Buscar

Ética e Estatuto da Magistratura Nacional

Prévia do material em texto

Resumos Magistratura Federal | e-mail: resumos-magistratura-federal@yahoogrupos.com.br
Ética e Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional
2015
Resumo elaborado conforme o edital do XVI Concurso Público para Provimento de Cargo de Juiz Federal Substituto do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, tendo sido adaptado com informações do edital adotado pelo Tribunal Regional da 3ª Região.
Colaboradores: 
Adriana Nunes de Moraes
Bruno Jader S. Campos
Joelson Júnior Bollotti
Sumário
1	Ponto 1 - Regime jurídico da magistratura nacional: carreiras, ingresso, promoções, remoções	4
2	Ponto 2 - Direitos e Deveres Funcionais da Magistratura	9
3	Ponto 3 - Código de Ética da Magistratura Nacional.	18
4	Ponto 4 - Sistemas de controle interno do Poder Judiciário: Corregedorias, Ouvidorias, Conselhos Superiores e Conselho Nacional de Justiça.	22
4.1	Sistemas de Controle Interno do Poder Judiciário	22
4.2	Corregedoria	24
4.3	Ouvidoria	26
4.4	Conselho Nacional de Justiça	26
5	Ponto 5 - Responsabilidade Administrativa, Civil e Criminal dos Magistrados	31
5.1	Responsabilidade Criminal do Magistrado	31
5.2	Responsabilidade Civil do Magistrado	32
5.2.1	Artigo 1.744 do Código Civil, incisos I e II	33
5.3	Responsabilidade Administrativa do Magistrado	34
6	Ponto 6 - Administração judicial. Planejamento estratégico. Modernização da gestão	40
6.1	Introdução à Sociologia da Administração Judiciária	40
6.2	Aspectos Gerenciais da Atividade Judiciária (Administração e Economia)	41
6.3	Gestão	41
6.4	Planejamento Estratégico	42
Ponto 1 - Regime jurídico da magistratura nacional: carreiras, ingresso, promoções, remoções
Vige, em nosso ordenamento jurídico, o princípio da separação dos Poderes, sendo tão importante a ponto de configurar cláusula pétrea (art. 60, §4, III, da CF), não podendo ser objeto de deliberação qualquer emenda à Constituição tendente a abolir a separação entre os Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.
Nos termos constitucionais, é possível afirmar que o judiciário é Poder da República e seus integrantes são titulares de uma parcela da soberania estatal.
O Poder Judiciário é exercido pelos seguintes órgãos, nos termos do art. 92 da CF: a) Supremo Tribunal Federal; b) Conselho Nacional de Justiça; c) Superior Tribunal de Justiça; d) Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; e) Tribunais e Juízes do Trabalho; f) Tribunais e Juízes Militares; h) Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
A partir da natureza estrutural e organizacional do poder político, na sua repartição horizontal, coube ao Poder Judiciário privativamente a função estatal da jurisdição, mediante a atuação de vontade do direito nos casos concretos, por intermédio do processo judicial, sendo responsável pela pacificação social.
A divisão da estrutura judiciária brasileira é o resultado da repartição racional do trabalho da mesma natureza entre distintos órgãos jurisdicionais, pois o Poder Judiciário é uno, assim como é una a sua função precípua, que é a jurisdição, dotada do mesmo conteúdo e da mesma finalidade sempre.
São características da jurisdição: a) Lide: É um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida; b) Inércia: os órgãos jurisdicionais, em regra, dependem de provocação das partes (arts. 2º e 262 do CPC), salvo algumas exceções, como o inventário de ofício; c) Definitividade: toda decisão jurisdicional tem a tendência de se tornar imutável, não impugnável, formando coisa julgada. Após o seu trânsito em julgado, a sentença é revestida do caráter da imutabilidade, não podendo ser modificada, salvo exceções, como a desconstituição por meio de ação rescisória; d) Escopo de atuação do direito – a atividade jurisdicional tem por objetivo aplicar o direito ao caso concreto, restabelecendo a paz social; e) Substitutividade – cabe ao Estado resolver os litígios, substituindo a atividade das partes;
A jurisdição é nacional e não comporta divisões. O Poder Judiciário não é federal nem estadual, e sim nacional. O Poder Judiciário é um poder único que se positiva por meio de vários órgãos estatais: federais e estaduais.
São instituídos organismos distintos para uma divisão racional do trabalho, atribuindo-se a cada um deles uma fatia do total das numerosas causas que são processadas no país.
Para a distribuição de competência, são levados em conta critérios como a natureza da relação jurídica material controvertida, a qualidade de quem figurará como parte e, notadamente, o interesse público com o propósito de assegurar aos cidadãos a melhor prestação jurisdicional.
O Estado atribui a determinadas pessoas a função de prover os órgãos e de agir em nome dele, e qualquer ato que pratiquem investidos de jurisdição é atribuído ao próprio Estado, daí porque a natureza do cargo de juiz ser a de agente político, que exerce suas atribuições com prerrogativas e responsabilidades próprias estabelecidas na Constituição e em leis especiais.
Regime jurídico é o conjunto de regras de direito que regulam determinada relação jurídica.
No caso da magistratura nacional, a Lei Complementar 35/1979 – Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN) – é o regime jurídico único nacional a ser observado.
A LOMAN não somente prevê direitos, deveres, vantagens e obrigações aos magistrados, mas também assegura o pleno exercício da jurisdição, evitando a usurpação dos limites institucionais conferidos ao Judiciário nacional.
A importância de Lei Complementar para reger a carreira da magistratura reside no fato de o constituinte ter interpretado que determinadas matérias, nada obstante a sua relevância, não poderiam ser regulamentadas em sede constitucional, sob pena de dificultar-se eventual processo de alteração, tampouco poderiam comportar alterações constantes em processo legislativo ordinário.
Em diversos precedentes, o STF já afirmou que a LOMAN foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, de modo que seus dispositivos compatíveis com a Lei Fundamental têm plena vigência (ADI 841 – QO; ADI 1.152-MC; ADI 1.503; ADI 4.108-REF-MC; ADI 4.042-MC).
Emendas à Constituição Federal de 1988 já imprimiram significativas mudanças na organização e disciplina do Poder Judiciário, inclusive estabelecendo, no art. 93, caput, que “Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura”.
Entretanto, enquanto não editada a nova lei, permanece em plena vigência a Lei Complementar nº 35/1979, com interpretação necessariamente a partir das normas constitucionais que tratam da matéria.
A magistratura é uma carreira jurídica, cuja forma mais comum de ingresso é o concurso público de provas e títulos. 
O provimento dos cargos públicos pode acontecer de duas formas: originário e derivado. 
O provimento originário ocorre quanto o agente não está no quadro e presta concurso para ingressar.
O provimento derivado ocorre quando o agente já está no quadro e nele vai movimentar-se, de forma horizontal ou vertical.
Ou seja, existem as entrâncias inicial, intermediária e final. A movimentação é horizontal quando o juiz fica na mesma entrância (remoção ou permuta). Por outro lado, a movimentação é vertical quando o juiz vai de uma entrância para outra, por promoção ou acesso ao Tribunal.
O ingresso na magistratura de carreira pressupõe concurso público de provas e títulos, com a participação do Conselho Seccional da OAB em todas as fases, nos termos do art. 78 da LOMAN.
Observando-se a ordem de classificação, o aprovado no concurso será nomeado e investido no cargo de Juiz Substituto, no qual permanecerá por um período auxiliando ou substituindo magistrados mais experientes, antes de se tornar juiz titular.
É possível que se estabeleça curso preparatório (art. 78, § 1º da LOMAN). Sendo assim, é admissível que os tribunais criem o curso, que será tido como uma etapa do processo seletivo. Em SC já funciona dessa forma. 
A partir da EC nº 45/04, há imposição constitucionalacerca da exigência de 3 anos de atividade jurídica como requisito para a nomeação do juiz. Esta matéria encontra-se regulamentada na resolução nº 11/06 do CNJ, cujo art. 2º preceitua que “considera-se atividade jurídica aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito, bem como o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a utilização preponderante de conhecimento jurídico, vedada a contagem do estágio acadêmico ou qualquer outra atividade anterior à colação de grau”. Nessa toada, o STF tem admitido o exercício de atividades jurídicas de escrivão de polícia, oficial de justiça, etc.
Há uma discussão a respeito da exata contagem do prazo. Segundo o artigo 5º da resolução supramencionada, deve-se completar esse prazo com a inscrição definitiva no concurso. Atualmente, o STF entende que a contagem é feita a partir da conclusão do curso de Direito (e não da colação de grau) até a data da inscrição definitiva.
Conforme exigência do art. 78, §1º da LOMAN, “os candidatos serão submetidos a investigação relativa aos aspectos moral e social, e a exame de sanidade física e mental, conforme dispuser a lei”. Geralmente essa investigação é feita através de consulta a pessoas com as quais o candidato trabalhou, com o objetivo de obter informações para verificar a sua conduta. Porém, é necessário deixar claro que essa investigação não é determinante, embora sirva como apoio para saber se o magistrado terá condições de exercer o seu cargo. 
O recrutamento dos juízes por seleção, impingindo a escolha dos mais capacitados com idêntica oportunidade a todos, é uma caracterização de meritocracia, atendendo exatamente ao ideal democrático.
Durante os dois primeiros anos na carreira, prazo necessário para aquisição da vitaliciedade, o Poder Judiciário verificará, por meio de seus órgãos internos de controle, se o magistrado atende aos requisitos para a integração definitiva nos quadros da Magistratura.
O segundo grau de jurisdição admite outras formas de acesso. O acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância.
Nos termos do art. 94 da Constituição Federal, “um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes”.
Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação (art. 94, parágrafo único da CF).
Os Tribunais são majoritariamente compostos por juízes, cujo provimento se dá mediante promoção, que é a ascensão vertical na carreira.
A promoção na carreira submete-se à regra da alternância entre os critérios de antiguidade e merecimento.
A Constituição Federal, em seu artigo 93, II, dispõe que a promoção se dará de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e merecimento. Esses critérios são válidos tanto para a promoção horizontal (de entrância para entrância) quanto para a promoção vertical (de um grau de jurisdição para outro).
É interessante lembrar que entrância é diferente de instância.
Entrância é cada um dos segmentos (divisões) que compõem o primeiro grau de jurisdição. As comarcas, na Justiça Estadual, são unidades jurisdicionais que, apesar de assemelharem-se, não coincidem necessariamente com os municípios. Elas são classificadas em entrâncias de acordo com sua população, desenvolvimento, complexidade ou por outros critérios fixados pelo legislador. Na Justiça Federal, por sua vez, há Seções judiciárias (capitais) e Subseções Judiciárias (interior). 
Por outro lado, instância correspondente ao grau de jurisdição. O princípio do duplo grau de jurisdição assegura ao vencido a interposição de recurso para reexame de seu pleito em um grau superior da jurisdição, o segundo grau.
Quanto à promoção vertical, como dito, se dá através de antiguidade ou merecimento.
A antiguidade é critério meramente cronológico. É mais antigo aquele que permanece na carreira por mais tempo. Será o primeiro da lista elaborado de acordo com a ordem de ingresso na carreira ou no segmento considerado (entrância).
Merecimento é mérito, mas sua aferição obedece a parâmetro duplo, pois o mérito é verificado em conjunto com um mínimo de antiguidade.
Conforme entendimento do STF, a norma vigente ao tempo da posse dos interessados acerca do critério de antiguidade deve prevalecer para todos os fins.
Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA. PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE DE MAGISTRADOS. CRITÉRIO DE DESEMPATE. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO AO ESTADO. NORMA POSTERIOR. EFEITOS RETROATIVOS. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA, DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA. CRITÉRIOS DIFERENTES DAQUELES PREVISTOS NA LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA NACIONAL - LOMAN. CONTRARIEDADE AO ART. 93 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ORDEM DENEGADA. 1. O princípio da irretroatividade das normas e da segurança jurídica, na sua dimensão subjetiva densificada pelo princípio da proteção da confiança, veda que norma posterior que fixe critérios de desempate entre magistrados produza efeitos retroativos capazes de desconstituir uma lista de antiguidade já publicada e em vigor por vários anos. 2. Cuida-se de writ contra decisão do Conselho Nacional de Justiça que afastou critério de desempate aplicado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso em promoção de magistrados. 3. O tempo de serviço público como critério de desempate em detrimento da ordem de classificação no concurso para o cargo de juiz foi introduzido pela Lei Complementar estadual nº 281, de 27/09/2007, que inseriu o parágrafo único no art. 159 do Código de Organização Judiciária do Estado do Mato Grosso (Lei nº 4.964/85). 4. A legislação estadual não pode modificar matéria de competência de Lei Complementar nacional da magistratura, disciplinando critérios de desempate entre magistrados, esvaziando o animus do constituinte de criar regras de caráter nacional. Precedentes: ADI nº 4042, Relator Min. Gilmar Mendes, DJ 30/04/2009; ADI nº 2.494, Relator Min. Eros Grau, DJ 13/10/2006 e na ADI 1422 Relator Min. Ilmar Galvão, 12/11/1999. 5. Ordem denegada.
(MS 28494, Relator(a):  Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 02/09/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 16-09-2014 PUBLIC 17-09-2014)
Na apuração de antiguidade, o Tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação.
Os cargos vagos, bem como os cargos providos, mas cujos ocupantes estejam afastados cautelarmente do exercício da função jurisdicional, não devem ser computados para o fim de determinação do referido quórum. Contudo, devem ser levados em consideração os cargos preenchidos por membros afastados em caráter eventual, nesses incluídos todos aqueles que, juridicamente aptos a exercer suas atribuições, estejam impedidos por motivos transitórios.
Ementa: CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – ATUAÇÃO. O Conselho Nacional de Justiça atua no campo administrativo, devendo ter presente a independência versada no artigo 935 do Código Civil. PROMOÇÃO – MAGISTRADO – ANTIGUIDADE – QUÓRUM – APURAÇÃO. O quórum de dois terços de membros efetivos do Tribunal ou de seu órgão especial, para o fim de rejeição de juiz relativamente à promoção por antiguidade, há de ser computado consideradas as cadeiras preenchidas e aqueles em condições legais de votar, observadas ausências eventuais.
(MS 31357, Relator(a):  Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 05/08/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-196 DIVULG 07-10-2014 PUBLIC 08-10-2014)
Conforme art. 93, II, e da CF, “nãoserá promovido o juiz que, injustificadamente, retiver os autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão”.
A promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago. A finalidade de tais requisitos é impedir que, a pretexto de se atender ao critério de merecimento, fosse promovido um juiz distanciado da antiguidade.
Note-se que, excepcionalmente, e em atenção ao interesse público de provimento da unidade jurisdicional por um juiz titular, nos termos do artigo 93, II, b da CF, poderá ser promovido por merecimento um juiz que não tenha o biênio na entrância e não esteja na primeira quinta parte da lista de antiguidade, e isso acontecerá se não houver tais requisitos quem aceite o lugar vago.
Para se aferir o mérito no critério de merecimento, a Constituição Federal, em seu artigo 93, II, c, previu 05 elementos: desempenho, produtividade, presteza, frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento. 
A partir dos ensinamentos de José Renato Nalini, tais elementos são delineados na forma a seguir:
a) Desempenho: é conceito indeterminado que não pode ser medido pela produtividade nem pela celeridade. Desempenho é um complexo de atributos, que envolve a atuação integral do juiz, e que corresponde a um conjunto de qualidades a evidenciar que o magistrado é de fato vocacionado;
b) Produtividade e Presteza: devem ser aferidos com objetividade. Produtividade não significa mera quantificação de decisões. Julgar muito nem sempre significa julgar bem, no sentido de conferir ao litígio a solução mais equânime. Por outro lado, a presteza é a reiteração da insistência com que o constituinte almeja que o juiz brasileiro seja célere na outorga da jurisdição.
c) Frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento: atualmente, a ascensão funcional do juiz, mediante o sistema de promoções, depende também de cursos específicos. A promoção por merecimento não pode prescindir do compromisso permanente de cada magistrado com o seu projeto pessoal de aprimoramento. Com a EC 45/2004, as Escolas da Magistratura obtiveram condição diferenciada, com vistas à realização de cursos oficiais de preparação e aperfeiçoamento e promoção de magistrados.
É obrigatória a promoção do juiz que figure três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento (artigo 93, II, a, da CF).
Os juízes que ingressam nos tribunais por força do quinto constitucional estão liberados de todas essas exigências (art. 94 da CF). Tais magistrados são vitalícios a partir da nomeação, não se sujeitando a cursos de preparação, nem de aperfeiçoamento.
O quinto constitucional corresponde à destinação de vinte por cento dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e Territórios membros do Ministério Público e advogados, como já referida. Segundo o STF, o quinto constitucional, quando eventualmente não observado, não gera por si só a nulidade do julgado, mercê da incidência do princípio pas de nullité sans grief.
Os integrantes do quinto constitucional devem ter mais dez anos de advocacia ou de carreira, além da reputação ilibada e notório saber jurídico. A partir da EC 45/2004, a CF passou a conter mais duas regras referentes ao quinto constitucional: quanto à composição do TST (art. 111-A) e dos TRT’s (art. 115).
Na Magistratura de carreira dos Estados, a remoção precede ao provimento inicial e à promoção por merecimento. 
As normas incidentes sobre a promoção também valem, no que couber, para a remoção a pedido do juiz.
O princípio da inamovibilidade, assegurado aos magistrados, não obriga a promoção ou remoção, sem que o cargo a ser ocupado esteja vago.
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO – ATUAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – LIMITES OBJETIVOS. O Conselho Nacional de Justiça não está sujeito aos limites objetivos do processo civil, podendo, em prol dos princípios básicos referentes à Administração Pública, atuar de ofício. MAGISTRATURA – CONCURSO DE REMOÇÃO – OPORTUNIDADE. O concurso de remoção pressupõe encontrar-se vago o cargo envolvido. MAGISTRATURA – MODIFICAÇÃO DA ENTRÂNCIA – JUÍZO – TITULAR – PRESERVAÇÃO DO EXERCÍCIO. Ocorrendo a modificação da natureza do Juízo, passando este a ser de entrância de maior envergadura, cumpre preservar a situação do magistrado que o exerce.
(MS 26366, Relator(a):  Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 24/06/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-184 DIVULG 22-09-2014 PUBLIC 23-09-2014)
Ou seja, se a lei eleva a comarca para outra instância superior (ex: de entrância intermediária para final), o juiz que lá é titular não pode ser removido compulsoriamente em virtude dessa transformação. Aplica-se, no caso, a Súmula 40 do STF: A elevação da entrância da comarca não promove automaticamente o Juiz, mas não interrompe o exercício de suas funções na mesma comarca. Logo, mesmo tendo havido essa transformação, o TJ não pode abrir edital para remoção ou promoção dessa comarca. Deve-se aguardar o magistrado decidir deixar a vaga. Atenção: o magistrado é inicialmente nomeado para uma comarca de entrância (“nível”) inicial e, com o tempo, vai sendo promovido para comarcas de entrância intermediária e especial (a nomenclatura irá variar de acordo com o TJ).
No que tange à nomeação dos membros dos Tribunais Superiores, não existe qualquer pertinência com a carreira da magistratura. 
Trata-se de escolha do Presidente da República, cujas exigências são: que o candidato tenha entre 35 e 65 anos, notável saber e reputação ilibada. Após a indicação pelo Presidente da República, o nome do ministro é submetido a uma sabatina pelo Senado Federal.
O Supremo Tribunal Federal (STF) compõe-se de onze ministros, compostos de cidadãos escolhidos entre cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) compõe-se de, no mínimo, 33 Ministros, que serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: a) Um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; b) Um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; c) Um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do artigo 94 do CF.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) compor-se-á de 27 Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: a) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94 da CF; b) Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos, mediante eleição, pelo voto secreto, de três juízes dentre os Ministros do STF e de dois juízes dentre os Ministros do STJ. Além disso, dois juízes serão indicados pelo STF dentre seis advogados, com posterior nomeação pelo Presidente da República.
O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
O Superior Tribunal Militar (STM) compor-se-á de 15 Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicaçãodo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exercício, ativa e do posto mais elevado do mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.
Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente República dentre brasileiros maiores de 35 anos, sendo: a) Três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibida, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional; b) Dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar.
Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente República dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 65, sendo: a) Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira; b) Os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente.
Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 e menos 65anos, sendo: a) Um quinto dentre advogados com mais dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94 da CF; b) Os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.
Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão de sete juízes. Os membros são escolhidos mediante eleição, por voto secreto, de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça, de dois juízes dentre os juízes de direito escolhidos pelo Tribunal de Justiça e de um juiz do TRF (ou juiz federal escolhido pelo TRF caso não seja sede). Além disso, dois juízes serão indicados pelo Tribunal de Justiça dentre seis advogados, com posterior nomeação pelo Presidente da República.
O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente, e o Vice-Presidente, dentre os desembargadores.
Quanto aos Tribunais de Justiça, os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos na Constituição Federal.
A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
O Tribunal de Justiça instalará justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
Foram extintos os Tribunais de Alçada e seus membros passaram a integrar os Tribunais de Justiça dos respectivos Estados, respeitadas a antiguidade e classe de origem (art. 4º da EC 45/2004).
Com fundamento no art. 96, I, a, “compete privativamente aos tribunais eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos”, estando pacífico o entendimento do STF no sentido de que apenas os desembargadores podem participar de tal eleição, sendo inconstitucional a norma estadual que possibilitar a participação de juízes vitalícios.
Ponto 2 - Direitos e Deveres Funcionais da Magistratura
Segundo a Constituição Federal, o regime jurídico da magistratura será definido pelo estatuto da magistratura (art. 93 da CF).
É inconstitucional a criação de órgãos de fiscalização por lei estadual, já que nenhum diploma normativo que diga respeito a regime jurídico da magistratura poderá ser editado por lei que não seja da iniciativa do STF. Daí porque qualquer ato administrativo ou legal que não siga esse parâmetro do artigo 93 é inconstitucional.
O quórum de aprovação do Estatuto da Magistratura é a maioria absoluta (lei complementar). Tal estatuto terá amplitude imensa, desde a observância dos princípios constitucionais até o estabelecimento das atribuições do CNJ.
Atualmente, esse Estatuto não existe, então o regime jurídico da magistratura é disciplinado pela LOMAN, à luz da Constituição. Esse estatuto da magistratura vai substituir a LOMAM.
Segundo a LOMAN, é dever do magistrado “cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os atos de ofício” (art. 35, I da LOMAN).
Cumprir e fazer cumprir as disposições e os atos tem uma amplitude bastante abrangente, incluindo desde a fase de conhecimento até a fase de execução, bem como não só os atos judiciais examinados, como também as atividades dos escrivães, etc.
É também dever do magistrado “não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar” (art. 35, II da LOMAN).
A regra, infelizmente, tem sido o extrapolamento dos prazos, porque o volume de processos hoje é muito grande, está muito além daquilo que o legislador infraconstitucional imaginava que iria. A organização mundial da saúde recomenda que cada magistrado trabalhe com cerca de 500 feitos distribuídos por ano, o que, via de regra, não ocorre no Brasil. Os tribunais, até por questões orçamentárias, estão procurando novas formas de suprir essas dificuldades. Existem certas técnicas de organização judiciária e de racionalização do trabalho que precisam ser utilizadas. 
Uma das soluções é possibilitar que os atos de mero expediente sejam delegados aos escrivães. É o que se chama de delegação de atos à serventia. Essa hipótese que já era prevista no CPC foi explicitamente consignada na CF (EC nº 45/04). O juiz pode realizar uma disciplina dessa matéria através de portaria, por exemplo. Nos estados, as corregedorias podem estabelecer normas que disponha sobre isso. É uma tecnologia que deve ser estimulada e deve ser usada como forma de diminuir a quantidade de conclusões. 
Há mais, hoje se discute o processo digital, e essa é uma realidade, essa transformação está ocorrendo paulatinamente, e visa resolver problema de tempo e de espaço físico na vara. 
Devido à enorme carga de demanda, o STJ tem utilizado um sistema de fundamentação adequada, mas não exaustiva; significa dizer que os acórdãos são redigidos de forma extremamente bem elaborada mas dentro daquela extensão necessária para a resolução do litígio.
Atualmente, o CNJ tem exigido que o magistrado tenha um conhecimento administrativo da atividade jurisdicional. O magistrado excelente hoje é aquele que detém conhecimento, não só jurídico e ético, mas em especial detém conhecimento de administração, capaz de organizar e resolver problemas dentro do cartório. 
O Juiz, por exemplo, precisa ter conhecimento de informática, porque em função das inúmeras demandas repetitivas, as sentenças são produzidas em série; um dos recursos existentes são as tabelas processuais unificadas, utilização de certas classificações comuns nos processos que permitem a identificação de causas semelhantes, prolatando-se sentenças de igual teor, apenas com pequenas adaptações para o caso concreto.
O prazo máximo admissível pelo CNJ para que uma sentença seja prolatada é de 100 dias. 
Também é dever do magistrado “determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem nos prazos legais” (art. 35, III da LOMAN), bem como “tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quando se trate de providência que reclame e possibilite solução de urgência” (art. 35, IV da LOMAN).
A urbanidade é o tratamento com educação e cortesia (conforme Código de ética), não existindo poder hierárquico sobre os advogados e membros do Ministério Público.
São deveres do magistrado, ainda, “residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver subordinado” e “comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não se ausentar injustificadamente antes de seu término” (arts. 35, V e VI da LOMAN). Quanto à residência na comarca, cada tribunal tem critérios específicos para a regulamentaçãodessa autorização, segundo o CNJ. 
Por fim, são também deveres do magistrado “exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes” e “manter conduta irrepreensível na vida pública e particular” (art. 35, VII e VIII da LOMAN).
O juiz, no exercício da jurisdição, é o responsável direto por aplicar as sanções administrativas em face de faltas funcionais dos servidores que lhes estão vinculados. Os juízes, mais do que qualquer outro cidadão, devem observância às normas legais, cumprindo-as e exigindo o mesmo dos seus subordinados.
No que tange às custas e emolumentos, são modalidades de tributos (taxas) segundo o STF. Há uma diferença entre custas e emolumentos. As custas são exigidas para o custeio das atividade dos escrivães judiciais, ou seja, são exigidas no processo judicial. Por outro lado, emolumentos são valores devidos aos agentes delegados do foro extrajudicial (registradores de notas, tabelionato de notas, protestos). Há distinção também quanto ao termo “despesas processuais”, pois despesas processuais são os dispêndios que não constituem custas nem emolumentos, que são feitos para saldar determinados eventos processuais, como por exemplo, o deslocamento do oficial de justiça, que é pago através de despesas processuais. 
Em todos esses casos o magistrado tem o dever funcional de velar pela exata cobrança, ou seja, se houver cobrança excessiva ou a menor, ou irregular cobrança, o magistrado tem o dever funcional de apurar os fatos, determinar o recolhimento correto e ainda apurar administrativamente uma falta funcional.
É dever do juiz, por ser um membro de Poder da República, atender ao decoro que o cargo exige, mantendo conduta irrepreensível tanto na vida pública quanto na privada. Esta talvez seja a baliza mais importante para a construção do código de ética da magistratura, porque manter conduta irrepreensível é uma clausula aberta, que permite amplíssima interpretação, que varia conforme o momento histórico e social.
Nos termos do art. 93, IX da Constituição, o juiz tem o dever de fundamentar suas decisões. A ausência de fundamentação constitui quebra de dever funcional. Porém, não se pode confundir ausência de fundamentação com fundamentação insuficiente.
Outro dever funcional do magistrado é prestar as informações aos órgãos de segunda instancia a respeito de suas atividades e dos processos que excederam carga, nos termos do art. 39 da LOMAN (até o dia dez de cada mês).
O CPC dispõe, no art. 125, que o juiz deve “assegurar às partes igualdade de tratamento”, “velar pela rápida solução do litígio”, “prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça”, bem como “tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes”.
Ao juiz incumbe a direçao do processo, conferindo-lhe impulso oficial (art. 262 do CPC), para que o caso levado à apreciação jurisdicional seja resolvido com justiça.
Existe o dever de declarar-se suspeito ou impedido de ofício, quando ocorrer alguma das hipóteses para tanto.
Talvez o dever de maior importância do magistrado seja a observância da razoável duração do processo, insculpido no art. 5º , LXXVIII da CF.
Significa que o juiz deve conduzir o processo da forma mais célere possível, evitando delongas. Isso pode constituir falta funcional, agora baseado no artigo 5º. Como é que se examina isso? Tem se desenvolvido uma tecnologia para prever a duração razoável do processo. O CNJ considera prazo não razoável aquele que ultrapassa em 4 anos o prazo final (foi tirada uma conclusão pela meta 2 de nivelamento, ou seja, aqueles processo distribuídos até 31.12.2005 e não julgados até 31.12.2009). Então a meta 2, na medida do possível, está sendo aplicada por todos os tribunais do país, e esse é o conceito de razoável duração do processo atualmente, mas não há nenhuma vinculação científica ou metodológica para esse critério, de fato que não existe explicação de como se chegou a essa conclusão.
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos traz três critérios objetivos para aferir a razoabilidade: a complexidade da causa, o comportamento das partes, e o modo de conduçao do processo pela autoridade. Tais critérios objetivos oferecem um maior balizamento para “a doutrina do não prazo”, adotada pela corte europeia e pelos tribunais brasileiros.
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos, via de regra, ao analisar um processo de alegada violação à duração razoável do processo, o faz através de três passos: em primeiro lugar, o tribunal analisa a efetiva duração do processo fixando o período a ser considerado; após, considera os critérios objetivos para aferição da razoabilidade do prazo; finalmente, pronuncia-se sobre a violação do direito e sobre o pedido formulado.
A tentativa de conciliar as partes é obrigatória para o juiz. Essa atividade é decorrente do ofício do magistrado. Entretanto, na tentativa de fazer as partes anteverem as possibilidades de sucesso e de fracasso de suas pretensóes, nao deve o juiz prejulgar a causa, tampouco exteriorizar seu entendimento sobre o mérito.
A proposito dos deveres dos magistrados, importante também a leitura da norma encartada nos artigos 445 e 446, ambos do CPC.
De acordo com o art. 445 do CPC, o juiz exerce o poder de policia, competindo-lhe: manter a ordem e o decoro na audiência, ordenar que se retirem da sala da audiencia os que se comportarem inconvenientemente, e requisitar a força policial. Quanto à requisição de força policial, o art. 794 do CPP tem o mesmo sentido.
Além disso, o CPC (art. 446) dispõe que compete ao juiz, em especial, dirigir os trabalhos da audiência, proceder direta e pessoalmente a colheita das provas, e exortar os advogados e o órgão do Ministério Publico a que discutam a causa com elevação e urbanidade.
Para o cumprimento dos deveres funcionais outrora elencados, existem diversas garantias.
São basicamente duas as garantias da magistratura: garantias institucionais e garantias funcionais. 
As garantias institucionais são garantias previstas na lei, necessárias à independência do Poder Judiciário como instituição. Tais garantias subdividem-se em autonomia orgânico-administrativa e autonomia financeira.
Na autonomia orgânico-administrativa, os tribunais têm a prerrogativa constitucional de se auto-organizarem administrativamente (art. 96, I da CF), ou seja, tudo que diz respeito ao tribunal deve ser regulado por ele. Tal garantia trata-se de decorrência do pacto federativo.
Art. 96. Compete privativamente:
I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados.
Por outro lado, a garantia da autonomia financeira significa que cada tribunal elabora sua proposta orçamentária. No âmbito federal, o presidente do STF é o responsável pela elaboração da proposta orçamentária, pois é ele quem recebe e consolida a proposta dos TRF´s e demais tribunais federais, assim como dos tribunais superiores. Se não houver o encaminhamento, a consequência vai ser a consideração do orçamento do exercício atual. De qualquer forma, é possível que o Poder Executivo faça correções em caso de excesso. 
Até o dia 20 de cada mês, deve haver o repassede duodécimos de verbas orçamentárias ao Poder Judiciário (art. 168 da CF), sob pena de intervenção estadual ou federal, sendo uma garantia importante para fazer frente às suas despesas.
Conforme §2º do art. 98 da CF, “as custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça”. Essa previsão é importantíssima, porque antes havia discussão sobre a possibilidade dos valores recolhidos a título de custa e emolumentos terem outra destinação, mas atualmente é pacífico que tudo que for arrecadado deve ser utilizado para o custeio das atividades judiciais. 
 No que tange à cobrança de valores para a atividade jurisdicional, interessante destacar a existência das serventias, pois, segundo o art. 31 do ADCT, “serão estatizadas as serventias do foro judicial, assim definidas em lei, respeitados os direitos dos atuais titulares”.
São duas espécies de serventias: foros judiciais e foros extrajudiciais. 
As serventias dos foros judiciais são estatizadas, equivalem às atividades dos escrivães.
Por outro lado, as serventias do foro extrajudicial não são estatizadas, são exercidas em caráter privado, por delegação do Poder Público (art. 236 da CF). Ou seja, são privatizadas, correspondendo às atividades dos agentes delegados. 
Todas as despesas judiciais arrecadadas pelas serventias judiciais são vertidas para um fundo para o custeio dessas atividades.
Quanto às serventias extrajudiciais, apesar de serem privatizadas, também recebem valores (emolumentos), pois tais emolumentos servirão como remuneração dos próprios agentes delegados. Além disso, existem percentuais em lei estaduais em todo o país que aplicam determinado percentual e taxam essas atividades dos foros extrajudiciais. Então esses valores também vão para fundos específicos.
É interessante a seguinte pergunta: como podem coabitar os poderes de fiscalização do CNJ com essa autonomia orgânico administrativa dos tribunais prevista no art. 96?
Resposta: Na verdade essa autonomia orgânica administrativa é de construção desse poder, ou seja, através da legislação é que vai se dispor sobre a organicidade do poder. Ou seja, quaisquer vícios decorrentes da organização judiciária derivam de normas extraídas de leis ou das Constituições (Estadual e Federal), que se sujeitam à análise de sua legalidade ou constitucionalidade, fugindo, portanto, do poder fiscalizatório do CNJ. Porém, o CNJ pode fazer a fiscalização orçamentária, ou seja, o uso do dinheiro público, fiscalização quanto à forma de estruturação que está sendo dada, em algumas serventia isso pode também porque é um fator correcional, a estrutura, o comportamento dos tribunais em geral, a forma de despesa pública realizada.
Quanto às garantias funcionais do magistrado, têm sobretudo duas finalidades: independência e imparcialidade do magistrado. São garantias dos magistrados enquanto no exercício do cargo, daí porque também são conhecidas como garantias funcionais dos órgãos.
As garantias da magistratura são prerrogativas institucionais do Poder Judiciário, e não da pessoa física do juiz, ou seja, não são benefícios de caráter pessoal dos magistrados.
Elas reguardam a independência dos magistrados, do Poder Judiciário e julgamentos incólumes de influências.
Não são privilégios ou favorecimentos de qualquer ordem a uma parcela de agentes políticos, mas sim meios efetivos de proporcionar a prestação de serviço público à coletividade realizado por agentes imparciais, destemidos e a salvo de represálias e solicitações de favores. 
Os cidadãos não poderiam confiar em um Poder Judiciário no qual o juiz ficasse à mercê de transferências e remoções que o afastasse de determinados julgamentos.
Independência é a aptidão do órgão de produzir seus julgamentos sem que dependa de qualquer fator externo. Isso é muito importante, independência do magistrado é algo que deve ser observado, porque quando lutamos pela independência do juiz, estamos lutando pela democracia e pelos direitos fundamentais. 
Então, quando se fala em juízes independentes, pensa-se em uma garantia de que a sociedade vai ter um amparo democrático, de que os direitos fundamentais vão ser concedidos, em que há o controle do poder. 
A independência dos magistrados se expressa em três espécies de garantias: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios (art. 95 da CF).
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
A vitaliciedade assegura ao magistrado a prerrogativa de somente ser demitido após o trânsito em julgado da decisão judicial, afastando qualquer possibildiade de perda do cargo por decisão meramente administrativa.
Assim, o juiz não vitaliciado pode perder o cargo por decisão do tribunal. Quem é o juiz vitaliciado? É o juiz de primeiro grau que entrou por concurso público, após dois anos de efetivo exercício do cargo, e o juiz que ingressou na magistratura pelo quinto constitucional, que já é vitalício desde a posse.
Durante o período de vitaliciamento o que ocorre é que o magistrado fica sob o exame dos tribunais. Alguns tribunais criaram a figura do juiz formador, juiz ao qual o juiz substituto fica atrelado e que vai examinando o comportamento e a conduta do magistrado. O que se observa no juiz vitaliciando é a qualidade da atividade jurisdicional, a sua produtividade, e, ainda, a sua conduta privada e pública, ou seja, todos os elementos necessários que um juiz experiente ou o tribunal poderá observar.
Tanto para o STF quanto para o STJ, o prazo de vitaliciamento é um prazo peremptório e constitucional. O único requisito previsto na Constituição é o prazo de dois anos. Ou seja, se o tribunal não tomar as providencias necessárias para iniciar o procedimento administrativo disciplinar e afastar o magistrado de suas funções, automaticamente o magistrado se torna vitalício. Então esse entendimento impõe ao tribunal que realize as diligências para a análise da conduta do magistrado antes que se complete os dois anos, porque se completar os dois anos e o tribunal nada deliberar, automaticamente ele se torna vitalício. 
Se dentro dos dois anos o juiz cometer faltas graves, ele pode ser afastado por deliberação do tribunal, ou seja, administrativamente, por simples deliberação. Esse é o entendimento sedimentado no STJ. Existe um procedimento administrativo para vitaliciando e existe um procedimento administrativo para juiz vitalício. Os tribunais devem disciplinar sobre esse procedimento no regimento interno, no qual deve ser assegurado contraditório e ampla defesa. 
Em prova escrita, embora o cerne da questão fosse vitaliciedade, foi perguntado como funciona o quinto constitucional. A resposta é assim: os órgãos de classes (OAB e MP) indicam 06 pessoas com os requisitos constitucionais; o tribunal reduz para 03; e, por fim, o chefe do Poder Executivo reduz para 01.
Segundo o STF, se na lista sêxtupla não existir candidato que se enquadre dentro dos requisitos constitucionais, o tribunal pode devolver a lista para complementação ou reformulação pelos órgãos de classe. Sendo assim, pode o tribunal recusar-se a compôr a lista tríplice dentre os seis indicados, se tiver razões objetivas para recusar a algum, a alguns ou a todos eles, as qualificações pessoais reclamadas pelo art. 94 da Constituição. Ou seja, a solução harmônica à CF é a devolução motivada da lista sêxtupla à corporação da qual emanada, para que a refaça, total ou parcialmente, conforme o número de candidatos desqualificados.
A vitaliciedade vincula o titular do cargo por toda a sua vida funcional, até completar 70 anos de idade.
A vitaliciedade assegura ao magistrado a prerrogativa de somente ser demitido após o trânsito em julgado da decisão judicial (da área cível ou criminal), afastando qualquer possibilidade deperda do cargo por decisão meramente administrativa.
No Estado Constitucional de Direito não há direitos absolutos e a vitaliciedade nao pode ser um entrave à ação do Estado no exercício do jus puniendi a quem viole a lei.
O Juiz não vitalício pode ser promovido para tornar-se Juiz de Direito, Juiz Federal ou Juiz do Trabalho, assim como o Juiz Substituto pode ser vitalício. Os temas não se confundem uma vez que vitaliciedade é adquirida pelo decurso do prazo de dois anos, contados da posse no cargo de Juiz Substituto, quer tenha havido ou não a promoção do juiz nesse prazo.
É incorreto utilizar o termo “efetivo” para juízes. O juiz nunca se tornará efetivo, ele se tornará vitalício!
A regra para decidir sobre o não vitaliciamento é do tribunal, porém, se o processo administrativo tiver sido avocado pelo CNJ, ele poderá deliberar em desfavor do ato.
Caso o juiz seja vitaliciando, ou seja, caso não tenha completado o período de dois anos, o CNJ pode deliberar sobre o não vitaliciamento, desde que garantido o processo administrativo com ampla defesa e contraditório.
Existem duas exceções à regra de que o juiz vitalício só pode ser exonerado por sentença judicial transitada em julgada: ministros do STF e membros do CNJ.
Ambos podem ser processados por irresponsabilidade perante o Senado, podendo ser destituídos do cargo (art. 52, II da CF). Destaque-se, nesse ponto, que é correto dizer que os membros do CNJ possuem as mesmas prerrogativas dos magistrados, por conta de seu regimento interno.
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: [...]
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
Inamovibilidade é a garantia institucional que compreende a vedação à aposentadoria, disponibilidade, remoção ou promoção, contra a vontade do magistrado regularmente nomeado para exercício da jurisdição na Vara ou Comarca.
 	Quando o juiz ingressa na magistratura ele pode escolher para onde ele vai se deslocar na entrância, de acordo com os critérios de remoção estabelecidos pelo Tribunal. Acontece que o juiz tem a opção de escolher permanecer no local. Isso existe para obstar que o juiz seja constantemente removido com base em criptocausas políticas, a fim de que ele não analise tal ou qual demanda relevante.
	A garantia da inamovibilidade não é absoluta, podendo ocorrer remoção compulsória com fundamento no interesse público (art. 93, VIII da CF). Este interesse público estará configurado mediante “decisão por voto da maioria absoluta do respectivo Tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa”. Este dispositivo foi modificado pela EC 45/04, pois antes o quórum era de 2/3 e o único legitimado era o respectivo tribunal.
Segundo o STF, a inamovibilidade é garantia de toda a magistratura, alcançando não apenas o juiz titular, como também o substituto.
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: [...]
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Irredutibilidade de subsídios assegura que o magistrado não tenha redução do valor de seus subsídios, salvo imposição legal (ressalvado o disposto nos artigos 37, X e XI, 39, §4, 150, II, 153, III, e 153, §2, I, da CF).
Conforme entendimento do CNJ e do STF, o magistrado tem uma imposição de se dedicar à jurisdição. O juiz não pode deixar as suas atividades jurisdicionais e dar prioridade, por exemplo, às atividades de magistério. 
Essa imposição legal impõe que os subsídios sejam compatíveis para que ele possa se dedicar somente a essa atividade. Então a irredutibilidade de subsídios significa o seguinte: uma vez fixado o subsídio em lei, o magistrado tem o direito constucional de ter remuneração compatível. 
Entretanto, o próprio STF afirma que a irredutibilidade dos subsídios é uma irredutibilidade nominal e não real.
A partir da EC 19/98, os agentes políticos, inclusive os magistrados, deixaram de ser remunerados segundo o sistema de vencimento e passaram a ter remuneração pelo sistema de subsídio, modalidade remuneratória estabelecida em parcela única, fixado ou modificado por lei específica, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória de qualquer origem. Desfez-se, portanto, a situação excessivamente favorável aos magistrados no sentido de incorporar adicionais, e, consequentemente, aumentar-se seu valor.
O subsídio possui um teto remuneratório. Ninguém pode ganhar mais do que ministro do STF. Mas, além disso, existem outros limites: subteto dos tribunais superiores (máximo de 95% do valor do STF) e subteto dos desembargadores (máximo de 90,25% do valor do STF).
Se, por exemplo, os desembargadores, além dos 90,25%, ganharem subsidio em função de atividade eleitoral, e somadas outras gratificações ele receber valor superior, ele deve obedecer o teto máximo, não podendo excedê-lo. 
Porém, existe uma situação excepcional. O art. 37, §11º da CF estabelece que as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei podem ultrapassar o teto. Como não existe atualmente lei dispondo sobre o assunto, qualquer parcela indenizatória pode sobrepujar o teto, bastando que os tribunais superiores entendam que se trate realmente de parcela indenizatória.
Lembre-se: a remuneração dos magistrados é escalonada, ou seja, parte do sub teto e vai descendo, de 10 em 10% ou de 5 em 5%, conforme o numero de entrância (na justiça estadual). Na Justiça Federal só há diferença remuneratória entre juiz federal substituto, juiz federal titular (geralmente 10% a mais do que aquele) e desembargadores.
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MAGISTRADOS. INCORPORAÇÃO DE QUINTOS. AÇÃO RESCISÓRIA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. POSSIBILIDADE. EXISTÊNCIA DE VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES. (...)
3. O STJ, acompanhando orientação da Suprema Corte, firmou o entendimento de que a percepção, por juízes ex-servidores, das mencionadas parcelas remuneratórias incorporadas antes do ingresso na magistratura, não é devida, por falta de previsão específica na Loman, bem como por não haver direito adquirido a regime jurídico remuneratório.
(...) (AgRg no AgRg no REsp 1400492/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/05/2014, DJe 24/06/2014).
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. INCORPORAÇÃO DE “QUINTOS”. PRETENSÃO DE CONTINUAR PERCEBENDO A VANTAGEM REMUNERATÓRIA NO EXERCÍCIO DE CARGO DE CARREIRA DIVERSA. INVIABILIDADE. 1. A garantia de preservação do direito adquirido, prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, assegura ao seu titular também a faculdade de exercê-lo. Mas de exercê-lo sob a configuração com que o direito foi formado e adquirido e no regime jurídico no âmbito do qual se desenvolveu a relação jurídica correspondente, com seus sujeitos ativo e passivo, com as mútuas obrigações e prestações devidas. 2. As vantagens remuneratórias adquiridas no exercício de determinado cargo público não autoriza o seu titular, quando extinta a correspondente relação funcional, a transportá-las para o âmbito de outro cargo, pertencente a carreira e regime jurídico distintos, criando, assim, um direito de tertium genus, composto das vantagens de dois regimes diferentes. 3. Por outro lado, considerando a vedação constitucional de acumulação remunerada de cargos públicos, não será legítimo transferir, para um deles, vantagem somente devida pelo exercício do outro. A vedação de acumular certamente se estende tanto aos deveres do cargo (= de prestar seus serviços) como aos direitos (de obter as vantagens remuneratórias). 4. Assim, não encontra amparo constitucional a pretensão de acumular, no cargo de magistrado ou em qualquer outro, a vantagem correspondente a “quintos”, a que o titular fazia jus quando no exercício de cargo diverso. 5. Recurso extraordinário a que se dá parcial provimento.
(RE 587371, Relator(a):  Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 14/11/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-122 DIVULG 23-06-2014 PUBLIC 24-06-2014)ADMINISTRATIVO. FÉRIAS INDIVIDUAIS DOS MAGISTRADOS. PRETENSÃO DE QUE O GOZO DE FÉRIAS DOS JUÍZES SUBSTITUTOS SE DÊ SEM EXIGÊNCIA DO CUMPRIMENTO DO PRAZO DE DOZE MESES PARA A PRIMEIRA FRUIÇÃO.
INADMISSIBILIDADE.
1. Cinge-se a discussão acerca do início do período aquisitivo de férias de juízes no primeiro ano do exercício de suas funções, sustentando a autora possuir direito a férias proporcionais relativas ao ano em que ingressou na magistratura, uma vez que as férias dos magistrados, de acordo com a Loman, estão relacionadas ao ano civil, sem vinculação com o período aquisitivo de doze meses, que é aplicável apenas aos servidores públicos federais.
2. A Lei Complementar 35/1979 (Loman), ao tratar das férias dos magistrados ("Art. 66 - Os magistrados terão direito a férias anuais, por sessenta dias, coletivas ou individuais. § 1º - Os membros dos Tribunais, salvo os dos Tribunais Regionais do Trabalho, que terão férias individuais, gozarão de férias coletivas, nos períodos de 2 a 31 de janeiro e de 2 a 31 de julho. Os Juízes de primeiro grau gozarão de férias coletivas ou individuais, conforme dispuser a lei"), não disciplina o início do período aquisitivo do direito a férias na magistratura.
3. Dessa forma, ante o silêncio da Loman, incide o art. 77, § 1o, da Lei 8.112/1990, que deve ser aplicado subsidiariamente.
4. Aliás, o Conselho Nacional de Justiça - CNJ, no processo 0001123-19.2007.2.00.0000, entendeu que o gozo do direito de férias pelo juiz é adquirido após um ano na magistratura, tendo consignado que "o princípio norteador das férias, inclusive dos empregados da iniciativa privada, tal como estabelece a Consolidação das Leis do Trabalho e para os servidores públicos, como definido no Estatuto próprio, é o de período aquisitivo, de sorte que para adquirir direito ao primeiro período o empregado, servidor ou magistrado deverá completar o período de um ano de serviço prestado".
5. Esse entendimento foi reiterado recentemente pelo CNJ nos autos do PCA 0001795-51.2012.2.00.0000, da relatoria do Conselheiro Neves Amorim, julgado na 147ª Sessão Ordinária, em 21.5.2012.
6. Cabe salientar que, em 2004, o Conselho Federal da Justiça normatizou a referida matéria na Resolução 383/2004, que dispõe: "Art. 5º. Para o primeiro período aquisitivo de férias, serão exigidos doze meses de exercício", sendo certo que tal disposição se seguiu nas Resoluções 585/2007, 14/2008 e 130/2010 do Conselho da Justiça Federal.
7. A mesma orientação é seguida pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho- CSJT.
8. Recurso Especial não provido.
(REsp 1421612/PB, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/06/2014, DJe 24/06/2014)
CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO. REEMBOLSO DE DESPESA COM TRANSPORTE DE VEÍCULO DE MAGISTRADO. ALEGAÇÃO DE INTERESSE DE TODA A MAGISTRATURA. ART. 102, I, l, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. CAUSA DE INTERESSE RESTRITO. DIREITO, ADEMAIS, COMUM A OUTROS SERVIDORES PÚBLICOS. PRECEDENTES. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não reconhece sua competência originária para julgamento de ação alegadamente de interesse de toda a magistratura, nos termos do art. 102, I, l, da Constituição da República, quando a pretensão seja comum a outras categorias de servidores públicos. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.
(Rcl 16065 AgR, Relator(a):  Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-034 DIVULG 18-02-2014 PUBLIC 19-02-2014)
A Imparcialidade do magistrado remete à equidistância. Ou seja, significa que o juiz não pende nem para um lado nem para outro, ele julga com total isenção. 
Qual é o vício processual quando o juiz é parcial? O juiz que perde a imparcialidade pode ser dado como suspeito ou impedido. Isso vai gerar uma nulidade dentro do processo, e essa nulidade se refere a pressuposto processual positivo relativo ao juiz. 
O processo será relativamente nulo se houver suspeição, e será absolutamente nulo se houver impedimento. 
As garantias de imparcialidade são chamadas de vedações. (art. 95, p.u. da CF):
Art. 95. (...)
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
É justamente nesse sentido a orientação do CNJ de se vedar que os cargos da justiça desportiva sejam ocupados por magistrados. Segundo o STF, as vedações formais impostas constitucionalmente aos magistrados objetivam, de um lado, proteger o próprio Poder Judiciário, de modo que seus integrantes sejam dotados de condições de total independência e, de outra parte, garantir que os juízes dediquem-se, integralmente, às funções inerentes ao cargo, proibindo que a dispersão com outras atividades deixe em menor valia e cuidado o desempenho da atividade jurisdicional, que é função essencial do Estado e direito fundamental do jurisdicionado.
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
É uma determinação desde a época da revolução francesa, cuja finalidade é impedir que o magistrado se aproprie da coisa pública, já que acabaria revertendo em seu proveito os resultados financeiros das atividades jurisdicionais.
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
O juiz tem uma independência de natureza político-partidária, não podendo se envolver com partido. Porém, ele tem uma vinculação política estatal, se envolvendo com os direitos fundamentais e com a democracia, no qual o envolvimento partidário certamente seria ameaçador para sua imparcialidade. É óbvio que isso não significa que, como cidadão, ele não possa ter suas ideologias políticas e exercer o direito ao voto.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
Tratam-se de dois incisos inseridos pela EC 45/04. O inciso V retrata a famosa quarentena de saída, cujo principal objetivo é impedir qualquer resquício de influência que o juiz recem-afastado do cargo, e doravante na condição de advogado, pudesse vir a exercer sobre seus pares.
Ainda acerca das vedações, a LOMAN, em seu art. 36, dispõe que é vedado ao magistrado: “exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou quotista”, “exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração”, e “manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério”.
Por fim, justamente para alcançar a imparcialidade, são concedidas ao magistrado algumas prerrogativas (art. 33 da LOMAN): “Ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajustados com a autoridade ou Juiz de instância igual ou inferior”, “Não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especial competente para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação e apresentação do magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado”; “Ser recolhido a prisão especial, ou a sala especial de Estado-Maior, por odem e à disposição do Tribunal ou do órgão especial competente quando sujeito a prisão antes do julgamento final”, “Não estar sujeito a notificação ou intimação para comparecimento, salvo a expedida por autoridade judicial” e “Portar arma de defesa pessoal”.
Se, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial (civil ou militar) remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especialcompetente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigação.
Os juízes têm prerrogativa de portar arma de defesa pessoal em todo o território nacional. Trata-se do denominado porte funcional de arma, que dispensa autorização ou licença de outras autoridades, inclusive da localidade territorial diversa do Tribunal a que esteja vinculado o magistrado.
O porte de arma conferido aos juízes não está abarcado pelas limitações previstas ao porte na legislação ordinária que disciplina a matéria (lei 10.826;2003), pois a LOMAN é lei complementar e permite ao juiz portar armas de defesa de uso permitido e de uso restrito com a única exigência do regular registro no órgão competente.
Segundo o STF, a LOMAN confere aos seus membros a prerrogativa de portar arma de defesa pessoal, sem prever qualquer requisito para o exercício dessa prerrogativa, não podendo lei ordinária estabelecer critérios não previstos na lei complementar que regula a matéria. 
Ponto 3 - Código de Ética da Magistratura Nacional.
O Código de Ética da magistratura nacional se dirige a todos os magistrados, sem distinção alguma e impõe normas de comportamento tidas como ideais. 
Todo aquele que ingressar na magistratura receberá, no momento da posse, um exemplar do Código de Ética da magistratura (art. 41 do Código de Ética da Magistratura).
O art. 35 da LOMAN estabelece os deveres do magistrado. O Código de Ética da Magistratura buscou subsídios na legislação existente, nos deveres estabelecidos para os magistrados.
O Código de Ética nasce de um dever já existente, apenas ampliando os conceitos já previstos na LOMAN. O Código nada mais fez, portanto, do que ampliar, explicitar os deveres dos magistrados já existentes na legislação. O Código de Ética tem caráter vinculativo. Não se trata de mera exortação ética, mas sim dever funcional. Isso significa que o juiz que quebra o comportamento ético, quebra também sua conduta funcional e, portanto, está sujeito à responsabilização administrativa, sanção penal e até civil.
O Código de Ética fala expressamente que o juiz ético é aquele que contribui para a consecução dos direitos fundamentais e também para a democracia. Como é que o magistrado pode contribuir para a consecução dos direitos fundamentais e para a concretização da democracia no país ao mesmo tempo sendo ético? Ou seja, ele é ético quando contribui para a consecução dessas categorias jurídicas e quando ele não contribui ele é antiético?
Ética, segundo o professor Goffredo da Silva Telles, nada mais é do que a satisfação e o cumprimento ou satisfação do bem soberano da humanidade.
Nesse diapasão, convém observar que o fim do Estado é o atendimento geral do interesse público, cujos objetivos fundamentais estão delineados no art. 3º da CF: “construir uma sociedade livre, justa e solidária”, “garantir o desenvolvimento nacional”, “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” e “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
Em síntese, para alcançar tais objetivos, o Estado precisa, sobretudo, garantir e efetivar os principais direitos da sociedade.
Existem certos bens que a sociedade reputou de maior importância. Depois da segunda guerra mundial, em que no ano de 1945 foram devastadas as cidades de Hiroshima e Nagasaki com artefato atômico, a humanidade ficou aniquilada, tendo o valor humano sido simplesmente desmanchado. A declaração de direitos humanos de 1948 veio como uma restauração ética, na sua reconstrução dos direitos humanos, como diz o prof. Fábio Konder Comparato. A ética surge agora como uma nova vestimenta, impulsão de caráter internacional, os Estados se reúnem para declararem que os direitos, os valores mais importantes da sociedade são os direitos humanos, direitos individuais, direitos de primeira, segunda, terceira e outras gerações; então há uma restauração à ética. 
Essa progressiva internacionalização dos direitos humanos produziu a precipitação dos direitos fundamentais no bojo das constituições. Aquilo que se chamava direitos humanos, segundo a doutrina portuguesa, passou a se chamar direitos fundamentais, porque inseridos no bojo de uma constituição e merecedores de integral proteção do Estado.
Ora, o Poder Judiciário exerce parcela do poder estatal e, nessa condição, está atrelado aos objetivos do Estado. No entanto, os direitos sociais são na verdade atribuição dos demais poderes (Executivo e Legislativo), que desenvolvem as chamadas políticas públicas. 
Políticas públicas são um conjunto de atos que o Estado pratica para atender ao interesse público (para atender os direitos fundamentais sociais). 
Então, na verdade, o comportamento do Poder Judiciário tem um caráter mais eventual, porque, ao Legislativo e Executivo cumpre prioritariamente atender políticas públicas. Contudo, nos casos em que não as cumprem, residualmente, o Judiciário vai ter que examinar a inconstitucionalidade dessa omissão.
Todas as vezes que o Poder Judiciário concede direitos fundamentais, principalmente de caráter social, está igualando os desiguais, criando igualdade substancial, e, assim fazendo, torna a democracia mais forte, porque não é possível que alguém delibere na democracia quando nem mesmo a sobrevivência está garantida. 
A democracia substancial exige que o cidadão seja efetivamente cidadão. O Estado tem que permitir que o cidadão tenha condições econômicas de administrar o seu voto; nós temos hoje uma grande margem de pessoas que estão afastadas da possibilidade de deliberação como cidadão, porque não possuem condições econômicas. Nessa conjuntura, teremos um factóide, uma democracia formal, como diz o professor José Afonso da Silva, não uma democracia substancial.
O Poder Judiciário surge como último recurso para a restauração da democracia substancial. Daí porque o Código de Ética afirma a necessidade de agir eticamente, ou seja, agir com base na renovação ética da Carta de 1948, o que só é efetivamente implementado quando o juiz concede e protege os direitos fundamentais e, assim, garante uma democracia material, substancial, bem como, por via de consequência, atende os objetivos do estado. 
Desta forma, o juiz ético é o juiz que atua de acordo com o artigo 3º da CF, com independência e imparcialidade, examinando e concedendo direitos fundamentais e, por via de consequência, garantindo a democracia no país. 
Para José Renato Nalini, o CNJ proclama a adoção do Código de Ética da Magistratura como instrumento essencial para os juízes incrementarem a confiança da sociedade em sua autoridade moral. O Código traduz o compromisso institucional com a excelência na prestação do serviço público de distribuir Justiça e, assim, mecanismo para fortalecer a legitimidade do Poder Judiciário.
Segundo o mesmo autor, na doutrina estrangeira costuma-se questionar a legitimidade do poder judicial, especialmente nos países em que não há eleição para o provimento do cargo de magistrado. E prossegue: “a resposta é que o sufrágio não representa a única maneira de se conferir consentimento ao exercício de um poder estatal. O juiz não é eleito, mas recrutado por concurso público. A OAB participa do processo seletivo em todas as suas fases. É uma participação da sociedade civil na escolha de quem a julgará. Depois, a legitimação virá mediante a fundamentação das decisões e pela excelência na prestação do serviço.” (p. 445). A fundamentação é um elemento essencial à legitimidade das decisões, pois o juiz presta contas à sociedade, a respeito dos fatores que contribuíram para o seu convencimento.
A Constituição Federal em alguns momentos demonstra preocupação com a formação ética do magistrado, tanto que condiciona o acesso aos tribunais superiores aos critérios de notório saber jurídico e reputação ilibada (arts. 101, 104, § único, 119, II). Trata-se de uma preocupação ética com os membros do Poder Judiciário. Reputação ilibada consiste na história ética da pessoa, tanto no campo profissional, comono familiar.
O Código de Ética é estruturado em doze capítulos. O CNJ não instituiu sanções por infração ética, pois a LOMAN já prevê sanções para infrações éticas.
A inspiração direta dos princípios estatuídos no Código de Ética da Magistratura é proveniente de dois documentos internacionais: os Princípios de Conduta Judicial de Bangalore e o Código Iberoamericano de Ética Judicial.
Os Princípios de Conduta Judicial de Bangalore foram elaborados pelo Grupo de Integridade Judicial, constituído sob os auspícios da ONU. Sua elaboração teve início no ano de 2000, em Viena (Áustria), os princípios foram formulados em abril de 2001, em Bangalore (Índia) e oficialmente aprovados em novembro de 2002, em Haia (Holanda).
O Grupo de Integridade Judicial foi composto por membros de cortes superiores e juízes seniores e teve por objetivo debater o problema criado pela evidência de que, em vários países, em todos os continentes, muitas pessoas estavam perdendo a confiança em seus sistemas judiciais por serem tidos como corruptos ou imparciais em algumas circunstâncias.
Sendo assim, Princípios de Bangalore é um projeto de Código Judicial em âmbito global, elaborado com base em outros códigos e estatutos, nacionais, regionais e internacionais, sobre o tema, dentre eles a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Essa declaração de direitos prevê um julgamento igualitário, justo e público, por tribunal independente e imparcial, princípio de aceitação geral pelos Estados-Membros. 
Os princípios de Bangalore consistem na independência judicial (itens 1.1 a 1.6), na imparcialidade (itens 2.1 a 2.5.3), na integridade (itens 3.1 e 3.2), na idoneidade (itens 4.1 a 4.16), na igualdade (itens 5.1 a 5.5) e na competência e diligência (itens 6.1 a 6.7). 
O Código Ibero-Americano de Ética Judicial, de autoria de Manuel Atienza e Rodolfo Luís Vigo, foi publicado em 2006, pela Cúpula Judicial Ibero-Americana, com o propósito de disciplinar a conduta dos juízes dos países signatários. Em sua exposição de motivos, os seus autores preocuparam-se em apresentar aquele Código como compromisso institucional com a excelência e para o fortalecimento da legitimação do Poder Judiciário.
O Código Iberoamericano de ética judicial apresenta os seguintes princípios: independência (arts. 1º a 8º), imparcialidade (arts. 9º a 17), motivação (arts. 18 a 27), conhecimento e capacitação (arts. 28 a 34), justiça e equidade (arts. 35 a 40), responsabilidade institucional (arts. 41 a 47), cortesia (arts. 48 a 52), integridade (arts. 53 a 55), transparência (arts. 56 a 60), sigilo profissional (arts. 61 a 67), prudência (arts. 68 a 72), diligência (arts. 73 a 78), honestidade profissional (arts. 79 a 82). Ao final, o Código Iberoamericano prevê a instituição de uma Comissão Iberoamericana de Ética Judicial (CIEJ), destinada a assessorar os Poderes Judiciários, os países iberoamericanos, facilitar a discussão acadêmica de assuntos ligados à ética judicial e fortalecer a consciência ética judicial dos membros do Judiciário iberoamericano, sendo que suas recomendações ou opiniões não possuem caráter vinculante, podendo ou não ser adotadas por cada Estado (arts. 83 a 95). Atualmente (outubro de 2012), o Ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, é o representante brasileiro membro da Comissão Iberoamericana de Ética Judicial (CIEJ). 
Muitos princípios adotados pelo Código de Ética da Magistratura são também princípios de Bangalore ou adotados pelo Código Iberoamericano de ética judicial. 
Vejamos agora os princípios estatuídos no Código de Ética da Magistratura (simples transcrição, diante da inexistência de aspectos doutrinários).
O artigo 1º do Código de Ética da Magistratura estabelece os seguintes princípios norteadores da atuação judicial: da independência, da imparcialidade, do conhecimento e capacitação, da cortesia, da transparência, do segredo profissional, da prudência, da diligência, da integridade profissional e pessoal, da dignidade, da honra e do decoro. 
O princípio da independência impõe ao magistrado que seja eticamente independente e que não interfira, de qualquer modo, na atuação jurisdicional de outro colega, exceto em respeito às normas legais (art. 4º). Da mesma forma, deve pautar-se no desempenho de suas atividades sem receber indevidas influências externas e estranhas à justa convicção que deve formar para a solução dos casos que lhe sejam submetidos, sendo seu dever denunciar qualquer interferência que vise a limitar sua independência (arts. 5º e 6º). Por força desse princípio, justifica-se a vedação do magistrado à participação de atividade político-partidária (art. 7º).
O princípio da imparcialidade implica a busca da verdade dos fatos nas provas, com objetividade e fundamento, mantendo ao longo do processo equidistância das partes, bem como proíbe todo tipo de comportamento que possa refletir favoritismo, predisposição ou preconceito (art. 8º). É vedada qualquer espécie de discriminação (art. 9º), sendo que não é considerado tratamento discriminatório injustificado: (i) a audiência concedida a apenas uma das partes ou seu advogado, contanto que se assegure igual direito à parte contrária, caso seja solicitado; e (ii) o tratamento diferenciado resultante de lei (art. 9º. § único, I e II). 
Portanto, não há infração ao princípio da imparcialidade se o juiz ouve o advogado que vem despachar no gabinete, desde que atenda o advogado da parte contrária, caso seja solicitado. Tampouco há violação da imparcialidade no tratamento diferenciado determinado pela lei.
Segundo o princípio da transparência, os atos devem ser documentados ou registrados sempre que possível, ainda que não haja determinação legal, de modo a favorecer sua publicidade, exceto nos casos de sigilo contemplado em lei (art. 10). Observado o segredo de justiça, deve-se informar ou mandar informar aos interessados acerca dos processos sob responsabilidade do magistrado, de forma útil, compreensível e clara (art. 11). 
Na relação com os meios de comunicação social, deve o magistrado comportar-se de forma prudente e equitativa, e cuidar especialmente: (i) para que não sejam prejudicados direitos e interesses legítimos de partes e seus procuradores; e (ii) de abster-se de emitir opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos, sentenças ou acórdãos, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos, doutrinária ou no exercício do magistério (art. 12). O magistrado deve evitar comportamentos que impliquem a busca injustificada e desmesurada por reconhecimento social, principalmente a autopromoção em publicação de qualquer natureza (art. 13). Deve o magistrado apresentar conduta positiva e de colaboração para com os órgãos de controle e de aferição de seu desempenho profissional (art. 14).
O princípio da integridade pessoal e profissional consiste na extensão dos predicados éticos à vida particular do magistrado. O Código preceitua que a integridade de conduta do magistrado fora do âmbito estrito da atividade jurisdicional contribui para uma fundada confiança dos cidadãos na judicatura (art. 15). Assim sendo, o magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, consciente de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das inerentes aos cidadãos em geral (art. 16).
De igual modo, é dever do magistrado evitar qualquer proveito pessoal de sua condição de agente público. Por isso, o Código estabelece o dever de recusa de benefícios ou vantagens de ente público, de empresa privada ou de pessoa física que possam comprometer sua independência funcional (art. 17). E impõe ainda a vedação do uso para fins privados, sem autorização, dos bens públicos ou dos meios disponibilizados para o exercício de suas funções (art. 18). Enfim, cumpre ao magistrado adotar as medidas necessárias para evitar que possa surgir qualquer dúvida razoável sobre a legitimidade de suas receitas e de sua situação econômico-patrimonial

Continue navegando