. 410 e 411 do CC); Ressarcibilidade por constituir prévia liquidação das perdas e danos (art. 412 do CC), e Imutabilidade relativa (art. 413 do CC). * * * Espécies de cláusula penal: Compensatória: é a estipulada em caso de inadimplemento total da obrigação. O credor só pode exigi-la, já que a prestação não pode mais ser cumprida. Moratória ou compulsória: é a estipulada para evitar o retardamento culposo no cumprimento da obrigação ou para dar segurança especial a uma cláusula determinada. Neste caso, o credor pode exigir a prestação ainda realizável e a obrigação acessória. * * * Efeitos da cláusula penal: a) a sua exigibilidade independe da alegação de prejuízo, bastando o inadimplemento; b) o credor pode optar pela execução da prestação ao invés da pena, salvo se houver impossibilidade: art. 411 do CC. c) aplicação do art. 414, parágrafo único, do CC no caso de pluralidade de devedores * * * É o bem entregue por um dos contratantes ao outro, como confirmação do contrato e princípio de pagamento, que só se aperfeiçoa com a entrega do dinheiro ou da coisa). Espécies: Confirmatórias: são as utilizadas para confirmar o negócio jurídico. Servem de prefixação de perdas e danos. Se quem as pagar desistir, ficará sem elas. Se quem as receber desistir, devolvê-las-á em dobro. Cabe indenização suplementar. Penitencias: também servem de prefixação de perdas e danos. Não cabe pedido de indenização suplementar. * * * *
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