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O Processo de Enfermagem ao Paciente com Câncer de Próstata (CaP)
Prof. Dr. Vander monteiro – seminário integrador II
Discentes: BIANCA ZEN, MATHEUS ALMEIDA, ROSANGELA MONTEIRO, THAYNÁ VIANA & THATYANA ARAÚJO.
1. Introdução
	O Câncer de Próstata (CaP) caracteriza-se pelo crescimento exacerbado e desordenado das células prostáticas (Junior, 2007). A próstata é um órgão pequeno, com o formato de uma maça, situado logo abaixo da bexiga e adiante do reto, envolvendo a porção inicial da uretra, ou seja, integra o sistema reprodutor masculino (Silva et al., 2013).
	Este tipo de câncer acomete com freqüência homens na faixa etária entre 40 a 60 anos, não sendo insentos os das demais faixas etárias, configura-se como o segundo tipo de câncer que causa mais mortes na população masculina do Brasil. Apresenta inicialmente evolução silenciosa e assintomática, manifestando sinais e sintomas com o avanço da neoplasia no organismo. Devendo o tratamento ser individualizado com adequação ao paciente e seu quadro clinico (Paiva 2008). 
	Sabe-se a existência de fatores que predispõem o aparecimento desta patologia e do preconceito muitas vezes arraigado na base da sociedade e principalmente pelos homens, dificultando a atuação do profissional da área da saúde bem como impõem as barreiras que impedem sua atuação e total eficácia dos meios de prevenção, diagnostico, tratamento e reabilitação do CaP, alem dos medos, complicações e desestabilização familiar que a doença traz consigo. Com vista nisto, este trabalho tem como objetivo abordar esses temas e discorrer sobre esta temática com foco no impacto do CaP no ambiente familiar, suas complicações e as intervenções e assistência de Enfermagem para com o paciente portador desta patologia.
2. Aspectos Gerais do CaP
Fatores genéticos, ou seja, homens que tenham histórico de câncer de próstata na família têm maior probabilidade de desenvolver a doença;
Fatores hormonais, pois alguns estudos confirmam que homens que não produzem o hormônio testosterona têm menores chances de desenvolver o câncer de próstata, porém, outros estudos mostraram que a produção de testosterona não causa o câncer, mas em homens que já possuem a doença, o hormônio poderia estimular o crescimento do tumor;
Alimentação, devido aos especialistas acreditarem que uma dieta rica em gordura e pobre em verduras e frutas predispõe ao aparecimento do câncer de próstata bem como o sedentarismo (ausência da pratica de atividades físicas);
 Fatores ambientais, já que muitos estudos estão sendo feitos para comprovar se realmente o ambiente pode interferir no desenvolvimento do câncer de próstata um dos grande fatores vem a ser o stress e a ansiedade. 
2.1 Contexto Histórico
	O câncer é um problema de saúde pública no Brasil e a Política Nacional de Atenção Oncológica foi proposta como estratégia para ações integradas de controle das neoplasias malignas (Parada et al., 2008).Pela elevada incidência e mortalidade, o câncer é um problema de saúde pública no Brasil e em nível mundial. Daí a necessidade de ações direcionadas à prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e melhoria da qualidade de vida. Juntamente com o diagnóstico de câncer, a maioria dos clientes sente estar recebendo também sua sentença de morte, o que torna essencial a assistência psicológica (Stumm et al., 2010).
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2.2 Epidemiologia do Câncer de Próstata
	A idade média na qual o câncer de próstata é mais comumente diagnosticado se situa em torno dos 72-74 anos. Na ausência de programas de rastreamento estruturados somente 55% dos tumores estão clinicamente localizados no momento do diagnóstico. Estudos epidemiológicos atuais apontam para um crescimento das taxas de incidência de câncer de próstata em todas as partes do mundo. Isso pode estar relacionado aos programas de rastreamento, ao amplo emprego do antígeno prostático específico (PSA) e ao aumento da longevidade, especialmente relacionada à redução da taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares e, talvez, a influência de fatores ambientais, dietéticos ou outros ainda não identificados. Esses estudos preveem que, em aproximadamente 15 anos, o câncer de próstata será a neoplasia maligna mais comum do homem em todo mundo, estudo este comprovado visto os dados atuais desta patologia (Rhoden & Averbeck, 2010).
	De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (2016) no Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos e considerando ambos os sexos é o quarto tipo mais comum e o segundo mais incidente entre os homens. Mais do que qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A grande maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1 cm³ ) que não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem. Sendo estimados 61.200 novos casos para o ano de 2016.
Figura 1 (INCA, 2016)
2.3 Diagnóstico
	No que tange ao diagnóstico, normalmente ocorre de forma inesperada, e, sendo assim, tanto ele quanto sua família experenciam um misto de sentimentos, envolvendo angústia, ansiedade, medo da morte, sensação de impotência, dentre outros, inclusive com repercussões na qualidade de vida (Stumm et al., 2010).
	O referido tipo de câncer pode ser, inicialmente, assintomático, daí a necessidade de exames periódicos, incluindo o toque retal. Dentre os sintomas, o homem pode apresentar obstrução uretral com disúria, nictúria, incontinência urinária aguda, hematúria, anemia, perda de peso e uremia. O toque retal é o melhor método de detecção precoce, de maior sensibilidade, possibilitando que o médico avalie as condições da próstata. O Teste Antígeno Prostático Específico é de menor especificidade, comparado com o toque retal, usado como método complementar de diagnóstico (Stumm et al., 2010).
	Os diagnósticos psicossociais, que exigem do enfermeiro uma abordagem mais criteriosa na elaboração, foram registrados com baixa freqüência entre os artigos utilizados; sendo eles: ansiedade e medo, pertencentes ao domínio Enfrentamento/Tolerância ao Estresse. Portanto, ressalta-se a importância da enfermagem oncológica respaldar-se também nos diagnósticos psicossociais na elaboração do seu plano de cuidados, de forma a melhorar a assistência prestada (Ribeiro et al., 2016).
2.4 Tratamento
	As modalidades terapêuticas disponíveis para o tratamento radical do câncer de próstata localizado incluem radioterapia, cirurgia, hormonioterapia e quimioterapia, isolados ou combinados. Assumir o tratamento, passar pelos procedimentos e vivenciar os efeitos deles decorrentes se traduzem em experimentar sentimentos de revolta, de impotência e, principalmente, de não se reconhecer mais (Stumm et al., 2010).
	Uma forma construtiva de enfrentar a doença é valorizar o tratamento, pois os homens, mesmo sofrendo os efeitos colaterais, submetem-se a ele seguindo rigorosamente todas as orientações. Ressalta-se a importância de uma abordagem clara pela equipe de saúde, favorecendo a compreensão e a adesão do paciente ao tratamento. Há ainda à falta de informações a respeito da doença e do tratamento ou à não compreensão das informações recebidas dos profissionais da saúde como fatores determinantes para que o paciente não realize o tratamento (Stumm et al., 2010).
	No que tange à radioterapia, é um tratamento localizado, que usa radiação ionizante, produzida por aparelhos, realizada em regime ambulatorial, com doses diárias, por um período variável de dois meses As pessoas tratadas com radioterapia, segundo os autores, podem experimentar diversos efeitos colaterais, tais como dor, alterações cutâneas, perda da autoestima e confiança, choque emocional, confusão, ansiedade, angústia, medo, sentimentos de isolamento e mudanças na rotina. Daí a necessidade de cuidados
específicos de enfermagem, incluindo o apoio aos idosos, não só no sentido de lidar com os efeitos colaterais da radioterapia, como também no que tange aos problemas emocionais vivenciados por eles nesse período (Stumm et al., 2010).
3. Complicações do CaP
3.1 Complicações do Paciente J.S.P
	“Após três meses de espera J.S.P. iniciou o tratamento que durou quatro meses. Atualmente ele continua fazendo acompanhamento no ambulatório de oncologia do hospital especializado. J.S.P. Ficou com importantes sequelas relacionadas à doença e aos tratamentos, como impotência sexual, micção alterada, mobilidade prejudicada, redução da força física e dificuldade de lidar com seu papel de gênero no ambiente domiciliar”.
Como complicações do paciente J.S.P. são:
Impotência Sexual
	A impotência sexual (também amplamente chamada de disfunção erétil) é a incapacidade do homem de obter e manter uma ereção plena durante a atividade sexual. Há casos em que a ereção não é obtida suficientemente para permitir a penetração na parceira. Em outras situações, o homem efetua a penetração, mas não consegue manter a ereção prolongada, o que impede a consumação do ato sexual. Além de causar constrangimento para muitos homens, a impotência sexual pode afetar o relacionamento dos casais, prejudicando a intimidade sexual e emocional. No paciente J.S.P. isto ocorreu provavelmente devido a alguma lesão dos músculos ou nervos responsáveis pela ereção no decorrer da cirurgia que fora realizada para tratamento do CaP.
Micção Alterada
Existem diferentes graus de incontinência, que podem afetar o homem, não só fisicamente, mas emocional e socialmente:
Incontinência de Estresse – É o tipo mais comum de incontinência após a cirurgia de próstata, quando a urina pode escapar a um movimento repentino como tossir, rir ou espirrar.
Incontinência por Transbordamento – Quando a bexiga não é totalmente esvaziada. Neste caso, o homem leva um tempo grande para urinar e só consegue um fluxo fraco. Geralmente é causada pelo bloqueio ou estreitamento da saída da urina pelo tumor ou tecido cicatricial.
Incontinência de Urgência – Quando se tem uma necessidade súbita de urinar. Esse problema ocorre quando a bexiga torna-se muito sensível ao alongamento, ou seja, quando a bexiga enche de urina.
Mobilidade Prejudicada & Redução da força física 
	Estes dois fatores estão intimamente relacionados, sendo a mobilidade prejudicada o estado em que um indivíduo apresenta, ou está em ris­co de apresentar, limitação do movimento físico, mas não está imóvel. Mobilidade Física Prejudicada descreve um indivíduo com o uso limitado do(s) braço(s) ou perna(s) ou com limitação da força muscular. Mobilidade física prejudicada não deve ser usada para descrever a imobilidade completa; nesse caso, é mais aplicável a Síndrome do desuso. A limitação do movimento físico pode ser também a etiologia de outros diagnósticos de enfermagem, como déficit no auto cuidado ou risco para lesão. No paciente em estudo pode estar relacionada a diversos fatores devendo a equipe multiprofissional avaliar e intervir da maneira, mas adequada ao caso. No entanto a força física reduzida pode estar associada ao fator etário, psicológico e emocional limitando o paciente e ampliando ainda mais o sentimento de inutilidade e fardo que devem ser observados, averiguado e acima de tudo eliminados pela equipe de saúde para assim geral conforto e bem- estar ao paciente.
Dificuldade de lidar com seu papel de gênero no ambiente familiar 
	A sexualidade masculina, quando não devidamente abordada, pode comprometer a saúde do homem, revelando dificuldades, principalmente em relação à promoção de medidas preventivas (Gomes, 2003).
	Um dos recortes que se destaca é masculinidade, conceito que em várias culturas vem sendo impregnado de padrões de exigências sociais, que uma vez internalizados funcionam como registros, impelindo, por assim dizer, o homem a exercer e assumir papéis culturais de poderoso, salvador, protetor e provedor, caracterizando assim a preocupação com a saúde como função feminina. O diagnóstico de câncer é freqüentemente acompanhado de depressão, traduzida pelo fato de o paciente não conseguir manter uma atitude de aceitação interior. Como não consegue negar a doença, vê-se obrigado a reconhecer que tem um câncer, deprimindo-se no início da doença, ou durante o tratamento (Tofani & Vaz, 2007).
	A masculinidade não é algo dado, segundo Ramos (2000), mas algo que constantemente o homem procura conquistar. Aponta-se que a construção da masculinidade é atravessada por pontos carregados de inseguranças provocadas principalmente pelo medo do homossexualismo e da impotência. Gomes (2003) também refere que na construção da identidade masculina pode estar embutido, de forma contraditória, justamente o não cuidar de si, porque ser homem para alguns é ser alguém que é poderoso e imbatível.
	Ao encontrar-se em uma situação como a do senhor J.S.P muitos pacientes sentem-se mutilados e humilhados, com a realização da cirurgia vem também o sentimento de perca do papel de provedor, protetor e alicerce familiar, levando em muitos casos a um estado de profunda depressão e retração sentimental. Cabe a família apoiar seu familiar em todos os momentos desde o diagnostico à reabilitação, pois o mesmo necessita de apoio familiar para sentir-se necessário, indispensável e importante no ambiente familiar e por consonância no meio social.
4. Perspectiva Psicossociais do Paciente com CaP
	A participação da família no processo de cuidar é importante para ambos os atores envolvidos: paciente e família. O câncer é uma realidade no seio de muitas famílias e, nesses momentos, o grupo familiar vivencia problemas emocionais, espirituais, sociais e financeiros, tendo que se adaptar às situações suscitadas pela doença; entretanto, a família desempenha um papel importante na assistência, particularmente na promoção de conforto e segurança ao doente (Stumm et al., 2010).
	Suscita-se desta forma o auxílio da família para manutenção e realização das atividades diárias, ajuda na auto percepção e na restauração da imagem corporal, ocasionando alteração na dinâmica e processo familiar do portador de CP (Ribeiro et al. 2016).
	A família tem um impacto significativo sobre a saúde e o bem-estar de cada um de seus membros, po­dendo exercer considerável influência sobre suas en­fermidades. O adoecimento de um indivíduo, dependendo da gravidade, pode acarretar importantes alterações em seu cotidiano, tanto em aspectos físicos, psíquicos, econômicos, quanto sociais. Essas modificações, tam­bém, podem ser estendidas a esfera familiar a que este indivíduo pertence, pois, geralmente, entre ele e a fa­mília existem vínculos que os mantém conectados de tal forma que os eventos que acontecem a um membro da família podem, de alguma forma, comprometer o funcionamento de sua rotina e a estabilidade emocio­nal dos demais (Mathias et al., 2015). 
	Dentre as doenças algumas causam maior re­flexo social, físico e emocional, como a neoplasia de próstata. O adoecimento por câncer de próstata pode trazer importantes consequências na vida do homem e de sua família, em qualquer fase da doen­ça, desde o abalo emocional pelo diagnóstico; o medo da cirurgia; a incerteza do prognóstico e recorrência; os efeitos da radioterapia e quimioterapia, sobretudo, referente à sexualidade em seus amplos aspectos; o medo da dor e de encarar uma morte indigna (Mathias et al., 2015).
	O acometimento pelo câncer pode contribuir significativamente para haver uma desestruturação da base familiar em decorrência do sofrimento de to­dos os envolvidos. Isso acontece, porque, a família configura-se como um grupo hierarquizado de pes­soas que mantêm entre si laços de compromisso e re­lações afetivas. A confirmação do diagnóstico de câncer de próstata pode gerar ao homem e sua família momen­tos de difíceis decisões e enfrentamentos, principal­mente, quando ele desempenha papéis familiares de pai e/ou esposo (Mathias et al., 2015).
	Conviver
com a neoplasia de próstata significa experienciar uma saga que se inicia com o recebimento do diagnóstico e continua por toda vida, configurando-se num processo cuidativo dinâmico que ultrapassa limites de tempo e espaço, e independe da biologia ou resultado de exames, reflete na qualidade de vida do homem e sua família (Mathias et al., 2015). 
	A realização de exames para rastreamento e detecção precoce da neoplasia prostática são, ainda, práticas de autocuidado pouco seguidas pela população masculina. Em relação aos homens, tanto da zona rural quanto urbana, cabe considerar que a literatura aponta que estes não procuram a assistência de saúde de modo regular, indo somente quando em casos de emergência.Os pais/esposos investigados relatam que a doença os deixou fragilizados no que tange à realização de atividades laborais diárias, porém foram surpreendidos com o apoio de seus familiares que ajustaram sua rotina para dar continuidade ao serviço na agricultura, no cuidado com os animais, nas visitas frequentes e no acompanhamento durante o tratamento (Mathias et al., 2015).
	Alguns homens destacaram que o acometimento pela neoplasia os deixou mais vulneráveis, com sentimento de impotência por estarem limitados à efetivação de suas atividades antes desempenhadas, sendo que a família foi que impulsionou a melhora de sua autoestima. As mudanças na vida diária auxiliam para que o homem assuma uma nova posição/ condição social, ou seja, a de enfermo, vulnerável, com limitações e fragilidades expostas e necessitando de cuidados de terceiros. Em função da doença, há casos em que o homem se isola do convívio social ou desiste de participar de atividades de lazer e recreação, sendo que este tipo de atitude pode comprometer sua qualidade de vida, diminuir sua aproximação e intimidade entre os membros da família, resultando no sentimento de não pertencimento ao grupo (Mathias et al., 2015). 
	A vida sexual perpassa a relação de gênero, já que é um dos pilares na construção da masculinidade, expressando valores hegemônicos, como: virilidade, potência e dominação. Quando há diminuição ou impossibilidade de ereção há um impacto nos significados atrelados à(s) masculinidade(s), pois, a potência e a atividade sexual (com penetração) são vistos como símbolos da virilidade. No cuidado de enfermagem à família no processo de adoecimento do homem, pai/esposo, por neoplasia de próstata, o reconhecimento das singularidades da experiência vivida podem contribuir para ações de bem acolher e orientar/informar a família, considerando o contexto de vida e das práticas de cuidado, as crenças, os valores e a cultura (Mathias et al., 2015).
5. Sistematização da Assistência de Enfermagem
	A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) configura-se como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado, com base nos princípios do método científico. Tem como objetivos identificar as situações de saúde-doença e as necessidades de cuidados de enfermagem, bem como subsidiar as intervenções de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade. A SAE está pautada na implementação do Processo de Enfermagem (PE), que é considerado um plano de cuidados adequadamente utilizado, capaz de guiar e favorecer a continuidade da assistência de enfermagem, por meio da facilitação da comunicação entre enfermeiros e outros profissionais que prestam os cuidados (Nascimento et al., 2011).
	O Processo de Enfermagem possui cinco fases: investigação (coleta sistematizada de dados dos pacientes e seus respectivos problemas); diagnósticos de enfermagem (identificação de problemas pela análise dos dados coletados); planejamento (determinação dos resultados desejados, “metas específicas” e identificação das intervenções para alcançar resultados); implementação (colocação do plano em ação) e avaliação (determinação do sucesso no alcance dos resultados e decisão quanto às mudanças a serem feitas) (Nascimento et al., 2011).
	Embora o câncer afete todas as faixas etárias, a sua maior suscetibilidade está relacionada, sobretudo, aos fatores extrínsecos, tais como: o ambiente, em particular a ocupação, dieta, estresse e hábitos de vida. Trata-se, assim de uma doença complexa, que pode ser de longa duração e que compromete significativamente a vida dos indivíduos nas dimensões biológica, social e afetiva, exigindo assistência especializada de diferentes profissionais (SOUZA; SANTO, 2008).
	O cliente com câncer deve contar com uma ampla estrutura de apoio para enfrentar as diferentes etapas do processo, pois requerem intensos cuidados, exigindo da equipe de enfermagem conhecimento científicos e habilidades no tocante ao reconhecimento de sinais e/ou sintomas subjetivos próprios destes clientes (SOUZA; VALADARES, 2011).
	Diante do câncer, o paciente oncológico passa por completa mudança em suas relações sociais, familiares e consigo mesmo, portanto, é necessário que haja assistência humanizada capaz de vê-la como pessoa que sofre, mas que não perdeu sua essência. A assistência de enfermagem para pacientes com câncer deve ser vista como cuidado pleno, encorajador, afetuoso e comprometido em auxiliar na adaptação às novas condições de vida. O câncer remete ao medo de mutilações e desfiguramento, à perspectiva de tratamentos dolorosos e de muitas perdas provocadas pela doença, ainda é considerado pela maioria das pessoas uma doença incurável e com difícil aceitação por todos, além disso, traz consigo vários significados e na maioria deles negativos. Essa situação de sofrimento conduz a uma psíquica com características específicas (SOUZA; SANTO, 2008).
	Mediante isto o enfermeiro é direcionado a envolver- se plenamente com o cuidado, atentando não somente às necessidades psicobiológicas, mas também às necessidades psicossociais e psicoespirituais. As necessidades psicobiológicas referem-se à oxigenação, hidratação, nutrição, eliminação, sono e repouso, cuidado corporal, motilidade, locomoção, integridade física, integridade cutâneo-mucosa, abrigo, sexualidade, regulação (térmica, hormonal, neurológica, hidrossalina, eletrolítica, imunológica, crescimento celular, vascular), percepção (visual, olfativa, gustativa, auditiva, tátil e dolorosa), ambiente e terapêutica. As necessidades psicossociais incluem segurança, amor, liberdade, comunicação, criatividade, aprendizagem (educação à saúde) recreação, lazer, orientação no tempo e espaço, aceitação, auto-realização, autoestima, participação, auto- imagem e atenção. As necessidades psicoespirituais são de ordem religiosa ou teológica, ética ou de filosofia de vida. Todas essas necessidades estão intimamente interrelacinadas, uma vez que compreendem o ser humano em sua totalidade (Ribeiro et al., 2016).
	O papel da enfermagem é ajudar os pacientes não só a lidar com os efeitos colaterais como também com problemas emocionais durante todas as etapas do câncer. Todos os profissionais que interagem com o paciente nesse momento necessitam falar a mesma linguagem, ou seja, uma abordagem clara, simples, de fácil entendimento e, acima de tudo, não banalizar (Stumm et al., 2010).
	Cabe ao enfermeiro uma posição firme e segura que favoreça a tomada de decisão quanto à informação a ser fornecida, com o intuito de promover o bem-estar dos mesmos. Os enfermeiros que cuidam de pacientes oncológicos trabalham em um ambiente de grande exigência, seja pela alta complexidade, pelas manifestações de cada indivíduo, exigindo constante atualização de conhecimentos. Cabe a esses profissionais a sensibilidade de perceber, de captar o que realmente ele compreendeu das orientações que lhe foram transmitidas. Considera-se importante que os profissionais de saúde saibam perceber e ouvir as necessidades dos pacientes, ajudando-os a enfrentar as complicações que podem ocorrer ao longo do tratamento, incluindo a cirurgia e a radioterapia, dentre outras. Um fator importante no enfrentamento da doença pelo paciente é a rede de apoio que se forma em torno dele (Stumm et al., 2010).
Pesquisadores apontam a tendência dos enfermeiros a valorizar os aspectos biofisiológicos do paciente devido à herança do modelo biomédico. Por isso, a identificação das necessidades psicossociais e psicoespirituais exigem do enfermeiro uma abordagem mais aprofundada para (re) conhecer o problema que o paciente está experienciando e estabelecer um diagnóstico de enfermagem de maneira adequada. Assim, desvelando as possibilidades de cuidar do paciente oncológico, não somente na perspectiva do sofrimento, mas, sobretudo, na perspectiva do cuidado existencial, abarcando as suas necessidades e singularidades (Ribeiro et al., 2016).
	No que tange ao binômio paciente-família o enfermeiro contribui para a manutenção e promoção da coesão familiar, utilizando-se dos pontos da família para influenciar a saúde do paciente numa direção positiva, que o ajude no enfrentamento total ao estresse ocasionado pela doença (Ribeiro et al., 2016).
	A assistência de enfermagem ofertada ao paciente na oncologia visa prover o conforto, agir e reagir adequadamente frente à situação de morte com o doente e consigo mesmo; promover o crescimento pessoal do doente, valorizar o sofrimento e as conquistas, empoderar o outro com seu cuidado e empoderar-se pelo cuidado, lutar para preservar a integralidade física, moral, emocional e espiritual, vincular-se e auxiliar o outro e a si mesmo a encontrar significados nas situações (SALES et al., 2012).
	O processo de assistir e o cuidado ao paciente oncológico é uma área específica da enfermagem. A enfermagem é uma das profissões da área da saúde cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano. Cuidado é entendido como ir ao encontro, dar sentido à existência, buscar transpor a realidade do sofrimento e da dor, mediante formas criativas e efetivas e vislumbrando novos horizontes de cuidado. Desta maneira, o cuidar na enfermagem se traduz em uma dinâmica de troca e interação, alicerçada na confiança, respeito, ética e na experiência compartilhada de vida. Compete à equipe de enfermagem oncológica, além das atribuições de cunho técnico e assistencial, atividades de caráter educativo, relativas à prevenção, detecção precoce, cuidados e reabilitação, envolvendo equipe, paciente e familiares. Segundo os mesmos estudiosos, essas ações, uma vez concretizadas, contribuem na melhoria da qualidade de vida ou sobrevida dos pacientes oncológicos. A atuação do enfermeiro na reabilitação e tratamento do paciente com câncer é ampla e variada as suas intervenções, o planejamento é realizado considerando as especificidades vivenciadas de cada paciente, o processo de reabilitação tem como alvo o paciente e a família, requerendo que assistência seja prestada de forma holística (STUMM et al., 2008).
	O cuidar vai além de executar técnicas: ele envolve presença, confiança e atitude do profissional enfermeiro com o paciente que está sendo cuidado. Para cuidar, é preciso, em muitos momentos, colocar-se no lugar do outro e perceber, mesmo na linguagem não verbal, as necessidades fisiológicas e emocionais, proporcionando ao outro conforto e segurança, para que ele possa conviver melhor com os momentos difíceis, de forma mais amena e tranqüila (SOUZA; SANTO, 2008). Um simples gesto, um toque, o estar atento, um olhar, um sorriso carinhoso são considerados maneiras de expressar interesse pelo outro. Esta expressividade é considerada um instrumento importante para recuperação e bem estar dos seres cuidados, bem como para própria saúde e felicidade dos cuidadores, assim, a relação de cuidado é acompanhada de uma troca, um compartilhar de experiências vividas entre cuidadores e seres cuidados (PEDRO; FUNGHETTO, 2005).
6. Intervenções de Enfermagem
Afirmativas de Diagnóstico/ Resultados e Intervenções de Enfermagem para pacientes internados na clinica cirúrgica de um hospital escola Joao Pessoa (PB), Nascimento et al., 2009.
Afirmativas de Diagnóstico/ Resultados e Intervenções de Enfermagem para pacientes internados na clinica cirúrgica de um hospital escola Joao Pessoa (PB), Nascimento et al., 2009.
7. Conclusão
	Portanto, é imperativo proporcionar condições de apoio para que os enfermeiros estejam preparados para atuar no ambiente hospitalar oncológico e também no seio familiar (Ribeiro et al., 2016). Visto que a equipe de enfermagem mostra-se intimamente interliga ao cotidiano do paciente seja no ambiente hospitalar ou familiar faz-se necessário que estes profissionais conheçam as reais necessidades de seus pacientes para assim dar o suporte necessário não somente no que tange as questões biológicas e fisiológicas do individuo, mas também compreender o ser de forma holística, visando não apenas a doença, mas o paciente como um ser biopsicossocial provido de medos e anseios que devem ser considerados validos ou seja não menosprezados pela equipe de enfermagem, que deve acolher o paciente em todas as fases do câncer desde do diagnostico ate a reabilitação, monitorando cada fase com igual cuidado e importância priorizando o ser não a patologia. 
	Considera-se de forma geral a necessidade de uma maior atenção por parte da enfermagem para as questões espirituais e familiares já que o paciente oncológico encontra-se debilitado e precisando de apoio, compreensão e segurança. A enfermagem deve atuar como suporte e oferta aos pacientes um alicerce solido baseado em seus conhecimentos científicos à respeito da patologia e no cuidado humanizado e integral ao paciente e família. No entanto, há uma grande jornada a ser trilhada para alcançar a assistência ampla ao paciente oncológico principalmente na linha de cuidado espiritual, emocional e familiar pelo fraco rompimento do modelo biomédico que encontra-se implementado no sistema de saúde atual que visa a patologia e não o individuo como um todo, porém a adesão ao modelo biopsicossocial esta progredindo progressivamente mas não se encontra em totalidade. 
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